Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DEFINIÇÃO Transtornos alimentares: características clínicas e complicações médicas. Abordagem de tratamento (conduta nutricional e via de acesso). Outros transtornos alimentares. PROPÓSITO Apresentar o tratamento adequado para o transtorno alimentar sob um viés multidisciplinar, por meio da terapia nutricional – a melhor forma de contribuição para a recuperação da saúde física e mental do indivíduo. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha por perto um dicionário de termos médicos para melhor compreensão dos termos utilizados na prática clínica. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os Transtornos alimentares MÓDULO 2 Classificar o estado nutricional do paciente para planejamento da dieta de acordo com suas necessidades MÓDULO 3 Identificar a integração da equipe multidisciplinar no tratamento clínico INTRODUÇÃO Você já deve ter ouvido histórias sobre dificuldades na relação com a alimentação, não é mesmo? Vamos observar o relato a seguir: O depoimento aponta para uma descrição clara de TRANSTORNO ALIMENTAR. O QUE É UM TRANSTORNO ALIMENTAR? Os transtornos alimentares (TA) são distúrbios psiquiátricos associados ao comportamento alimentar que afetam adolescentes e adultos, principalmente do sexo feminino. Essas alterações alimentares podem levar ao emagrecimento extremo ou à obesidade, além de causarem prejuízos biológicos e psicológicos. Os TA mais comuns são a anorexia e a bulimia nervosa (BORGES et al., 2006; GONTIJO et al., 2011). A anorexia nervosa é a doença psiquiátrica mais comum entre mulheres jovens, sendo caracterizada por uma preocupação exagerada com o peso corporal. Além da perda grave de peso, a paciente apresenta distorção da imagem corporal e alterações no ciclo menstrual. A bulimia nervosa também acontece com frequência em mulheres jovens profundamente preocupadas com sua forma física e peso corporal, porém é um TA caracterizado por episódios repetidos de grande ingestão alimentar associado a medidas extremas de compensação, como a purgação, a fim de evitar ganho de peso (GONTIJO et al., 2011). Outros quadros, ainda não oficialmente classificados como TA, também têm sido estudados e, em todos eles, a terapia nutricional é peça fundamental para a recuperação do estado nutricional quase sempre prejudicado. Os pacientes com TA têm mortalidade dozes vezes maior que a população em geral da mesma faixa etária, e duas vezes maior do que em pacientes portadores de outros transtornos psiquiátricos. A taxa de mortalidade é de 5%, mas chega a 20% em 20 anos de acompanhamento, principalmente devido a suicídios e doenças cardíacas. (OLIVA & FAGUNDES, 2001; CARME et al., 2014). Devido à elevada associação dos TA com alta morbimortalidade, recomenda-se que suas manifestações clínicas sejam muito bem conhecidas pelos profissionais de saúde, para que seu diagnóstico seja realizado o mais precocemente possível, evitando que os pacientes cheguem para o tratamento apenas quando seu estado já seja grave. MÓDULO 1 Identificar os Transtornos alimentares TRANSTORNOS ALIMENTARES Os transtornos alimentares são uma série de desordens relativamente raras na população e compartilham o elo comum de uma alteração contínua na ingestão de alimentos ou no comportamento relacionado a alimentos. O quadro clínico é caracterizado por um medo mórbido de engordar e por uma preocupação exagerada tanto com o peso como a forma corporal, pela ingestão maciça de alimentos seguida de uma compensação (vômitos ou uso de laxantes e/ou diuréticos, por exemplo) (OLIVEIRA & HUTZ, 2010). Os pacientes tendem a negar ou a esconder o seu TA, recusando ajuda profissional adequada, por isso a sua incidência pode estar subestimada. No entanto, acredita-se que a população jovem do sexo feminino é a mais acometida e estima-se que a anorexia nervosa ocorra em 0,5% a 1%, e a bulimia de 1 a 3% dessas pessoas (MELIN & ARAUJO, 2002; PRISCO et al., 2013). VOCÊ JÁ OUVIU FALAR SOBRE ANOREXIA NERVOSA E BULIMIA NERVOSA? Segundo a American Psychiatric Association (2013), a anorexia nervosa é a terceira doença crônica mais comum em adolescentes do sexo feminino, e a bulimia nervosa afeta sobretudo as mulheres, que apresentam, geralmente, uma história prévia de anorexia nervosa. A anorexia nervosa é um distúrbio crônico caracterizado, principalmente, por um intenso medo de ganho de peso, alteração na percepção da forma ou tamanho do corpo, e restrição persistente do consumo alimentar. Legenda da imagem A bulimia nervosa, por sua vez, caracteriza-se, principalmente, pela presença de compulsão ou de voracidade alimentar repetidas, acompanhada por comportamento purgativo compensatório, como autoindução de vômitos ou uso indiscriminado de laxantes, diuréticos, inibidores de apetite ou enemas (ALVES et al., 2008; SILVA et al., 2007). A ETIOLOGIA DOS TA PARECE TER CUNHO MULTIFATORIAL. Acredita-se que a adolescência represente o ciclo da vida no qual a ocorrência é maior, embora atualmente esses distúrbios alimentares comecem em fases mais tenras da vida (BRANCO et al, 2006; TRICHES & GIUGLIANE, 2007). Talvez seja devido ao fato do adolescente buscar identidade pessoal e independência social e emocional nessa fase da vida. Sobressai, ainda, a influência dos fatores psicológicos, aliada ao forte apelo sociocultural do culto à magreza. Tais características podem se manifestar negativamente nas escolhas alimentares (DUNKER & PHILIPPI, 2003; BRANCO et al., 2006). A ocorrência dos transtornos alimentares é mais elevada em mulheres, provavelmente como consequência da elevada cobrança social pela busca do corpo perfeito no sexo feminino (FLEITLICH et al., 2000; GONTIJO, 2011). Entretanto, o fato de os homens serem rotineiramente excluídos das amostras dos estudos pode ser a causa da escassez de informações sobre esses problemas no sexo masculino (MELIN & ARAUJO, 2002). A versão mais recente do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-5, da Associação Americana de Psiquiatria (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013), cujos critérios diagnósticos são amplamente utilizados como referência para o diagnóstico de psicopatologias, considera como TA os seguintes transtornos: (1) transtorno de compulsão alimentar; (2) anorexia nervosa; (3) pica ou picamalácia; (4) transtorno de ruminação; (5) bulimia nervosa; (6) transtorno de consumo alimentar evitativo/restritivo. Antes do profissional de saúde fazer o diagnóstico da anorexia ou da bulimia nervosa, é importante excluir outras doenças que também podem causar perda de peso e simular algum TA, tais como (BORGES et al, 2006): Doenças gastrointestinais; Imunodeficiências e infeções graves; Síndrome da artéria mesentérica superior; Depressão; Esquizofrenia; Distúrbios de personalidade. VOCÊ CONSEGUIU COMPREENDER AS CARACTERÍSTICAS DE UM TRANSTORNO ALIMENTAR? PARA REFORÇAR SEU APRENDIZADO, TESTE SEUS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS ATÉ AQUI! ANOREXIA NERVOSA Etimologicamente, o termo “anorexia” deriva do grego an, deficiência ou ausência de, e orexis, apetite. Na anorexia nervosa (AN), ocorre medo mórbido de engordar com redução voluntária e drástica da ingestão alimentar, levando à progressiva e desejada perda de peso, caquexia, inanição e, não raro, à morte (MANOCHIO-PINA et al., 2018). A AN possui três