e �xo. É necessário (e su�ci- ente) demonstrar que existe único z ∈ C tal que (x, z) ∈ g ◦ f. Notemos que tal z existe: z = g(f(x)). De fato, se y = f(x), então (x, y) ∈ f ∧ (y, z) ∈ g. Daqui (x, z) ∈ g ◦ f . Suponhamos que existe mais um z1 ∈ C tal que (x, z1) ∈ g ◦ f . Para esse z1 existe um y1: (x, y1) ∈ f ∧ (y1, z1) ∈ g. Daqui y1 = f(x), z1 = g(y1) = g(f(x)) = z. Exemplo 11.3. Sejam f, g : R→ R, f(x) = x2, g(x) = x x2 + 1 . Achar g ◦ f e f ◦ g. Temos g ◦ f(x) = g(x2) = x 2 x4 + 1 , f ◦ g(x) = ( x x2 + 1 )2 . 11.2.2 Funções injectivas, sobrejecti- vas, bijectivas De�nição 11.2 (Injecção). Uma função f : A→ B é chamada injectiva (ou injecção) se ¬∃x1∃x2(f(x1) = f(x2) ∧ x1 6= x2) 68 ou, o que é o mesmo, ∀x1∀x2(f(x1) = f(x2)→ x1 = x2) ou ∀x1∀x2(x1 6= x2 → f(x1) 6= f(x2)). Se existem dois argumentos x1 6= x2 com valores iguais a função não é injectiva. De�nição 11.3 (Sobrejecção). Uma função f : A→ B é chamada sobrejectiva (ou sobrejecção) se Im(f) = B ou, o que é o mesmo, ∀y ∈ B∃x ∈ A(y = f(x)). De�nição 11.4 (Bijecção). Uma função f : A → B é chamada bijectiva (ou bijecção, ou correspon- dência biunívoca) se é injectiva e sobrejectiva. As propriedades de injectividade, sobrejectivi- dade e bijectividade de uma função admitem des- crição equivalente nos termos das equações. Teorema 11.2. Seja f : A → B. Consideremos a equação f(x) = y (11.3) em relação ao incógnito x ∈ A. 1. A função f é injectiva se e somente se a equa- ção (11.3) admite no máximo uma única so- lução qualquer que seja parte direita y ∈ B (a equação tem a propriedade de unicidade de solução). 2. A função f é sobrejectiva se e somente se a equação (11.3) é compatível qualquer que seja parte direita y ∈ B (a equação tem a proprie- dade de existência de solução). 3. A função f é bijectiva sé e somente se a equa- ção (11.3) tem uma única solução qualquer que seja parte direita y ∈ B (existência e unicidade da solução). As propriedades de injectividade, sobrejectivi- dade e bijectividade de uma função f : A → B no caso particular, quando A,B ⊂ R também ad- mitem uma interpretação geométrica. Teorema 11.3. Seja A,B ⊂ R e f : A→ B. 1. A função f é injectiva se e somente se qualquer que seja b ∈ B a recta horizontal y = b tem nó máximo um ponto comum com o grá�co da função y = f(x). 2. A função f é sobrejectiva se e somente se qual- quer que seja b ∈ B a recta horizontal y = b e o grá�co da função y = f(x) têm ponto comum. 3. A função f é bijectiva se e somente se qual- quer que seja b ∈ B a recta horizontal y = b intersecta o grá�co da função y = f(x) exac- tamente num ponto. Exemplo 11.4. Seja f(x) = x2 (11.4) 1. A função f : [0,∞[→ [0,∞[ de�nida pela fór- mula (11.4) é bijectiva. 2. A função f : [0,∞[→ R de�nida pela fórmula (11.4) é injectiva mas não é sobrejectiva. 3. A função f : R→ [0,∞[ de�nida pela fórmula (11.4) é sobrejectiva mas não é injectiva. 4. A função f : R → R de�nida pela fórmula (11.4) não é injectiva nem sobrejectiva. 11.2.3 Funções inversas Seja f : A → B. A relação inversa f−1 sempre existe: f−1 = {(y, x) : (x, y) ∈ f} = {(y, x) : y = f(x)}. Teorema 11.4. Seja f : A→ B. A relação inversa f−1 é uma função de B em A se e somente se f é uma função bijectiva. Seja iA = {(x, x) : x ∈ A} relação identidade. Veri�que que no caso de existência da função in- versa f−1 ◦ f = iA, f ◦ f−1 = iB . (11.5) 11.2.4 Exercícios 1. Seja a mod b o resto de divisão de a por b. Seja f : A→ A, onde A = {0, 1, 2, 3, 4, 5}, f(x) = x2 mod 6. Achar f ◦ f . 