Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DESCRIÇÃO Indicação e prescrição de órteses para joelho, tornozelo e pé. PROPÓSITO Conhecer a biomecânica das articulações de joelho, tornozelo e pé para a identificação, como fisioterapeuta, do tipo de órtese ideal para cada paciente PREPARAÇÃO Antes de iniciar a leitura deste conteúdo, tenha em mãos um atlas de anatomia humana para identificar e visualizar com clareza todas as estruturas que serão apontadas no decorrer deste texto. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar conceitos básicos da biomecânica do tornozelo e pé, bem como a relação entre algumas debilidades e as possibilidades de órteses MÓDULO 2 Identificar conceitos básicos da biomecânica do joelho e a relação entre algumas debilidades e as possibilidades de órteses INTRODUÇÃO As órteses são dispositivos que buscam modificar as características de alguma estrutura corporal ou de um membro que esteja precisando de suporte (disfunção ou deformidades) para realizar as funções corporais adequadas e consequentemente melhorar as habilidades funcionais que estejam alteradas. Elas servem como auxílio na reorganização corporal pela melhoria no alinhamento das estruturas físicas, gerando um posicionamento mais adequado para a realização dos movimentos preservados e melhorando a qualidade de vida do indivíduo. As principais habilidades funcionais atingidas por uma alteração nas estruturas do joelho, do tornozelo e do pé são sentar, levantar, caminhar, correr e saltar. Podemos encontrar indivíduos com paralisias graves que impossibilitam a execução dessas habilidades, tornando-os totalmente dependentes. Nesse caso, são necessárias as órteses para posicionamento ou alongamento, visando a prevenir lesões secundárias, como contraturas e deformidades, e diminuir ou prevenir quadros álgicos devido à imobilidade. Por isso, é extremamente importante uma avaliação cinesiológica funcional para a indicação e a prescrição adequadas a cada indivíduo. Estudaremos neste conteúdo os principais movimentos do joelho, do tornozelo e do pé, fazendo uma breve revisão da anatomia e da biomecânica dessas articulações, além de aprendermos a identificar as principais órteses. Com isso, poderemos indicá-las de acordo com as alterações apresentadas nesses segmentos corporais a fim de que haja uma melhora das habilidades funcionais, um aumento da capacidade funcional, uma maior independência nas atividades de vida diária (AVD) e uma melhora da qualidade de vida dos nossos pacientes e dos seus familiares. Aviso: orientações sobre unidades de medida. javascript:void(0) AVISO: ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (exemplo: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (exemplo: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades TORNOZELO E PÉ O tornozelo e o pé são estruturas corporais com funções muito importantes relacionadas à habilidade de caminhar, saltar e correr. Essas estruturas absorvem o impacto com o solo e propiciam a liberação de energia propulsora durante a caminhada, a corrida e os saltos. Quando alguma estrutura relacionada com o tornozelo ou o pé tem alterações – nas articulações, nos tecidos conectivos ou nos músculos –, tais funções ficam prejudicadas, dificultando ou impedindo a realização das habilidades funcionais. Essas alterações podem ter diversas origens, como um desequilíbrio de força muscular causado por trauma ou decorrente de alguma doença, além da possibilidade de uma origem congênita. MÓDULO 1 Identificar conceitos básicos da biomecânica do tornozelo e pé, bem como a relação entre algumas debilidades e as possibilidades de órteses É nesse momento que o fisioterapeuta tem de avaliar a indicação e a prescrição de uma órtese – temporária ou definitiva – a fim de habilitar ou reabilitar o indivíduo com movimentos o mais próximo possível do natural e consequentemente auxiliá-lo na execução das habilidades funcionais. Você sabe o nome de cada osso do nosso pé? É o que veremos a seguir. ANATOMIA DO TORNOZELO E PÉ O tornozelo envolve a articulação talocrural (tíbia versus tálus) e a sindesmose tibiofibular (tíbia versus fíbula). Já o pé envolve as articulações interfalângicas, metatarsofalângicas, tarsometatarsal (cuneiformes versus bases dos ossos metatarsais) e intertarsais: ARTICULAÇÃO SUBTALAR Tálus versus calcâneo; ARTICULAÇÃO TALOCALCANEONAVICULAR Tálus versus calcâneo versus navicular ARTICULAÇÃO CALCANEOCUBOIDEA Calcâneo versus cuboide Vale ressaltar que o osso tálus pode ser referido como um osso do tornozelo ou do pé. Além dos ossos e das articulações, o tornozelo e o pé contam com outras estruturas importantes, como os nervos, os ligamentos, os tendões e os músculos. Todas essas estruturas precisam estar íntegras e alinhadas para que haja um movimento adequado, promovendo as habilidades funcionais. Ossos do tornozelo e pé. Em alguns casos, a lesão pode acontecer no nível da medula espinhal, ou seja, na origem dos nervos responsáveis pelos estímulos musculares, sensitivos ou proprioceptivos. Por isso, é muito importante avaliar o motivo da disfunção de cada estrutura corporal. ARCOS DO PÉ Os ossos e as articulações do pé estão dispostos de uma maneira que forma dois arcos. Esses arcos sustentam o peso corporal e fornecem uma força mecânica durante a marcha; mantidos