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A AVALIAÇÃO NO ENSINO DAS ARTES APRESENTAÇÃO Avaliar aprendizagens é uma séria questão educacional há muito tempo. A discussão sobre avali ação não deve ser feita de forma isolada de um projeto político-pedagógico, mas, sim, em um co ntexto mais amplo. Desta forma, é interessante pensar em instrumentos avaliativos que ajudem a fazer inferências s obre o processo de desenvolvimento dos alunos, em vez de optar por métodos que focam apenas resultados isolados. Nesta Unidade de Aprendizagem, você analisará a avaliação em Artes, segundo alguns teóricos de referência no tema. Conhecerá também critérios de avaliação que devem ser levados em cont a no momento de avaliar o trabalho do educando, bem como instrumentos que são aplicados na avaliação em Artes e que podem oportunizar momentos de produção, de forma bastante criativa e autônoma. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar os teóricos que estudam a avaliação.• Conhecer critérios de avaliação.• Aplicar diversos instrumentos de avaliação.• DESAFIO Para que a avaliação sirva à aprendizagem, é essencial conhecer cada aluno e suas necessidades. Assim, o professor poderá pensar em caminhos para que todos alcancem os objetivos. INFOGRÁFICO Quando se fala de avaliação, é muito importante que se atente aos instrumentos, mas em conson ância com os critérios avaliativos. O Infográfico traz alguns itens importantes que devem ser lev ados em conta no momento da organização avaliativa. CONTEÚDO DO LIVRO No capítulo A avaliação no ensino das Artes, do livro "Metodologia do Ensino de Artes", você t erá a oportunidade de conhecer e analisar alguns teóricos que estudam o tema da avaliação, assi m como os critérios que devem ser levados em conta durante este processo de grande importânci a, que é o fazer artístico do educando. Verá também a variedade de instrumentos que podem ser usados durante o processo de avaliação, para tornar este momento prazeroso e criativo. Boa leitura. METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTES Cléa Coitinho Escosteguy Romualdo Corrêa A avaliação no ensino das artes Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar os teóricos que estudam a avaliação. Conhecer critérios de avaliação. Aplicar diversos instrumentos de avaliação. Introdução A avaliação da aprendizagem é um desafio da educação há muito tempo. A discussão sobre avaliação não deve ser feita de forma isolada de um projeto político pedagógico, mas, sim em um contexto mais amplo. Contudo, é interessante pensar em instrumentos avaliativos que ajudem a fazer inferências sobre o processo de desenvolvimento dos alunos, em vez de optar por métodos que focam apenas em resultados isolados. Neste texto, você analisará a avaliação em artes, segundo alguns teóricos de referência no tema, conhecerá também critérios de avaliação que devem ser levados em conta no momento de avaliar o trabalho do educando, bem como instrumentos que são aplicados na avaliação em artes e que podem oportunizar momentos de produção, de forma bastante criativa e autônoma. A avaliação e seus teóricos Avaliar aprendizagens é um sério problema educacional há muito tempo. Desde a década de 1960, no entanto, a grande crítica são os enormes estragos da prática classifi catória e excludente: os elevadíssimos índices de reprovação e evasão, aliados a um baixíssimo nível da qualidade da educação escolar, em termos de apropriação do conhecimento ou de formação de uma cidadania ativa e crítica. Recentemente, a avaliação está também em pauta como decorrência das várias iniciativas tomadas por mantenedoras, públicas ou privadas, no sentido de reverter esse quadro de fracasso escolar. A discussão sobre avaliação não deve ser feita de forma isolada de um projeto político-pedagógico, inserido num projeto social mais amplo. Ultimamente, tem-se: analisado o papel político da avaliação, criticado muito as práticas avaliativas dos professores e indicado uma alternativa mais instrumental, mas não se apontaram caminhos mais concretos na perspectiva crítica. Marcado pelo medo de cair no tecnicismo, deixa-se para um plano secundário a dimensão técnica do trabalho. O professor busca sugestões, propostas, orientações para tão desafiadora prática; gostariam até de algumas “receitas”, embora saiba-se que estas não existem dadas a dinâ- mica e complexidade da tarefa educativa. Tem-se clareza da não existência de “modelos prontos e acabados”, entende-se que é necessário ao educador desenvolver um método de trabalho para não ficar apenas nos modismos. Ao se trabalhar com a dimensão das mediações, visamos, de um lado, a apresentar algumas possibilidades, tiradas da própria prática das instituições de ensino e dos educadores que estão buscando uma forma de superação da avaliação seletiva, e, de outro, refletir sobre possíveis equívocos que se incorre na tentativa de mudar