Prévia do material em texto
Inovações presentes no currículo moçambicano Menestrel Cécio Boaventura Amade menestrelamade@gmail.com RESUMO O currículo moçambicano sofreu inovações desde a Lei 4/83 até a actual Lei 18/2018 que entrará em vigor no próximo 2023. O currículo é dinâmico, por isso sofre inovações de modo a melhor a qualidade de ensino. Espreme-se quanto a finalidade suprema da educação: formação do homem novo, um homem livre de obscurantismo, homem que assume os valores da sociedade socialista ˮ. Idade de ingresso dos alunos no ensino primário era com (7) anos na lei 4/83 a passar a ingressar seis (6) anos na lei 6/92. Estrutura do sistema nacional da educação, subsistemas educação geral educação de adultos, educação técnico profissional, formações dos professores, educação superior para pré-escolar, ensino escolar e ensino pré-escolar. Em artigo 7 da lei 4/83, que visa sobre gratuidade do ensino básico desapareceu na lei 6/92 que ajuntou a primeira visando adequa lá na nova Lei. A lei 6/92 alterou a lei 4/83, nela que afirmava que estado moçambicano apenas se organizava e promove o ensino “como parte integrante da acção educativa.” Na Republica de Moçambique a educação constitui o direito e um dever do cidadão. A Lei 18/2018 altera a actual Lei que o ensino público era gratuito e obrigatório da 1ª à 7ª classe, sendo extensivo à 9ª classe a partir do presente ano. O ensino primário completo (1ª à 7ª Classe) é concluído na 6ª classe e só será ministrado por um professor até ao fim do ensino primário, ou seja, o secundário tem início na 7ª e termina na 12ª classe. Palavras-chave: Inovações. Currículo. Abstract The Mozambican curriculum has undergone innovations from Law 4/83 to the current Law 18/2018, which will come into force in 2023. The curriculum is dynamic, so it undergoes innovations in order to improve the quality of teaching. The supreme purpose of education is expressed: formation of the new man, a man free from obscurantism, a man who assumes the values of socialist society ˮ. The age of entry of students in primary education was (7) years old in law 4/83, going up to six (6) years old in law 6/92. Structure of the national education system, subsystems general education adult education, technical vocational education, teacher training, higher education for pre-school, school education and pre-school education. In article 7 of law 4/83, which aims at free basic education, it disappeared in law 6/92, which added the first one, aiming to adapt it to the new law. Law 6/92 amended Law 4/83, in which it stated that the Mozambican state only organized and promoted education “as an integral part of educational action.” In the Republic of Mozambique, education is a citizen's right and duty. Law 18/2018 amends the current law that public education was free and compulsory from 1st to 7th grade, extending to 9th grade from this year. Complete primary education (1st to 7th grade) is completed in grade 6 and will only be taught by one teacher until the end of primary education, ie secondary education starts in grade 7 and ends in grade 12. Keywords: Innovations. Curriculum. ____________________________ Mestrando em Administração e Regulação de Educação na Academia Militar -Nampula, Licenciado em Ensino de Matemática e professor da Escola Secundária Geral 25 de Setembro (Nacala-Porto). Correio electrónico: menestrelamade@gmail.com Introdução A inovação é acção de mudar. Alterar as coisas, pela introdução de algo novo. Não se deve confundi-la com invenção (criação de algo que não existia) ou com descoberta (acto de encontrar o que existia e não era conhecido). A inovação consiste na aplicação de conhecimentos já existentes. (…) inovar consiste em introduzir novos modos de actuar em face de práticas pedagógicas que aparecem como inadequadas ou ineficazes (Castanho, 2002, p. 76). O currículo tem que ser entendido como a cultura real que surge de uma série de processos, mais que como um objeto delimitado e estático que se pode planejar e depois