características essenciais: Restrição persistente da ingestão calórica. Medo intenso de ganhar peso ou de engordar. Comportamento persistente que interfere no ganho de peso. Perturbação na percepção do próprio peso ou forma. Para seu diagnóstico, a American Psychiatric Association (2013) estabeleceu os seguintes critérios: CRITÉRIO 1 Restrição da ingestão calórica em relação às necessidades, levando a um peso corporal significativamente baixo no contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física. Peso significativamente baixo é definido como um peso inferior ao peso mínimo normal ou, no caso de crianças e adolescentes, menor do que o minimamenteesperado. CRITÉRIO 2 Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou comportamento persistente, que interfere no ganho de peso, mesmo estando com peso significativamente baixo. CRITÉRIO 3 Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciados, influência indevida do peso ou da forma corporal na autoavaliação ou ausência persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual. QUAIS SÃO OS PADRÕES DE AN? TIPO RESTRITIVO Os pacientes diminuem o consumo de alimentos, mas não se envolvem regularmente em episódios de compulsão alimentar ou em comportamentos purgativos; alguns pacientes exercitam-se excessivamente TIPO COMPULSÃO ALIMENTAR/PURGATIVO Os pacientes têm episódios regulares de compulsão alimentar e, então, induzem vômitos e/ou abusam de laxantes, diuréticos ou enemas. A ingestão compulsiva de alimentos/purgação ocorre em 30 a 50% dos pacientes. Os outros simplesmente restringem a quantidade de alimento ingerido. NÃO EXISTE UMA ÚNICA CAUSA RESPONSÁVEL PELA AN. Acredita-se no modelo multifatorial, com contribuição de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares (BORGES et al., 2006; CARMO et al, 2014). Desta forma, dentre os fatores predisponentes, podemos destacar: Doenças psiquiátricas preexistentes; História familiar de transtornos psiquiátricos; Baixa autoestima, traços obsessivos e perfeccionistas; Abuso sexual ou físico; Tendência à obesidade; Pertencer a um grupo onde haja um ideal cultural de magreza, como as bailarinas, modelos, nutricionistas e alguns atletas. Não existe um teste específico para o diagnóstico NA, haja vista que é um quadro de diagnóstico clínico. Os exames solicitados são usados no intuito de avaliar o estado de saúde do paciente e tratar possíveis complicações. As complicações clínicas relacionadas à AN são causadas pela própria desnutrição que a privação alimentar ocasiona. É frequente a presença de complicações metabólicas, tais como: hipoglicemia, hipercolesterolemia, hipocalemia, hiponatremia, hipocloremia, alcalose metabólica e desidratação. A inanição também promove ajustes fisiológicos no organismo que resultam em redução da taxa de metabolismo basal, que levam à redução da pressão arterial, bradicardia, hipotireoidismo, hipotermia, constipação e alterações no sono (ASSUMPÇÃO & CABRAL, 2002). Pacientes com AN podem apresentar ainda irregularidade menstrual, com as seguintes complicações: ausência da menstruação (amenorreia), infertilidade, diminuição de gonadotrofina, hormônio luteinizante e estrogênio, aumento do hormônio de crescimento e cortisol, diminuição do T3 (PHILIPPI & ALVARENGA, 2004). O lanugo (fina camada de pelos na face e no tronco) é uma alteração típica, podendo também ser observadas alterações na pele, como falta de brilho e palidez, e nos cabelos (escassos, sem cor e brilho). Anemia, leucopenia e altos níveis de colesterol total são também encontrados em consequência da desnutrição (ASSUMPÇÃO & CABRAL, 2002). BULIMIA NERVOSA O termo bulimia tem origem nas palavras gregas boûs (boi), e limós (fome). Desse modo, bulimia significa, literalmente, fome de boi. COMO CARACTERIZAR A BULIMIA NERVOSA? ONDE ELA SE TORNA MAIS RECORRENTE? A Bulimia Nervosa (BN) caracteriza-se por episódios recorrentes e incontroláveis de consumo de grandes quantidades de alimento em curto período de tempo, seguidos de comportamentos compensatórios inadequados, a fim de evitar o ganho de peso, que incluem: vômitos autoinduzidos, uso de laxantes e diuréticos, exercícios vigorosos, jejum e dieta restritiva (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). O transtorno é encontrado em todas as classes sociais e afeta, principalmente, mulheres jovens. Sua prevalência na população feminina com idade entre 18 e 48 anos varia de 1% a 2%. Desse montante, apenas uma pequena parcela recebe tratamento (menos de 10%). Para seu diagnóstico, a American Psychiatric Association (2013) estabeleceu os seguintes critérios: CRITÉRIO 1 EPISÓDIOS RECORRENTES DE COMPULSÃO ALIMENTAR. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos: 1. Ingestão, em um período de tempo determinado (por exemplo: dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes; 2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (por exemplo: sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o quê e o quanto está ingerindo). CRITÉRIO 2 Recorrentes comportamentos compensatórios inapropriados, a fim de impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos; uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; jejum; ou exercício em excesso. A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana durante três meses. CRITÉRIO 3 A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e peso corporais. CRITÉRIO 4 A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa. ATENÇÃO A causa da bulimia é multifatorial, mas o uso de dietas inadequadas e padrões ditatoriais de peso ideal são citados frequentemente como ponto de início. Indivíduos com BN estão, geralmente, dentro da faixa normal de peso ou com sobrepeso (IMC > 18,5 kg/m2 e < 30 em adultos). EM INDIVÍDUOS OBESOS, O TRANSTORNO OCORRE, MAS É RARO. Entre os episódios de compulsão alimentar, os indivíduos com BN costumam restringir seu consumo calórico total e optam, de preferência, por alimentos hipocalóricos (“dietéticos”), ao mesmo tempo em que evitam alimentos que percebem como muito calóricos ou com potencial para desencadear compulsão alimentar (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). Não existe, atualmente, teste diagnóstico específico para BN, mas a purgação pode levar a diversas anormalidades laboratoriais, incluindo anormalidades eletrolíticas, como hipocalemia (que pode provocar arritmias cardíacas), hipocloremia e hiponatremia. A perda de ácido gástrico pelo vômito frequente pode produzir alcalose metabólica (nível sérico de bicarbonato elevado), e a indução frequente de diarreia ou desidratação devido a abuso de laxantes e diuréticos pode causar acidose metabólica (ASSUMPÇÃO & CABRAL, 2002). A BN pode levar a algumas complicações clínicas que surgem, em sua grande maioria, como resultado dos métodos escolhidos pelo paciente para eliminar o alimento ingerido após um episódio de compulsão alimentar. Um sinal característico de pacientes bulímicos é o Sinal de Russel (uma calosidade no dorso da mão causada pela lesão da pele com os dentes ao provocar vômitos). Também são vistos eritema de palato, faringe e gengiva, assim como alterações nos dentes que sofrem erosão do esmalte, ficando com aspecto liso e opaco, e mais propensos a cáries. O consumo exagerado de carboidratos também pode causar hipertrofia das glândulas parótidas por hiperestimulação