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Metodologia e prática de ensino de artes visuais Unidade 1– Ensino fundamental II e EJA Autor: Moacir Jose da Rocha Simplício Revisora técnica: Caroline Cristina Souza Silva Iniciar Introdução O curso de Metodologia e prática de ensino de artes visuais com enfoque em ensino fundamental II e EJA pretende trabalhar e estimular a interpretação dos conceitos metodológicos desse ambiente de práticas aplicadas a formação de artes visuais, bem como os modelos de aplicação no processo de ensino aprendizagem para o fundamental II e EJA. Nesse sentido, os conceitos aqui apresentados referem-se e sugerem o desenvolvimento de competências que se relacionem com habilidades necessárias à formação e sensibilidade do exercício docente, o que inclui as séries e disciplina mencionadas, criando possibilidades de interpretação para uma visão sistêmica sobre o tema. Assim, ao tratarmos dos assuntos apresentados nesta unidade, é esperado que essa compreensão estimule e busque articular saberes essenciais a pro�ssão em consonância com as re�exões pautadas da arte educação contemporânea e com os contextos culturais, ambientais, sociais e global. Deste modo, a intenção é de sugerir a compreensão da realidade educativa contemporânea, e também, dispor elementos para a re�exão e disposição em resolver os desa�os inerentes às aprendizagens apresentadas. Além disso, propõe o pensamento analítico que procure interpretar sistematicamente os diferentes dados a serem analisados de forma crítica para solução de questionamentos da prática docente. Dessa forma, é proposta uma comunicação que estimule interpretar e produzir textos orais e escritos do meio acadêmico e pro�ssional. Também será estimulada a re�exão coletiva, propondo a �exibilidade para lidar com diferentes per�s de pessoas, reconhecendo a interdependência para o alcance dos objetivos comuns. Considerando tais desa�os, é imprescindível ressaltar a importância da prática e saberes éticos exigidos nesse processo. Prática essa, associada ao estímulo e consciência de ações que promovam tomada de decisões justas e que se adequem a valores e princípios da prática cidadã. Além desses princípios, o curso também pretende buscar soluções viáveis e inovadoras de situações-problema, com a intenção do entendimento do domínio tecnológico e o uso da tecnologia como ferramenta para resolução de problemas e produção de conhecimento. Nesse sentido, o (a) convidamos para re�etir sobre as metodologias e os tópicos que conferem as práticas e formações do ensino e aprendizagem de Artes para as séries do fundamental II e EJA, seus desa�os e competências, e, junto com a 1. Materiais de ações educativas de equipamentos culturais A experiência com imagens do universo da arte na vida contemporânea é um fenômeno cada vez mais presente e surpreendente. Se estabelece e se impõe de diferentes formas, situações e contextos (na moda, no design, no cinema, em outdoors, na propaganda, em produções artísticas, etc), desde objetos criados com enfoque utilitário à produções mais contemplativas. Figura 1 - Arte educação Fonte: ARTEREF, 2020. Provavelmente, você já se deparou com a reprodução de alguma pintura famosa estampada em uma camiseta, esculturas expostas em ambientes internos ou no espaço urbano, ou outras produções de imagens com linguagem tridimensional. Talvez as perguntas mais urgentes desse contato com as imagens sejam: Nos damos conta das muitas imagens as quais temos contato? Será que nos permitimos ser ou até que ponto somos afetados pelas imagens que se apresentam de diversas maneiras em nosso cotidiano? Quando e como podemos re�etir e conversar sobre experiências com imagens? Com quais elementos? Com quem? O que a produção em arte nos faz re�etir sobre a pro�ssão e o contato com a arte e as culturas visuais? Podemos observar em materiais educativos, por exemplo, algumas respostas a estas perguntas, pois normalmente essa produção trata de diferentes argumentos em contato com a arte, a �m de proporcionar uma determinada experiência, seja lúdica, questionadora, que estimule a