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2 Bem-vindo(a) a Unidade 2. Trabalharemos com o estabelecimento e a caracterização de lesões celulares de natureza reversíveis e irrever- síveis. Neste momento, vamos falar nas irreversíveis, evidenciando suas alterações metabólicas desencadeadas por diversos tipos de agentes agressores e, ainda, relacionando o curso destas lesões com determinadas situações, como hipóxia ou isquemia. Neste contexto, você também vai aprender como as lesões estimulam o estresse oxidativo celular, resultando no comprometimento e funcionamento celular. Lesão Celular Reversível Dr. Jean Carlos Fernando Besson UNICESUMAR 38 Eloá e Pedro continuam seus estudos na disci- plina de Patologia. Dentre um capítulo e outro, Eloá questiona Pedro acerca de algumas curio- sidades do metabolismo celular envolvendo o oxigênio: “Pedro, quando eu penso em uma si- tuação específica na qual a pessoa passa por falta de oxigênio por um longo período de tempo, a primeira coisa que vem em minha mente é um que existe um risco de “morte” ou “sequelas” que podem ser irreversíveis. O que você acha que está por trás disso? Quais fenômenos celulares ocorrem nestas situações de privação? E quan- do uma pessoa é socorrida e encaminhada para um centro médico, qual é a razão de coletar o sangue dela para realizar exames clínicos?” Pe- dro responde: “eu não tenho ideia Eloá”… Ele complementa os questionamentos da colega e pergunta: “Existem relações diretas entre o tipo de exame e o perfil da lesão, Eloá?! E a saturação de oxigênio no sangue indica falhas homeostá- ticas?” Pedro relembra dos conceitos estudados na Unidade 1 e complementa: “Um importante processo fisiológico para o funcionamento de nossas células, tecidos e órgãos está relacionado à circulação sanguínea. Este fenômeno previne o desenvolvimento de lesões, em especial daquelas irreversíveis que usualmente influenciam direta- mente no estabelecimento de patologias específi- cas e desenvolvimento de doenças”. Eloá também aproveita o momento e diz: “Se um indivíduo permanecer por um longo período sem oxigênio, são secretados muitos produtos tóxicos para o nosso organismo. Estas moléculas estimulam alterações circunstanciais nas células, especial- mente na membrana plasmática, citoesqueleto, proteínas e no DNA da célula, resultando na produção de EROs ou ROS (espécies reativas de oxigênio) consideradas precursoras na destrui- ção nas células, tecidos e órgãos do nosso corpo”. Pedro relembra de uma conversa com a profes- sora Maíra e conta para Eloá sobre a formação de radicais livres: “Eloá, a professora Maíra me explicou rapidamente que, a partir de uma dieta equilibrada e suplementação com fármacos ou outros produtos antioxidantes, as ROS são elimi- nadas e o organismo retorna a sua homeostasia”. Eloá prontamente responde: “Pedro, a respeito do desenvolvimento de uma lesão, você saberia me explicar quais são os tipos de lesões que resultam da circulação sanguínea prejudicada no organis- mo humano? Como identificar e diferenciar as lesões reversíveis ou irreversíveis? Existe um pa- drão morfológico observado nas células? Quais são os “gatilhos” que estimulam a formação de radicais livres? E os antioxidantes, como podem contribuir na eliminação das espécies reativas de oxigênio resultantes do desenvolvimento de uma lesão?” Pedro responde, “nossa! Eu não tenho ideia, vamos ter que estudar isso!” (risos). Existem vários fenômenos celulares relacio- nados ao desenvolvimento de uma lesão, e o ponto-chave que determinará se a lesão será de natureza reversível ou irreversível se refere ao fato da circulação sanguínea prejudicada e, des- sa forma, a drástica redução na concentração de oxigênio prejudicará o funcionamento celular. Outro fenômeno impactante sobre o tipo de le- são celular compreende o processo de reperfusão sanguínea, que se refere ao momento em que a circulação sanguínea prejudicada é restabelecida e que o sangue volta a circular com oxigênio dis- ponível. Neste cenário, devemos imaginar que a célula fica enfraquecida e ocorrem importantes alterações, resultando em severos danos em seu DNA, proteínas, citoesqueleto, membranas, em especial na sua membrana plasmática. As lesões vão estimular também as mitocôndrias a produ- zirem os radicais livres, dentre eles as ROS. UNIDADE 2 39 A função destas moléculas é oferecer elétrons livres de oxigênio que atacam e se ligam a uma célula, destruindo-a. Eles atacam a superfície celular e destroem a arquitetura da célula, promovendo inflamação local, resultando em uma doença específica. O desenvolvimento de uma doença no corpo de um(a) paciente altera o funcionamento normal de células e tecidos. Ocorrem modificações de ordem bioquímica, estrutural e morfológicas causadas por inúmeros fatores que, inclusive, podem levar à morte em alguns casos. Uma importante estratégia para evitar estas modificações mobilizadas pelos radicais livres envolve protocolos que utilizam a suplementação com antioxidante, encontrados nos alimentos, fármacos e produtos naturais. Considerando especialmente o desenvolvimento de lesões relacionadas ao estresse oxidativo celular, existem várias fontes endógenas e exógenas de moléculas precursoras dos radicais livres. E quais são as principais fontes dos radicais livres? Qual seria a origem das espécies reativas de oxigênio? Existe uma relação direta entre a formação de ROS e o tipo de doença que o indivíduo apresenta? Realize uma pesquisa a respeito deste importante tema. Por exemplo, realize uma busca bibliográfica sobre as principais modificações celulares que originam os radicais livres e qual a relação destes fenômenos com as doenças iatrogênicas, psíquicas, imunológicas e com os desequilíbrios nutricionais. Durante a sua pesquisa, analise os principais pontos desta especialidade, faça um breve resumo e anote as infor- mações mais importantes que você encontrar, pois vamos falar disso no decorrer da nossa unidade. Você deve ter observado, em sua pesquisa, novos termos e diferentes terminologias e algumas situa- ções que não tenham ficado claras para você neste momento. Não se preocupe, caso algum processo não fique tão claro neste momento, nós iremos discuti-los ao longo desta unidade. Por isso, preste muita atenção enquanto você estiver estudando para que entenda o conteúdo e os novos temas e anote, em seu Diário de Bordo, suas reflexões, percepções e dúvidas. Dessa forma, você conseguirá imaginar os principais eventos que iniciam uma lesão, a sua origem e a relação direta dos radicais livres com o desen- volvimento da lesão, bem como principais diferenças entre lesões de natureza reversíveis e irreversíveis. UNICESUMAR 40 As células são as unidades básicas que formam todos os tecidos. Em conjunto, elas formam os órgãos e sistemas no corpo humano. As nossas células apresentam um ciclo de vida variável, de acordo com sua localização e função e ao longo do seu curso de vida, podem surgir lesões quando elas acabam, elas perdem a sua função celular. Uma lesão celular pode ser descrita como um processo decorrente de insultos ou algum tipo de estresse celular, seja ele no ambiente externo ou interno. Contudo, as células também dispõem de mecanismos específicos para evitar as lesões e apresentam mecanismos reparadores que toleram determinados fenômenos ou eventos inadequados até um certo ponto. Dessa forma, as respostas celulares a tais fenômenos