da glândula. E os vômitos recorrentes podem causar esofagite e hemorragia digestiva alta ou perfuração esofágica, além da perda do reflexo da náusea (BORGES et al, 2006; CARMO et al, 2014). A Associação Psiquiátrica Americana (2013), no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5 (DSM-5) descreve ainda outros critérios de Transtornos Alimentares, além da AN e da BN. Segundo o DMS-5, também são considerados transtornos alimentares: a pica, o transtorno de ruminação, o transtorno alimentar restritivo/evitativo e o transtorno de compulsão alimentar, além da anorexia e da bulimia nervosas. PICA OU PICAMALÁCIA A característica essencial da pica ou picamalácia é a ingestão de uma ou mais substâncias não alimentares, de forma persistente, e grave o suficiente para merecer atenção clínica. O QUE É NECESSÁRIO OBSERVAR EM RELAÇÃO AO DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO? As substâncias ingeridas tendem a variar com a idade e a disponibilidade, mas podem incluir papel, sabão, tecido, cabelo,fios, terra, giz, talco, tinta, cola, metal, pedras, carvão vegetal ou mineral, cinzas, detergente ou gelo. Quando um indivíduo recebe o diagnóstico desse TA, a avaliação deverá considerar a possibilidade de complicações gastrintestinais, intoxicação, infecção e deficiência nutricional. A manifestação inicial pode ocorrer na infância, na adolescência ou na idade adulta, embora a manifestação na infância seja mais comumente relatada. A ingestão de substâncias não alimentares também pode se manifestar na gestação, quando há possibilidade de ocorrer fissura específica (por exemplo: por giz ou gelo). O transtorno pode ter curso prolongado e ser potencialmente fatal, ou resultar em emergências médicas, tais como obstrução intestinal, perda aguda de peso, intoxicação (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). TRANSTORNO DE RUMINAÇÃO COMO CARACTERIZAR ESSE TIPO DE TRANSTORNO? O transtorno de ruminação é um tipo de transtorno alimentar caracterizado pela regurgitação repetida de alimento depois que ele é ingerido. O alimento é trazido de volta à boca e o ato não está acompanhando de náusea ou ânsia de vômito, nem é causado por uma condição gastrointestinal como o refluxo gastroesofágico ou a estenose do piloro. O alimento regurgitado pode ser remastigado e cuspido ou deglutido novamente. A desnutrição pode ocorrer em lactentes, crianças ou adultos, apesar da aparente fome do paciente e da ingestão de quantidades relativamente grandes de alimentos. Mas a desnutrição é mais comum em casos graves, quando a regurgitação ocorre logo após cada refeição e o alimento regurgitado é expelido. A desnutrição secundária à regurgitação repetida pode estar associada a atraso no crescimento e pode ter um efeito negativo no potencial de desenvolvimento e aprendizagem (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). TRANSTORNO ALIMENTAR RESTRITIVO/EVITATIVO O transtorno alimentar restritivo/evitativo (TARE) é um transtorno pouco conhecido, mas que já consta no DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). O TARE é uma classificação criada na tentativa de capturar um grupo de pacientes que apresentam comportamentos e sintomas alimentares prejudicados e angustiantes, mas não têm preocupações relacionadas ao peso e à imagem corporal ligada à AN ou à BN. O comportamento alimentar desses pacientes está associado à esquiva ou à restrição da ingestão alimentar, no qual se observa consumo energético insuficiente e dificuldade para manter o estado nutricional adequado. QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DESSE TRANSTORNO? No TARE, o comportamento alimentar restritivo ou evitativo resulta em perda significativa de peso, comprometimento do crescimento, dependência de suplementos nutricionais para atender às necessidades diárias de energia e deficiência nutricional, como anemia ferropriva (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013; NORRIS et al., 2016). TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR O transtorno de compulsão alimentar (TCA) é um TA que tem como característica essencial a ocorrência de episódios de compulsão alimentar que devem acontecer ao menos uma vez por semana. Um “episódio de compulsão alimentar” é definido como a ingestão de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um mesmo período sob circunstâncias semelhantes, e deve ser acompanhada pela sensação de falta de controle, embora não esteja associada ao uso recorrente de comportamento compensatório inapropriado (como a purgação) como na BN. INDIVÍDUOS COM TCA GERALMENTE SENTEM VERGONHA DE SEUS PROBLEMAS ALIMENTARES E TENTAM OCULTAR OS SINTOMAS. A compulsão alimentar ocorre em segredo ou o mais discretamente possível. Alguns gatilhos podem desencadear um episódio compulsivo, como por exemplo: restrições dietéticas, sentimentos negativos relacionados ao peso corporal, à forma do corpo e ao alimento, e ao tédio (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013; SCAGLIUSI, 2014). VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SEGUNDO A AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS PONTOS DO CRITÉRIO DIAGNÓSTICO DA ANOREXIA NERVOSA? A) Restrição da ingestão calórica em relação às necessidades nutricionais, medo intenso de ganhar peso ou de engordar, e perturbação na imagem corporal. B) Restrição da ingestão calórica em relação às necessidades nutricionais, medo intenso de ganhar peso ou de engordar, e sensação de falta de controle sobre a ingestão de alimentos. C) Sensação de falta de controle sobre a ingestão alimentar, compulsão alimentar e medo intenso de engordar. D) Medo intenso de engordar, restrição calórica em relação às necessidades nutricionais e compulsão alimentar. 2. SEGUNDO A ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA, QUAL É A DIFERENÇA ENTRE BULIMIA NERVOSA (BN) E TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR (TCA)? A) Na TCA, o paciente tem episódios de compulsão alimentar, mas não tem o comportamento compensatório inapropriado (como a purgação). B) Na TCA, o paciente tem episódios de compulsão alimentar associado a um comportamento compensatório inapropriado (como a purgação). C) Na TCA, o paciente não tem amenorreia. D) Na TCA, o paciente não faz restrição alimentar. GABARITO 1. Segundo a American Psychiatric Association, quais são os principais pontos do critério diagnóstico da Anorexia Nervosa? A alternativa "A " está correta. Segundo a APA, para diagnóstico da anorexia nervosa, é preciso que o paciente apresente estas três caraterísticas: restrição persistente da ingestão de calorias; medo intenso de ganhar peso corporal e perturbação na percepção corporal. Portanto, a opção A é a correta. 