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LIVRO PENSAMENTO CIENTÍFICO

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UNIDADE 1 
SEÇÃO 1 
PENSAMENTO CIENTÍFICO 
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira 
Amanda Soares de Melo 
CONHECENDO A DISCIPLINA 
A disciplina de Pensamento Científico tem como objetivo proporcionar 
maior facilidade de compreensão da importância do conhecimento no 
mundo real, tanto na solução de problemas teóricos como práticos, 
favorecendo a identificação dos diversos tipos de conhecimentos, 
distinguindo suas principais particularidades e, principalmente, 
identificando seus limites para a solução de problemas cotidianos. 
Ao longo da disciplina, com base em exemplos objetivos, exploraremos as 
distinções entre o conhecimento vulgar e o científico, desconstruindo mitos 
popularmente aceitos sobre suas aplicabilidades e enfatizando seus desafios 
no mundo globalizado. 
Examinaremos também os diversos tipos de conhecimentos filosóficos 
existentes frequentemente associados com o científico, destacando seus 
aspectos valiosos e suas dificuldades que se refletem no estabelecimento de 
uma aceitação universal por parte de pesquisadores acadêmicos no campo 
da ciência e da filosofia. 
Finalmente, avaliaremos a relação entre o conhecimento filosófico e o 
religioso, com o objetivo de proporcionar clareza e entendimento profundo 
das consequências da aplicabilidade desses conhecimentos na realidade. 
O estudo desta disciplina favorecerá a fomentação de uma cultura 
intelectual mais sofisticada, contribuindo para melhores tomadas de decisão 
frente aos desafios globais, sobretudo na problemática da mudança 
climática e da saúde pública, e ajudando na resolução dos problemas 
pertinentes à vida cotidiana. 
 
NÃO PODE FALTAR 
QUAL A DIFERENÇA ENTRE O 
SENSO COMUM E O 
CONHECIMENTO CIENTÍFICO? 
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira 
 