ações tradicionais. Fazendo uma análise das dificuldades observadas para a mudança da avaliação, parece que o que tem mais força na prática da escola são coisas que não estão escritas em lugar algum (currículo oculto), quase que uma espécie de tradição pedagógica disseminada em cos- tumes, rituais, discursos, formas de organização; dá-se a impressão de que isso determina mais a prática do que as infindáveis manifestações teóricas já feitas. Ao indicar mudanças, remete-se à necessidade de envolvimento de todos com tal processo; para haver mudança, é preciso compromisso com uma causa, que pede tanto a reflexão e a elaboração teórica quanto à disposição afetiva, o querer. No entanto, assim que emerge essa compreensão, vem também a pondera- ção de que a mudança não depende apenas do indivíduo, dado que os sujeitos vivem em contextos históricos que limitam suas ações em vários aspectos. A tarefa que se coloca, a partir disso, aponta para três direções: Fortalecimento: valorizar as práticas inovadoras existentes para que não sejam efêmeras. Avanço: criar novas práticas. Crítica: não baixar a guarda em relação à presença e influência da avaliação tradicional. No cotidiano escolar, muitas vezes, o empenho se concentra na mudança das ideias (educador x colegas) a respeito da A avaliação no ensino das artes2 avaliação. Essa estratégia, embora importante, é insuficiente se não atentarmos para as estruturas de percepção e de pensamento: pode haver simples mudança de conteúdo, mas de uma forma equivocada. A grande preocupação é a mudança da prática do educador. Toda ação humana consciente e toda prática são pautadas por algum nível de reflexão. As ideias que habitam o indivíduo e a maneira como se opera com elas têm consequências práticas; a forma como agiu sobre o mundo, seja o mundo educacional, político ou econômico, é, em parte, determinada pela forma como o percebemos (VASCONCELOS, 2017 apud APPLE, 1989). A avaliação, para assumir o caráter transformador, antes de tudo deve estar comprometida com a aprendizagem da totalidade dos alunos. Esse é o seu sentido mais radical, o que justifica sua existência no processo educativo. A observação mais atenta aponta que as mudanças na avaliação têm ocorrido, mas não no fundamental, que é a postura de compromisso em superar as dificuldades percebidas. A questão principal não é a mudança de técnicas, mas a mudança de paradigma, posicionamento, visão de mundo e valores. O avanço das concepções de avaliação burocrática para a democrática pressupõe reflexões mais amplas sobre a construção do conhecimento, novas formas de aprendizagens, processo formativo, entre outros. Uma das questões em evidência centra-se na organização do espaço/tempo escolar que deve estar voltado a não fragmentação do conhecimento a partir de um currículo integrado. Na perspectiva do currículo integrado, Parsons (2005) sugere outra forma de vivenciar o currículo: ensinar para obter significado e compreensão.Em outras palavras, o autor entende o currículo como um movimento de ensino e aprendizagem. Os estudantes não aprendem parcelas de conhecimento des- conectadas e fragmentadas, mas relacionam esses saberes com seus próprios interesses e experiências de vida. É a mente (emoções, intuições, valores) do estudante que constrói essa integração. Portanto, um currículo integrado é um currículo do pensamento sobre ideias, expressões, sensações e autonomia. Nessa teia de significações, não há lugar para verdades absolutas nem para a separação entre as questões relacionadas à construção de um olhar sensível e dos conhecimentos apropriados; entre a arte e o contexto sociocultural. Essa concepção é coerente com os atuais rumos do ensino contemporâneo da arte, que articula questões como diversidades, gênero, inter e multiculturalismo, arte popular, territórios e fronteiras, dentre outras. Nesse contexto, compreende-se que as Instituições Educativas passam a ser geradoras de cultura; as aulas, espaços de aprendizagens e experiências; e a biblioteca, centro de pesquisa. 3A avaliação no ensino das artes E como a avaliação é entendida num currículo integrado? Alguns autores defendem a avaliação como possibilidade articuladora entre ensinar e aprender, entendendo-a como processo humanitário. Abramowicz (1996), por exemplo, propõe uma visão crítica e humanista de avaliação, centrada em experiências e necessidades dos estudantes, reconhecendo-os como sujeitos do processo em um contexto social, político e cultural mais amplo. Aspectos referentes à intersubjetividade e à contextualização das relações concretas delineiam cenários das discussões atuais na área da avaliação. Sacristán (1998) também considera imprescindível um esforço por parte da escola, dos professores e dos estudantes para que não haja separação dos tempos, espaços, modos e sujeitos de ensinar e aprender. Segundo o autor, essa separação desintegra-se da