implantar; aquilo que é, na realidade, a cultura nas salas de aula fica configurado em uma série de processos: as decisões prévias acerca do que se vai fazer no ensino, as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a forma como a vida interna das salas de aula e os conteúdos de ensino se vinculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação, etc. A inovação curricular do ponto de vista da organização curricular tem, segundo Ferretti (1989), o significado tanto de propor actividades que promovam a integração de conteúdos, como a de proposição de conteúdos que derivam de outros referenciais para além do relacionado ao campo específico da área disciplinar como, por exemplo, os conteúdos derivados de questões sociais, de meio ambiente, de questões culturais. Para o autor, em se tratando de inovação relacionada a métodos de ensino, inovar tem significado de criar métodos ou técnicas que favoreçam a integração de conteúdos e a integração social dos estudantes, bem como estimulem a participação destes em outros níveis que não apenas o intelectual (Pereira et al, 2010, p. 202). O presente artigo tem como tema inovações presentes no currículo moçambicano. e tem como objectivo geral conhecer as inovações presentes no currículo moçambicano. Para isso, nortearam esta pesquisa científica os seguintes objetivos específicos: · identificar os aspectos que mudaram no currículo moçambicano partindo da Lei 4/83 até a Lei 18/2018. · Descrer as inovações curriculares presentes. Para construção deste artigo compilado a qual se serve da técnica de agrupamento de informações, foi utilizado o método bibliográfico, com abordagem qualitativa, buscando reunir algumas abordagens significativas e refletir sobre autores contribuintes com o tema, feitas em artigos, livros de autores renomados e periódicos científicos da atualidade. Enquadramento teórico Currículo O termo currículo, preocupação crescente da sociedade actual e um dos aspectos fundamentais ao nível da educação, é um conceito ambíguo para o qual se têm vindo a apresentar diversas definições. Considerado um conceito polissémico, cuja palavra, de origem latina, estaria associada àquilo que passa, a um percurso que se constrói (Roldão, 1999, p.15), o currículo é no entanto, e consensualmente, perspectivado por vários autores como um plano de estudos, ou seja, um conjunto estruturado de matérias de ensino traduzido na distribuição variada de tempos lectivos semanais ou de unidades de crédito a cada uma das disciplinas (Ribeiro, 1993, p.75). O currículo é um projecto que traduz uma vontade ou a “tentativa para comunicar os princípios e as orientações essenciais de um propósito educativo, de tal forma que este permaneça aberto à discussão crítica e possa ser transposto de forma eficaz para a prática”,(Stenhouse, 1984, p.29). Com efeito, ao nível da elaboração do currículo, há que ter em conta algumas questões fundamentais, que alguns autores procuraram definir, como veremos em seguida. Em síntese, podemos afirmar que currículo é todo o conjunto de acções desenvolvidas pela escola no sentido de criar oportunidades para a aprendizagem (Tanner, 1975 e Wheeler, 1976; cit. por De La Orden, s/d:3), definindo as formas através das quais a sociedade selecciona, classifica, distribui, transmite e avalia o conhecimento educativo considerado público, reflecte a distribuição do poder e os princípios de controlo social (Bernstein, 1980, cit. por Paulo Nobre, 2003). Inovação De acordo com Hard (10996) citado em Hernández (2000, p.19) a inovação é “…qualquer aspecto novo para um indivíduo dentro de um sistema”. Neste contexto, o que é inovação para um pode não ser para o outro dentro de um mesmo ambiente. Esse autor ainda refere que, “ a inovação não é a mesma coisa para quem a promove, para quem a facilita e para quem a põe em prática ou para quem recebe seus efeitos. (…) uma inovação resulta da confluência de uma pluralidade de olhares e opiniões que procedem dos que tem algum tipo de relaçãocom ela”. Para Castanho (2002): A