adversos dependem de duas principais variáveis: o tipo de células envolvida em tal processo e o tipo e a extensão da lesão. Considerando a resposta celular frente uma determinada lesão, a célula pode atuar da seguinte forma: d) Adaptação celular: esse fenômeno ocorre a partir do momento no qual a demanda funcional celular aumenta e, dessa forma, as células se adaptam às novas mudanças e, posteriormente, retornam ao normal após a eliminação do agente ou fator estressor. e) Tipos de lesão: quando a célula enfrenta um tipo de estresse considerado “leve à moderado”, elaé capaz de se recuperar e, dessa forma, podemos classificar tal processo como uma lesão reversível. Caso isso não ocorra e a lesão persistir, ocorrerá morte celular e a lesão será irre- versível. f) Acúmulos e alterações: as lesões também são capazes de promover efeitos residuais. Eles podem persistir e indicam que houveram determinadas alterações subcelulares ou acúmulos de certos metabólitos no ambiente intracelular (MOHAN, 2010). Antes de iniciarmos os estudos em patologia, precisamos também nos atentar e retomar as características e estruturas de uma célula normal. Existem inúmeras características celulares que possibilitam distinguir uma célula da outra, inclusive no curso de uma doença. Por outro lado, devemos lembrar também que todas as células possuem estruturas básicas comuns, com as mesmas funções. A única exceção, neste caso, são as hemácias (ou glóbulo vermelho), elas são células anucleadas (Figura 1) (KUMAR, 2010). Descrição da Imagem: na figura, é possível observar quatro diferentes ângulos da estrutura de uma hemácia, classificada como uma célula saudável, anucleada, com formato de disco bicôncavo na cor vermelha. Figura 1 - Hemácia UNIDADE 2 41 Zônula de oclusão Cílios Glicocálix Microvilosidades Fagossomo Lisosomo Ribossomo Glicogênio Polissomo Reticulo endoplasmático rugoso Reticulo endoplasmático liso Zonulas de adesão Microfilamentos Complexo de Golgi Centriolo Núcleo Nucléolo Mitocôndria Membrana basal Colágeno De forma geral e do ponto de vista não patológico, uma célula saudável (Figura 2) evidencia estruturas dinâmicas configuradas em um ambiente fluído, envoltas por uma membrana celular que se projeta para seu interior, delimitando núcleos e outras organelas celulares com funções específicas. Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar um desenho representando a estrutura de uma célula. O desenho possui formato retangular com superfícies irregulares. Na parte superior do lado esquerdo, há quatro projeções representando as microvilosidades, em volta delas pequenos pontos na cor rosa representando o glicocálice. Do lado direito há três projeções representando os cílios. Na borda do lado direito estão as zônulas de oclusão e as zônulas de adesão, representadas por riscos que lembram fios. No interior da célula há o desenho de várias estruturas distribuídas ao longo dela. Na parte superior há o desenho de um círculo roxo com um halo vermelho, representando os fagossomos, ao lado há o desenho de dois pequenos círculos laranjas representando os lisossomos. Ao lado há o desenho de três estruturas, uma sobre a outra, de cor vermelha representando o complexo de Golgi. Do lado direito há o desenho de vários riscos na cor rosa representando os microfilamentos. Mais abaixo, do lado esquerdo, há um agrupado de pequenos pontos azuis representando os polissomos. Abaixo dele há o desenho de uma estrutura verde com vários pontinhos azuis em sua superfície representando o retículo endoplasmático rugoso. Ao lado há o desenho de um círculo azul escuro com um emaranhado dentro representando o núcleo e um pequeno círculo rosa dentro dele representando o nucléolo. Acima há um pequeno círculo azul claro com vários pontos azuis escuro formando um halo sobre ele, representando o centríolo. Abaixo do núcleo, do lado direito, há o desenho de uma estrutura verde representando o retículo endoplasmático liso. Na parte inferior do desenho, há uma estrutura rosa com interior cinza, semelhante a um feijão representando a mitocôndria. Há o desenho de pequenos pontinhos aglomerados roxos representando os ribossomos e outro aglomerado de pontinhos rosa representando o glicogênio. Ainda na parte inferior, há vários pontinhos rosa, sobre toda a superfície representando a membrana basal, e abaixo dela há o desenho de vários riscos interligados representando o colágeno. Figura 2 - Estrutura celular / Fonte: adaptada de Mohan (2010). UNICESUMAR 42 Todas as células possuem as membranas celu- lares, incluindo a membrana plasmáticas, que possuem estruturas trilaminares, constituídas por duas camadas tipo elétron-densas e compostas por uma complexa mistura constituído por mo- léculas específicas que incluem carboidratos, proteínas, fosfolipídios, glicolipídios e colesterol dispostos na forma de um tipo de “gel”. A porção mais externa destas membranas recebe o nome de glicocálice, sendo constituído por uma camada de mucopolissacarídeos (MOHAN, 2010). A membrana exibe também os microfilamen- tos que, em contato com o citoplasma, constituem determinadas projeções chamadas microvilosida- des. Estas estruturas estão alocadas nas superfícies celulares com funções secretoras e absortivas, por exemplo no intestino delgado, aumentando a área de superfície de contato com os alimentos. Em termos funcionais, as membranas celulares controlam a per- meabilidade seletiva, ou seja, elas determinam o trá- fego de entrada e saída de substâncias. Elas também atuam em processos referentes ao englobamento de líquidos, também conhecido como pinocitose e, além disso, expressam os receptores que reconhecem a sinalização célula-célula. O núcleo celular pode ser caracterizado como uma estrutura que apresenta a membra- na nuclear que envolve o núcleo e se divide em duas camadas separadas por um espaço. A porção mais externa apresenta ribossomos aderidos e é contínua com o retículo endoplas- mático. As duas membranas são fundidas e formam poros nucleares que permitem a troca de moléculas e fatores envolvidos na regulação da expressão gênica e reparo do DNA. O núcleo da célula é composto por cromatina nuclear, estas estruturas lembram “fios” que se or- ganizam em cromossomos e proteínas nucleares como as histonas. Essa configuração estrutural é extremamente importante para o funcionamento da célula e, ainda, auxilia na recuperação frente às lesões. O DNA nuclear é responsável por arma- zenar as informações genéticas transferidas pelo RNA diretamente à região citoplasmática da célu- la. Dessa forma, ocorre produção de importantes proteínas que garantem o funcionamento e toda a manutenção da célula saudável. No núcleo, pode ser encontrado também o nucléolo, pequenos corpos arredondados onde ocorre a síntese de RNAr (ribossômico) (MOHAN, 2010). Nas células também podem ser observados o citosol e outras organelas. O citosol também é chamado de citoplasma e é composto por um tipo de substância fundamental para cé- lula. Além disso, também oferece sustentação para as organelas, que, por sua vez, são o local das principais atividades metabólicas necessá- rias ao funcionamento celular, e são elas que normalmente catalisam reações enzimáticas – nós iremos caracterizá-las na sequência. O citoesqueleto, por sua vez, é composto por um emaranhado estrutural envolvendo os micro- túbulos, filamentos e microfilamentos inter- mediários que garantem o movimento