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Desapropriação: conceito, modalidades e procedimento

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Desapropriação
APRESENTAÇÃO
Embora o nosso ordenamento jurídico preveja o direito de propriedade como uma garantia 
fundamental, a Constituição Federal estabelece a possibilidade de que, sob condições peculiares, 
seja admitida a intervenção do Estado no patrimônio privado. Dentre as modalidades de 
intervenção do Estado na propriedade privada, a desapropriação desempenha função destacada; 
por meio dela, garante-se que o Poder Público retire o bem de seu proprietário para integrá-lo ao 
patrimônio público.
 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará o conceito e as modalidades de desapropriação. 
Ademais, aprenderá sobre o procedimento da desapropriação e outros detalhes pertinentes.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir desapropriação e suas modalidades.•
Descrever o procedimento da desapropriação.•
Relacionar as principais características da desapropriação.•
INFOGRÁFICO
A desapropriação tem previsão constitucional no art. 5º, inciso XXV. Nele, tem-se que a lei 
estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por 
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos 
nesta Constituição.
Depreende-se disso que, em casos de necessidade, utilidade pública ou interesse social, o Poder 
Público está autorizado a desapropriar a propriedade privada mediante indenização.
Neste Infográfico, você aprenderá um pouco mais sobre os procedimentos da desapropriação:
CONTEÚDO DO LIVRO
Em casos de necessidade pública, é possível retirar o bem particular de seu proprietário e 
transferi-lo ao patrimônio público. Para isso, faz-se necessário que o Poder Público realize 
procedimento de desapropriação do bem. Com relação a isso, destaca-se que tal desapropriação 
enseja o pagamento de indenização justa ao proprietário.
No capítulo Desapropriação, da obra Direito administrativo, você aprenderá tanto sobre o 
conceito quanto sobre as modalidades de desapropriação. Ademais, você também será 
apresentado às fases do procedimento de desapropriação. Por fim, conhecerá outras 
características importantes da desapropriação como, por exemplo, a tredestinação e a 
retrocessão.
Boa leitura.
DIREITO 
ADMINISTRATIVO 
Cássio Vinícius Steiner de Sousa
Desapropriação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir desapropriação e suas modalidades.
  Descrever o procedimento da desapropriação.
  Relacionar as principais características da desapropriação.
Introdução
A possibilidade de que o Poder Público intervenha na propriedade privada 
está disposta na Constituição Federal e consiste em uma relativização 
peculiar ao direito fundamental de propriedade. Nesse contexto, é possível 
distinguir, entre as modalidades de intervenção estatal, aquelas que são 
mais ou menos gravosas. A mais gravosa das modalidades de intervenção 
do Estado na propriedade privada é a intervenção. Em essência, trata-
-se do instituto administrativo por meio do qual — ocorrendo caso de 
necessidade, utilidade pública ou interesse social — o Poder Público 
acaba por retirar a propriedade do particular, mediante justa e prévia 
indenização, transferindo-a ao patrimônio público.
Neste capítulo, você vai ler sobre o conceito, as modalidades, o pro-
cedimento e as características da desapropriação. 
Conceito de desapropriação
O direito de propriedade tem sede constitucional e garante ao proprietário 
a possibilidade de usar, gozar ou dispor do seu bem. Além disso, o nosso 
ordenamento jurídico também prevê uma série de mecanismos conferidos ao 
proprietário para protegê-la contra atos de terceiros. Apesar disso, o direito de 
propriedade não se trata de um direito absoluto. Isso ocorre porque a própria 
Constituição Federal prevê uma série de circunstâncias em que o direito de 
propriedade é relativizado, em face do interesse público. 
Em grande medida, tal relativização se concretiza mediante a intervenção 
estatal na propriedade privada, corporificada na possibilidade de retirar ou 
utilizar bens particulares em nome da necessidade, da utilidade ou do interesse 
público (art. 5º, XXIV e XXV) (BRASIL, 1988). Em suma, caso estejam 
satisfeitas as condições estipuladas por lei — em nome do bem comum —, é 
possível intervir na propriedade particular. 