por ligamentos e tendões, eles funcionam como uma espécie de amortecedor devido à sua maleabilidade. Conforme o peso corporal é colocado sobre os pés, eles vão cedendo. À medida que o peso é retirado, eles retornam à posição inicial. Dessa forma, além de amortecer os impactos, também armazenam energia para o próximo passo. É importante ressaltar que os arcos plantares se desenvolvem ao longo do tempo de acordo com o crescimento ósseo e o desenvolvimento das estruturas corporais adjacentes. Em geral, entre 12 e 13 anos de idade eles já estão completamente desenvolvidos. O arco longitudinal possui duas partes: uma medial (inicia no calcâneo, sobe pelo tálus e desce pelo navicular, três cuneiformes e três metatarsais mediais) e uma lateral (inicia no calcâneo, sobe pelo cuboide e desce pelos dois metatarsais laterais). A parte medial do arco longitudinal não toca o solo durante a marcha em superfície dura por ser muito alta. O arco transverso é formado pelo navicular, pelos três cuneiformes e pelas bases dos cinco metatarsais. Ele se estende da face medial até a face lateral. Arcos plantares. Os arcos plantares podem apresentar alterações tanto para o aumento da curvatura quanto para a retificação dela. Com isso, toda a mecânica de amortecimento sofre alteração, além de interferir no eixo corporal, prejudicando todas as articulações acima dela, o que inclui a coluna vertebral. Por esse motivo, devemos ficar atentos às estruturas corporais que envolvem o arco plantar: ossos, músculos, ligamentos e peso corporal. PÉ CAVO Quando o arco plantar se apresenta bem acentuado – ou seja, com a curvatura aumentada – dizemos que esse paciente tem um pé cavo. Normalmente, os tornozelos apresentam nesses casos um posicionamento em varo. PÉ CHATO Quando o arco plantar está retificado – ou seja, quando a sola do pé toca o chão ou quase o toca, com ausência ou diminuição da curvatura plantar – dizemos que o paciente tem um pé plano ou pé chato. Normalmente, os tornozelos apresentam nesses casos um posicionamento em valgo. ATENÇÃO Deve-se levar em consideração o peso corporal do paciente, já que o pé pode se apresentar plano devido a um excesso de peso corporal associado a uma fraqueza muscular. Nesses casos, o paciente apresenta ausência da curvatura plantar apenas quando coloca a carga corporal sobre os pés (posição ortostática). Em outros casos, o pé plano pode ocorrer por alteraçãoestrutural, isto é, os ossos responsáveis pela curvatura apresentam-se retos (retificados). As alterações nos arcos plantares parecem simples; no entanto, quando não corrigidas adequadamente, podem causar lesões secundárias muitas vezes irreversíveis. Entre tais lesões, podemos citar as alterações musculares, como encurtamentos e contratura; as estruturais, como joelhos em valgo ou varo; e até mesmo alterações na coluna vertebral, como a escoliose. Alterações nos arcos plantares e no eixo corporal. BIOMECÂNICA DO TORNOZELO E PÉ Agora que você já viu algumas estruturas do tornozelo e do pé, relacionaremos os principais movimentos dessas articulações com os músculos e nervos envolvidos: dorsiflexão, plantiflexão, eversão e inversão. Lembre-se de que algumas lesões medulares podem interferir nesses movimentos. DORSIFLEXÃO OU FLEXÃO DORSAL Dorsiflexão ou flexão dorsal acontece quando há um movimento do pé para cima, isto é, na direção do dorso (face superior). Esse movimento ocorre quando ficamos na posição ortostática e é acentuado no momento da marcha. Algumas estruturas envolvidas no movimento de dorsiflexão são: Articulações – tibiofibular e talocrural; Músculos – tibial anterior, extensor longo do hálux, extensor longo dos dedos e fibular terceiro; Nervo – fibular profundo. FLEXÃO PLANTAR A flexão plantar acontece quando ocorre um movimento do pé para baixo, isto é, na direção da face inferior ou plantar (ponta de pé). Trata-se de um movimento muito importante para a realização da marcha e essencial para o salto. Algumas estruturas envolvidas no movimento de flexão plantar são: Articulações – tibiofibular e talocrural; Músculos – fibular longo, fibular curto, gastrocnêmio, sóleo e plantar; Nervos – fibular superficial e tibial. Dorsiflexão javascript:void(0) Flexão plantar EVERSÃO A eversão é o movimento que gira lateralmente o pé, afastando a planta do pé do plano mediano. Ela é potencializada com a extensão dos dedos (principalmente o 3º, o 4º e o 5º) e se completa quando está associada com a dorsiflexão. Quando um paciente apresenta uma postura do tornozelo em eversão, dizemos que ele possui uma condição de tornozelo em valgo: desvio medial no alinhamento das porções proximal e distal. A pronação do pé é uma associação da eversão com abdução, resultando em um deslocamento inferior do bordo medial do pé. Quando um indivíduo apresenta pés planos, podemos dizer que ele tem os pés pronados. Algumas estruturas envolvidas no movimento de eversão são: Articulações – intertarsais; Músculos - fibular longo, fibular curto e fibular terceiro; javascript:void(0) Nervos - fibular superficial e profundo. INVERSÃO A inversão é o movimento oposto à eversão, ou seja, que gira medialmente o pé. A inversão é potencializada com a flexão dos dedos (principalmente, o hálux e o 2º dedo) e se completa quando está associada com a flexão plantar. Quando um paciente tem