inovação é acção de mudar. Alterar as coisas, pela introdução de algo novo. Não se deve confundi-la com invenção (criação de algo que não existia) ou com descoberta (acto de encontrar o que existia e não era conhecido). A inovação consiste na aplicação de conhecimentos já existentes. (…) inovar consiste em introduzir novos modos de actuar em face de práticas pedagógicas que aparecem como inadequadas ou ineficazes (p. 76). A inovação curricular do ponto de vista da organização curricular tem, segundo Ferretti (1989), o significado tanto de propor actividades que promovam a integração de conteúdos, como a de proposição de conteúdos que derivam de outros referenciais para além do relacionado ao campo específico da área disciplinar como, por exemplo, os conteúdos derivados de questões sociais, de meio ambiente, de questões culturais. Para o autor, em se tratando de inovação relacionada a métodos de ensino, inovar tem significado de criar métodos ou técnicas que favoreçam a integração de conteúdos e a integração social dos estudantes, bem como estimulem a participação destes em outros níveis que não apenas o intelectual (Pereira et al, 2010, p. 202). Ferretti (1989) diz que inovar do ponto de vista da organização curricular, significa propor medidas que promovam a integração de conteúdos, como a proposição de conteúdos que derivam de outros referenciais para além do relacionado ao campo específico do conhecimento da área disciplinar, como os conteúdos derivados de questões sociais, de meio ambiente, de questões culturais. Portanto, este autor ao defender a incorporação de conteúdos que derivam de outros referenciais assume que o Currículo da maneira que vem sendo projectado, significa uma inovação. Teorias Curriculares As teorias curriculares emergem na tentativa de inovar o currículo ao procurar incorporar as mudanças impostas pela dinâmica social. Silva (2000) defende a existência de três grandes categorias de teorias de acordo com os conceitos que elas enfatizam. Neste contexto, destacam-se as seguintes teorias: · Teorias tradicionais: defendem a eficiência, a organização do ensino, o planeamento e o cumprimento dos objectivos. · Teorias críticas: advogam as relações sociais de produção; a reprodução cultural e social; a emancipação e libertação, o currículo oculto e resistência ao capitalismo. · Teorias pós-críticas: defesa da identidade, da alteridade, a diferença cultural, do género, da raça, etnia e do multiculturalismo. Avaliação Curricular Falando da avaliação do Currículo, Agostinho et all (2011) defende que “a avaliação é um instrumento do processo de ensino e aprendizagem, através da qual se pode comparar como estão sendo alcançados os objectivos e as finalidades da educação” (p.19). Nesta asserção nota-se a preocupação em grande medida com os resultados. Piora ainda o fosso quando afirma que a avaliação tem por função permitir que se obtenha uma imagem clara do desempenho dos alunos em termos de competências básicas descritas no currículo. Lemmer (2006) considera a avaliação curricular como um aspecto crucial da reforma curricular, pois, permite medir a sua implementação. Avaliar a reforma curricular, consiste na recolha de informação nas instalações da escola, dos gestores, professores, estudantes e pais, com o fim de fazer julgamentos informados sobre o funcionamento da escola. Ao avaliar o currículo local, estar-se-ia a verificar na prática o seu nível de prossecução nos seus diversos aspectos. Inovações presentes no currículo moçambicano A Constituição da República de 1975 consagrou a educação como um direito e um dever de todos os cidadãos, assumindo o estado a promoção de condições necessárias para o exercício pleno desse direito a todos os moçambicanos, visando, com isso, combater o atraso a que esses foram sujeitos durante a vigência do sistema colonial. Dessa forma, o primeiro governo independente de Moçambique colocou à escola moçambicana o desafio de difundir o conhecimento técnico e científico e de divulgar a cultura nacional, que, durante