2. Segundo a Associação Psiquiátrica Americana, qual é a diferença entre bulimia nervosa (BN) e transtorno de compulsão alimentar (TCA)? A alternativa "A " está correta. Os dois transtornos alimentares podem ser facilmente confundidos, mas na TCA, o paciente, apesar de relatar falta de controle, não apresenta comportamento compensatório, como nos casos de bulimia. MÓDULO 2 Classificar o estado nutricional do paciente para planejamento da dieta de acordo com suas necessidades PALAVRAS INICIAIS INDIVÍDUOS COM TCA GERALMENTE SENTEM VERGONHA DE SEUS PROBLEMAS ALIMENTARES E TENTAM OCULTAR OS SINTOMAS. Os pacientes com AN apresentam um quadro de desnutrição semelhante à da inanição. Ou seja, ocorre consumo importante do tecido adiposo e da massa magra corporal, aumento da água extracelular, anormalidades dos eletrólitos, alterações endócrinas adaptativas do organismo à deficiência energética e alteração do metabolismo lipídico, sendo comum a hipercolesterolemia. Já na BN, ocorrem alterações metabólicas desencadeadas principalmente por desequilíbrio hidroeletrolítico. O estado nutricional desses pacientes encontra-se, na maior parte dos casos, na faixa de adequação ou sobrepeso (BORGES et al, 2011). Antes de prosseguir vamos analisar a seguinte situação: Fonte: Shutterstock Por meio desse relato, compreendemos que o nutricionista participa de todo processo de planejamento alimentar, desde a organização das refeições, ajudando o paciente a consumir uma dieta adequada e monitorando o ganho de peso. O nutricionista também deve ajudar o paciente a normalizar o seu padrão alimentar e aprender que a mudança de comportamento deve sempre envolver planejamento e o contato com os alimentos. Às vezes, o nutricionista é o primeiro profissional a reconhecer os sintomas da TA, ou pode ainda se afigurar como o primeiro a ser consultado por um paciente em busca de ajuda (LATTERZA et al., 2004; OZIER & HENRY, 2011). COMO FUNCIONA O CUIDADO NUTRICIONAL PARA PESSOAS COM TA? O cuidado nutricional para as pessoas com TA segue a mesma sequência de todos os tratamentos nutricionais, iniciado com avaliação nutricional e seguido pela formulação do diagnóstico nutricional, intervenção e acompanhamento (com reavaliações frequentes). A principal diferença é que os procedimentos devem ser discutidos com a equipe multiprofissional que acompanha o caso. Além disso, a intervenção deve serconstruída junto com o paciente e, em alguns casos, com seus familiares (SCAGLIUSI, 2014). A avaliação antropométrica deve ser executada, de preferência, por um mesmo profissional, minimizando erros e manipulações de dados e informações pelo paciente. Para avaliar a ingestão alimentar e progressos atingidos durante o seguimento das orientações dietéticas, além de ampla anamnese inicial, investigando sobre tabus, mitos e crenças sobre os alimentos, hábitos alimentares e distorção corporal, recomenda-se a utilização do diário alimentar (SICCHIERI et al., 2006). Fonte: Shutterstock O DIÁRIO ALIMENTAR É UMA FERRAMENTA DE USO RECOMENDADO PARA EDUCAÇÃO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DOS PACIENTES COM TA PORQUE FUNCIONA COMO UM INSTRUMENTO DE AUTOMONITORIZAÇÃO. Nele, o paciente registra a qualidade e a quantidade dos alimentos consumidos, os horários e locais onde as refeições foram realizadas, a ocorrência de compulsões e purgações, a companhia durante as refeições e os sentimentos associados, atribuindo uma “nota” para o quanto de fome estava sentindo antes de alimentar-se e o quanto de saciedade obteve com aquela refeição. Esse registro faz com que o paciente adquira maior consciência sobre diversos aspectos da sua doença e constantemente exerça disciplina e controle (ALVARENGA & LARINO, 2002; LATTERZA et al., 2004). O QUE DEVEMOS CONSIDERAR SOBRE PADRÃO ALIMENTAR? O padrão dietético encontrado na AN é de uma baixa ingestão alimentar de calorias e nutrientes em geral, mas as deficiências de vitaminas e minerais não são vistas regularmente. Além disso, os anoréxicos costumam não ter regularidade para suas refeições, com grande variabilidade de padrões dietéticos. Já na BN, o padrão alimentar é descrito como "caótico", isto porque os pacientes insistem em começar uma "nova dieta", consumindo quantidades mínimas de alimentos e alternando com consumo calórico extremamente alto, inclusive de alimentos "proibidos" que geram um episódio bulímico. O exagero no consumo desencadeia ansiedade e medo de engordar, levando aos comportamentos compensatórios inadequados para controle de peso, instalando-se o ciclo da "dieta ― episódio de compulsão alimentar ― purgação”. (ALVARENGA & LARINO, 2002) QUAL É A RECOMENDAÇÃO DA AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION (OZIER & HENRY, 2011) PARA QUE A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL SEJA CAPAZ DE IDENTIFICAR CONDIÇÕES CLÍNICAS E PSICOLÓGICAS, INCLUINDO SINTOMAS E COMPORTAMENTOS DE PACIENTES COM AN E BN? Escolha uma das Respostas a seguir. RESPOSTA L RESPOSTA 2 RESPOSTA 3 javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Realização de medidas antropométricas, incluindo altura, peso e avaliação do padrão de crescimento e maturação sexual em pacientes jovens. Interpretação de dados bioquímicos: especialmente os associados à Síndrome de Realimentação; Avaliação do padrão dietético, incluindo: restrições alimentares, preocupações, rituais secretos de alimentação, compulsão, vômito, atividade física em excesso. Realização do diagnóstico nutricional e elaboração de um plano para resolução dos problemas detectados em conjunto com a equipe multidisciplinar. Na AN, a realização do exame físico é muito importante e deve investigar alterações nos cabelos (ressecamento e diminuição da espessura, volume e quantidade), na pele (presença de lanugo, ressecamento) e nas unhas (geralmente fracas, quebradiças e com mudança brusca de cor no frio). Fonte: Shutterstock No tocante aos exames laboratoriais, recomenda-se que o nutricionista realize o monitoramento dos seguintes parâmetros: eletrólitos séricos, hemograma, reticulócitos, ferro, ferritina, transferrina, vitamina B12, creatinina, ureia, glicemia, albumina, pré-albumina, colesterol total e frações (SCAGLIUSE, 2014). COMO DEVE SER A AVALIAÇÃO ALIMENTAR NO TA? A avaliação do estado nutricional no TA deve ser realizada no primeiro atendimento e a cada retorno, começando pela avaliação antropométrica com aferição de peso, altura, mas também dos perímetros (braço, cintura, quadril) e de dobras cutâneas (tricipital, bicipital, subescapular e supraíliaca). A avaliação nutricional de rotina fornece ao nutricionista o direcionamento inicial, mas possibilita também, quando necessário, o acompanhamento e o direcionamento da intervenção nutricional (SICCHIERI et al., 2006; SCAGLUISE, 2014). RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Uma observação muito importante no TA é que o peso ideal deve ser discutido com o paciente, levando-se em consideração sua compleição física e histórico de peso. É fundamental que o paciente compreenda que o peso ideal é determinado em função da sua saúde, e não de padrões de beleza ou exigências pessoais desmedidas (LATTERZA et al, 2004). Em adultos, o baixo peso é definido usando o índice de massa corporal. Um IMC < 17 kg/m2 é considerado significativamente baixo; mas um IMC entre 17 e 18,5 kg/m2 pode ser considerado significativamente baixo, dependendo do ponto de partida do paciente. Para crianças e adolescentes, recomenda-se usar como referência o percentil do IMC para idade, considerando-se como baixo peso o percentil < 5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). O cuidado nutricional das pessoas com TA deve ser feito de forma individualizada e abrangendo técnicas e procedimentos da dietoterapia, da educação alimentar e do aconselhamento nutricional (OZIER & HENRY, 2011). O TRATAMENTO DOS PACIENTES COM TA BUSCA A REABILITAÇÃO COMPLETA DO PACIENTE NOS ASPECTOS CLÍNICOS, NUTRICIONAIS E PSICOLÓGICOS. Para isso, é