Sobre os modos pelos quais o Estado pode intervir na propriedade privada, a doutrina 
costuma distingui-las em duas categorias: a intervenção de restritiva ou de uso e a 
intervenção supressiva. Em essência, tal distinção diz respeito ao próprio caráter da inter-
venção na ordem da propriedade privada. Nesse contexto, enquanto a intervenção de 
uso é menos gravosa e tem caráter meramente transitório, a intervenção supressiva 
é mais drástica, possuindo caráter permanente (ALEXANDRINO; PAULO, 2017, p. 1122). 
Entre as modalidades supressivas de intervenção na propriedade privada, a 
desapropriação tem papel destacado (art. 5º, XXIV) (BRASIL, 1988). Com relação 
ao seu conceito, Hely Lopes Meirelles ensina que: 
[...] desapropriação ou expropriação é a transferência compulsória da proprie-
dade particular (ou pública de entidade de grau inferior para a superior) para 
o Poder Público ou seus delegados, por utilidade ou necessidade pública ou, 
ainda, por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro 
[...] (MEIRELLES, 2016, p. 728). 
Na mesma linha, Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que se trata do “[...] 
procedimento administrativo pelo qual o Poder Público ou seus delegados, mediante 
prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, 
impõe ao proprietário a perda de um bem, substituindo-o em seu patrimônio por 
justa indenização” (DI PIETRO, 2018, p. 1.180). Em suma, a desapropriação con-
siste em modalidade de intervenção estatal por meio da qual o Poder Público, em 
certas condições, toma a propriedade do particular, mediante indenização prévia.
Sobre os requisitos constitucionais da desapropriação, conforme o art. 
5º, XXIV, é importante abordarmos quatro, a saber: 
1. necessidade pública;
2. utilidade pública;
Desapropriação2
3. interesse social;
4. justa e prévia indenização. 
Com relação aos três primeiros requisitos, basta que um deles esteja 
satisfeito para que o Poder Público esteja autorizado a desapropriar a pro-
priedade privada. Vejamos cada um em detalhes a seguir. 
Necessidade pública 
Consiste nos casos em que — para resolver de modo apropriado um certo 
problema urgente — o Poder Público precisa lançar mão de bem particular. 
De modo mais elaborado, Hely Lopes Meirelles entende que ela “[...] surge 
quando a Administração defronta situações de emergência, que, para serem 
resolvidos satisfatoriamente, exigem a transferência urgente de bens de terceiros 
para o seu domínio e uso imediato” (MEIRELLES, 2016, p. 738). Assim, não 
basta que a solução da situação emergencial seja possível com o mero uso da 
propriedade, pois, nesse caso, não será preciso se valer de uma modalidade 
de intervenção tão drástica quanto a desapropriação, podendo ser realizada 
por modalidades menos gravosas para o proprietário do bem. A título de 
exemplo, citamos a necessidade de desapropriar um determinado bem em 
face de questão que envolva a segurança nacional. 
Utilidade pública 
Trata-se de casos em que — embora não urgente — a desapropriação é conve-
niente para o Poder Público. No mesmo sentido, Hely Lopes Meirelles assevera 
que é cabível quando “[...] a transferência de bens de terceiros para a Adminis-
tração é conveniente, embora não seja imprescindível” (MEIRELLES, 2016, 
p. 738). Assim, se o Poder Público entender que um certo bem privado poderia 
ter uma destinação pública, ele poderá ser desapropriado. A título de exemplo, 
citamos a desapropriação de um certo imóvel para transformá-lo em uma escola 
ou a desapropriação de um certo terreno para a construção de umhospital. 
Interesse social 
Além de prever o direito de propriedade, a Constituição Federal também es-
tabelece que esta deverá atender à sua função social (art. 5º, XXV) (BRASIL, 
1988). Nesse contexto, tendo em vista a consecução do interesse social, o Poder 
Público poderá desapropriar bens particulares. Quanto a isso, Hely Lopes 
3Desapropriação
Meirelles afi rma que “[...] o interesse social ocorre quando as circunstâncias 
impõem a distribuição ou o condicionamento da propriedade para seu melhor 
aproveitamento, utilização ou produtividade em benefício do Poder Público” 
(MEIRELLES, 2016, p. 738). Com relação a isso, destacamos que — dife-
rentemente das hipóteses de mencionadas — a desapropriação por interesse 
social não tem por destinatário do bem o próprio Poder Público, mas como 
benefi ciário o próprio povo. Em outras palavras, o Estado não desapropria um 
bem por interesse social para usufruir ele mesmo de sua propriedade, mas para 
concedê-la ao próprio povo. A título de exemplo, citamos a desapropriação 
com vistas à construção de casas populares ou com fi ns de reforma agrária. 
Justa e prévia indenização 
A desapropriação de bem particular enseja o recebimento de indenização. 
Ademais, a indenização percebida pelo proprietário do bem desapropriado 
deverá ser justa e prévia. 
A indenização justa é aquela que, além de compreender o valor real do bem, também 
cobre os valores referentes aos danos emergentes e aos lucros cessantes oriundos da de-
sapropriação da propriedade privada. Nesse contexto, se a propriedade desapropriada 
for — em alguma medida — produtiva, a indenização deverá computar também tais 
valores. Já a indenização prévia é aquela paga antes do próprio ato de desapropriação. 
Assim, via de regra, não há de se falar em pagamento posterior à desapropriação. 
Outro ponto importante referente à indenização diz respeito ao modo 
como o pagamento é efetuado. Nesse contexto, via de regra, conforme os arts. 
5º, XXIV, e 182, § 3º, da Constituição Federal, a indenização será realizada 
mediante pagamento em dinheiro. Porém, a desapropriação de imóveis rurais 
com vistas à reforma agrária e os imóveis urbanos em desacordo com o plano 
diretor serão indenizados por meio do pagamento de títulos. Nesse caso, 
enquanto os imóveis rurais serão pagos mediante títulos da dívida agrária 
(art. 182) (BRASIL, 1988), os imóveis urbanos serão pagos mediante títulos 
da dívida pública (art. 182, § 4º) (BRASIL, 1988).
Desapropriação4
Com relação aos bens sujeitos à desapropriação, via de regra, se um bem 
é suscetível de valoração patrimonial, então ele é desapropriável. Nesse 
contexto, os bens podem ser móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos. 
Com efeito, é possível desapropriar inclusive o espaço aéreo, o subsolo, as 
ações ou os direitos de sociedade. Porém, apenas o ente da federação no qual a 
propriedade está situada tem competência para desapropriá-la. Assim, a título 
de exemplo, um bem situado no Estado do Rio Grande do Sul não poderia 
ser desapropriado pela Administração Pública do Estado de Santa Catarina 
(ALEXANDRINO; PAULO, 2017, p. 1.177).
Embora a regra seja que os bens privados possam ser desapropriados, existem alguns 
bens insuscetíveis de desapropriação. Nesse contexto, citamos a moeda corrente e os 
direitos personalíssimos. No primeiro caso, tendo em vista que o próprio pagamento 
é realizado em dinheiro, não faria sentido desapropriar o dinheiro de um particular. 
No segundo caso, coisas como a honra, a dignidade e a liberdade não estão sujeitas 
à desapropriação por parte do Poder Público. 
Além disso, conforme a Súmula nº. 479 do Supremo Tribunal Federal (BRASIL, 2008), 
também não estão sujeitas à desapropriação as margens dos rios navegáveis. 
De acordo com o art. 22, II, da Constituição Federal, compete à União 
dispor sobre a desapropriação (BRASIL, 1988). Porém, conforme o parágrafo 
único do art. 22, mediante lei complementar, poderá haver autorização para 
que os demais entes da federação legislem sobre as questões específicas 
relacionadas à desapropriação.
Procedimento e classificação da desapropriação
No que diz respeito à classifi cação da desapropriação, distinguem-se as or-
dinárias e as extraordinárias. Na base da diferença, está a própria motivação 
ou fi nalidade que ensejou a execução da desapropriação. 
5Desapropriação
O processo de desapropriação — cuja disposição legal encontra-se no Decreto-
-Lei (DL) nº. 3.365, de 21 de junho de 1941 — pode ocorrer tanto pela via admi-
nistrativa quanto pela via judicial (BRASIL, 1941). Na base da diferença entre 
ambos, está a questão do acordo com relação aos valores a título de indenização pela 
desapropriação. Nesse contexto, se há acordo entre o Poder Público e o proprietário 
do imóvel, será desnecessário que o Poder Judiciário preste a tutela jurisdicional 
para definir os valores referentes à indenização. Dito isso, vejamos as bases do 
procedimento administrativo para posteriormente tratar do procedimento judicial.
De um ponto de vista estrutural, o procedimento administrativo de desapro-
priação possui duas fases distintas: a fase declaratória e a fase executória. De 
modo geral, enquanto na fase declaratória o Poder Público declara a intenção 
de concretizar a desapropriação de um certo bem, na fase executória, o Poder 
Público providencia tudo aquilo que é necessário para realizar efetivamente 
a transferência do bem particular para o patrimônio público. 
O pontapé inicial da fase declaratória é a chamada declaração expropria-
tória. Nela, além de o Poder Público declarar a intenção de desapropriar um 
determinado bem privado, também expressa as razões que ensejam a desa-
propriação, isto é, a necessidade, a utilidade pública ou o interesse social. Tal 
declaração, conforme o art. 6º do DL nº. 2.265/1941, compete ao Presidente da 
República, ao governador ou ao prefeito. Além disso, conforme o art. 8º da mesma 
Lei, também poderá o Poder Legislativo tomar a iniciativa da desapropriação, 
cumprindo, nesse caso, ao Executivo praticar os atos necessários à sua efetivação.
Com relação aos requisitos da declaração expropriatória, Marcelo Ale-
xandrino afirma que deverá constar no decreto: “(a) a descrição precisa do 
bem a ser desapropriado; (b) a finalidade da desapropriação; (c) a hipótese 
A desapropriação ordinária tem como fundamento constitucional o art. 5º, XXIV. Em 
outras palavras, quando a desapropriação tem por objetivo atender a questões de 
necessidade pública, interesse social ou utilidade pública, ela será chamada de desa-
propriação ordinária. Assim, por exemplo, será chamada de ordinária a desapropriação 
com vistas à construção de um hospital ou uma escola. 
A desapropriação extraordinária tem seu fundamento constitucional nos arts. 182, § 4º, e 
184. Em outras palavras, ocorre quando a propriedade não está cumprindo devidamente a 
sua função social. Assim, citamos, por exemplo, o caso de propriedades rurais improdutivas 
ou imóveis urbanos em desconformidade com o plano diretor do município. 
Desapropriação6
legal descrita na lei expropriatória que autoriza a desapropriação que pretende 
executar” (ALEXANDRINO; PAULO, 2017, p. 1.142). Feito isso, poderá o 
Poder Público ingressar no bem particular, inclusive utilizando força policial, 
em caso de recusa do proprietário. Ademais, será realizada a perícia do bem 
para avaliar o valor a ser pago a título de indenização.
Finalizada a fase declaratória, cumpre ao Poder Público dar início à fase 
executória da desapropriação. Nela, a Administração Pública passa a agir com 
vistas à transferência do bem particular para o patrimônio público, garantindo o 
pagamento da indenização ao particular. Nesse contexto, se o proprietário aceita 
os termos e os valores propostos, a transferência é realizada pela via adminis-
trativa, caso contrário, será necessário realizar a transferência pela via judicial. 
Em caso de acordo em sede administrativa, concretiza-se a desapropriação, 
de modo que o bem é transferidoda propriedade privada ao patrimônio público. 
Nesse contexto, a desapropriação é formalizada mediante instrumento público 
no registro competente e pagamento ao proprietário do valor a ser recebido 
a título de indenização.
Caso não haja acordo em sede administrativa, a concretização da desa-
propriação passa pela apreciação do Poder Judiciário. Nesse caso, compete 
ao Poder Público ingressar com ação de desapropriação. Com relação aos 
sujeitos processuais, atuará no polo ativo a pessoa política responsável pela 
expedição do decreto expropriatório ou, nos casos de autorização legal, a 
entidade da administração do serviço público. Já no polo passivo, atuará — 
necessariamente — o proprietário do bem. 