muito tempo, foi ofuscada pelo colonialismo, como atesta o Art. 113º da Constituição da República: “A República de Moçambique promove uma estratégia de educação visando à unidade nacional, a erradicação do analfabetismo, o domínio da ciência e da técnica, bem como a formação moral e cívica dos cidadãos” (Moçambique, 1990, p. 32). Foi estabelecido por meio do Art. 4° da Lei n° 4/83 do Sistema Nacional da Educação (SNE) que a educação deve garantir a formação do “Homem Novo”. Para isso, era necessária a mobilização de recursos, fundamentalmente humanos. A educação passava a ser vista, então, como fundamental para o resgate da cultura e dignidade humana, particularmente, a dos moçambicanos. A educação devia criar condições para a formação de uma rede escolar mais adequada e eficaz, garantindo-se desta forma a efectivação da escolaridade obrigatória, estratégia fundamental para erradicação do analfabetismo, para a formação de técnicos básicos e médios necessários para os projectos agro-industriais, e para elevar a formação dos trabalhadores dos sectores considerados prioritários da economia nacional. Sob o ponto de vista político-ideológico, a educação deveria garantir o acesso dos trabalhadores à ciência e à técnica, de forma a tornarem-se dirigentes da sociedade, e assegurar a formação do homem novo, socialista, capaz de acompanhar o processo de transformação social (Mazula,1995, p.171). Para que esses objetivos fossem rapidamente alcançados, o governo independente declarou, em 24 de julho de 1975, a nacionalização da educação, da saúde e da justiça. Segundo Mazula (1995) “a nacionalização era uma medida radical e de impacto para o controle das escolas e para a socialização da educação” (p. 151). Portanto, a transição do sistema do período educativo colonial para um de educação moçambicano se dá com a nacionalização do ensino, através do decreto 12/75 de 6 de setembro de 1975, que proíbe o exercício a título privado da atividade de ensino em Moçambique, passando essa actividade a ser exclusiva do estado. Com isso, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) pretendia evitar mais depredações e sabotagens nas escolas particulares; (2) romper com os elementos de desigualdade social; (3) possibilitar a planificação da ação educativa com vista à criação de um sistema de educação ao serviço dos interesses das massas, implantando assim, um novo tipo de educação e (4) ideologicamente eliminar aqueles elementos que entravavam a sua hegemonia visava a democratização do ensino e política. A FRELIMO fazia dela, um instrumento válido para a universalização da escola (Mazula, 1995, p. 151). Para Gomez (1999, p. 233), citando MEC (1979), “a nacionalização da educação constituiu o primeiro passo para o estado poder passar a dirigir o processo educativo, para uniformizar o sistema de ensino, em suma, para democratizá-lo”. Com a nacionalização do ensino, a direção e gestão do sistema educativo foi confiada, única e exclusivamente, ao Ministério da Educação e Cultura (MEC). Foi dentro das suas atribuições que o MEC convocou professores de todo o país para um encontro nacional na cidade da Beira, cuja finalidade era propor uma reforma curricular que visasse alterações nos programas de ensino vigentes. Assim, foram reformulados os programas de ensino da primeira à décima primeira classe. Entre 1975 e 1976, na reforma curricular que guiou a reformulação dos programas da 1ª à 11ª classes, e alterações dos conteúdos; foram retiradas as disciplinas de História e Geografia de Portugal e Religião e Moral e substituídas por História e Geografia de Moçambique e da África e de Educação Política; foram introduzidos o estudo político no seio dos professores, Atividades Culturais “como forma de afirmação da personalidade moçambicana” e deu-se um valor especial às atividades produtivas, respondendo ao princípio da ligação do estudo à produção e da teoria à prática (Machel apud Mazula, 1995, p. 152). Em 1981, o MEC apresentou aentão Assembleia Popular, reunida na sua 