aprendizagem, perdendo seu valor formativo no diálogo crítico entre professores e estudantes. Para Canen e Moreira (2001), um dos caminhos possíveis para o desen- volvimento da avaliação é a diagnóstica, realizada no contexto presente com vistas ao futuro, ou seja, é um processo de construção permanente, que favo- rece a investigação e o questionamento sobre as ações realizadas, tanto pelo professor quanto pelo estudante. A avaliação nessa perspectiva deve estar em permanente compromisso com o fazer docente e com a aprendizagem do estudante em um processo contínuo que é complexo e que envolve ao mesmo tempo elementos objetivos e subjetivos. Eisner (1998), autor que vem dedicando seus estudos também às questões da avaliação no ensino da arte, entende que ela deve estar vinculada ao contexto sociocultural dos estudantes e que as práticas avaliativas sofrem influências dos conceitos teóricos e metodológicos apropriados pelos professores e pelos pressupostos filosóficos da escola. Por sua vez, Boughton, Eisner e Ligtvoet (1996), sobre avaliação em arte, sinalizam como um processo democrático cujo foco centra-se no desenvol- vimento cognitivo, perceptivo e sensível do estudante, rompendo com a ideia de avaliação redutora e fragmentada. A avaliação no ensino das artes4 Onde estaria o núcleo do problema da avaliação? No seu conteúdo: abrangência. Avaliar só o aluno ou outros aspectos do trabalho, avaliar só o aspecto cognitivo ou o aluno como um todo? Na sua forma: exigência quantitativa. A questão mais delicada é o processo, dividido entre fragmentação e continuidade? A ênfase exagerada na avaliação classificatória? O desafio de elaboração adequada dos instrumentos? A forma de expressão dos resultados (nota, conceito, parecer descritivo)? Na sua intencionalidade: finalidade, objetivo. O problema está na função a que se presta a prática educacional? No uso que se faz dos resultados da avaliação? Nas suas relações: a dificuldade principal está na metodologia de trabalho em sala de aula, nas condições de trabalho, no sistema de ensino, na condição de vida dos alunos? Enfim, a motivação, a mobilização para o conhecimento, desempenha um papel decisivo no processo de aprendizagem, uma vez que o conhecimento novo se dá a partir do conhecimento prévio, e este não está sempre disponível, sendo necessária uma carga afetiva para acioná-lo. Se desejarmos a motivação do aluno, precisamos de coragem para ir fundo na questão e superar o currículo disciplinar instrucionista, alterando a organização do trabalho pedagógico como um todo e, consequentemente, a forma de avaliar. Os critérios de avaliação no ensino das artes A arte é uma disciplina cujo nome releva da noção de ofício, no sentido que lhe é conferido atualmente pelo operador plástico, enquanto agente de intervenção crítica que, mediante o conhecimento e a valorização do patrimônio, é capaz de agir, de modo integrado, na sociedade em que está inserido. Guimarães e Souza (2011, p. 316-317) comentam que: A avaliação da aprendizagem em arte, na perspectiva laissez-faire, traduz práticas espontaneístas de ensinar e de aprender. Ao professor cabe o aceite de tudo que foi realizado pelo aluno, o respeito à expressividade e à subjetividade de todos, limitando-se a facilitar a aprendizagem dos alunos – pois não investe em seu papel de interventor. Sob a égide de conferir liberdade, o professor omite-se de enriquecer o repertório dos alunos e de oferecer critérios para a produção artística, abandonando-os dependentes de sua bagagem hereditária. 5A avaliação no ensino das artes O “não tenho dom”, o “qualquer coisa é arte” ou, ainda, “isso qualquer um faz” são implicações patentes desta perspectiva não diretiva em avaliar. Não há investimento no processo, pois o produto é dado como consequência do que é possível ao aluno realizar. Assim, este é relegado à própria sorte – nas- ceu ou não nasceu para “isso” – e a arte é apenas um canal para a expressão de sentimentos pela realização de atividades livres – situações propícias à manifestação de suas habilidades inatas. Essa avaliação laissez-faire da aprendizagem em arte tanto retira do processo pedagógico a importância da reflexão e dos aspectos cognitivos envolvidos como também aliena o aluno da realidade, pois não contextualiza ou explora a diversidade de possibilida- des e critérios do campo artístico, apartando inteligência e emoção e, dessa forma, aumentando cada vez mais a desigualdade ao acesso e à fruição da arte. Pode parecer bondoso, mas não é. Ao deixar o outro entregue à própria sorte, “lavar as mãos” quanto às elaborações e resultados alcançados pelos alunos – aceitando tudo como bom, como se nada pudesse ser melhorado – é uma triste forma de condenar à permanência no status quo. O educador “existe” para ajudar a aprender, para contribuir na superação dos problemas, para auxiliar na minimização das dificuldades. Não lhe cabe