Com relação aos requisitos da inicial, o art. 13 do DL nº. 3.365/1941 estabe-
lece que a inicial, além dos requisitos previstos no Código de Processo Civil, 
conterá a oferta de preço e será instruída com um exemplar:
  do contrato;
  do jornal oficial que houver publicado o decreto de desapropriação;
  da sua cópia autenticada;
  da planta ou descrição dos bens e de suas confrontações. 
Ademais, o Ministério Público atuará em todos os processos de desapro-
priação. Recebida a inicial e ouvido o Ministério Público, abre-se o prazo para 
contestação por parte do proprietário. Com relação ao seu conteúdo, conforme 
o art. 20 do DL nº. 3.365/1941, a contestação só poderá versar sobre vício do 
processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser 
decidida por ação direta. Em outras palavras, além de vícios formais — sus-
7Desapropriação
citando em preliminar de mérito —, o requerido poderá apenas se manifestar, 
a título de questão de mérito, sobre o valor proposto a título de indenização. 
Feito isso, caso haja concordância sobre o valor da indenização, o juiz 
homologará acordo, ordenando a expedição da desapropriação ao registro 
competente. Caso não haja acordo, o juiz decidirá conforme as provas produ-
zidas pelas partes e pelo perito responsável pela avaliação do bem. Da decisão 
proferida pelo juiz, caberá apelação com efeito devolutivo, quando interposta 
pelo expropriado, e também com o efeito suspensivo, quando interposta pelo 
expropriante (art. 28) (BRASIL, 1941). 
Outras características da desapropriação
A seguir, serão abordados o destino dos bens desapropriados e os institutos 
da retrocessão e da imissão provisória na posse. 
Destino dos bens
Em geral, com o advento da desapropriação, a propriedade é transferida para 
o patrimônio da entidade ligada ao ente público ou ao próprio ente público. 
Nesse caso, se o bem tiver destinação pública — como, por exemplo, para a 
instalação de uma secretaria —, o bem deixará de possuir natureza privada, 
adquirindo natureza jurídica de um bem público.
Outro ponto importante referente à destinação dos bens diz respeito à 
questão da aquisição. Nesse contexto, conforme a doutrina, a aquisição pode 
ser definitiva ou provisória. Será definitiva quando o bem for destinado ao 
benefício do próprio ente que efetuou a desapropriação, como, por exemplo, 
o caso da secretaria. Nos casos em que a desapropriação for efetuada pelo 
ente público em benefício de terceiros, ela será provisória. Isso ocorre, pois, 
após adquirir o bem mediante indenização, a propriedade será repassada a 
outrem. A título de exemplo de aquisição provisória, citamos os casos de 
desapropriação realizados com vistas à reforma agrária. 
Imissão provisória na posse
Em geral, apenas após a tramitação do procedimento de desapropriação e com o 
devido pagamento da indenização, o bem privado é transferido para o patrimônio 
público. Porém, pode ocorrer que — em função da urgência — o Poder Público não 
Desapropriação8
tenha tempo para esperar toda a tramitação do processo de desapropriação para 
fazer uso do bem. Para esses casos, existe o instituto da imissão provisória na posse.
Tendo isso em mente, o art. 15 do DL nº. 3.365/1941 estabelece duas condi-
ções para que o Poder Público assuma provisoriamente a posse do bem antes 
de finalizado o seu processo de desapropriação. Em primeiro lugar, como 
mencionado, deve ser comprovada a urgência por parte do Poder Público em 
desapropriar o bem do particular. Além disso, é necessário o pagamento prévio 
da indenização, a ser arbitrado pelo juiz conforme critérios legais. 
Quanto à imissão provisória na posse, se estiverem satisfeitos os requisitos legais, não 
cabe ao juiz negar o pedido do Poder Público. Ademais, chamamos a atenção para 
o fato de que, após decretada pelo juiz, a imissão deverá ser averbada no registro 
competente. 
Tredestinação
Marcelo Alexandrino afi rma que a tredestinação “ocorre [...] quando o Poder 
Público expropriante dá ao bem desapropriado uma destinação diferente daquela 
que estava prevista no decreto expropriatório” (ALEXANDRINO; PAULO, 2017, 
p. 1.194). Em outras palavras, se o Poder Público desapropria um determinado 
bem privado para uma fi nalidade específi ca e se o bem não é utilizado conforme 
consta no decreto expropriatório, então ocorre a tredestinação. 