importante o trabalho em equipe multidisciplinar composto por, no mínimo, médico, psiquiatra, psicólogo e nutricionista. Dentro da equipe multidisciplinar, o nutricionista é o profissional capacitado para propor a reeducação no que se refere ao consumo e ao padrão e comportamento alimentares, aspectos profundamente alterados nos TA (SOUZA & PESSA, 2016). Recomendam-se, para o tratamento inicial, consultas semanais ou quinzenais com o nutricionista, de acordo com a gravidade do quadro (SCAGLIUSI, 2014). A terapia cognitivo-comportamental é a técnica psicoterápica mais empregada e testada para tratamento da TA, uma vez que atua nas distorções cognitivas presentes nos pacientes e auxilia a melhora da autoestima. A dinâmica familiar também deve ser melhorada a partir de psicoterapia familiar, pois a dificuldade no convívio familiar é considerada mantenedora dos TA (SCHEBENDACH, 2013). TRATAMENTO NUTRICIONAL DA ANOREXIA NERVOSA O tratamento nutricional da AN é complicado pelo medo de ganho de peso e negação da enfermidade por parte do paciente. Em alguns casos, o tratamento exige intervenção a curto prazo com o objetivo de salvar a vida e restaurar o peso corporal, ou seja, caso a perda de peso seja grave, pode ser necessário hospitalização. A gravidade clínica pode ser avaliada pelo grau de redução do peso corporal, mas também por distúrbios do ritmo cardíaco, desidratação, distúrbio eletrolíticos e hipotensão (BORGES et al, 2011). QUAIS SÃO AS METAS DO TRATAMENTO NUTRICIONAL? As metas do tratamento nutricional na AN envolvem o restabelecimento do peso, a normalização do padrão alimentar e da percepção de fome e saciedade, e a correção das sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição. Entretanto, a principal meta do tratamento da AN, segundo a Associação Psiquiátrica Americana (2013), é o ganho de peso para que o IMC alcance valores superiores a 19 Kg/m2. A alimentação oral deve ser a principal via de escolha para renutrir o paciente com TA. A terapia nutricional enteral ou parenteral raramente é indicada para esses pacientes, contudo, existem situações nas quais a gravidade clínica pode comprometer a vida do paciente com AN, o que por si indicaria a utilização de vias artificiais para nutrição (BORGES et al, 2011). RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Quando há recusa alimentar persistente ou dificuldade de progredir, o aumento de aporte energético, a terapia de nutrição enteral é a primeira opção,utilizando, preferencialmente, o período noturno para administração da dieta por gotejamento com bomba de infusão, deixando o dia livre para estimular a dieta por via oral (SCHEBENDACH, 2013). Como os pacientes com BN raramente são hospitalizados, o aconselhamento nutricional é iniciado no ambulatório onde o paciente é tratado. Na BN, como o paciente apresenta-se eutrófico ou com sobrepeso, a alimentação oral é sempre a via de escolha para alimentação (BORGES et al, 2011). PONTOS DE ATENÇÃO NO TRATAMENTO DA TA REABILITAÇÃO NUTRICIONAL A reabilitação nutricional em pacientes com NA, seja através da via oral, enteral ou parenteral, deve ser realizada de forma gradual e progressiva, para que se evitem complicações como a Síndrome de Realimentação. O ganho de peso recomendado durante a internação hospitalar é de 0,5 a 1,0 kg/semana e, para pacientes em acompanhamento ambulatorial, 0,5 kg/semana. Uma vez recuperado, o peso corporal deverá ser monitorado para que seja mantido (SCHEBENDACH, 2013). SÍNDROME DE REALIMENTAÇÃO A Síndrome de Realimentação foi descrita inicialmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando prisioneiros apresentaram falência cardíaca após reposição nutricional. A anorexia nervosa é, atualmente, uma das principais apresentações clínicas com probabilidade de desenvolvimento da Síndrome de Realimentação, porque a depleção alimentar prolongada, seguida por excessiva administração de nutrientes, causa intenso anabolismo, com consequente consumo intracelular de eletrólitos e minerais, como: potássio, magnésio e, principalmente, fósforo. A queda brusca dos níveis séricos desses eletrólitos pode culminar em rabdomiólise, disfunção leucocitária, insuficiência respiratória e cardíaca, arritmias, coma e morte (CARVALHO et al., 2010). Na fase inicial de recuperação ponderal, a dieta deve fornecer 20 kcal/kg de peso atual/dia. Caso o paciente esteja gravemente desnutrido, a recomendação é de 10 kcal/kg de peso atual/dia. Caso a opção seja pelo uso de nutrição enteral, a fórmula deve ter composição padrão, ser isotônica, com densidade calórica de 1 kcal/ml e, em alguns casos, hipolipídica e sem fibras (BORGES et al, 2011). Após afastado o risco de Síndrome de Realimentação, pode ser feito ajuste gradual da oferta calórica até que o consumo energético recomendado seja atingido. Recomenda-se, nessa fase, de 30 a 40 kcal/kg por dia, podendo chegar até 70 a 100 kcal/kg por dia com a progressão do tratamento (SCHEBENDACH, 2013). ESVAZIAMENTO GÁSTRICO REDUZIDO E QUEIXAS DE DISTENSÃO ABDOMINAL O esvaziamento gástrico reduzido, queixas de distensão abdominal e desconforto após a alimentação são comuns na AN. No início do tratamento, a ingestão é geralmente baixa, e três refeições por dia podem ser bem toleradas. Entretanto, como o aumento da prescrição de calorias, a oferta de lanches entre as refeições se torna essencial. Recomenda-se, nessa fase, o fracionamento da dieta em seis a oito refeições ao dia (SCHEBENDACH, 2013). Logo depois do cálculo das calorias, a distribuição de macro e micronutrientes deve ser determinada, atendendo-se às seguintes recomendações (SCHEBENDACH, 2013): Proteína: de 15% a 20% das calorias totais, priorizando as de alto valor biológico; Carboidratos: de 50% a 55% das calorias totais, com oferta adequada de fibras insolúveis em pacientes com constipação intestinal; Lipídeos: 30% das calorias totais, incluindo as fontes de ácidos graxos essenciais; Micronutrientes: devem preencher 100% da RDA para vitaminas e minerais. Deve-se avaliar a suplementação de tiamina na fase de recuperação de peso. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Embora os suplementos de vitaminas e minerais não sejam geralmente prescritos, a possibilidade de necessidades aumentadas durante as fases posteriores de ganho de peso deve ser considerada. Pode ser aceitável a prescrição profilática de suplemento vitamínico e mineral que forneça 100% da RDA, mas a suplementação com ferro é contraindicada no início do tratamento (SCHEBENDACH, 2013). TRATAMENTO NUTRICIONAL DA BULIMIA NERVOSA O tratamento nutricional da BN deve estar voltado para o monitoramento do peso corporal das pacientes e do esclarecimento quanto à perda e à variação de peso. As flutuações de peso devem ser antecipadamente discutidas com o paciente, que está orientado para redução de vômitos e uso de laxantes/diuréticos. Se há excesso de peso, uma perda razoável só será obtida após estabilização do comportamento alimentar. Sabe-se, ainda, que os esforços terapêuticos no tratamento da BN podem ser comprometidos pelas adaptações metabólicas que podem levar ao ganho de peso quando cessar o ciclo compulsão alimentar/purgação (ALVARENGA & LARINO, 2002). De acordo com Latterza et al. (2004), a abordagem nutricional na BN pode ser dividida em algumas etapas: a) Informação sobre as consequências da BN na saúde e