fechar os olhos. Não lhe é facultado abster-se. O ensino de arte, entretanto, não é terapia, mas parece ser, quando tudo que o aluno realiza – e até o que não realiza – precisa ser aceito em sua integralidade e quando qualquer proposição de aperfeiçoamento se constitui em “quase” mutilação da expressão criativa e individual do educando. A ênfase nas atividades expressivas, sensibilizadoras e criativas difundiu a falsa crença de que o importante era proporcionar ao indivíduo a oportu- nidade de criar, de expressar, sem nenhum tipo de interferência por parte do professor, como se a criatividade não pudesse e não devesse ser educada. Não se cuidava de orientar essa criatividade, de reelaborá-la, tal como se trabalhava outras aptidões, no sentido de que dela resultasse algo significativo (AZEVEDO, 2000). É interessante pensar em instrumentos avaliativos que ajudem a fazer inferências sobre o processo de desenvolvimento dos alunos, em vez de optar por métodos que focam resultados isolados. A avaliação no ensino das artes6 Figura 1. Formas de avaliação. Fonte: JNT Visual/Shutterstock.com.Por isso, adotar portfólios ou pastas individuais em que eles guardem todas as atividades do semestre pode ser mais produtivo do que aplicar um único teste ao término do período. Além de facilitar a identificação das habilidades adquiridas e do percurso de criação do aluno, as pastas também propiciam uma definição clara das principais dificuldades encontradas no processo. Para uma sequência de aulas teóricas, a avaliação pode ser feita com provas que exigem respostas dissertativas. Se o assunto requer diferentes habilidades de pensamento, como analisar e sintetizar – caso da leitura de uma obra –, as avaliações podem se basear na observação atenta do professor durante as aulas práticas. Enfim, para decidir o método avaliativo e os critérios a serem usados, é importante atentar para a intencionalidade da proposta, ou seja, buscar coerência entre a forma de ensinar e a forma de mensurar o aprendizado. Portanto, é importante que o educador procure, sempre que possível, analisar conjuntos de trabalhos dos alunos, pois isso favorece que cada aluno visualize sua produção em percurso de criação individual, sem se prender a um ou outro trabalho em que pode ter tido resultados de que não gostou. Procure incentivar falas sobre a própria produção e socialização dessas entre todos da sala de aula. Os juízos estéticos de bonito e feio não devem ter pertinência. O professor deve destacar a adequação técnica e a força expressiva ou construtiva dos 7A avaliação no ensino das artes trabalhos desenvolvidos com os alunos. É bom que se tenha espaço para leitura de trabalhos coletivos e individuais, avaliando, dessa forma, o individual e o coletivo. As estratégias de avaliação em arte podem ser as mais variadas e deverão ser selecionadas pelo professor, dependendo de sua disponibilidade e da in- fraestrutura física que a escola oferece. FICHA DE AUTOAVALIAÇÃO DO ALUNO NOME: ___________________________________________________________________ Quesitos Sim Não Às vezes Comentários Participo das aulas falando ou escrevendo sobre minhas ideias. Participo dos trabalhos em grupo. Faço as atividades práticas de arte propostas. Pergunto ao professor para compreender melhor. Peço ajuda ao professor e aos colegas nos trabalhos práticos, se necessário. Ajudo colegas quando solicitado. Sou organizado e cuidadoso com materiais de arte. A avaliação no ensino das artes8 O conhecimento e a expressão em artes supõem o domínio de conceitos e termos técnicos na área. Para saber arte, o aluno deve incorporar em seu vocabulário alguns termos específicos, bem como saber inter-relacioná-los. A aferição desse vocabulário propiciará meios para que ele possa tanto pensar como fazer e apreciar arte. A avaliação formativa deve ser constante no processo educacional. Ao ser escolhida como o método de avaliação em arte, deixa-se claro que ela deverá ser utilizada de forma coerente e estruturada, de modo que se tenha um ensino de arte comprometido com a construção de conhecimento e o envolvimento com sentimentos e emoções, com a possibilidade de expressão individual e coletiva. Instrumentos de avaliação no ensino das artes Por muito tempo, as aulas de arte cumpriram o papel de enfeitar as paredes da escola – e talvez isso aconteça ainda hoje. Os professores propunham aos alunos atividades nas quais o produto fi nal era mais importante do que o processo. Quando o tema da aula eram artes visuais, os alunos estudavam técnicas de pintura e desenho, por exemplo. Nas aulas de música, dança e teatro, ensaiavam para apresentações em datas comemorativas. Por isso, os educadores apenas forneciam materiais, espaço e estrutura para as turmas criarem. Não conheciam com precisão os objetivos didáticos nem tinham clareza dos conteúdos a abordar. A ideia de acompanhar o percurso de produção dos