Conforme a doutrina, podemos distinguir as espécies de tredestinação 
em duas categorias: as lícitas e as ilícitas. A tredestinação lícita ocorre, por 
exemplo, no caso de o Poder Público desapropriar um certo terreno com vistas 
à construção de um hospital, porém, em virtude do interesse público, acaba 
por construir uma escola. A tredestinação ilícita ocorre quando a destinação 
efetiva do bem não vai ao encontro do interesse público. 
Retrocessão
O instituto jurídico da retrocessão está disposto no art. 519 do Código Civil 
(BRASIL, 2002, documento on-line). Nele, temos que “[...] se a coisa expro-
priada para fi ns de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, 
9Desapropriação
não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada para em 
obras ou serviços públicos, caberá o expropriado direito de preferência, pelo 
preço atual da coisa”. 
O cabimento da retrocessão tem como pressuposto a ocorrência de uma tre-
destinação ilícita. Isto é, além de ocorrer desvio de finalidade no uso do bem 
desapropriado, tal desvio não deverá atender ao interesse público. Assim, se o bem 
não for utilizado em absoluto ou utilizado para finalidade diversa da estipulada no 
decreto expropriatório e não condizente com o interesse público, caberá a retroces-
são. Nesse caso, cumprirá ao Poder Público ofertar o bem ao antigo proprietário 
para que ele possa praticar o direito de preferência na aquisição do imóvel.
Desistência da desapropriação
A desistência ocorre quando os motivos que ensejaram a desapropriação deixem 
de subsistir e o processo de desapropriação ainda está em curso. Nesse caso, 
o Poder Público poderá declarar a desistência da desapropriação no próprio 
curso do processo, permanecendo o bem com o seu proprietário. Quanto a 
isso, não compete ao expropriado escolher se aceitará ou não o bem, isto é, 
não é admitido que ele se oponha à desistência.
ALEXANDRINO, M.; PAULO, V. Direito Administrativo descomplicado. 25. ed. São Paulo: 
Método, 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada em 5 de 
outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituição.htm. Acesso em: 09 out. 2019.
BRASIL. Decreto-Lei nº. 3.365, de 21 de junho de 1941. Diário Oficial [da] República 
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 jun. 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3365.htm. Acesso em: 09 out. 2019.
BRASIL. Lei n°. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 09 out. 2019.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso extraordinário 331.086-1 Paraná. Desa-
propriação. Terreno reservado. Súmula nº. 479 da Suprema Corte. DJe, nº. 206, 2 set. 
2008, p. 1033-1039. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=558633. Acesso em: 09 out. 2019.
Desapropriação10
DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo brasileiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros, 2016.
Leituras recomendadas
CARVALHO FILHO, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
PESTANA, M. Direito Administrativo brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
SANTANNA, G. Direito Administrativo. 4. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2015. (Série 
Objetiva). 
ZIMMER JUNIOR, A. Curso de Direito Administrativo. 3. ed. Rio de Janeiro: Método, 2009.
11Desapropriação
DICA DO PROFESSOR
Dentre os modos de intervenção na propriedade privada, a desapropriação tem grande 
importância, já que, por meio dela, garante-se que o Poder Público retire determinado bem de 
seu proprietário, transferindo-o – via de regra – para o patrimônio público. 
Nesta Dica do Professsor, você verá como funciona a desapropriação:
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Intervenção estatal na propriedade - Desapropriação
A desapropriação é o meio mais gravoso de intervenção na propriedade privada. Nesse contexto, 
satisfeitos os requisitos legais, admite-se que o Poder Público retire o bem do seu proprietário 
mediante indenização. Para saber mais sobre isso, confira o vídeo.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
AGU Explica - Desapropriação-sanção ou confiscatória
Se uma propriedade urbana ou rural não desempenha a sua função social, o Estado poderá 
intervir na propriedade, desapropriando-a. Assista ao vídeo para saber mais sobre o assunto.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

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