sobre alimentação e nutrição; b) Redução da preocupação com peso e aumento da aceitação de seu próprio corpo; c) Monitoramento da alimentação por meio do diário alimentar; d) Estabelecimento de um plano alimentar regular. Não existe uma determinação específica de calorias, macro e micronutrientes para pacientes com BN. Segundo Schebendach (2013), uma dieta equilibrada que forneça 50% a 55% das calorias totais provenientes dos carboidratos, 15% a 20% das proteínas e 25% a 30% dos lipídios é aceitável. NESTE CONTEXTO, A TERAPIA NUTRICIONAL É UMA ÓTIMA FERRAMENTA! A Terapia Nutricional tem como objetivo diminuir as compulsões, minimizar as restrições alimentares, estabelecer um padrão regular de refeições, incrementar a variedade de alimentos consumidos, corrigir deficiências nutricionais e estabelecer práticas de alimentação saudáveis. Os pacientes com BN costumam ser mais receptivos ao aconselhamento nutricional do que os pacientes com AN (ALVARENGA & LARINO, 2002). RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS É primordial a conscientização do paciente em relação ao fato de que a restrição dietética pode levar a compulsões. Ele não deve fazer restrições aleatórias, como, por exemplo, excluir os alimentos ricos em carboidratos da alimentação. Também não é recomendada a contagem de calorias ou a pesagem dos alimentos, pois estes pacientes demonstram extrema atenção na composição dos alimentos e seus valores energéticos (ALVARENGA & LARINO, 2002; LATTERZA, 2004). Neste vídeo, faremos uma breve contextualização do tema. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A REABILITAÇÃO NUTRICIONAL EM PACIENTES COM AN DEVE SER REALIZADA DE FORMA GRADUAL E PROGRESSIVA, PARA EVITAR COMPLICAÇÕES COMO A SÍNDROME DE REALIMENTAÇÃO. COM ESSE INTUITO, QUAL SERIA A QUANTIDADE RECOMENDADA DE CALORIAS POR KG DE PESO CORPORAL EM PACIENTES GRAVEMENTE DESNUTRIDOS? A) 70 Kcal/Kg peso corporal. B) 10 Kcal/ Kg de peso corporal. C) 30 Kcal/Kg de peso corporal. D) 40 Kcal/kg de peso corporal. 2. DENTRE AS ALTERNATIVAS ABAIXO SOBRE TERAPIA NUTRICIONAL DO PACIENTE COM BULIMIA NERVOSA, MARQUE A OPÇÃO CORRETA: A) O paciente deve fazer restrições aleatórias, como, por exemplo, excluir da alimentação os alimentos ricos em carboidratos, para não ganhar peso. B) A melhor via para recuperação nutricional desses pacientes é a via enteral. C) O melhor método para orientação dietética é o de contagem de calorias. D) A conscientização do paciente em relação ao fato de que a restrição dietética pode levar a compulsões, é fundamental. GABARITO 1. A reabilitação nutricional em pacientes com AN deve ser realizada de forma gradual e progressiva, para evitar complicações como a Síndrome de Realimentação. Com esse intuito, qual seria a quantidade recomendada de calorias por kg de peso corporal em pacientes gravemente desnutridos? A alternativa "B " está correta. A reabilitação nutricional do paciente com AN deve ser realizada de forma gradual, para que ele não desenvolva a Síndrome de realimentação, que é potencialmente fatal. Para isso, a recomendação de calorias deve ser bem moderada nos primeirosdias e, aos poucos, a oferta calórica será aumentada até que a meta de 30 a 40 Kcal/kg/dia seja atingida. Dessa forma, a opção correta é a letra B. 2. Dentre as alternativas abaixo sobre terapia nutricional do paciente com bulimia nervosa, marque a opção correta: A alternativa "D " está correta. Os transtornos alimentares são patologias graves, e sua etiologia, assim como seu tratamento, são muito complexos. Uma das estratégias para evitar que o paciente com bulimia nervosa tenha um episódio de compulsão alimentar é o conhecimento correto da nutrição. Restrições desnecessárias e métodos muito rígidos de reeducação alimentar são contraindicados. Dessa forma, a alternativa correta é a letra D. MÓDULO 3 Identificar a integração da equipe multidisciplinar no tratamento clínico PALAVRAS INICIAIS O sucesso do tratamento de pacientes com TA depende de um programa de atendimento integrado e completo, além do emprego conjunto de diversas estratégias. Não existe fórmula mágica, ou seja, nenhum tratamento deve ser indicado como único ou melhor. A equipe que atenderá o paciente deve funcionar como uma rede de sustentação, criando alianças terapêuticas e ampliando as possibilidades de adesão ao tratamento (PINZON et al., 2004). O tratamento é desafiador em todas as fases da doença, pois os pacientes mostram-se desconfiados, resistentes às condutas adotadas e, frequentemente, não aderem ao esquema terapêutico proposto. Eles tendem a negar a doença e tentam racionalizar a sintomatologia, utilizando como desculpa a afirmação de que adotaram um estilo de vida diferente da maioria das pessoas e minimizando os riscos potenciais aos quais se expõem, inclusive de morte (WATSON et al., 2013; PINZON et al., 2004). Fonte: Shutterstock ATENÇÃO Também é importante que os profissionais da equipe tenham concordância mútua sobre a condução de cada caso, pois tanto os pacientes como seus familiares possuem uma grande necessidade de averiguar condutas com certa frequência. Ou seja, é comum que um profissional seja testado pelos pacientes ou por seus familiares e, caso a conduta não seja semelhante à de outros pacientes, pode haver aumento da ansiedade e quebra da confiança na equipe por parte do paciente. QUAIS SÃO OS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO TRATAMENTO? Segundo Pinzon et al. (2004), a taxa de abandono do tratamento é alta, e a ausência de comorbidade clínica e o estado nutricional adequado de alguns pacientes contribui para esse processo. No estudo supracitado, os pacientes que abandonaram o tratamento eram adultos jovens, com o diagnóstico de AN e longo tempo de sintomas antes do início do tratamento. Também eram eutróficos e estavam em tratamento há menos de seis meses. Dessa forma, é sempre importante buscar informações visando esclarecer os principais motivos que comprometem a adesão dos pacientes ao tratamento, com objetivo de subsidiar o aprimoramento dos protocolos de assistência. O sucesso do tratamento do TA está condicionado à condução por uma equipe multidisciplinar, composta por no mínimo nutricionista, nutrólogo ou clínico, psicólogo e psiquiatra, pois os sintomas são muito complexos e específicos. Dessa forma, o nutricionista que receber um paciente que não seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar, deve encaminhar o paciente a eles. OUTROS PROFISSIONAIS TAMBÉM PODEM CONTRIBUIR PARA O TRATAMENTO? Outros profissionais também podem contribuir para o tratamento, como enfermeiros, educadores físicos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. A equipe deve ser treinada na área de TA, sendo imprescindível que haja boa comunicação entre os profissionais. A supervisão da equipe deve ser feita, de preferência, por um integrante experiente (SCAGLIUSI, 2014). O trabalho multiprofissional também é importante para esclarecer, orientar e informar, de forma mais abrangente, sobre as características clínicas da doença, bem como suas consequências físicas, psicológicas e nutricionais, possibilitando o fornecimento de mais subsídios aos pacientes e às famílias no enfrentamento da doença e maior adesão ao tratamento e prevenção de recaídas (LATTERZA et al., 2004). De acordo com Scagliusi (2014) A importância do envolvimento