9ª sessão, um documento intitulado “Linhas Gerais do Sistema Nacional de Educação”, que continha a sua concepção sobre o que deveria ser o novo sistema educativo em Moçambique. Em março de 1983, foi aprovada pela Assembleia Popular a lei do Sistema Nacional de Educação (SNE), nº 4/83, que, segundo Mazula (1995), “sintetiza as linhas gerais do SNE, nos seus fundamentos político-ideológicos, princípios, finalidades, objetivos gerais, e pegadógicos da educação em Moçambique.” (p. 177). Foi garantida a igualdade do acesso à educação a todos e em todos os níveis, pois ela é definida como direito e dever dos cidadãos moçambicanos. Diferenças fundamentais do SNE entre a Lei 4/83 e a Lei 6/92 Sistema Nacional da Educação: Princípios e objetivos gerais do SNE Lei 4/83 Lei 6/92 Educação da República Popular de Moçambique baseia-se nas experiências nacionais, nos princípios do marxismo-leninismo e do patrimônio científico, técnico e cultural da Humanidade (alínea d do Artigo 1). O SNE tem como objectivo central a formação o Homem Novo, um homem livre do obscurantismo, da superstição e da mentalidade burguesa e colonial, um homem que assume os valores da sociedade socialista [...] (número 1 do Artigo 4º). Na formulação dos princípios e objetivos da nova Lei são expurgados todos os elementos que enformam o discurso político-ideológico na filosofia socialista maxista-leninista e na ideologia do partido Frelimo; encontra-se bem evidente o discurso político sobre o desenvolvimento pessoal, social, econômico e da educação e investigação: “desenvolvimento das capacidades e da personalidade e da iniciativa criadora” (alíneas a e b do artigo 2). “desenvolvimento sócio-económico e cultural do país” (alínea e do artigo 2º) “desenvolvimento da produção e da investigação científica” (alínea f do artigo 3º Fonte: Uaciquete, (2010, p. 21). O reajustamento da lei nº 4/83 é justificado pela necessidade de se adequar às condições sociais e econômicas o que se reflete nos aspectos pedagógicos como organizativos. A mudança de paradigma decorre de uma nova compreensão da realidade e significa nova rota ou novo rumo, que orienta a definição de políticas, que passam a ser perseguidas por métodos, estratégias e instrumentos coerentes com os ideais e valores ontologicamente incorporados pela sociedade, na busca do desenvolvimento (Xavier, 1997, p. 293). Nesse contexto, a alteração da lei teve reflexos também nas reformas curriculares ocorridas, uma vez que o currículo, como política educacional, é articulado ao contexto social e político de cada momento. A lei do SNE de 1983 abrangeu toda a estrutura educacional de Moçambique, em todos os níveis de escolaridade, desde a educação primária até a universidade. Foram introduzidos um novo currículo escolar e novos programas de ensino, que traduziam a nova realidade do país. Como destaca o relatório da Conferência sobre o Desenvolvimento Curricular, “a introdução do SNE em 1983 significou o fim das soluções ad-hoc de revisão de programas de ensino e da elaboração de materiais didáticos de forma avulsa e dispersa” (Moçambique, 1995, p.7). O Ministério da Educação e Cultura é responsável pela planificação, direção e controle do sistema Nacional de Educação, assegurando a unicidade do Sistema. De igual modo, a lei do SNE atribui um caráter nacional os currículos e programas de ensino, sendo estes aprovados pelo Ministério da Educação e Cultura (Moçambique, 1983, p. 20). O currículo desenvolvido na década de 1980, quando da introdução do SNE, e os materiais didáticos para os alunos e professores foram concebidos tendo em conta “as metodologias de trabalho, os princípios políticos e conceitos pedagógicos-didáticos próprios da época” (Moçambique, 1997, p.4). Os livros dos alunos caraterizavam-se por não reconhecer os seus conhecimentos prévios, trazidos da vivência no meio em que estavam inseridos, e os programas e manuais para os professores não permitiam que esses desenvolvessem a sua criatividade, visto que eram demasiadamente prescritivos, detalhando