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Livro Enfermagem como profissao

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ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
PROFESSOR
Dr. Vladimir Araújo da Silva
A Enfermagem 
como 
Profissão
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14032
FICHA CATALOGRÁFICA
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. SILVA, VLADIMIR ARAÚJO 
DA.
A Enfermagem como Profissão. Vladimir Araújo da Silva. Maringá 
- PR: Unicesumar, 2022. 
200 P.
ISBN: 978-65-5615-900-3
“Graduação - EaD”. 
1. Enfermagem 2. Profissão 3. Saúde. EaD. I. Título. 
CDD - 22 ed. 610
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Diretoria de Design Educacional
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
 
 
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin 
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria 
de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula 
Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head 
de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine 
Cristina da Silva Gerência de Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia 
Gerência de Projetos Especiais Edison Rodrigo Valim Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
Coordenador de Conteúdo Juliana Dalcin Donini e Silva Designer Educacional Giovana Vieira Curadoria Katia Salvato 
Revisão Textual Ariane Fabretti Editoração Juliana Duenha e Adrian Santos Ilustração Geison Silva Realidade 
Aumentada Maicon Curriel Fotos Shutterstock. 
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o 
desenvolvimento de uma sociedade 
justa e solidária.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
A UniCesumar celebra mais de 30 anos de história 
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, 
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos 
diariamente para que nossa educação à distância 
continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos 
sobre quatro pilares que consolidam a visão 
abrangente do que é o conhecimento para nós: o 
intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual.
A nossa missão é a de “Promover a educação de 
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais cidadãos que contribuam 
para o desenvolvimento de uma sociedade justa 
e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um 
gênio importante para o cumprimento integral desta 
missão: o coletivo. São os nossos professores e 
equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma 
transformação na forma de pensar e de aprender. 
É assim que fazemos juntos um novo conhecimento 
diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos como este 
produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 
2 milhões de exemplares gratuitamente para nossos 
acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos 
EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta 
Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10 
maiores grupos educacionais do país.
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima 
história da jornada do conhecimento. Mário Quintana 
diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda 
o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as 
pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a 
sua mudança! 
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
Dr. Vladimir Araújo da Silva
Olá, o meu nome é Vladimir. Além de enfermeiro e acupunturista, eu 
sou músico! Fiz cursos de teoria musical, leitura de partitura, saxofone e 
piano (por alguns meses), e aprendi alguns acordes no violão. Mas tam-
bém sou autodidata, então, costumo dizer que “tiro um som” de alguns 
instrumentos (porque tocar exige mais estudo e dedicação): violão, piano, 
saxofone, trombone de vara, flauta doce e instrumentos de percussão.
Também canto e sou compositor. Tenho músicas autorais relaciona-
das ou não à Enfermagem, incluindo músicas instrumentais para piano. 
Já toquei em quatro bandas, mas, hoje, toco só na igreja. 
Sou casado e tenho dois filhos. Na verdade, três! Matheus, João e 
o Thor (Beagle). No dia do meu casamento, entrei na igreja tocando 
saxofone, em seguida, cantei uma música autoral para a entrada da 
minha esposa, Rita de Cássia, sem que ela soubesse de sua existência. 
Também compus uma música para cada um dos meninos, durante as 
gestações. Encostava a cabeça na barriga da minha esposa e conversava 
bastante com eles. Adorava sentir os movimentos que faziam, ouvir os 
sons resultantes da nossa interação. 
Antes de ingressar na faculdade, fui cuidador informal da avó da 
minha esposa. Ao me ver cuidando dela, uma de suas netas me disse: 
por que você não faz Enfermagem? Você “leva jeito”! 
Lattes: o currículo do professor http://lattes.cnpq.
br/1277558976203538
http://lattes.cnpq.br/1277558976203538
http://lattes.cnpq.br/1277558976203538
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13803
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo 
Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. 
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Google Play App Store
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite 
este momento.
PENSANDO JUNTOS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre 
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo 
Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os 
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das 
possibilidades de interação de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode 
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do 
assunto discutido, de forma mais objetiva.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
A ENFERMAGEM COMO PROFISSÃO 
O que é preciso aprender para ser um bom enfermeiro ou uma boa enfermeira? Se você pensou/respondeu que 
é necessário aprender a aplicar injeções e vacinas, puncionar veias, administrar medicamentos, realizar procedi-
mentos, como a sondagem vesical, dar banho no leito ou fazer curativos, você não está errado(a)! As atividades 
assistenciais são fundamentais e caracterizam, no senso comum, a Enfermagem como profissão. 
Trata-se, contudo, de uma visão reducionista, considerando a amplitude e a complexidade da Enfermagem 
como profissão. Se, por acaso, você lembrou de incluir, em seu pensamento/sua resposta, alguma(s) atividade(s) 
administrativa(s) e/ou burocrática(s), como: organizar prontuários, elaborar escalas ou supervisionar o trabalho 
da equipe, a sua visão é mais ampla, porém ainda não contempla a magnitude da profissão. Por esta razão, esta 
disciplina integra o currículo dos cursos de Enfermagem. 
Assim como a comunicação é a base do cuidado, a disciplina Enfermagem como Profissão é a base para a 
formação do(a) enfermeiro(a), pois aborda os fundamentosindispensáveis para ser um bom enfermeiro ou uma 
boa enfermeira. Faça o exercício de consultar, pela internet, os currículos dos cursos de Enfermagem das mais 
renomadas instituições de ensino superior do Brasil. Se você ficar em dúvida com relação à nomenclatura das 
disciplinas, consulte as ementas. 
Você verá que esta disciplina integra todos os currículos, tamanha a sua relevância. Mas será que os estudantes 
de Enfermagem dão o devido valor? Será que o interesse na aula sobre legislação é o mesmo que em uma aula 
prática de punção venosa? Os conteúdos abordados nesta disciplina abrangem a história e as teorias da Enfer-
magem, os instrumentos básicos para o cuidar, a legislação que regulamenta a formação e o exercício profissional 
e o Código de Ética dos profissionais de Enfermagem. 
Com efeito, a presente disciplina contribuirá no processo de construção da sua identidade e da sua postura 
profissional. As atividades propostas resgatam a história e o legado daqueles que idealizaram essa linda e nobre 
profissão. Você aprenderá como cuidar do outro, como fundamentar esse cuidado, o que deve, pode e não deve 
fazer e as penalidades para os erros que cometer. Por isso, não subestime esta matéria! Seja um bom enfermeiro 
ou uma boa enfermeira! Faça valer a pena! Faça a diferença na vida do outro! 
1 2
43
5 6
61
11
41
25
A ORIGEM DO CUI-
DADO
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DIRETRIZES PARA A 
FORMAÇÃO DO(A) 
ENFERMEIRO(A) 
HISTÓRIA DA EN-
FERMAGEM NO 
BRASIL
FLORENCE 
NIGHTINGALE E A 
PROFISSIONALIZAÇÃO 
DA ENFERMAGEM
INSTRUMENTOS 
BÁSICOS PARA O 
CUIDAR
TEORIAS DE ENFER-
MAGEM
77
7 8
9
117
159
135
REGULAMENTA-
ÇÃO DO EXERCÍCIO 
PROFISSIONAL DA 
ENFERMAGEM
A ENFERMAGEM 
CONTEMPORÂNEA
ÉTICA E BIOÉTICA 
NA ENFERMAGEM
1
Nesta unidade, discutiremos conceitos e aprenderemos definições 
de cuidado, evidenciando-o não, apenas, como uma característica 
ontológica do ser humano, mas como objeto epistemológico da 
Enfermagem. Aprenderemos definições e refletiremos sobre au-
tocuidado, enfatizando a importância do cuidador, antes do outro, 
cuidar de si mesmo. Resgataremos o processo de organização das 
práticas de cuidados ao longo da história e aprenderemos que, en-
quanto essência do humano e de tudo o que existe e vive, o cuidado 
expressa-se por meio de três sentidos básicos. Compreenderemos 
que foi cuidando que a Enfermagem aprendeu o melhor jeito de 
cuidar e que não existe Enfermagem sem cuidado. 
A Origem do Cuidado
Dr. Vladimir Araújo da Silva 
UNICESUMAR
12
1. Contemple a imagem e descreva o que ela representa para você. 
2. O que é cuidado, para você? 
3. Em que momentos da sua vida você se sentiu cuidado(a)? 
 “ Ao cuidar de você no momento final da vida, quero que você sinta que me importo pelo fato de você ser você, que me importo até o último momento de sua vida, e faremos tudo que estiver ao nosso alcance, não somente para ajudá-lo a morrer em paz, mas também para você viver até o dia de sua morte.
Cicely Saunders
UNIDADE 1
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O cuidado é o objeto epistemológico da Enfermagem, ou seja, todo o conhecimento que sustenta a 
enfermagem como profissão, como ciência e arte, advém do cuidado, do cuidar do outro. Foi cuidando 
que a Enfermagem aprendeu o melhor jeito de cuidar. Logo, não existe enfermagem sem cuidado! Por 
isso, cuidamos da pessoa, da família e da comunidade. 
Não cuidamos só de quem está doente, mas também de gestantes e de quem nascerá, de quem 
acabou de nascer e de quem acabou de dar à luz, de quem precisa aprender a mamar e de quem precisa 
aprender a amamentar, da criança e do adolescente, do adulto, do trabalhador e do idoso, de quem está 
morrendo, de quem já morreu e de quem sofre com a sua morte. 
Damos de comer e beber, damos banho, vestimos e calçamos quem não consegue fazer isso so-
zinho. Ajudamos quem tem dificuldade para comer, beber, se vestir, tomar banho e andar sozinho. 
Encaminhamos, orientamos, incentivamos e supervisionamos aqueles que conseguem. Ensinamos 
quem precisa, quem quer aprender ou reaprender a fazer sozinho, a cuidar-se. 
Hoje, mais do que nunca, evidenciamos a importância deste cuidado presencial. A pandemia de 
Covid-19 nos privou da presença, do toque, do carinho e do cuidado de quem amamos bem como 
do direito de nos despedirmos de quem amávamos. Por outro lado, experienciamos e aprendemos a 
valorizar o telecuidado, a visita virtual, a chamada de vídeo ou de voz. 
Vale lembrar que o cuidado não é prerrogativa de quem atua na assistência — no hospital, na unidade 
básica de saúde, na unidade de pronto atendimento, na clínica ou no home care — quem atua na gestão, 
na docência e na pesquisa também cuida. São formas diferentes de cuidar, que se complementam, mas 
não podemos esquecer: cuidamos de pessoas, não de doenças. 