celular e também conferem forma para as células. As mitocôndrias são consideradas organe- las metabolicamente ativas mais numerosas das nossas células, elas possuem formato oval e são compostas por duas camadas de membrana, que auxiliam no processo de respiração celular. A ca- mada externa é mais lisa e apresenta estruturas se- melhantes a “feixes” que recebem o nome de cris- tas. A membrana interna possui estruturas que se projetam para a porção mais interna conhecida como matriz mitocondrial, esta região possui en- zimas que auxiliam na obtenção de energia (ATP) resultantes do ciclo de Krebs a partir da oxidação de carboidratos, gorduras e proteínas. UNIDADE 2 43 As mitocôndrias possuem importante papel na fosforilação oxidativa, elas também podem produzir os radicais livres que atacam as mem- branas celulares. Além disso, elas atuam também no processo de apoptose e apresentam as suas próprias moléculas de DNA e RNAr. Existem também os ribossomos, estruturas esféricas que armazenam cerca de 80-85% do RNA celular. Es- tas organelas podem ser encontradas dispersas deforma no citoplasma, bem como podem estar ligados à membrana do retículo endoplasmático. A principal função destas estruturas é realizar a síntese de proteínas após a tradução do RNA mensageiro (RNAm) (MOHAN, 2010). O retículo endoplasmático é composto por diversas vesículas e canais com funções interco- municantes. Sua membrana apresenta continui- dade com a membrana nuclear e com aparelho de Golgi. A sua principal função é produzir pro- teínas. Com base em sua morfologia, ele pode ser dividido em dois tipos de retículos: o rugoso e o liso. O rugoso (RER) possui uma superfície exter- na granular ou áspera composta por ribossomos. Nesta região ocorre a síntese de proteínas. O liso (REL) não possui ribossomos, porém é composto por diversas enzimas envolvidas na metaboliza- ção de medicamentos, colesterol, carboidratos e outras drogas. O complexo de Golgi ou aparelho de Golgi está alocado próximo ao núcleo. Morfologica- mente, são dispostos como sacos ou vesículas em continuidade com o retículo endoplasmático. Apresentam algumas importantes funções que envolvem a síntese de carboidratos e de proteínas complexas. Eles também auxiliam no empacota- mento de proteínas sintetizadas no RER. Os lisos- somos, por sua vez, são estruturas arredondadas ou ovais que armazenam importantes enzimas hidrolíticas com funções digestivas e podem ser classificados em três tipos: a) Primários (ou de armazenamento): possuem enzimas hidrolíticas sintetizadas no RER e em- pacotadas do complexo de Golgi. b) Secundários (e autofágicos): formados pela fusão de lisossomos primários com partes de células destruídas ou danificadas. c) Corpos residuais: compostos por materiais não digeridos nos lisossomos, por exemplo a lipofuscina (pigmentos). Os centríolos ou centrossomos são estruturas cilíndricas e localizadas em uma região denominada centrossomos. Os centríolos apresentam como principal função a formação dos cílios ou flagelos que auxiliam nos movimentos celulares. Além disso, eles constituem o fuso mitótico que auxiliam direta- mente no processo de mitose (MOHAN, 2010). Para estudar os mecanismos de lesões celulares é preciso relembrar também as junções interce- lulares (Figura 3). Lembre-se que as membranas celulares se separam umas das outras e formam um espaço com, aproximadamente, 20 nm de largura. Dessa forma, para manter a homeostasia, as células precisam se comunicar. A comunicação se dá pelas junções intercelulares observadas, utilizando mi- croscópio eletrônico. Elas podem ser classificadas em quatro tipos: UNICESUMAR 44 a) Junções ou zônulas de oclusão: posicionadas nas bordas livres da células, formam um tipo de “cinturão adesivo”, mantêm as células vizinhas “apertadas”. Dessa forma, impedem a passagem de moléculas entres as duas células. b) Junções ou zônulas de adesão: posicionadas abaixo das zonas de oclusão entre células adja- centes e sendo permeáveis a algumas moléculas específicas. c) Junções do tipo GAP: posicionados nas superfícies laterais das células epiteliais onde espaço total entre as membranas plasmáticas adjacentes apresenta redução de 20 nm para 2 nm de largura. d) Desmossomos: configuram placas de adesão entre as células epiteliais. Existe ainda uma forma variante dos desmossomos, chamados hemidesmossomos, localizados entre a membrana basal e a lâmina basal do epitélio (MOHAN, 2010). Membrana basal Junções do tipo GAP Filamentos intermediários Microfilamentos Junções de adesão Junção de adesão DesmossomosLÚMEN Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar o desenho de duas estruturas retangulares de coloração rosa clara, repre- sentando duas células. Do lado esquerdo da imagem, há o desenho de uma estrutura retangular com os cantos arredondados, acima dela está escrito LÚMEN e dentro dela há o desenho de uma estrutura circular azul escura com um círculo roxo em seu interior. Na parede direita dessa célula, na parte superior e no meio, há o desenho de quatro riscos na vertical na cor rosa, representando os microfilamentos. Na parte inferior, há o desenho de quatro traços tracejados na vertical representando os filamentos intermediários. Do lado direito da imagem há outra célula idêntica desenhada, com as mesmas estruturas. Entre as duas células há o desenho de três pequenas estruturas. A primeira mais superior é de cor vermelha com uma abertura em amarelo representando as junções de adesão, abaixo dela há outra estrutura semelhante de cor vermelha com pontos amarelos representando as junções de aderência, abaixo dela há o desenho de outra estrutura semelhante às anteriores representando os desmossomos e as junções do tipo GAP. Abaixo das duas células há uma base na cor rosa representando a membrana basal. Figura 3 - Especializações de membrana / Fonte: adaptada de Mohan (2010). Após essa breve revisão acerca da dinâmica celular, iniciaremos os estudos referentes ao desenvolvi- mento das lesões, especialmente apresentando os mecanismos intimamente relacionados ao estabe- lecimento de uma doença. As células podem ser danificadas por duas principais causas: adquiridas e genéticas. Neste momento, vamos focar apenas nas causas adquiridas de uma lesão, que podem ser classificadas de acordo com o tipo de agente promotor de danos: UNIDADE 2 45 a) Agentes físicos e químicos: os físicos contribuem para o desenvolvimento de doenças por conta dos traumas mecânicos (acidentes automobilísticos) e térmicos, (eletricidade, calor e frio); radia- ção (luz ultravioleta nas lâmpadas ou sol) e mudanças abruptas na pressão atmosférica (acidentes aéreos). Os químicos incluem os venenos, ácidos fortes, cianeto e mercúrio, ou os poluentes ambientais que incluem herbicidas, inseticidas e pesticidas. Além destes, podem ser incluídos na lista álcool, drogas de abuso e administração terapêutica de fármacos (KUMAR, 2016). Em 1987, o Brasil presenciou o seu maior desastre radiológico registrado até a atualidade. Dois homens retiraram uma fonte radioativa armazenada em uma clínica de radioterapia desativada na cidade de Goiânia. O cilindro radioativo foi desmontado e vendido para um ferro-velho local. O conteúdo continha Césio-137, obtido a partir da fissão do urânio 235 em laboratório. Esta substân- cia é utilizada no tratamento radioterápico contra o câncer, e sua média de vida é de 30,17 anos. A fonte de Césio-137 continha 28 