uma postura em inversão do tornozelo, dizemos que ele apresenta uma condição em varo: desvio lateral no alinhamento das porções proximal e distal. A supinação do pé é uma associação da inversão com adução e resulta na elevação do bordo medial do pé. Algumas estruturas envolvidas no movimento de inversão: Articulações - intertarsais Músculos - tibial anterior e fibular terceiro; Nervo - fibular profundo. Movimento de inversão e eversão comparado com o pé em repouso. MOVIMENTO DOS DEDOS Os dedos dos pés também possuem uma grande importância funcional. Como vimos anteriormente, os movimentos do tornozelo e dos pés podem ser acentuados quando os realizamos com os dos dedos, incluindo a eversão e a inversão. Isso acontece porque diversos músculos responsáveis pelos movimentos dos dedos estão localizados na perna e no pé – e muitos deles cruzam a articulação do tornozelo. Os principais movimentos dos dedos dos pés são: Adução - quando os dedos estão na postura relaxada (fechados); Abdução - quando os dedos se abrem como se fossem um leque, ou seja, afastam-se uns dos outros; Extensão - quando os dedos apontam para cima (no sentido da dorsiflexão); Flexão - quando os dedos estão voltados para baixo (no sentido da flexão plantar). ÓRTESES PARA TORNOZELO E PÉ Agora que já relembramos os principais movimentos do tornozelo e do pé, assim como algumas de suas estruturas e funções, podemos ter uma noção de como indicar e prescrever as órteses de tornozelo e pé. As órteses para tornozelo e pé precisam ser indicadas e prescritas de acordo com a região acometida, bem como o tipo de órtese e confecção (material utilizado). Além disso, deve-se ter o cuidado de respeitar as habilidades funcionais a serem adquiridas ou auxiliadas sem prejudicar as que estão íntegras. Veremos a seguir os tipos de órteses para tornozelo e pé AFO – ANKLE FOOT ORTHOSES (TORNOZELO E PÉ), SUROPODÁLICAS OU TUTOR CURTO Normalmente, as órteses AFO são indicadas nos casos de perda da função fisiológica de movimentação ativa e estabilização do tornozelo devido a alterações nos músculos da perna. Seus principais objetivos são: Prevenir deformidades em equino; Favorecer a aquisição da amplitude de movimento de dorsiflexão (no caso das articuladas); Manter o alinhamento e o movimento articular, melhorando o desempenho e a qualidade da marcha pelo meio do controle das cargas de peso, do alinhamento corporal e do equilíbrio. As AFO são muito utilizadas nos casos de espasticidade para posicionamento e alongamento muscular. Quando o paciente realiza marcha, optamos pela AFO articulada (alinhada com os maléolos e o plano frontal), facilitando a caminhada (flexão dorsal) e impedindo a rotação da perna durante a transferência do peso corporal. ATENÇÃO Lembre-se de que a prescrição depende das habilidades funcionantes de cada indivíduo. Nesses casos, é muito comum uma prescrição sob medida. Geralmente, usa-se o polipropileno com fechamento em velcro. Nos casos de prescrição de órteses infantis, existe a possibilidade de estampar desenhos na órtese. Em geral, o profissional que confecciona a órtese infantil solicita que a própria criança escolha a sua estampa, desde que ela tenha capacidade cognitiva para fazer tal escolha. Em alguns casos, a AFO pode ser prescrita para ser usada temporariamente, como, por exemplo, em lesões traumáticas. Pode-se prescrever órteses fabricadas em neoprene ou a utilização das bandagens elásticas, muito usadas em atletas ou em casos nos quais a órtese limita os movimentos íntegros. AFO articulada em polipropileno com fechamento em velcro. AO – ANKLE ORTHOSES (TORNOZELO) As órteses de tornozelo têm como principal objetivo promover a estabilidade articular, dando um suporte extra para os ligamentos e músculos. No entanto, também podem ser indicadas para auxiliar o movimento da marcha ou para imobilização da articulação. No caso de estabilização, elas conseguem aumentar o torque da articulação do tornozelo de forma a neutralizar o movimento de inversão e manter a articulação na posição anatômica, prevenindo lesões secundárias (contraturas ou deformidades). Por isso, são muito utilizadas em atletas que sofrem alto impacto na articulação, como, por exemplo, os de atletismo, futebol, vôlei e basquete. As órteses de tornozelo podem ser confeccionadas por um material flexível com cadarços para fixação (lace-up ) ou com dois apoios laterais confeccionados em plástico (stirrup ) de modo geral. Além desses dois tipos, também podem ser utilizadas bandagens elásticas ou fabricadas em neoprene (de fácil aquisição em lojas de materiais médicos ou até mesmo em drogarias). Órtese com apoios laterais fabricada em polipropileno com fechamento em velcro. Exemplo de órtese fabricada em neoprene. Exemplo de colocação de bandagem elástica. FO – FOOT ORTHOSES (PÉ) As órteses para os pés podem ser fabricadas (padrão predefinido) ou confeccionadas sob medida (customizadas para determinado indivíduo). Quando feita sob medida, a órtese promoveum contorno e tamanho adequado, aproximando-se da morfologia da superfície plantar e respeitando as características anatômicas daquele indivíduo. Atualmente, é comum a realização da avaliação do tipo de pisada do indivíduo para a indicação de palmilhas, como a baropodometria, o teste da pisada e a avaliação tridimensional do