Não significa, no entanto, que isso seja suficiente para o cuidado, na Enfermagem. É preciso aprender 
os fundamentos teóricos-filosóficos, técnico-científicos, éticos e legais da arte e ciência do cuidar. Não 
UNICESUMAR
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basta ter amor, empatia e compaixão, é necessário saber o que e como fazer. Mas, falaremos sobre isso 
nas próximas unidades, pois, temos, ainda, muito a aprender. 
Para que você tenha mais compreensão sobre o que é o cuidado, como o expressamos e o experien-
ciamos no nosso cotidiano, nas nossas interações com o outro e com o meio ambiente, sugiro que você: 
• Aproxime-se de alguém especial. Repouse a sua cabeça sobre o colo desta pessoa e observe a 
sua reação. 
• Pare um instante para observar a sua família. Identifique demonstrações de cuidado entre os 
seus familiares e deles em relação a você. 
• Acompanhe a rotina de uma babá ou de um cuidador de idoso, na sua família, durante um 
período do dia. 
• Saia na rua e observe as pessoas, como se relacionam entre si e com o meio ambiente. Identifique 
demonstrações de cuidado e falta de cuidado. 
Reflita sobre o que foi problematizado, significado e experimentado por você. Agora, questione-se e 
anote em seu Diário de Bordo: 
Costumo dizer que não foi eu que escolhi a Enfermagem, mas a Enfermagem que me escolheu! 
E você? 
• Por que Enfermagem? 
• Você se acha capaz de cuidar de outro ser humano? 
• Você é capaz de cuidar de si mesmo(a)? 
• Por que cuidamos? 
• Quem precisa de cuidado? 
• O que é preciso para cuidar? 
UNIDADE 1
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 “ Os cuidados existiram desde que surgiu a vida, uma vez que seres humanos – como todos os seres vivos – sempre precisaram de cuidados. Cuidar é um ato de vida que tem como fim, primeiro e antes de tudo, permitir que a vida continue a desenvolver-se e, assim, lutar contra a morte: morte do indivíduo, morte do grupo, morte da espécie.
Marie Françoise Collière Promover a Vida (1989).
A palavra “cuidado” deriva do latim cura, que significa desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, bom 
trato e inquietação em relação ao outro. Essa palavra outrora era usada em referência a vínculos afetivos 
de amor e amizade. Cuidado é o que se contrapõe ao descuido ou descaso. Não se restringe a um ato ou 
um momento de atenção ou carinho, mas abrange uma atitude, uma ação de se ocupar, se preocupar, 
se responsabilizar e se envolver, afetivamente, com o outro (BOFF, 2014; ARANHA; SILVA, 2018), um 
movimento de se voltar para si mesmo, a fim de descobrir o seu modo-de-ser-cuidado (BOFF, 2014). 
Ao se descobrir como ser-no-mundo, o homem também se descobre como ser-com-o-outro, ou 
seja, visualiza, em seu horizonte, a possibilidade de se situar com alguém, não, apenas, como objeto de 
cuidado, mas de uma forma envolvente e significante. É importante salientar que estamos, o tempo 
todo, nos relacionando com algo ou alguém e, neste ser-no-mundo-com-os-outros, somos, sempre, 
cuidados, compreendemos as nossas experiências, estabelecemos significado próprio aos objetos e 
seres em nosso mundo, damos sentido à nossa existência (HEIDEGGER, 2008). 
UNICESUMAR
16
Nessa perspectiva, o cuidado constitui uma di-
mensão ontológica do ser humano, ou seja, faz 
parte da nossa essência. Logo,cuidamos porque 
somos seres de cuidado (HEIDEGGER, 2008). 
Cuidamos porque somos, do nascer ao morrer, 
o mais frágil e vulnerável dos seres vivos (SILVA, 
2009). Sem cuidado, deixamos de ser humanos, 
deixamos de existir (HEIDEGGER, 2008). Sem 
cuidado, o ser humano desestrutura-se, definha, 
perde sentido e morre (BOFF, 2014). Desse modo, 
não é preciso ser um profissional da saúde, do-
minar técnicas e procedimentos de Enfermagem 
para cuidar de alguém. 
Com efeito, o ser humano aprendeu, instinti-
vamente, a cuidar-se, a prover a própria alimen-
tação, a proteger-se do frio e a encontrar abrigo 
contra intempéries (MOREIRA; OGUISSO, 2005; 
PESSINI; BERTACHINI, 2009). Cuidamos para 
garantir a nossa sobrevivência, o nosso conforto e 
bem-estar (SILVA, 2009). Todavia cuidamos por-
que fomos cuidados; porque fomos nutridos no 
ventre materno de nossas mães; porque alguém 
nos amamentou, nos alimentou, nos limpou, nos 
aqueceu, nos protegeu, nos acariciou, nos amou 
e, ao sermos cuidados, aprendemos, também, a 
cuidar, do outro e de nós mesmos. 
Nesse sentido, emerge o autocuidado, ou seja, 
a capacidade de o ser humano de cuidar de si 
próprio. Abrange ações de cuidado voltadas para 
si mesmo ou para regular os fatores que afetam o 
seu próprio desenvolvimento; atividades em be-
nefício da própria vida, saúde e bem-estar (SILVA 
et al., 2009). Logo, somos, também, cuidadores. 
Não obstante, “só cuidamos do outro quando a 
existência desse outro tem significado para nós. 
Neste caso, "há um sentido de corresponsabilida-
de pelo destino do outro” (SILVA, 2009, p. 122-
123). Contudo, na Enfermagem, cuidamos de 
todos, da mesma forma, sem distinção! 
De fato, todo o trabalho de cuidar do outro, 
na sua integralidade, só pode fazer sentido se, 
antes de tudo, o cuidador se dedicar a cuidar 
de si mesmo, da sua vida. É preciso resgatar o 
importante ensinamento de Jesus — amai o próxi-
mo como a ti mesmo — para ter a certeza de estar 
com os pés no próprio caminho: poder cuidar do 
sofrimento do outro, por estar cuidando do seu 
(ARANTES, 2016). 
Durante milhares de anos, cuidar limitava-se 
à ação de ajudar qualquer pessoa a garantir o que 
era necessário a ela para sobreviver. Entretanto, 
gradativamente, as necessidades humanas deram 
origem a um conjunto de atividades cuja organi-
zação resultou na divisão sexuada do trabalho 
e dos papéis sociais e econômicos. Os homens 
assumiram atividades mais espetaculares, que 
exigiam mais força física, como a caça e a pesca; 
as mulheres assumiram atividades mais calmas 
e humildes, como a distribuição dos vegetais e 
o conhecimento sobre a maturidade das plantas 
(MOREIRA; OGUISSO, 2005). 
Com o passar do tempo, os grupos humanos 
foram descobrindo o que era bom e o que era 
ruim, no sentido de permitir a sobrevivência dos 
indivíduos e do grupo, organizando as práticas 
de cuidados habituais, posteriormente, instituí-
UNIDADE 1
17
das como rituais. Por sua vez, esses rituais foram confiados aos shamans (feiticeiros) e, depois, aos 
sacerdotes, responsáveis por interpretar e decidir o que era bom ou ruim, interceder, expulsar o 
mal e velar para assegurar as forças benéficas, por meio de oferendas, encantamentos e sacrifícios 
(MOREIRA; OGUISSO, 2005).
Progressivamente, os sacerdotes conquistaram o direito de eliminar do grupo qualquer indivíduo 
sob suspeita de influências malignas, seja por apresentar sinais tangíveis, como os leprosos, seja por 
representar desvios dos padrões econômicos ou sociais estabelecidos, como os ciganos, os hereges, os 
mendigos e os loucos. Milhares de anos depois, este papel de mediador deu origem à figura do médico, 
o cuidar passou a ter a conotação de tratar a doença e o paciente. Este, objeto dos cuidados, foi isolado, 
fragmentado e excluído tanto dos contextos sociais quanto coletivos (MOREIRA; OGUISSO, 2005). 
 Consequentemente, surgiram as diversas especialidades médicas bem como a necessidade da atuação 
de outros profissionais, para garantir a investigação e o tratamento das doenças. Nesse contexto, emerge 
a Enfermagem, atrelada à origem, à manutenção e ao desenvolvimento da vida, isto é, às atividades 
domésticas realizadas, historicamente, pelas mulheres, tais como: as práticas inerentes ao nascimento 
e ao cuidado das crianças, as quais antecederam o surgimento da maternidade e da pediatria (MO-
REIRA; OGUISSO, 2005). 
As mulheres também eram responsáveis pelos cuidados das pessoas que estavam morrendo, pelos 
cuidados com a higiene do corpo e pela alimentação. Por disporem de maior força física, os homens 
eram responsáveis pelos cuidados inerentes aos acidentes com a caça e a pesca, ferimentos de guerra 
e traumatismos, às fraturas e ao domínio de pessoas agitadas, embriagadas ou em estado de delírio, 
cuidados que cederam lugar à ortopedia, à cirurgia, e à psiquiatria, áreas nas quais a participação das 
mulheres só cresceu após o surgimento da quimioterapia, cujo efeito dispensava o uso de força física 
(MOREIRA; OGUISSO, 2005). 
Diante do exposto, as profissões da saúde emergiram de um tronco histórico comum, germinado a 
partir das práticas de cuidados em geral (MOREIRA; OGUISSO, 2005). Contudo, o cuidado, enquanto 
essência do humano e de tudo o que existe e vive, expressa-se por meio de três sentidos básicos: como 
uma relação afetiva, suave, protetora e acolhedora com os doentes; como todo tipo de envolvimento 
com os doentes, por quem devotamos empatia e desejamos a cura; como uma conexão com o planeta 
Terra, uma relação de interdependência que nos torna um todo vivo e orgânico (BOFF, 2020). 
Quer ver como é a rotina em um hospital, conhecer o que é cuidar, em 
Enfermagem, na concepção de uma referência da Enfermagem nacional? 