gramas do elemento e, ainda, 63 gramas de material aglutinante. Após a desmontagem do cilindro, cerca de 19,26 gramas de césio foram introduzidas no ambiente durante o acidente, em uma área de 3.000 m2 de Goiânia. Algumas pessoas que foram expostas morreram e outras desenvolveram vários tipos de lesões, inclusive o câncer em decorrência dos efeitos estocásticos da radiação associados às mutações no DNA das células. Fonte: adaptado de Curado et al., (2019). UNICESUMAR 46 b) Agentes imunológicos e microbianos: em certas situações, o sistema imunológico pode perder a capacidade de tolerar as nossas células e provocar diversas lesões que podem ser letais. Estes fenômenos inflamatórios decorrem de reações alérgicas que podem ocorrer após o consumo de determinados tipos de alimentos ou mesmo como reflexo de doenças autoimunes. Um clássico exemplo inclui o desenvolvimento da diabetes mellitus tipo I em decorrência do ataque das células imunológicas ao tecido pancreático, especialmente contra as ilhotas beta, causando significativas reduções na produção de insulina. Além disso, infecções provocadas por bactérias, fungos, proto- zoários, vírus e outros tipos de agentes infectantes podem causar inúmeras lesões. Pense na infecção pelo novo coronavírus, agente etiológico da covid-19. Ele destrói os pulmões e, depois, estimula o desenvolvimento de lesões em outros tecidos do corpo, podendo matar. c) Desequilíbrios nutricionais e envelhecimento: Grande parte das doenças nutricionais resultam do excesso ou da falta de nutrientes e minerais. Imagine o metabolismo da falta vitamina B12, quan- do em falta elaprovoca anemia. O excesso de gordura, por exemplo, pode causar a hipertensão. As doenças nutricionais serão discutidas mais adiante. O envelhecimento celular também conhecido como senescência torna a célula incapaz de ser replicada ou se reparar e, inclusive, levar uma pessoa à morte. Estes mecanismos serão apresentados no decorrer das próximas unidades. d) Doenças iatrogênicas, idiopáticas e psicogênicas: As iatrogênicas refletem possíveis “erros médicos” ou administração de alguma substância tóxica ao organismo, especialmente drogas ou radiação. As idiopáticas possuem causa desconhecida e sua etiologia é indeterminada, es- pecialmente a hipertensão que, muitas vezes, não apresenta causa específica. As psicogênicas surgem como reflexo de ansiedade, estresse mental, tensão, frustrações e excesso de trabalho. Imagine uma situação em que a pessoa apresente gastrite nervosa (dispepsia funcional), o paciente não apresenta nenhuma alteração no estômago, porém, apresenta sinais e sintomas. e) Hipóxia e isquemia: A hipóxia é causada pela redução de oxigênio para a célula, compro- metendo suas funções metabólicas, especialmente na produção de energia que depende do oxigênio como um importante substrato. Trata-se de uma das causas mais comuns de lesão celular e o seu principal mecanismo de lesão envolve a drástica redução no fornecimento de sangue. Este processo é denominado isquemia. Situações de hipóxia são distúrbios comuns em outras situações clínicas como o estabelecimento de anemia. Neste caso, ocorrem alterações no transporte de oxigênio pelas hemácias. Além disso, em doenças cardíacas e pulmonares também pode ser observada quadros hipóxicos (MOHAN, 2010). UNIDADE 2 47 A patogênese da lesão celular pode apresentar peculiaridades e também variações que estão intima- mente relacionadas ao tempo de duração, gravidade e natureza do agente prejudicial. Dessa forma, precisamos imaginar que toda a extensão de uma lesão em uma célula dependerá em grande parte do tipo de estímulo que desencadeou tal situação. A linhagem celular também interfere na patogênese da lesão. Devemos imaginar que cada tipo de tecido apresenta uma determinada susceptibilidade a desenvolver uma doença específica. Diante disso, cada célula exibe suas necessidades metabólicas e nutricionais e possui a sua capacidade de adaptação celular. Pense em uma determinada situação onde seja comparado dois tipos de neurônios: cerebral e intestinal (entérico). Durante seu curso de vida, eles não apresentam a mesma capacidade de enfrentamento para determinadas doenças, e este fato pode ser explicado tendo como base as di- ferentes necessidades metabólicas de cada célula. A patogênese de célula lesada também depende, ainda, de fenômenos intracelulares subjacentes desencadeados. Usualmente, consideráveis danos mitocondriais estimulam a depleção (perda) de ATP. Surgem, ainda, danos na membrana celular culminando no estabelecimento de perturbações metabó- licas e resultando em falhas nas trocas transmembranares e estimulando a formação dos radicais livres que intoxicam a célula. Em conjunto, todas estas alterações bioquímicas resultam em consequências morfológicas que evidenciam mudanças ultraestruturais. As mudanças ou alterações macroscópicas são percebidas rapidamente e, dessa forma, configuram as primeiras manifestações indicando que houveram alterações naquele tecido ou órgão. Situações de hipóxia e isquemia são processos que mais estão associados à lesão celular em seres humanos e a patogênese relacionada à lesão de natureza hipóxica e isquêmica são bem des- critas. Praticamente todos os traumas que resultam em alterações celulares resultam em hipóxia e isquemia, a qual pode ser de natureza reversível ou irreversível. Em casos de lesão, celular reversível (Figuras 4 e 5), elas decorrem de hipóxia e isquemia com curta duração. Nestes casos, o organismo consegue restabelecer a circulação sanguínea. Imagine uma determinada situação na qual ocorre uma compressão arterial durante um infarto, prejudicando a contração dos músculos cardíacos, alterações metabólicas e circulatórias. Caso o processo aconteça em um curto período de tempo, as células cardíacas se estabelecem e o coração retorna a sua condição normal. Neste cenário, o nível de ATP que foi reduzido pela queda do oxigênio é restaurado mantendo as funções básicas celulares (KUMAR, 2016). UNICESUMAR 48 ISQUEMIA / HIPÓXIA MITOCÔNDRIA DANOS NA MEMBRANA MUDANÇAS NUCLEARES Geração de ATP Síntese de fofofolipídeos de membrana Cálcio citosólico Ca++ Ca++ Reperfusão Reperfusão Espécies reativas de oxigênio Cálcio citosólico Ca++ Destruição do citoesqueleto Produtos de lipoperoxidação lipidica Liberação intracelular de enzimas Ativação de fosfolipases Ativação de proteases Perda de fosfolipídios de membrana Danos ao material genético O2, H2O2, OH- Picnose, cariólise, cariorrexe MORTE CELULAR Figuras de mielina ESTIMATIVA DE ENZIMAS SÉRICAS SGOT, LDH, CPK-MB, cTn Descrição da Imagem: na imagem, é possível identificar um fluxograma com os principais eventos na patogênese de lesões reversíveis e irreversíveis provocados por hipóxia e isquemia. Este se inicia na parte superior com o bloco “isquemia/hipóxia”, logo, a geração de ATP é reduzida e, então, dividida em três reações relacionadas à desestruturação da mitocôndria evidenciada no segundo bloco. No terceiro bloco, é possível visualizar os danos da membrana que se ramificam em mudanças apresentadas no quarto bloco, sendo elas: mudanças nucleares, morte celular e alterações na dosagem de enzimas. Figura 4 - Mecanismos Patogênicos das Lesões / Fonte: adaptada de Mohan (2010). O ATP nas nossas células pode ser obtido a partir de duas fontes: respiração aeróbica ou fosfori- lação oxidativa, sendo necessário a presença de oxigênio para a mitocôndria