movimento. Essa avaliação identifica a distribuição do peso corporal em cada pé, apontando os pontos de maior sobrecarga e pressão nas solas dos pés. Dessa forma, elas permitem que a órtese seja confeccionada de acordo com a alteração específica da pisada de cada paciente. AS PRINCIPAIS FO SÃO: CALCANHEIRAS Apoiam somente o calcanhar; PALMILHAS 2/3 Terminam antes da cabeça dos metatarsos; PALMILHAS 3/4 Terminam na altura da cabeça dos metatarsos; PALMILHAS INTEIRAS Acomodam toda a sola do pé. As principais indicações para FO são: alívio de zonas de pressão dolorosas, de úlceras e de calosidades ou para dar suporte aos arcos plantares (longitudinal e transversal) do pé. Além disso, podem ser indicadas para alterar a postura dele a fim de corrigir o alinhamento das outras articulações ipsilaterais (alinhamento postural), como ocorre, por exemplo, no caso dos pés pronados ou supinados e naqueles em que existe uma discrepância no comprimento dos membros inferiores. As calcanheiras podem ser indicadas para absorver o impacto do contato do calcanhar com o solo e transferir a carga para o antepé. Muito indicadas para esporão de calcâneo, contratura do tendão de aquiles e desalinhamento da região posterior do pé e do retropé, elas podem ser compradas facilmente em lojas de materiais médicos ou até mesmo em drogarias. PALMILHA FEITA SOB MEDIDA CALCANHEIRA FABRICADA EM SILICONE Mas como saber qual órtese se deve prescrever para cada paciente? INDICAÇÃO E PRESCRIÇÃO Quando vamos indicar e prescrever uma órtese de tornozelo e pé, precisamos fazer uma avaliação minuciosa das estruturas corporais, como, por exemplo, ossos, articulações, ligamentos, tendões e músculos. Além disso, devemos identificar os movimentos que estão alterados e aqueles preservados. Quando houver preservação de algum movimento, teremos de levar em consideração a qualidade do movimento e tomar cuidado para não indicar uma órtese que limite aquele que se apresenta íntegro. ATENÇÃO É de extrema importância considerar se o paciente apresenta habilidades funcionais já adaptadas e se elas podem ou não prejudicar outros segmentos corporais ou apresentar possíveis lesões secundárias devido a posições viciosas (contraturas ou deformidades). Nesse caso, você deve conversar com seu paciente, seus familiares ou seus cuidadores para convencê-los de que a qualidade do movimento será importante para prevenir outras alterações. INDICAÇÃO E PRESCRIÇÃO DE ÓRTESE DE TORNOZELO E PÉ Neste vídeo, a especialista abordará a importância da avaliação e das orientações a serem dadas para o paciente e seus familiares/cuidadores na hora de indicar e prescrever uma órtese para tornozelo e pé. VEM QUE EU TE EXPLICO! Os arcos do pé e suas características. Resumo da biomecânica do tornozelo e pé. As principais indicações das órteses para tornozelo e pé. VERIFICANDO O APRENDIZADO JOELHO Para iniciarmos o segundo módulo, vamos discorrer um pouco sobre a importância da articulação do joelho. A articulação do joelho, assim como o tornozelo e o pé, desempenha um papel muito importante no que diz respeito às atividades locomotoras, como caminhar, saltar e correr. No entanto, quando existe alguma alteração no joelho, uma das habilidades mais acometidas é a de sentar e levantar. MÓDULO 2 Identificar conceitos básicos da biomecânica do joelho e a relação entre algumas debilidades e as possibilidades de órteses ATENÇÃO O joelho é considerado uma das articulações mais complexas do corpo humano, já que é formado por três articulações: duas articulações femorotibiais (medial e lateral) e uma femoropatelar. Ele realiza a flexão e a extensão com movimentos associados de deslizamento e rolamento, além da rotação em torno de um eixo vertical. Para a realização desses movimentos, a articulação do joelho conta com diversas estruturas adjacentes que têm um papel importante na biomecânica articular, estabilizando e evitando lesões. Com essa complexidade e devido à sua localização anatômica de recebimento de carga corporal, é muito comum que mesmo indivíduos saudáveis apresentem lesões. Por exemplo, há atletas que se lesionam por movimentos bruscos, sobrecarga articular ou quedas. A seguir, vamos relembrar algumas estruturas anatômicas que compõem a articulação do joelho, bem como os principais movimentos que ela realiza. Dessa forma, você será capaz de identificar as estruturas que poderão ser afetadas quando houver uma inabilidade funcional e, com isso, indicar e prescrever uma órtese adequada para cada situação. ATENÇÃO A estabilidade do joelho se dá principalmente devido à tensão dos ligamentos e dos músculos que cruzam a articulação. Por isso, quando há alguma alteração nessas estruturas, ocorre uma instabilidade articular. Dependendo da gravidade, tal instabilidade pode desencadear uma série de lesões secundárias e inabilidades funcionais. ANATOMIA DO JOELHO A articulação do joelho é composta por um conjunto de estruturas que agem harmonicamente a fim de permitir uma sustentação de grandes cargas e proporcionar uma mobilidade adequada para a realização de habilidades funcionais. Trata-se de uma articulação sinovial onde os ossos (fêmur, patela e tíbia) são revestidos por uma cartilagem articular e se unem através da cápsula articular preenchida por líquido sinovial. ATENÇÃO Observe a seguir imagens da