Neste vídeo, faço uma narrativa de um trecho de um dos livros escritos 
por Maria Júlia Paes da Silva, professora aposentada da Escola de Enfer-
magem da Universidade de São de Paulo. Acesse e confira!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11517
UNICESUMAR
18
 No que tange ao segundo sentido básico: 
cuidar significa envolver, permanecer ao redor, 
“aliviar, confortar, ajudar, favorecer, promover, res-
tabelecer, restaurar, dar, fazer” (WALDOW, 2012, 
p. 89). Mesmo na ausência de alguma enfermida-
de, o cuidado é imprescindível na cotidianidade 
dos seres humanos, na forma como vivem e se 
relacionam (WALDOW, 2012). 
 Se somos seres-no-mundo, mas sentimos 
necessidade de conferir humanidade ao nosso 
modo de ser, então, de alguma forma, perdemos 
a nossa humanidade e estamos existindo num 
modo deficiente (SILVA, 2009). 
Ressalta-se que a “empatia permite que nós nos 
coloquemos no lugar do outro e sintamos sua 
dor, seu sofrimento” (ARANTES, 2016, p. 58). 
Embora seja uma habilidade importante, tam-
bém pode nos tornar incapazes de cuidar, ao 
nos esquecermos de nós mesmos. “A compaixão 
nos leva a compreender o sofrimento do ou-
tro e a transformá-lo em algo que faça sentido” 
(ARANTES, 2016, p. 58), sem que sejamos por 
ele corrompidos. Para cuidar do outro, é preciso 
autoconhecimento e autocuidado, ter consciên-
cia de quem somos e do que somos capazes, a 
fim de não ultrapassarmos os nossos limites 
(ARANTES, 2016). 
Quando a Enfermagem adotou o cuidado 
como objeto de estudo e interesse, ela aprendeu o 
melhor jeito de cuidar, “o melhor jeito de alimen-
tar, o melhor jeito de higienizar, o melhor jeito 
de segurar, o melhor jeito de cuidar de feridas, o 
melhor jeito de orientar, o melhor jeito para cada 
paciente sob seus cuidados” (ARANHA; SILVA, 
2018, p. 6). Embora o paciente seja, sempre, o pa-
ciente do Dr. Fulano, é a Enfermagem que fica do 
seu lado, o alimenta, o acolhe, o enfeita, o higie-
niza, conversa com ele, compartilha o que sabe, 
torce pelo que não sabe, o observa, o informa, 
sofre com ele (ARANHA; SILVA, 2018) e, muitas 
vezes (por que não?), chora junto com ele. 
É por meio da qualidade da sua presença e da 
maneira como se relaciona com o outro, que a 
Enfermagem assegura, por um período de tempo, 
cuidados que o outronão é capaz de fazer ou tem 
dificuldade de fazer sozinho, em decorrência do 
seu estado de desenvolvimento, debilidade ou 
reorganização. Nesse sentido, a Enfermagem pro-
move a aquisição de competências imprescindí-
veis para o autocuidado ou para o cuidador fami-
liar, objetivando conduzi-lo em direção a níveis 
mais evoluídos de autonomia, a superar os limites 
ou adaptar-se a eles (ARANHA; SILVA, 2018). 
Ao aprender a cuidar, a Enfermagem também 
aprende a reconhecer e a reverenciar a unicidade 
de cada paciente, tornando-se capaz de acalmar, 
pacificar e agir com moderação. Desse modo, a 
Enfermagem aproxima-se e inclina-se diante da 
dor do outro, com a intenção de o suportar (dar 
suporte), no momento em que a doença revela e 
alimenta a sua fragilidade humana, “no trecho do 
caminho da vida que ele não foi capaz de percor-
rer sozinho, ou para o qual não contou com a aju-
da de alguém que pudesse auxiliar sua existência 
ou acompanhá-lo” (ARANHA; SILVA, 2018, p. 7). 
Cuidando, o profissional de Enfermagem tanto 
serve quanto se doa a serviço do outro. Ao mesmo 
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19
tempo, o ajuda a manifestar o que há de melhor 
em si, naquele momento, naquela condição. En-
tretanto é necessário encarar a dificuldade de ter 
que lidar com a doença do outro, sem, muitas 
vezes, poder contar com a crença, a colaboração 
e a disposição do paciente e da sua família. Nessa 
perspectiva, o profissional é convocado a colocar, 
em prática, a função de cuidador bem como ter a 
humildade de reconhecer que ele mesmo precisa, 
também, ser cuidado, em outro momento, por 
outras pessoas (ARANHA; SILVA, 2018). 
Percebendo o outro, a Enfermagem não me-
nospreza a doença, porque compreende que ela 
representa um “reajuste”, um processo de adapta-
ção exigido pela própria vida. Por estarem atentos 
e disponíveis para o outro, não se atendo, apenas, 
ao diagnóstico ou prognóstico, os profissionais 
de Enfermagem entenderam que, ainda que não 
seja possível “curar” uma pessoa a qual sofre de 
uma doença dita incurável, é possível ocupar-se 
em ajudá-la a viver, da melhor maneira possível, 
enquanto houver vida. “E, com essa atitude, tor-
nam-se também remédios que aliviam a dor, acal-
mam, confortam” (ARANHA; SILVA, 2018, p. 9). 
Para além da dimensão física, o cuidado deve 
contemplar o ser humano em sua multidimen-
sionalidade, a fim de que a sua integralidade seja 
alcançada. Logo, é necessário considerar os as-
pectos subjetivos de sua humanidade. Trata-se 
de uma habilidade que envolve empatia, amor, 
devoção e compreensão; sensibilidade para “de-
tectar e reconhecer o subjetivo por trás das pala-
vras e estar atento e sensível a cada gesto, olhar e 
expressão” (MONTEIRO et al., 2016, p. 3), requer 
escuta ativa, vínculo afetivo e confiança, especial-
mente, quando surgem as fragilidades, os medos, 
as ansiedades, os desconfortos. 
Concernente à dimensão não física, é importan-
te salientar que o sofrimento espiritual é o “estado 
de sofrimento relacionado à capacidade prejudica-
da de experimentar significado na vida por meio 
de conexões consigo mesmo, com os outros, com 
o mundo ou com um poder maior” (NANDA-I, 
2018, p. 721). O suporte espiritual é capaz de sub-
sidiar conforto, esperança, significado e sentido 
existencial, imprescindíveis diante da doença e da 
morte. De acordo com a National Hospice and 
Palliative Care Organization (apud SILVA et al., 
2011), não é necessário ser um líder religioso para 
oferecer suporte espiritual às pessoas. 
Sugere-se que o cuidador: se faça presente, mes-
mo que permaneça em silêncio; utilize questões 
abertas, permitindo que a pessoa se sinta confortá-
vel para se expressar; solicite a permissão da pesoa 
e questione a sua vontade de conversar sobre; esteja 
aberto à expressividade emocional; evite clichês 
do tipo “é parte do plano de Deus”, para não de-
sencorajar o processo de abertura; expresse a sua 
intenção de acompanhar; seja autêntico em tudo 
o que disser ou fizer; ofereça orações, leituras es-
pirituais, músicas ou rituais sagrados adequados 
à crença do paciente; estimule o envolvimento de 
líderes espirituais (SILVA et al., 2011). 
UNICESUMAR
20
Destaca-se que o cuidado não se restringe ao corpo com vida, mas também ao corpo sem vida. Assim 
como Pietà, esculpida por Michelangelo e que representa a Virgem Maria segurando o corpo de Jesus 
em seus braços, após a crucificação e a morte do filho, devemos ter cuidado com o corpo que já não 
vive. Devemos lidar com o mesmo carinho e respeito devotados àquele que vive, resguardando as suas 
dignidade, privacidade e história de vida. 
Quanto ao terceiro sentido básico, é preciso ter cuidado com o nosso único planeta, a nossa casa 
comum, a Terra. Isso envolve colocar em prática os seguintes princípios: construir uma sociedade 
sustentável; respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos; melhorar a qualidade da vida humana; 
conservar a vitalidade e a diversidade da Terra; permanecer nos limites da capacidade de suporte da 
Terra; modificar atitudes e práticas pessoais; permitir que as comunidades cuidem de seu próprio 
meio ambiente; gerar estruturas para integrar desenvolvimento e conservação; constituir uma aliança 
global (BOFF, 2020). 
Quer aprofundar o seu conhecimento sobre o tema estudado, conhecer 
a fábula-mito de Higino, a qual descreve a origem do cuidado, envolvendo 
a Terra, Júpiter e Saturno bem como as reflexões dela decorrentes, na 
visão de Leonardo Boff? Então, clique no play! 
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UNIDADE 1
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Conhecer a origem do cuidado permite o(a) estudante apropriar-se dos fundamentos básicos, porém es-
senciais, que caracterizam o saber e o fazer da Enfermagem. Trata-se de um exercício para alcançar o status 
proposto pelo psiquiatra e psicoterapeuta Carl Jung (apud O PENSADOR, [2022], on-line): “Conheça todas 
as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. 
Que o conhecimento construído até aqui permeie todo o processo de aprendizagem do(a) estudante 
e seja o alicerce de sua atuação profissional. Ao realizar qualquer técnica ou procedimento, por exem-
plo, aferir a pressão arterial de uma pessoa, que o(a) enfermeiro(a) coloque, em prática, não, apenas, 
o conhecimento técnico e científico aprendido, mas o conhecimento filosófico, humanístico e ético 
que nos distingue de um robô, de uma máquina. 
Por isso, somos capazes de perceber o cuidado no “bom dia” que recebemos, na troca de sorrisos, 
no toque, no abraço, no cafuné, no café da manhã, almoço e jantar preparados, com tanto carinho, 
por quem nos quer bem, ou, até mesmo, na bronca ou no puxão de orelha. Percebemos o cuidado ao 
vermos um jardim florido ou pessoas jogando lixo na lixeira, brincando com seus filhos ou passeando 
com os seus animais de estimação. 
“A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporcione apenas 
os vossos cuidados, mas também o vosso coração”.
(Madre Teresa de Calcutá) 
Título: The Fundamentals of Caring 
Ano: 2016 
Sinopse: Ben é um escritor que decide se tornar cuidador após sofrer uma 
tragédia pessoal. O seu primeiro cliente, Trevor, é um jovem de 18 anos que 
tem Distrofia Muscular de Duchenne. Juntos, embarcam em uma aventura 
na qual Trevor ultrapassa, pela primeira vez, as fronteiras do seu mundo 
pessoal. No caminho, ele interessa-se pela jovem Dot, conhece o Santo 
Graal, o buraco mais profundo do mundo, descobre o que é ter esperança 
e amigos e realiza o maior sonho de sua vida: fazer xixi em pé. 
Comentário: o filme ensina os princípios básicos para cuidar de alguém, demonstra, na prática, 
ações de cuidado em diferentes situações, evidenciando que, muitas vezes, basta um pouco de 
boa vontade para fazermos a diferença na vida de quem cuidamos, podendo ressignificar a sua 
existência. Com certeza, o filme ampliará o seu conceito de cuidado, além de ajudar na fixação 
do aprendizado construído. 
22
Com base nesta concepção ampliada decuidado, inúmeras enfermeiras propuseram teorias que, 
atualmente, direcionam e respaldam as ações da Enfermagem em todo o mundo. Dentre elas, 
destaca-se a contribuição de Florence Nightingale, enfermeira britânica que demonstrou a im-
portância do cuidado com a ventilação, a iluminação, o calor, os odores e os ruídos do ambiente, na 
recuperação da saúde dos pacientes, atribuindo cientificidade à Enfermagem. Todavia as Teorias de 
Enfermagem serão abordadas em outro momento. 
Por ora, a elaboração de um Mapa Mental que reflita essa concepção ampliada de cuidado, 
enquanto dimensão ontológica do ser humano, contemplando os três sentidos básicos propostos 
por Leonardo Boff bem como a importância do autocuidado como alicerce imprescindível para 
cuidar do outro, pode ajudar na fixação do conteúdo aprendido nesta unidade, como apresentado, 
a seguir. Lembre-se que a Enfermagem emerge num contexto em que o cuidado é a palavra-chave 
que se edifica enquanto objeto epistemológico. 
Cuidado
Desvelo
Solicitude
Diligência
Zelo
Atenção
Bom trato
Inquietação
Ser humano
Enfermagem
Em relação a si próprio: 
Autocuidado
Imprescindível para 
cuidar do outro
Ocupar-se, preocupar-se, 
responsabilizar-se e 
envolver-se afetivamente 
com o outro
Conexão com o Planeta Terra: 
relação de interdependência
 que nos torna um todo 
vivo e orgânico
Permanecer ao redor, “aliviar, 
confortar, ajudar, favorecer,
 promover, restabelecer,
 restaurar, dar ou fazer em
 relação ao outro
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1. Considere as seguintes afirmações sobre o cuidado e assinale V para a(s) Verdadeiras e F para 
a(s) Falsa(s). 
 ) ( A palavra “cuidado” significa “cura”. 
 ) ( O cuidado constitui uma dimensão ontológica do ser humano, ou seja, faz parte da nossa 
essência. 
 ) ( O cuidado representa uma atitude de se ocupar, se preocupar, se responsabilizar e se envol-
ver, somente, com quem está doente. 
 ) ( Somos seres de cuidado. Sem isso, deixamos de ser humanos, deixamos de existir. 
 ) ( Cuidado expressa desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, bom trato e inquietação, apenas, 
em relação aos doentes. 
A sequência correta para a resposta da questão é: 
a) V, V, V, V, V. 
b) V, F, V, F, V.
c) V, V, F, V, F. 
d) F, V, F, V, F.
e) F, F, F, F, F. 
2. Com relação ao autocuidado, considere as seguintes afirmativas. 
I) É a capacidade de o ser humano cuidar de si próprio. 
II) Abrange ações de cuidado voltadas para si mesmo ou para regular os fatores que afetam o 
próprio desenvolvimento. 
III) Para cuidar do outro, não é necessário autoconhecimento e autocuidado. 
IV) Ao sermos cuidados, aprendemos, também, a cuidar do outro e de nós mesmos. 
É correto o que se afirma em: 
a) I, apenas. 
b) I e II, apenas. 
c) I, II e III, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) IV, apenas.
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3. Quanto às práticas de cuidados habituais organizadas ao longo do tempo, assinale a alterna-
tiva incorreta: 
a) Deram origem à divisão sexuada do trabalho e aos papéis sociais e econômicos.
b) Os homens assumiram atividades mais espetaculares, que exigiam mais força física, como a 
caça e a pesca, as mulheres assumiram atividades mais calmas e humildes, como a distribuição 
dos vegetais e o conhecimento sobre a maturidade das plantas. 
c) Posteriormente, essas atividades foram instituídas como rituais, os quais foram confiados aos 
shamans (feiticeiros) e, depois, aos sacerdotes, responsáveis por interpretar e decidir o que 
era bom ou ruim, interceder, expulsar o mal e velar para assegurar as forças benéficas, por 
meio de oferendas, encantamentos e sacrifícios. 
d) Milhares de anos depois, o papel de mediador dos sacerdotes deu origem à figura do médico. 
O cuidar passou a ter conotação de tratar a doença e o paciente. Este, objeto dos cuidados, 
foi isolado, fragmentado e excluído dos contextos tanto sociais quanto coletivos.
e) As mulheres passaram a ser responsáveis pelos cuidados com as pessoas que estavam mor-
rendo, pela higiene do corpo e pela alimentação, enquanto os homens se responsabilizaram 
pelos cuidados inerentes aos acidentes com a caça e a pesca, aos ferimentos de guerra e 
traumatismos, às fraturas e ao domínio de pessoas agitadas, embriagadas ou em estado de 
delírio. Tais cuidados cederam lugar à anatomia, à histologia e à psicologia.
2
Nesta unidade, discutiremos a história de Florence Nightingale e 
o processo de profissionalização da Enfermagem. Aprenderemos 
como se deu a formação desta personagem, a sua participação na 
Guerra da Criméia e o seu reconhecimento como precursora da 
Enfermagem Moderna, pesquisadora e epidemiologista. Refletire-
mos sobre as dificuldades bem como os desafios que ela enfrentou 
em sua trajetória, resgataremos o carinho e a adoração que os 
soldados feridos tinham por ela, e as condecorações que recebeu 
após a guerra. Compreenderemos as contribuições do seu legado, 
assim como de suas publicações para a Enfermagem, a Estatística 
e os serviços de saúde em geral. 
Florence Nightingale 
e a Profissionalização 
da Enfermagem
Dr. Vladimir Araújo da Silva 
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Figura 1 - Obra Florence Nightingale Recebendo os Feridos em Scutari, de Jerry Barrett (1824-1906) / Fonte: Barrett ([1856], on-line). 
Tente imaginar as dificuldades e os desafios enfrentados por Florence Nightingale, quando ela decidiu 
servir como voluntária nos hospitais militares durante a Guerra da Crimeia e promover o reconhe-
cimento da Enfermagem como profissão, em uma época cujo papel social da mulher restringia-se ao 
contexto familiar, cujas segurança e estabilidade financeira eram garantidas por meio de casamentos 
promissores e os cuidados com os pobres e doentes eram realizados por religiosas ou mulheres de 
índole questionável. 
Você sabia que Florence Nightingale é considerada a precursora da Enfermagem Moderna? E que 
os princípios de cuidado publicados em seu livro Notas sobre Enfermagem: o que é e o que não é, tidos 
como bases para uma teoria de Enfermagem, são, fortemente, aplicados até os dias atuais, inclusive no 
contexto da pandemia de Covid-19? Por qual razão Nightingale era chamada de “dama da lâmpada”? 
Conhecer a história de Florence Nightingale é resgatar a trajetória da profissionalização da nossa 
área. Essa personagem é responsável por atribuir caráter científico e sistematizar o cuidado praticado 
por enfermeiros, favorecendo o reconhecimento da Enfermagem como profissão, além de fundamentar 
a reorganização dos serviços de saúde. 
O Dia Internacional da Enfermagem, em que comemoramos o Dia da Enfermeira e do Enfermei-
ro, é celebrado, mundialmente, no dia 12 de maio, em alusão ao nascimento de Florence, em 1820. 
Trata-se de uma forma de a homenagear por sua dedicação e seu esforço para o reconhecimento da 
Enfermagem como profissão. 
A lâmpada, um dos símbolos da Enfermagem, embora estilizada, representa um candeeiro a óleo 
que Florence utilizava para iluminar o seu caminho, em suas rondas noturnas, enquanto cuidava dos 
UNIDADE 2
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soldados feridos durante a Guerra da Crimeia, razão pela qual foi chamada pelo jornal londrino The 
Times de “dama da lâmpada”. 
A Cerimônia da Lâmpada, ritual realizado por algumas escolas de Enfermagem, onde ocorre a 
“passagem da lâmpada” dos estudantes do último ano do curso aos seus sucessores ou aos estudantes 
que iniciarão os estágios, representa a transmissão da luz do conhecimento, da arte e da ciência do 
cuidado, eternizando a história da Enfermagem. 
Para que você possa compreender a história de Florence Nightingale 
e a sua importância no processo de profissionalização da Enfermagem, 
sugiro que você assista ao vídeo Enfermeira Florence Nightingale 2008. 
A História da Enfermagem: Pioneira na Enfermagem Moderna. 
A partir desta experiência, questione-se e anote em seu Diário de Bordo: 
Florence vivenciou experiências que descreveu como “chamados de Deus” e 
acreditava que a Enfermagem, além de ser uma profissão, era a vocação de 
servir ao próximo, o que exigia dedicaçãoexclusiva bem como preparo rigoroso, obediência e respeito à 
hierarquia, além de valores como caridade, amor ao próximo, doação e humildade (COSTA et al., 2009). 
• E você, como vê a Enfermagem? 
• Você compartilha a percepção de Florence? A Enfermagem é, também, uma vocação? 
• Você considera possuir os atributos essenciais para assumir essa vocação, este compromisso? 
• Estás disposto(a) a dedicar-se e preparar-se, com excelência, para o exercício profissional? 
• Estás disposto(a) a continuar a luta pela valorização da Enfermagem como profissão? 
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 “ A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, re-quer uma devoção tão exclu-siva, um preparo tão rigoroso, 
quanto a obra de qualquer 
pintor ou escultor; pois o que 
é tratar da tela morta ou do 
frio mármore comparado ao 
tratar do corpo vivo, o templo 
do espírito de Deus? É uma 
das artes; poder-se-ia dizer, a 
mais bela das artes!
Florence Nightingale
Figura 2 - Retrato de Florence Nightingale / Fonte: Hering ([c. 
1860], on-line). 