produzir ATP. No caso das vias glicolíticas anaeróbicas, a produção do ATP ocorre na ausência de oxigênio utilizando glicose e glicogênio. A isquemia reduz a disponibilidade de oxigênio tecidual, provocando a hipóxia e resultando na baixa quantidade de oxigênio. Dessa forma, o ADP não pode ser convertido em ATP. Se todo este processo ocorrer rapidamente, a lesão será reversível e o ATP restaurado. Por outro lado, caso o nível de oxigênio ocorra por longos períodos, as concentrações de ATP serão demasiadamente reduzidas e a lesão se torna irreversível. UNIDADE 2 49 Grandes corpos amorfos Inchado com vacúolos Inchado Corpos amorfos Particulas intramembra- nosas Lise celular Inchada ou rompida Atofagia Agregada Cromatina agregada Separada Picnose Cariólise Cariorrexe Destruição Ribossomos dispersos Ribossomos dispersos Inchado Inchaço celular Figura de mielina Bolhas Figura de mielina 1. MITOCONDRIA ORGANELAS NA CÉLULA NORMAL A. LESÃO CELULAR REVERSÍVEL B. LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL 2. MEMBRANAS 3. RER E RIBOSSOMOS 4. LISOSSOMOS 5. CITOESQUELETO 6. NÚCLEO Descrição da Imagem: no quadro esquemático, pode ser observado, na primeira coluna à esquerda, as organelas em uma célula normal, sendo elas, respectivamente, de cima para baixo: mitocôndria, membrana, RER e ribossomos, lisossomos, citoesqueleto e núcleo. Na segunda coluna, ao centro, as organelas de uma célula durante uma lesão reversível de baixo para cima: mitocôndria, membrana, RER e ribossomos, lisossomos, citoesqueleto e núcleo, todas estas organelas apresenta alterações no padrão morfológico e evidenciando aumento de tamanho e na terceira coluna à direita, as organelas de uma célula durante uma lesão irreversível: mitocôndria, membrana, RER e ribossomos, lisossomos, citoesqueleto e núcleo. Todas as organelas estão sofrendo degeneração e lise. Figura 5 - Comparação das organelas em lesões reversíveis e irreversíveis / Fonte: adaptada de Mohan (2010). Durante as drásticas reduções nas concentrações de oxigênio celular, o processo de respiração aeróbica mitocondrial é o primeiro a falhar, e para a obtenção de ATP não cessar totalmente,ocorrerá um des- vio para via anaeróbia glicolítica. Esse processo resulta na queda (depleção) do glicogênio e promove, ainda, o acúmulo de ácido lático na célula, reduzindo o pH intracelular, causando acidose intracelular UNICESUMAR 50 e degradando a cromatina nuclear. Além disso, também podem ser observados danos às bombas de membranas plasmáticas, inchaço (tumefação celular) e redução na síntese de ácidos graxos e fosfolipídios necessários para o reparo de mem- branas (MOHAN, 2010). Todos estes eventos descritos estão associados com falhas no funcionamento de bombas pre- sentes nas membranas, alterando a composição de cálcio e sódio nas células. No caso de falhas na bomba de sódio e potássio, ocorre o transporte ativo de sódio para fora da célula e acúmulo do potássio no interior delas, dessa forma, reduzindo o nível de ATP. O constante acúmulo de sódio fora da célula também estimula o acúmulo de água extracelular com o intuito de manter o equilíbrio osmótico, provocando inchaço hidrópico. No caso de falhas específicas nas bombas de cálcio, o acúmulo demasiado do íon causa in- chaço na mitocôndria e leva aos acúmulos em outras regiões da célula formando projeções fo- cais (bolhas) no citoplasma. Também são obser- vadas importantes dissociações de lipoproteínas nas membranas lesadas, estimulando a formação de figuras de mielina. Podem ser observadas, ainda, redução da síntese de proteínas devido a importantes alterações e inativações ribossômicas e inchaço do retículo endoplasmático. Uma lesão celular irreversível é estabelecida a partir da manutenção da hipóxia e isquemia, culmi- nando em morte celular. O exato ponto de transição entre uma lesão reversível para irreversível ainda não está bem caracterizada, e dois fenômenos auxiliam na distinção entre estes dois processos. No primei- ro, a célula se torna incapaz de reverter o processo de disfunção mitocondrial em casos específicos de reperfusão do sangue após a sua obstrução e na reoxigenação. O segundo se refere às perturbações nas membranas celulares, especialmente as que acometem a membrana plasmática. Neste contexto, também pode ser relacionado a drástica redução do nível de ATP e depleção de proteínas. Estes fenômenos contribuem di- retamente para a redução do pH intracelular e extravasamento de enzimas lisossomais para o citoplasma. Dessa forma, ocasionando mudanças ultra estruturais celulares. No desenvolvimento das lesões reversíveis, é comum ocorrer o influxo de cálcio desencadeando danos mitocondriais em decorrência de períodos prolongados de hipóxia, especificamente depois de situações em que haja o fenômeno de reperfusão do sangue que traz consigo muitas células irreversivelmente lesadas. A exacerbada deposição de cálcio mitocon- drial prejudica a função desta organela em de- corrência da formação de vacúolos e também de depósitos dos sais de cálcio que ocorrem na matriz mitocondrial. O acúmulo de cálcio pro- voca ativação de enzimas fosfolipases endóge- nas, que, por sua vez, provocam danos estruturais e funcionais nas membranas plasmáticas. Este processo ocorre por conta da degradação dos fosfolipídios nas bicamadas lipídicas. Além dis- so, outros tipos de enzimas como as ATPAses são ativadas, promovendo o esgotamento do ATP. Existem as proteases intracelulares que provocam a degradação do citoesqueleto das células, dessa forma, promovendo o inchaço intracelular. As endonucleases também podem ser ativa- das e provocam alterações no núcleo celular, es- pecialmente em decorrência dos danos causados nas nucleoproteínas pelas enzimas lisossomais, resultando em danos nucleares irreversíveis. Tais danos podem ser agrupados em três classes: pic- nose, que resulta da condensação de núcleos que, por sua vez, evidenciam coloração mais escura; cariorrexe, que resulta na fragmentação do nú- cleo em pedaços menores, os quais se espalham pelo citoplasma e cariólise quando o núcleo se dissocia totalmente (KUMAR, 2016). UNIDADE 2 51 Concomitantemente com o processo de estabelecimento de lesões nas membranas lisossomais, acontece o extravasamento de determinadas enzimas hidrolíticas, que são ativadas na ausência de oxigênio em ambiente com pH ácido. Tais enzimas podem ser classificadas de acordo com suas funções: DNAse degrada DNA, RNAse degrada RNA, lipase degrada lipídios, amilase degrada amido e glicosi- dase degrada glicose. Em conjunto, estas e outras enzimas possuem habilidade de promover a digestão enzimática de importantes componentes celulares, induzindo a morte celular. Neste cenário, após a morte da célula, ocorre a secreção de fosfolipídios, resultando na formação das figuras de mielina, as quais serão fagocitadas por macrófagos por meio de complexos estruturais chamados fagossomos. Exames laboratoriais são muito importantes para o diagnóstico clínico de determinadas doenças que resultem em morte celular, pois eles apresentam o perfil de determinadas enzimas que possibilitam estimar a morte celular. Um clássico exemplo ocorre após o infarto agudo do miocárdio resultando no aumento de transaminase glutâmica oxalacética sérica (SGOT), lactato desidrogenase (LDH), isoenzima da creatina quinase (CK-MB). Além disso, pode ser destacada como importante marcador as troponinas cardíacas (cTn), que