alunos não é recente, e tornou-se central na Escola Nova, nos anos 1960. Nesse período, os processos de aprendizagem começaram a determinar a rotina de sala de aula. Trabalhar em ateliês livres se tornou uma estratégia. Qualquer intervenção dos professores era considerada prejudicial ao processo criador por ser indutora ou até mesmo bloqueadora das buscas individuais. A educadora Rosa Iavelberg (2003) diz que esse modelo foi batizado de escola espontaneísta (ou de livre expressão). “Tudo para permitir que a arte surgisse naturalmente, de dentro para fora, e sem orientações que pudessem atrapalhar esse processo”, explica a autora. “Achava-se que a criança tinha uma arte própria e o adulto não deveria interferir” (IAVELBERG, 2003). A proposta extrema de preservar a criação foi fundamental para marcar a ideia de que a arte tem como princípio a liberdade. Esse era um valor central naquele momento histórico, presente nas manifestações artísticas da época. A 9A avaliação no ensino das artes escola de livre expressão deu um passo importante para aproximar os campos da arte e educação. Iniciou-se um movimento presente até hoje nas concepções contemporâneas de ensino de arte. Vivemos em um tempo em que produtos e resultados são supervalorizados. É im- portante destacar que produtos finais nem sempre revelam as aprendizagens dos estudantes. Por isso, precisamos pensar em como avaliar os processos de criação levando em consideração sua dimensão subjetiva. Portanto, a avaliação precisou ser vista com os seguintes requisitos: ser coerente, contínua, formativa, compreendida pelos estudantes e absolutamente integrada à prática artística; para isso, os instrumentos também foram inovados. Pasta/portfólio Cada aluno terá sua pasta individual, na qual colocará sua produção e todo material que considerar interessante como referência para futuras produções ou estudos. O professor tem acesso fácil, assim, ao produto do desenvolvimento de suas aulas. O portfólio permite, ainda, que o professor tenha um registro constante do processo de aprendizagem do aluno, pois nele ficam praticamente todos os materiais que lhe proporcionem interesse e que tenham sido resultado do trabalho em arte. O uso do portfólio está ligado a uma concepção de ensino e aprendizagem que permite a construção autônoma por parte dos estudantes. Essa noção respeita diferentes trajetórias com base em um projeto curricular comum e definido. Os portfólios podem ser físicos ou virtuais e devem revelar particularidades do processo criador. Cada estudante seleciona, dentre as atividades propostas e realizadas, textos lidos e discutidos, textos escritos, trabalhos práticos rea- lizados, entre outros. Por isso, pode-se dizer que os portfólios indicam quais foram as atividades significativas para as aprendizagens e permitem localizar dificuldades e problemas, além de projeções futuras. Também colocam em evidência estratégias particulares e diferentes de conhecimentos construídos A avaliação no ensino das artes10 em uma mesma situação de ensino. Fica claro como cada estudante se apro- priou dos conteúdos relativos ao projeto. O processo evidencia objetivos que o professor não poderia prever, mas que são gerados no diálogo entre o que se ensina e o que se aprende. Assim como Salles (2012), Hernandez (2000) defende o portfólio utilizado nas artes visuais como instrumento para avaliação. Esse autor defende que [...] o portfólio oferece aos alunos e professores uma oportunidade para refletir sobre o progresso dos estudantes em sua compreensão da realidade, ao mesmo tempo em que possibilita introduzir mudanças durante o desenvolvimento do programa de ensino. Além disso, permite aos professores considerarem o trabalho dos alunos não de uma forma pontual e isolada, como acontece com as provas avaliadoras tradicionais, mas sim no contexto do ensino e como atividade complexa baseada em elementos e momentos de aprendizagem que se encontram relacionada. (HERNANDEZ, 2000, p.165) Em suma, o portfólio abarca a dimensão temporal e permite uma retomada das ações a partir de registros gráficos, escrituras, desenhos,fotografias, anotações e projetos. Mais importante, suscitam reflexões acerca da relação com esses documentos. É assim que ajudam a compreender os movimentos envolvidos na criação. Protocolos Professores de artes cênicas e dança podem usar protocolos, instrumentos propostos pelo dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956), para materializar o pensamento na criação coletiva. São escrituras, mas podem ser também imagens e poemas, elaboradas ao fi nal dos encontros e lidas no início do encontro seguinte, sempre por um ou dois integrantes da turma. Os protocolos precisam constituir-se como material para o processo de trabalho e estar integrados a ele para fazer sentido. Assim como o corpo, o espaço, a palavra, a luz e a música, o protocolo é um elemento essencial