cada momento da aula. Segundo destaca Kilborn (2000, p.7). Uma vez que o currículo se configura como um instrumento que visa responder às necessidades e aos interesses da sociedade, significa que o estabelecimento de consensos deve assegurar que ele seja assumido por todos como um “patrimônio da sociedade”. É assim que o currículo do ensino básico destacou algumas propostas de inovações, das quais se evidenciam: o Ensino Básico Integrado; os Ciclos de Aprendizagem; o Currículo Local; a Distribuição de Professores; a Progressão por Ciclos de Aprendizagem; a Introdução das Línguas Moçambicanas; do Inglês; de Ofícios e de Educação Moral e Cívica (Moçambique, 2003). O quadro abaixo apresenta algumas mudanças ocorridas na estrutura curricular desde o período que se estabeleceu o Governo de transição até a reforma curricular de 2004. Mudanças Curriculares no período pós-independência Educação no período 1974-1975 (período de transição) Educação no período de 1975-1983 (antes da introdução do SNE) Educação no período 1983-2004 (introdução do SNE) Educação no período 2004 (novo currículo do ensino básico) Reestruturação dos programas de ensino, retirando tudo o que fosse contrário à ideologia da FRELIMO (Mazula apud Uaciquete, 2010, p. 16). Reformulação dos pro-gramas da 1a à 11a classe e alteração dos conteúdos; retiradas as disciplinas de História e Geografia de Portugal e de Religião e Moral História e Geografia de Moçambique e da África e de Educação Política e introdução das disciplinas de História e Geografia de Moçambique e África, Educação Política e Atividades Culturais. Mudanças profundas nos currículos do Ensino Primário e do Ensino Secundário e introdução das áreas de Comunicação, Ciências Naturais e Sociais, Político-ideológica, Estética-cultural e Educação Física. Reformulação das áreas curriculares (Comunicação e Ciências Sociais, Matemática e Ciências Naturais, Atividades práticas e Tecnológicas); Introdução de novas disciplinas como Línguas Moçambicanas, Língua Inglesa, Educação Musical, Educação Visual, Ofícios; introdução do currículo local como componente do currículo centralmente definido e reformulação dos critérios de avaliação, com introdução da promoção por ciclos de aprendizagem. inovações e mudanças operadas na Lei 4/83 para a Lei 6/92 Houve mudanças e inovações na passagem da lei 4/83 para a lei 6/92 do sistema nacional de educação que costa as seguintes: Lei 4/83 Espreme-se claramente quanto a finalidade suprema da educação: formação do homem novo, ʻʻum homem livre de obscurantismo, da superstição e da mentalidade e burguesia e colonial, um homem que assume os valores da sociedade socialista ˮ(Artigo 4 número 1). Essa duvida e uma finalidade desenquadrada no que diz respeito a uma sociedade de democracia pluralista e de pôs guerra. Lei 6/92 Apresenta uma lacuna no que respeita a finalidade de educação. A pergunta que persiste é “quem deve substituir o homem novo?” que característica cognitiva efectivo-emocionais que capacidade e habilidades de apresentar o observante de cada subsistema e nível de educação? Deve ser um homem com espírito de tolerância e paz solidário com responsabilidade social consciência comunitária, com amor pela pátria, mais também um cidadão do mundo autonomia e independência de vida, que respeite e vida e consoante os valores éticos. Os aspecto que mudaram Idade de ingresso dos alunos no ensino primário ingressavam com (7) anos na lei 4/83 a passar a ingressar seis (6) anos na lei 6/92. Estrutura do sistema nacional da educação, subsistemas educação geral educação de adultos, educação técnico profissional, formações dos professores, educação superior para pré-escolar, ensino escolar e ensino pré-escolar. Em artigo 7 da lei 4/83 ,que visa sobre gratuidade do ensino básico desapareceu na lei 6/92 que ajuntou a primeira visando adequa lá ao novo contexto . A lei educação 6/92 alterou a lei 4/83 , nela e afirmado que estadomoçambicano apenas se organizava e promove o ensino “como parte integrante da acção