indicam a morte do músculo cardíaco (MOHAN, 2010). A hemorragia é comumente observada em pacientes acometidos pelas síndromes coronárias agudas (SCA) (resultante do bloqueio do fluxo sanguíneo para o coração). Recentemente, cientistas holandeses hipotetizaram que o nível elevado de CK circulatório aumenta o risco de sangramento após a depleção de ADP. Fonte: adaptado de Ndrepepa et al. (2021). UNICESUMAR 52 Para diferentes tipos de tecidos, também são apresentadas distintas enzimas consideradas importantes marcadores de lesão celular. No fígado, aspartato aminotransferase (AST) indica infecção causada por hepatite viral, infarto agudo do miocárdio, doença hepática alcoólica e necrose. A alanina ami- notransferase (ALT) também indica infecção causada pelo vírus da hepatite em curso. A lipase indica inflamação no pâncreas, também chamada de “pancreatite”. Considerando o tempo de duração dos fenômenos de hipóxia e isquemia, a restauração do fluxo sanguíneo poderá resultar em três processos principais: 1. Isquemia na lesão reversível: caso o período de duração for curto, quando o sangue retor- nar a circular, ou seja, passar por reperfusão e sofrer reoxigenação, o oxigênio irá restaurar a funcionalidade da célula lesada que irá retornar ao seu estado de homeostasia. 2. Isquemia na lesão de reperfusão: caso o período de duração for médio, a célula sofre dete- rioração e ficará danificada em decorrência da baixa oxigenação, estimulando a formação de uma lesão resultante dos processos de isquemia-reperfusão. 3. Isquemia na lesão irreversível: caso o período de duração for longo, imediatamente, a célula sofre uma lesão irreversível. Mesmo que o sangue rico em oxigênio volte a circular, uma grave lesão se desenvolve. Tal processo se dá por conta dos danos desencadeados na membrana plasmá- tica, resultando no acúmulo de íons de cálcio e sódio e, dessa forma, acumulando radicais livres. As lesões causadas pelos radicais livres envolvem dois processos básicos (MOHAN, 2010): a) Sobrecarga de cálcio: mesmo o sangue circulando próximo da célula isquêmica, ele traz con- sigo muitos íons de cálcio. Estes, por sua vez, aproximam-se da célula com baixa quantidade de ATP, resultando em sobrecarga de cálcio na célula isquêmica, desencadeando danos do tipo peroxidação lipídica na membrana plasmática. Dessa forma, a membrana irá perder lipídios causando desequilíbrio celulares. b) Geração de espécies reativas de oxigênio (peróxido de hidrogênio, radicais hidroxila, superóxidos): o metabolismo celular gera ATP por meio de processos oxidativos onde o oxi- gênio birradical (O2) passa a se combinar com o hidrogênio (H) formando água (H20). Neste caso, as reaçõesde transformação que ocorrem desencadeiam a doação de quatro elétrons em quatro distintas etapas. Cada elétron será doado em quatro subsequentes etapas, promovendo a formação de radicais livres ou simplesmente “ROS”, que possuem uma molécula de oxigênio desemparelhado em sua camada de valência externa. As espécies reativas de oxigênio, também chamadas de EROs, são produzidas, especificamente, na membrana interna mitocondrial (Figura 6). No interior dessa organela, uma estrutura denominada citocromo catalisa a reação de transformação de 02 e H2. Nesta ocasião, são formadas três principais moléculas intermediárias de EROs durante a redução do oxigênio. A principal diferença entre elas é o número de elétrons transferidos em cada reação. Elas são classificadas em: ânion superóxido (O’2) que UNIDADE 2 53 1e- 2e- 3e- 4e- H2O2 Peróxido de hidrogênio O2 OH- Radical hidroxila O’2 Superóxido O2 Oxigênio H2O Água Auto- oxidação Enzimático (Xantina oxidase citocromo P450) SOD Catalase GSH Radiólise Fe++ Fe+++ O’2 Reação de Fenton Descrição da Imagem: a figura apresenta um esquema com fluxo linear dos mecanismos de geração de radicais livres por redução de elétrons a partir da molécula de oxigênio em quatro etapas distintas. Da esquerda para a direita, temos a molécula de Oxigênio sofrendo oxidação pela enzima xantina oxidase no citocromo P450 e perdendo um elétron, formando o superóxido. Este último sofre reação da enzima SOD, perde dois elétrons e forma o peróxido de hidrogênio que, por sua vez, reage com ferro na reação de Fenton e, por ação das enzimas GSH e Catalase, perde três elétrons e forma o radical hidroxila, o qual pode reagir de forma reversível com a água pelo processo de radiólise, nesta etapa, são eliminados quatro elétrons. Figura 6 - Produção de radicais livres / Fonte: adaptada de Mohan (2010). Neste contexto, é preciso compreender um pouco mais a fundo a formação dos radicais e, dessa forma, poder relacionar com a neutralização destas moléculas por ação dos antioxidantes dispo- nibilizados em muitos alimentos, fármacos e produtos naturais incrementados em nossa dieta: 1. O ânion superóxido (O’2) resulta da auto-oxidação direta do oxigênio durante o seu transporte mitocondrial. A molécula de O’2 é secretada a partir da enzima xantina oxidase utilizando o citocromo p450 mitocondrial ou, ainda, no citosol da célula. Após a sua formação, O’2 é degradado enzimaticamente por SOD (supe- róxido dismutase) e convertido em H2O2 (peróxido de hidrogênio). 2. O peróxido de hidrogênio (H2O2) convertido anteriormente é reduzido enzimati- camente pela CAT (catalase) em água nos peroxissomos. A enzima GSH (glutationa peroxidase) também converte H2O2 nas mitocôndrias. Em ambos os processos, será produzido o radical OH- (hidroxila). 3. O radical hidroxila (OH-) é reduzido em dois processos biológicos: A radiólise que resultará na dissociação em água ou pela reação de Fenton na qual o H2O2 reage com íons de ferro (Fe++) (MOHAN, 2010). apresenta um elétron de oxigênio desemparelhado; peróxido de hidrogênio (H2O2) que apresenta dois elétrons de oxigênio desemparelhados e o radical hidroxila (OH-) que apresenta três elétrons desemparelhados (MOHAN, 2010). UNICESUMAR 54 Existem outros tipos de radicais livres que podem ser secretados em nosso organismo, dentre eles, o óxido nítrico (NO), produzido a partir de células endoteliais presentes na túnica íntima dos vasos sanguíneos, bem como secretados por macrófagos e neurônios. O NO possui grande habilidade de se combinar com O’2 e formar uma outra molécula prejudicial chamada de peroxinitrato (ONOO). O reagente haleto (cloro ou cloreto) pode ser liberado a partir de leucócitos durante ativação de res- postas imunológicas. Esta molécula pode reagir com superperóxidos e resultar na formação de ácido hipocloroso (HOCl), demasiadamente citotóxico. Os poluentes industriais e o tabaco são considerados fontes exógenas de moléculas que estimulam a produção dos radicais livres. Todos os radicais livres apresentados anteriormente possuem uma função em comum, a citotoxici- dade. Eles estimulam o desenvolvimento de pronunciadas alterações celulares que confluem para o estabelecimento de uma lesão celular. Tais moléculas não surgem somente em processos patológicos. As reações fisiológicas consideradas normais, como a prática de exercícios físicos, também estimulam a produção destes elementos. Contudo, as EROS e outras moléculas consideradas radicais livres só promovem danos quando não ocorrem reações corretas de degradação. Usualmente, eles são elimi- nados por ação das enzimas descritas anteriormente (CAT, GSH e SOD) e denominadas “ sistemas antioxidantes” (MOHAN, 2010) (Figura 7). ANTIOXIDANTE Radical livre Elétron Célula