para se mergulhar na linguagem. O registro elucida a busca, a trajetória, a experi- ência, o saber, o questionamento e revela a dimensão colaborativa da criação. Além dos protocolos, podemos considerar o próprio corpo um instrumento eficiente de registros e construção processual. É possível existir uma memória do corpo, alternativa para guardar movimentos e gestos criados e recriados. O 11A avaliação no ensino das artes corpo, ao expressar-se, pode mostrar nele próprio o que palavras não abarcam. Movimentos criados individualmente podem ser experimentados por todos. Como afirmou o dançarino Rudolf Von Laban (1879-1958), adquire-se conhecimento por meio do corpo. Corpo e mente são parte de uma mesma realidade. Tomar consciência da memória corporal, individual e do grupo dá uma dimensão de como o corpo está no mundo, além de constituir material para criações futuras. Tirar fotos e gravar vídeos também permite refletir sobre o processo criativo e, ao mesmo tempo, explorar a linguagem desses suportes. É uma experiência que atende simultaneamente às dimensões de documentação e à linguagem artística. Ao dar visibilidade ao processo de criação, fotos e vídeos ajudam a atribuir novos valores à prática artística. Materializam momentos invisíveis, como a relação do público com a produção. Ao fazer isso, revelam princípios e con- ceitos subjacentes ao espetáculo. Também evidenciam descobertas e etapas não necessariamente visíveis ao público, mas decisivas para compreender os trabalhos e os processos envolvidos. Podem servir de exemplo as seguintes etapas: a experimentação, as trocas e a pesquisa em diferentes fontes de referências. Fotos e vídeos, assim como os outros instrumentos citados neste artigo, revelam o processo de construção e reconstrução permanentes típicos do criar – um gesto inacabado. Cadernos de artista Podem ser um dos documentos para realizar a avaliação processual. Possi- bilitam observar o ir e vir, o pensamento presente quando se produz algo, os caminhos percorridos, as descobertas e difi culdades, os projetos, as alterações de rota, as pesquisas e investigações que se ramifi cam por diferentes campos. Evidenciam a qualidade do inacabado, contrapondo-se às ideias de perfeição tão enraizadas quando se trata da arte. “Discutir o ato criador a partir de sua materialidade, ou seja, os registros que o artista deixa deste percurso, amplia, necessariamente, as discussões que envolvem a criatividade.” (SALLES, 2012). Diário de bordo Caderno de anotações, gravador ou câmera no qual o aluno registra aconteci- mentos, seus pensamentos, seus sentimentos, o que aprendeu, suas facilidades, difi culdades etc. A avaliação no ensino das artes12 No diário de bordo, o professor verificará todo o caminho que o aluno percorreu para realização de determinadas atividades, seus sentimentos, suas emoções individuais. Isso oferece respaldo significativo para a aprendizagem e para o professor, que pode ter uma atitude reflexiva em relação ao próprio trabalho. Autoavaliação Pode ser oral ou escrita, individual ou em grupo, em que o aluno relata o que aprendeu seu comportamento e suas atitudes em relação às aulas de arte. É fundamental, pois o professor poderá verificar tanto se o seu trabalho quanto o do aluno estão se concretizando, fazendo com que interajam no processo de construção e de ampliação do próprio conhecimento em arte, bem como lidem com o socioemocional. Entrevista Pode ser feita pelo professor ao longo do ano. Deve ser preferencialmente gravada, podendo ser também registradas as observações dos alunos durante o período. Com a entrevista, professor e aluno estarão obtendo informações sobre o andamento do processo educativo em arte. É importante para que o aluno resgate ideias que não foram registradas de outra maneira ou que se perderam. Potencialmente, propicia que, ao longo do tempo, professor e aluno possam ter uma visão mais integral dos processos de criação e de construção de conhecimento. Aferições conceituais e de termos técnicos São questionários e testes que, aplicados de tempos em tempos, contribuem para a avaliação do domínio do vocabulário próprio de referência técnica e conceitual da arte. A avaliação formativa deve ser constante no processo educacional. Ao ser escolhida como o método de avaliação em arte, deixa-se claro que ela deverá ser utilizada de forma coerente e estruturada, de modo que se tenha um ensino de arte comprometido com a construção do conhecimento e o envolvimento com sentimentos e emoções, com a possibilidade de expressão individual e coletiva. 13A avaliação no ensino das artes Veja algumas práticas que podem ajudar o professor a concretizar, em sala de aula, uma intencionalidade libertadora da avaliação: Adequar o nível de exigência; ser professor dos alunos concretos que tem e não virar professor de “determinados conteúdos preestabelecidos”; Desenvolver metodologia de trabalho interativa em sala de aula; Abordar o conteúdo de forma diferente e buscar expressões diversificadas do conhecimento; Fazer retomada dos assuntos (currículo em espiral ascendente); Trabalhar as dificuldades assim que se manifestarem; não deixar acumular; Dialogar sobre as dificuldades dos alunos na aprendizagem (postura de investi- gação, pesquisa); Ajudar os alunos a se localizar no processo de ensino-aprendizagem (metacognição); Adequar o nível de dificuldade das atividades propostas em sala (atuar na zona de desenvolvimento proximal), levando o aluno ao sucesso na sua realização e, consequentemente, fortalecendo sua autoestima, o que é condição para novas aprendizagens. A arte-educadora Ana Mae Barbosa afirma que a cida- dania e o respeito à diferença entre grupos culturais são produtos diretos do ensino da arte. Assista ao vídeo disponível no link ou código a seguir: https://goo.gl/kWkghA A avaliação no ensino das artes14 ABRAMOWICZ, A. A menina repetente. Campinas: Papirus, 1996. (Coleção Magistéro: Formação e Trabalho Pedagógico). AZEVEDO, W. Educação a distância na universidade do século XXI. Aquifolium, 2000. Disponível em: <http://www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/spof2.html>. Acesso em: 27 fev. 2010. BOUGHTON, D.; EISNER, E. W.; LIGTVOET, J. (Ed.). Evaluating and assessing the visual arts in education: international perspectives. New York: The Teachers College, 1996. CANEN, A.; MOREIRA, A. F. B. (Org.). Ênfases e omissões no currículo. Campinas: Papirus, 2001. EISNER, E. W. El ojo ilustrado. Buenos Aires: Paidós, 1998. GUIMARÃES, A. L. B.; SOUZA, N. A avaliação da aprendizagem em arte: sendas per- corridas. 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Marque a alternativa que conceitua de forma clara e coesa este tipo de avaliação. A) Na avaliação transformadora da aprendizagem predominam os aspectos quantitativos. Nest a concepção, a avaliação deve ter uma finalidade diagnóstica, voltada para o levantamento das dificuldades dos alunos, com vistas à correção de rumos, à reformulação de procedime ntos didáticos. B) Na avaliação transformadora da aprendizagem predominam os aspectos qualitativos sobre os quantitativos. Nesta concepção, a avaliação deve ter uma finalidade diagnóstica, voltada para o levantamento das dificuldades dos alunos, com vistas à correção de rumos, à reform ulação de procedimentos didáticos ou até mesmo dos objetivos. C) Nesta concepção, a avaliação não necessita ter uma finalidade diagnóstica, voltada para o l evantamento das dificuldades dos alunos, com vistas à correção de rumos, à reformulação de procedimentos didáticos ou até mesmo dos objetivos. D) Nesta concepção, a avaliação deve ter uma finalidade diagnóstica, voltada para o levantam ento das dificuldades dos alunos, com vistas à correção de rumos, e não à reformulação de procedimentos didáticos ou até mesmo dos objetivos. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/0178212b7aacdfb7267c56a24aa832e2 E) Na avaliação transformadora da aprendizagem predominam os aspectos qualitativos sobre os quantitativos. Nesta concepção, a avaliação deve ter uma finalidade diagnóstica, mas se m levar em conta, neste momento, as dificuldades dos alunos. 2) Os estudantes não aprendem de forma desconectada e fragmentada, por isso a impor tância do Currículo Integrado. Marque a resposta que explica este tipo de Currículo. A) O Currículo Integrado faz parte de uma concepção de organização da aprendizagem que te m como finalidade oferecer uma educação que contemple todas as formas de conheciment o produzidas pela atividade humana. B) Trata-se de uma visão progressista de educação na medida em que não separa o conhecime nto acumulado pela humanidade na forma de conhecimento científico daquele adquirido p elos educandos no cotidiano das suas relações culturais e materiais. C) O Currículo Integrado parte da escola, dos professores e dos estudantes para que haja separ ação dos tempos, dos espaços, dos modos e dos sujeitos de ensinar e aprender. D) O Currículo Integrado provoca uma separação. Essa separação desintegra-se da aprendizag em perdendo seu valor formativo no diálogo crítico entre professores e estudantes. E) O Currículo Integrado faz parte de uma concepção administrativa da aprendizagem que te m como finalidade oferecer uma educação que contemple todas as formas de conheciment o produzidas pela atividade humana. 3) Marque a alternativa correta. Por muito tempo, as aulas de artes foram destinadas à mera decoração das paredes das escolas para datas comemorativas. Talvez isso ainda aconteça em situações mais isoladas, porém sabemos que o ensino de arte na contemp oraneidade não mais se caracteriza por ser acessório da aprendizagem, ao contrário: A) Aprender arte envolve, exclusivamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre e les. B) Através das Artes, avalia-se o grau de desenvolvimento mental das crianças, suas predispo sições, seus sentimentos. A Arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo part icular de dar sentido às experiências das pessoas: por meio dela, o aluno amplia a sensibiliC) dade, a percepção, a reflexão e a linguagem. D) As Artes abrangem apenas conhecer a história da arte, pois também é importante para con hecermos a nós mesmos. E) Através das Artes, não pode-se avaliar o grau de desenvolvimento mental das crianças, seu s sentimentos, além de estruturar a capacidade criadora, desenvolver o raciocínio, a imagin ação, menos a percepção e o domínio motor. 4) Não basta examinar os produtos finais dos alunos. É preciso avaliar o processo de cri ação através de diversos instrumentos. O portfólio é um dos instrumentos de avaliaçã o. Escolha a resposta que explica corretamente a sua função: A) O uso do portfólio está ligado a uma concepção de ensino e aprendizagem que não permite uma autonomia no fazer artístico por parte dos estudantes. B) O portfólio permite aos professores considerarem o trabalho dos alunos de uma forma pont ual e isolada, como acontece com as provas avaliadoras tradicionais. C) O portfólio, no contexto do ensino e como atividade complexa baseada em elementos, torn a o trabalho menos democrático para o educando. D) O uso do portfólio está ligado a uma concepção de ensino e aprendizagem que permite a c onstrução autônoma por parte dos estudantes. Essa noção respeita diferentes trajetórias co m base em um projeto curricular comum e definido. E) O portfólio pode ser físico ou virtual e deve revelar particularidades do processo criador. C ada estudante seleciona uma das atividades significativas para descrever. 5) A reflexão sobre o próprio desempenho é um meio eficiente para o aluno aprender a i dentificar e a corrigir seus erros. Sendo assim, marque a resposta que, corretamente, explica o objetivo principal da autoavaliação. A) Esse processo da autoavaliação pode ir além da análise do domínio de conteúdos e conceit os e mostra como está a relação entre os colegas e seus familiares. B) O processo de autoavaliação é importante para que todos possam expor sua análise, discuti r somente com o professor, relatar suas dificuldades e aquilo que não aprenderam. C) A autoavaliação, apesar de ser uma forma inovadora, não promove a autonomia dos educa ndos, já que esse é um processo que depende do professor. D) A autoavaliação oportuniza ao aluno a oralidade e a possibilidade de expressar-se com libe rdade, já que dessa forma o aluno evidencia o que sente. E) As conclusões da autoavaliação podem servir tanto para suscitar ações individuais como p ara redefinir os rumos de um projeto para a classe como um todo. NA PRÁTICA Para muitos professores, antes valia o ensinar. Hoje, a ênfase está no aprender. Isso significa um a mudança em quase todos os níveis educacionais: currículo, gestão escolar, organização da sala de aula, tipos de atividade e, claro, o próprio jeito de avaliar a turma. O professor deixa de ser aquele que passa as informações para virar quem, numa parceria com cr ianças e adolescentes, prepara todos para que elaborem seu conhecimento. Em vez de despejar c onteúdos em frente à classe, ele agora pauta seu trabalho no jeito de fazer os alunos desenvolver em formas de aplicar esse conhecimento no dia a dia.Conheça uma experiência em avaliação que deu muito certo: Rodrigo é educador de Artes do 7º ano de uma escola municipal. Aplicando uma série de tarefas avaliativas, ele consegue analisar formas de expressão do aluno, como ler e interpretar, desenha r, pesquisar e buscar informações. Os instrumentos são aplicados de acordo com o tema trabalha do e todas as impressões viram relatório. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A cada etapa do processo avaliativo, o professor elege alguns aspectos e objetivos a analisar. Sis tematizando essas etapas, ao final do tema “Arte na Época das Navegações”, ele ficou com uma visão geral de cada um ao longo de todo o processo. Conceitos não assimilados ou objetivos não atingidos são sempre revistos. E isso pode ocorrer e m atividades interdisciplinares. Com a professora de História, Rodrigo retomou os aspectos cult urais do encontro entre portugueses e índios. Os alunos capturaram imagens na Internet e recons truíram a cena. No trabalho de Rodrigo, a avaliação visa à melhoria da aprendizagem porque o professor não te m a preocupação de classificar melhores e piores, mas de fazer com que todos aprendam. Para is so, diversifica o planejamento. Os alunos são respeitados em sua individualidade e podem obser var seus progressos em relação a si próprios, dentro do ritmo de aprendizagem de cada um. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Avaliação Mediadora - Jussara Hoffmann Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/RWgqJVBpUQg
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