Fonte: Shutterstock. 
CONVITE AO ESTUDO 
Caro aluno, 
Observe o quanto o mundo real é baseado em dois principais pilares: 
ciência e tecnologia. Hoje, mais do que em outras épocas, a relação desses 
dois campos proporcionou inovação global e facilidade de acesso à 
informação. 
A inovação contribuiu para o rápido progresso tecnológico da sociedade, 
principalmente com a automatização provocada pelo uso de Inteligência 
Artificial, e o acesso à informação aumentou com a ascensão da Internet. 
Os mecanismos de buscas das grandes empresas, como o Google e o Bing, 
unificaram esses dois elementos e, com base em algoritmos cada vez mais 
refinados, proporcionaram a emergência de anúncios e resultados de buscas 
cada vez mais personalizados de acordo com os dados de acessos dos 
usuários. No entanto, o rápido progresso tecnológico não preparou 
cognitivamente a população para a avaliação crítica das informações 
recebidas nos meios digitais com acesso à Internet. 
Atualmente, em todo o mundo, enfrentamos o problema da fake news, que 
é um conceito em inglês para designar notícia falsa. A fake news atinge 
todos os setores da atividade humana, trazendo sempre algum dano real, 
como a consequência dos boatos do movimento antivacina, que 
contribuíram para que doenças até então erradicas no Brasil, como a febre 
amarela, voltassem à tona. 
A fake news se aproveita da falta de entendimento do grande público sobre 
o que é conhecimento e como avaliá-lo. Dessa forma, o indivíduo-alvo 
acaba não tendo o fundamento e as ferramentas necessárias para identificar 
o quão real é a informação recebida. 
Ao decorrer do livro, você será capaz não apenas de entender os diversos 
tipos de conhecimentos, mas também de identificar um tipo peculiar de 
crença psicológica que finge ser científica, geralmente sustentando 
narrativas fantasiosas ou sensacionalistas. 
O resultado será a compreensão da atividade científica, da importância de 
sua aplicação na vida cotidiana e do impacto que o falso conhecimento, 
elemento de estrutura das fake news, provoca na sociedade contemporânea. 
PRATICAR PARA APRENDER 
Você já precisou procurar alguma informação para a realização de um 
trabalho? É muito provável que sim. Qual o principal meio de busca para 
encontrar a resposta que você precisa? Provavelmente, você responderá 
Google, Bing ou algum outro site de pesquisas online. Diferentemente, nas 
gerações anteriores ao surgimento e popularização da Internet, as buscas 
eram realizadas através de bibliotecas, livros, sumarizações e 
enciclopédias. 
A Era da Informação trouxe uma enorme facilidade, no sentido de 
praticidade, do encontro de informações. No entanto, com o excesso de 
informações, é possível que não tenhamos acesso a algo verídico. Portanto, 
será necessário questionar: “As primeiras respostas do Google realmente 
são o conhecimento mais coerente frente à realidade?” 
Com o advento do mundo contemporâneo, o indivíduo que tem um 
conhecimento sólido em sua prática profissional é muito valorizado, 
mesmo sendo preciso que ele esteja disponível para aprender e atualizar sua 
formação profissional, exigindo cada vez mais uma busca por 
conhecimentos mais avançados em sua área de atuação. 
Pensar cientificamente é uma ótima maneira para garantir uma progressão 
de aprendizado, autocorreção e adaptação conforme a necessidade. Sendo 
assim, o profissional cientificamente orientado pensará nos meios de 
maximizar sua produtividade, levando em conta os impactos que o trabalho 
excessivo poderia causar em seu estado de saúde e, ao mesmo tempo, 
proporcionando maior capacidade de gestão na organização de tarefas em 
equipe. 
Em uma sala de aula, quatro estudantes são desafiados pelo professor de 
Filosofia a responderem a três questões, que são recorrentes ao longo da 
história da humanidade. 
1. De onde viemos? 
2. Para onde vamos após a morte? 
3. Por que estamos aqui? 
Cada aluno, em seu modus operandi, adota uma postura diferente em 
relação às respostas. Um vê o mundo a partir do (A) conhecimento 
científico; outro, do (B) religioso; o seguinte, do (C) filosófico e, por fim, o 
último, através do (D) senso comum. Diante dessa situação, a resposta de 
cada um é: 
Aluno A: Tudo se iniciou no Big Bang, e através de um processo de 
evolução por meio da seleção natural. Após a morte, nossa consciência não 
mais existe. Não há nenhum propósito especial, com base no que 
conhecemos através da ciência. 
Aluno B: Deus criou o Céu e a Terra tal qual está escrito na Bíblia. Para o 
paraíso ou inferno. Para atender aos desígnios de Deus. 
Aluno C: Qual é a origem do Universo? Qual é a melhor teoria científica? 
Podemos advogar pela defesa do Big Bang? É necessário submeter ao 
escrutínio da filosofia analítica a análise semântica das teorias científicas. 
Do mesmo modo, é necessário clarificar o conceito de morte, olhando pelas 
implicações do conhecimento científico. Essa pergunta traz problemas de 
ordem metafísica, portanto, é necessário analisar o significado do conceito 
de propósito. 
Aluno D: Depende do contexto. Um indiano, provavelmente, responderia 
com base em suas crenças culturais regionais, manifestando explicações de 
caráter hinduísta. Se fosse um japonês, provavelmente advogaria pelo zen 
budismo. Um brasileiro responderia conforme as crenças compartilhadas de 
sua região, por exemplo, existem regiões no Brasil onde há prevalência de 
mitos da origem da vida e do universo que têm uma relação intrínseca com 
crenças religiosas africanas, enquanto outras são fortemente influenciadas 
pelo catolicismo europeu. Nesse sentido, como foi explicado no texto, o 
conhecimento popular absorve sempre aspectos de outros conhecimentos 
quando incorporados fortemente pela cultura. 
Nessa interação, percebemos que cada aluno apresenta sua perspectiva 
pessoal frente às três grandes questões. Assim, recomenda-se instigá-los 
sobre as possíveis consequências das adoções de certos tipos de 
conhecimento e crenças para os desafios de sua vida diária e do mundo 
contemporâneo, tratando de fazê-los responder qual o melhor tipo de 
conhecimento para uma situação específica e comoconciliá-lo com outros. 
Por exemplo, como a adoção de uma crença oriunda do conhecimento 
religioso poderia impactar em questões de saúde individual e coletiva? 
Qual consequência o conhecimento vulgar, aquele de senso comum, traria 
para a sociedade ao enriquecer mais rapidamente do conhecimento 
científico? A absorção do conhecimento científico, tanto no âmbito 
individual como coletivo, nos tornaria melhores tomadores de decisão? 
Essas questões, consequentemente, reforçariam a existência de diferentes 
tipos de conhecimentos no âmbito da vida cotidiana e fomentariam o 
pensamento crítico dos alunos. 
Saber muito não lhe torna inteligente. A inteligência se traduz na forma que 
você recolhe, julga, maneja e, sobretudo, onde e como aplica esta 
informação. 
Carl Sagan, trecho do documentário Cosmos (1980). 
CONCEITO-CHAVE 
DOXA, O CONHECIMENTO VULGAR DA SOCIEDADE 
Desde Aristóteles, o conceito de conhecimento tem sido central no debate 
filosófico. Inicialmente, conhecimento era tratado como um tipo de crença 
racional, verdadeira e justificada. Crença, porque faria relação com um 
estado psicológico do sujeito; racional, porque envolveria o exercício de 
nossas faculdades cognitivas; verdadeira, porque faria alusão a objetos ou 
fenômenos da realidade; e, principalmente, justificada, porque requereria 
um conjunto de enunciados estruturados logicamente. Essa definição, 
porém, não dá conta dos diversos tipos de conhecimentos existentes, alguns 
dos quais serão tratados ao longo do livro. 
Para começar nossa jornada, vamos entender um pouco o conceito de 
conhecimento vulgar, também chamado senso comum ou saber popular. 
Etimologicamente, refere-se ao conceito aristotélico de doxa, ou 
simplesmente opinião. 
O conhecimento vulgar trata-se de um conhecimento que não quer nenhum 
tipo de exercício crítico, também não envolve nenhum tipo de verificação 
experimental. Geralmente, ele é transmitido culturalmente, de gerações a 
gerações, muitas vezes preservando mitos que eram aceitos em 
determinada época. Por exemplo, o mito de que o chinelo virado com a sola 
para cima traz azar, ou a ideia de que um trevo de quatro folhas traz sorte. 
No entanto, também é verdade que alguns ensinamentos transmitidos pelo 
conhecimento vulgar possam ser verdadeiros, como a ideia de não colocar 
a mão no fogo para não se queimar, ou mesmo não entrar em uma lagoa se 
não souber nadar, porque é possível se afogar. 
O conhecimento vulgar também pode se enriquecer do conhecimento 
científico, especialmente quando este último se torna bastante popularizado 
ao ponto de seu entendimento se tornar familiar por quase toda população. 
Por exemplo, a ideia de que certos alimentos, como carnes, são mais bem 
preservados quando congelados, evitando sua contaminação e exposição a 
microrganismos no ambiente aberto. 
Apesar de estabelecer uma pequena relação com o conhecimento científico, 
o conhecimento vulgar não é suficiente para explicar a realidade, 
exatamente por preservar em seu núcleo ensinamentos que podem ser 
falsos ou simplesmente mitos. 
CONHECIMENTO RELIGIOSO 
O conhecimento religioso pode se enriquecer do conhecimento vulgar, 
especialmente das tradições culturais e religiosas cultivadas ao longo do 
tempo. Por exemplo, na preservação dos mitos gregos de que os deuses 
reinavam nos céus, apropriada pelas religiões politeístas. 
Esse tipo de conhecimento requer um elemento-chave para alcançá-lo, ao 
menos da forma como defenderam diversos pensadores da Idade Média, 
que é a iluminação religiosa como método para conhecer a verdade ou a 
Deus. 
Essa iluminação religiosa seria como um sentimento de vislumbre por uma 
paisagem maravilhosa, como relatou o cientista Francis Collins 
(apud SHERMER, 2012) em sua experiência pessoal. É como um 
sentimento de inspiração e encantamento com algo notoriamente belo, 
diante do qual uma pessoa não encontra palavras para expressar tal 
sensação. No entanto, essas experiências religiosas podem ser despertadas 
mediante o uso de substâncias psicoativas, como alucinógenos ou 
antidepressivos, ou podem ser vivenciadas igualmente por qualquer pessoa 
que tenha apreço pela natureza, de modo que seu principal método não 
caracteriza uma forma autêntica e racionalmente justificada para conhecer a 
realidade. Por conta da subjetividade envolvida durante a iluminação 
religiosa, não é possível demonstrar que a observação pessoal produziu 
cenas reais no cérebro dessas pessoas. 
Outro método comumente cultivado na construção do conhecimento 
religioso é a hermenêutica. A hermenêutica é um tipo de filosofia 
subjetivista, como defendeu o cientista e filósofo argentino Mario Bunge, 
porque ela dependeria simplesmente da interpretação do autor para trazer à 
luz dos escritos bíblicos a extração de um suposto fato vivenciado em 
tempos remotos. 
A hermenêutica é uma abordagem problemática, pois ela não exige a 
investigação empírica da realidade, como a recolha de dados para 
contrastar fatos históricos bem documentados com a interpretação pessoal 
do hermeneuta ou teólogo. 
O hermeneuta e o teólogo são os responsáveis por construir esse tipo 
conhecimento, embora o primeiro contemple uma atividade mais geral, 
podendo abarcar o uso da hermenêutica para textos literários ou filosóficos. 
No entanto, como foi apontado anteriormente, o simples fato de invocar a 
subjetividade do interpretador, ao invés de fatos objetivos, lança um 
desafio na validade desse tipo de conhecimento. 
O CONHECIMENTO FILOSÓFICO: EMPÍRICO E RACIONALISTA 
O conhecimento filosófico é amplo, abarcando diversos posicionamentos 
ao longo da história da filosofia, especialmente o empírico e o racionalista. 
Esse tipo de conhecimento também pode incluir o religioso, uma vez que a 
base de todo conhecimento são os pressupostos filosóficos. Noções de 
verdade, intuição, dedução, cognoscibilidade, crença, realidade, fenômeno, 
utilidade e outras são conceitos filosóficos indispensáveis em qualquer tipo 
de conhecimento. O conhecimento empírico pressupõe a cognoscibilidade 
dos fenômenos com base nas experiências sensíveis do sujeito, enquanto o 
racional pressupõe que o conhecimento já é derivado da mente do sujeito, 
independentemente de qualquer experiência empírica. 
David Hume e John Locke eram filósofos empiristas e, portanto, defendiam 
que a fonte de conhecimento derivava dos dados sensíveis. René Descartes, 
por outro lado, acreditava que o conhecimento eterno ou matemático 
poderia ser alcançado pelo simples uso da razão, sem a necessidade de 
qualquer experiência empírica. Embora seja verdade também que ele tenha 
defendido que uma junção de mais fatores era condição necessária para 
alcançar verdades absolutas ou irrefutáveis, por via de seu método 
cartesiano, que estabelecia, no mínimo, quatro condições, como evidência, 
análise, ordem e enumeração, ele deduzia que todos esses princípios eram 
alcançados mediante o uso da razão. 
Embora Descartes tivesse defendido o papel da razão como principal 
responsável pelo conhecimento absoluto, ele fez investigações empíricas 
durante toda sua vida, especialmente nos campos da anatomia e da 
fisiologia, contribuindo para uma descrição de partes do cérebro humano, 
como a glândula pineal, e especulando sobre sua real função no organismo. 
Houve também pensadores de grande importância da filosofia que tentaram 
unir os dois tipos de conhecimentos, sendo o mais famoso o filósofo 
Immanuel Kant, que lançou as bases de seu método racioempirista. Esse 
método consistia em tomar elementos que ele considerava verdadeiros do 
empirismo e do racionalismo. Kant apropriou-se do fenomenismo dos 
empiristas, em que a fonte de conhecimento se dá através dos fenômenos, e 
não da realidade em si. Kant acreditava que não poderíamos conhecer nada 
além das aparências, de modo que todo o mundo estaria subordinado a 
impressões ou dados sensíveis, tal como acredita Hume.Mais ainda, Kant 
buscou resgatar o apriorismo do racionalismo, argumentando sobre a 
plausibilidade de verdades independentes da experiência, que, segundo ele, 
estariam ali, prontas na mente. 
O racioempirismo kantiano levou a discussões calorosas no campo da 
filosofia e, junto com outros pensadores, inspirou posições bem diferentes 
entre si na filosofia – especialmente, a fenomenologia e o positivismo 
lógico. 
O incômodo com a posição de Kant é que ele havia se apropriado de 
elementos problemáticos de ambos os conhecimentos empírico e 
racionalista, não levando em consideração a própria ciência da época na 
elaboração de sua filosofia. Os astrônomos Galileu Galilei e Johannes 
Kepler, por exemplo, já investigavam a realidade além dos fenômenos 
limitados a dados sensíveis. Galileu estendeu sua percepção com um 
telescópio que ele havia aprimorado e descobriu três satélites de Júpiter, 
enquanto Kepler havia calculado a trajetória das elipses planetárias usando 
ferramentas matemáticas, hipóteses auxiliares e instrumentação de 
medidas. Isaac Newton, um dos maiores nomes da revolução científica, 
estabeleceu leis científicas que poderiam se aplicar a quaisquer objetos não 
diretamente observáveis, mas com velocidades menores do que a da luz. 
Isso, porém, não foi suficiente para ruir a possibilidade de unificação entre 
empirismo e racionalismo. 
No século XX, o cientista e filósofo Mario Bunge procurou unificar o 
empirismo com o racionalismo, resgatando o conceito de racioempirismo, 
mas se desvinculando das posições kantianas notoriamente emblemáticas. 
Bunge uniu a experiência empírica com a condição de exercê-la mediante 
uso crítico da razão como forma de investigar a realidade. Mais ainda, ele 
estabeleceu que seria necessária a unificação do realismo com o 
cientificismo proclamado dos filósofos da ala radical do iluminismo 
francês, sobretudo com Condorcet, para formular verdades mais profundas 
sobre o mundo. 
O realismo é a filosofia que advoga a existência de um mundo 
independente do sujeito (realismo ontológico) e que ele pode ser conhecido 
(realismo epistemológico), mesmo que indireta e parcialmente, enquanto o 
cientificismo é a posição segundo a qual a ciência pode produzir o 
conhecimento mais profundo e verdadeiro da realidade, em comparação 
com outras formas de conhecimentos, como o religioso proveniente da 
iluminação religiosa ou mesmo do interpretacionismo hermenêutico. 
Porém, diferente da concepção caricata difundida sobre o conceito de 
cientificismo, ele não é uma posição preconceituosa e nem autorrefutável, 
mas uma atitude esperada de qualquer pesquisador interessado em 
investigar a realidade e que acredita que o progresso científico é possível e 
desejável. Mais ainda, o cientificismo é um tipo de filosofia que enriquece 
a ciência, favorecendo a investigação científica, em vez de focar a atenção 
exclusiva na contemplação excessiva de leituras sagradas ou de ideias do 
próprio indivíduo, como faziam os filósofos irracionalistas e teólogos, que 
negligenciaram séculos de progressos científicos. O cientificismo, hoje, 
está entrelaçado com o realismo, dando origem à posição conhecida como 
realismo científico. 
O realismo científico é a filosofia que admite que podemos tratar teorias 
científicas como descrições ou representações verdadeiras do mundo, 
mesmo que sejam, por vezes, incompletas. É a posição mais defendida 
dentro da filosofia da ciência, em comparação com sua concorrente 
antirrealista. O antirrealismo, por sua vez, evita fazer uso de afirmações ou 
teorias que não correspondam diretamente à observação pura da realidade, 
desconsiderando o progresso contínuo provocado pela física de partículas 
ao estudar acontecimentos ou elementos que são imperceptíveis 
diretamente à nossa experiência sensível ou mesmo a teorização ou 
modelagem matemática de fenômenos macrossociais que escapam da 
observação individual do pesquisador sociológico. 
Em resumo, o conhecimento filosófico é amplo, contemplando posições 
muitas vezes compatíveis ou relacionáveis com a ciência, enquanto outras 
vezes apresentando um tipo de conhecimento totalmente oposto ao 
científico. Sua característica mais fundamental é o exercício de análise 
lógica dos enunciados e das teorias científicas, geralmente realizadas por 
filósofos analíticos ou filósofos da ciência. Seu mérito reside no fato de que 
ele alimenta tacitamente a ciência em um processo de feedback positivo, 
proporcionando um vocabulário mais refinado para a ciência e, ao mesmo 
tempo, alimentando seu repertório de problemas com os novos dados da 
investigação científica. 
ASSIMILE 
1. No mínimo, existem quatro tipos de conhecimentos, cada qual com 
sua utilidade e aplicação no mundo real. 
2. O conhecimento filosófico também tem uma relação de absorção 
com outros tipos de conhecimentos, principalmente com o 
científico, contribuindo para o fornecimento de um tratamento 
conceitual adequado e o levantamento de problemas sobre a 
realidade. 
3. Apenas o conhecimento científico possui um mecanismo de 
autocorreção com o qual ajuda a ciência a se ajustar cada vez mais à 
realidade. 
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
O conhecimento científico é um tipo de conhecimento sui generis, ou seja, 
uma classe de conhecimento único em sua forma. Esse tipo de 
conhecimento levou séculos para que fosse desenvolvido e teve a 
participação de diversos filósofos ao longo da história, especialmente o 
egípcio Ibn al-Haytham e o filósofo inglês Robert Grosseteste, além de 
figuras notoriamente conhecidas como Francis Bacon, Galileu Galilei e 
David Hume. 
Haytham é considerado o primeiro cientista, porque aplicou métodos 
empíricos de investigação para estudar a óptica, sobretudo os efeitos da luz. 
Grosseteste, por outro lado, é uma figura comumente negligenciada em 
livros históricos, mesmo tendo importância central no desenvolvimento das 
bases do método científico. Por outro lado, a literatura vigente considera 
apenas as contribuições de Bacon, Galileu, Hume e Descartes. 
Bacon advogava pela noção de conhecimento intuitivo, ou seja, a ideia de 
que, com base em observações particulares, era possível realizar 
generalizações. Galileu, por outro lado, é conhecido por realmente ter 
aplicado um método científico para a investigação de objetos celestes, indo 
além do que os empiristas defendiam, ao usar o raciocínio abstrato, a 
imaginação e a instrumentalização adequada para ultrapassar suas 
experiências sensíveis. Hume, porém, limitava-se a propor um método 
atrelado à percepção, de modo que se fôssemos levar ao pé da letra sua 
posição, não seria possível algo como biologia molecular, cosmologia e 
principalmente mecânica quântica, já que essas disciplinas transcendem a 
pura percepção do investigador científico. 
Descartes, no entanto, conciliou um aspecto importante que Hume também 
defendia, o chamado ceticismo metodológico. O ceticismo metodológico é 
a posição que nos permite duvidar de certas conjecturas ou hipóteses que 
não foram submetidas à prova. Essa posição é basicamente uma dúvida 
razoável, nunca absoluta, na falta de boas evidências. Em resumo, essa é a 
posição que norteia toda a atividade científica ainda hoje. 
Com base numa compreensão mais profunda da realidade, os filósofos do 
século XX tentaram caracterizar de forma objetiva o conhecimento 
científico, buscando delimitá-lo de outras formas de conhecimentos, sendo 
a figura mais importante dessa atitude o filósofo austríaco Karl Popper. 
REFLITA 
1. O que torna o conhecimento científico confiável? 
2. Como o conhecimento filosófico pode contribuir com o 
conhecimento científico? 
3. De forma satisfatória, é possível estabelecer um critério de 
demarcação entre ciência e pseudociência, indo além das 
concepções propostas no século XX? 
Karl Popper (2013) tentou propor um critério de demarcação entre ciência e 
não ciência (onde se incluem artes,filosofia e pseudociência), com o 
objetivo também de responder ao problema de Hume. Sua ideia era de que 
nenhuma observação é suficiente para confirmar uma teoria, que bastaria 
um contraexemplo para demonstrar sua falsidade. Analogamente ao 
exemplo mais tipicamente usado, o fato de observar cisnes brancos em uma 
região não permite fazer uma generalização apressada de que todos os 
cisnes são brancos, pois a observação de um cisne negro refutaria a teoria. 
Então, Popper lançou a condição de que toda teoria, para ser científica, 
deveria ser passível de falseabilidade ou falseacionismo, ainda mais porque 
contribuiria para seu refinamento. A falseabilidade é a condição de que 
teorias devem ter a capacidade de serem provadas falsas em alguma 
circunstância. 
Popper argumentava que a confirmação trivial não assegurava uma boa 
teoria, utilizando a psicanálise como exemplo de caso para mostrar que a 
observação do analista geraria uma confirmação excessiva, embora não 
suficiente para avaliar seu grau de verdade. Mais ainda, ele argumentou que 
a falta de condições de refutação da teoria psicanalítica seria um elemento 
vital para sua fossilização, como o caso do inconsciente freudiano, que 
admite a existência de três instâncias psíquicas ou entidades desencarnadas 
(id, ego e superego), mas que nunca é clarificado se são conceitos 
meramente simbólicos ou objetos tão reais quanto axônios, neurônios, 
sinapses e partículas. 
Com seu critério de demarcação, Popper foi duramente criticado pelos 
filósofos irracionalistas, sobretudo Thomas Kuhn e Paul Feyerabend. Kuhn 
(2017) defendeu que existiam, no mínimo, duas ciências: a normal e a 
extraordinária. A normal é a ciência acerca da qual existe minimamente um 
consenso estabelecido entre a comunidade científica. Em seguida, dentro da 
ciência normal, segundo Kuhn, ocorre uma crise sem precedentes, 
ocasionada por uma nova descoberta, passando a existir a dificuldade de 
estabelecimento de um consenso. Quando essa nova descoberta se 
consolida, ocorre uma revolução científica, dando início à etapa de uma 
nova e extraordinária ciência, rompendo com velhas concepções de mundo. 
Pense, por exemplo, na revolução científica ocasionada pela emergência da 
teoria da relatividade geral, que, embora seja sempre lembrada como fruto 
do trabalho de Albert Einstein, também teve a contribuição de outros 
grandes nomes da física, como Henri Poincaré. A relatividade provocou 
uma reação de incerteza na comunidade científica por conta de sua 
aceitação total ao longo de anos e das limitações físicas agora evidentes das 
teorias newtonianas para o estudo de objetos de grande massa. Isso, porém, 
não significa que a relatividade geral demoliu a física de Newton. Isso 
também não sustenta a defesa de Kuhn de que não existe algo como 
progresso científico. A teoria da relatividade e o uso da mecânica de 
Newton têm permanecido de pé ainda hoje, sendo a última responsável pela 
possibilidade de envio de foguetes ao Espaço. 
Feyerabend (2011), por outro lado, foi ainda mais radical e sentenciou que 
não existe algo como método científico e que, na ciência, “tudo vale”, de 
modo que não existiriam regras para serem seguidas, a ponto de, segundo 
ele, os cientistas diversos romperem com os protocolos de investigação 
para formularem suas ideias. Feyerabend foi seduzido por essa visão por 
conta de sua descrença na medicina científica e a suposta experiência de 
cura por uma curandeira, o que o levou a relativizar o status epistemológico 
da medicina em seus trabalhos. Sua posição ficou conhecida como 
anarquismo epistemológico. Embora essa seja a visão que mais prevalece 
na academia, ela é falsa, porque ignora que não existe ciência sem método 
científico (ou seja, sem regras minimamente estabelecidas e/ou 
procedimentos experimentais de investigação, principalmente de acordo 
com os princípios da pesquisa bioética) e, principalmente, sem ethos (ou 
código de conduta) tacitamente aceito pela comunidade científica. Uma 
ciência sem método não seria capaz de investigar a realidade em todos os 
seus níveis, também não seria capaz de progredir ao longo dos anos e, mais 
importante, sem ethos tanto a verdade como a mentira teriam pesos 
igualmente válidos dentro da comunidade científica. 
O ethos da ciência foi primeiramente clarificado pelo sociólogo da ciência 
Robert K. Merton (1968). Ao investigar a comunidade científica, ele 
identificou alguns princípios que norteavam a pesquisa científica, sendo 
eles: comunismo epistêmico, universalismo, desinteresse, ceticismo 
coletivo e originalidade. 
O comunismo epistêmico enfatiza que o conhecimento científico é 
propriedade de todos, portanto, ele deve ser sempre acessível; o 
universalismo advoga que todos os cientistas, independente de sua etnia ou 
localização geográfica, podem contribuir com a ciência; o desinteresse 
destaca que os cientistas devem agir conforme a comunidade, de acordo 
com os interesses coletivos, sempre acima dos interesses pessoais; o 
ceticismo coletivo determina que as reivindicações científicas devem ser 
submetidas à análise crítica da comunidade; e, finalmente, a originalidade 
diz respeito à ideia de que as demandas científicas devem contribuir com a 
novidade, seja na formulação de novos problemas, dados ou teorias. A 
suspensão do ethos leva ao florescimento da pseudociência. 
O conceito de pseudociência, de antemão, exige uma compreensão do que é 
a ciência. No entanto, nenhum filósofo havia sido capaz de conceituar a 
ciência de forma adequada, deixando sempre espaço para que 
reivindicações não científicas se passassem como ciência. O filósofo Mario 
Bunge (2010) mostrou que a concepção popperiana de ciência deixava 
espaço para que reivindicações parapsicológicas fossem tratadas como 
ciência, simplesmente porque satisfaziam o critério de falseabilidade. 
Porém, como Bunge enfatizou, o que torna um campo científico não é sua 
condição de falseabilidade, mas uma série de princípios, entre os quais 
estão incluídos um fundo de conhecimento, uma base formal, uma 
epistemologia realista, uma ontologia materialista, um ambiente livre de 
pesquisa e, principalmente, a prática de um ethos entre membros da 
comunidade científica. Nesse sentido, Bunge (2014) define a ciência como 
um sistema de ideias caracterizados como um conhecimento sistemático, 
racional, exato, verificável e, portanto, falível, sendo uma representação 
conceitual do mundo. Além disso, quando um campo falha em satisfazer a 
maior parte dos princípios de cientificidade, ele pode ser considerado 
pseudocientífico. 
A pseudociência, consequentemente, pode ser conceituada de forma oposta 
à ciência, como sendo um sistema de crenças subjetivas, irracionalistas ou 
puramente intuicionistas, inexata, inverificável e, portanto, dogmática, pois 
ela não submete à prova suas crenças, não exige uma linguagem clara, 
precisa e objetiva, nem um vocabulário articulado de ideias inter-
relacionadas, e, quando se mostra falha, como na hipótese da existência do 
inconsciente freudiano da psicanálise ou das ondas psi da parapsicologia, 
ela permanece estagnada no tempo, não atualizando suas crenças à luz de 
novas evidências. 
Em resumo, o conhecimento científico é um tipo especial de conhecimento, 
que possui em seu aspecto central a revisão constante de hipóteses e teorias 
científicas, sempre submetendo à prova conjecturas e, mais ainda, 
proporcionando a melhor representação da realidade em todos os seus 
níveis (físico, químico, biológico, psicológico, social, artificial, etc.). Por 
ser um tipo de conhecimento antidogmático por princípio, ele não deve ser 
confundido com a pseudociência, em que, em sua característica mais 
essencial, o livre debate de ideias é substituído pelo culto à autoridade e 
pela salvação contínua de crenças falsas, por conta do sentimento de 
incerteza provocado pelo mal entendimento da ciência.EXEMPLIFICANDO 
1. O conhecimento vulgar (ou senso comum) absorve todos os tipos 
de conhecimentos ao longo dos anos. No entanto, ele pode 
conservar em seu núcleo crenças falsas sobre a realidade. Por sua 
vez, o conhecimento religioso possui, ao menos, duas abordagens 
principais, como a que é baseada na iluminação religiosa e a 
interpretacionista, advogada por teólogos ou hermeneutas. De 
forma semelhante ao conhecimento vulgar, esse tipo de 
conhecimento pode manter ideias falsas em seu núcleo, sobretudo 
por focar sua abordagem mais no indivíduo subjetivo do que na 
investigação da realidade externa. 
2. O conhecimento filosófico é amplo em sua forma, sendo difícil 
delimitá-lo. Por essa razão, ele pode ser desenvolvido em uma 
relação de dependência do conhecimento científico, como também 
é possível fazê-lo de forma independente. No entanto, sua 
característica mais fundamental tem sido a clarificação dos 
conceitos utilizados em diversos tipos de conhecimentos. Além 
disso, ele é um tipo de conhecimento que permite fazer certas 
generalizações sobre a realidade. Por exemplo: todos os objetos 
existentes são materiais; todos os objetos reais possuem 
propriedades físicas, como energia; a realidade é um grande 
sistema emergente e material; as leis da natureza revelam a 
impossibilidade da existência de entidades desencarnadas, como 
almas, espíritos, inconsciente freudiano ou cérebros dualísticos. 
3. O conhecimento científico é único em sua forma. É o tipo de 
conhecimento que produz o entendimento mais profundo e 
verdadeiro sobre a realidade, indo além das percepções empiristas, 
a partir do momento que destaca o importante papel da teorização 
e modelagem para representar a realidade com base nas 
evidências. Sua característica mais fundamental é o mecanismo de 
autocorreção, que permite corrigir imprecisões e, então, refinar 
cada vez mais as explicações sobre o mundo. Por sua natureza 
particular, é um conhecimento antidogmático por princípio. 
No decorrer do livro, foram exemplificados os diversos tipos de 
conhecimentos existentes, bem como os desafios que cada um deles 
enfrenta. Também foi explicado como diferentes tipos de conhecimentos 
podem ser relacionados com outros, como na relação recíproca entre o 
conhecimento filosófico e o científico, em que um enriquece o outro, 
proporcionando um aumento gradual do conhecimento na esfera da 
atividade humana. Dessa forma, espera-se que, com base nessa introdução, 
você tenha a capacidade de distinguir os diversos tipos de conhecimentos, 
bem como de procurar aprofundar seu conhecimento ao longo dos anos. 
FAÇA VALER A PENA 
Questão 1 
A falseabilidade é o princípio filosófico no qual uma teoria, para ser 
considerada científica, deve ser capaz de realizar predições que sejam 
possíveis de serem provadas falsas em alguma circunstância. Um exemplo 
bastante difundido para expressar a ideia é a observação de um grupo de 
cisnes brancos não ser suficiente para afirmar que todos os cisnes são 
brancos, já que a observação de um cisne negro refutaria a afirmação. 
Qual o primeiro filósofo a propor a falseabilidade como um critério de 
demarcação para a ciência? 
A. David Hume. 
 
B. Karl Popper. 
 
C. Francis Bacon. 
 
D. René Descartes. 
 
E. Robert Grosseteste. 
Questão 2 
O ethos da ciência é o conjunto de princípios éticos coletivos que norteia a 
comunidade científica. Esses princípios foram percebidos, pela primeira 
vez, pelo sociólogo da ciência Robert K. Merton, que destacou seus 
aspectos principais. 
Quais princípios formam o ethos da ciência? 
A. Autoritarismo - universalismo - niilismo - desinteresse - originalidade. 
 
B. Comunismo - universalismo - ceticismo - desinteresse - originalidade. 
 
C. Socialismo - relativismo - ceticismo - interesse - familiaridade. 
 
D. Dogmatismo - irracionalismo - individualismo - interesse - falsidade. 
 
E. Comunismo - absolutismo - ceticismo - desinteresse - originalidade. 
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Questão 3 
A pseudociência é conhecida por conta de sua marginalidade frente ao 
conhecimento científico do momento, de modo que ela não segue nenhum 
critério objetivo de investigação e nem sequer cultiva uma comunidade 
crítica para a análise de suas ideias. 
Quais são as características fundamentais da pseudociência? 
A. Originalidade, ceticismo, racionalismo e claridade conceitual. 
 
B. Falsidade, dogmatismo, relativismo e claridade conceitual. 
 
C. Originalidade, ceticismo, racionalismo e obscurantismo. 
 
D. Falsidade, subjetivismo, dogmatismo e obscurantismo. 
 
E. Falsidade, obscurantismo, ceticismo e claridade conceitual. 
REFERÊNCIAS 
BUNGE, M. Caçando a Realidade: a luta pelo realismo. Tradução de Gita 
K. Guinsburg. [S.l.]: Editora Perspectiva, 2010. 
BUNGE, M. La Ciencia, su Método y su Filosofía. [S.l.]: Editora 
Sudamericana, 2014. 
BUNGE, M. Las pseudociencias ¡vaya timo! 2. ed. [S.l.]: Editora Laetoli, 
2014. 
BUNGE, M. In Defense of Realism and Scientism. Annals of Theoretical 
Psychology, Boston, v. 4, p. 23-26, 1986. Springer US. Disponível 
em: https://bit.ly/3b59Qg3. Acesso em: 24 nov. 2020. 
BUNGE, M.; SCHLÖTTER, P.; RAYNAUD, D.; ROMERO, G. E.; 
MOLINA, E.; PIEVANI, T.; LARRINAGA, V. J. S.; ELÍAS, C.; CAMPO, 
A. C.; FISAC, M. Á. Q. Elogio del Cientificismo. Tradução de Gabriel 
Andrade. [S.l.]: Editora Laetoli, 2017. 
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http://dx.doi.org/10.1007/978-1-4615-6453-9_3
DESCARTES, R. Discurso Sobre o Método. [S.l.]: Editora Vozes de 
Bolso, 2018. 
FEYERABEND, P. Contra o Método. 2. ed. [S.l.]: Editora Unesp, 2011. 
KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Científicas. [S.l.]: Editora 
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MARCONDES, D. Textos Básicos de Filosofia e História das Ciências: 
a revolução científica. [S.l.]: Editora Zahar, 2016. 
MERTON, R. K. Sociologia: teoria e estrutura. [S.l.]: Editora Mestre Jou, 
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POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Científica. 2. ed. [S.l.]: Editora 
Cultrix, 2013. 
SAGAN, C. O Mundo Assombrado Pelos Demônios: a ciência vista 
como uma vela no escuro. [S.l.]: Editora Companhia das Letras, 2006. 
 
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO 
QUAL A DIFERENÇA ENTRE O 
SENSO COMUM E O 
CONHECIMENTO CIENTÍFICO? 
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira 
 
Fonte: Shutterstock. 
SEM MEDO DE ERRAR 
Para resolver o problema, é necessário entender o contexto histórico e 
filosófico por trás da origem de cada tipo de conhecimento, destacando os 
aspectos fundamentais que levaram à sua aceitação ou rejeição, fazendo 
analogias ou experimentos mentais (ou seja, imaginando circunstâncias nas 
quais certos tipos de conhecimentos poderiam ser aplicados, levando em 
consideração seus possíveis impactos na esfera da vida cotidiana) para 
reforçar a aprendizagem. 
Um caminho para levar à resolução da situação-problema consiste na 
utilização da analogia do conhecimento científico com a atividade política, 
entendendo suas principais diferenças, mas destacando seus aspectos de 
interdependência. Por exemplo, embora a ciência dependa da política para 
uma série de condições, sobretudo no direcionamento de recursos para suas 
atividades, ela não é decidida de modo semelhante, de modo que a ciência 
não advoga pela democracia para chegar a um consenso, mas opera com 
base nos estudos e na qualidade da evidência resultante da investigação da 
realidade, confrontando muitas vezes uma visão dominante dentro da 
ciência, ou mesmo crenças políticas e religiosas individuais dos próprios 
cientistas, até a aceitação plena de teorias mais bem confirmadas, como 
ocorreu historicamente no processo de aceitação da teoria da evolução de 
Charles Darwin e sua implicação filosófica e política no contraste com o 
criacionismo bíblico, e na emergência da mecânica quântica, da qual alguns 
físicos, como Albert Einstein, resistiram-se a aceitar a natureza 
indeterminística da realidade. 
Isso significa que muitas vezes seremos confrontados com visões que 
entram em desacordo com nossas preferências políticas, ideologias e 
crenças religiosas, mas isso não é um sinal de que devemos abrir mão do 
conhecimento científico. Na verdade, devemos trabalhar criticamente para 
absorvê-lo da melhor forma possível, especialmente para ajustar nossas 
crenças e visões de mundo à realidade. Pense, por exemplo, no caso das 
Testemunhas de Jeová e o embate notório em questões de ordem filosófica, 
sobretudo ética, e de saúde pública, que norteiam as ciências da saúde, no 
que se refere à rejeição de práticas e cuidados médicos relacionados ao uso 
da técnica de transfusão de sangue por seus seguidores. A rejeição do 
conhecimento científico levaria essas pessoas a permanecerem em 
sofrimento, a adoecerem progressivamente, simplesmente porque não 
conseguiram conciliar suas crenças e visões de mundo com o conhecimento 
científico. 
O conhecimento vulgar também está enraizado em diversas concepções 
equivocadas do mundo, principalmente nas que trazem algum dano não 
apenas à humanidade, mas à natureza e aos animais. Por exemplo, a crença 
social compartilhada de que gatos pretos trazem azar, o que instiga o 
comportamento de maus-tratos contra animais, simplesmente porque a 
população não teve acesso ao conhecimento científico para entender a 
origem e a consequência dos mitos ao longo da história. Apenas o 
conhecimento científico pode elucidar essas questões, mostrar seus 
impactos no mundo real e avaliar o quão realistas são as crenças culturais 
ou religiosas mais bem difundidas. Em outras palavras, o conhecimento 
científico enriquece a cultura e alimenta a sociedade, contribuindo para que 
o senso comum se afaste cada vez de concepções equivocadas do mundo. 
Um elemento-chave que contribui para a absorção do conhecimento 
científico pelo senso comum é entender que a formulação desse tipo de 
conhecimento que se dá através da construção das teorias científicas não 
surge espontaneamente do nada, nem de forma isolada com a pura 
observação de um fenômeno, mas se baseando em um problema e um 
fundo de conhecimento anterior. Contrastar a ciência e a pseudociência 
também ajuda a entender os aspectos que influenciam os grupos humanos. 
Evidenciar o princípio de abertura às novas ideias que o conhecimento 
científico proporciona e sua característica de testar ideias que não nos 
parecem razoáveis à primeira observação, como quando estamos pensando 
em comprar um carro usado e fazemos perguntas sobre a condição atual do 
automóvel, contribui para ajustar nossa visão de mundo a uma posição 
mais crítica e realista. Mais ainda, a consequência fundamental do senso 
comum absorver a ciência é, a curto prazo, a formação de melhores 
tomadores de decisões. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
A CIÊNCIA E A SAÚDE MENTAL 
Uma pessoa cientificamente orientada, responsável pela análise da gestão 
da equipe de uma empresa, poderia identificar que a saúde e a qualidade de 
vida no trabalho (QvT) estão prejudicadas no setor em que trabalha, o que 
refletiria diretamente na queda dos índices de rendimento e produtividade 
da equipe. Como o conhecimento científico poderia auxiliar na resolução 
desse problema? 
RESOLUÇÃO 
A própria pessoa com competências científicas, sobretudo em psicometria 
aplicada às organizações, poderia pôr em prática seu conhecimento para 
verificar a possível solução do problema, ou mesmo indicar a contratação 
https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/PENSAMENTO_CIENTIFICO/LIVRO_DIGITAL/fmt_u1s1.html#resolucao-1%20.item-1
de um consultor científico mais especializado. Em um exemplo específico, 
pode ser que um colega ou chefe seja responsável por boa parte dessa 
queda da QvT. Então, o consultor poderia desenvolver estratégias eficazes, 
baseadas no conhecimento científico, para aumentar o nível da QvT. 
 
SEÇÃO 2 
NÃO PODE FALTAR 
QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS 
DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO? 
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira 
 
Fonte: Shutterstock. 
PRATICAR PARA APRENDER 
Provavelmente, você já se perguntou o que torna o conhecimento científico 
diferenciado em comparação com outras formas de conhecimento, razão 
pela qual diversas grandes potências reservam uma parcela de seu PIB para 
investir em ciência e tecnologia, mas não encontrou nenhuma explicação 
dentro de um contexto histórico apropriado que detalhasse as principais 
características do conhecimento científico. 
Sem um contexto adequado é impossível discutir o que é conhecimentocientífico, bem como explicar quais seriam suas características e o porquê 
desse tipo de conhecimento ser único em sua espécie. Por causa dessa 
dificuldade de entendimento da ciência, você, em alguma parte de sua vida, 
perguntou: “Por que os cientistas estudam planetas distantes em vez de 
concentrarem seus esforços em problemas sociais vigentes, como a 
desigualdade social, a extrema pobreza e a desnutrição?” ou “Por que 
investir milhões de dólares em pesquisas básicas?” 
Com um pouco de tratamento filosófico e história da ciência, seria possível 
responder que diversos esforços coletivos promovidos dentro do contexto 
da história da Era Espacial contribuíram direta e indiretamente para o 
surgimento de tecnologias usadas no dia a dia, como travesseiros, painéis 
solares, satélites artificiais, detectores de fumaça e muitos outros. Poderia 
também ser respondido que uma compreensão profunda da genética levou 
ao desenvolvimento de alimentos transgênicos, que são ricos em proteínas, 
contribuem para a redução do uso de agrotóxicos e auxiliam diretamente no 
combate à desnutrição em países do continente africano. 
Explicar a origem de todo esse processo de construção de conhecimento 
enriquece a cultura à medida que revela como as características do 
conhecimento científico auxiliam no progresso tecnológico, principalmente 
na produção de vacinas em contextos de pandemias, como a da Gripe 
Espanhola e do novo coronavírus (SARS-CoV-2). 
Em uma sala de aula, um professor de Filosofia da Ciência escolhe três 
alunos com o objetivo de atribuir a cada escolhido uma disciplina que 
alegue o status de ciência: a primeira disciplina é a Astronomia (atribuída 
ao aluno A), a segunda disciplina é a Sociologia (atribuída ao aluno B) e a 
terceira disciplina é a Psicanálise (atribuída ao aluno C). 
Em seguida, os alunos são convidados a aplicar o ceticismo científico na 
disciplina atribuída a eles para avaliar suas hipóteses e teorias, bem como 
questionar suas bases analisando a possível compatibilidade com os 
resultados da ciência. 
Supondo que os alunos tiveram êxito no trabalho proposto, considere o 
resultado a que cada aluno chegou: 
a. A astronomia é uma ciência porque suas teorias são compatíveis 
com os dados disponíveis das melhores agências espaciais. 
b. A sociologia é uma ciência porque suas teorias são baseadas em 
evidências. Além disso, a sociologia consegue, com base no uso de 
modelagem computacional, realizar predições sobre fenômenos 
sociais com alto nível de acurácia. 
c. A psicanálise não parece ser uma ciência, ou talvez seja uma 
pseudociência, porque suas principais hipóteses não constituem 
uma teoria científica. Mais ainda, algumas alegações sobre possíveis 
entidades ou objetos não podem ser testadas ou demonstradas 
empiricamente. Ela também tem outro ponto falho, que consiste na 
ausência de uma formalização lógica adequada da qual seja possível 
a extração objetiva do significado de um conceito central no campo. 
Normalmente, o próprio aluno C poderia indagar sobre o motivo pelo qual 
a psicanálise ainda mantém um local prestigiado em universidades públicas 
e particulares, sendo que ela falha em cumprir os requisitos mínimos 
esperados de um campo que alega produzir conhecimento científico. 
Quais seriam os possíveis indicadores que revelariam o porquê de certas 
pseudociências, como a psicanálise, ainda manterem algum prestígio na 
academia, mesmo não cumprindo requisitos esperados de uma atividade 
que preza pela verdade? 
A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, 
uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da 
falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para 
interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos 
com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo 
charlatão político ou religioso que aparecer. 
Carl Sagan, entrevista de 1996. 
CONCEITO-CHAVE 
CONHECIMENTO CIENTÍFICO: SISTEMATICIDADE, FALIBILIDADE E 
QUESTIONABILIDADE 
Algumas características essenciais do conhecimento científico mostram 
como ele é um conhecimento único em sua espécie, trazendo maior nível 
de confiabilidade em comparação com outros tipos de saberes no mundo 
contemporâneo. Um aspecto central é seu princípio de sistematização, que 
é basicamente a forma como seus enunciados são estruturados logicamente, 
evitando confusões da linguagem ordinária, como contradições lógicas e 
polissemia. 
A sistematização do conhecimento científico permite que seus enunciados 
não entrem em contradição ao longo de uma explicação a respeito de algum 
fenômeno da realidade, evitando a utilização de jargões desnecessários e, 
por vezes, incompreensíveis, como sentenças que fazem parte de muitos 
sistemas filosóficos dos chamados filósofos do irracionalismo, como 
Friedrich Hegel e Martin Heidegger. 
A adoção de uma estrutura lógica dentro de enunciados científicos permitiu 
que qualquer discurso ou método dialéticos fosse extirpado do 
conhecimento científico, contrariando a crença popular de que a dialética é 
um elemento indispensável na atividade científica. Isso ocorre desde o 
surgimento da ciência moderna, admitindo tacitamente o Princípio da Não 
Contradição de Aristóteles, que assegura que afirmações contraditórias não 
podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Portanto, a ciência evita o uso de 
proposições contraditórias, como “esse círculo é quadrado”, “toda verdade 
é uma mentira” e “tudo é relativo”. 
A dialética é um conceito problemático desde Heráclito, significando em 
seus primórdios a ideia de que existe um Princípio da Unidade dos 
Contrários, ou seja, a ideia de que todas as coisas que existem possuem 
uma contraparte ou uma entidade oposta (por exemplo, partículas e 
antipartículas). Muitos séculos depois, o filósofo Hegel buscou desenvolver 
a dialética dentro de seu sistema filosófico, admitindo alguns pressupostos 
da tese original, como a ideia de que existe uma unidade dos opostos e a 
noção segundo a qual todas as coisas mudam. No entanto, Hegel foi muito 
pouco claro sobre o que ele queria dizer com “dialética”, de modo que até 
hoje não existe um consenso entre filósofos sobre o que ela é: uma lógica 
não clássica, que romperia com o Princípio da Não Contradição da ciência 
moderna; uma ontologia das coisas; ou simplesmente ambas. Apesar do 
extenso debate filosófico sobre a dialética, ela não conseguiu ganhar espaço 
em nenhuma ciência natural, social ou biossocial – nem mesmo na ciência 
formal, com a lógica e a matemática. 
Outro aspecto central do conhecimento científico é a falibilidade, que 
significa que todo discurso científico é passível de correção, evitando assim 
qualquer tipo de dogmatismo, como a estagnação de uma hipótese 
científica e o culto à autoridade. Esse conceito está presente na tese do 
filósofo da ciência Karl Popper (2013), que estipulou que a falseabilidade 
ou refutabilidade é a condição para refinar cada vez mais hipóteses e 
teorias científicas. 
Esse princípio de falseabilidade é importante para a estruturação de 
hipóteses iniciais ou primitivas, por polir afirmações destituídas de 
evidências científicas, mas não é um critério de demarcação satisfatório 
para produzir conhecimento científico. Na verdade, mesmo que alguns 
cientistas considerem que a ciência siga o modelo popperiano, nenhum 
filósofo da ciência considera-o como um critério satisfatório – 
especialmente porque a pseudociência também mantém um nível de 
conciliação com o respectivo critério de demarcação. 
A falibilidade permite que a ciência progrida com novos dados e 
evidências, fazendo também com que as teorias sejam cada vez mais 
(re)ajustadas à realidade, produzindo um conhecimento diferenciado em 
comparação com os outros, sendo então mais profundo e verdadeiro. Essa 
posição também é admitida por filósofos científicos – ou seja, filósofos que 
estão emdia com os resultados da ciência e tecnologia –, que assumem que 
a ciência produz um tipo de conhecimento mais profundo e verdadeiro. 
A ciência também mantém em seu núcleo um aspecto 
de questionabilidade ou ceticismo, que significa dúvida metodológica e 
consiste na adoção do ceticismo científico, que é o princípio segundo o 
qual todas as hipóteses e teorias devem ser questionadas de forma 
metódica, responsável e cientificamente orientada. Isso significa que a 
ciência não adota um tipo de ceticismo conhecido como radical, em que 
tudo deve ser questionado, que advoga por um questionamento absoluto, 
irresponsável, descontrolado e, portanto, dogmático. A questionabilidade 
promovida na ciência é a que submete alegações e hipóteses destituídas de 
evidências razoáveis à crítica de outros cientistas, promovendo um diálogo 
construtivo, sadio e útil para o desenvolvimento da ciência. 
O ceticismo científico não deve ser confundido com o negacionismo da 
ciência, que é a posição que defende a rejeição completa ou parcial do 
conhecimento científico. O negacionismo da ciência está atrelado a 
posições ideológicas de seus praticantes, entrando em cena quando a 
ciência revela um fato em relação ao qual a pessoa está em desacordo por 
alguma razão política, religiosa ou cultural. Alguns exemplos de 
negacionismo da ciência incluem a negação de efetividade das vacinas, a 
rejeição da circunferência da Terra, a depreciação das consequências das 
mudanças climáticas e a resistência em aceitar a evolução biológica das 
espécies através do processo de seleção natural. 
OBJETIVIDADE, POSITIVIDADE, RACIONALIDADE E EXPLICABILIDADE 
No contexto do conhecimento científico, o conceito de objetividade não 
deve ser confundido com objetivismo, que é doutrina ideológica e 
pseudofilosófica de Ayn Rand. A objetividade se refere à pretensão clara e 
objetiva na formulação de enunciados científicos, evitando o subjetivismo 
interpretativo, que é a noção segundo a qual é possível a extração de 
diversas interpretações e múltiplos significados de um determinado texto. 
Por conta de a linguagem científica ser diferente da linguagem ordinária, 
principalmente pela sua construção lógica e sistematização, o subjetivismo 
não faz parte das proposições científicas. 
A objetividade é atrelada a uma concepção positiva de ciência, cujo papel 
é o acúmulo gradual de conhecimento por meio da confirmação empírica, 
em vez de uma estrutura desordenada que desmorona a cada nova 
revolução científica, como defendeu de forma irresponsável o filósofo e 
historiador da ciência Thomas Kuhn. Segundo Kuhn (2017), a ciência 
muda como a moda, de modo que o objetivo da ciência não seria mais a 
verdade. No entanto, essa concepção ignora que todas as revoluções 
científicas são sempre parciais, que elas nunca rompem totalmente com o 
conhecimento anterior, como é o caso da mecânica clássica de Newton, 
que, mesmo após o surgimento da teoria da relatividade geral e da 
mecânica quântica, ainda permanece válida para calcular a trajetória de 
objetos terrestres e continua sendo usada para enviar foguetes ao espaço. 
A teoria da evolução de Charles Darwin também é outro exemplo dessa 
característica positiva da ciência, pois ela foi atualizada com os dados da 
genética e da biologia molecular, revelando um panorama ainda mais 
abrangente sobre a evolução das espécies, explicando até a origem de 
certos traços comportamentais nos seres humanos modernos. No entanto, a 
ciência não progride apenas com base em experimentos, ela precisa de 
racionalidade. 
A racionalidade presente no conhecimento científico pode ser explicada 
de duas formas, pelo menos: a ideia de que todo discurso científico é 
debatível de forma organizada (com o exercício do uso da razão) ou a ideia 
de que o raciocínio formal é um alicerce na construção do conhecimento 
científico. A primeira ideia pressupõe tacitamente características 
anteriormente explicadas, como as noções de sistematização e de 
objetividade, de modo que apenas com uma linguagem compreensível, 
logicamente e objetivamente coerente, é possível discutir racionalmente 
conhecimentos e problemas científicos, enquanto a segunda exprime a ideia 
de que a construção de conceitos lógicos e formais serve para representar 
objetos que possuem existência concreta, material e real na realidade, como 
campos, partículas e cérebros. 
De acordo com a última definição, sem o raciocínio formal, o qual consiste 
na ciência formal da lógica e da matemática, nenhum conhecimento seria 
possível, pois são necessários sempre símbolos e expressões matemáticas 
não apenas para representar objetos, mas também para quantificar os dados 
oriundos da investigação científica. Até mesmo a filosofia contemporânea, 
como a filosofia analítica e a filosofia científica, trata o raciocínio lógico-
matemático como essencial para a produção de conhecimento filosófico. 
No entanto, o conhecimento científico busca trabalhar com o raciocínio 
formal visando fornecer uma explicação mais adequada com base nos 
dados e nas evidências da investigação científica, de modo que não é um 
mero exercício lógico destituído de valor empírico. 
A pretensão de elaborar cada vez mais proposições e teorias ajustadas à 
realidade revela o aspecto de explicabilidade da ciência. Sem a pretensão 
de explicar a realidade, ou algum de seus níveis em particular (físico, 
químico, biológico, psicológico, social, artificial, etc.), os cientistas não 
teriam qualquer motivo para investigar o mundo e produzir conhecimento 
científico. A explicabilidade, portanto, refere-se simplesmente ao papel da 
ciência em investigar o mundo e prover conhecimentos cada vez mais 
profundos sobre as coisas. 
ASSIMILE 
1. O conhecimento científico advoga pelo princípio de racionalidade, 
de modo que seu discurso é universalmente compreensível. 
2. O aspecto corretivo do conhecimento científico é sempre guiado 
pelas evidências da realidade. 
3. Toda a atividade científica cultiva o questionamento cético 
moderado ou razoável, que é orientado pela evidência. 
REVISIBILIDADADE, AUTONOMIA, ACUMULABILIDADE E 
VERIFICABILIDADE 
O conhecimento científico é justamente difícil de definir por conta de suas 
diversas características. Em comparação com o conhecimento religioso, por 
exemplo, apenas o conhecimento científico tem como preocupação 
a revisibilidade de seus conceitos e teorias mediante a investigação 
científica. Enquanto o conhecimento religioso admite múltiplas 
interpretações de um texto como igualmente válidas, o que importa no 
conhecimento científico é a compatibilidade de seu corpo de conhecimento 
com as evidências, independente do que um cientista pensa a respeito. Pelo 
mesmo motivo, a ciência não deve ser comparada com a política, pois seu 
conhecimento não é decidido como verdadeiro mediante uma votação por 
decreto ou escolha da população. O conhecimento científico é tratado como 
verdadeiro quando os resultados de uma investigação apontam numa 
determinada direção. 
Já a autonomia existente na ciência pode se referir ao âmbito individual e 
coletivo, como quando um cientista tem liberdade para investigar - 
seguindo os protocolos éticos da pesquisa científica - e quando a ciência 
tem liberdade para investigar problemas que contradizem anseios políticos. 
Por exemplo, quando os cientistas sociais podem estudar livremente os 
impactos das desigualdades sociais nas populações de baixa renda, ou 
quando o objeto de estudo são os efeitos sistêmicos das mudanças 
climáticas, que, normalmente, contradizem interesses privados de empresas 
ou políticos. Contraexemplo: quando os cientistas são impedidos de 
investigar por conta de sua nacionalidade ou etnia, como ocorreu com os 
físicos judeus durante a emergência do nazismo na Alemanha, ou quando 
os pesquisadores são perseguidos pelo governo com a desculpa de serem 
infiltrados de uma potência mundial rival ouadvogarem por uma suposta 
ideologia contrária à aceita pelo Estado, como aconteceu no caso dos 
geneticistas de plantas na antiga União das Repúblicas Socialistas 
Soviéticas (URSS). 
Mesmo com todas as dificuldades que a história da ciência revela sobre o 
processo de construção do conhecimento científico ao longo dos séculos, 
toda a experiência passada é traduzida em conhecimento sociológico, 
revelando que a ciência e a política, embora sejam atividades 
completamente distintas, dependem de uma relação amigável para 
prosperarem, seja para promover a investigação científica fornecendo 
recursos financeiros do Estado, seja para usar os resultados científicos na 
elaboração de políticas públicas mais justas. 
A acumulabilidade do conhecimento científico é o que justifica seu 
aspecto de progresso, justamente porque exemplos de experimentos 
malsucedidos são considerados, não apenas para refletir sobre os desafios 
metodológicos e epistemológicos da ciência, mas também para aumentar o 
rigor necessário durante a avaliação dos trabalhos que são submetidos para 
revistas científicas. Mais ainda, os resultados negativos na ciência, com 
base no olhar sociológico, podem revelar aspectos que foram 
negligenciados sistemicamente durante a época de aceitação ou 
implementação de uma ideia. Por exemplo, a aplicação política de ideias 
pseudocientíficas, que já não eram muito bem aceitas, no início do século 
XX, como a eugenia e o darwinismo social, levou ao extermínio de judeus, 
negros, pobres e pessoas com deficiência, sob o pretexto de “busca pela 
pureza genética”. 
A elucidação da pseudociência só foi possível graças ao princípio 
de verificabilidade da ciência, que é a ideia segundo a qual um enunciado, 
uma hipótese ou uma teoria deve ser passível de ser colocada à prova. No 
entanto, o conceito de verificabilidade requer um contexto adequado por 
conta de sua polissemia. 
A noção mais forte de verificabilidade foi apresentada pelo lógico Rudolph 
Carnap, durante a emergência do positivismo lógico do Círculo de Viena. 
Esse círculo era formado por um grupo de cientistas e filósofos 
interessados nos problemas filosóficos, históricos e sociológicos da ciência. 
A despeito dos mitos que circulam sobre o círculo, eles defendiam teses 
bastantes heterogêneas, tinham preocupações políticas e sociais sobre a 
atividade científica, não eram ingênuos e nem reducionistas (não reduziam 
todo o conhecimento às ciências naturais) e buscavam uma linguagem 
universal para a ciência. No entanto, a tese de Carnap ficou imensamente 
conhecida ao ponto de ser tratada equivocadamente como representativa de 
todo o círculo. 
A tese verificacionista de Carnap postulava que uma proposição tem 
sentido se, e somente se, existir alguma circunstância que permita sua 
verificação. Se não existisse alguma possibilidade de verificação, a 
proposição seria considerada como destituída de sentido e significado e, 
portanto, ela não faria outra coisa a não ser trazer pseudoproblemas. Essa 
tese foi duramente golpeada, justamente por outro filósofo que era 
simpatizante do círculo, mas que não fazia parte dele: Karl Popper. 
Karl Popper enfatizou que a tese não era suficiente como um critério para 
proposições, além de diversos outros problemas enumerados em sua obra A 
Lógica da Pesquisa Científica (2013), argumentando que a condição de 
verificabilidade não é suficiente para que uma proposição ou teoria seja 
considerada científica, mas simplesmente a condição de sua possível 
refutação. Para Popper, uma teoria é científica se, e somente se, existir 
alguma circunstância que permita sua refutação. Se não existir nenhuma 
circunstância passível de refutação, a teoria não é considerada científica. 
Com isso, Popper lançou as bases de sua hoje conhecida tese: o 
falseacionismo. 
REFLITA 
1. Dado o sucesso do conhecimento científico na explicação de 
diversos fenômenos da realidade, o que torna a ciência um campo 
confiável? 
2. Dado o contexto de negacionismo anticientífico na sociedade 
contemporânea, por que é importante adotar o ceticismo 
científico? 
3. Por que a lógica é um elemento indispensável dentro do 
conhecimento científico? 
FACTUALIDADE, ANALITICIDADE E COMUNICABILIDADE 
A ciência não se resume a uma atividade puramente empírica. Ela também 
contempla disciplinas que lidam com aspectos formais do método 
científico, que usam seu aspecto de racionalidade para investigar problemas 
matemáticos, lógicos e semânticos. Para clarificar essa abrangência, é 
necessária uma distinção rápida sobre esses dois tipos de ciências: a ciência 
fática (ou factual) e a ciência formal. 
Como explica o filósofo Mario Bunge em seu livro La Ciencia, su Método 
y su Filosofía (2014), a ciência fática lida com entes concretos ou 
materiais (como campos, partículas, animais, pessoas), adequa-se aos fatos 
e possui consistência empírica (como a física, a química, a biologia, a 
psicologia, a sociologia), enquanto a ciência formal lida com entes ideais 
(como números, conceitos, axiomas), adequa-se a um conjunto de regras e 
possui consistência racional (como a lógica e matemática). No entanto, 
tanto a ciência fática como a ciência formal normalmente se cruzam em um 
processo de enriquecimento contínuo. 
A ciência formal fornece à fática a analiticidade essencial para sua 
sistematização, formalização e objetividade. Com esse tratamento analítico, 
o conhecimento científico se torna mais exato, porque evita-se a 
ambiguidade e a armadilha da linguagem ordinária. Desse modo, justifica-
se a definição de Bunge (2014) da ciência como um tipo de conhecimento 
sistemático, racional, exato, verificável e, portanto, falível, sendo a melhor 
reconstrução conceitual do mundo do qual fazemos uso. 
Finalmente, a ciência preza pela comunicabilidade, ou seja, os resultados 
científicos são passíveis de serem comunicáveis de forma objetiva para 
quaisquer pesquisadores ao redor do mundo. Mais ainda, os resultados 
podem ser traduzidos na linguagem ordinária com o objetivo de visar à 
popularização da ciência e ao enriquecimento cultural através da atividade 
de divulgação científica. 
EXEMPLIFICANDO 
1. O conhecimento científico tem uma estrutura lógica ordenada, a 
qual permite a extração de proposições objetivas. 
2. O conhecimento científico visa explicar a realidade em sua 
totalidade, adequando sua metodologia científica para o estudo de 
cada nível (físico, químico, biológico, psicológico, social e artificial). 
3. O conhecimento científico progride ao longo do tempo, ajustando 
suas teorias às evidências, corrigindo imprecisões e mantendo seu 
aspecto questionador frente a uma gama de hipóteses sobre o 
mundo. 
Devido à natureza peculiar do conhecimento científico, suas diversas 
características revelam o porquê de ele poder ser considerado como um tipo 
de conhecimento mais profundo, verdadeiro e confiável. Embora muitos 
argumentem que o aspecto autocorretivo seja uma sentença de risco, o que 
levaria a duvidarmos cada vez mais do nível de verdade e profundidade 
desse tipo de conhecimento, ignora-se que a requerida compatibilidade das 
teorias com as evidências é o que aproxima a ciência da descrição mais 
precisa o possível da realidade. 
FAÇA VALER A PENA 
Questão 1 
O ceticismo científico é uma das características fundamentais da ciência e 
de toda a atividade intelectual. O astrônomo e divulgador científico Carl 
Sagan escreveu uma obra chamada O Mundo Assombrado Pelos 
Demônios (2006), em que ele descreve exemplos de aplicação do ceticismo 
científico na vida cotidiana. O ceticismo, argumenta Sagan, é uma 
ferramenta indispensável para não deixar enganar a nós mesmos. 
Qual é a definição de ceticismo científico? 
A. Uma abordagem filosófica que adota a suspensão de juízo pela 
impossibilidade de provar algum fenômeno. 
 
