unitário ou simples? Para análise de tal questão, é imperioso perscrutar a natureza dos pedidos e dos respectivos capítulos da sentença ligados a cada um deles pelo princípio da congruência. Também é mister examinar o art. 11 da LAP, que proclama que “a sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa” (destacamos). Em toda ação popular, sempre haverá um pedido de invalidação do ato, visando a um provimento de natureza desconstitutiva ou declaratória negativa. E, nos casos em que houver necessidade, seja para reparar o dano, seja para afastar o risco de dano, haverá também pedido visando a um provimento de natureza condenatória. Para que a ação seja viável em relação ao pedido de invalidação, será necessário incluir no polo passivo todos os que atuaram na formação do ato impugnado, até porque sua invalidação produzirá como efeito a recondução ao statu quo ante de todas as partes que nele figuraram. Assim, nesse ponto, haverá litisconsórcio necessário e unitário. No tocante ao capítulo condenatório, o litisconsórcio não será necessário. Ora, como se trata de responsabilidade por ato ilícito, haverá solidariedade entre os responsáveis, de modo que o autor poderá optar por incluir como réus apenas os responsáveis ou beneficiários com melhores condições econômicas para arcar com os custos da reparação do dano, até para limitar o número de réus, facilitando o andamento processual. De outro lado, o próprio art. 11 ressalva àqueles que forem responsabilizados na ação popular o direito de se voltarem em ações de regresso contra funcionários com culpa (aqui em sentido lato, incluindo o dolo). Logo, a própria lei acena com a facultatividade da inclusão de todos os responsáveis no polo passivo da ação popular. Além de facultativo, o litisconsórcio no capítulo condenatório será simples, uma vez que a sentença não necessariamente será idêntica em relação a todos os réus, podendo vir a condenar alguns, e a outros não. Aliás, tratando-se de ato lesivo ao erário, a entidade lesada, mesmo havendo figurado como ré, jamais poderá ser condenada à reparação do dano: afinal, seria logicamente impossível que ela reparasse seu prejuízo econômico por meio de seus próprios recursos financeiros. Nesse caso, os demais responsáveis e os beneficiários diretos, pessoas físicas ou jurídicas, é que serão condenados a repará-lo. É importante ressaltar, porém, que o litisconsórcio passivo (seja o necessário, seja o facultativo) inicialmente formado poderá, eventualmente, não perdurar. É que a entidade de direito público ou privado, cujo ato seja objeto de impugnação, uma vez citada, poderá preferir atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente (§ 3.º do art. 6.º da LAP). Feita essa opção, a entidade deixará o polo passivo, e passará a ser assistente do autor.” (Fonte: Interesses difusos e coletivos esquematizado; Adriano Andrade, Cleber Masson, Landolfo Andrade – 5. Ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014, p. 290/291). (PGERS-2010-Fundatec): João e outros ingressaram com ação popular, alegando nulidades em concurso público realizado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. No polo passivo, incluíram tão somente o Deputado Estadual Presidente da Assembleia Legislativa. Foi proferida sentença de procedência, determinando a anulação do certame. Em sede de apelação, mostra-se correto arguir que a sentença deve ser anulada por não ter havido a citação, como litisconsorte necessária, da pessoa jurídica de direito público ao qual o Presidente da Assembleia está vinculado, qual seja, o Estado do Rio Grande do Sul. BL: art. 6º, LAP. ##Atenção: Sabe-se que o litisconsórcio é considerado necessário quando a presença de mais de uma parte no polo passivo da ação é essencial para que o processo se desenvolva validamente em direção ao provimento final de mérito, podendo a essencialidade decorrer da própria natureza da relação jurídica ou de exigência legal, como ocorre no caso em tela (art. 6º, Lei nº. 4.717/65). Devendo ser citada para a ação tanto a autoridade responsável pela prática do ato quanto a pessoa jurídica a que esteja vinculada, devem ser citados para compor o polo passivo da ação o presidente da assembleia legislativa e o Estado cujo poder legislativo compõe, haja vista a natureza de órgão público da própria assembleia, despido de personalidade jurídica. Não tendo sido uma das partes citada, deve a sentença ser anulada pois, sendo matéria de ordem pública, deve ser conhecida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, não se sujeitando à preclusão. Além disso, de acordo com o STJ (REsp 1095370 / SP) "doutrina e jurisprudência consideram ser impositiva, em sede de ação popular, a formação de litisconsórcio necessário entre a autoridade que tenha provocado a suposta lesão ao patrimônio público e a pessoa jurídica que pertence o respectivo órgão". § 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo. (MPMG-2010) (PGEPR-2011) § 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma. § 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. (PGECE-2008) (PGESP-2009) (AGU-2009) (PGEPR-2011) (MPSC-2012) (MPDFT-2013) (MPMS-2013) (Cartórios/TJPI-2013) (MPMT-2014) (TJPB-2015) (DPU-2015) (MPSP-2005/2011/2017) (MPRS-2017) (DPERO-2017) (TRF2-2017) (DPERS-2018) (MPMG-2010/2011/2017/2019) ##Atenção: ##DPU-2015: ##CESPE: A teor do que dispõe o art. 6º, §3º da LAP, não há um prazo certo para que a pessoa cujo ato foi impugnado requeira a sua migração para o polo ativo da ação, mas, tão somente, abre oportunidade para que o faça. ##Atenção: ##TRF5-2013: ##DPU-2015: ##CESPE: ##MPMG-2019: O STJ admite a migração da pessoa jurídica de direito público do polo passivo para o ativo, mesmo após o oferecimento de contestação: "O deslocamento de pessoa jurídica de Direito Público do polo passivo para o ativo na Ação Popular é possível, desde que útil ao interesse público, a juízo do representante legal ou do dirigente, nos moldes do art. 6º, § 3º, da Lei 4.717/65. 3. Não há falar em preclusão do direito, pois, além de a mencionada lei não trazer limitação quanto ao momento em que deve ser realizada a migração, o seu art. 17 preceitua que a entidade pode, ainda que tenha contestado a ação, proceder à execução da sentença na parte que lhe caiba, ficando evidente a viabilidade de composição do pólo ativo a qualquer tempo. Precedentes do STJ." (REsp 945238/SP, 2ª T. Rel. Min. Herman Benjamin, unânime, DJe 20/04/09). Vejamos, agora, julgado do STJ mais recente sobre o tema: “ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. NÃO HÁ PRECLUSÃO NA MIGRAÇÃO DE POLO DA AÇÃO PELO ENTE PÚBLICO QUE INICIALMENTE HAVIA APRESENTADO CONTESTAÇÃO. 2. No tocante à migração de polo da ação do Ente Público, efetivamente, se trata de inovação recursal. Por outro lado, a jurisprudência desta Corte é firme de que não se opera a preclusão, devendo se levar em conta, todavia, o interesse público a fundamentar a postura prevista no art. 6º, § 3º da Lei 4.717/65. (STJ, AgRg no REsp 1162049/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª T, j. 1/3/16). (MPMG-2019): Assinale a alternativa correta: Na ação popular, o deslocamento de pessoa jurídica de Direito