visão anterior e lateral do joelho. As estruturas que compõem a articulação do joelho CARTILAGEM ARTICULAR A cartilagem articular é um tecido que reveste a articulação, absorvendo impacto, reduzindo atrito entre as superfícies articulares e protegendo as ósseas. Por ser pouco vascularizada, apresenta uma capacidade de reparo muito limitada quando lesionada. ATENÇÃO É importante considerar o desenvolvimento do indivíduo, já que a cartilagem articular aumenta de volume durante o crescimento conforme a estatura. No entanto, a espessura da cartilagem não acontece quando há uma mudança no peso corporal (obesidade). Vale ressaltar que crianças que praticam atividades esportivas vigorosas tendem a acumular mais cartilagem na articulação do joelho do que aquelas que não as praticam. VOCÊ SABIA Você sabia que as mulheres tendem a ganhar menos cartilagem no joelho que os homens? Por isso, algumas pessoas têm maior tendência para a degeneração cartilaginosa do que outras. Uma vez que essa cartilagem for danificada, ela apresentará pouca ou nenhuma capacidade de regeneração ou cura. Mas você já ouviu falar em meniscos? Se não, vai saber agora! MENISCOS Os meniscos são discos fibrocartilaginosos parciais presentes entre os ossos que formam a articulação do joelho (fêmur e tíbia). Cada joelho possui um menisco medial, localizado na parte interna da articulação, e um menisco lateral, que fica na região mais externa dela. O menisco medial tem um formato semicircular, apresenta pouca mobilidade e está fixado ao ligamento colateral medial (LCM). Já o menisco lateral tem a forma mais circular e possui uma mobilidade maior que a do medial. Ele se move entre 9 e 11mm em direção ao interior da articulação. As principais funções dos meniscos são: Distribuir as cargas pelas superfícies articulares; Melhorar o encaixe entre as superfícies da tíbia e do fêmur; Limitar o deslocamento ou deslizamento de um osso em relação ao outro (tíbia e fêmur); Proteger a periferia da articulação; Reter a lubrificação da articulação; Absorver impacto. LIGAMENTOS Alguns ligamentos cruzam a articulação do joelho. Dependendo de suas localizações e direções, eles são capazes de resistir ao deslocamento articular, aumentando a estabilidade com os músculosque cruzam essa articulação. Entre os ligamentos que cruzam a articulação do joelho, podemos destacar: LIGAMENTOS COLATERAIS (MEDIAL E LATERAL) Evitam os movimentos laterais (valgo e varo); LIGAMENTOS CRUZADOS (ANTERIOR E POSTERIOR) Limitam a hiperextensão do joelho e o deslizamento anterior e posterior do fêmur sobre o platô tibial durante a flexão e extensão. BIOMECÂNICA DO JOELHO Agora que você já relembrou algumas estruturas anatômicas do joelho, vamos relacionar seus principais movimentos com os músculos e os nervos envolvidos. FLEXÃO E EXTENSÃO Os principais movimentos da articulação tibiofemural são a flexão e a extensão. Esses movimentos se dão devido à ação de diversos músculos, como podemos ver no quadro a seguir. Movimentos Músculos Inervações Comentários Extensão Quadríceps femoral (reto femoral, vasto lateral, vasto intermédio, vasto medial) Nervo femoral (L2-L4) A capacidade do quadríceps de realizar a extensão é maior quando a articulação do quadril está em extensão. Flexão Isquiotibiais (semitendíneo, semimembranáceo, cabeça longa do bíceps femoral, cabeça curta do bíceps femoral) Nervo isquiático (L5-S2) Sartório Nervo femoral (L2-L4) Auxiliam o movimento. Grácil Nervo obturatório (L2-L3) Poplíteo Nervo tibial (L4-L5) Gastrocnêmio Nervo tibial (S1-S2) Quadro: Músculos responsáveis pela flexão e pela extensão da articulação do joelho. Elaborado por Eloá Moreira Marconi. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ROTAÇÃO MEDIAL E LATERAL Os joelhos também realizam outros dois movimentos muito importantes além da flexão e da extensão. Trata-se dos movimentos de rotação medial e lateral. No entanto, eles possuem fatores limitantes (tensão dos ligamentos colaterais) para evitar lesões. No quadro a seguir, vamos relembrar os principais músculos envolvidos no movimento de rotação medial e lateral dos joelhos Movimentos Músculos Inervações Comentários Rotação medial (10° com o joelho fletido e 5° com o joelho estendido) Semitendíneo e semimembranáceo Nervo isquiático (L5-S2) Os músculos semitendíneo e semimembranáceo atuam quando o joelho está fletido. O músculo poplíteo faz a rotação lateral do fêmur quando o joelho sustenta o peso corporal (extensão); quando não o sustenta, ele gira a patela medialmente. Sartório Nervo femoral (L2-L3) Grácil Nervo obturatório (L2-L3) Poplíteo Nervo tibial (L4-L5) Rotação lateral Bíceps femoral Nervo isquiático Atua quando o joelho está fletido. (30°) (L5-S2) Quadro: Principais músculos envolvidos na rotação medial e lateral da articulação do joelho. Elaborado por Eloá Moreira Marconi. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ÓRTESES PARA JOELHO Agora que já vimos os principais movimentos do joelho, bem como suas estruturas e suas funções, podemos entender como indicar e prescrever as órteses para essa região do corpo. Como pontuamos anteriormente, as órteses são indicadas para indivíduos que apresentam alguma disfunção em determinada região corporal. Nesse caso, falaremos sobre a articulação do joelho. ATENÇÃO Diversos tipos de órteses podem ser prescritas para a articulação do joelho. No entanto, dependendo do tipo de lesão e do objetivo de tratamento, a órtese pode ser permanente ou temporária, rígida ou flexível, estática ou articulada. A escolha dependerá do tipo de lesão, da gravidade e do prognóstico apresentados em cada caso individualmente, sendo necessária uma avaliação rigorosa para que não haja erro na confecção nem possíveis prejuízos para o paciente. É muito importante lembrar que uma pequena alteração no joelho pode desencadear uma série de compensações nas articulações superiores, como quadris, coluna vertebral e até mesmo de membros superiores. Conheceremos a seguir algumas dessas órteses e suas possíveis indicações. KAFO – KNEE ANKLE FOOT ORTHOSES (JOELHO, TORNOZELO E PÉ), CRUROPODÁLICAS OU TUTOR LONGO As órteses KAFO normalmente são indicadas para pessoas que apresentam paralisia de membro inferior, como, por exemplo, monoplegia, hemiplegia ou paraplegias em que o paciente apresenta controle pélvico, mas não do joelho e do tornozelo, comprometendo a marcha. Em geral, essa paralisia é decorrente de uma lesão na coluna vertebral (nível lombar), o que ocorre nos casos de poliomielite. As características funcionais das KAFO dependem de como elas são prescritas. Cada região anatômica (quadril, joelho e tornozelo) pode ter uma característica diferente. O quadro a seguir indica como a KAFO pode ser prescrita de acordo com a característica funcional pretendida. Região Característica Função Proximal (quadril) Com bloqueio da articulação Possibilita apenas o ortostatismo ou a locomoção em bloco. Articulação livre Possibilita o direcionamento dos passos durante a marcha. Com apoio isquiático Diminui a carga corporal sobre o membro inferior, promovendo um alívio de carga axial no segmento acometido ou em casos com pouca estabilidade pélvica. Sem apoio isquiático Permite uma deposição de carga corporal no membro inferior. Média (joelho) Bloqueada Possibilita maior estabilidade articular. Livre Possibilita o direcionamento dos movimentos. Livre (eixo posteriorizado ou liberação na fase de balanço) Possibilita maior estabilidade articular na fase de apoio e flexão na de balanço da marcha. Eletrônica Possibilita uma marcha sem que haja controle (movimento voluntário) do joelho. Distal (tornozelo) Rígida Maior estabilidade pélvica (indicada nos casos de alterações bilaterais) Articulada Permite o controle dos movimentos durante a fase de apoio da marcha. Quadro: Prescrições da KAFO de acordo com a característica funcional pretendida. Elaborado por Eloá Moreira Marconi. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Exemplo de KAFO em polipropileno com fechamento em velcro. ÓRTESES LONGAS COM CONTROLE NA FASE DE APOIO DA MARCHA Algumas órteses permitem uma marcha mais fisiológica, proporcionando menos consumo de energia por parte do usuário. Existem muitas marcas fabricadas, e cada uma possui uma característica biomecânica própria. Entretanto, devido ao alto custo delas, nem todos os pacientes têm a possibilidade de acessar tais dispositivos. Por isso, é importante investigar as condições financeiras dele durante a avaliação inicial. Descreveremos adiante algumas dessas órteses longas com controle na fase de apoio da marcha. FREE WALK MOVIMENTOS Possibilita o movimento de flexão e extensão do joelho durante a fase de balanço da marcha. INDICAÇÃO Em sequelas neuromotoras unilateral. AVALIAÇÃO Pacientes com massa corporal até 120kg, bem como aqueles com força muscular de flexores e extensores de quadril (grau 3 a 5) e com amplitude articular passiva de tornozelo igual ou maior que 10°. CONTRAINDICAÇÃO Paciente com deformidade de joelho (flexão, varo ou valgo) e instabilidade ligamentar (joelho ou tornozelo), com espasticidade ou com alterações cognitivas FULL STRIDE MECANISMO Possui uma articulação mecânica do joelho com controle na fase de apoio da marcha, permitindo o desbloqueio articular na fase de pré-balanço por meio de um sistema de cabos situados entre o joelho e a região posterior do calcâneo. Com o joelho estendido, ao final da fase de balanço, o mecanismo bloqueia a articulação. INDICAÇÃO Para doenças neuromusculares nas quais não haja controle de quadríceps. AVALIAÇÃO Pacientes com massa corporal até 100kg, bem como aqueles com força muscular de flexores e extensores de quadril (graus – 3 a 5) e com mínima amplitude articular passiva de tornozelo. CONTRAINDICAÇÃO Pacientes hipertônicos (espásticos). SAFETY STRIDE MECANISMO Possui uma articulação mecânica do joelho com controle na fase de apoio da marcha. Apresentando desbloqueio automático por meio deum sistema de cabos, essa marcha é projetada para desbloquear no momento final da fase de apoio mesmo sem a extensão total do joelho, oferecendo mais estabilidade na articulação antes do contato do pé com o solo. Isso possibilita que haja resistência para o movimento de flexão do joelho em qualquer angulação. INDICAÇÃO Doenças neuromusculares, como, por exemplo, sequela de poliomielite, esclerose múltipla, acidente vascular cerebral (AVC) ou lesão do nervo femoral e lesão medular incompleta. AVALIAÇÃO Pacientes que apresentam debilidade do quadríceps. CONTRAINDICAÇÃO Pacientes hipertônicos (espásticos). LOAD RESPONSE MECANISMO Durante a fase de apoio, essa órtese permite a realização de uma pré-flexão do joelho (18°), diminuindo o gasto energético durante a marcha. Isso facilita a marcha em declive, permitindo que o joelho se mantenha semiflexionado até o apoio total do pé no solo. INDICAÇÃO Pacientes com dificuldade em manter a semiflexão do joelho durante a marcha. AVALIAÇÃO Pacientes que apresentam fraqueza muscular, principalmente do quadríceps. CONTRAINDICAÇÃO Pacientes com deformidade articular em flexão (joelho). GX-KNEE MECANISMO Essa órtese auxilia o movimento de extensão do joelho na fase de balanço da marcha por meio de uma unidade pneumática acoplada à barra lateral da KAFO. INDICAÇÃO Pacientes com fraqueza parcial e total do quadríceps, associado ou não com uma instabilidade médio-lateral do joelho e do pé-tornozelo. AVALIAÇÃO Avaliar capacidade de flexão da articulação do joelho. CONTRAINDICAÇÃO Pacientes com peso corporal maior que 87kg, que apresentam contratura muscular que impeça ou limite a flexão do joelho, bem como aqueles com espasticidade na musculatura do quadril, do joelho ou do tornozelo. E-MAG ACTIVE MECANISMO Essa órtese possui um sensor angular localizado na articulação do quadril que capta os movimentos de flexão e extensão para controlar um dispositivo articular eletrônico automático localizado na região lateral do joelho. Por sua vez, esse dispositivo bloqueia e desbloqueia o movimento de flexão e extensão do joelho durante a marcha. Também possui uma estrutura articulada livre na região medial do joelho. INDICAÇÃO Pacientes sem controle da musculatura extensora do joelho (total ou parcial) que precisam adotar mecanismos de compensação para estabilização. Permite um padrão de marcha normal, impedindo as lesões causadas pelos movimentos compensatórios. AVALIAÇÃO Avalia o movimento voluntário, a força muscular dos músculos extensores do joelho e os movimentos compensatórios durante a deambulação. CONTRAINDICAÇÃO Pacientes com espasticidade ou que apresentam contratura em flexão de joelho acima de 15° e com diminuição de força muscular dos extensores e dos flexores de quadril (menos de 3°). E-KNEE MECANISMO Essa órtese apresenta um mecanismo articular eletrônico com ativação computadorizada na região da articulação do joelho, sendo acionado por diversos sensores pressóricos localizados em uma palmilha. Esses sensores informam para o mecanismo articular o momento exato para bloquear ou desbloquear o movimento do joelho. INDICAÇÃO Doenças neuromusculares, como sequela de poliomielite, miosite, esclerose múltipla, AVC ou lesão do nervo femoral, além de lesão medular incompleta. AVALIAÇÃO Pacientes que apresentam fraqueza muscular no quadríceps. CONTRAINDICAÇÃO Pacientes com peso corporal acima de 87kg, que apresentam joelhos em varo ou valgo superior a 15° ou com hiperextensão da articulação do joelho que não seja possível ser controlada por uma órtese, bem como aqueles com encurtamento importante do membro inferior afetado e presença de espasticidade na musculatura do quadril, do joelho ou do tornozelo. REHAB E-KNEE MECANISMO Essa órtese controla a marcha (padrão normal), promovendo estímulos proprioceptivos, limitação de movimentos indesejados e estabilização por meio de controle manual. INDICAÇÃO Para avaliação ou treino de marcha em casos de sequelas neuromotoras unilaterais com a necessidade de controle da articulação do joelho. Inicialmente, ela deve ser controlada por um fisioterapeuta; depois de receber um treinamento, o próprio paciente poderá fazer isso. Também pode ser utilizada como auxílio na prescrição de tutores longos. AVALIAÇÃO Pós-operatório de reconstrução de ligamento ou de substituição do menisco, alteração dos ligamentos cruzado anterior ou posterior (LCA ou LCP) ou colateral medial ou lateral (LCM ou LCL). CONTRAINDICAÇÃO Alteração cognitiva. C-BRACE MECANISMO Essa órtese consiste na união de três componentes individuais fabricados separadamente: coxa, panturrilha e pé. Ela apresenta um sistema mecatrônico que permite ao usuário ter mais segurança ao deambular por solos irregulares e rampas, além de permitir a descida e subida de escadas. Esse sistema controla as fases de apoio e balanço da marcha por meio de sensores (lâmina de carbono) localizados entre o pé e a panturrilha. Tais sensores mandam as informações para um “joelho” hidráulico controlado por um microprocessador. INDICAÇÃO Casos de paresia ou plegia do quadríceps ou para pacientes que não conseguem estabilizar o joelho em extensão na fase de apoio da marcha, como ocorre em traumas raquimedulares abaixo de T1 ou como sequela da poliomielite. AVALIAÇÃO Pacientes com incapacidade ou diminuição de mobilidade por fraqueza ou inatividade de contração muscular do quadríceps. CONTRAINDICAÇÃO Pacientes com deficiência cognitiva. Exemplo de órtese articulada para articulação do joelho. ÓRTESES TEMPORÁRIAS Em alguns casos, podemos indicar órteses temporárias, ou seja, por um período determinado de uso, como nos casos de atletas com lesões repetitivas ou para a prevenção de lesões. Outro exemplo de indicação seria a instabilidade articular para a qual podemos prescrever esse tipo de órtese até que seja alcançado um fortalecimento muscular adequado a fim de estabilizar a articulação. A órtese temporária pode ser: Fabricada – confeccionada em neoprene ou tecido elástico, sendo facilmente encontrada