B. Uma abordagem niilista que considera a ciência isenta de valores. 
 
C. A negação absolutado conhecimento científico. 
 
D. Uma abordagem que consiste na dúvida metódica ou razoável aplicada 
a situações e afirmações destituídas de boas evidências. 
E. A crença religiosa no poder da ciência. 
 
Questão 2 
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A verificabilidade é a noção que advoga a preocupação com o teste 
experimental. No entanto, essa posição não pode ser confundida com o 
verificacionismo do Círculo de Viena e nem com o falseacionismo do 
filósofo da ciência Karl Popper. 
O que significa verificacionismo? 
A. Um critério de demarcação entre ciência e pseudociência. 
 
B. Um critério para verificar através da observação se certos enunciados 
são significativos. 
 
C. Um critério ético para a ciência. 
 
D. Um axioma matemático. 
 
E. Uma lógica não clássica. 
Questão 3 
A lógica é uma ciência formal, embora possa ser aplicada na ciência fática 
com o objetivo de proporcionar melhor clareza e objetividade para os 
enunciados científicos. Seu uso evita a ambiguidade da linguagem 
ordinária, facilita o entendimento conceitual e impede a contradição no 
conhecimento científico. A dialética, por outro lado, tolera contradições e 
ambiguidades da linguagem ordinária. No entanto, ela ainda é considerada 
por muitos como uma ferramenta essencial para a ciência, os quais acabam 
ignorando suas implicações com o Princípio da Não Contradição de 
Aristóteles e defendendo que ela serve como uma técnica de 
comparabilidade entre ideias aparentemente distintas, a partir da qual, de 
alguma forma, seria possível a extração de uma nova ideia ou hipótese. 
Historicamente, qual pensador é considerado o pai da dialética? 
A. Friedrich Hegel. 
 
B. Friedrich Nietzsche. 
 
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C. Martin Heidegger. 
 
D. Aristóteles. 
E. Heráclito. 
 
REFERÊNCIAS 
BUNGE, M. La Ciencia, su Método y su Filosofía. [S.l.]: Editora 
Sudamericana, 2014. 
CARNAP, R. The Logical Structure of the World and Pseudoproblems 
in Philosophy. [S.l.]: Editora Open Court, 2003. 
MARCONDES, D. Textos Básicos de Filosofia e História das Ciências: 
a revolução científica. [S.l.]: Editora Zahar, 2016. 
POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Científica. 2. ed. [S.l.]: Editora 
Cultrix, 2013. 
SAGAN, C. O Mundo Assombrado Pelos Demônios: a ciência vista 
como uma vela no escuro. [S.l.]: Editora Companhia de Bolso, 2006. 
 
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO 
QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS 
DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO? 
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira 
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Fonte: Shutterstock. 
SEM MEDO DE ERRAR 
Para resolver o problema, é necessário pensar nas circunstâncias sociais 
que moldam a administração e gestão universitária. 
Desse modo, pode-se concluir que a pseudociência mantém algum nível de 
prestígio e lugar na universidade, não por razões teóricas ou níveis de 
verdade, mas simplesmente pela pressão social exercida pelos próprios 
praticantes da disciplina, de modo que a simples existência de grupos 
fechados, onde apenas profissionais certificados da área sejam tolerados, 
contribui para o impedimento da livre circulação de ideias sobre os 
problemas que o campo enfrenta. 
Ao impedir que profissionais de outros campos relacionados tenham direito 
ao debate, como psicólogos experimentais, neurocientistas cognitivos e 
biólogos evolutivos, revela-se o indicador de dogmatismo, que está 
presente em qualquer pseudociência e visa impedir o fomento da crítica 
científica responsável com o objetivo não apenas de análise dos problemas 
de um campo, mas também de procurar ajustar suas hipóteses aos melhores 
dados disponíveis da investigação comportamental. 
Revelados seus aspectos opostos ao do conhecimento científico, justifica-se 
que um campo ou disciplina não se constitui de um saber científico 
autêntico. Então, é necessário também procurar saber as motivações que os 
envolvidos na prática teriam apenas para manter o ensino de psicanálise em 
instituições de educação, como a questão da remuneração excessiva 
envolvida e a reputação da qual gozam em certos setores universitários e da 
grande mídia. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
ANÁLISE DA SUPOSTA REIVINDICAÇÃO CIENTÍFICA POR COACHES 
O mundo empresarial está repleto de “choaches profissionais”, que são 
sujeitos que alegam dedicar-se ao desenvolvimento cognitivo, 
comportamental e organizacional da classe trabalhadora

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