da família no tratamento está relacionada ao impacto e ao desgaste emocional e físico que esse transtorno ocasiona no paciente e nos círculos social e familiar. Os sintomas, como permanecer em jejum por longos períodos ou comer em excesso e vomitar em seguida, dificilmente são compreendidos adequadamente por um ou mais membros da família, gerando situações estressantes tanto para os pacientes quanto para os familiares. Fonte:Shutterstock O TRATAMENTO DO TA EXIGE CONSTANTE DIÁLOGO NÃO SOMENTE COM O PACIENTE, MAS TAMBÉM ENTRE TODOS OS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NO DIAGNÓSTICO, NO PLANEJAMENTO E NO ACOMPANHAMENTO DE CADA CASO. A discussão em grupo é fundamental, e o discurso para com o paciente deve ser uníssono, pois o contato com o “novo” pode funcionar como um fator desestabilizador, atrapalhando a evolução de cada caso (LATTERZA, 2004). O trabalho em equipe multidisciplinar possibilita a construção de uma visão global de cada caso mediante a interlocução entre os diversos profissionais envolvidos no seguimento terapêutico. Isso contribui para alcançar um melhor prognóstico para os pacientes e deter o curso crônico a que, frequentemente, esses transtornos levam. Fonte:Shutterstock Forte em Saint Tropez ao por do sol Os profissionais que integram uma equipe interdisciplinar são participantes privilegiados para a compreensão da complexidade envolvida no processo saúde-doença. O TA tem melhores prognósticos, ou seja, tem melhores chances de regressão quanto mais precocemente for reconhecido e tratado (SCAGLIUSI, 2014). O resultado do tratamento multidisciplinar da AN em crianças e adolescentes é melhor do que em adultos, e o prognóstico, de acordo com a American Psychiatric Association (2013), é o seguinte: Metade dos pacientes recupera a maior parte ou todo o peso perdido, revertendo qualquer outra complicação endócrina ou de outro tipo; Cerca de um quarto tem desfecho intermediário e pode recair; A quarta parte restante tem resultado ruim, incluindo recidivas e complicações físicas e mentais persistentes. Foram realizadas poucas pesquisas sobre os efeitos do tratamento na BN. Mas o tratamento multiprofissional parece diminuir a frequência de compulsões e purgações, sendo que, após o tratamento, 97,5% das pacientes não preenchem mais critério diagnóstico (LATTERZA, 2004). O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR O trabalho do nutricionista na área de TA pode exigir habilidades não inerentes à sua formação, como, por exemplo, o estudo de outras áreas de atuação da equipe multidisciplinar, como Psicologia, Psiquiatria e técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental, para atuar de forma empática, colaborativa e flexível, mas esses conhecimentos não substituem os profissionais específicos (LATTERZA et al, 2004). Fonte: Shutterstock Um exemplo sobre a importância da união dos conhecimentos de Nutrição com Psicologia é a adoção, pelo paciente, do vegetarianismo. Alguns pacientes com AN adotam a dieta vegetariana como um meio de limitar a escolha alimentar. Por isso, o vegetarianismo pode ser considerado parte dos achados psicopatológicos do TA (SCHEBENDACH, 2013). As atitudes alimentares compreendem os pensamentos, os sentimentos, os comportamentos e as crenças para com a alimentação, descrevendo, portanto, a forma como o indivíduo se relaciona com a mesma. Para estabelecer esta prática de aconselhamento, o nutricionista necessita de sensibilidade, treinamento, supervisão e experiência, assumindo o papel denominado “terapeuta nutricional” (SCAGLIUSI, 2014). Fonte:Shutterstock Forte em Saint Tropez ao por do sol O nutricionista, ou “terapeuta nutricional”, na equipe de tratamento de TA não deve ter apenas o objetivo de melhorar o estado nutricionaldesses pacientes, devendo estar preparado para: Discutir crenças, tabus alimentares, hábitos culturais/familiares, lançando mão de informações cientificamente comprovadas; Saber argumentar, com clareza, sobre as inúmeras informações oriundas de revistas e sites da moda, puramente sensacionalistas, que fazem promessas milagrosas no sentido de obter um corpo perfeito sem sacrifício; Discutir padrões de beleza, mostrando a sua influência na relação que temos com o corpo e com os alimentos; Diminuir a angústia do paciente com seu peso corporal, propondo um peso saudável/possível e abolindo o conceito de peso ideal. Ensinar o paciente a ter autonomia e a confiar em si e nos seus sinais de fome e saciedade; Ajudar o paciente em qualquer questão clínica que surja durante o tratamento e que possa levar a piora da relação com a comida e com o corpo, como, por exemplo, a intolerância a algum alimento, causando náusea ou dor abdominal; Saber lidar com a ansiedade da família em relação à melhora do paciente. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS O nutricionista não é o profissional responsável pelo diagnóstico do TA, mas pode atuar na prevenção mediante o fornecimento de informações e da conscientização da importância de uma alimentação correta para a saúde e o bem-estar do organismo. O risco de desenvolvimento de transtorno alimentar também pode ser rastreado durante um atendimento nutricional, quando o profissional faz a anamnese alimentar e identifica práticas alimentares inadequadas. Neste vídeo, faremos uma breve contextualização do tema. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O TRATAMENTO DA TA DEVE SER CONDUZIDO POR UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR. SÃO CARACTERÍSTICAS DESSE GRUPO: A) Ser composto por um clínico, um nutrólogo, um psiquiatra e um psicólogo. B) Ser supervisionado por qualquer profissional, já que a experiência não é necessária para trabalhar nesse grupo. C) Saber esclarecer, orientar e informar o paciente em todos os aspectos inerentes ao TA, independentemente de sua especialidade na equipe. D) Não dar importância ao envolvimento da família no tratamento, pois a participação familiar compromete a adesão ao tratamento. 2. O NUTRICIONISTA DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NECESSÁRIA PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES COM TA DEVE, EXCETO: A) Ter habilidades não inerentes à sua área de formação, como, por exemplo, o conhecimento de Psicologia. B) Encaminhar um paciente com TA que não esteja sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar. C) Saber dialogar e discutir cada caso com especial atenção. D) Saber diagnosticar os TA. GABARITO 1. O tratamento da TA deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar. São características desse grupo: A alternativa "C " está correta. Uma equipe multidisciplinar reúne um grupo de profissionais de diferentes áreas para trabalharem na busca de um objetivo comum, que é o paciente. Todos os profissionais devem conhecer adequadamente o trabalho de cada participante para a construção de uma visão global de cada caso. Na equipe multidisciplinar para tratamento de uma TA, a presença do nutricionista é fundamental. Portanto, a resposta correta é a letra C. 2. O nutricionista da equipe multidisciplinar necessária para o tratamento de pacientes com TA deve, EXCETO: A alternativa "D " está correta. O papel do nutricionista nessa equipe multidisciplinar é primordial, pois a reeducação alimentar faz parte dos objetivos do tratamento. Para isso, ele deve desenvolver algumas habilidades nem sempre presentes na sua formação, como por exemplo o conhecimento de Psicologia e de técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental. Além disso, o nutricionista precisa ser colaborativo e flexível, e trabalhar de forma empática, sem esquecer seus conhecimentos específicos, mas tendo consciência de que não é o profissional responsável pelo diagnóstico da TA do paciente. Dessa forma, a opção correta é a letra D. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Os TA são patologias graves e de etiologia complexa, sendo ainda pouco discutidos e com sua gravidade consideravelmente desconhecida pela população. A anorexia e a bulimia, transtornos alimentares mais comuns, acarretam diversas complicações clínicas que diminuem a qualidade de vida e podem culminar na morte do indivíduo. O tratamento envolve uma gama de profissionais, tais como: psiquiatra, endocrinologista, ginecologista, pediatra, terapeutas individual e familiar, nutricionista e enfermeiro. Todos devem interagir de forma harmônica e se especializar para esse tipo de atendimento. Recomenda-se que todos os nutricionistas saibam identificar os casos de TA, conhecendo os critérios diagnósticos, para fornecer o melhor tratamento ou o encaminhamento para locais especializados. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. M. G.; ARAÚJO, T. M.; PRISCO, A. P. K.; et al. Prevalência de transtornos alimentares em trabalhadores urbanos de municípios do Nordeste do Brasil. In: Ciência & saúde coletiva, n. 18, v. 4, pp. 1109-1118, 2013. ALVARENGA, M.; LARINO, M. A. Terapia nutricional na anorexia e bulimia nervosas. In: Revista brasileira de Psiquiatria, v. 24, supl. 3, pp. 39-43, 2002. ALVARENGA, M.; PHILIPPI, S. T. Transtornos alimentares: uma visão nutricional. In: Cordás, T. A.; Salzano, F.T.; Rios, S.R. Os transtornos alimentares e a evolução no diagnóstico e no tratamento. Barueri: Manole, 2004. ALVES, E.; CALVO, M. C. M.; VASCONCELOS, F. A. G.; et al. Prevalência de sintomas de anorexia nervosa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo feminino do município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. In: Cadernos de saúde pública, v. 2, n. 3, pp. 503-512, 2004. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5. ed. (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association. Consultado em meio eletrônico em: 10 mai. 2020. ANDRADE, C. A. A.; ARAÚJO, E. C.; SILVA, C. G. C.; et al. Riscos e fatores de risco para transtornos alimentares em adolescentes do gênero feminino. In: Revista de Enfermaria da UFPE online, v. 1, n. 2, pp. 89-96, 2007. ARAÚJO, A. C.; LOTUFO NETO, F. A nova classificação americana para os transtornos mentais – o DSM-5; In: Revista brasileira de Terapia Comportamental Cognitiva, v. 16, n. 1, pp. 67-82, 2014. ARAÚJO, A. M.; MELIN, P. Transtornos alimentares em homens: um desafio diagnóstico. In: Revista brasileira de Psiquiatria, v. 24, n. 3, pp. 73-76, 2002. ASSUMPÇÃO, C. L.; CABRAL, M. D. Complicações clínicas da anorexia nervosa e bulimia nervosa. In: Revista brasileira de Psiquiatria, v. 24, supl. 3, p. 29-33, 2002. BIGHETTI, F.; BORGES, N. J. B. G.; SICCHIERI, J. M. F.; et al. Manejo nutricional nos transtornos alimentares. In: Revista Medicina (Ribeirão Preto), n. 39, v. 3, pp. 371-374, 2006. BORGES, V. C.; CORDÁS, T. A.; WAITZBERG, D. L. Terapia Nutricional no Paciente com Transtornos Alimentares. In: Projeto Diretrizes. Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM). São Paulo: AMB/CFM, 2011. Consultado em meio eletrônico em: 10 mai. 2020. BORGES, N. J. B. G; RIBEIRO, R. P. P.; SICCHIERI, J. M. F; et al. Transtornos alimentares – quadro clínico. In: Revista Medicina (Ribeirão Preto), v. 39, n. 3, pp. 340-348, 2006. BRANCO, L. M.; CINTRA, I. P.; HILARIO, M. O. E. Percepção e satisfação corporal em adolescentes e a relação com seu estado nutricional. In: Revista de Psiquiatria Clínica, v. 33, n. 6, pp. 292-296, 2006. CARMO, C. C.; CANDIDO, A.P.C; PEREIRA, P. M. L. Transtornos alimentares: uma revisão dos aspectos etiológicos e das principais complicações clínicas. In: HU Revista, v. 40, n. 3 e 4, pp. 173-181, 2014. CARVALHO, A. P. O.; COELHO, A. T. P.; REZENDE, C.D. et al. Anorexia nervosa e síndrome de realimentação em adolescente: relato de caso. In: Revista médica de Minas Gerais, v. 20, n. 1, pp. 128-130, 2010. COBELO, A.; FLEITLICH, B. W.; LARINO, M. A.; et. al. Anorexia nervosa na adolescência. In: Jornal de Pediatria, v. 76, supl. 3,pp. 323-329, 2000. COBELO, A.; GONZAGA, A.P.; PINZON, V; et al. Peculiaridades do tratamento da anorexia e da bulimia nervosa na adolescência: a experiência do PROTAD. In: Revista de Psiquiatria Clínica, v. 31, n. 4, pp. 167-169, 2004. DUNKER, K. L. D; LATTERZA, A. R.; SCAGLIUSI, F.B.; et al. Tratamento nutricional dos transtornos alimentares. In: Revista de Psiquiatria Clínica, v. 31, n. 4, pp. 173-176, 2004. DUNKER, K. L. L.; PHILIPPI, S. T. Hábitos e comportamentos alimentares de adolescentes com sintomas de anorexia nervosa. In: Revista de Nutrição, v. 16, n. 1, pp. 151-160, 2003. FAGUNDES, U.; OLIVA, C. A. G. Aspectos clínicos e nutricionais dos transtornos alimentares. In: Psiquiatria na prática médica, v. 34, n. 2, pp. 47-53, 2001. GIUGLIANI, E. R. J.; TRICHES, R. M. Insatisfação corporal em escolares de dois municípios da região Sul do Brasil. In: Revista de Nutrição, v. 20, n. 2, pp. 119-128, 2007. GONTIJO, L. M.; PAULA, G. F.; WEFFORT, V. R. S; et al. Distúrbios alimentares na infância e na adolescência. In: Revista Médica de Minas Gerais, v. 21, supl. 3, pp. 103-106, 2011. HENRY, B. W.; OZIER, A. D.; Position of the American Dietetic Association: nutrition intervention in the treatment of eating disorders. In: J. Am. Diet Assoc., v. 111, n. 8, pp. 1236- 1241, 2011. KATZMAN, D. K.; NORRIS, M. L.; SPETTIGUE, W. J. Update on eating disorders: current perspectives on avoidant / restrictive food intake disorder in children and youth. In: Neuropsychiar. dis. treat., v. 12, n. 1, pp. 213–218, 2016. MANOCHIO-PINA, M. G.; SILVA, L. F.; et al. Prática de atividade física em mulheres com transtornos alimentares. In: Revista brasileira de obesidade, nutrição e emagrecimento (RBONE), v. 12, n. 72, pp. 542-549, 2018. PESSA, R. P.; SOUZA, A. P. L. Tratamento dos transtornos alimentares: fatores associados ao abandono. Jornal brasileiro de psiquiatria, v. 65, n. 1, pp. 60-67, 2016. SCAGLIUSI, F.B. Transtornos alimentares. In: CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar ‒ Nutrição ‒ Nutrição Clínica no Adulto, 3. ed. São Paulo: Manole, 2014. SCHEBENDACH, J. E. Nutrição nos transtornos Alimentares. In: MAHAN, L. K.; ESCOTT- STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia, 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. BYRNE, S.; FURSLAND, A.; WATSON, H. J. Treatment engagement in eating disorders: who exits before treatment? In: Int. J. Eat. Disord, v. 46, n. 6, pp. 553-559, 2013. EXPLORE+ Veja como trabalha o Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, acessando o site Ambulim. Visite o site da Academy for Eating Disorders para manter-se sempre em dia com as novidades da área. Leia o artigo Transtornos alimentares: patologia ou estilo de vida?, disponível na plataforma SciELO. CONTEUDISTA Nara Limeira Horst CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
Compartilhar