em lojas de materiais médicos e drogarias; Confeccionadas – bandagens elásticas (muito comum entre os atletas). Também existem as órteses estáticas. Vamos conhecê-las agora? As órteses estáticas são indicadas nos casos pós-cirúrgicos ou de pós-fratura em que há a necessidade de imobilização da articulação do joelho. Nesse caso, a órtese pode ser feita de gesso (mais comum por ter um custo mais baixo), gesso sintético ou neoprene. EXEMPLO DE ÓRTESE TEMPORÁRIA EM NEOPRENE PARA ARTICULAÇÃO DO JOELHO. EXEMPLO DE ÓRTESE TEMPORÁRIA EM TECIDO ELÁSTICO PARA ARTICULAÇÃO DO JOELHO. EXEMPLO DE COLOCAÇÃO DE BANDAGEM ELÁSTICA PARA ESTABILIZAÇÃO DA PATELA DURANTE A CORRIDA. EXEMPLO DE ÓRTESE IMOBILIZADORA DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO. Quando vamos indicar e prescrever uma órtese que envolve a articulação do joelho, precisamos fazer uma avaliação minuciosa das estruturas corporais, como ossos, articulações, ligamentos, tendões e músculos. É o que vamos estudar a seguir. Vamos lá? INDICAÇÃO E PRESCRIÇÃO É muito importante conseguir identificar os mecanismos patológicos envolvidos no comprometimento da inabilidade funcional apresentada. Além disso, devemos avaliar a qualidade dos movimentos apresentados e as possíveis compensações que o paciente esteja realizando, principalmente durante as fases da marcha. ATENÇÃO Alguns pacientes podem apresentar alterações de sensibilidade. Isso pode ser um sinal de contraindicação, já que a pele é capaz de sofrer danos pelo uso da órtese, o que é muito prejudicial para o seu paciente pela possibilidade de gerar infecções. Tenha em mente que seu paciente precisa ser beneficiado em relação às suas habilidades funcionais e que é essencial proporcionar-lhe uma melhora da qualidade de vida. Por isso, avalie cada caso individualmente a fim de que, dentro do possível, esse indivíduo possa ser independente e feliz. FASES DA MARCHA Neste vídeo, a especialistadescreve as fases da marcha e os principais movimentos dos membros inferiores durante a deambulação. VEM QUE EU TE EXPLICO! Biomecânica do joelho. KAFO, cruropodálicas ou tutor longo. As principais indicações das órteses para joelho. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONSIDERAÇÕES FINAIS CONCLUSÃO Como vimos neste conteúdo, a indicação e a prescrição de órteses para joelho, tornozelo e pé precisam ser realizadas individualmente por meio de uma avaliação minuciosa de todas as estruturas anatômicas e da biomecânica que envolve essas articulações. Além disso, deve-se levar em consideração a qualidade dos movimentos, a capacidade cognitiva do paciente e a possibilidade financeira para aquisição da órtese. Quanto à disfunção nas articulações do joelho, do tornozelo e do pé, as habilidades funcionais mais acometidas e que mais dependem da utilização dessas órteses são: a capacidade de se sentar e levantar, a marcha, a corrida e o salto. Trata-se, enfim, de habilidades que comprometem substancialmente a independência do indivíduo, podendo afetar a sua liberdade de ir e vir. Tal quadro contribui para a diminuição da autoestima, podendo consequentemente ser a causa de uma possível doença psicológica, como a depressão. Desse modo, podemos afirmar que, quando indicamos uma órtese de membros inferiores (joelho, tornozelo e pé) para indivíduos com alterações nas habilidades funcionais descritas anteriormente, proporcionamos a eles mais do que a capacidade de realizar os movimentos. Nesse caso, também proporcionamos sua independência, sua dignidade e seu bem-estar físico e emocional, além de uma melhor qualidade de vida para o paciente e para todos os que se relacionam e se preocupam com ele. PODCAST Neste podcast , a especialista falará, de forma resumida, como as informações estudadas aqui podem contribuir para a prática fisioterapêutica necessária para saber escolher, indicar e prescrever órteses de joelho, tornozelo e pé. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BARBIN, I. C. C. Órteses e prótese s. 1. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Guia para prescrição, concessão, adaptação e manutenção de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção . Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Confecção e manutenção de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção : confecção e manutenção de próteses de membros inferiores, órteses suropodálicas e adequação postural em cadeira de rodas. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2013 HALL, S. J. Biomecânica básica . Revisão técnica de Eliane Ferreira. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. NEUMANN, D. A. Cinesiologia do aparelho musculoesquelético . 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. EXPLORE+ Para obter mais informações sobre prescrição, concessão, adaptação e manutenção de órteses e próteses e a confecção delas, leia dois textos disponíveis no site da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (BVSMS): Guia para prescrição, concessão, adaptação e manutenção de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção. Confecção e manutenção de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção: confecção e manutenção de próteses de membros inferiores, órteses suropodálicas e adequação postural em cadeira de rodas. CONTEUDISTA Eloá Moreira Marconi
Compartilhar