educativa nos termos definidos da republica, a constituição referida no que diz respeito a educação nesta constituição sustentado que”Na Republica de Moçambique a educação constitui o direito e um dever o cidadão. Na lei educacional 6/92 ainda em vigor de se verificar que nela existe uma mudança de conceito educação para ensino .Com base na nova lei 6/92educacional é mencionado que assegurar e garantir o ensino básico a todos os cidadãos com base no introduzido da escolaridade obrigatória progressiva de acordo com o desenvolvimento do país constitui um dos objectivos do SNE. O condicionamento do acesso ao ensino básico ao desenvolvimento do país e a introdução a escolaridade básica. Progressiva parece ser proposicional, uma vez que legalmente conforme as duas constituições a oferta da educação ou ensino básico não consta como dever do estudo mais do cidadão e da família o que na consta na lei 4/83. A lei 6/92 outra omissão do estado moçambicano diz respeito a gratuidade do ensino publico o que implica a omissão da gratuidade conjuga com demissão da obrigação legal da oferta o ensino básico os problemas ficam sem escola por falta de vagas seja por indisponibilidade e de arcarem com matriculas, o pagamento das falhas para as provas, e compras de prova escolares que mas e vendido que destruído, de um modo geral o estado moçambicano oferece o ensino básico como caridade obrigando os pobres a apresentarem o atestado de pobreza distinto da lei 4/83 . Inovações da Lei 6/92 para a Lei 18/2018 A nova Lei do Sistema Nacional de Ensino (SNE) vem em substituição da Lei n° 6/ 92, de 6 de Maio, que vigorava até então. Dentre as novidades, destacam-se a divisão em seis subsistemas de educação, nomeadamente Pré-escolar, Geral, Adultos, Profissional, Formação de Professores e Ensino Superior, assim como a adaptação do programa curricular orientado para as necessidades das escolas, desde que tal medida não contrarie os princípios, objectivos e concepção do SNE. A Lei aprovada altera a actual realidade do ensino, que determinava que o ensino público era gratuito e obrigatório da 1ª à 7ª classe, sendo extensivo à 9ª classe a partir do presente ano. O ensino primário completo (1ª à 7ª Classe) é concluído na 6ª classe e só será ministrado por um professor até ao fim do ensino primário, ou seja, o secundário tem início na 7ª e termina na 12ª classe. A disciplina de Introdução à Filosofia passará a ser leccionada na área das Ciências com Desenho (da 10ª à 12ª classe), deixando de fazer parte das disciplinas de Letras e Ciências com Biologia. Entre as inovações incluem-se as disciplinas de História das Artes, e Técnicas de Expressão. Metodologia A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho baseou-se numa Pesquisa bibliográfica, como instrumento relevante para coleta de informações frente aos objectivos traçados. É o tipo de pesquisa que utiliza fontes bibliográficas ou material elaborado, como livros, publicações periódicas, artigos científicos, impressos diversos ou, ainda, textos extraídos da internet. Vergara (2006, p. 48) afirma que esse tipo “fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma”. Isso equivale a dizer que uma pesquisa dessa natureza pode anteceder outra, mais descritiva ou explicativa, valendo-se de um aprofundamento na área (ou no tema) que se deseja pesquisar. Dalberio e Dalberio (2009) destacam que esse tipo de pesquisa tem a vantagem de possibilitar, sem muitos custos, o acesso do pesquisador a uma amplitude de fontes. Porém, esses autores alertam que “o pesquisador deve tomar cuidado com a fidedignidade e validade científica das informações [sob o risco de] incorrer em possíveis incoerências e contradições causadas por material de baixa credibilidade” (Dalberio e Dalberio, 2009, p. 167). Discussão de resultados Os dados foram coletados e analisados qualitativamente, sendo consideradas que houve inovações curriculares nas leis 4/83 para a Lei 6/92 e a Lei 6/92 para 18/2018. A lei 6/92 alterou a lei 4/83, nela afirmava que estado