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Livro-Texto - Unidade I (20)

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Autores: Profa. Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez
 Profa. Cláudia Maria Martins
 Prof. Fernando Pinto Ribeiro
Tópicos de 
Atuação Profissional
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Professores conteudistas: Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez / 
Cláudia Maria Martins / Fernando Pinto Ribeiro
Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez (Ivy Ramirez) é mestranda em Educação, pós‑graduada em Jornalismo 
Científico pelo Laboratório de Estudos Avançados de Jornalismo Científico da Universidade de Campinas – Labjor/
Unicamp, bacharela e licenciada em Ciências Sociais e Geografia pela Universidade de São Paulo – USP. É autora de 
material didático do Ensino Médio do Sistema de Ensino Objetivo e realiza trabalho de assessoria de Coordenação do 
Ensino Médio no Departamento de Programação Geral (DPG) do Colégio Objetivo em São Paulo e em outros estados 
do Brasil. Coordena o curso de Licenciatura em Geografia, na modalidade EaD na UNIP – Universidade Paulista.
Cláudia Maria Martins é doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC‑SP, 
mestre em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo, licenciada em Filosofia pela Universidade Estadual de 
Maringá, bacharela e licenciada em Geografia pela Universidade de São Paulo – USP. Realizou estágio de iniciação 
científica no Laboratório de Planejamento Urbano e Territorial da Geografia da USP. Trabalhou como geógrafa nas 
Centrais Elétricas de São Paulo e na Fundação de Desenvolvimento Administrativo – Fundap, ocupando‑se de questões 
ambientais e de políticas públicas de saneamento, recursos hídricos e educação ambiental.
Fernando Pinto Ribeiro é graduado em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina, fez mestrado em 
desenvolvimento urbano e regional pela mesma instituição e doutorado em Planejamento Urbano e Regional pela 
Universidade de São Paulo, com estágio de intercâmbio no Instituto de Urbanismo de Grenoble, na França. Atuou 
como pesquisador no Laboratório Cidade e Sociedade ligado ao programa de pós‑graduação em Geografia da UFSC 
e no Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da FAU‑USP. Bolsista Fapesp de doutorado, investigou as 
recentes transformações da cidade contemporânea a partir do discurso sustentável. Também leciona Geografia na 
Unip e no Colégio Objetivo de São Paulo.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R173t Ramirez, Ivete Maria Soares Ramirez.
Tópicos de atuação profissional. / Ivete Maria Soares Ramirez 
Ramirez, Claudia Maria Martins, Fernanda Pinto Ribeiro. – São Paulo: 
Editora Sol, 2016
80 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑128/16, ISSN 1517‑9230.
1. Atuação profissional. 2. Geografia. 3. Docência. I. Martins, 
Claudia Maria. II. Ribeiro, Fernanda Pinto. III. Título.
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Ana Luiza
 Marcilia Brito
 Vitor Andrade
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Sumário
Tópicos de Atuação Profissional
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A GEOGRAFIA .......................................................................................................................................................9
1.1 O ofício do geógrafo ........................................................................................................................... 11
1.2 Áreas de atuação .................................................................................................................................. 13
2 LEGISLAÇÃO DO OFÍCIO DO GEÓGRAFO ................................................................................................ 15
3 GEÓGRAFOS CÉLEBRES DA HISTÓRIA DO PENSAMENTO 
GEOGRÁFICO INTERNACIONAL ...................................................................................................................... 19
3.1 O Período Clássico e Idade Média .................................................................................................. 20
3.2 Filósofos modernos e contemporâneos ...................................................................................... 21
4 GEÓGRAFOS CÉLEBRES BRASILEIROS ..................................................................................................... 25
Unidade II
5 A GEOGRAFIA, A LINGUAGEM E O CONCEITO MODERNO DE GEOGRAFIA .............................. 36
5.1 Histórico da caracterização geográfica ....................................................................................... 36
6 O TRABALHO DA DOCÊNCIA – SER PROFESSOR DE GEOGRAFIA ................................................ 38
6.1 O conceito e os atributos de um professor reflexivo ............................................................. 39
6.1.1 Valorizar o patrimônio natural e cultural em âmbito local e mundial ............................. 44
7 EXEMPLOS DE ORGANIZAÇÃO DE AULAS ............................................................................................. 47
7.1 Uma aula inaugural ............................................................................................................................. 47
7.2 Aula instrucional .................................................................................................................................. 49
8 PLANEJAMENTO É TUDO (BEM COMO O PLANO DE AULA) PARA 
UM BOM DESEMPENHO DOCENTE .............................................................................................................. 54
8.1 Exemplo prático de estudo geográfico ....................................................................................... 58
8.2 Relatório de Monitoramento Global de Educação ................................................................. 66
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APRESENTAÇÃO
Para expressarmos os Tópicos de Atuação Profissional no campo da Geografia, voltamo‑nos 
ao passado e o comparamos com o momento contemporâneo. O geógrafo profissional enquanto 
pesquisador atuante ou como professor tem seuscódigos a serem cumpridos, uma ética de trabalho, 
como em qualquer outro campo profissional.
Os tempos mudaram, vivemos em um mundo marcado por inovações técnicas, instrumentais. A Geografia 
também mudou, novos referenciais foram incorporados a ela, exigindo novas posturas ao ensinar. O ensino 
tradicional, em que os conteúdos eram predominantemente memorizados, já não mais prevalece, atualmente, 
buscamos uma nova abordagem para a Geografia escolar, agora de uma maneira mais dinâmica.
O educador, como geógrafo, deve ter consciência do seu papel articulador do vasto universo de 
informações que devem ser transmitidas aos alunos de uma forma dinâmica, desde o seu espaço de 
vivência, até outros mais distantes. É mister evidenciar a importância da Geografia enquanto campo de 
conhecimento. O geógrafo, portanto, deve promover um resgate epistemológico, indicando soluções 
para qualificar o processo de aprendizagem ou a transmissão de conteúdos como consequência de uma 
metodologia e didática contemporâneas, apresentando a Geografia de maneira prazerosa e funcional.
A ciência geográfica, assim como outras ciências, ao preocupar‑se com seu objeto de investigação, 
faz com que a atuação do profissional seja questionada. O geógrafo interessa‑se, muitas vezes, apenas 
por questões técnicas ou de caráter natural, ignorando os aspectos sociais que podem interferir em 
suas pesquisas. Por isso, devemos considerar que as questões sociais são muito importantes para a 
complementação dos estudos geográficos e para a formação do cidadão quando se transpõe a 
cientificidade ao conteúdo escolar.
O que faz então o geógrafo? Ele elabora mapas, faz sua leitura e interpretação, analisa questões 
econômicas, sociais, planeja e organiza sistemas de circulação logística rural e urbana, trabalha com 
análise de imagens aéreas de aerofotos e de satélites, trabalha com estatísticas populacionais, com 
estratégias de ocupação do espaço para evitar impactos ambientais e quando professor(a) deve ensinar 
aos seus alunos os conceitos principais da disciplina e os itens anteriormente citados.
O geógrafo tem um amplo campo de ação em planejamento urbano, assessoria na área rural, nas 
questões ambientais, na análise populacional, impactos ao meio ambiente, ações geopolíticas etc. Já 
o professor de Geografia deve compartilhar desse conhecimento a fim de mostrar aos seus alunos a 
realidade que o cerca e outras mais distantes.
Existe uma característica inerente aos estudos geográficos, uma vez que eles se inserem em campos 
científicos afins, seja nas ciências naturais, seja nas ciências humanas. Tratam‑se de conteúdos geográficos, 
que nem sempre se inserem no âmbito das experimentações, dependendo, no entanto, do teor do tema a 
ser investigado. O laboratório da Geografia é a própria natureza, a biodiversidade que a compõe e os grupos 
humanos que se inserem no espaço geográfico, nos lugares. No entanto, quando ocorre uma especialização, 
estudamos geograficamente o solo, sua composição, seus problemas, as questões atmosféricas, problemas 
relativos à água, análise de imagens, sejam elas de satélites, sejam de aerofotos.
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É possível recorrer ao laboratório, mas não é uma regra geral, os estudos geográficos fundamentam‑se 
na observação, comparação e interpretação de dados. Assim, observamos o mundo complexo no que se 
refere aos fenômenos humanos e naturais, relacionamo‑nos e localizamo‑nos.
Contudo, para chegarmos até esse momento da Geografia, foram necessários os estudos realizados 
por diversas escolas, como a Escola Alemã, representada por Alexander Von Humboldt (1769‑1859), 
com sua obra Descrição física do mundo; e por Friedrich Ratzel (1844‑1904), autor de Antropogeografia 
e Geografia Política, considerado o precursor da Geografia humana, e a Escola Francesa, cujos 
representantes, já no século XIX, foram Paul Vidal de La Blache (1845‑1918), com a obra Atlas geral e 
princípios da Geografia Humana; e Jean Brunhes, nascido em Toulouse (1869‑1930), com sua tese inédita 
e inovadora em estudos de Geografia humana, intitulada: A irrigação, suas condições geográficas, seus 
métodos e organização na Península Ibérica e norte da África: estudo de Geografia Humana. Em 1910, 
publica os Princípios da Geografia Humana na França. Nesse cenário os alemães simbolizavam a Escola 
Determinista e os franceses, o Possibilismo.
Assim, desejamos o aproveitamento desse conteúdo para sua vida profissional presente e futura.
INTRODUÇÃO
Ser geógrafo e ensinar ou praticar a Geografia atualmente é, acima de tudo, passar a mensagem de 
que ela é uma ciência ativa, em constante inovação em termos de conteúdo e de atuação. O geógrafo 
deve gostar muito da natureza e de suas características e mudanças, inteirar‑se dos aspectos humanos 
e de suas variações de aspectos econômicos e políticos. Também é preciso ter muita curiosidade sobre 
leituras e bibliografias variadas, e é um profissional sempre em busca de informações e sugestões para 
mudanças e melhorias em várias áreas.
Neste livro‑texto, destacamos as funções do geógrafo, como pesquisador e como docente, a 
importância do seu trabalho e as contribuições para esse campo do conhecimento. Também priorizamos 
alguns renomados geógrafos internacionais e nacionais, cuja contribuição foi altamente significativa 
para a evolução dos trabalhos desse campo científico.
A vocês futuros pesquisadores e professores de Geografia, bons estudos!
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Unidade I
1 A GEOGRAFIA
Podemos dizer que a Geografia surgiu praticamente junto com os primeiros hominídeos no planeta 
Terra, quando o ser humano toma contato com a natureza e estabelece formas de sobreviver, ou seja, 
quando toma contato com o meio em que vive e transita, enquanto nômade ou sedentário praticante 
da agricultura ou ainda como pastor, pescador etc.
Povos antigos como na região da Mesopotâmia (Oriente Médio) entre os rios Tigre e Eufrates, ou 
no Vale do Rio Nilo, no Egito, já praticavam estudos da natureza, como dos seus cursos fluviais ou das 
formas de praticar melhor a agricultura, com regadios, terraços, entre outros.
Assim, os grupos humanos procuravam criar relações mais próximas com a natureza, para se 
organizarem melhor, assim como os impérios da Antiguidade Clássica para que através desses 
conhecimentos estabelecessem uma satisfatória organização política e econômica.
Na Idade Média as discussões giravam em torno da visão que se atribuía ao planeta, inclusive com a 
ciência antagonizando os dogmas definidos pela igreja.
Todavia, foi no período das Grandes Navegações que os conhecimentos geográficos foram ampliados 
devido às necessidades de se representar o espaço e os caminhos marítimos mediante a colaboração 
dos navegantes e a conceituação das informações adquiridas nas novas terras coloniais descobertas, 
com dados sobre a biodiversidade e as riquezas naturais, saberes estes que passariam a fazer parte dos 
estudos geográficos.
Entretanto, foi no século XIX, com obras de cunho geográfico atribuídas a Friedrich Ratzel, da Escola 
Determinista Ambiental, instituindo o conceito de espaço vital e também com Paul Vidal de La Blache, 
da Escola Possibilista, aceitando as mudanças que poderiam ser empreendidas pelo homem mediante o 
uso de tecnologia, que os estudos geográficos passaram a ser sistematizados.
No caso brasileiro, a década de 1930 marca a institucionalização da Geografia objetivando o 
nacionalismo da economia, tornando‑se uma ferramenta para uso do Estado Nacional.
Durante as décadas de 1940 e 1950, a Geografia brasileira apresentava‑se através de duas vias:• a que produzia conhecimento para uso na estrutura de ensino, com a formação e aperfeiçoamento 
do corpo docente;
• a que visava ao novo sistema para estruturação do planejamento territorial.
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Unidade I
Esta última teve o IBGE como principal agente, tanto no que se refere às estatísticas, quanto pela 
geodésia e pela cartografia, tratando ainda de estabelecer a conexão entre as duas vias mencionadas.
Foram criados dos anos 1930 até o início de 1940 cursos de Geografia, em São Paulo, e afirmaram‑se 
como líder Pierre Mombeig, no Rio de Janeiro, com Pierre Deffontaines e a fundação da Universidade 
do Distrito federal, entre 1935 e 1939, e foi Deffontaines quem criou a AGB (Associação dos Geógrafos 
Brasileiros).
Destacou‑se também, nesse período, Cristóvão Leite de Castro, quem estruturou o núcleo inicial 
de geógrafos do futuro Conselho Brasileiro de Geografia. Entre 1940 e 1956, a aproximação entre os 
geógrafos cariocas e paulistas se intensificaram com a chegada de Francis Ruelan.
Com as conturbações políticas verificadas nos anos 1960 a 1970, período militar, ocorreram 
mudanças na matriz curricular dos Ensinos Fundamental e Médio, adotando‑se o ensino dos Estudos 
Sociais, associando a Geografia e a História, que eram ministrados de maneira superficial.
Em 1978, um evento importante marca a Geografia, o Encontro Nacional dos Geógrafos Brasileiros, 
reunião essa considerada um marco, destacando‑se o intelectual da geografia crítica, o professor 
Milton Santos.
 Observação
O principal geógrafo crítico brasileiro foi Milton Santos, que apontava 
que a Geografia deveria dignificar‑se a pensar no futuro de maneira ampla, 
complexa e não segregada, assim caberia a ela dominar o futuro e o homem 
de modo generalizado e amplo.
Nos anos 1980, houve uma nova alteração, agora a dinâmica da sociedade era o centro das discussões 
e estas preconizavam as distintas relações de espaço de vivência do ser humano. Pensamentos marxistas 
ditavam movimentos sociais, objetivando a luta de classes, além de analisar e quantificar, era necessário 
criticar e transformar.
Nos livros didáticos, ocorre a introdução da geografia crítica, encontrando obstáculos devido às 
divergências entre docentes: uns compreendiam a necessidade de construir um pensamento crítico; 
outros ainda acreditavam na prática tradicional, pautada na quantificação e memorização.
Dessa forma, Santos (1988) mostrava que a natureza modificada pela ação antrópica em seu trabalho 
seria cada vez menos uma natureza amiga e cada vez mais hostil, sendo usada muitas vezes a serviço 
da dominação.
Na década de 1990, diante de tantas correntes geográficas existentes, evidencia‑se a geografia 
humanista, que valoriza a percepção das sociedades sobre as paisagens transformadas.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
1.1 O ofício do geógrafo
Historicamente, durante toda a Antiguidade e a Idade Média, não se fez distinções entre filosofia 
e ciência, uma vez que não existiam instrumentos adequados e as observações realizadas e medidas 
não tinham condições de ser investigadas cientificamente. Isso fazia com que as descobertas realizadas 
fossem construídas de forma exclusiva por meio do raciocínio, com uma tendência à imprecisão.
Ao fazermos uma reconstituição histórica, chegamos a Galileu, quem, no século XVII, atuou como 
pioneiro cientista, demonstrando a importância da realização de experiências e da obtenção de dados 
mais precisos. Assim, os mestres e filósofos de sua época baseavam seus estudos em princípios da 
escolástica, definida como uma doutrina filosófica e religiosa característica da Idade Média, que integrava 
o conhecimento religioso com a filosofia da Antiguidade, negando as ideias propostas por Galileu.
Contudo, o método proposto por Galileu, agora de forma científica, marcou um novo ponto 
para investigações e, ao mesmo tempo, para construir conhecimento sobre a sociedade. Podemos 
considerar que esse foi o momento em que se separam a filosofia e a ciência, o que origina as 
ciências particulares modernas.
Podemos, até mesmo, afirmar que toda instrução deriva de um processo histórico evolutivo, e, para 
chegarmos a uma compreensão daquilo que se apresenta hoje, é preciso uma volta ao passado.
A razão de nos reportarmos a essas formas de pensar torna‑se muito importante quando pensamos 
na Geografia e nas modalidades de atuação nesse campo do saber.
O ensino da Geografia bem como dos demais componentes curriculares 
têm que considerar necessariamente a análise e a crítica que se faz 
atualmente à instituição escola situando‑a no contexto político‑social 
e econômico do mundo e em especial do Brasil. Tanto a escola como 
a Geografia devem ser consideradas no âmbito da sociedade da qual 
fazem parte (CALLAI, 2001, p. 134).
Devemos levar em conta, portanto, quando avaliamos a ciência e seus pressupostos, o campo de atuação 
do profissional da Geografia, a importância de relacionar os planejamentos escolares e os planos de aula para 
que seja possível construir a aprendizagem atribuindo valores aos estudantes, tanto de seu lugar de vivência, 
quanto de lugares distantes, no sentido de compreensão do valor da Geografia na sua vida.
Quanto ao pesquisador, este deve priorizar o conhecimento adquirido a fim de elucidar ou aprimorar 
o trabalho, oferecendo informações e conclusões significativas para o campo da ciência.
Também relacionamos o profissional da Geografia, seja ele pesquisador ou 
docente, ao tempo que consome o seu trabalho, o tempo especializado 
que se manifesta de modos diferentes em termos sociais, como disciplina, 
regulação dos atos a serem executados, e o tempo devir, como mobilização 
da experiência passada e a antecipação do porvir. Mostra‑se, finalmente, 
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Unidade I
que, embora estejam necessariamente vinculados ao trabalho, sendo ambos 
produtos sociais efetivos, existe um desequilíbrio claro na manifestação dos 
dois tipos (ZARIFIAN, 2002, p. 1).
O sociólogo francês Philippe Zarifian, aborda a temática relativa ao tempo do trabalho e investiga a 
questão da produtividade considerando a interioridade recíproca entre o tempo e o trabalho.
 Saiba mais
Sobre a obra do sociólogo francês e a sua posição acerca da relação 
trabalho e tempo, leia:
ZARIFIAN, P. O tempo do trabalho: o tempo‑devir frente ao tempo 
espacializado. Tempo Social Revista de Sociologia da USP, São Paulo, 
v. 14, n. 2, p. 1‑18, out. 2002. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/ts/
article/download/12380/14157>. Acesso em: 10 out. 2016.
No exercício do magistério, o geógrafo deve ter consciência da sua responsabilidade e preparar‑se 
para transmitir o conhecimento, manifestando, assim, a sua competência.
Dentre as numerosas concepções filosóficas do tempo, duas perspectivas 
sobressaem na medida em que possuem um impacto social significativo. 
Elas já estavam presentes nos debates da Grécia antiga: o tempo Chronos 
frente ao Aiôn. Gilles Deleuze relembrou‑nos notavelmente a diferença entre 
eles: “Chronos é o presente que existe e que faz do passado e do futuro suas 
duas dimensões sempre dirigidas, tais que se vai do passado ao futuro, mas 
à medida que os presentes se sucedem nos mundos ou nos sistemas parciais. 
Aiôn é o passado‑futuro em uma subdivisão infinita do momento abstrato, 
que não cessa de decompor‑se nos dois sentidos de uma só vez, esquivando 
para sempre todo presente” (DELEUZE, 1997, p. 95) (ZARIFIAN, 2002, p. 2).
 ObservaçãoGiles Deleuze (1925‑1995) foi um filósofo francês vinculado ao 
movimento pós‑estruturalista, e suas teorias referiam‑se à diferença e à 
singularidade. Foi um estudioso de filósofos importantes como Foucault, 
Kant, Bergson, Nietzsche e Espinosa.
Aristóteles já dizia: “o movimento é a medida do tempo; o tempo é a medida do movimento”. Esse 
aparente paradoxo desaparece quando compreendemos que o tempo é socialmente definido como uma 
relação que se estabelece entre dois movimentos:
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
• um movimento referencial, potencialmente universal e dotado de características muito precisas;
• e o conjunto dos outros movimentos possíveis, heterogêneos, descontínuos.
 Lembrete
O movimento circular dos astros serviu de referencial para Aristóteles.
A Geografia trabalha com noções de tempo e movimento quando estuda elementos da astronomia 
e também da cartografia.
1.2 Áreas de atuação
O trabalho do geógrafo é de fundamental importância social. Além do exercício docente, o bacharel 
em Geografia pode atuar como geógrafo junto a empresas, universidades e fundações. A seguir 
discorreremos sobre as atividades e a legislação que regulamenta a vida do geógrafo que trabalha nas 
áreas técnicas. Na prática, as principais tarefas dos geógrafos relacionam‑se, em síntese, a quatro áreas:
• meio ambiente
— elaboração de EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e Rima (Relatório de Impacto Ambiental), 
além de avaliar, fornecer laudos técnicos e manejo dos recursos naturais;
— projeto de recuperação de espaços degradados e gerenciamento ambiental;
— controle do uso das bacias hidrográficas e das regiões de conservação ambiental;
— criação de projetos preventivos contra processos erosivos, assoreamentos e também recuperação 
de áreas com presença de erosões.
• planejamento urbano e gestão das cidades
— elaboração de planos diretores para cidades, zonas rurais, entre outros;
— organização territorial;
— instituir e administrar sistemas de informações geográficas;
— gerenciamento na implantação de redes de transportes que oferecem condições de fluxo de 
pessoas, mercadorias e serviços;
— estudo de mercado em diferentes escalas (local, regional e internacional);
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Unidade I
— análise de regiões e seus aspectos para realização do planejamento;
— estudos diversos acerca das populações e suas relações econômicas, sociais, culturais, políticas 
e demais assuntos relacionados.
• cartografia e geoprocessamento
— realização de mapeamento direcionado a inúmeros temas de abordagem;
— construção e elaboração de mapas e cartas que delimitam territórios municipais, estaduais, 
nacionais e internacionais;
— criação e análise de cartas de declividade ou topográfica e o estudo do relevo;
— interpretação de foto aérea, imagem de radar, imagem de satélite e sensoriamento remoto;
— geoprocessamento, uso do GPS e de programas de computador direcionados à cartografia.
• atividades ligadas ao turismo
— parecer técnico de potencial turístico e gerenciamento;
— implantação de projetos ligados aos serviços do ecoturismo;
— elaboração de roteiros, organização de excursões em parques e áreas de preservação ambiental.
Para trabalhar nestas áreas, é necessário possuir bacharelado em Geografia. Em algumas instituições, 
o estudante, já no vestibular, opta entre o bacharelado ou a licenciatura, mas em algumas é permitido 
fazer esta escolha após o aluno ter cursado as disciplinas comuns às duas titulações. Algumas instituições, 
pensando na formação do geógrafo profissional, direcionam a formação para um campo específico, 
como meio ambiente (Fasar‑MG) ou climatologia (Unesp Ourinhos), enquanto a Unila (PR) tem um 
curso focado em América Latina.
Depois de formado, para atuar na área técnica, é preciso que o bacharel em Geografia filie‑se ao 
Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) e passe a pagar a anuidade da entidade. Questões 
de direitos profissionais, situação de profissionais sem rendimento, solicitação de registro ou reativação 
de registro, são resolvidas por esta via, daí a importância de estar devidamente assentado no sistema 
Crea‑Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia).
No entanto, é bom salientar que apesar das remunerações de geógrafos técnicos serem, em média, 
superiores, principalmente quando comparados aos salários dos docentes da rede pública, no campo da 
licenciatura existe uma quantidade muito maior de vagas disponíveis. Além disso, a inserção no meio 
técnico, não raro, exige alguma qualificação que deve ser buscada num nível de pós‑graduação. Por 
exemplo, na área de geoprocessamento, campo que absorve grande número de profissionais geógrafos, 
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dentre outros, o conhecimento técnico necessário para atuar na área requer complementação dos 
estudos em nível de pós‑graduação lato sensu em geral.
Independentemente da área em que o geógrafo atue, é preciso salientar que a importância do 
seu trabalho está na coligação com inúmeros campos, fazendo que este profissional, ainda que atue 
como técnico, sempre tenha como pano de fundo um nível de abrangência, seja na área ambiental, de 
planejamento ou de geoprocessamento. Isso porque, na formação do profissional, a ciência geográfica 
dialoga com muitos campos do saber, como o urbanismo, a economia, a sociologia, a biologia, entre 
inúmeras outras áreas.
O essencial para o geógrafo é compreender os fenômenos socioespaciais buscando sua gênese. 
Para esse profissional, coloca‑se a consciência concreta de que os espaços, os territórios, as regiões, as 
paisagens e os lugares transformam‑se com o passar do tempo, mas essa transformação não deve ser 
encarada como um fenômeno inercial ao qual não temos acesso e só nos resta observar passivamente, 
pelo contrário, é necessário atuar para que essas mudanças ocorram de forma a promover a melhoria 
estética, funcional e de qualidade de vida de uma população.
 Lembrete
Comemora‑se, no dia 29 de maio, o dia do geógrafo.
2 LEGISLAÇÃO DO OFÍCIO DO GEÓGRAFO
A Associação Profissional de Geógrafos no Estado de São Paulo (Aprogeo‑SP) disponibiliza a relação 
das principais leis que regulamentam a profissão desde sua criação, em 1979.
 Saiba mais
Para ter acesso às leis que regulamentam a profissão de Geógrafo, 
acesse:
ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DE GEÓGRAFOS NO ESTADO DE SÃO PAULO. 
Legislação, [s.d.]. Disponível em: <http://aprogeosp.org.br/legislacao.htm>. 
Acesso em: 2 set. 2016.
Das leis regulamentadoras, a mais importante, que reproduziremos a seguir, é a lei de 1979, que 
institui a profissão do geógrafo:
Lei nº 6.664, de 26 jun. 1979. Disciplina a profissão de Geógrafo e 
dá outras providências. O Presidente da República. Faço saber que o 
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
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Unidade I
Art. 1º – Geógrafo é a designação profissional privativa dos habilitados 
conforme os dispositivos da presente Lei.
Art. 2º – O exercício da profissão de Geógrafo somente será permitido: (1) 
I – aos Geógrafos e aos bacharéis em Geografia e em Geografia e História, 
formados pelas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, pelos Institutos 
de Geociências das Universidades oficiais ou oficialmente reconhecidas; 
II – (vetado); III – aos portadores de diplomade Geógrafo, expedido por 
estabelecimentos estrangeiros similares de ensino superior, após revalidação 
no Brasil.
Art. 3º – É da competência do Geógrafo o exercício das seguintes atividades 
e funções a cargo da União, dos Estados dos Territórios e dos Municípios, das 
entidades autárquicas ou de economia mista e particulares:
I – reconhecimentos, levantamentos, estudos e pesquisas de caráter 
físico‑geográfico, biogeográfico, antropogeográfico e geoeconômico e 
as realizadas nos campos gerais e especiais da Geografia que se fizerem 
necessárias:
a) na delimitação e caracterização de regiões, sub‑regiões geográficas 
naturais e zonas geoeconômicas, para fins de planejamento e organização 
físico‑espacial;
b) no equacionamento e solução, em escala nacional, regional ou local, de 
problemas atinentes aos recursos naturais do País;
c) na interpretação das condições hidrológicas das bacias fluviais;
d) no zoneamento geo‑humano, com vistas aos planejamentos geral e regional;
e) na pesquisa de mercado e intercâmbio comercial em escala regional e 
inter‑regional;
f) na caracterização ecológica e etológica da paisagem geográfica e 
problemas conexos;
g) na política de povoamento, migração interna, imigração e colonização de 
regiões novas ou de revalorização de regiões de velho povoamento;
h) no estudo físico‑cultural dos setores geoeconômicos destinados ao 
planejamento da produção; 
i) na estruturação ou reestruturação dos sistemas de circulação;
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j) no estudo e planejamento das bases físicas e geoeconômicas dos núcleos 
urbanos e rurais;
l) no aproveitamento, desenvolvimento e preservação dos recursos naturais;
m) no levantamento e mapeamento destinados à solução dos problemas 
regionais; 
n) na divisão administrativa da União, dos Estados, dos Territórios e dos 
Municípios.
II – A organização de congressos, comissões, seminários, simpósios e outros 
tipos de reuniões, destinados ao estudo e à divulgação da Geografia.
Art. 4º – As atividades profissionais do Geógrafo, sejam as de investigação 
puramente científica, sejam as destinadas ao planejamento e implantação 
da política social, econômica e administrativa de órgãos públicos ou às 
iniciativas de natureza privada, se exercem através de:
I – órgãos e serviços permanentes de pesquisas e estudos, integrantes de 
entidades científicas, culturais, econômicas ou administrativas;
II – prestação de serviços ajustados para a realização de determinado estudo 
ou pesquisa, de interesse de instituições públicas ou particulares, inclusive 
perícia e arbitramentos;
III – prestação de serviços de caráter permanente, sob a forma de consultoria 
ou assessoria, junto a organizações públicas ou privadas.
Art. 5º – A fiscalização do exercício da profissão de Geógrafo será exercida 
pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
Art. 6º – O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia 
somente concederá registro profissional mediante apresentação de diploma 
registrado no órgão próprio do Ministério da Educação e Cultura.
Art. 7º – A todo profissional registrado de acordo com a presente Lei será 
entregue uma carteira de identidade profissional, numerada, registrada e 
visada no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, na 
forma da Lei.
Art. 8º – É vedado o exercício da atividade de Geógrafo aos que, 360 
(trezentos e sessenta) dias após a regulamentação desta Lei, não portarem o 
documento de habilitação na forma prevista na presente Lei.
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Art. 9º – A apresentação da carteira profissional de Geógrafo será 
obrigatoriamente exigida para inscrição em concurso, assinatura em termos 
de posse ou de quaisquer documentos, sempre que se tratar de prestação 
de serviços ou desempenho de função atribuída ao Geógrafo, nos termos 
previstos nesta Lei.
Art. 10 – O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 90 
(noventa) dias.
Art. 11 – Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 12 – Revogam‑se as disposições em contrário.
JOÃO BAPTISTA DE FIGUEIREDO
Presidente da República
Murilo Macedo.
Publicada no D.O.U. de 27 jun. 1979 – Seção I – Pág. 9.017 (BRASIL, 1979).
Em seguida, destacamos o Decreto 92.290, que também disciplina a profissão de Geógrafo, a saber:
Decreto 92.290, DE 10 de janeiro de 1986. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, 
usando da atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, da Constituição 
e tendo em vista o disposto no artigo 2º da Lei nº 7.399, de 4 de novembro 
de 1985,
DECRETA:
Art. 1º – Além dos profissionais enumerados no artigo 2º da Lei nº 6.664, de 
26 de junho de 1979, poderão exercer a profissão de Geógrafo:
I – os licenciados em Geografia e em Geografia e História, diplomados em 
estabelecimentos de ensino superior oficial ou reconhecido que, em 28 de 
junho de 1979, estavam:
a) com contrato de trabalho como geógrafo em órgão da administração 
direta ou indireta ou em entidade privada;
b) exercendo a docência universitária.
II – os portadores de títulos de Mestre e Doutor em Geografia, expedidos por 
Universidades oficiais ou reconhecidas;
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III – todos aqueles que, em 28 de junho de 1979, estavam, comprovadamente, 
exercendo, há cinco anos ou mais, atividades profissionais de Geógrafo.
Art. 2º – A prova do exercício profissional, a que se refere o artigo anterior, 
poderá ser feita por qualquer meio em direito permitido, notadamente, 
por anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, pagamento do 
Imposto Sobre Serviços ou de outros tributos e recolhimento da contribuição 
de Previdência Social.
Art. 3º – Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º – Revogam‑se as disposições em contrário.
Brasília, 10 de janeiro de 1986; 165º da Independência e 98º da República.
JOSÉ SARNEY
Almir Pazzianotto (BRASIL, 1986).
Por fim, uma das leis mais recentes e importantes diz respeito às conquistas da categoria quanto 
à regulamentação das atribuições pertencentes aos geógrafos, para efeito de fiscalização do exercício 
profissional, é a Resolução nº 1.010, de 22 de Agosto de 2005.
 Saiba mais
Para ter acesso à lei na íntegra, acesse:
BRASIL. Resolução nº 1.010, de 22 de agosto de 2005. Dispõe sobre 
a regulamentação da atribuição de títulos profissionais, atividades, 
competências e caracterização do âmbito de atuação dos profissionais 
inseridos no Sistema Confea/Crea, para efeito de fiscalização do exercício 
profissional. Brasília: DF, 2005. Disponível em: <http://normativos.confea.
org.br/ementas/visualiza.asp?idEmenta=550>. Acesso em: 2 set. 2016.
3 GEÓGRAFOS CÉLEBRES DA HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO 
INTERNACIONAL
A Geografia enquanto ciência foi sistematizada no século XIX. Entretanto, muito antes disso, os 
homens já produziam saberes que poderíamos denominar geográficos. A própria palavra “geografia” 
fora criada pelo filósofo Erastóstenes ainda no século III a.C. Apresentaremos a seguir uma sinopse da 
contribuição dos principais geógrafos ocidentais desde a Antiguidade Clássica.
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Unidade I
Num segundo momento, destacaremos a importante contribuição dos geógrafos brasileiros 
para a construção da Geografia voltada à compreensão das questõesreferentes ao território e 
sociedade brasileiros.
3.1 O Período Clássico e Idade Média
Cartógrafos, topógrafos, exploradores, historiadores e naturalistas, estas eram as ocupações daqueles 
que construíram o conhecimento que hoje denominamos geográfico. A necessidade de estabelecer 
algum estudo sobre a natureza, a elaboração de mapas e a imposição de dominar novos territórios 
conquistados, assim como o aparecimento de fenômenos inexplicáveis, foram os fatores determinantes 
para o desenvolvimento desta ciência.
• Heródoto: 484 a.C. a 425 a.C. – Macedônia
Embora seja mundialmente conhecido por seu trabalho como historiador, ele também foi um 
importante geógrafo. Seus trabalhados geográficos eram sistematizados a partir do trabalho de 
viajantes da época que se lançavam a conhecer as terras recém‑conquistadas. Em seus escritos, ele 
descreve as características geográficas dos povos, além de ter deixado um legado cartográfico das áreas 
consideradas ecúmenas em sua época: Europa Central, Ásia e partes da África.
• Eratóstenes: 276 a.C. a 194 a.C. – Alexandria
Ele cunhou o termo “geografia”, designando o saber que fazia a escrita (grafia) da terra (geo). 
Dedicou‑se aos assuntos astronômicos por meio dos quais intentou calcular a circunferência exata da 
Terra, fazendo‑o com um erro de cerca de 2%, fato notório para a época, além de medir a inclinação 
da Terra e a distância desta para o Sol. Também cultivou um grande trabalho cartográfico, desenvolveu 
um dos primeiros mapas do mundo (276‑195 a.C.) e definiu os conceitos de latitude e longitude. 
Suas habilidades como poeta, astrônomo, filósofo e geógrafo permitiram‑no fazer estudos adotando 
diferentes pontos de vista.
• Estrabão: 64 a.C. a 24 d.C. – Amasia
Este geógrafo grego descritivo e historiador é conhecido por sua grande obra geográfica. Em vez de 
se ocupar das teorias astronômicas e cartográficos como Erastóstenes, preocupa‑se com a distribuição 
dos povos no planeta. Foi viajante incansável, o que lhe facultou desenvolver um trabalho geográfico de 
17 volumes, descrevendo minuciosamente a geografia de todo o Império Romano.
• Cláudio Ptolomeu: 100 d.C. a 170 d.C. – Canope
Ptolomeu é conhecido mundialmente e atemporalmente por seus trabalhos cartográficos e 
astronômicos. Recolheu todo o conhecimento dos gregos, criando mapas do mundo posteriormente 
desenvolvidos e obras como Geographia. Ele foi um dos pioneiros a usar nos mapas o sistema de latitude 
e longitude, legado transmitido aos geógrafos e cartógrafos posteriores.
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• Muhammad Al-Idrisi: 1100 a 1165 – Ceuta
Também conhecido como Al Idrissi, Al‑Idrisi, Charif Al‑Idrissi ou simplesmente Edrisi ou Idris. Foi 
geógrafo‑cartógrafo, além de botânico. Notabilizou‑se pela qualidade e precisão de seus mapas. Em 
1154 confeccionou um grande mapa‑múndi utilizado atualmente, conhecido como a Tábula Rogeriana, 
acompanhado por um livro denominado Geografia. Em 1161, Al‑Idrisi realizou uma segunda edição 
ampliada, com o notável título de Os jardins da humanidade e o entretenimento da alma, que infelizmente 
se perdeu. Contudo, uma versão abreviada dessa edição, chamada Jardim dos Gozos ou Pequeno Idrisi 
foi publicada em 1192. Um feito notável deste cartógrafo foi dividir o mundo em sete faixas paralelas ao 
equador chamadas climas ou zonas. Dizem que seu trabalho apresenta mérito nos cálculos de projeções 
geométricas que o tornam equiparável a Mercator, que viverá no século XVI.
3.2 Filósofos modernos e contemporâneos
• Alexander Von Humboldt: 1769 a 1859 – Alemanha
Foi um notável viajante de formação multidisciplinar. Consagrou‑se com a obra Cosmos (1845), 
e por isso foi considerado o pai da geografia moderna. Fez viagens a diversos lugares como: Europa, 
América do Sul, México, EUA, Ilhas Canárias e Ásia Central, deixando grandes contribuições para a 
geografia física. Deixou numerosos estudos descritivos que incluíam inclusive uma abordagem histórica 
das análises geográficas.
• Carl Ritter: 1779 a 1859 – Alemanha
Ritter foi um dos principais geógrafos do século XIX. Estudou as relações entre o ambiente físico 
e humano e elaborou uma ampla geografia descritiva, tendo destaque a obra As ciências da Terra em 
relação à natureza e à história da humanidade, em 19 volumes. Sua teoria do espaço vital levava em 
consideração a configuração do ambiente físico nas sociedades humanas.
• Friedrich Ratzel: 1844 a 1904 – Alemanha
Sofre grande influência, em seu tempo, das “novas” teorias darwinianas, as quais tenta aplicar à Geografia, 
incorporando o determinismo geográfico já ensaiado por Carl Ritter. Fundador da geografia política moderna, 
notabilizou‑se pelas obras Antropogeografia geográfica (1891) e Geografia Política (1897).
• Vidal de La Blache: 1845 a 1918 – França
Conhecido na história do pensamento geográfico como fundador do “possibilismo”, corrente teórica, 
que se opõe ao “determinismo” geográfico, e que nega que as condições naturais do meio influenciem 
de forma decisiva as atividades humanas em determinado meio. La Blache preconizava que o homem 
distinguia‑se pela característica de mudar seu meio ambiente, e defendia que os estudos geográficos 
fossem realizados em escala regional. Outro conceito importante que trabalhou foi o de “gênero de 
vida”, representando a união observada em determinada área dos recursos naturais e a sociedade que 
se constituía a partir destes. Ele também fundou a revista francesa Annales de Geographie (1891), que 
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enfatizava os estudos regionais e a relação homem‑natureza, destacando a questão da paisagem como 
categoria geográfica. Publicou obras grandes como Princípios de Geografia Humana (1922) e Geografia 
universal (1927‑1948).
• Élisée Reclus: 1830 a 1905 – França
Foi um geógrafo anarquista e tornou‑se conhecido por seu trabalho em torno da geopolítica, no entanto, 
suas obras só foram valorizadas a partir de meados dos anos 1970 com a ascensão da geografia crítica. Foi 
exilado da França por ter participado da Comuna de Paris. Viajou pelo mundo e escreveu até um livro sobre o 
Brasil intitulada Estados Unidos do Brasil: Geografia, etnografia e estatística. Escreveu sobre a temática social 
enfatizando a questão da luta de classes, a concentração de renda, a luta pela terra e a expansão colonial. 
Destacam‑se como as obras mais importantes: Nova Geografia Universal (19 volumes); O homem e a Terra (6 
volumes); Dicionário dos municípios da França e A evolução, a revolução e o ideal do anarquismo.
• Alfred Wallace: 1823 a 1913 – País de Gales
Destacou‑se como um geógrafo que se ocupou com a distribuição dos animais na superfície da Terra, 
elaborando uma teoria zoogeográfica através da qual dividia o mundo em grandes zonas biogeográficas. 
As diferenças biogeográficas identificadas entre Indomalaya e territórios australianos levou à criação 
da Linha de Wallace, delimitando dois reinos biogeográficos distintos. Sua obra célebre intitula‑se A 
distribuição geográfica dos animais.
• Piotr Kropotkin: 1842 a 1921 – Rússia
Escritor e ativista político russo, um dos principais pensadores políticos do anarquismo. Suas análises 
profundas da burocracia estatal e do sistema prisional também fazem dele uma referência histórica na 
área de criminologia. Interessado pela Geografia em virtude de seu interesse por viagens por regiões 
inóspitas. Tornou‑se explorador do círculo polar ártico percorrendo milhares de quilômetros a pé, 
observando fenômenos relacionados à tundra e a outras paisagens árticas. Nessas viagens, conheceu os 
camponeses vivendo em condiçõesmiseráveis na Rússia e na Finlândia. Um sentimento de solidariedade 
fez com que Kropotkin abandonasse a atividade de pesquisador. Teve contato com diversos países 
ativistas e conheceu Bakunin e os seguidores de Marx. Suas principais obras em português são Prisões e 
sua influência moral nos prisioneiros (1877); Lei e autoridade (1886); Campos, fábricas e oficinas (1899), 
Trabalho intelectual e trabalho manual (1898) e Mutualismo: um fator de evolução (1902).
• Halford John Mackinder: 1861 a 1947 – Inglaterra
Foi um geógrafo e geopolítico inglês. Em 1904, publicou o artigo The geographical pivot of History, 
onde formulou a Teoria do Heartland. Tal teoria influenciaria a política externa das potências mundiais.
• Carl Sauer: 1889 a 1975 – Estados Unidos
Foi precursor da geografia cultural e um dos principais nomes da Escola de Berkeley. Uma de suas 
principais obras é A morfologia da paisagem (1925), na qual aborda temas da Geografia e da vida cultural.
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Sob a filiação da escola alemã e de pensadores como Richard Hartshorne, Sauer valorizava as 
relações entre o homem e o ambiente, entendendo a paisagem como um habitat e rompendo com 
as concepções formal, funcional e genética desse conceito. Sauer entendia como importante para a 
Geografia a consideração sobre o mundo vivido, isto é, o espaço conforme sua apreensão subjetiva, 
a partir de influências culturais. Com isso, observa‑se uma relativa influência da fenomenologia nos 
estudos de Sauer.
• Richard Hartshorne: 1899 a 1992 – Estados Unidos
Foi o grande responsável pela sistematização e difusão da Geografia nos Estados Unidos. Nos passos 
de Hettner, Hartshorne dizia que a Geografia não deveria estudar as relações entre homem e meio, mas 
realizar a “diferenciação de áreas”, a fim de entender os espaços em suas singularidades. Teve o mérito de 
integrar geografia geral e regional, pois defendia que, embora existissem características específicas dos 
lugares, também existiam condições gerais que integravam esses lugares numa espécie de teia. Para ele, 
região não era uma realidade presente em si mesma no espaço, mas uma elaboração intelectual humana 
realizada no esforço de compreender os espaços. Tal concepção deve‑se, sobretudo, à influência de Kant. 
Influenciou a formação da escola epistemológica da Nova Geografia. Dentre suas obras, destacam‑se A 
natureza da Geografia e Propósitos e natureza da Geografia.
• Pierre George: 1909 a 2006 – França
Um dos maiores nomes da Geografia francesa e mundial, Pierre George foi um geógrafo que tentou 
inaugurar um novo modo de pensar a Geografia e o espaço geográfico a partir do que ele designou 
geografia ativa, nome homônimo de seu livro mais importante, ao lado de A ação humana. Sua referência 
teórica epistemológica é marxista. Ele foi um dos primeiros a perceber que a globalização do espaço era 
produtora de processos de raridade e escassez, exemplificando com a questão da escassez da água e do 
uso especulativo dos espaços urbanos. Ele cita como exemplo o próprio espaço, que passa a ser objeto 
de especulação.
Identifica nas atividades tradicionais do geógrafo, descrever paisagens e cartografar ambientais, 
uma deficiência no que tange ao poder analítico dessas ferramentas para compreender e interpretar o 
espaço. O autor diz que estabelecer relações de causalidade e elaborar teorias explicativas nem sempre 
se coaduna com os objetivos imediatamente práticos e utilitários que os geógrafos querem alcançar. 
Então, o autor diz que as duas atividades são legítimas, elas apenas não podem ser confundidas. George 
concebe a Geografia como um prolongamento da História, fazendo da história das técnicas a chave 
do entendimento das modificações das relações entre as coletividades humanas e seus respectivos 
ambientes. Seu livro mais significativo no Brasil foi Geografia ativa (1968), que inspirou grandes 
geógrafos brasileiros como Milton Santos.
• Yves Lacoste: 1929 – França
A Geografia serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra é a obra clássica desse geógrafo, que 
se notabilizou por suas teorias geopolíticas e por enfatizar, dentro da ciência geográfica, o caráter 
geopolítico. Em 1948 entrou no Partido Comunista Francês, ligando‑se à causa argelina. Passa a lecionar 
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Unidade I
na Argélia a partir de 1952. Na França, escreve o clássico Os países subdesenvolvidos, traduzido para mais 
de 30 línguas e best‑seller na França. Fundou uma das mais notáveis revista de Geografia – Heródote, na 
qual escreveu, inclusive, o filósofo Michel Foucault, o célebre artigo Sobre a Geografia.
Yves Lacoste destacou‑se por seu pensamento estrategista. Um episódio de 1972 tornaria memorável 
suas predições. Durante a Guerra do Vietnã, publicou um artigo no jornal francês Le Monde no qual 
dissertava sobre a geomorfologia das planícies aluviais de Hanói, relacionando‑a à estratégica americana 
de bombardeio dos diques vietnamitas. O desmonte do esquema americano, desvelado por Lacoste, teria 
sido, supostamente, o responsável pelo cessar‑fogo ocorrido pouco tempo depois.
O geógrafo também contribuiu para o debate epistemológico da Geografia colocando em destaque a 
peculiaridade dos estudos da Geografia em relação às outras ciências humanas. Advertia que era preciso 
levar em conta os riscos que a incorporação do marxismo à Geografia poderia trazer, pois Marx não 
demonstrara preocupação em teorizar os fenômenos relacionados ao espaço. Tal apropriação direta, sem 
mediações, da teoria marxista, poderia resultar na incapacidade da Geografia de explicar os fenômenos 
de forma autônoma, uma vez que se pautasse exclusivamente pela explicação da teoria econômica 
marxista de cunho histórico. Em resumo, Yves Lacoste se inspirava no marxismo, mas procurava valorizar 
a autonomia epistemológica dos estudos do espaço.
• David Harvey: 1935 – Estados Unidos
É um geógrafo britânico marxista que leciona na Universidade de Nova York e é formado na 
Universidade de Cambridge. Trabalha questões ligadas à contemporaneidade das grandes cidades. 
Inicia a carreira acadêmica na década de 1960, trabalhando sob o enfoque da geografia quantitativa, 
mas mudando para a perspectiva materialista‑dialética posteriormente, na década de 1970. Elaborou 
o conceito de espaço relacional, que se distingue das concepções de espaço absoluto (cartesiano) e 
de espaço relativo (Albert Einstein). Assim, desenvolveu a questão conceitual do espaço‑tempo, 
visualizando no processo de globalização, as transformações técnicas e tecnológicas que aceleraram os 
acontecimentos nos níveis de produção econômica e integração política.
Suas principais referências conceituais são Karl Marx e Henri Lefebvre, buscando identificar as 
contradições sociais que se manifestam no espaço geográfico. Durante o Fórum Social Mundial de 
2010, defendeu a taxa zero de crescimento para a economia global, alegando que taxas maiores têm 
se tornado inviáveis, forçando o recurso aos artifícios fictícios que caracterizam o mercado de ativos 
financeiros dos últimos tempos.
Esteve no Brasil por diversas vezes, desde 2012, participando de discussões sobre a ocupação do espaço 
público, relacionando as manifestações que aconteceram em Nova York, São Paulo, Mumbai, Pequim, 
Bogotá e até Johanesburgo. Esteve presente no lançamento da edição brasileira dos seus últimos livros 
em São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2013 integrou o projeto Marx: a Criação Destruidora, que discutiu o 
legado de Marx, trocando impressões com nomes como Michael Heinrich, Slavoj Zizek, Chico de Oliveira, 
José Arthur Giannotti e Roberto Schwarz. Seus livrosprincipais em português são: A justiça social e a 
cidade (1980); Condição Pós‑Moderna (1993); Espaços de esperança (2004); A produção capitalista do 
espaço (2005); Os limites do capital (2007); O enigma do capital: e as crises do capitalismo (2011); Para 
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entender o capital: livro I (2013); Para entender o capital: livros II e III (2014) e 17 Contradições e o fim 
do capitalismo (2016).
4 GEÓGRAFOS CÉLEBRES BRASILEIROS
• Ana Fani Alessandri Carlos (1950)
Professora titular do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências 
Humanas da Universidade de São Paulo, formou‑se nesta instituição, inclusive cursando a livre‑
docência. Foi professora convidada na Universidade de Barcelona (Espanha), na Universidade de Buenos 
Aires (Argentina) e na Universidade de Colômbia, sede Medellín. Seu livro Espaço – tempo na metrópole 
recebeu menção honrosa do Prêmio Jabuti 2003.
Suas pesquisas se voltam para os temas do espaço das cidades, cotidiano, metrópole, geografia 
urbana. Seus principais livros são: A produção do espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios 
(2011); A condição espacial (2011); A cidade (2008); A (re)produção do espaço urbano (2008); O espaço 
urbano (2007); O espaço urbano. Novos escritos sobre a cidade (2004); Urbanização e mundialização 
(2004); Espaço e indústria (2001); Novos caminhos da geografia (2001); Caminhos da reflexão sobre a 
cidade e o urbano (1994) e Espaço e indústria (1991).
• Antonio Carlos Robert Moraes (1954‑2015)
Graduou‑se em Ciências Sociais e em Geografia pela USP. Na mesma instituição permaneceu do 
mestrado à livre‑docência. Foi docente titular do Departamento de Geografia da USP na cadeira de 
História do Pensamento Geográfico e também de Metodologia, onde era conhecido com o carinhoso 
pseudônimo de Tonico. Coordenou ali o Laboratório de Geografia Política.
Atuou no campo das políticas territoriais no Brasil e no exterior, sendo consultor do Estado e de 
órgãos governamentais, com destaque para programas de ordenamento territorial de áreas litorâneas. 
Foi professor em várias universidades do Brasil e do exterior, como a Universidade Autônoma do México, 
Universidade de Cádiz, Universidade de Lisboa, Universidade de Buenos Aires, dentre outras.
Publicou dezenas de livros de grande importância para compreender a questão do método e da 
história do pensamento geográfico, dentre os quais se destacam os seguintes: O conceito território em 
Milton Santos (2013); Bases da formação territorial do Brasil: o território colonial brasileiro no longo 
século XVI (2011); Geografia histórica do Brasil: capitalismo, território e periferia (2011); Contribuições 
para a gestão da zona costeira do Brasil: elementos para uma geografia do litoral brasileiro (2007); 
Geografia: pequena história crítica (19. ed., 2003). Ideologias geográficas (2002); A gênese da Geografia 
moderna (2002) e Geografia crítica: a valorização do espaço (1999).
• Armando Correia da Silva (1931‑2000)
É graduado em Ciências Sociais pela USP e doutorou‑se em Geografia Humana. Armando Correia 
da Silva inovou na Geografia brasileira fazendo uma geografia de cunho filosófico existencialista 
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sob a inspiração de Heidegger e Sartre. Seus textos, embora tragam reflexões ontológicas, também 
se voltam à elaboração teórica refletida e personalizada sobre a epistemologia geográfica. Trouxe 
para a Geografia as temáticas da Pós‑Modernidade. Era pianista e não raro executava as peças no 
próprio Departamento de Geografia para seus alunos. Simples, ousado e inovador, seu estilo tornou‑se 
singular e único. Ele propôs para a Geografia um método que intitulou fenomenologia ontológica. 
Seus principais livros são: O espaço fora do lugar (1978); De quem é o pedaço? Espaço e cultura 
(1986); Geografia e lugar social (1991); Saudades do futuro (1993) e A renovação geográfica no Brasil 
e outros escritos (1994).
• Aziz Nacib Ab’Saber (1924‑2012)
É filho de migrante libanês que fugia dos conflitos de seu país, foi o mais célebre estudioso da 
geografia física brasileira. Notabilizou‑se ao realizar um estudo sistemático do relevo brasileiro, 
destacando‑se as teorias sobre a compartimentação dos domínios morfoclimáticos e a Teoria dos 
Redutos. A partir do paradigma da Teoria da Evolução das Espécies, teorizou sobre o avanço e o 
recuo dos diferentes tipos de vegetação conforme as alterações climáticas do planeta. O autor 
ainda lançou suas teorias sobre as stone lines (linhas de pedra), Sambaquis, as áreas de transição e 
as paisagens de exceção. Intermediou conflitos geopolíticos como o conflito entre a empresa Vale 
do Rio Doce e os garimpeiros da Serra Pelada, procurando alternativas para a integração dos dois 
lados. Foi o responsável pela mudança da área do Aeroporto Internacional de São Paulo, transferido 
para Cumbica pela sua intersecção.
Suas principais obras são: Geomorfologia do sítio urbano de São Paulo (1957); Formas de relevo 
(1975); Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas (2003); Brasil: paisagens de 
exceção: o litoral e o pantanal mato‑grossense (2006) e Ecossistemas do Brasil (2006).
• Josué de Castro (1908‑1973)
Nasceu em Recife e formou‑se em Medicina, no entanto, seria lembrado para sempre como um 
dos pioneiros a estudar a questão da fome no Brasil numa perspectiva geográfica. Mas além da 
fome, estudou questões a ela relacionadas como o meio ambiente, o subdesenvolvimento e a paz. 
Contrariou o pensamento dominante da sua época que naturalizava o fenômeno da fome, dando 
ao tema tratamento científico e crítico. Em 1946, o clássico Geografia da fome afirmava que a 
fome não era um problema resultado dos fatos da natureza, mas das ações dos homens. Combateu 
também o latifúndio e defendeu a reforma agrária. Recebeu o Prêmio Internacional da Paz e 
indicações para receber o Prêmio Nobel.
• Manoel Correia de Andrade (1922‑2007)
Lecionando na Universidade Federal de Pernambuco, na Faculdade de Ciências Econômicas da 
Universidade Federal de Pernambuco, escreve a obra A terra e o homem no Nordeste com o objetivo 
de esclarecer a questão da necessidade da reforma agrária. Ainda produziu importante material da 
geografia brasileira num tempo em que estas obras eram escassas.
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A seguir, listaremos algumas de suas obras, por ordem cronológica de publicação: Geografia do 
Brasil: 1a a 4a série ginasial (1952); Espaço, polarização e desenvolvimento: a teoria dos polos de 
desenvolvimento e a realidade nordestina (1967); Geografia econômica do Nordeste: o espaço e a 
economia nordestina (1970); Nordeste, espaço e tempo (1970); Geografia econômica (1973); Caminhos 
e descaminhos da Geografia (1989) e A questão do território no Brasil (1995).
• Maria Adélia Aparecida de Souza (194?)
Possui graduação e mestrado em Geografia pela Universidade de São Paulo e doutorado pela 
Universidade de Paris I (Sorbonne). Tem experiência na área de planejamento urbano e regional. 
Vem realizando monitoramento do uso do território pelo voto no Brasil em diferentes escalas desde 
a década de 1990, integrando o projeto Território, Lugar e Poder. É autora da primeira Política 
Nacional de Desenvolvimento Urbano do Brasil, da Primeira Política de Desenvolvimento Urbano 
do Estado de São Paulo. Foi prefeita da USP, coordenadora da Ação Regional da Secretaria de 
Economia e Planejamento do Estado de São Paulo,chefe de gabinete do Reitor da USP e Pró‑Reitora 
de Graduação da Universidade da Integração Latino Americana – Unila. Foi a primeira geógrafa a 
realizar estudos de verticalização em São Paulo, cujo teor encontra‑se na obra A identidade da 
metrópole, a verticalização em São Paulo (1994).
• Milton Santos (1926‑2001)
Negro e nascido na Bahia, Milton Santos foi um dos intelectuais mais célebres brasileiros, e 
como geógrafo foi, sem dúvida, o que alcançou maior renome mundial. Conquistou, em 1994, o 
Prêmio Vautrin Lud, o Nobel de Geografia, sendo o único brasileiro a conquistá‑lo e o primeiro 
geógrafo fora do mundo Anglo‑Saxão a realizar tal feito. Além dessa premiação, destaca‑se também 
o prêmio Jabuti de 1997 para o melhor livro de ciências humanas, com A natureza do espaço. Foi 
professor da Universidade de São Paulo, mas lecionou em inúmeros países no mundo inteiro, com 
destaque para a França. Trabalhou com a elaboração de uma teoria social de cunho geográfico 
que tivesse alcance para explicar e modificar o mundo da globalização. Neste sentido, em Por uma 
outra globalização, Milton Santos fala sobre a “globalização como fábula”, ou seja, tal como ela 
nos é apresentada pelos discursos sociais, em contraposição à “globalização como perversidade”, 
tal como ela acontece e “globalização como possibilidade”, uma globalização pela qual vale a pena 
continuar buscando. Também trabalhou o conceito de “meio técnico‑científico informacional”, 
numa tentativa de compreender esta especificidade do mundo contemporâneo excessivamente 
marcado pela técnica. Escreveu grandes clássicos do pensamento geográfico brasileiro, dentre eles, 
Por uma Geografia nova (1978), em que criticou a predominância do pensamento neopositivista 
e da utilização de técnicas estatísticas na Geografia brasileira. Destacamos ainda outros livros: O 
trabalho do geógrafo no terceiro mundo (1978); Espaço e sociedade (1979); O espaço dividido. 
Os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos (1979); Pensando o espaço do 
homem (1982); Metamorfoses do espaço habitado (1988); Metrópole corporativa fragmentada: 
o caso de São Paulo (1990); Por uma economia política da cidade (1994); Técnica, espaço, tempo 
(1994); Por uma outra globalização. Do pensamento único à consciência universal (2000) e O Brasil: 
território e sociedade no início do século XXI (2001).
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• Roberto Lobato Correia (1939)
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro na área de geografia urbana. Atua principalmente 
nos seguintes temas: espaço, cultura, rede urbana, geografia cultural e redes. Notabilizou‑se pela 
grande proficuidade como escritor, publicando dezenas de livros, dentre os quais destacamos: Questões 
atuais da reorganização do território (1996); Geografia: conceitos e temas (1995); e em parceria com 
Rosendahl, destacamos: Geografia cultural: uma antologia (2012); Literatura, música e espaço. Rio de 
Janeiro (2007); Religião, identidade e território (2001) e Paisagem, imaginário e espaço (2001).
• Rui Moreira (1941)
Professor da Universidade Federal Fluminense. Vem se dedicando a pesquisas cruzadas no campo da 
teoria e da epistemologia geográfica e da organização espacial da sociedade brasileira. Autor de diversos 
livros como Para onde vai o pensamento geográfico? (2006); O Pensamento geográfico brasileiro: as 
matrizes originárias (2008); O pensamento geográfico brasileiro: as matrizes da renovação (2009); O 
pensamento geográfico brasileiro: as matrizes brasileiras (2010) e O que é Geografia? (1988).
Para ilustrar nossa proposta na obra Tópicos de Atuação Profissional, referente ao curso de 
Licenciatura em Geografia, consideramos significativas as apresentações de alguns profissionais que 
atuam como geógrafos tanto na docência quanto na área de pesquisa. A seguir, destacamos os seus 
depoimentos, acompanhe‑os:
Entrevista com o Prof. Dr. Heitor Antônio Paladim Jr.
1) O que o influenciou para sua escolha em cursar Geografia?
Sou de Sorocaba e desde pequeno ficava admirado com as nomenclaturas de localização 
que existem no município: além ponte, além linha. Brinquei muito num bairro chamado 
Estrada do Quiló (que levava a quilombos existentes nas proximidades) e que tinha riachos, 
natureza que a especulação imobiliária destruiu depois para construir prédios e avenidas. 
Assim como diz o geógrafo Kropotkin (que só conheci na época de universidade).
Antes de carregar de ciência o cérebro da criança, [...] fortificai e, para 
que não perca o seu tempo, levai‑a ao campo ou a beira do mar. Aí 
ensinai‑lhe ao ar livre, e não em livros, a geometria, medindo com 
ela a distância até os rochedos próximos; ela aprenderá as ciências 
naturais colhendo as flores e pescando no mar; – a física, fabricando 
o barco em que há de ir pescar. – Mas, por favor, não lhe enchais 
o cérebro de frases e de línguas mortas. Não façais do menor um 
preguiçoso (KROPOTKIN, 2011).
Ganhei de Natal uma coleção da revista National Geographic aos 10 anos e logo depois 
um globo pequeno de apontar lápis. Na Faculdade de Filosofia de Sorocaba, quando fui 
fazer vestibular, havia Geografia, Historia e Filosofia, tudo o que relatei da infância e mais 
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um ótimo professor de Geografia, seu Ari, no Ensino Médio, levaram‑me a escolher, em 
1988, a ciência geográfica.
2) Onde estudou e qual a sua formação?
Estudei um ano em Sorocaba, na Faculdade de Filosofia de Sorocaba – Fafi e depois 
entrei na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, onde fiz a graduação. Formei‑me 
em 1993, no mês de agosto. Depois fui estudar especialização em Ensino de Geografia em 
Londrina, na UEL. Já era geógrafo‑educador atuante em escolas públicas.
Estudei também nos Encontros de Estudantes de Geografia, que ajudamos a organizar, e 
nos Encontros da AGB, [que] são verdadeiras escolas de formação continuada.
Em 2001, ingressei no mestrado na USP e por lá mesmo fiz o doutorado. Estudei escolas, 
currículo, território e territorialidades de sujeitos sociais do povo brasileiro: camponeses e educação 
do campo no mestrado; e indígenas Xakriabá e educação escolar indígena no doutorado.
3) Sente‑se realizado pela escolha?
Absolutamente, sim. Qualquer escolha pode ter caráter absoluto, muito embora abra 
portas para muitas outras escolhas que virão depois. No interior de nossa ciência, temos 
que escolher qual caminho seguir. Alguns desafios surgem, como, por exemplo, se vamos 
ser especialistas e, mesmo assim, interdisciplinares, como romper as dicotomias etc. Quando 
analiso, 27 anos depois, algumas escolhas e abandonos que surgiram no caminho, percebo 
que elas contribuem para termos certezas, mas também, sermos inquietos.
A realização não tem fim, não termina. Então, gosto das escolhas que fiz, até mesmo as 
erradas, mas não me sinto realizado, há muito ainda por fazer.
4) Já atuou como geógrafo de trabalho em campo?
Sim, fui geógrafo contratado pelo Incra para atuar com Educação do Campo no ano de 
2005, no oeste de Santa Catarina, junto aos assentamentos da reforma agrária. Atuei na 
assessoria aos assentamentos, junto ao programa Ates.
5) Caso a resposta seja sim, gostou mais desse trabalho ou da docência?
Eu gosto dos dois, em cada um há especificidades, mas também há muitos encontros. 
O aspecto técnico precisa da didática e o(a) educador(a) precisa do escopo da técnica. 
Essa dicotomia entre geógrafo(a)‑técnico(a) e geógrafo(a)‑educador(a) precisa ser cada 
vez mais dirimida.
6) Defina, em sua opinião, a importância da Geografia como campo de estudo e de trabalho.
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A Geografia é importante para sermos seres humanos. Quem ensina tem um mundo a 
oferecer, várias leituras a ensinar, raciocínios espaciais a serem revelados aos estudantes. A 
humanidade se faz, entre outras coisas, a partir da importância do espaço e da espacialidade. 
O espaço é ontológico, mas também está presente na construção social, e isso pode influir 
na ontologia: seremos mais ou menos livres se entendermos e realizamos o espaço e a 
espacialidade. Em nossa sociedade, hegemonicamente industrial e urbana, não ocorre uma 
valorização dos processos espaciais, isso faz parte do jogo da alienação que vivemos. Quem 
aprende deverá se perceber nesse processo para que possa atuar em melhorias sociais que 
abarquem aspectos sociais, ambientais e, portanto, civilizatórios.
7) Qual a palavra de estímulo que daria para nossos futuros licenciados em Geografia?
Aos estudantes de licenciatura em Geografia: estudem e tenham curiosidade. 
Entendam que ser educador‑geógrafo e educadora‑geógrafa é possuir uma 
responsabilidade social importante. Vivam isso com a alegria e o compromisso de 
quem compreende que entender o espaço e contribuir na espacialidade é empoderar as 
pessoas para vivermos num mundo melhor.
8) Valeu a pena sua carreira?
Vale a pena, as canetas, os lápis, a digitação e as leituras, valem o esforço e a dedicação. 
Valem o aprendizado, as surpresas, as dificuldades e o reconhecimento estampado no 
sorriso de uma criança e um(a) jovem aprendendo sobre o mundo, aprendendo a ler mapas 
e a entender o espaço em que vivem.
Entrevista com o Prof. Wanderlei Sergio da Silva
1) O que o influenciou para sua escolha em cursar Geografia?
O fato de me sair muito bem nesta disciplina durante a Educação Básica. O assunto 
me parecia muito interessante. Além disso, as palavras de incentivo de uma professora de 
Geografia durante a sexta série, professora Lucila.
2) Onde estudou e qual a sua formação?
Estudei na Universidade de São Paulo – USP, e hoje sou também mestre em Ciências 
– Geografia Humana – pela USP e doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Unesp – 
Campus Rio Claro.
3) Sente‑se realizado pela escolha?
Sem dúvida, realizado agora no final da carreira, mas precisei matar um leão por dia 
durante os anos. Ser geógrafo no mercado brasileiro não é nada fácil.
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4) Já atuou como geógrafo de trabalho em campo?
Já, centenas de vezes, a maioria como coordenador de equipe multidisciplinar.
5) Caso a resposta seja sim, gostou mais desse trabalho ou da docência?
Sou apaixonado pela docência, mas, antes de tudo, pela Geografia, deste modo, os 
trabalhos práticos de campo me deram mais prazer.
6) Defina em sua opinião a importância da Geografia como campo de estudo e de trabalho.
É essencial, num mundo cada vez mais holístico, onde a interdisciplinaridade, bem como 
a transdisciplinaridade são cada vez mais necessárias, e essas duas definições caracterizam 
os estudos geográficos, em minha opinião.
7) Qual a palavra de estímulo que daria para nossos futuros licenciados em Geografia?
O estímulo fica por conta da beleza do campo de estudo e da sua importância para a 
sociedade, cada vez mais carente de bons profissionais.
8) Valeu a pena sua carreira?
Hoje percebo que valeu a pena. Muito trabalho, mas, no final, muita alegria pelo dever 
cumprido e pelo reconhecimento adquirido.
Entrevista com o Prof. Maurice Tomioka Nilsson
Meu nome é Maurice Tomioka Nilsson, sou geógrafo, me formei pela USP em 1992. 
Desde que comecei minha vida profissional, eu pensava em ser professor, diferente de boa 
parte dos meus colegas.
Trabalhei como professor durante toda a graduação, mas por um acaso soube de um 
concurso para a Secretaria do Meio Ambiente e acabei entrando lá; era um programa 
de monitoramento da vegetação natural do Estado de São Paulo chamado Olho Verde e 
ali aprendi a utilizar sistemas de informações geográficas (SIGs), interpretar imagens de 
satélites etc. Naquela época não era comum as pessoas aprenderem isso na universidade, 
hoje já é parte do currículo de vários cursos de Geografia.
Ter aprendido essa ferramenta me ajudou muito a me colocar no mercado de 
trabalho e a fazer o que gosto; desde a graduação me interessava por povos indígenas 
do Brasil, e hoje realizo trabalhos com vários deles pelo país. Em geral, meus parceiros 
me chamam em [virtude] de ter experiência com outros povos e de ter habilidade nessa 
questão dos mapas, dos SIGs.
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Eu trabalhei com os Terena, povo do Mato Grosso do Sul que possuía um território muito 
pequeno; depois de fazer oficinas de mapas e escrevermos um livrinho (A terra dos Terena), 
conseguimos que essa e mais duas outras terras passassem por uma revisão de limites, que 
resultou em uma terra maior, incluindo parte do território perdido nas demarcações do início do 
século XX. Isso é muito gratificante, mas seus resultados só são sentidos hoje, vinte anos depois.
Depois dos Terena, fiz um trabalho com povos recém‑contatados no Estado de Rondônia, 
e acabei indo trabalhar com os Yanomami, sendo que essa virou minha principal referência 
profissional, pois fiquei de 2000 a 2008 contratado por organizações de saúde (Instituto 
Ambiental A Terra Floresta Yanomani – Urihi) e educação (Comissão Pró‑Yanomani – CCPY). 
Foi assim que fiz meu mestrado, baseado nessa experiência e usando sensoriamento remoto. 
Apesar de ter feito pós‑graduação em Ecologia, basicamente, usei recursos e técnicas da 
Geografia, análise espacial etc.
Hoje trabalho com consultorias, meus colegas me chamam para compor equipes 
multidisciplinares, ou para obter a opinião dos índios sobre empreendimentos que venham 
a afetá‑los (estradas, ferrovias etc.) ou para apoiá‑los em trabalhos de gestão ambiental, 
justamente ensinando sobre mapas de seus territórios.
A Geografia enquanto formação me ajuda a ter uma postura profissional diferente, 
não porque tenham me ensinado todas as ferramentas de que preciso, conforme disse 
antes, aprendi boa parte dessas ferramentas durante a experiência profissional; o que a 
Geografia, enquanto formação, me ajudou foi em me dar bases conceituais para trabalhar 
com temas envolvendo terra e gente: foi a base teórica, em grande medida, que fez de mim 
um profissional conceituado.
Porque a teoria é aquilo que nos permite ver conteúdo nas coisas, nos permite uma leitura 
da realidade para além do que enxergamos à primeira vista; isso é necessário quando temos 
decisões a tomar, e, nesse caso, é sempre difícil navegar no mundo atual, ainda mais quando a 
gente se propõe a servir de ferramenta para outros povos que são excluídos, que são vistos como 
um entrave ao desenvolvimento da sociedade capitalista. Para isso, não tem como compreender 
nosso papel se não tiver uma boa base teórica, coisa que as ciências humanas têm feito.
Não à toa a USP, considerada a melhor universidade brasileira, tem dentre os seus 
oito melhores cursos os que estão entre os 200 melhores em suas áreas, seis que são de 
humanidades. São as humanidades que têm tido melhor desenvolvimento teórico, ao ponto 
de serem reconhecidos mundialmente. Eu coloco essa informação aqui para manifestar 
minha preocupação com interpretações equivocadas a respeito de educação, tais como as 
expressas por movimentos como Escola sem Partido, “educação sem ideologia”, tentando 
impedir o professor de dar opinião. Isso é, primeiramente, impossível; segundo, é

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