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Unidade II contexto Hist.

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65
UNIDADE 2
ELEMENTOS DO CONTEXTO 
HISTÓRICO-FILOSÓFICO 
EDUCACIONAL MODERNO E 
CONTEMPORÂNEO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
•	 reconhecer	o	contexto	histórico	e	filosófico	no	qual	os	principais	pensa-
dores	da	época	renascentista	e	do	Iluminismo	formularam	e	defenderam	
suas	ideias	e	teorias;		
•	 identificar	o	impacto	de	instituições	como	as	corporações	de	ofício,	univer-
sidades,	o	movimento	da	reforma	religiosa,	a	formação	do	Estado	laico	e	a	
Revolução	Industrial	ao	contexto	educacional;
•	 relacionar	as	principais	concepções	teórico-filosóficas	e	metodológicas	que	
passaram	a	ser	defendidas	e	legitimadas	em	meio	à	comunidade	científica,	
nas	instituições	políticas	e	educacionais	da	época	moderna;
•	 abordar	as	principais	escolas	e	pensadores	da	educação	do	século	XX,	bem	
como	o	contexto	político,	econômico	e	sociocultural	que	propiciaram	as	
condições	para	que	as	mesmas	se	desenvolvem.
Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos.	Em	cada	um	deles	são	feitas	su-
gestões	de	filmes,	sites,	leituras	para	que	você	enriqueça	seus	conhecimentos,	
aprofunde	e	contextualize	de	forma	mais	completa	e	ampla	seus	estudos.
TÓPICO	1	–	DECLÍNIO	 DO	 PENSAMENTO	 CRISTÃO	 E	 O	 FORTALECI-
MENTO	DO	HUMANISMO	MODERNO
TÓPICO	2	–	A	FORMAÇÃO	DO	SISTEMA	LAICO	DE	ENSINO	NO	OCI-
DENTE	CONTEMPORÂNEO
TÓPICO	3	–	OS	 DESAFIOS	 EDUCACIONAIS	 NO	 CONTEXTO	 DA	 PÓS-
MODERNIDADE
Assista ao vídeo 
desta unidade.
66
67
TÓPICO 1
O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO 
E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO 
MODERNO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Caro	 acadêmico!	 Os	 fundamentos	 do	 processo	 educativo	 no	 contexto	
histórico	 e	 filosófico	 que	 transcorreram	 entre	 o	 Renascimento	 e	 o	 Iluminismo	
podem	 ser	 compreendidos	 cronologicamente	 como	 baixa	 Idade	 Média,	 que	
transcorreu	entre	os	anos	finais	do	século	XV	e	que	se	estendeu	até	os	últimos	anos	
do	século	XVIII.	
Algumas	 alterações	 e	 invenções	 ocorridas	 nos	 últimos	 400	 anos	 foram	
responsáveis	por	uma	nova	forma	dos	seres	humanos	viverem.	Antes	do	século	XV,	
vivíamos	num	mundo	encravado,	isto	é,	não	havia	trocas	humanas	e	comerciais	
perenes	entre	os	diversos	continentes.	Porém,	no	século	XV,	as	viagens	de	Cristóvão	
Colombo,	 encontrando	 em	 sua	 rota	 o	 continente	 americano,	 e	Vasco	 da	Gama,	
achando	um	novo	caminho	marítimo	para	alcançar	as	Índias,	são	os	reflexos	de	um	
mundo	que	se	transformou,	iniciando	um	processo	de	ocidentalização	do	mundo	
(CHAUNU,	1978).	
Em	outras	palavras,	a	partir	do	século	XVI,	os	países	da	Europa	Ocidental	
começaram	a	impor	as	suas	formas	de	organização	social	para	os	demais	povos	
da	Terra,	 em	um	sistema	de	 exploração	 colonial.	 Porém,	outras	 transformações	
ocorreram	também	nos	campos	político,	religioso,	artístico	e	cultural.	No	campo	
político,	 tivemos	 o	 fim	 do	 Império	 Bizantino	 com	 a	 queda	 de	 Constantinopla	
em	1453,	tomada	pelos	turcos	otomanos,	o	que	significou	um	avanço	da	religião	
islâmica	nas	fronteiras	da	Europa	Ocidental.
 
No	 campo	 religioso,	 a	 Reforma	 Protestante,	 simbolizada	 pelos	 líderes	
Martinho	 Lutero	 e	 João	Calvino,	 rompeu	 com	 a	 autoridade	 do	 papa	 em	 todos	
os	 países	 europeus,	 autoridade	mantida	 apenas	 nos	 países	 da	 Europa	 no	 qual	
a	Reforma	não	prosperou,	como	nas	penínsulas	 ibérica	e	 itálica.	No	tocante	aos	
aspectos	artísticos	e	 culturais,	o	maior	 símbolo	destes	novos	 tempos	no	mundo	
ocidental	foi	o	Renascimento	artístico	e	cultural,	que	teve	como	principal	local	a	
Itália	dos	Bórgia	e	dos	Médici,	as	principais	famílias	que	patrocinavam	as	artes,	o	
denominado	mecenato	artístico.			
A	 partir	 do	movimento	 do	 Iluminismo,	 somado	 às	 transformações	 que	
ocorreram	a	partir	do	século	XVIII,	ou	da	chamada	Idade	Moderna,	caracterizada	
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
68
especialmente	pelos	eventos	da	Revolução	Francesa	e	a	Independência	dos	Estados	
Unidos	da	América	e	a	Revolução	Industrial,	eis	que	se	instaura	uma	nova	forma	
de	pensar	a	vida	em	comunidade	e	de	produzir	o	saber.	Agora	a	composição	do	
Estado	é	laica,	ou	seja,	ausente	de	integrantes	do	clero.	A	produção	do	conhecimento	
deixou	de	ser	tutelada	e	financiada	pela	Igreja,	posição	que	vai	ser	ocupada	pelos	
grupos	 econômicos	 da	 burguesia,	 que	 vai	 favorecer	 que	 os	 estudos	 de	 cunho	
científico	e	não	mais	sobre	os	dogmas	religiosos	e	as	questões	teológicas.		
Segundo	Ghiraldelli	Jr.	(1999),	a	filosofia	da	educação	moderna	consistiu	em	
uma	aliança	entre	a	filosofia	do	sujeito	e	a	educação	humanista,	cuja	preocupação	
residiu	 em	que	o	processo	 educativo	garantisse	 a	 formação	do	 sujeito	 racional,	
autônomo	e	consciente,	o	que,	por	sua	vez,	foi	forjado	por	meio	de	uma	educação	
monológica,	 verticalizada	 e	 autoritária,	 que	 valorizava	 métodos	 e	 concepções	
teóricas	frente	à	experiência	e	prática	cotidiana.
Ao	longo	de	mais	de	quase	três	séculos	ocorreram	muitas	transformações	
do	ponto	de	vista	político,	econômico,	 social	e	cultural,	assim	como	no	que	diz	
respeito	 à	 mentalidade	 e	 ao	 imaginário,	 dos	 modos	 de	 viver,	 de	 morrer,	 de	
transformar	e	elaborar	as	matérias-primas,	o	transportar,	negociar	e	consumir	os	
produtos,	de	explicar	os	fenômenos	da	natureza	e	as	questões	da	origem,	sentido	
e	da	finitude	humana.
No	campo	das	ideias	pode-se	relacionar	a	invenção	da	imprensa	e	as	práticas	
de	 leitura:	 Trovadorismo,	 Renascença,	 Reforma,	 Contrarreforma,	 a	 superação	
dos	 regimes	 de	 monarquia	 (antigo	 regime)	 pelos	 de	 repúblicas	 democráticas,	
os	 primeiros	 processos	 de	 independência	 de	 colônias	 de	metrópoles	 (E.U.A),	 a	
Revolução	Francesa,	a	Declaração	dos	Direitos	Humanos,	a	laicização	do	Estado,	a	
secularização	da	sociedade	(enfraquecimento	das	explicações	sagradas/religiosas),	
fortalecimento	 das	 ideias	 racionais,	 o	 princípio	 da	 dúvida,	 as	 investigações,	 os	
métodos	científicos,	a	abordagem	dialética,	as	concepções	de	tese,	antítese	e	síntese.
No	contexto	filosófico	registrou-se	o	recuo	do	pensamento	escolástico	e	o	
avanço	de	um	pensamento	menos	especulativo	e	contemplativo.	A	partir	da	época	
moderna,	o	campo	filosófico	dedicou-se	às	questões	práticas	e	almejava	aplicação	
em	meio	à	 sociedade	daquele	 tempo,	o	que	 fez	com	que	a	 teologia	e	a	filosofia	
tradicional	 passassem	a	 considerar	 outras	 áreas	do	 conhecimento,	 tais	 como	 as	
ciências	exatas	e	naturais.	A	partir	da	época	moderna,	os	experimentos	científicos,	o	
uso	de	métodos,	os	processos	de	observação,	a	formulação	de	hipóteses	e	registros	
de	deduções	se	fizeram	cada	vez	mais	presentes	na	produção	do	conhecimento,	ou	
seja,	prevaleceu	a	visão	científica	e	mecanicista	do	mundo.
Caro	 acadêmico!	 Ao	 longo	 desta	 unidade	 de	 estudos	 ilustraremos	
e	 teceremos	 maiores	 definições	 e	 exemplificações	 sobre	 este	 quadro	 que	 foi	
brevemente	apresentado.	Prossiga	na	leitura	com	atenção	e	concentração.
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
69
2 O IMPACTO DAS GRANDES NAVEGAÇÕES E DA PRENSA 
DE GUTTENBERG NO CENÁRIO EDUCACIONAL, POLÍTICO E 
SOCIAL
Nas	áreas	técnicas	e	científicas	ocorreram	mudanças	significativas,	como	no	
campo	da	navegação,	o	processo	de	manufatura	e	industrialização	da	produção,	a	
substituição	do	trabalho	servil	pelo	trabalho	assalariado,	a	troca	natural	e	escambo	
pelo	comércio	financeiro,	a	gradual	migração	para	as	cidades	da	população	que	
residia	no	campo.	
Por	outro	 lado,	pertencem	ao	mesmo	período	as	práticas	de	colonização	
por	parte	das	nações	europeias	em	regiões	como	a	América,	regiões	ainda	mais	no	
interior	da	África	e	Ásia,	que,	por	sua	vez,	forneceriam	matérias-primas	e	artigos	de	
luxo.	Um	dos	processos	de	transformação	do	mundo	ocidental	durante	a	ruptura	
da	Idade	Média	para	a	Idade	Moderna	foi	o	perene	desenvolvimento	de	contatos	
entre	os	europeus	e	os	povos	americanos,	africanos	e	asiáticos.	Uma	das	razões	
apontadas	seriaa	existência,	no	sul	de	Portugal,	de	uma	escola	de	navegadores,	a	
afamada	“Escola	de	Sagres”.	
É	atribuída	ao	infante	português	D.	Henrique	(1394-1460)	a	idealização	da	
escola.	Não	 se	 tratava	de	uma	escola	 formal,	 foi	uma	escola	que	 levava	o	 lema	
de	“O	talento	de	bem-fazer”.		No	estaleiro	de	Lagos,	região	de	Algarve,	se	dava	
a	 construção	de	embarcações.	Toda	vez	que	uma	expedição	era	 feita,	 relatórios	
e	 registros	 deveriam	 ser	 redigidos	 a	 fim	 de	 servir	 de	 referência	 a	 melhorias	 e	
ampliações	ao	que	já	existia	em	Sagres.
Chaunu	(1978)	apresenta	que	ocorreu	forte	especulação	sobre	a	existência	
da	Escola	propriamente	dita	e	cogitava-se	que	tal	escola	não	tenha	existido,	pois	
acredita-se	 que	 as	 navegações	 foram	 possíveis	 pelo	 desenvolvimento	 empírico	
(experimental)	dos	navegadores.	A	ideia	de	escola,	porém,	pode	ser	compreendida	
de	um	modo	amplo,	isto	é,	um	modo	próprio	dos	portugueses	em	navegar	pelos	
oceanos.	
As	 navegações	 ibéricas	 constituíram	 uma	 ação	 social	 que	 envolvia	
aprendizado	 constante	 entre	 aprendizes-marinheiros	 e	 mestres	 de	 navegação.	
Em	geral,	este	aprendizado,	na	época,	não	era	feito	em	uma	escola	de	aprendizes-
marinheiros,	mas	sim	no	cotidiano	de	bordo	em	alto-mar.	Além	destes	personagens,	
podemos	 destacar	 os	 cosmógrafos,	 autores	 dos	 mapas	 que	 representavam	 as	
descobertas	marítimas.
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
70
1492 - A Conquista do Paraíso. Ridley Scott, França/Espanha,1992.
Filme que retrata a era das grandes navegações, a corrida marítima entre Portugal e Espanha, 
os investimentos das cortes daqueles países na descoberta, conquista e exploração de novas 
terras. A produção ilustra, em especial, a trajetória de Cristóvão Colombo, o contato com as 
populações no novo mundo e os choques e encontros culturais. 
Johannes	 Guttenberg,	 por	 volta	 dos	 anos	 de	 1450,	 foi	 responsável	 pela	
invenção	da	imprensa,	que	superou	os	problemas	que	haviam	até	então	para	com	
as	 atividades	de	 registro	 e	 comunicação	de	 informações,	 documentos	 e	 demais	
conhecimentos.	Gumbrecht	(1998)	explica	que	a	invenção	da	prensa	possibilitou	a	
produção	e	a	reprodução	de	livros	em	maior	quantidade,	em	menor	tempo,	além	
de	descentralizar	esta	 tarefa	que	antes	somente	era	 feita	por	copistas,	domínios	
que	se	resignavam	no	interior	de	mosteiros	e	igrejas.
 
Outras	consequências	podem	ser	deduzidas	ainda,	como	a	confecção	das	
bíblias	que	foram	utilizadas	na	difusão	da	Reforma	Protestante,	agora	traduzidas	
e	impressas	fora	dos	domínios	católicos.	Por	outro	lado,	logo	a	prensa	foi	utilizada	
na	 emissão	 de	 notas	 bancárias,	 cédulas,	 cartas	 de	 crédito,	 normas,	 leis,	 salvo-
condutos,	entre	outros.
A	prensa	de	Guttenberg	a	que	a	história	atribui	o	mérito	principal,	não	só	
pela	ideia	dos	tipos	móveis,	“a	tipografia”,	mas	também	pelo	seu	aperfeiçoamento,	
já	era	conhecida	e	utilizada	para	cunhar	moedas,	espremer	uvas,	fazer	impressões	
em	 tecido	e	acetinar	o	papel.	Pode	 ter	 sido	na	Casa	da	Moeda	do	arcebispo	de	
Mogúncia,	onde	tanto	o	pai	como	o	tio	eram	funcionários,	que	Gutenberg	aprendeu	
a	arte	da	precisão	em	trabalhos	de	metal.	
Nos	 primeiros	 documentos	 impressos	 e	 produzidos	 contam-se	 várias	
edições	do	“Donato”	e	bulas	de	indulgências	concedidas	pelo	Papa	Nicolau	V.	No	
início	da	década	de	1450,	Guttenberg	iniciou	a	impressão	da	célebre	Bíblia	de	42	
linhas	(em	duas	colunas),	publicada	cinco	anos	mais	tarde.	Das	cerca	de	300	cópias	
da	Bíblia	então	produzidas,	ainda	existem	cerca	de	40.
Com	 a	 ocorrência	 de	 guerras,	 a	 imprensa	 se	 difundiu	 amplamente.	 O	
primeiro	livro	impresso	por	Guttenberg	foi	uma	Bíblia	em	latim,	em	uma	versão	
impressa	da	Vulgata	de	São	Jerônimo,	tradutor	da	Bíblia	Católica	ainda	no	século	
IV.	 Porém,	 não	 foram	 apenas	 livros	 religiosos	 que	 passaram	 a	 ser	 publicados.	
As	possibilidades	de	se	reproduzir	diversos	compêndios	sobre	as	mais	variadas	
questões,	nos	campos	do	Direito,	da	Teologia	e	da	Medicina,	eram	incalculáveis.	
Outra	 questão	 importante	 que	 significou	 uma	 profunda	 alteração	 no	modo	 do	
homem	ocidental	lidar	com	o	conhecimento	era	relacionada	à	forma	de	se	instruir.	
DICAS
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
71
A	 forma	 de	 as	 autoridades	 civis	 e	 eclesiásticas	 lidarem	 com	 os	 livros	
também	foi	sendo	alterada.	Isto	porque	a	difusão	de	conhecimento	proporcionada	
através	dos	 livros	poderia	 abalar	 os	pilares	 ideológicos	da	 sociedade	ocidental.	
Instrumentos	 organizacionais	 de	 censura	 foram	 desenvolvidos	 nas	 diversas	
monarquias.	 Este	 órgão	 em	 Portugal	 tivera	 o	 nome	 de	Mesa	 de	 Consciência	 e	
Ordens,	e	visava	impedir	a	publicação	ou	circulação	de	livros	subversivos	à	ordem	
pública	tanto	no	reino	quanto	nas	colônias.	O	Vaticano	criou	uma	relação	de	livros	
que	os	fiéis	não	deveriam	 ler.	O	 Índex	papal	era	um	dos	símbolos	máximos	de	
intolerância	do	catolicismo	em	relação	à	liberdade	de	pensamento	e	fé.	Liberdade	
esta	que	também	não	era	presente	nos	países	protestantes.		
A	resposta	da	Igreja	Católica	diante	do	movimento	de	impressão	de	livros	
e	 compêndios	 fora	 de	 seu	 controle	 foi	 lançar	 mão	 de	 algumas	 estratégias	 de	
censura	que	visavam	impedir	a	publicação	e	a	circulação	de	livros	considerados	
subversivos	aos	dogmas	religiosos	e	à	ordem	pública.	Uma	das	formas	de	controle	
foi	 a	publicação	do	 Index	Librorum	Prohibitorum	 (Índice	de	Livros	Proibidos),	
mais	conhecido	como	Index,	lista	expedida	pelo	Vaticano,	pelo	papa	Paulo	IV,	no	
ano	de	1559,	em	que	constavam	os	livros	considerados	proibidos.
A	 lista	 foi	 modificada	 ao	 longo	 do	 tempo,	 mas	 já	 estiveram	 inscritas	
nela	 obras	 de	 pensadores	 e	 cientistas	 como	Galileu	Galilei,	Nicolau	Copérnico,	
Giordano	Bruno,	Nicolau	Maquiavel,	Erasmo	de	Roterdã,	Baruch	de	Espinosa,	John	
Locke,	Denis	Diderot,	Blaise	Pascal,	Thomas	Hobbes,	René	Descartes,	Rousseau,	
Montesquieu,	entre	outros	escritores	e	romancistas.	
CURIOSIDADE: INDEX
O Index deixou de existir no ano de 1966, com o Papa João Paulo VI, mas até hoje é prática 
do Vaticano publicar uma notificação quando determinado livro fere os principais dogmas 
da instituição. Dentre as obras que recentemente foram notificadas pelo Vaticano tem-se os 
livros dos escritores Dan Brown e J. K. Rowling.
A	título	de	síntese,	cabe	ressaltar	que	um	dos	principais	benefícios	que	a	
imprensa	trouxe	foi	a	maior	circulação	de	conhecimento	através	dos	livros.	Com	
isto,	se	processou,	no	Ocidente,	uma	alteração	nas	práticas	de	leitura.	Pois,	com	os	
antigos	pergaminhos,	as	leituras	em	geral	eram	feitas	em	voz	alta,	sendo	o	ato	de	
ler	uma	ação	comunitária.	Com	a	imprensa,	a	ideia	de	uma	leitura	individualista	
ganhou	corpo.	Pois,	em	grande	parte,	o	livro	passou	a	ser	lido	de	forma	silenciosa.	
UNI
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
72
3 ELEMENTOS DO CONTEXTO FILOSÓFICO E CIENTÍFICO 
DA RENASCENÇA 
A	Renascença	corresponde	ao	momento	histórico,	intelectual	e	artístico	que	
se	desenrolou	entre	as	épocas	medieval	e	moderna.	Alguns	estudiosos	estabelecem	
em	termos	cronológicos	o	período	transcorrido	entre	os	anos	de	1300	e	1650.	Como	
o	 nome	 já	 sugere,	 tratou-se	 do	 renascimento	 dos	 antigos	 valores	 e	modelos	 de	
civilização	 que	 foram	 hegemônicos	 no	 passado,	 no	 passado	 da	Grécia	 e	 Roma	
clássica.	 O	 retorno	 aos	 padrões	 da	 antiguidade	 clássica	 significa	 a	 invocação	 e	
valorização	dos	ideais	do	humanismo	(Homem)	e	da	natureza,	em	detrimento	das	
concepções	dogmáticas	do	teocentrismo,	do	divino	e	sobrenatural.
Corvisier	(1976)	explica	que	o	teocentrismo	almejava	justificar	pela	vertente	
religiosa	e	divina	as	atividades	e	pesquisas	científicas	e	eruditas	ao	longo	da	Idade	
Média.	 A	 nomenclatura	 de	 teocentrismo	 comporta	 a	 nominação	 de	 Theo,	 que	
significa	Deus	(Theo	–	em	latim)	era	o	centrode	todas	as	preocupações	intelectuais.	
A	partir	do	renascimento,	entre	os	séculos	XIV-XVII,	os	intelectuais	passaram	a	se	
preocupar	com	o	entendimento	cada	vez	mais	natural	do	homem,	como	um	ser,	
uma	espécie	da	natureza.	
Foi	 neste	 período	 que	 as	 escolas	 filosóficas	 cada	 vez	 mais	 estabelecem	
suas	teses	e	demarcam	suas	fronteiras,	passando	a	exercer	hegemonia	em	relação	
às	 demais	 vertentes	 do	 pensamento;	 em	 especial,	 o	 tomismo	 e	 a	 escolástica	
passam	 a	 ser	 criticados.	 No	 interior	 do	 pensamento	 religioso	 católico	 ocorria	
o	 enfraquecimento	 do	 domínio	 papal,	 e,	 se	 não	 bastasse,	 no	 seio	 da	 própria	
Igreja	ocorriam	divergências,	como	foi	o	caso	dos	 impasses	entre	 franciscanos	e	
dominicanos.
Aquino	 (2013)	aponta	que	na	baixa	 Idade	Média	a	filosofa	aristotélica	 já	
se	difundia	em	meio	à	Inglaterra,	sendo	que	Roger	Bacon	(1214-1294)	foi	um	dos	
primeiros	 a	 manifestar	 simpatia.	 Bacon	 defendia	 que	 teologia	 e	 conhecimento	
científico	 deveriam	 ser	 vistos	 como	 indissociáveis,	 e	 que,	 por	 sua	 vez,	 se	 fazia	
necessário	 demonstrar	 interesse	 sistemático,	 total	 e	 absoluto,	 observação	 direta	
da	 realidade,	 acompanhada	de	 raciocínios,	 o	 que	 posteriormente	 possibilitou	 a	
formulação	de	métodos	experimentais.
	Fatores	históricos	podem	ser	elencados	como	favorecedores	deste	cenário	
de	mudanças	no	campo	filosófico,	tais	como	os	impasses	entre	França	e	Inglaterra	
que	foram	levados	a	cabo	por	meio	da	Guerra	dos	Cem	Anos,	epidemias	como	a	
da	peste	bubônica	e	uma	série	de	transformações	políticas	e	econômicas,	entre	elas	
o	renascimento	comercial.
Os	 “homens	do	Renascimento”	 reuniam	 interesses	 e	 preocupações	 para	
com	muitas	 áreas	 do	 conhecimento,	 tais	 como	 engenharias,	 astronomia,	 física,	
anatomia,	artes,	filosofia	e	política,	ou	seja,	um	indivíduo	que	percebia	a	natureza	e	
a	realidade	e	a	procurava	compreender	e	explicar	pelo	viés	da	interdisciplinaridade,	
por	meio	da	associação	de	conhecimentos	das	mais	diferentes	áreas,	a	 título	de	
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
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exemplo	é	possível	citar	o	italiano	Leonardo	da	Vinci,	que	atuou	e	deixou	projetos	
na	pintura,	escultura,	arquitetura,	na	engenharia,	recursos	de	guerra,	entre	outros.		
Uma	das	condições	para	que	o	Renascimento	ocorresse	foi	o	fato	da	prática	
do	mecenato.	No	caso	 italiano,	o	mecenato	foi	empreendido	especialmente	pela	
Igreja	católica.	A	Igreja	Católica	Apostólica	Romana	foi	responsável	por	patrocinar	
os	 artistas	 tais	 como	Rafael,	Leonardo	da	Vinci,	Michelangelo,	 que	produziram	
obras	 para	 a	 decoração	 e	 preenchimento	 dos	 espaços	 no	 interior	 das	 Igrejas,	
capelas,	mosteiros	e	conventos	em	diversas	cidades	da	Itália.	Quando	a	hegemonia	
dos	dogmas	católicos	foi	contestada,	os	patrocinadores	das	artes	foram	a	nobreza	
e	a	burguesia.
 
	Burg,	Fronza	e	Silva	(2013)	explicam	que	entre	os	séculos	XV	e	XVI	surgiu	
uma	nova	espiritualidade	e	relação	para	com	as	coisas	visíveis	e	não	visíveis,	os	
fenômenos	da	natureza	e	do	espírito.	Um	dos	estudiosos	que	se	destacou	nesta	
perspectiva	do	conhecimento	e	da	ciência	foi	Giordano	Bruno,	que	por	meio	do	uso	
de	um	microscópio,	conseguiu	propor	que	o	planeta	terra	possuía	forma	redonda.	
Porém,	foi	vítima	da	perseguição	dos	sensores	da	Igreja	Católica,	pois	as	teorias	de	
Giordano	Bruno,	contestavam	os	dogmas	católicos,	e	estes	o	julgaram	no	tribunal	
da	Santa	Inquisição	e	condenaram	à	morte	na	fogueira.
Nicolau	Maquiavel	 foi	outro	grande	nome	do	Renascimento	 italiano,	 foi	
responsável	por	escrever	a	obra	O	príncipe,	que	discorre	sobre	as	maneiras	mais	
adequadas	pela	qual	um	príncipe	deve	conduzir,	administrar	e	manter	o	poder.	
Trata-se	de	uma	obra	que	ultrapassou	a	época	renascentista	e	seguiu	ao	longo	da	
época	moderna	e	contemporânea	como	um	dos	principais	documentos	acerta	da	
política	e	governabilidade	de	estados	laicos.
Entre	as	principais	teses	contidas	na	obra	de	Maquiavel	encontra-se	a	de	
que	um	príncipe	 e/ou	um	governante	devem	estar	 atentos	 aos	 adversários,	 aos	
companheiros	e	aliados,	pois	estes	sem	distinção,	possuem	ambições	pelo	poder	e	
facilmente	podem	conspirar	contra	o	príncipe;	uma	guerra	jamais	deve	ser	adiada	
e	que	em	nome	dos	fins,	dos	benefícios	que	 são	oferecidos,	os	meios	não	serão	
questionados,	 pois	 todos	 compreendem	 e	 perdoam	 os	 custos	 que	 possam	 ter	
exigido.
Aranha	(1996)	destaca	também	o	francês	Michel	de	Montaigne,	que	viveu	
ao	longo	do	século	XVI.	Também	é	reconhecido	como	um	dos	grandes	nomes	do	
Renascimento.	Em	suas	obras	foi	responsável	por	refletir	sobre	a	natureza	humana	
e	deixou	 três	 escritos	 sobre	os	 temas	 educacionais	 que	 são:	da	 afeição	dos	pais	
pelos	filhos,	da	pedantia	e	da	educação	das	crianças.	A	autora	relaciona	também	os	
escritos	de	Erasmo	de	Roterdã,	que	foi	responsável	por	escrever	Elogio	da	loucura	
e	Manual	 do	 soldado	 cristão,	 obras	 em	 que	 exercitava	 seu	 pensamento	 crítico	
com	relação	à	sociedade	feudal.	Fez	críticas	ferrenhas	ao	clero	e	às	hierarquias	no	
interior	da	Igreja,	e	advogava	a	favor	dos	valores	humanistas,	e	na	compreensão	
do	homem	não	meramente	como	um	pecador,	mas	como	um	ser	em	processo	de	
conscientização	e	capaz	de	melhoramentos.	
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
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Curto	 (1993)	 explica	 que	 os	 estudos	 e	 escritos	 de	 Erasmo	 ganharam	
amplos	 alcances	 e	 adeptos.	Martinho	 Lutero	 foi	 um	dos	 leitores	 de	 Erasmo	de	
Roterdã,	mesmo	tendo	rompido	com	seu	pensamento	anos	depois.	Em	Portugal,	
o	 pensamento	 de	 Roterdã	 se	 fez	 presente	 por	 meio	 de	 alguns	 intelectuais	 no	
Colégio	das	Artes	em	Coimbra,	que	sem	demora	foram	descobertos	e	rapidamente	
foram	censurados	e	expulsos	do	 local.	A	substituição	dos	sacerdotes	erasmistas	
foi	procedida	com	sacerdotes	oriundos	da	ordem	jesuítica	recém-criadas	a	fim	de	
difundir	os	ideais	religiosos	católicos.	
Outro	estudioso	renascentista,	amigo	de	Erasmo	de	Roterdã,	foi	Thomas	
Morus,	intelectual	inglês	responsável	por	redigir	a	obra	A	utopia,	na	qual	descrevia	
uma	 sociedade	 imaginária	 desprovida	 de	 desigualdades	 sociais.	A	 partir	 de	 a	
A	 utopia	 foi	 possível	 designar	 como	 ‘utópicas’	 ideologias,	 crenças,	 sociedades,	
correntes	de	pensamento	que	almejavam	alcançar	estágios	de	sociedade	e	posturas	
do	 ser	 humano	diferentes	 dos	 registros	 históricos	de	 guerra	 e	 das	 experiências	
de	 injustiça,	 ignorância,	opressão	e	dominação.	No	caso	específico	da	educação	
é	possível	reconhecer	como	utópicas	as	propostas	educacionais	que	foram	feitas	
pelos	pensadores	do	século	XVI,	em	que	estava	presente	as	concepções	de	virtude,	
bondade,	justiça,	equidade,	liberdade,	tolerância,	amor	e	ética.	
3.1 AS UNIVERSIDADES, AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO, AS 
GRAMÁTICAS E O DECLÍNIO DO LATIM 
As	universidades	 e	 as	 corporações	 de	 ofício	 revelam	quanto	 o	 processo	
educativo	 medieval	 era	 estanque.	 Existia	 uma	 forte	 divisão	 entre	 o	 trabalho	
braçal	e	o	trabalho	mental,	assim	como	uma	forte	divisão	entre	as	classes	sociais.	
Com	as	preceptorias	 ou	nas	 antigas	 corporações	de	ofício,	 a	 relação	de	 ensino-
aprendizagem	era	autoritária,	pois	de	um	lado	tínhamos	um	personagem	detentor	
do	saber	–	o	mestre	–	e	de	outro	lado	um	receptor	de	instruções	–	o	aprendiz.	O	
exemplo	cotidiano	do	mestre	era	a	principal	forma	de	o	aprendiz	poder	aprender	o	
seu	ofício.	Porém,	com	a	imprensa,	a	relação	de	saber	começou	a	ser	alterada,	pois	
os	livros	poderiam	auxiliar	os	professores	na	tarefa	educacional.
 
Teixeira	 (1977)	 explica	 que	 as	 corporações	 eram	 destinadas	 ao	 trabalho	
manual.	As	universidades,	ao	trabalho	intelectual.	Porém,	estas	duas	instituições,	
separadas,	se	uniram	em	uma	nova	forma	de	pensar	a	universidade	e	a	produção	
de	conhecimento.	Este	processo	de	união	entre	o	saber	mecânico	e	o	conhecimento	
acadêmico	ocorreu	no	movimento	intelectual	conhecido	como	Renascimento.Na	Renascença	ocorreu	o	declínio	do	latim	e	o	fortalecimento	das	línguas	
nacionais	nas	universidades	e	 instituições	governamentais	dos	países	nascentes.	
Em	grande	parte,	os	países	surgem	do	declínio	da	frágil	unidade	representada	pelo	
Sacro	Império	Romano	Germânico.	Porém,	as	diversas	regiões	dos	distintos	países	
falavam	diferentes	dialetos.	Por	isso,	o	fato	de	se	ter	um	único	idioma	nacional	foi	
também	uma	disputa	política	entre	as	províncias.		
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
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Burg,	Fronza	e	Silva	(2013)	explicam	que	no	final	do	século	XV	e	meados	do	
século	XVI	foram	redigidas	gramáticas	significativas	na	Península	Ibérica,	como	
por	 exemplo	 a	 Gramática	 da	 Língua	 Castelhana,	 escrita	 por	 espanhol	Antônio	
Nebrija,	 em	 1492,	 e	 a	 Gramática	 da	 Língua	 Portuguesa	 escrita	 por	 Fernando	
Oliveira	 em	 1536.	 A	 publicação	 e	 a	 difusão	 das	 gramáticas	 nacionais	 foram	
responsáveis	pela	retomada	do	ensino	nas	línguas	nacionais,	e	por	outro	lado	pelo	
desprestígio	e	detrimento	do	latim.	Nos	países	protestantes,	o	declínio	do	latim	foi	
também	agravado	pelas	questões	 teológicas	e	dogmáticas.	Como	 já	explicamos,	
as	alterações	e	influências	religiosas	no	ensino	ocorridas	nos	séculos	XVI	e	XVII	
ocorreram	devido	às	transformações	nas	diretrizes	religiosas	oriundas	da	Reforma	
Protestante.
	 O	 latim	 foi	 a	 língua	 oficial	 do	 papado	 e	 de	 toda	 a	 ritualística	 católica	
enquanto	a	Igreja	católica	era	hegemônica	no	campo	das	ideologias	religiosas.	O	
latim	 foi	utilizado	 em	 cerimônias	 religiosas	 até	 o	 século	XX,	 especialmente	nos	
países	 católicos.	 No	 chamado	 Antigo	 Regime,	 era	 comum	 o	 chamado	 direito	
divino	dos	 reis.	Portanto,	nos	campos	do	direito	e	da	administração,	o	 latim	se	
tornara	um	idioma	ainda	muito	solicitado,	especialmente	com	uso	de	conceitos	e	
termos	jurídicos	e	administrativos.	
TERMOS LATINOS 
Modus operandi: modo de operar, modo de proceder
Sine qua non: condição sem a qual, indispensável, essencial
Curriculum vitae: carreira de vida
In loco: no próprio local 
In natura: de acordo com a natureza
Status quo: situação das coisas, estado atual
Tabula rasa: falta de experiência.
Como	 pudemos	 estudar,	 o	 conceito	 de	 Renascimento	 remete	 à	 ideia	 de	
retomada	 dos	 valores	 greco-romanos	 da	 época	 clássica,	 porém	 agora,	 no	 que	
diz	 respeito	 às	 línguas	 em	 que	 os	 conhecimentos	 eram	ministrados,	 ocorreu	 a	
substituição	do	 latim	e	do	grego,	 tidas	como	línguas	universais	até	então,	pelas	
línguas	dos	países	europeus	emergentes	da	Idade	Média,	como	o	francês,	o	alemão,	
o	inglês,	entre	outras.	Assim,	pode-se	interpretar	que	ocorria	todo	um	movimento	
político	de	valorização	das	 línguas	nacionais	 e	que	desabilitava	a	 ideia	de	uma	
única	língua	que	tendia	ao	internacionalismo	como	idioma	e	língua	oficial.
DICAS
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
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PARA REFLETIR:
Caro	acadêmico!	Nos	tempos	atuais,	em	meio	à	sociedade	globalizada,	
observa-se	 o	 enfraquecimento	 das	 línguas	 nacionais	 e/ou	 regionais	 e,	 em	
contrapartida,	o	fortalecimento	do	idioma	inglês	como	ferramenta	de	inclusão	
e	acesso	dos	 indivíduos	à	 internacionalização;	porém,	em	outras	sociedades	e	
épocas	históricas	o	panorama	se	apresentava	de	forma	diferente,	outras	línguas	
foram	hegemônicas.	No	caso	do	latim,	pode-se	dizer	que	ele	permanece	presente	
no	 campo	 da	 teologia	 católica	 e	 do	 direito,	 que	 muito	 se	 utilizam	 ainda	 de	
expressões	deste	idioma.
3.2 IMPLICAÇÕES DA REFORMA PROTESTANTE E 
DA CONTRARREFORMA NO CAMPO RELIGIOSO E 
EDUCACIONAL
A	Reforma	Protestante	foi	um	movimento	religioso	que	ocorreu	na	Europa	
do	século	XVI.	Para	melhor	compreendermos	este	evento	 ligado	às	questões	da	
fé,	devemos	compreender	o	contexto	social	que	possibilitou	a	alteração	das	ideias	
dos	 indivíduos	 em	 relação	 às	 suas	 crenças.	As	principais	questões	 conjunturais	
ocorreram	 décadas	 anteriores.	 Trata-se	 da	 invenção	 da	 imprensa	 por	 Johannes	
Gutemberg,	que	permitiu	uma	maior	circulação	de	livros,	da	queda	do	denominado	
Império	Bizantino,	conquistados	pelos	turcos	otomanos,	a	conquista	de	Granada	
pela	Espanha	e	a	Descoberta	da	América,	o	que	possibilitou	aos	europeus	uma	
nova	consciência	em	relação	a	sua	presença	no	mundo.	
Como	 já	 apresentamos	 anteriormente,	 a	 imprensa	 foi	 inventada	 por	
Johannes	Guttenberg,	que	desenvolveu	uma	máquina	tipográfica	que	republicava	
diversas	folhas	impressas,	não	sendo	assim	mais	necessárias	as	ações	dos	copistas	
medievais,	 que	 reproduziam	 os	 escritos	 com	 a	 sua	 caligrafia	 pessoal.	 Em	 um	
universo	 de	 mentalidade	 fortemente	 cristã	 é	 simbólico	 que	 o	 primeiro	 livro	
publicado	por	Guttenberg	tenha	sido	justamente	a	bíblia.	A	impressão	possibilitou	
uma	maior	e	mais	ágil	circulação	de	informações	na	Europa	da	segunda	metade	
do	século	XV.	