Após as núpcias, William Edward e Francis 
Nightingale viajaram pela Europa, em uma turnê, 
por um período de dois anos. Durante a viagem, 
quando a luxuosa comitiva estava em Florença-I-
tália, nasceu Florence Nightingale, em 12 de maio 
de 1820 (COSTA et al., 2009), que se tornaria 
reconhecida como precursora da Enfermagem 
Moderna. Por ocasião deste pioneirismo, o mun-
do celebra o Dia Internacional da Enfermagem e, 
em comemoração ao bicentenário de nascimento 
de Nightingale, em 2020, a Organização Mundial 
da Saúde (OMS) e o Conselho Internacional de 
Enfermeiras (CIE), entre outros, instituíram o 
Ano Internacional dos Profissionais de Enferma-
gem e Obstetrícia (OPAS, 2020, on-line). 
Florence teve uma educação diferenciada, 
abrangendo o ensino de História, Matemática e 
Ciências, idiomas — inglês, francês, alemão, italia-
no, latim e grego — além de canto e piano (COS-
TA et al., 2018). Na adolescência, as experiências 
místicas vivenciadas por Florence e descritas em 
seus diários como chamados de Deus intensifica-
ram a sua convicção de que não estava destinada 
à “vida comum” das mulheres da alta sociedade. 
Entre os 20 e os 30 anos de idade, os conflitos 
familiares acerca da questão do casamento au-
mentaram, mas Florence conseguiu manter a sua 
independência (LOPES; SANTOS, 2010) bem 
como o propósito de sua vocação: ajudar os po-
bres, os doentes e os desfavorecidos (PADILHA; 
MANCIA, 2005). 
Em 1837, Florence conheceu o trabalho das 
Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, em 
Paris, na França. Determinada a seguir a sua vo-
cação e estudar Enfermagem, em 1845, imergiu 
em um estágio na Enfermaria do Hospital de Sa-
lisbúria, na Inglaterra. No inverno, viajou a Roma, 
onde observou e estudou as práticas de cuidado 
das irmandades católicas romanas. Em 1949, du-
rante outra viagem, visitou as Irmãs de Caridade 
de São Vicente de Paulo, em Alexandria, no Egito, 
onde teve a oportunidade de apreender as práti-
cas de cuidado bem como conhecer o trabalho 
UNIDADE 2
29
assistencial e administrativo desenvolvidos pelas 
religiosas (COSTA et al., 2018). 
No caminho de volta, passando pela Ale-
manha, conheceu o Instituto de Diaconisas de 
Kaiserswert, para onde voltaria em 1851, com o 
intuito de fazer um estágio de três meses, após 
vencer a resistência da família, que considerava 
a Enfermagem e o ambiente hospitalar inapro-
priados para Florence. O programa de formação 
contemplou aulas teóricas e práticas, incluindo 
a execução de serviços de limpeza. Insatisfeita, 
retornou à França e obteve autorização oficial 
para concluir os seus estudos e observações no 
Hôtel-Dieu, junto às Irmãs de Caridade de São Vi-
cente de Paulo, em Paris. Vestida como as freiras, 
visitou hospitais, então, pôde observar melhor a 
prática da Enfermagem e conhecer comunidades 
religiosas (COSTA et al., 2018). 
Acredita-se que a convivência com as regras 
de conduta das irmãs de caridade tenha influen-
ciado a construção do modelo de enfermagem 
de Florence, especialmente, em relação à divisão 
social do trabalho, à gestão do espaço e aos cui-
dados referentes a higiene, ventilação, ilumina-
ção, alimentação e recreação dos doentes, assim 
como a administração de medicamentos e cura-
tivos, dentre outros. Retornando à Inglaterra, em 
1853, Florence assumiu a superintendência de 
um pequeno hospital, o Estabelecimento para 
Damas de Companhia durante a Enfermidade 
(COSTA et al., 2018). 
Não demoraria muito tempo para Florence 
receber um convite dos diretores do King’s College 
Hospital, onde teria a oportunidade de treinar 
outras mulheres. Era 1854, quando foi deflagrada 
a Guerra da Crimeia, na Península da Ucrânia, en-
tre a Turquia — apoiada pela França e pelo Reino 
Unido — e a Rússia, que havia invadido e tomado 
o território turco, ameaçando a integridade im-
perialista britânica. No entanto, antes de assumir 
o cargo, recebeu outro convite, dessa vez, de seu 
amigo Sidney Herbert, que acabara de se tornar 
Ministro da Guerra (COSTA et al., 2018). 
Sidney acreditava que, somente, Florence se-
ria capaz de organizar um plano para reverter 
o caos vivenciado pelos soldados feridos nos 
hospitais militares ingleses. Então, pediu para 
que ela se dirigisse ao campo de batalha, levan-
do consigo um grupo de enfermeiras. Antes de 
receber o convite, Florence também enviou uma 
carta à esposa do amigo oferecendo-se para tra-
balhar como voluntária no conflito, após tomar 
conhecimento da desorganização e das condi-
ções insalubres dos hospitais. Diante da impor-
tância nacional do serviço que prestaria, ela foi 
dispensada do compromisso, anteriormente, 
assumido (COSTA et al., 2018). 
Sem hesitar um só momento e consciente da 
dificuldade que enfrentaria para encontrar mu-
lheres adequadas, Florence iniciou a seleção das 
enfermeiras que a acompanhariam. A maioria das 
enfermeiras as quais atuavam nos hospitais ingle-
ses não atendiam aos rigorosos critérios exigidos 
por Florence. A urgência da seleção dificultou, 
ainda mais, o processo, mas em pouco tempo, 
foram recrutadas as 38 enfermeiras necessárias: 
dez irmãs católicas de Bermondsey; oito irmãs 
anglicanas da Ordem Selonita; seis enfermeiras da 
Saint John’s House e outras 14 de outros hospitais 
(COSTA et al., 2018). 
Após receber as ordens do departamento mé-
dico do exército e ser nomeada superintendente 
do Estabelecimento de Enfermagem Feminina 
nos Hospitais Gerais Militares Ingleses na Tur-
quia, tornando-se a primeira mulher a servir, 
oficialmente, o seu país, Florence partiu para 
Scutari, um subúrbio de Constantinopla, onde 
os soldados ingleses feridos eram acomodados. O 
grupo instalou-se em uma das torres do Barrack 
Hospital, cedido pelo governo turco. Embora as 
UNICESUMAR
30
acomodações fossem insuficientes, desconfor-
táveis e sujas, este não era o maior desafio que o 
grupo enfrentaria, mas a discórdia, a competiti-
vidade, as intrigas e rivalidades entre os médicos 
militares (COSTA et al., 2018). 
Além disso, muitos ficaram insatisfeitos com 
a chegada das enfermeiras, haja vista que repre-
sentavam o descontentamento do Ministério da 
Guerra em relação à direção dos hospitais. Entre-
tanto outros compreenderam a importância do 
seu trabalho, contribuíram de diversas maneiras 
e até tornaram-se fiéis amigos de Florence. As 
enfermarias estavam sempre imundas e infesta-
das de parasitas, desprovidas de camas, lençóis, 
cobertores, cadeiras, pratos e talheres, alimentos 
e produtos de higiene. Muitos soldados feridos 
permaneciam deitados no chão, com seus unifor-
mes sujos de sangue e terra (COSTA et al., 2018). 
Para chegar ao hospital de base em Scutari, os sol-
dados doentes e feridos eram submetidos a uma 
árdua viagem de seis a oito dias, pois precisavam 
atravessar o Mar Negro a bordo de barcos sem 
qualquer conforto e abarrotados de gente. Acome-
tidos por diarreia, cólera e diversas amputações, 
os soldados, malvestidos e malalimentados, não 
recebiam cuidados médicos e de enfermagem 
durante o percurso, resultando em uma taxa de 
mortalidade em torno de 75%. Por este motivo, 
a taxa de mortalidade geral era em torno de 40% 
(COSTA et al., 2018). 
Florence e sua equipe foram encarregadas de 
cuidar de mais de 1.500 feridos internados no hos-
pital de Scutari. Logo, ela orientou as enfermeiras 
a oferecer alimentação adequada aos soldados, 
lavar e trocar as roupas de cama com frequência, 
promover ventilação nos quartos e aquecer os 
pacientes, além de confeccionar colchões forrados 
de palha. Para suprir as necessidades dos doentes, 
Florence saqueava, diariamente, o armazém do 
provedor, então, com recursos próprios e a aju-
da do jornal The Times, arrecadou 7 mil libras, 
suprindo muitas necessidades fora do âmbito da 
enfermagem (COSTA et al., 2018). 
O próximo passo seria instalar duas cozinhas 
em locais distintos do edifício, onde pudessem 
ser preparados dietas suplementares e alimen-
tos nutritivos, de modo a facilitar o trabalho de 
servir os pacientes mais necessitados. Com o 
objetivo de resolver o problema das roupas bran-
cas limpas, Florence estruturou uma lavanderia 
para o hospital, alugou uma casa nas proximi-
dades e conseguiu do Corps of Royal Engineers 
a instalação de uma caldeira, na qual empregou 
as esposas dos soldados. Embora as atividades 
administrativas requeressem parte do tempo de 
Florence, a sua prioridade era cuidar dos solda-
dos (COSTA et al., 2018). 
Era cuidando dos soldados que Florence se 
sentia mais feliz e foi assim que ela descobriu a sua 
real vocação, conquistando muitos admiradores. 
Aos olhos dos oficiais, uma talentosa e respeitada 
administradora, pois as medidas administrativas 
por ela adotadas resultaram em melhores condi-
ções de saúde aos pacientes e redução da taxa de 
mortalidade. Aos olhos dos soldados, uma bon-
dosa enfermeira a quem adoravam e beijavam 
UNIDADE 2
31
a sombra. Foi por meio de sua ronda noturna e solitária, empunhando uma pequena lâmpada para 
iluminar o caminho, quando todos já haviam se recolhido, e os soldados permaneciam em silêncio, 
na escuridão, que Florence se notabilizou. A lâmpada tornaria-se, depois, o símbolo universal da En-
fermagem (COSTA et al., 2018). 
Durante a Guerra da Crimeia, Florence introduziu práticas de cuidados não, apenas, em relação aos 
doentes, mas também ao ambiente. Ao organizar a cozinha, a lavanderia, a rouparia, o serviço de 
limpeza e o almoxarifado, ampliou a atuação da Enfermagem, atribuindo-lhe hierarquia e disciplina. 
Em fevereiro de 1855, uma comissão do Ministério da Guerra investigaria as condições sanitárias em 
Scutari, posteriormente, ela concluiria que o edifício se assentava sobre uma rede de esgotos apodrecida 
e deteriorada, justificando tanto a alta taxa de mortalidade quanto a insalubre atmosfera do hospital 
(COSTA et al., 2018). 
Florence também se destacou em matemática, usando e aplicando gráficos com o intuito de 
ilustrar dados epidemiológicos (COSTA et al., 2009). Ela criou o chamado “diagrama da rosa”, a 
fim de representar as taxas de mortalidade e convencer o exército da necessidade de medidas de 
prevenção relacionadas à higiene e à reforma sanitária (PADILHA, 2020). As drásticas reformas 
autorizadas pelos comissários foram imprescindíveis para a reverter as condições sanitárias dos 
hospitais (COSTA et al., 2018). 
Em dois meses, Florence conseguiu estabelecer a ordem no hospital, o que garantiu a ela a 
reputação de administradora e reformadora de hospitais. Em seis meses, seria reduzida a taxa 
de mortalidade para 2%, então, neste momento, Florence pôde deslocar-se até a Crimeia, para 
inspecionar os hospitais de lá. Ao desembarcar, em 8 de maio de 1855, deparou-se com hospitais 
com elevados índices de mortalidade, soldados feridos e doentes, malcuidados e mal alimentados 
(COSTA et al., 2018). 
UNICESUMAR
32
A experiência vivenciada por Florence, nessa guerra, a permitiu confirmar a sua convicção sobre 
a relação entre boa higiene e doença. Em virtude de seus esforços físicos e mentais, em meados de 
maio de 1855, Florence contraiu a chamada “febre da Crimeia”, possivelmente, tifo, que a deixou em 
estado crítico por alguns dias e comprometeu, permanentemente, a sua saúde. Ao melhorar, voltou 
a Scutari, convalesceu e, em agosto de 1855, retomou as suas atividades. A notícia de seu adoeci-
mento e posterior recuperação rendeu-lhe a reputação de “heroína do povo”, tornando-a objeto de 
adoração (COSTA et al., 2018). 
Com o intuito de converter este ardor em um sentido prático, alguns amigos de Florence constituíram 
um influente comitê, tendo Sidney Herbert como secretário honorário, o que resultou na inauguração 
do Fundo Nightingale, durante uma sessão pública realizada em 29 de novembro de 1855. No total, 
foram arrecadadas 44 mil libras, por meio da contribuição de pessoas proeminentes e dos próprios 
soldados. Com este valor, Florence, ainda doente, mas incansável, fundou, em 9 de julho de 1860, a 
primeira Escola de Enfermagem do Hospital St. Thomas, em Londres (COSTA et al., 2018). 
Ao retornar da guerra, Florence tornou-se uma figura popular em todo o país, sinônimo de eficiência 
e heroísmo. Além de reorganizar a Enfermagem e salvar vidas, ela quebrou o preconceito relacionado à 
participação feminina no exército bem como transformou a visão da sociedade em relação à Enferma-
gem, imprimindo-lhe o selo de profissionalismo e dedicação, o que ajudou a estabelecer uma carreira 
secular para as mulheres. O objetivo de sua escola era melhorar os hospitais, a disciplina e o perfil das 
enfermeiras, a manutenção da saúde e o cuidado aos doentes (COSTA et al., 2018). 
Se você quiser ampliar as possibilidades de fixação do conteúdo apresen-
tado, utilizando a música como recurso de aprendizagem, não deixe de 
assistir a este vídeo, no qual apresento uma música, intitulada Florence 
Nightingale, composta em 2005, durante a disciplina Enfermagem como 
Profissão, do Curso de Graduação em Enfermagem da Unicesumar. 
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12650
UNIDADE 2
33
Inicialmente, o curso teria a duração de um ano, sendo os médicos os encarregados do ensino teórico de 
anatomia, fisiologia e farmacologia. Posteriormente, o curso incluiria mais um ano de prática nas enfer-
marias do hospital. Florence acreditava que a saúde deveria estar não só no corpo, mas na alma, que cada 
pessoa possuía talentos e habilidades que precisavam ser desenvolvidos e que o treinamento exigiria o 
uso de seus recursos intelectuais inatos. Para ela, a Enfermagem era uma arte a qual requeria treinamento 
organizado, prático e científico, cuja finalidade era ajudar a pessoa a viver (COSTA et al., 2018). 
A iniciativa serviu como modelo para a criação de inúmeras instituições de ensino em todo o mundo, 
fundadas por ex-alunas, difundindo o chamado Sistema Nightingaleano (PADILHA, 2020), em países 
como Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Alemanha, Áustria, Países Escandinavos, Dinamarca, 
Suécia, Noruega, Finlândia, Holanda, Bélgica, Suíça, Grécia, Portugal, Espanha, Ásia, África, China, 
Índia e países centro e sul-americanos (BORGES et al., 2000), inclusive o Brasil (PADILHA, 2020). O 
modelo das instituições foi aplicado de formas e ritmos distintos, de acordo com as peculiaridades de 
cada nação (BORGES et al., 2000). 
Descrição da Imagem: fotografia em preto e branco que mostra, ao todo, 20 mulheres e um homem calvo, de barba branca, trajando 
sobretudo. Todos em frente ao hospital St. Thomas. Algumas mulheres estão sentadas e outras de pé, Florence Nightingale está sentada, 
ao centro. Da esquerda para direita pode-se observar cinco mulheres sentadas e três de pé, todas trajando uniforme de enfermagem 
da época, um vestido escuro comprido, um avental branco, também, comprido, por cima do vestido e, na cabeça, um gorro cirúrgico 
branco. Apenas Florence Nightingale traja um manto bordado nas extremidades e um lençona cabeça. Ao lado direito, também uni-
formizadas, estão seis mulheres sentadas e três de pé, todas em volta de Florence. 
Figura 3 - Florence Nightingale com a turma de enfermeiras do St. Thomas, em 1886 
Fonte: Wikimedia Commons ([1886], on-line). 
UNICESUMAR
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 Ao longo de sua vida, Florence publicou cerca 
de 200 obras, entre livros, relatórios e panfletos 
(FERNANDES, 2007). No livro intitulado Notas 
sobre Enfermagem – O que é e o que não é, o qual 
foi traduzido em diversos idiomas, Florence nos 
brinda com princípios de cuidado que muitos 
assumem como bases para a Teoria Ambientalista. 
Além de representar um manual de Enfermagem, 
esse livro trata de instruções seminais de saúde 
pública, tão condizentes e apropriadas para o sé-
culo XIX quanto para o atual momento em que 
vivemos (PADILHA, 2020). 
Não obstante, o grande mérito de Florence 
foi dar voz ao silêncio daqueles que prestavam 
cuidados de enfermagem, sem, contudo, perceber 
a importância dos rituais que seguiam, os quais 
já indicavam uma prática profissional organiza-
da. Em seu livro Notas sobre Hospitais, Florence 
descreve as suas vivências e conhecimentos acerca 
das necessidades dos pacientes, os quais a permiti-
ram convencer arquitetos de que a funcionalidade 
do espaço — tanto para pacientes quanto para 
enfermeiras — bem como as questões de sanea-
mento, deveriam ser prioridade, em detrimento 
da estética (COSTA et al., 2018). 
Florence inspirou a Sociedade Nacional para 
Auxílio aos Doentes e Feridos, a qual, mais tarde, 
se tornaria, com a sua aprovação, a Cruz Verme-
lha, referência nas questões relacionadas à higiene 
e à administração hospitalar, recebendo solicita-
ções de orientações de autoridades de diversos 
lugares. Florence foi a primeira mulher a inte-
grar a Sociedade Real de Estatística, em Londres 
(PADILHA, 2020), em 1874, tornou-se membro 
honorário da Associação Estatística Americana 
(ASA). Em 1883, foi condecorada com a Cruz 
Vermelha Real, pela rainha Vitória, em reconhe-
cimento ao seu trabalho. Em 1907, tornou-se a 
primeira mulher a receber a Ordem do Mérito, 
de Edward VII (FERNANDES, 2007). 
No final da vida, Florence viveu anos produtivos e 
felizes. Relatos de pessoas que frequentavam a sua 
casa descrevem uma atmosfera de paz e felicida-
de. Porém, com o tempo, Florence perdeu a visão, 
parou de escrever e, aos poucos, foi desligando-se 
da vida. Alguns estudos sugerem que ela desenvol-
veu esquizofrenia, considerando a sua fobia quase 
patológica de multidões e o seu isolamento após 
a guerra (FERNANDES, 2007). Florence morreu 
em 13 de agosto de 1910, aos 90 anos, em Londres, 
enquanto dormia (BORGES et al., 2000). Hoje, 
é reconhecida como uma das 100 mulheres que 
marcaram a história mundial (COSTA et al., 2009). 
Descrição da Imagem: fotografia colorida que mostra, de 
cima para baixo, uma medalha de honra ao mérito que con-
tém um brasão e uma cruz vermelha ao centro. Logo abaixo, 
uma fita azul e vermelha suspende outra medalha em forma 
de cruz e com um brasão no meio. Em seguida, mais uma fita 
azul e uma medalha que parece ser de prata, em formato de 
cruz e, também com um brasão ao meio. Ao lado, uma fita 
preta segura uma medalha que parece ser de prata e que 
lembra uma estrela. Todas estão em exibição no Museu do 
Exército Nacional, em Chelsea, Londres. 
Figura 4 - Medalhas de Florence Nightingale
Fonte: Wikimedia Commons (2019, on-line). 
UNIDADE 2
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“Vocês [enfermeiros] se preocupam conosco desde os nossos primeiros anos, vocês cuidam de nós 
nos nossos momentos mais tristes e mais felizes e, para muitas pessoas, vocês cuidam de nós e de 
nossas famílias no final de nossas vidas”.
(Kate Middleton) 
Quer aprofundar o seu conhecimento sobre o tema estudado e co-
nhecer a Campanha Nursing Now, lançada com o intuito de valorizar a 
Enfermagem, reconhecer a sua importância e investir na melhoria das 
condições de trabalho dos profissionais da área? Então, clique no play! 
Título: Enfermagem: História de uma profissão
Autoras: Maria Itayra Padilha, Miriam Süsskind Borenstein e Iraci dos San-
tos (org.)
Editora: Difusão 
Sinopse: esta obra nos apresenta a história da Enfermagem, as suas ori-
gens e inserções interdisciplinares e, também, nos leva a vários períodos 
e sociedades, revisitando os cenários técnicos, econômicos e sociais, nos 
convidando a refletir sobre quem somos nós, profissionais de Enfermagem. 