criação etc. Embora não seja uma exclusividade dos espaços culturais e de ações educativas, lugares como museus e instituições culturais possuem uma boa produção de materiais com essa característica. São materiais elaborados por pro�ssionais com formação em arte e educação, na maioria das vezes, que buscam propor re�exões e aproximações com a arte e a educação pela imagem por meio dessa ferramenta de mediação. Você quer ver compreensão teórica, perceber o próprio fazer artístico e docente, por meio dos conhecimentos adquiridos acerca da práxis e dos processos de criação. Para isso, é importante o estímulo da produção de documentação pedagógica referente aos objetivos do ensino aprendizagem, a elaboração de materiais mediadores do diálogo e aprendizagem do ensino de artes e, especialmente, a percepção e compreensão da importância do professor pesquisador no âmbito do ensino aprendizagem e pessoal, assim como o diálogo do Artista-etc. (artista professor) para os diferentes olhares e prática do ensino da arte. Bons estudos! Aqui há uma compilação de DVds que organiza informações sobre materiais educativos compostos de documentários. Disponível em: http://www.artenaescola.org.br/dvdteca/ . Acesso 17/02/2020. Os materiais educativos podem ser muito versáteis e serem produzidos com conteúdo em formato digital ou impresso, com características mais formais ou como já apontamos, mais lúdicas, e são, geralmente, realizados pelos núcleos educativos dessas instituições ou empresas que trabalham com essa especialidade, com enfoque em uma exposição vigente. Seja em torno de seus objetos e coleções, ou ainda sobre assuntos que evoquem conhecimentos da cultura material e imaterial, bem como outros conhecimentos que determinados espaços culturais desejem fomentar. Portanto, materiais educativos produzidos em instituições culturais, por exemplo, ou por pro�ssionais especializados em artes e culturas visuais, podem fomentar, por meio de pesquisas e de soluções estéticas e metodológicas, experiências distintas no contato com a obra ou objeto artístico, além de promover sensações e atuar como provocadores de saberes, apontando aspectos ou conhecimentos especí�cos em obras, imagens ou coleções sugeridas, assim como de diversos assuntos do conhecimento. Você sabia Que a Pinacoteca do estado de São Paulo possui materiais educativos formais e lúdicos disponibilizados online e gratuitos, que promovem um aprendizado divertido por meio das imagens de seu acervo? Acesse: http://museu.pinacoteca.org.br/jogos/para-aprender-e-se-divertir/ http://museu.pinacoteca.org.br/jogo/qual-e-a-obra/ Que o educativo do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP produz e indica materiais de apoio ao professor e os disponibiliza online? Os materiais sugerem a contribuição para o desenvolvimento de atividades sobre a temática de arqueologia e etnologia em sala de aula. Acesse: http://mae.usp.br/materiais-de-apoio/ O Museu de Arqueologia e Etnologia da USP promove formação de professores com empréstimo de material educativo para escolas com diferentes recursos temáticos sobre arqueologia? Acesse: http://mae.usp.br/emprestimo-de-materiais-pedagogicos/ É importante ressaltar que, na produção de um determinado material didático para espaços culturais, onde o público é bem diverso, além do conteúdo com as temáticas ou coleções escolhidas que o compõe (como forma, imagens etc.), deve-se levar em consideração a acessibilidade desse material. A acessibilidade também é um aspecto educativo; é um conceito que busca contemplar de modo abrangente o que se pretende apresentar. Assim, de acordo com o tema escolhido e a elaboração de um material esteticamente atrativo, é importante estar atento a linguagem. Desse modo, além de atrativo, é importante que o material tenha uma linguagem ‘pedagógica’, de fácil compreensão, acessível. Portanto, folders educativos, geralmente entregues livrementeem exposições, também podem ser impressos em outros formatos como em braile, com tipogra�a de leitura mais direta, por exemplo, com link para uma estratégia com formato on-line , entre outros