69 2. Veri�que as proposições do Exemplo 11.4 na base do Teorema 11.2, analisando a equação x2 = y de dois métodos: analiticamente e gra- �camente, isto é, usando o Teorema 11.3. 3. Seja f : A→ A, A = Rr {1}, f(x) = (x+ 1)/(x− 1). (a) Mostre que f é bijectiva. (b) Mostre que f ◦ f = iA. 4. Seja f : R→ R de�nida pela f(x) = 2x+ 5 3 . Mostrar que f é bijectiva e achar f−1. 5. Sejam f : R→ R, f(x) = ax+ b (a) f é injectiva? (b) f é sobrejectiva? 6. Seja A = Rr {2}, f(x) = 3x x− 2 . Mostrar que f : A → Im(f) é bijectiva. Achar f−1. 7. Sejam c 6= 0, f : R r {−d/c} → R, f(x) = (ax+ b)/(cx+ d) (a) f é injectiva? (b) f é sobrejectiva? 8. Sejam f : R→ R, g : R→ R, f(x) = 1 x2 + 1 , g(x) = 2x− 1. Achar as fórmulas para f ◦ g e g ◦ f 9. Sejam f : A → B e g : B → A. Suponhamos que g◦f = iA. É possível a�rmar que g = f−1? 11.3 Imagem e pré-imagem Da de�nição de imagem de relação vamos ter a se- guinte forma de imagem de função: Im(f) = {y : ∃x(y = f(x))} = {f(x) : x ∈ A}. (11.6) Introduz-se também a imagem de um conjunto. De�nição 11.5 (Imagem). Seja f : A → B uma função e X ⊂ A. O conjunto f(X) = {f(x) : x ∈ X} ≡ {y : ∃x ∈ X(y = f(x))}. diz-se imagem do conjunto X. No exemplo 11.1 f(A) = {2, 4}. Notemos que a imagem do conjunto A sob a f coincide com Im(f): Teorema 11.5. Im(f) = f(A). De�nição 11.6 (Pré-imagem). Seja f : A → B uma função e Y ⊂ B. O conjunto f−1(Y ) = {x ∈ A : f(x) ∈ Y }. chama-se pré-imagem (ou imagem inversa, ou ima- gem recíproca) do conjunto Y . No exemplo 11.1 f−1({1, 2}) = {a, c}. 11.3.1 Exercícios 1. Sobre o conjunto U = {0, 1, 2, 3, 4, 5} é de�- nida a função f : U → U segundo a formula f(x) = x2 mod 6. Encontrar as imagens e pré- imagens f(U), f−1(U), f(B), f−1B) onde B = {2, 3, 5}. Resolver a equação f(x) = x. 2. Sejam A = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7} e f : A → A a função de�nida pela fórmula f(x) = x2 mod 8. Achar um elemento x ∈ f(A) tal que x /∈ f−1({x}). 3. Seja f : A → R onde A = R r {0} a função de�nida por f(x) = x + 1/x. Achar f([2, 3]), f(A), f−1([0,+∞)). 4. Demonstrar que se X1 ⊂ X2 então f(X1) ⊂ f(X2). A proposição reciproca é verdadeira? 5. Seja f : A→ B. Demonstrar que ∀X ⊂ A X ⊂ f−1(f(X)). Construir um exemplo com X 6= f−1(f(X)) Indicação. Sejam A = {a, b, c, d}, B = {1, 2, 3, 4}. 70 Pode ser considerada a função f : A→ B, x a b c d f(x) 2 4 2 1 6. Seja f : A → B, Y1, Y2 ⊂ B, Y1 ⊂ Y2. De- monstrar que se f−1(Y1) = f−1(Y2) então (Y2 r Y1) ∩ f(A) = ∅. 7. Demonstrar as seguintes propriedades da ope- ração pré-imagem (a) f−1(X ∪ Y ) = f−1(X) ∪ f−1(Y ) (b) f−1(X ∩ Y ) = f−1(X) ∩ f−1(Y ) (c) f−1(Xc) = ( f−1(X) )c 8. Sejam f : A → B, X ⊂ A, Y ⊂ B. Demons- trar que X ⊂ f−1(Y )⇔ f(X) ⊂ Y. 9. Sejam f : A → B, X ⊂ A, Y ⊂ B. Mostrar que as implicações (a) X ⊃ f−1(Y )→ f(X) ⊃ Y (b) f(X) ⊃ Y → X ⊃ f−1(Y ) são falsas. 10. Sejam A = {1, 2, 3}, B = P(A), f : B → B, f(X) = ArX. Achar f({1, 3}). 71 Tema IV Conjuntos enumeráveis e não enumeráveis 72 Capítulo 12 Conjuntos enumeráveis e não enumeráveis 12.1 Conjuntos �nitos e in�ni- tos 73 74 75 12.2 Equipotência de conjun- tos 76 77 12.3 Propriedades de conjun- tos enumeráveis 78 79 12.4 Conjuntos não enumerá- veis 80