Na concepção das autoras organizadoras, trata-se da história que é feita por todos nós e que 
segue vida afora, em vaivém interpretativo, sem repetições, pois a história que segue com a vida 
humana o faz em descontinuidades. 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/10726
UNICESUMAR
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Conhecer a história de Florence Nightingale, as dificuldades e os desafios por ela enfrentados no 
processo de profissionalização da Enfermagem, os seus esforços para atribuir caráter científico e sis-
tematizar o cuidado de Enfermagem é se apropriar da identidade da profissão, a qual o(a) estudante 
ajuda a (re)construir e a defender, durante a sua formação. No exercício de sua prática profissional, 
ele(a) será reconhecido graças a essa identidade. 
Florence identificou e demonstrou, por meio de dados estatísticos, a importância, na prevenção 
de doenças, dos cuidados com a higienização das mãos e a limpeza dos ambientes. Embora a impor-
tância do trabalho da Enfermagem tenha sido evidenciada durante a pandemia de Covid-19, os(as) 
enfermeiros(as) ainda enfrentam dificuldades relacionadas à redução da carga horária de trabalho, ao 
dimensionamento do quadro de profissionais e ao estabelecimento de um piso salarial justo. 
O conhecimento, aqui, construído subsidiará a formação de enfermeiros(as) com pensamento 
crítico, que advogarão não, apenas, por seus pacientes, mas também por condições de trabalho e re-
muneração tão favoráveis quanto justas, defenderão a autonomia da Enfermagem bem como a sua 
importância na equipe multiprofissional, lutarão pela valorização da profissão e honrarão o legado 
de Florence Nightingale. 
Para te ajudar a melhor compreender e memorizar o significado e o 
sentido da Cerimônia da Lâmpada, ouça a música Luz do Cuidar, que 
compus em 2008, quando estava concluindo o Curso de Enfermagem, 
na Unicesumar, e a interpretei durante o culto ecumênico em celebração 
à conclusão do curso. 
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
Ouça a voz de Florence Nightingale. 
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11911
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Com base no conhecimento construído sobre Florence Nightingale e o processo de profissional-
ização da Enfermagem, proponho que preencha o Mapa da Empatia, a seguir, expondo tudo o que 
aprendeu nesta unidade. Para isso, use as suas percepções, os seus sentimentos, dores e necessi-
dades em relação ao curso.
Quais são as DORES? Quais são as NECESSIDADES?
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1. Considere as supostas razões para Florence Nightingale ser considerada a precursora da 
Enfermagem Moderna e assinale a alternativa incorreta: 
a) As suas práticas de cuidados não eram voltadas, exclusivamente, aos doentes, mas ao am-
biente. Ela organizou a cozinha, a lavanderia, a rouparia, o serviço de limpeza e o almoxarifado, 
ampliando a atuação da Enfermagem. 
b) Florence inventou as práticas de cuidado durante a Guerra da Crimeia, modernizando a 
Enfermagem. 
c) As qualidades de administradora de Florence garantiram a redução da taxa de mortalidade 
de 40% para 2%, durante a Guerra da Crimeia. 
d) Florence demonstrou a importância, na recuperação da saúde dos pacientes, do cuidado com 
a ventilação, a iluminação, o calor, os odores e os ruídos do ambiente, atribuindo cientificidade 
à Enfermagem.
e) Florence sistematizou o cuidado de enfermagem, dando voz ao silêncio daqueles que pres-
tavam esse cuidado, sem, contudo, perceber a importância dos rituais que seguiam, os quais 
já indicavam uma prática profissional organizada, favorecendo o reconhecimentoda Enfer-
magem como profissão. 
2. Considere as seguintes afirmações sobre a concepção de Enfermagem e o perfil da enfermeira 
idealizado por Florence Nightingale, em seguida, assinale V para a(s) Verdadeiras e F para a(s) 
Falsa(s). 
 ) ( A Enfermagem era uma profissão, não uma vocação para servir ao próximo. 
 ) ( A enfermeira deveria oferecer alimentação adequada aos pacientes, lavar e trocar as roupas 
de cama com frequência, promover ventilação nos quartos e aquecer os pacientes. 
 ) ( A Enfermagem era uma arte que requeria dedicação exclusiva e preparo rigoroso. 
 ) ( A enfermeira deveria possuir valores como: caridade, amor ao próximo, doação e humildade. 
 ) ( A Enfermagem dispensava treinamento prático e científico. 
A sequência correta para a resposta da questão é: 
a) V, V, V, V, V. 
b) V, F, V, F, V.
c) F, V, F, V, F. 
d) F, V, V, V, F.
e) F, F, F, F, F. 
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3. Por que os princípios de cuidado defendidos por Florence Nightingale, considerados as bases 
de sua Teoria Ambientalista, são, fortemente, aplicados até os dias atuais, inclusive no contexto 
da pandemia de Covid-19? Assinale a alternativa correta: 
a) Porque foi Florence quem inventou o álcool em gel, tão utilizado durante a pandemia. 
b) Por causa de sua experiência atuando como voluntária em outras pandemias. 
c) Porque as medidas básicas de higiene das mãos e dos ambientes, adotadas para prevenir 
a incidência e a disseminação da doença e evitar mortes, são conhecidas pela Enfermagem 
desde a atuação de Florence Nightingale na Guerra da Crimeia. 
d) Porque Florence identificou, em suas pesquisas, que as medidas básicas de higiene das mãos 
e dos ambientes poderiam curar várias doenças causadas por vírus. 
e) Porque Florence comprovou que o uso de máscara facial reduziu a mortalidade dos soldados 
na Guerra da Crimeia. 
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3
Nesta unidade, discutiremos sobre a história da Enfermagem no 
Brasil; quem fomos, quem somos e quem queremos ser. Resgata-
remos fatos históricos protagonizados por aqueles cujas práticas 
de cuidado precederam a Enfermagem Moderna e por aqueles que 
se destacaram e se tornaram referência em cuidado, como Anna 
Nery. Conheceremos o atual perfil daqueles que escrevem, atuam 
e contracenam nos capítulos atuais dessa história, para podermos 
analisar os avanços bem como os desafios a serem enfrentados. 
Discutiremos a importância de estudar a história da Enfermagem 
para a construção da identidade profissional e as futuras contribui-
ções à valorização da Enfermagem como profissão. 
História da 
Enfermagem no Brasil
Dr. Vladimir Araújo da Silva 
UNICESUMAR
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• O que você sabe sobre a história da Enfermagem no Brasil? 
• Por que devemos conhecê-la (saber quem fomos)? 
• Você já ouviu falar sobre algum(a) enfermeiro(a) que seja referência no Brasil, assim como 
Florence Nightingale é para o mundo? 
• O que você sabe sobre a Semana Brasileira de Enfermagem? 
• Você conhece o perfil da Enfermagem brasileira (quem somos)? 
Apropriar-se da história da Enfermagem no Brasil é valorizar a sua própria identidade profissional (em 
construção) e reconhecer-se como parte dela. Conhecer e reverenciar as contribuições daqueles que 
nos antecederam (povos originários, escravos, religiosos e leigos que ajudavam nos cuidados com os 
doentes, mesmo após a fundação das Santas Casas de Misericórdia) bem como daqueles que sustentam 
a arte e a ciência da Enfermagem na atualidade, nos fortalece enquanto profissão, empoderando-nos 
com inspiração para projetarmos e construirmos o futuro da profissão que queremos representar. 
Anna Nery serviu ao nosso país, como voluntária, na Guerra do Paraguai, sob condições precárias 
de higiene, recursos humanos e materiais. Recebeu o título de “mãe dos brasileiros”, é reverenciada 
como uma das grandes mulheres da história brasileira, patrona da Enfermagem e precursora da 
Cruz Vermelha no Brasil. A Semana Brasileira de Enfermagem, comemorada desde 1940, inicia-se 
no dia 12 de maio, em homenagem ao nascimento de Florence Nightingale, e termina no dia 20 
de maio, em alusão à morte de Anna Nery. Neste dia, também comemoramos o Dia Nacional do 
Técnico e do Auxiliar de Enfermagem.
Ressalta-se que a Enfermagem representa mais da metade de todos os profissionais de saúde em 
atuação no Brasil. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), atualmente, somos 
2.565.116 profissionais, sendo 630.497 enfermeiros(as), 334 obstetrizes, 1.495.139 técnicos(as) de 
Enfermagem e 439.146 auxiliares de Enfermagem, majoritariamente, mulheres, em sua maioria 
negras ou pardas. 
Para que você conheça o atual perfil da Enfermagem no Brasil, assista 
ao vídeo Sala de Convidados – O Perfil da Enfermagem no Brasil, exi-
bido no dia 2 de junho de 2015, no Canal Saúde, da Fundação Oswaldo 
Cruz (Fiocruz). 
Agora, refletiremos, um pouco, sobre o que foi apresentado/proposto, 
e faremos anotações no Diário de Bordo. 
• O que te chamou a atenção na história da Enfermagem no Brasil? 
• O que te chamou a atenção no perfil da Enfermagem brasileira? 
• Que Enfermagem você deseja representar? 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12642
UNIDADE 3
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 “ “Solenemente, na presença de Deus e desta assembléia, juro:Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os segredos que me forem confiados; respeitar o ser humano desde a con-
cepção até depois da morte; não praticar 
atos que coloquem em risco a integridade 
física ou psíquica do ser humano; atuar 
junto à equipe de saúde para o alcance da 
melhoria do nível de vida da população; 
manter elevados os ideais de minha pro-
fissão, obedecendo os preceitos da ética, 
da legalidade e da moral, honrando seu 
prestígio e suas tradições”.
Juramento a ser proferido nas solenidades de for-
matura dos cursos de Enfermagem (Cofen, 1999).
 Figura 1 - Retrato de enfermeiros na atualidade 
 Fonte: Cofen ([2022], on-line). 
UNICESUMAR
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Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, os povos originários, representados por seus pajés, 
foram os primeiros a cuidar daqueles que adoeciam em suas tribos. Com a colonização, esta respon-
sabilidade passou a ser compartilhada com os jesuítas e, posteriormente, com religiosos, voluntários 
leigos e escravos. Nessa perspectiva, gradativamente, surgiu a Enfermagem, com fins mais curativos que 
preventivos, exercida, ao contrário de hoje, basicamente, por pessoas do sexo masculino (MEDEIROS; 
TIPPLE; MUNARDI, 1999, on-line). 