Antioxidante Descrição da Imagem: na figura pode ser observado uma ilustração onde, na parte central, temos um hexágono repre- sentando uma célula, dentro dele está, ao lado esquerdo, um antioxidante (vitamina C, por exemplo) que faz a doação de um elétron para um radical livre (ERRO, por exemplo), localiza- do ao lado direito. Este sistema evita o dano no citoesqueleto, DNA, membranas e proteínas das células. Figura 7- Sistema Antioxidante As EROs, quando não são degradadas de maneira efetiva, rapidamente podem se associar a inúmeros outros componentes de uma célula saudável, resultando no estado de estresse oxidativo. O radical hidroxila é o principal que contribui para este fenômeno, pois dispõe de mecanismos específicos que atacam e promovem danos nas membranas. Patologicamente, eles atuam da seguinte forma: a) Causam lipoperoxidação lipídica: Radicais livres altamente reativos removem os ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) encontrados na membrana plasmática, especialmente quando o ferro está disponível para tal processo (Figura 8). UNIDADE 2 55 b) Aceleram a oxidação de proteínas: as EROs se ligam de forma cruzada com aminoácidos, resultando em danos às proteínas com fragmentação de cadeias polipeptídicas, (Figura 8). Célula com estresse oxidativo Célula normal Célula atacada por radicais livres Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar uma ilustração representando uma célula sendo atacada por radi- cais livres. Na parte superior da imagem, na esquerda, há o desenho de uma estrutura circular de cor laranja representan- do a célula com um círculo menor em seu interior, abaixo dela está escrito célula normal. Uma seta na cor laranja sai dessa célula e indica outra estrutura do lado direito, tem a forma cir- cular, porém suas bordas são disformes e seu núcleo também, está envolto por um halo verde claro e vários fragmentos de cor azul, acima dela está escrito “célula atacada por radicais livres”. Uma seta de cor laranja sai dessa célula e indica outra estrutura na parte inferior da imagem, essa estrutura possui bordas irregulares de cor verde, núcleo disforme de cor rosa, possui um halo de cor azul e vários fragmentos também de cor azul, do lado dela está escrito “célula com stress oxidativo”. Figura 8 - Célula sendo atacada por radicais livres c) Promover danos ao citoesqueleto: os radicais livres possuem grandes habilidades de inte- ragir com os componentes do citoesqueleto e rapidamente alteram o processo de fosforilação oxidativa, resultando na depleção de ATP (Figura 8). d) Causar danos ao DNA: os radicais livres promovem rupturas nas fitas de DNA nuclear ou mi- tocondrial, podendo ocasionar transformações celulares malignas (Figura 09) (KUMAR, 2016). Descrição da Imagem: na imagem, é possível observar uma ilustração em 3D representando a deterioração do DNA. A imagem pos- sui o fundo azul escuro, em destaque há uma estrutura semelhante a uma escada retorcida formando um espiral de cor azul clara, representando o DNA. No meio dessa estrutura, localizada no centro da imagem, é possível ver que está se desfazendo, essa parte está com uma coloração vermelho claro. Figura 9 - Deterioração do DNA UNICESUMAR 56Inúmeras condições clínicas originam-se a partir dos efeitos deletérios dos radicais livres e resultam no estabelecimento de lesões. Um clássico exemplo compreende o desenvolvimento de uma lesão de reperfusão isquêmica observadas em processos no qual haja o contato com radiações ionizantes, resultando em radiólise de água. São listadas, a seguir, algumas situações onde os radicais livres apre- sentam considerável potencial citotóxico: a) Toxicidade química causada por drogas, fármacos e metais pesados. b) Carcinogênese química provocada por herbicidas, pesticidas e organofosforados. c) Hiperoxia desencadeada quando ocorre a toxicidade causada por oxigenoterapia. d) Envelhecimento celular. e) Exposição a agentes infecciosos ou microbianos. f) Inflamação e tumores. g) Aterosclerose resultante da deposição de gordura no interior dos vasos sanguíneos (KUMAR, 2016) (Figura 10). Você sabe quais são as principais características relacionadas à rápida formação dos radicais livres? Vamos conversar um pouco mais sobre as bases biológicas celulares e estruturais envolvidas na a formação das EROs e como estas moléculas podem afetar a homeostasia celular, especialmente destruindo membranas celulares. Além disso, vamos re- lacionar a neutralização dos radicais livres pelos sistemas antioxidantes. AVC Descrição da Imagem: na imagem, podemos observar, em primeiro plano, a obstrução de um vaso que está ligado ao sistema nervoso central, ao fundo temos um cérebro em corte sagital. Neste vaso, está ocorrendo a formação de placa aterosclerótica (acúmulo de gordura), que, por sua vez, está obstruindo a irrigação sanguínea do SNC resultando em AVC. Figura 10 - AVC - Acidente Vascular Cerebral UNIDADE 2 57 Os sistemas antioxidantes endógenos ou exógenos (Figura 10) neutralizam os radicais livres. Usual- mente, estas moléculas podem ser secretadas a partir de produtos naturais ou são facilmente encon- tradas em alimentos. Especialmente as vitaminas A, C e E, proteínas do soro, as ceruloplasminas e as transferrinas. Todas essas moléculas possuem habilidade de inativar radicais, dessa forma, reduzem a capacidade de desenvolvimento de lesões nas membranas celulares (MOHAN, 2010). As algas marinhas apresentam vários tipos de moléculas antioxidantes que inibem a secreção de novas moléculas de radicais livres ou eliminam as moléculas livres existentes, sendo especialmente utilizadas no tratamento do câncer, pois o nível de ROS no tumor é alto. Alguns agentes quimio- terápicos também podem estimular a produção em grande escala ROS, e por conta disso, são atribuídos os principais efeitos colaterais referentes ao tratamento contra os diferentes tipos de tumores. Estudos revelam que a suplementação com extratos de algas marinhas, especialmente, aquelas que apresentam uma maior variabilidade de terpenoides e quando administrada em dose terapêutica na quimioterapia adjuvante, dificultam a geração de novas moléculas de ROS. Sendo assim, a utilização de algas no tratamento contra o câncer pode minimizar os efeitos adversos da quimioterapia. Fonte: Ferdous e Yosuf (2021). e) Estimulam reações inflamatórias subsequentes: este processo decorre de isquemia seguido por reperfusão e envolvem, ainda, eventos inflamatórios mediados diretamente pela ação dos neutrófilos (Figura 11). Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar uma ilustração em 3D de um neutrófilo circulante. No centro da imagem, representando o neutrófilo, há uma estrutura circu- lar com bordas disformes de cor bege, dentro dessa estrutura há três lóbulos arredondados ligados um ao outro. No restan- te da imagem, envolta do neutrófilo, há a ilustração de várias estruturas circulares em formato de discos e bicôncavas na cor vermelha, representando as hemácias. Figura 11 – Neutrófilo central circulante UNICESUMAR 58 Esta célula pode rapidamente utilizar o oxigênio altamente reativo que estimula a liberação de outras moléculas de radicais livres. Tal processo é conhecido como explosão respiratória ou “burst oxidativo”. A isquemia poderá resultar em demasiado acúmulo de precursores da molécula de ATP, especificamente a adenosina difosfato (ADP) e piruvato. Estas moléculas incrementam ainda mais a produção de radicais livres (MOHAN, 2010). Ao longo da nossa Unidade 2, você estudou vários processos, fenômenos e mecanismos relacionados ao desenvolvimento de lesões. Várias situações específicas vivenciadas pelas nossas células refletem diretamente no desenvolvimento das doenças. Inúmeros fatores, que incluem especificamente a geração de radicais livres, envelhecimento e desnutrição, podem culminar no desenvolvimento de diferentes tipos de lesões celulares. Aquelas de natureza reversíveis ocorrem em processos que envolvem adapta- ções celulares. Por outro lado, quando as lesões são irreversíveis, elas causam alguma doença específica. A diferenciação entre as lesões reversíveis e irreversíveis basicamente são diferenças morfológicas e funcionais das membranas, núcleos, organelas e citoplasma. A partir destas observações, especialistas de diferentes áreas conseguem identificar a gravidade das doenças e estabelecer protocolos para o tra- tamento delas. Os radicais livres acompanham o desenvolvimento das lesões e prejudicam, inclusive, outras células saudáveis, alterando a homeostasia celular e potencializando o desenvolvimento de várias doenças de base. Neste contexto, devemos pensar na ação dos sistemas antioxidantes endógenos e exógenos. Eles são considerados moléculas-chave neutralizantes dos radicais livres, especialmente combatendo os ROS. Caro(a) aluno(a), espero que você tenha entendido a importância dos mecanismos relacionados ao estabelecimento das lesões de natureza reversíveis e irreversíveis, bem como as suas relações diretas com mecanismos específicos que envolvam hipóxia, isquemia e reperfusão. Essa primeira aproxima- ção com o conteúdo é muito importante para o entendimento dos fenômenos que nós iremos estudar nas unidades seguintes. Toda a terminologia, conceitos e aplicações aqui apresentados e descritos vão auxiliá-lo no entendimento da construção da patologia aplicada. O conteúdo referente à patologia geral é especial, é denso e complexo. No entanto, os detalhes na abordagem destes mecanismos vão auxiliar você nas relações clínicas e terapêuticas. Apesar da com- plexidade dos temas, você encontrará, em nosso material, uma base sólida e prática que contribuirá com o desenvolvimento de sua análise crítica e integradora do funcionamento celular relacionado ao ser biopsicossocial. Na próxima unidade, nós vamos continuar estudando os principais conceitos de homeostasia e suas relações com as lesões celulares e, desta forma, facilitando o entendimento das respostas biológicas intimamente relacionadas a cada doença, analisando suas diferentes estratégias de retorno à condi- ção de homeostasia após a cura da doença. Além disso, vamos compreender, de forma detalhada, os principais mecanismos de várias patologias. 59 Vamos fechar esta unidade desenvolvendo um mapa mental sobre as principais características rela- cionadas ao desenvolvimento de lesões reversíveis e irreversíveis, com ênfase especial nas alter- ações que ocorrem em organelas, núcleo, membranas e a relação direta com o estresse oxidativo. Para dar uma mãozinha na revisão, convido você a dar continuidade no mapa mental. Dessa forma, você poderá visualizar, revisar e memorizar todo conteúdo estudado nesta primeira unidade, de uma maneira diferente, colorida e ilustrativa, então, mãos à obra? Envelhecimento ADAPTAÇÃO CELULAR Lesão Irreversível Alterações Metabólicas Estresse Oxidativo Célula Morre Antioxidantes Célula volta ao normal Acúmulos Intracelulares Lesão Reversível 60 1. As células dispõem de mecanismos que auxiliam no reparo de lesões específicas, bem como são capazes de tolerar até certo ponto determinados tipos de eventos inadequados, evitando, dessa forma, o estabelecimento de certos tiposde lesões. Com base nos principais aspectos associados à resposta das células frente uma lesão, analise as sentenças a seguir e assinale a alternativa correta. I) O desenvolvimento de uma lesão está associado ao estabelecimento de efeitos residuais que indicam a presença de alterações subcelulares e resultam nos acúmulos de metabólitos no ambiente intracelular. II) A partir do aumento da demanda funcional, as células usualmente se adaptam a mudanças específicas e possuem habilidade de retornar ao normal após o término do estresse a qual ela estava exposta. III) A partir de um tipo de estresse leve a moderado, a célula poderá se recuperar, resultando em uma lesão irreversível, entretanto, se a lesão persistir, ocorrerá a morte celular relacionada a uma lesão reversível. IV) Nunca uma célula sofrendo uma lesão causada por um agente estressor irá se recuperar, visto que ela não dispõe de mecanismos de reparo que possibilitem o retorno ao seu estado normal. Estão corretas: a) Apenas I e II. b) Apenas II e III. c) Apenas III e IV. d) Apenas I, II e IV. e) Apenas I, III e IV. 61 2. Várias moléculas ou agentes são capazes de danificar as nossas células afetando diretamente a organização estrutural, funcional e molecular. Os agentes agressores que lesionam as células são caracterizados como “causas adquiridas” de uma lesão, ou seja, eles se desenvolveram após a exposição a eles, e não por causas genéticas. Baseado na classificação das causas ad- quiridas de uma lesão, analise as sentenças e assinale a alternativa correta. I) Quando uma doença não apresenta nenhuma causa especificamente conhecida e a sua etiologia é de natureza indeterminada, elas são chamadas de “doenças idiopáticas”. II) Quando uma doença não resulta de nenhum tipo de alteração bioquímica ou morfológica e elas são adquiridas após o estresse, elas são chamadas de “doenças psicogênicas”. III) Quando uma doença surge como reflexo de “erros médicos” ou após administração de alguma substância benéfica ao organismo, elas são chamadas de “doenças iatrogênicas”. IV) Quando uma doença pode surgir em decorrência do excesso ou da falta de nutrientes e minerais necessários às nossas células, elas são chamadas de “doenças nutricionais”. Estão corretas: a) Apenas I e II. b) Apenas II e III. c) Apenas III e IV. d) Apenas I, II e IV. e) Apenas I, III e IV. UNICESUMAR 62 3. A membrana interna mitocondrial dispõe de uma estrutura chamada citocromo que catalisa a reação de transformação de oxigênio e hidrogênio, gerando as espécies reativas de oxigênio (EROs). São co- nhecidas, especialmente, três principais moléculas intermediárias de EROs geradas a partir da redução do oxigênio, e a principal diferença entre elas é o número de elétrons transferidos. Acerca das princi- pais características destas moléculas, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. I) A reação de auto-oxidação direta do oxigênio durante a reação de transporte mitocondrial desta molécula pela enzima xantina oxidase originará o ânion superóxido. II) A redução do peróxido de hidrogênio, a água por ação das enzimas catalase ocorrerá nos peroxisso- mos, e pela ação da glutationa peroxidase ocorrerá no citosol e nas mitocôndrias. III) A secreção do óxido nítrico ocorre por duas vias: a primeira é denominada “radiólise da água” e a segunda é conhecida como a “reação de Fenton”. IV) O haleto é um tipo de radical livre liberado dos leucócitos durante as respostas imunológicas. Eles passam a reagir com os superperóxidos e geram o ácido hipocloroso extremamente citotóxico. Estão corretas: a) Apenas I e II. b) Apenas II e III. c) Apenas III e IV. d) Apenas I, II e IV. e) Apenas I, III e IV. Button 26: