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Introdução à Sociologia nas Organizações

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Prévia do material em texto

Fundamentos de 
Sociologia Aplicada 
às Organizações
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Kátia Pellicci Cembrone 
Prof. Alexandre Augusto Giorgio
Revisão Técnica:
Profa. Ms. Katia Maria Lima
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Introdução à Sociologia
• A Construção do Conhecimento em Sociologia
• Formação das Ciências Humanas e Sociais 
• A Transformação das Sociedades a Partir dos Modos de Produção 
• O Desenvolvimento da Sociologia 
• Comte e Durkheim
• Outros Importantes Pensadores que Influenciaram o Pensamento 
Sociológico e que Serão Estudados mais Adiante
• Modelos Socioeconômicos e de Regimes Autoritários
 · Conhecer as origens da Sociologia como área do conhecimento, 
bem como as principais correntes do pensamento sociológico. 
 · Conhecer as principais vertentes da Sociologia aplicada às organizações.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Introdução à Sociologia
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Introdução à Sociologia
Contextualização
Os filósofos se limitaram
a interpretar o mundo
de diferentes maneiras; o que
importa é transformá-lo.
KARL Marx
Por que o mais importante é transformar?
Figura 1
Fonte: Wikimedia Commons
A ideia de Marx introduz o pensamento sociológico partindo do pressuposto de 
que, por meio do estudo do comportamento humano e dos processos que interligam 
o indivíduo em associações, grupos e instituições, pode-se não apenas explicar os 
fenômenos e as transformações sociais, mas também buscar soluções e alternativas 
transformadoras para alcançar uma sociedade mais justa e menos desigual.
Assim, iniciaremos o estudo introdutório à Sociologia, buscando a compreensão 
de sua importância e analisando a evolução histórica dessa Ciência.
8
9
A Construção do Conhecimento
em Sociologia
Senso Comum 
A primeira modalidade de conhecimento que devemos considerar nas Ciências 
Sociais é o senso comum. Trata-se de um saber popular distinto do código 
culturalmente dominante e se refere a um conjunto de opiniões, recomendações, 
práticas, normas e conselhos relativos à vida individual e coletiva em uma sociedade. 
Portanto, o senso comum diz respeito a princípios normativos populares – 
conhecimento convencional que se fundamenta na tradição, nos costumes e nas 
vivências cotidianas. 
O saber adquirido pelo senso comum orienta as ações pessoais e coletivas da 
imensa massa da população, tanto daqueles excluídos dos benefícios sociais e do 
conhecimento científico dominante, quanto as classes sociais mais favorecidas, 
isso porque podemos localizar repertórios geradores de sensos comuns até mesmo 
nas letras, nos veículos de imprensa – televisão, rádio, jornais, revistas, internet 
etc. – e nos “formadores de opinião”, desde articulistas políticos até pretensos 
intelectuais. Deve-se, portanto, a esse conhecimento popular, ao bom senso e ao 
senso comum, a garantia e as condições mínimas de vida com critério, inteligência, 
discernimento e reflexão prévia diante dos problemas cotidianos. Ao científico e 
acadêmico, devemos nos colocar, contudo, na disposição de reconhecer os méritos 
que necessitam ser atribuídos ao senso comum, o qual muito tem acrescentado à 
construção de novos saberes para a vida humana em sociedade. 
Mesmo assim, não se trata de negar, no cotidiano, o bom senso, o conhecimento 
popular, pois deste depende a vida de milhões de pessoas sobre a Terra, desde aque-
les que não tiveram e continuam não tendo acesso à escola de qualidade e à convi-
vência social mínima, até aqueles que se julgam “portadores de verdades absolutas”. 
Senso Crítico 
O senso crítico depende do harmonioso crescimento de duas dimensões da 
consciência: a reflexão sobre si e a atenção sobre o mundo. Se apenas uma dessas 
progride, há deformação, abalo no desenvolvimento do senso crítico. 
Suponhamos, por exemplo, o crescimento apenas da consciência do outro. 
Essa atenção unilateral ao mundo, sem a reflexão sobre si, conduziria à perda da 
identidade pessoal, à exaltação dos objetos externos, ao alheamento. Por outro 
lado, imaginemos o crescimento somente da consciência de si: essa reflexão em 
torno do eu, sem atenção ao mundo, conduziria ao isolamento, ao fechamento 
interior, ao labirinto narcisista. 
9
UNIDADE Introdução à Sociologia
O escritor alemão Wolfgang Goethe (1749-1832) dizia que o homem só conhece 
o mundo dentro de si se toma consciência de si mesmo dentro do mundo. Assim, o 
desenvolvimento da conscientização humana depende da superação do isolamento 
e do alheamento. Trata-se de um processo dialético, que se move do eu ao mundo 
e do mundo ao eu; do fazer ao saber; do saber ao refazer, e assim por diante. 
Conhecimento Científico 
O progresso científico, de modo geral, é produto da atividade humana, por 
meio da qual o homem, compreendendo o que o cerca, passa a desenvolver novas 
descobertas. E, por relacionar-se com o mundo de diferentes formas de vida, o 
homem utiliza-se de diversos meios de conhecimento, por intermédio dos quais 
transforma o meio em que vive, trazendo contribuições para a sociedade. 
O conhecimento científico procura alcançar a verdade objetiva dos fatos – 
objetos – e existe porque o ser humano tem necessidade de aprimorar-se constan-
temente e buscar explicações sobre a realidade, a natureza das coisas e o compor-
tamento das pessoas. 
Pela percepção sensorial – aquilo que percebemos por meio de nossos sentidos –, 
o ser humano adquire crenças particulares, recebe informações sobre os sentimen-
tos e as motivações das pessoas; recebe normas e definições do mundo por meio 
dos pais, dos professores, dos escritores, formando uma visão sobre o mundo. No 
entanto, é necessário desenvolver um espírito crítico a partir da necessidade de 
obtenção de conhecimentos mais seguros que os fornecidos por outros meios. 
A Ciência foi desenvolvida primordialmente a partir de necessidades humanas, 
que prescindiriam da compreensão sobre os motivos e as formas pelas quais uma 
gama variada de fenômenos ocorreria. Há várias formas de se explicar o mesmo 
tipo de ocorrência – a chuva, por exemplo: se disséssemos que “chove porque Deus 
quer”, estaríamos recorrendo a uma explicação religiosa; se disséssemos que “São 
Pedroestá lavando o céu”, estaríamos utilizando da mitologia; quando recorremos 
à meteorologia, estamos utilizando a Ciência.
O que difere a Ciência de outros tipos de conhecimento é o seu grau empírico, 
ou seja, a qualidade do conhecimento que produz tem o status de “prova”, que 
permite o estabelecimento de leis gerais que explicam a mais variada gama de 
ocorrências. Por sua vez, a “prova” só é possível de ser obtida pela Ciência porque 
esta utiliza criteriosos processos de investigação, envolvendo rigorosa metodologia 
de coleta e análise de dados, bem como procedimentos de experimentação, que 
resultam no conhecimento científico, desenvolvido primordialmente no século 
XVIII, com a consolidação do método experimental, e difundido no século XIX, 
com a sua ampliação para diversas áreas de conhecimento. 
Ciência significa conhecimento; mas, no sentido que buscamos aqui, não 
se trata de qualquer tipo de conhecimento, senão daquele que persegue as suas 
respostas utilizando rigorosos procedimentos metodológicos. Pode ser:
10
11
Ciências Naturais
Formais
Factuais
Matemática
Lógica
Sociais
Física, químicas
biologia e outras
Antropologia,
economia, política
sociologia e outras.
Figura 2
Fonte: Lakatos e Marconi, 1982
Formação das Ciências Humanas e Sociais 
Sobre a classificação das Ciências, interessa-nos estudar a formação das Ciências 
Humanas e Sociais que se caracterizam a partir dos seguintes critérios: 
• O humano como objeto de investigação; 
• Percebe-se que o homem é diferente das coisas naturais e precisa ser estudado 
de forma distinta. Esta investigação filosófico-científica se realizou de três 
formas diferentes, divididas em períodos:
1– Período
do humanismo: • Século XV
• Ideia: o homem como centro do universo destinado a dominar e controlar
a natureza e a sociedade. É diferente dos demais por ser racional e livre
2– Período
do positivismo: • Século XIX ( com Augusto Comte)
• Ideia: progresso humano. Propõe o estudo da sociedade. Esta ciência é
desenvolvida pelo francês Emile Durkheim. Estuda a sociedade como fato
que constitui as instituições sociais: família, trabalho, religião, estado etc.
3– Período
do historicismo: • Final século XIX e ínicio do século XX
• Ideia: insiste na diferença entre homem e natureza e entre ciências
naturais e humanas. Estuda o desenvolvimento da humanidade e o
progresso. (Os homens são dotados de valores e de sentidos por isto
são diferentes dos fatos naturais)
Figura 3
11
UNIDADE Introdução à Sociologia
Com o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das Ciências 
Sociais em diversas disciplinas, tais como:
Sociologia Estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em 
sociedade. A sociologia abrange o estudo dos grupos sociais; da divisão da sociedade em camadas; da 
mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflitos em sociedade etc.
Economia Estuda as atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. 
Estuda a distribuição de renda num país, a política salarial, a produtividade de uma empresa, etc.
Antropologia Estuda as semelhanças e diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos, a origem e a 
transformação das culturas. Estuda os tipos de organização familiar, as religiões, o casamento, etc.
Política Estuda a distribuição de poder na sociedade, bem como a formação e o desenvolvimento das diversas 
formas de governo.
A Sociologia é uma Ciência em construção que, desde o seu início, procurou 
explicar as estruturas e os processos sociais, políticos, econômicos e culturais da 
sociedade moderna. 
Trata-se de uma Ciência que se formou no decurso da consolidação do Estado 
liberal burguês. Isto nos ajuda a compreender que também essa não está ilesa 
das contradições que caracterizam a moderna sociedade capitalista, marcada pela 
desigual e injusta distribuição de renda. Pelo fato de vivermos em uma sociedade 
altamente complexa em sua forma de organização, em seus diferentes níveis 
de funcionamento e em seus avançados meios de comunicação, adquirimos 
muitas noções básicas que podem nos ajudar a compreender os acontecimentos 
sociais. Contudo, somente quando estudamos criticamente as questões teóricas e 
metodológicas das diferentes teorias sociológicas, apropriamo-nos das ferramentas 
necessárias e próprias para a compreensão da organização social e da vida humana 
em sociedade.
Humanismo - séc XV a XVIII
Ideia: domínio da natureza
• Revolução Francesa
Historicismo - �m do
séc XIX a XX
Ideia: diferença homem e
natureza e ciências
naturais e humanas
• Primeira e segunda
Guerra Mundial
• Guerra fria
Positivismo - �m do
séc XVIII a XX
Ideia: progresso humano
• Revolução Industrial
•Surgimento da Sociologia
Figura 4
12
13
A Transformação das Sociedades 
a Partir dos Modos de Produção 
A sociedade passou por diversos processos de transformação a partir da 
produção de bens e serviços, como estes foram e são utilizados e distribuídos. Tal 
fenômeno é chamado também de sistema econômico. 
Assim, em determinada época, uma sociedade tem certa maneira de se organizar 
para produzir e distribuir a sua produção. 
O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e 
pelas relações existentes nessa coletividade. Assim:
Modo de produção = Forças produtivas + Relações de produção
Cada modo de produção pode ter existido em lugares e épocas diferentes, 
definindo os principais tipos de sociedades.
Tipos de Modos de Produção 
• Comunismo primitivo – os homens se unem para enfrentar os desafios da natureza; 
• Patriarcal – domesticação de animais, uso da agricultura, instituição da família, 
autoridade do pai; 
• Escravista – aumento da produção, propriedade privada e surgimento da primei-
ra forma de exploração do homem, a partir da distinção primordial: proprietários 
dos meios de produção versus proprietários apenas de sua força de trabalho; 
• Feudal – o servo trabalha um tempo para si e outro para o senhor feudal, 
pagando impostos pelo uso do solo, da água e de ferramentas; 
• Capitalista – relação entre o burguês, que detém o capital, e o proletário, que 
possui apenas a sua força de trabalho. 
O Desenvolvimento da Sociologia 
Podemos entender a Sociologia como uma das manifestações do pensamento 
moderno. As transformações que levaram ao desenvolvimento do pensamento 
científico tornaram possível que esse passasse a cobrir, com a Sociologia, uma 
nova área do conhecimento ainda não incorporada ao saber científico, ou seja, o 
mundo social. Desenvolveu-se posteriormente à constituição das Ciências Formais, 
Naturais e de diversas outras Ciências Sociais. 
O seu desenvolvimento ocorreu inicialmente em um contexto histórico específico, 
que coincide com os derradeiros momentos de desagregação da sociedade feudal, 
a partir do século XV, e da consolidação da civilização capitalista, em meados 
13
UNIDADE Introdução à Sociologia
do século XVIII. As transformações econômicas, políticas e culturais que se 
aceleraram a partir dessa época colocaram problemas inéditos para os homens 
que experimentavam as mudanças que ocorriam no Ocidente europeu. As três 
revoluções que esse século testemunhou – industrial (inglesa), política (francesa) e 
filosófica (alemã) – constituíam os distintos lados de um mesmo processo, ou seja, 
a instalação definitiva da sociedade capitalista e a consolidação do mundo burguês. 
As revoluções Industrial e Francesa, respectivamente de natureza econômica e 
política, foram movimentos revolucionários que implantaram o processo liberal que 
deu sustentação ao desenvolvimento do modo de produção capitalista e ao Estado 
burguês no mundo ocidental.
Desenvolveu-se e consolidou-se, no decorrer do tempo subsequente, o 
capitalismo que assegurou as condições de produção e reprodução do Mundo 
Moderno. A Sociologia nasceu, portanto, “de mãos dadas” com a modernidade. 
Como diz o sociólogo brasileiro Octávio Ianni (1988,p. 8): “Mais do que isso, o 
Mundo Moderno depende da Sociologia para ser explicado, para compreender-se. 
Talvez se possa dizer que sem ela esse Mundo seria mais confuso, incógnito”. 
O Mundo Moderno ganhou corpo com as revoluções burguesas no Ocidente. 
Historicamente, com esse ficaram estabelecidas as forças produtivas e as relações 
sociais capitalistas de produção. Trata-se de uma época em que a originalidade e 
as contradições do Estado burguês se encarregavam de construir e fortalecer os 
alicerces da atual sociedade.
De lá para cá, foi sendo aprimorada a construção das estruturas da economia 
e do Estado, das tecnologias, dos atores e sujeitos sociais que asseguraram a 
originalidade do capitalismo: uma sociedade que produz mais valia ou trabalho não 
pago; que foi se tornando cada vez mais complexa; que concentra, de um lado, os 
meios de produção e a riqueza nas mãos de poucos e, de outro lado, cria uma imensa 
massa original e diferenciada de trabalhadores que deverão vender a própria força 
de trabalho, sobrevivendo e reproduzindo novos trabalhadores que continuarão a 
produzir, de forma cada vez mais sofisticada, a “magia da mercadoria”. 
Segundo o teólogo brasileiro Leonardo Boff (1999, p. 42), em uma de suas 
críticas ao modelo atual da sociedade em que vivemos: 
[...] o núcleo desta sociedade não está construído sobre a vida, o bem 
comum, a participação e a solidariedade entre os humanos. O seu eixo 
estruturador está na economia de corte capitalista. Ela é um conjunto 
de poderes e instrumentos de criação de riqueza – e aqui vem a sua 
característica básica – mediante a depredação da natureza e a exploração 
dos seres humanos. A economia é a economia do crescimento ilimitado, 
no tempo mais rápido possível, com o mínimo de investimento e a máxima 
rentabilidade. Quem conseguir se manter nessa dinâmica e obedecer a 
essa lógica acumulará e será rico, mesmo à custa de um permanente 
processo de exploração. 
14
15
Portanto, o Mundo Moderno é o resultado de um grande processo que inclui su-
jeitos, objetivos e/ou resultados esperados, tempo, lugar, recursos, relações, recicla-
gem, avaliações, planejamentos, replanejamentos que produzirão fenômenos sociais 
complexos, construídos e aprimorados pelos homens em suas relações de classes so-
ciais. Como veremos, para os pensadores positivistas, a grosso modo, as ocorrências 
ou fenômenos sociais são coisas produzidas pelos homens em sociedade.
Comte e Durkheim 
Augusto Comte (1798-1857)
Comte é tradicionalmente considerado o “Pai da Sociologia”. Foi quem, pela 
primeira vez, usou essa palavra, em 1839, em seu Curso de Filosofia Positiva. 
Físico francês, nascido e criado no bojo da Revolução Francesa, Revolução Liberal 
Burguesa que derrotou, a um só tempo, as críticas teóricas dos “pensadores 
socialistas” e as expressivas lutas e resistências do operariado, consolidando o 
Estado liberal capitalista no Ocidente. 
A formação do físico Comte permite-nos compreender seu empenho intelectual 
no sentido de estudar a sociedade nos mesmos moldes e padrões da Física: Ciência 
Natural, de cunho exato, cujo objeto, ou fenômeno estudado é regido por leis 
naturais. Daí a preocupação de Comte com a “máxima objetividade teórico-
metodológica” ao conduzir seu estudo da sociedade; explicando-se seu empenho e 
“reação positivista”, principalmente contra as doutrinas e os pensadores socialistas 
– que criticava em suas análises sobre a sociedade capitalista. 
Comprometido com o Estado nacional, liberal capitalista, que se consolidava 
em nome do “progresso”, Comte preocupava-se, contudo, com a devassa da 
guilhotina nos “estratos médios” da sociedade francesa, criando, segundo esse 
pensador, um “desequilíbrio social” que ameaçava o “desenvolvimento natural” e o 
“progresso social”. Resulta dessas razões o seu comprometimento com o “espírito 
científico”, único capaz de situar as pessoas no intrincado e complexo mundo dos 
comportamentos sociais e das relações dos homens em sociedade, para restabelecer 
a pretendida condição de “ordem e equilíbrio social”. Entende-se daí porque o seu 
estudo denominava-se, inicialmente, Física Social, mais tarde, Sociologia.
Contribuição Crítica ao Positivismo Comtiano
Na Sociologia, é próprio do teórico “positivista mecanicista” procurar a 
compreensão e explicação da sociedade por meio da analogia mecânica. É verdade 
que não se trata de identificar a sociedade como uma máquina complexa, mas 
procurar na comparação, na similitude com a máquina compreender e explicar a 
organização interna e o funcionamento da sociedade. Comte recorreu ao relógio 
como analogia explicativa: um todo complexo com unidade de organização e de 
15
UNIDADE Introdução à Sociologia
funcionamento. O todo é mais importante do que as partes – estas que só podem 
ser explicadas em função do todo. 
Utilizando-se da analogia mecânica, Comte, em última instância, reconheceu 
que a sociedade e a complexidade das relações e da vida social, não podem ser 
conhecidas e explicadas em si, mas somente a partir de algo que “as retrate” – 
nesse caso, uma máquina. 
Uma das limitações cruciais do positivismo comtiano consiste na ideia de 
evolução, igualmente mecanicista, da sociedade. Todas as sociedades, diz Comte, 
partem da “estaca zero” e atingem o cume da organização social, do saber, da 
tecnologia etc., por meio de um processo natural, o qual regido por leis naturais. 
A história comprovou e tem comprovado que essa tese não se sustenta. Assim, 
a tese da igualdade e identidade do homem também está colocada. Nos termos 
propostos pelo autor, fica difícil sustentar que o homem e a mulher se fazem no 
processo social, no processo histórico. No pensamento comtiano, um índio, uma 
criancinha da favela, um garotinho de classe média, outro da elite são pessoas sócio 
e historicamente iguais. O que dizer de tal ponto de vista? 
Essas e outras afirmações positivistas comtianas incidem em um “erro teórico- 
-metodológico” ao admitirem e defenderem que fatos e fenômenos sociais são coisas 
da mesma natureza que a Física, Biologia, Química e, enquanto tais, são regidos 
por leis naturais e que somente nessa “condição objetiva” devem ser estudados. 
Émile Durkheim (1858-1917)
Nascido na França, Durkheim é tido e aceito pelos estudiosos das Ciências 
Sociais como um dos principais fundadores da teoria sociológica. São inúmeras as 
contribuições e tentativas de Durkheim para superar o que já havia sido produzido 
sobre o estudo das sociedades até a sua época. Influenciado pelas conturbações de 
seu tempo, causadas pelas revoluções Francesa e Industrial, a ideia central de seu 
pensamento é a de que a humanidade avançaria para o aperfeiçoamento por meio 
da força do progresso, princípio herdado da filosofia iluminista. 
Durkheim desenvolveu um método de investigação dos acontecimentos sociais 
e estabeleceu um objeto de estudo: os fatos sociais. Desejava que a Sociologia, 
como as outras Ciências, tivesse um objeto específico que pudesse ser observado, 
explicado e que a distinguisse das demais áreas do saber (DURKHEIM, 2002). 
Fatos Sociais 
Um exemplo simples nos ajuda a entender o conceito de fato social, segundo 
Durkheim: se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente 
ficaria em uma situação muito desconfortável: os colegas ririam, o professor lhe 
daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para que 
vestisse uma roupa adequada. 
16
17
Logo, existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem – e isso não 
é estabelecido pelo indivíduo. Afinal, quando esse entrou no grupo, já existia tal 
norma e, quando sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, 
quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá punição. 
Portanto, o modo de vestir é um fato social. São fatos sociais também a língua, 
o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do 
mesmo tipo.
Para Durkheim os fatos sociais são as maneiras de agir,de pensar e de sentir 
exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo sobre este, formando, 
assim, a consciência coletiva – ou senso comum –, que é a soma de todas as 
consciências sociais, ou seja, é criada a partir de como a sociedade percebe a si e 
o mundo. Dito de outra forma: 
Fato social é toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer 
sobre o indivíduo uma coerção exterior: ou então, que é geral do âmbito de 
uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo uma existência própria, in-
dependente das suas manifestações individuais (DURKHEIM, 2002, p. 65). 
Em virtude dessas características, para Durkheim os fatos sociais podem ser estu-
dados objetivamente, tais como “coisas”. Da mesma maneira que Biologia e Física 
estudam os fatos da natureza, a Sociologia pode fazer o mesmo com os fatos sociais. 
A Ordem Social
De acordo com Durkheim, os fatos sociais correspondem ao objeto de estudo 
da Sociologia, podendo ser definidos como padrões de comportamento que são 
capazes de exercer algum poder coercitivo sobre os indivíduos. Tais padrões são 
internalizados durante o processo de socialização e educação, passando a fazer 
parte da consciência individual.
Essas restrições levam à obrigação moral de obedecer a regras que determinam 
a vida em sociedade.
As características dos fatos sociais, segundo Durkheim são:
Coletivo:
comum a todos
Exterior:
independente
do indivíduo
Coercitivo:
obrigatório a
todos os
indivíduos
Figura 5
17
UNIDADE Introdução à Sociologia
Essas forças externas são a consciência coletiva, definida como uma relação 
social expressa por ideias, valores, crenças que são institucionalizadas na estrutura 
social e internalizadas pelos membros da cultura em questão.
Esse teórico analisa as causas e os efeitos do enfraquecimento dos laços entre 
os indivíduos em duas publicações: A divisão do trabalho social (1893) e 
O suicídio (1897).
No livro A divisão do trabalho social, identifica duas formas de solidariedade 
que têm origens diferentes.
A primeira é a solidariedade mecânica, que surge em sociedades relativamente 
homogêneas, em que as pessoas estão envolvidas em atividades semelhantes e 
vivem as mesmas experiências. Nessas sociedades, as poucas instituições existentes 
expressam valores similares e regras que se interligam e se reforçam. As normas, 
crenças e os valores são homogêneos e a consciência individual é virtualmente 
idêntica à consciência coletiva. De acordo com Durkheim, nessas sociedades 
tradicionais, as culturas experimentam alto grau de integração e pouco espaço para 
o individualismo. As pessoas, nessas sociedades, participam do mesmo tipo de 
atividade e têm os mesmos valores, portanto, todos se consideram parte do grupo.
A segunda forma de solidariedade é definida pelo autor como solidariedade 
orgânica, sendo fruto da divisão do trabalho, que marca as sociedades mais complexas 
e como as experiências concretas tornam-se muito diversas, os interesses, valores 
e crenças tendem a se diferenciar. Nessas condições, os indivíduos têm cada vez 
menos valores em comum, contudo, devido às condições concretas, suas atividades 
estão interligadas e são interdependentes. O crescimento do individualismo, neste 
contexto, seria inevitável e levaria ao enfraquecimento dos valores coletivos e ao 
sacrifício do sentido de comunidade.
A coesão social se enfraquece e os seus valores estruturantes deixam de garantir 
uma moral consistente e que fornece os parâmetros para o comportamento social.
A diversidade de normas e valores é capaz de libertar o indivíduo das tradições 
criadas pelas instituições como família e igreja, contudo, tal potencial também se 
traduz em problemas para a vida em sociedade.
O indivíduo tem inúmeras possibilidades de comportamento, que nem sempre 
são marcadas pelo bem comum, e como as regras as tornam mais frouxas, é 
possível que enverede pelas quais. Assim, seu comportamento passa a ser marcado 
pela ideia de que todos os seus atos devem ser pautados pela noção da seguinte 
dúvida: “Será que este comportamento atende às minhas necessidades?” – e não 
mais pela ideia de: “Será que este comportamento atende ao bem comum?”
18
19
Outros Importantes Pensadores que 
Infl uenciaram o Pensamento Sociológico
e que Serão Estudados mais Adiante 
• Karl Marx (1818-1883), nascido na Alemanha – visão histórica, ideia 
principal: determinação do modo de produção de mercadorias a partir da 
força de trabalho; 
• Max Weber (1864-1920), nascido na Alemanha – visão culturalista, ideia prin-
cipal: extrema valorização do trabalho para o acúmulo de riquezas. Define tipos 
de dominação: carismática, legal e patriarcal. Burocracia. Ação e ação social.
Modelos Socioeconômicos
e de Regimes Autoritários 
• Capitalismo – defende os interesses da burguesia, divisão em classes sociais, 
meios de produção e propriedade privada; 
• Socialismo – resolução de problemas sociais, reação contra o individualismo, 
subordina o indivíduo ao interesse e às necessidades do grupo.
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UNIDADE Introdução à Sociologia
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
O que é Sociologia
MARTINS, C. B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2000.
 Vídeos
Ilha das Flores (1989)
https://youtu.be/e7sD6mdXUyg
O que é Sociologia
https://youtu.be/4tLRDjza0qQ
 Filmes
A Ilha do Dr. Moreau
Dir. Don Taylor. Estados Unidos, 1977.
O Nome da Rosa
Dir. Jean Jacques Annaud. Estados Unidos, 1980.
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Referências
BOFF, L. Ética da vida. Brasília, DF: Letraviva, 1999. 
COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2000. 
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Martin Claret, 2002. 
FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Saraiva, 2006. 
IANNI, O. A Sociologia e o Mundo Moderno. Aula inaugural. Campinas, SP: 
Unicamp, 1988. 
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1982. 
MATTAR, J. Metodologia científica na Era da informática. São Paulo: Saraiva, 2005. 
OLIVEIRA, P. S. Introdução à Sociologia. São Paulo: Atlas, 2003.
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