detalhes. Algumas exposições também disponibilizam informações de conteúdo didático em áudio ou folders em formato de jogos didáticos, recurso audiovisual, táteis, ou algum outro meio, considerando a temática, obras ou coleções expostas. http://www.artenaescola.org.br/dvdteca/ http://museu.pinacoteca.org.br/jogos/para-aprender-e-se-divertir/ http://museu.pinacoteca.org.br/jogo/qual-e-a-obra/ http://mae.usp.br/materiais-de-apoio/ http://mae.usp.br/emprestimo-de-materiais-pedagogicos/ Você quer ver Materiais educativos para exposições de arte contemporânea- Análise de duas experiencias em Uberlândia. Acesse: https://www.researchgate.net/publication/318334763 As ações educativas nesses espaços, também buscam contemplar diferentes públicos e expectativas de aprendizagem, seja por processos educativos, atraindo professores, e, consequentemente grupos escolares, e ainda outras estratégias midiáticas com o público geral. Isso, normalmente inclui a preocupação em produzir materiais didáticos que dialoguem com essas demandas, pois sugerem narrativas pedagógicas que que possam dialogar com diferentes públicos, em fases distintas de aprendizagem e desenvolvimento estético. Isso facilita e indica uma preocupação com a acessibilidade. Logo, o pro�ssional de arte e culturas visuais, em sua atuação, deve se ater aos detalhes e �nalidade destes materiais. Seja como propositor, ou como usuário de um material educativo junto aos seus estudantes. Há uma in�nidade de possibilidades pedagógicas em materiais didáticos e o professor deve dar atenção à sua prática e aos conhecimentos que serão propostos aos seus aprendizes. Você quer ler Con�ra nos sites da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu da Imigração muitos materiais interessantes de apoio. Disponível em: http://museu.pinacoteca.org.br/wp- content/uploads/sites/2/2017/01/MILA_CHIOVATTO_o_professor_mediador.pdf e http://museudaimigracao.org.br/educativo/materiais-de-apoio/ . Acesso em 17/02/2020. Con�ra nos sites da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu da Imigração muitos materiais interessantes de apoio. Disponível em: http://museu.pinacoteca.org.br/wp- content/uploads/sites/2/2017/01/MILA_CHIOVATTO_o_professor_mediador.pdf http://museudaimigracao.org.br/educativo/materiais-de-apoio/ . Acesso em 17/02/2020. 1.1 Diferentes posturas, diferentes materiais Quando há uma mudança social, uma postura na educação também acontece e, como resultado, as propostas e maneiras de pensar e educar também movimentam olhares, ações e práticas. Assim, o percurso de atendimento educativo em museus, desde seu início, até os dias atuais passou por transformações, que �zeram com que ações educativas também pensassem materiais para públicos ou situações especí�cas. Você já experimentou visitar uma exposição e observar os materiais educativos disponíveis? Você já tentou fazer uma leitura de obra com base em um material educativo fornecido pela instituição? Você parou em uma biblioteca, pesquisou sobre uma determinada obra exposta e tentou observar sozinho (a) ou acompanhado(a) se percebia, ou como percebia, as informações contidas visualmente na obra? Você já parou diante dos textos, impressos ou em display, de uma determinada coleção museológica ou exposição temporária e leu para tentar compreender melhor sobre as obras e as re�exões descritas? Você já participou de alguma proposta lúdica com jogos? https://www.researchgate.net/publication/318334763_ http://museu.pinacoteca.org.br/wp-content/uploads/sites/2/2017/01/MILA_CHIOVATTO_o_professor_mediador.pdf http://museudaimigracao.org.br/educativo/materiais-de-apoio/ http://museu.pinacoteca.org.br/wp-content/uploads/sites/2/2017/01/MILA_CHIOVATTO_o_professor_mediador.pdf http://museudaimigracao.org.br/educativo/materiais-de-apoio/ Você quer ler MARTINS, Mirian Celeste e PICOSQUE, Gisa. Professor-escavador de sentidos. In: CHRISTOV, Luiza Helena e MATTOS, Simone (org). Arte-educação: experiências, questões e possibilidades. São Paulo: Expressão e Arte, 2006, p. 53-62. ISBN – 85-88423-50-2. Bom, se você se identi�cou com alguma dessas perguntas deve saber