Com efeito, o exercício da Enfermagem ancorava-se na solidariedade, no misticismo, no senso 
comum, no empirismo e nas crendices, compartilhados de geração a geração. Destarte, a profissiona-
lização edificou-se mediante a sistematização do ensino das práticas de cuidado, antes, desenvolvidas 
por pessoas sem o devido preparo técnico. É importante ressaltar a relevante contribuição dos escravos 
no auxílio às famílias e aos religiosos nos cuidados com os doentes, mesmo após a fundação das Santas 
Casas de Misericórdia (MOREIRA; OGUISSO, 2005). 
Para conhecer, um pouco mais, a história da Enfermagem no Brasil, acesse 
o site do Museu Nacional de Enfermagem. Se você quiser ampliar o seu 
conhecimento sobre aspectos sociais, políticos, econômicos, históricos 
e tecnológicos que envolvem a história da profissão, também é possível 
agendar uma visita virtual mediada.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12647
UNIDADE 3
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Vale lembrar que Portugal costumava transferir o seu acervo cultural às suas colônias, como a Irman-
dade de Invocação à Nossa Senhora da Misericórdia, instituída em 1498, pela rainha D. Leonor, que 
assumiu o compromisso de apoiar os menos favorecidos, com base nas 14 Obras de Misericórdia: 
ensinar os simples; dar bom conselho; corrigir com caridade os que erram; consolar os que sofrem; 
perdoar os que nos ofendem; sofrer as injúriascom paciência; rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos; 
remir os cativos e visitar os presos; curar e assistir os doentes; vestir os nus; dar de comer a quem tem 
fome; dar de beber a quem tem sede; dar pousada aos peregrinos; sepultar os mortos (INSTITUTO 
DE PÓS-GRADUAÇÃO MÉDICA CARLOS CHAGAS, [2022], on-line). 
Descrição da Imagem:fotografia de uma aquarela de Jean-Baptiste Debret, do século XIX. À direita, observa-se um cirurgião negro, 
descalço, com um turbante na cabeça, um brinco em forma de argola, um cordão no pescoço com um pingente em forma de cavalo 
marinho. Ele carrega, junto ao corpo, uma bolsa pequena e amarela, com um detalhe em branco, e a alça, transversalmente, ao tórax; 
uma toalha alaranjada e com listras brancas cingida na cintura. Esse cirurgião aplica ventosa em seus pacientes, também negros. À 
sua frente, um dos pacientes, também descalço, de macacão azul, com alças em forma de X nas costas, está sentado sobre uma pedra, 
com as mãos sobre os joelhos. Está inclinado na direção do cirurgião, aguardando a aplicação de uma ventosa, na região temporal 
esquerda de sua cabeça. Ao centro, outro paciente, sem camisa, vestindo calça branca e uma faixa amarela e branca na cintura, de 
estampa xadrez, com nó nas costas, está deitado no chão, em decúbito ventral (de barriga para baixo) com os braços cruzados, tendo 
quatro ventosas nas costas. À esquerda, há, possivelmente, mais dois pacientes: um sentado no chão, envolto em um manto branco, 
com a perna direita estendida e a perna esquerda perpendicular e abaixo da direita, outro paciente veste calça azul e blusa marrom, 
encontra-se sentado no chão, com as pernas abertas e fletidas, portando duas ventosas na região frontal (na testa), dispostas, bilate-
ralmente. Ao fundo, vê uma casa com a porta aberta, do lado de dentro, estão duas crianças desnudas, brincando no chão, uma em 
pé, com algo parecido com uma flauta perto da boca, e outra deitada no chão. É possível ver alguns objetos semelhantes a chapéus 
de palha, pendurados ao lado esquerdo da porta; uma janela fechada e uma floreira alta, cheia de folhagens; uma mulher com um 
lenço xadrez, amarelo e alaranjado, envolto na cabeça, e uma manta branca com listras cinzas envolvendo o seu corpo, sentada sobre 
a base de uma janela aberta, à direita. 
Figura 2 - Negro surgeons / Fonte: Debret (2015, on-line).
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 Embora a criação das Santas Casas de Miseri-
córdia no Brasil seja uma incógnita para histo-
riadores e memorialistas, o relato de frei Agosti-
nho de Santa Maria, impresso em 1723, em um 
dos volumes do Santuário Mariano, sugere que 
a irmandade tenha sido criada por iniciativa do 
padre José de Anchieta, o qual, por volta de 1582, 
destinou uma casa para o tratamento de doentes 
(GANDELMAN, 2001), após a chegada de mari-
nheiros espanhóis da esquadra do Almirante Dio-
go Flores de Valdés, na praia de Santa Luzia-RJ, 
acometidos por escorbuto, uma doença causada 
por deficiência grave de vitamina C ou de ácido 
ascórbico (IPGMCC, [2022], on-line). 
Com a ajuda de alguns religiosos (GANDEL-
MAN, 2001) e/ou representantes dos povos ori-
ginários, José de Anchieta administrou aos mari-
nheiros doentes medicamentos à base de infusões 
de plantas medicinais (IPGMCC, [2022], on-line). 
Assim teria surgido o primeiro hospital do Rio 
de Janeiro, sob os cuidados dos irmãos da San-
ta Casa (GANDELMAN, 2001). No entanto, de 
acordo com a Confederação das Santas Casas de 
Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas 
(CMB, 2020, on-line), as primeiras Santas Casas 
surgiram logo após o descobrimento do Brasil, na 
seguinte ordem: Santos (1543); Salvador (1549); 
Rio de Janeiro (1567); São Paulo (1599); João 
Pessoa (1602); Belém (1619); São Luís (1657); 
Campos-RJ (1792); Porto Alegre (1803); Vitória 
(1818); entre outras. 
Em 1841, o Decreto nº 82-A criava o Hospí-
cio de Pedro II, o primeiro hospital psiquiátrico 
da América Latina, referência para o desenvolvi-
mento de saberes e práticas médicas e de enfer-
magem no Brasil Imperial, e o anexava à Santa 
Casa de Misericórdia, no Rio de Janeiro (PERES; 
BARREIRA, 2009). Objetivando combater o char-
latanismo no exercício das profissões ligadas à 
saúde, em 1850, foi criada a Junta de Higiene Pú-
blica, a qual seria responsável pela fiscalização 
do exercício profissional de médicos, parteiras, 
entre outros, os quais deveriam registrar os seus 
diplomas no Rio de Janeiro, junto à Corte Impe-
rial (MOREIRA; OGUISSO, 2005). 
Nesse contexto, evidencia-se que a institucio-
nalização do ensino de Enfermagem resultou de 
um processo político e da imprescindível neces-
sidade de profissionais com formação adequada 
para cuidar de pessoas com doenças mentais, no 
âmbito hospitalar (MOREIRA; OGUISSO, 2005). 
Em 1852, as Irmãs de Caridade, provenientes da 
Congregação das Filhas da Caridade de São Vi-
cente de Paulo, na França, chegaram ao Rio de 
Janeiro, após uma negociação entre o provedor 
José Clemente Pereira e a Legação Imperial do 
Brasil na França, intermediada pelo Comenda-
dor João Marques Lisboa, que resultou no tratado 
firmado em Paris, em 21 de setembro do mesmo 
ano, o qual estabelecia obrigações recíprocas entre 
a Santa Casa de Misericórdia e as Irmãs de Cari-
dade (PERES; BARREIRA, 2009). 
Destaca-se que o modelo religioso de enfer-
magem, trazido pelas Irmãs de Caridade, abran-
gia a atuação como auxiliares dos médicos nas 
enfermarias e o economato, que contemplava 
os serviços de cozinha, refeitório, lavanderia e 
rouparia, podendo, também, serem responsáveis 
pelo laboratório e pela farmácia. De acordo com 
o tratado, as Irmãs seriam encarregadas pelo 
serviço interno do novo Hospital Geral da Santa 
Casa de Misericórdia e do Hospício de Pedro II, 
inaugurados no ano em que chegaram ao Bra-
sil, bem como das enfermarias externas da Santa 
Casa de Misericórdia. Como ajudantes das Irmãs, 
atuavam negros escravos ou libertos, imigrantes 
e meninas oriundas do Asilo de Órfãs da Santa 
Casa de Misericórdia (PERES; BARREIRA, 2009). 
Ressalta-se que a assistência de enfermagem 
pré-profissional às pessoas com doenças mentais 
UNIDADE 3
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no Brasil configurou-se a partir de um modelo 
religioso que servia aos interesses da Santa Casa 
de Misericórdia, em detrimento dos interesses 
médicos (PERES; BARREIRA, 2009). O processo 
de profissionalização da Enfermagem, por sua 
vez, foi idêntico ao ocorrido na Europa, haja vista 
que os médicos que lá estudaram trouxeram não, 
apenas, conhecimentos como a pasteurização e a 
assepsia, mas as ideias laicas nas quais os serviços 
de Enfermagem se fundamentavam (MOREIRA; 
OGUISSO, 2005). 
Em janeiro de 1890, o Decreto nº 142-A alte-
rou o nome do Hospício de Pedro II, que passou a 
ser denominado Hospício Nacional de Alienados, 
desvinculando-o da Santa Casa de Misericórdia 
do Rio de Janeiro e transferindo a responsabili-
dade de sua administração da Irmandade da San-
ta Casa para o Estado brasileiro (ALVES, 2010). 
Com efeito, o processo de laicização do cuidado 
iniciou no ano citado, a partir do confronto entre 
o diretor do Hospício Nacional de Alienados e 
as Irmãs de Caridade, as quais deveriam cuidar 
de todas as atividades relativas aos doentes, mas 
acobertavam os maus tratos por eles sofridos por 
parte dos “guardas” e “enfermeiros” (MOREIRA; 
OGUISSO, 2005). 
Como consequência destes desentendimentos, 
as religiosas foram dispensadas, e os pacientes 
ficaram sem cuidados de enfermagem, geran-
do uma situação de emergência. Nesta ocasião, 
houve a substituição das Irmãs de Caridade pelas 
enfermeiras francesas da Escola de Salpêtrière 
(MOREIRA; OGUISSO, 2005). Em contraparti-
da, o Decreto nº 791, de 27 de setembro de 1890, 
assinado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, 
chefe do governo provisório da República, cria-
va a primeira escola de Enfermagem do Brasil, a 
Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, 
instituindo, oficialmente, o ensino dessa profissão 
no Brasil, com o intuito de suprir a falta de mão 
de obra, agravada

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