moçambicano apenas se organizava e promovia o ensino “como parte integrante da acção educativa nos termos definidos da republica, a constituição referida no que diz respeito a educação nesta constituição sustentado que “Na Republica de Moçambique a educação constitui o direito e um dever o cidadão. Idade de ingresso dos alunos no ensino primário ingressavam com (7) anos na lei 4/83 a passar a ingressar seis (6) anos na lei 6/92. Estrutura do sistema nacional da educação, subsistemas educação geral educação de adultos, educação técnico profissional, formações dos professores, educação superior para pré-escolar, ensino escolar e ensino pré-escolar. Em artigo 7 da lei 4/83, que visa sobre gratuidade do ensino básico desapareceu na lei 6/92 que ajuntou a primeira visando adequa lá ao novo contexto. A lei 18/2018 vem em substituição da lei 6/92 que divide o sistema em seis subsistemas de educação. A Lei aprovada altera a actual realidade do ensino, que determinava que o ensino público era gratuito e obrigatório da 1ª à 7ª classe, sendo extensivo à 9ª classe a partir do presente ano. O ensino primário completo (1ª à 7ª Classe) é concluído na 6ª classe e só será ministrado por um professor até ao fim do ensino primário, ou seja, o secundário tem início na 7ª e termina na 12ª classe. Considerações finais Depois dos estudos feitos chegou-se a conclusão que que inovações operadas e as mudanças feitas na Lei 4/83 para Lei 6/92 e 6/92 para 18/2018 tem em vista o melhoramento e qualificação do processo e ensino-aprendizagem no sistema nacional de educação e a educação pode tomar características bastantes diferentes de acordo com o meio, tempo e as visões sociais. A educação é um processo progressivo que vem desde os tempos mais remotos e que está a sofrer diversas inovações e transformações curriculares, aperfeiçoamentos de acordo as características de cada currículo e época. A educação na era colonial era especificamente caracterizada pela discriminação que agora foi inovada para educação para todos. Referências bibliográficas Agostinho, Ângelo António. (2009). Manual de Apoio ao Professor – Sugestões para Abordagem do Currículo Local: Uma alternativa para a redução da vulnerabilidade. Maputo: INDE Castanho, Maria Eugenia. (2002). Docência e inovação na área de Ciências Exactas e Engenharia. Revista de Educação. PUC-Campinhas Dalberio, Osvaldo; Dalberio, Maria Célia Borges. (2009). Metodologia científica: desafios e caminhos. São Paulo, Brasil: Paulus. Ferretti, Celso João. (1989). Inovação na perspectiva pedagógica. São Paulo, Brasil: Cortez. Hernández, Fernando. (2000). Aprendendo com as inovações nas escolas. Porto Alegre: Artes Medicas Sul. Kilborn, Wiggo. (2000). Pesquisa e desenvolvimento da Matemática na Escola Primário em Moçambique. Cadernos de pesquisa no 17. Imprensa Universitária. Maputo. Moçambique. Lemmer, Eleanor. (2006). Educação Contemporânea: Questões e tendências globais. Maputo: Textos Editores. Mazula, Brazão. (1995). Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique: 1975-1985. Maputo. Edições Afrontamento e Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa. 1995. Moçambique. (1997). Promoção da Transformação Curricular da Educação Básica de Moçambique. Maputo. Ribeiro, Afonso. (1993). Currículo: natureza e âmbito. in Desenvolvimento Curricular. Lisboa: Texto Editora. (pp.11-22). Roldão, Maria do Ceu. (1999). Currículo como Projecto – O papel das escolas e dos professores. in Reorganização e gestão curricular no ensino básico. Reflexão participada. Porto: Porto Editora. (pp. 13-21). Silva, Tomaz Tadeu. (2000). Teorias do currículo: Uma introdução crítica. Porto, Portugal: Porto Editora. Uaciquete, Adriano Simão. (2010). Modelos de Administração da Educação em Moçambique (1983-2009). (Mestrado em Ciências da Educação, área de especialização em Administração e Políticas Educativas, Universidade de Aveiro. Portugal.Vergara, Sylvia Constant. (2006). Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. (7ª ed). São Paulo, Brasil: Atlas. 1