que essas ações podem ser realizadas como prática em instituições culturais, e são realizadas porque foram pensadas como parte de um material que se constrói a cada exposição ou proposta educativa. Logo, um material educativo se propõe a um diálogo, uma aproximação possível entre obra e público, que se realiza em um determinado processo educativo em arte. É importante enfatizar que a criação de um material educativo não é exclusividade de espaços culturais, entretanto, muitos deles são encontrados nessas instituições culturais, especialmente pela natureza da atividade desenvolvida com a educação não formal e também a dinâmica da necessidade de fomentar o conhecimento de coleções particulares. Portanto, muitas são as ideias e potencialidades dos materiais educativos, tanto do ponto de vista de sua aplicação prática com grupos escolares e no ensino aprendizagem quanto de sua produção, sua criação realizada por pro�ssionais e docentes de artes e cultura visual. Numa instituição cultural, onde uma variedade midiática foi prevista, é possível: Visitar uma exposição sozinho com a retirada de um folder educativo, atento (a) às informações e proposta que se desenrola no recorte dos conteúdos escolhidos no material impresso; Visitar uma exposição sozinho e escolher retirar um jogo educativo com o núcleo de ações educativas da instituição, para que, de maneira lúdica, relacione ele aos conteúdos da exposição de maneira divertida – algumas propostas lúdicas, podem ser direcionadas às famílias, pequenos grupos, crianças. Visitar uma exposição e, ao invés de percorrê-la em grupo, escolher ler todos os textos de parede, displays , impressos e criar suas próprias impressões de maneira singular junto à proposta oferecida pelos textos, normalmente curatoriais; Retirar um áudio-guia e observar as informações direcionadas pelo áudio; Para a inclusão de pessoas com de�ciência visual, deve-se procurar por materiais e propostas educativas que tenham a possibilidade do toque em obras tridimensionais com reproduções de obras de arte em relevo ou prancha impressa em tinta com contraste. Além de legendas em braille e tinta; preferencialmente, se forem pensados juntamente com a expogra�a, o que sugere maior aproximação com o lugar espacial do objeto a ser discutido e observado; 2. Abordagem triangular Assim como os materiais são uma forma de entender e aproximar de maneira pedagógica arte e público, as metodologias educativas também surgem para facilitar ou compreender as diferentes necessidades pedagógicas. A abordagem triangular, é uma delas. Assim, dentre algumas práticas que se iniciaram na compreensão e problematização em arte, há o estudo de metodologias que busca compreender maneiras de aprender e se relacionar com a natureza da imagem e das culturas visuais. Você quer ler Arte, só na aula de arte? MARTINS, Mirian Celeste. Arte, só na aula de arte? In: Revista Educação – PUCRS. Porto Alegre. Vol 34, n° 3 (2011): Arte, cultura, educação: mutações. ISSN 0101-465X. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/9516 Acesso 15/02/2020. No nosso caso, vamos tratar da abordagem triangular, de Ana Mae Barbosa, que trouxe sua contribuição com esta sistematização para o ensino das artes e culturas visuais no Brasil, desde o �nal da década de 1980. Essa contribuição pode ser estendida a América Latina, considerando toda movimentação da Abordagem e a urgência de compreensão das Artes e Culturas Visuais como área primordial do conhecimento, e também, como área fundamental do saber. É importante sinalizar que a Abordagem não se manteve estática, engessada em um tempo e espaço. Desde seu surgimento,tem sido apropriada por diversos pro�ssionais em suas práticas: pesquisadores, educadores de arte e culturas visuais, em escolas e instituições culturais, entre outros. Cada um, diante de suas realidades educativas, ressigni�caram e ressigni�cam a abordagem triangular diante de suas possibilidades e realidades pedagógicas, problematizando continuamente o estudo e ensino de artes e culturas visuais. Você quer ler A imagem no ensino da arte: anos 80 e novos tempos (2010). BARBOSA, Ana Mae. A abordagem triangular propôs, desde seu surgimento, o incentivo e o ideal da democratização do conhecimento em artes, e para isso, é fundamental conhecer o processo histórico do ensino aprendizagem em artes e culturas visuais. Assim, a abordagem triangular, conduziu o trabalho de arte educadores a um determinado posicionamento metodológico. É importante saber que, foi no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) (1987/1993), que a abordagem triangular se fez presente como um laboratório de sua teoria, conferindo as bases de um trabalho pedagógico no ensino da arte e culturas visuais. 2.1 Como se dá a abordagem triangular Compreendida com as seguintes ações: ler, fazer e contextualizar, a abordagem triangular tem como base um desenvolvimento pedagógico no qual o fazer artístico, a leitura ou análise de obras de arte e da imagem e a contextualização, inter-relacionam-se, de modo a produzir sentido ao que se aprende e acionando os sentidos do ver, do fazer e re�etir sobre o que se faz, o quê e o porquê. Você quer ver http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/9516 O uso da abordagem triangular nas salas de aula. Youtube, 17 mar. 2017. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=DOiHDstHc_o Acesso em: 27 mar. 20 Podemos exempli�car de maneira direta a compreensão da abordagem triangular como uma grande teia que se conecta entre os saberes; ideias e ações horizontais, ou seja, não existe hierarquia nesses saberes, mas sim, uma conexão e inter relação entre eles, formando uma teia, uma rede de conexões. Surgida no MAC – USP, enquanto Ana Mae Barbosa presidiu o museu, a metodologia foi, posteriormente expandida com a apropriação da abordagem pelos pro�ssionais da rede pública e privada de ensino, arte educadores, pesquisadores de inúmeras instituições culturais e museus. Desde seu surgimento, os pro�ssionais, em contato com essa proposta metodológica de aprendizagem e ensino de arte, foram estimulados a pensar e utilizar com liberdade suas possibilidades de acordo com suas realidades. Nesse aspecto, com o melhor entendimento de sua aplicação e proposta de ensino, é interessante salientar a re�exão crescente com a qual a abordagem sofreu diante das práticas dos pro�ssionais que trabalham com imagem e cultura visual. Ao mesmo tempo que, a abordagem triangular também reforçou a importância do ensino aprendizagem em artes e culturas visuais como importante área do saber, tão importante quanto outras elencadas na formação cidadã e do sujeito. A palavra artes, no plural, também deve ser observada. Quando a abordagem se estabelece no MAC – USP, também foi proposta uma equipe interdisciplinar em artes, que pudesse ser composta por diferentes conhecimentos em contato com a arte, o que amplia as possibilidades de interação, signi�cação e interação com o estudo e conhecimento em arte. Pensando de maneira ampla, por meio da abordagem triangular, se propõe a compreensão e aprendizagem do estudo de artes e das culturas visuais pelas ações do VER, FAZER e CONTEXTUALIZAR, se con�gura ainda como um método que não esgotou seus recursos e potencial dentro da prática pro�ssional de ensino da arte. Ela ainda é um objeto de pesquisa acadêmica e de diferentes aplicações na prática docente. Contudo, não se deve tratá-la como uma ‘receita de bolo’, previsível, na qual se coloca os ingredientes que a compõe e espera um determinado resultado, nem tampouco como a única maneira de ensino aprendizagem em artes. A proposta de uso da abordagem triangular, na prática, se con�gura como uma ‘ferramenta’, e propõe exercer de maneira dinâmica, e conexão de leituras, sentidos, interpretações, signi�cações e contextualizações; baseando-se no exercício dessas ações e na educação pela arte com conhecimento das culturas visuais. https://www.youtube.com/watch?v=DOiHDstHc_o Portanto, entendê-la em seu contexto pro�ssional, compreende perceber como realizá-la e potencializá-la junto aos grupos com os quais seu trabalho se desenvolve, seja na educação formal ou não formal, observando seus aspectos mais abrangentes de percepção do universo sensível. Essa percepção pode proporcionar a compreensão mais ampla dos signi�cados e signi�cações que podem ser desenvolvidas no contato com o estudo e ensino de artes e culturas visuais. 3. O que é EJA A EJA, educação de jovens e adultos no Brasil, foi formalizada com a Constituição Brasileira de 1824 e com a garantia da chamada “instrução primária gratuita para todos os cidadãos”. Mas é em meados dos anos 1940 que a EJA se torna uma política nacional, já com a constituição de 1934, que submete, em âmbito nacional, a gratuidade do ensino primário de forma geral, para todo cidadão. Figura 02 - Educação de Jovens e Adultos Fonte: Pronatec, 2020 Essa modalidade da educação, se caracteriza como uma política direcionada para jovens e adultos e se fundamenta com o princípio de igualdade de oportunidades, inclusão e justiça social, considerado pela Constituição Federal. Estes princípios reforçam a educação como direito e intenção de desenvolvimento pleno do sujeito, sua organização para o exercício da cidadania, bem como o direito a quali�cação para o trabalho. Tanto pela Constituição quanto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB-9.394/96 (vide PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais de artes) - , este princípio reúne um modelo pedagógico próprio para EJA. Esse princípio visa garantir igualdade de acesso à educação como bem social, e, em sua política, estão diretrizes que pretendem ser reparadoras, equalizadoras e quali�cadoras, considerando direitos, acesso, reconhecimento de igualdade civil e de oportunidades, assim como ações que conduzam à erradicação do analfabetismo. Isso inclui a oferta de educação escolar com características adequadas às necessidades dos estudantes. Ao educador está o desa�o de conduzir o processo de ensino e aprendizagem, de modo a atender os estudantes em suas particularidades, construindo, dessa forma, métodos e metodologias como: a abordagem triangular, as metodologias ativas, por exemplo, que contemple o ensino em artes e culturas visuais e permita o desenvolvimento e apropriação dos conhecimentos propostos. Você quer ler Documento que contém a legislação vigente sobre EJA. Acesse: http://con�nteabrasilmais6.mec.gov.br 4. Cultura visual Você já parou para analisar o quanto as imagens que o (a) cercam constituem sua formação cultural, visual? Talvez essa seja uma das primeiras re�exões sobre como é concebido nosso desenvolvimento e formação da nossa cultura visual. A escola, como parte da formação educacional e cultural, tem um papel relevante nesse processo, pois está intrinsecamente ligada à formação e produção de nossas subjetividades, considerando que tudo aquilo que nos cerca, faz parte de nossa cultura visual. Podemos dizer que nossa cultura visual é representada por todo o repertório de imagens que colaboram para a composição de diferentes olhares sociais, o que inclui como percebemos as diversas identidades e representações sócio-culturais. Também, podemos considerar que o ensino de artes e culturas visuais nos estimula a uma determinada ‘alfabetização visual’, uma educação dos sentidos. Considerando as experiências estéticas como um processo que nos afeta de algum modo e intensidade, podemos entender que a formação de nossa cultura visual se constitui também com a nossa percepção sobre as experiências e informações recebidas. Como de�niuRudolf Arnheim, em Art And Visual Perception, percebemos e decodi�camos as informações em signos que contém diferentes códigos de informação. Podemos de�nir o que Arnheim propõe como o estudo da psicologia da imagem ( Gestalt ). Com esse pressuposto, onde a percepção passa por determinados códigos e pela codi�cação e compreensão dos códigos que compõe a imagem, as re�exões de Arnheim, avançaram de modo a identi�car em categorias visuais a estrutura da percepção, categorizando essa compreensão em: equilíbrio, �gura, forma, espaço, luz, movimento, cor, dinâmica, expressão e desenvolvimento. Assim, dessa forma, cada categoria possui suas qualidades expressivas e decodi�cação. Isso signi�ca que entender, decodi�car, perceber o mundo sensível é um processo ativo e permanente, pois cria e incorpora inúmeros códigos visuais na leitura da imagem. Você quer ler Con�ra o seguinte artigo: “Arte, só na aula de arte?” MARTINS, Mirian Celeste. Arte, só na aula de arte? In: Revista Educação – PUCRS. Porto Alegre. Vol 34, n° 3 (2011): Arte, cultura, educação: mutações. ISSN 0101- 465X. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/search/search? query=Arte%2C+s%C3%B3+na+aula+de+arte%3F+&authors=&title=&abstra ct=&galleyFullText=&suppFiles=&dateFromMonth=&dateFromDay=&dateFr omYear=&dateToMonth=&dateToDay=&dateToYear=&dateToHour=23&dat eToMinute=59&dateToSecond=59&discipline=&subject=&type=&coverage= &indexTerms= Assim, tanto as práticas educativas adotadas nas escolas das quais fazemos parte quanto às experiências com as imagens as quais somos expostos cotidianamente, constituem a formação de identidades, representações e subjetividades. http://confinteabrasilmais6.mec.gov.br/images/documentos/legislacao_vigente_EJA.pdf http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/search/search?query=Arte%2C+s%C3%B3+na+aula+de+arte%3F+&authors=&title=&abstract=&galleyFullText=&suppFiles=&dateFromMonth=&dateFromDay=&dateFromYear=&dateToMonth=&dateToDay=&dateToYear=&dateToHour=23&dateToMinute=59&dateToSecond=59&discipline=&subject=&type=&coverage=&indexTerms= Logo, como estudantes das artes e culturas visuais na contemporaneidade, é imprescindível entender esse processo e como ele atua na formação do olhar, colaborando para diversas visualidades, passíveis de diferentes leituras e interpretações. Figura 3 - Cultura visual Fonte: Educação pública. Rio de Janeiro, 2020 Você quer ler Aquecendo uma transforma-ação: atitudes e valores no ensino de arte. In: BARBOSA, Ana Mae. Inquietações e mudanças no ensino da arte . São Paulo: Cortez, 2002 (p. 49-60). ISBN – 978-85-249-0838- 5. E por que estudar e problematizar as culturas visuais? Como a cultura visual é dinâmica, pois constantemente as imagens se compõe em diferentes suportes, sejam estes convencionais, digitais, etc., criam socialmente maneiras bem particulares de compreensão, ser e agir, portanto socialmente, estas imagens constituem também nossas representações sobre o mundo e nos trazem visões sobre a sociedade em que vivemos. Além disso, estamos em uma sociedade absolutamente imagética, ou seja, produzida por imagens. Contudo, o universo visual que formamos, do qual fazemos parte, nos exerce pedagogias, compreendendo que as imagens nos ensinam a olhar as situações sociais que vivemos, nos educam e confrontam nossa percepção para os desa�os do estudo de imagens e culturas visuais contemporâneas. Portanto, a cultura visual é parte integrante do que percebemos e como percebemos, nos propondo sempre, um olhar atento e inquietante sobre o que nos rodeia. Síntese Nesta unidade, organizamos alguns assuntos pertinentes ao estudo de metodologias e práticas de ensino de artes visuais para o ensino fundamental II e EJA. Nela procuramos sintetizar saberes e aprendizagens para o aproveitamento de seus estudos nesse campo educacional, tratando de conceitos que estarão presentes em sua compreensão teórica e prática docente em artes. Podemos elencar principalmente: Compreender o conceito de método e metodologia, exempli�cado na abordagem triangular, considerando sua importância, particularidade, aplicabilidade e desempenho dentro de sua proposta e pedagogia no processo de ensino aprendizagem; Conhecer sobre a Abordagem Triangular, seus princípios, desenvolvimento, aplicabilidade e questões na formação e pedagogia das artes e culturas visuais; Entender o que é EJA, sua natureza, importância na construção do processo social inclusivo e formativo do sujeito para o desenvolvimento e atuação cidadã; Observar aspectos da Cultura Visual, sua estrutura, possibilidades e ações do âmbito sócio cultural e formativo Download do PDF da unidade Bibliografia DÓRIA, Lilian Fleury; ONUKI, Gisele; Dias, Marília; ZAGONEL, Bernadete (org.) Metodologia do Ensino de Arte – Curitiba: Intersaberes, 2013. 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