Assim,	as	formas	pelas	quais	os	europeus	passaram	a	compreender	o	mundo	
estavam	se	alterando	de	forma	rápida.	Esta	alteração	das	sensibilidades,	porém,	
não	 foi	 acompanhada	 por	 uma	 profunda	 alteração	 na	 teologia	 da	 cristandade	
latina.	No	ocidente,	grande	parte	do	ensino	ministrado	pela	Igreja	continuava	o	
mesmo	que	em	séculos	anteriores.	Com	isto,	novas	formas	de	teologia	e	filosofia,	
para	além	da	escolástica	e	do	nominalismo	foram	criadas	ao	longo	dos	séculos	XVI	
e	XVII.	
O	evento	principal	a	desencadear	a	Reforma	foi	a	publicação,	pelo	monge	
agostiniano	Martinho	Lutero,	de	95	teses,	na	qual	ele	criticou	alguns	postulados	
católicos	romanos,	em	especial	a	venda	de	indulgências.	O	contexto	para	tal	crítica	
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
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se	 relaciona	à	visita	de	um	representante	papal	aos	 territórios	de	 língua	alemã,	
Tetzel,	 que	 vendia	 o	 perdão	 dos	 pecados,	 a	 indulgência.	 Neste	 debate	 sobre	 a	
salvação	das	almas,	se	desencadeou	um	processo	de	profunda	alteração	da	vida	
social,	política	e	econômica	de	todo	o	mundo.	
Em	 relação	 à	Reforma	Protestante,	 temos	 alguns	vetores	 explicativos.	O	
mais	popular,	do	lado	católico,	afirma	ter	sido	a	Reforma	uma	revolta	cometida	
por	um	padre	que	desejava	fugir	do	voto	de	celibato,	causando	grande	desonra	
ao	ocidente	cristão.	Por	sua	vez,	explicações	de	senso	comum,	do	lado	protestante,	
afirma	ter	sido	a	Reforma	uma	ação	comandada	por	um	servo	de	Deus,	Martinho	
Lutero,	contra	a	corrupção	e	luxúria	da	igreja	católica,	cujo	principal	símbolo	de	
degradação	seria	o	Vaticano	e	sua	vida	suntuosa.	Tais	explicações	de	senso	comum	
nos	impedem	de	compreender	as	motivações	da	Reforma	Protestante	assim	como	
da	Reforma	Católica	ou	Contrarreforma.
 
Um	segundo	vetor	explicativo	indica	a	Reforma	como	um	processo	que	é	
explicado	apenas	pelo	viés	econômico	e	político	da	formação	e	fortalecimento	de	
Estados	Nacionais	ao	longo	do	século	XVI.	Tal	vetor	explicativo	é	frágil,	pois	os	
principais	países	envolvidos	na	Reforma	e	Contrarreforma,	a	Itália	e	a	Alemanha,	
tiveram	sua	unidade	política	apenas	quatro	séculos	após	o	movimento	reformador.	
Portanto,	 a	 melhor	 compreensão	 da	 Reforma,	 segundo	 alguns	 especialistas	
católicos,	 como	 Jean	 Delumeau	 (DELUMEAU;	 1989),	 ou	 protestantes,	 como	
Timothy	George	 (GEORGE	1993),	 é	 compreendermos	a	 teologia	proposta	pelos	
reformadores	e	suas	consequências	políticas,	sociais	e	econômicas.
 
Quatro	foram	os	principais	reformadores.	Martinho	Lutero,	João	Calvino,	
Ulrico	 Zwinglio	 e	 Meno	 Simons.	 Duas	 foram	 as	 principais	 formas	 de	 relação	
com	o	Estado:	a	reforma	Radical	e	a	Reforma	Magisterial.	E	quatro	as	famílias	de	
igrejas	que	surgiram	do	movimento	reformador:	luteranos,	anglicanos,	calvinistas	
e	batistas.
 FIGURA 17 - MARTINHO LUTERO FIGURA 18 - JOÃO CALVINO
FONTE: Disponível em: <www.brasilescola.
com.br>. Acesso em: 13 fev. 2017.
FONTE: Disponível em: <www.luteranos.
com.br>. Acesso em:13 fev. 2017. 
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
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 FIGURA 19 - ÚLRICO ZWINGLIO FIGURA 20 - MENO SIMONS
FONTE: Disponível em: <www.wikipedia.
com.br>. 
FONTE: Disponível em: <http://
quotesgram.com/menno-simons>. 
Acesso em: 13 fev. 2017.
Começando	 nossa	 narrativa	 pelos	 reformadores,	 Martinho	 Lutero	 foi	
o	principal	 líder	a	 iniciar	o	movimento.	Sua	principal	proposição	 teológica	está	
exposta	 no	pequeno	 livro	Da	Liberdade	Cristã	 (LUTERO,	 2001).	Nele,	 apontou	
as	 principais	 proposições	 teológicas	 seguidas	 pelas	 principais	 correntes	 do	
protestantismo.	Infalibilidade	da	bíblia,	sacerdócio	de	todos	os	crentes,	justificação	
pela	fé	e	salvação	pela	graça.	Isto	é,	a	bíblia,	e	não	a	tradição	da	igreja,	deve	ser	o	
guia	de	fé	dos	fiéis,	deste	modo,	todo	o	cristão	é	capaz	de	compreender	a	bíblia,	e	
não	somente	os	sacerdotes.	
A	salvação	é	uma	graça	imerecida	concedida	por	Deus,	sendo	impossível	
o	homem	chegar	próximo	a	Deus	se	não	tiver	fé.	Estes	postulados	teológicos	são,	
até	o	presente,	as	principais	características	das	doutrinas	das	igrejas	protestantes	
ao	 redor	do	 globo.	 Também	 todo	 o	 aspecto	 exterior	 da	 fé	 foi	 abolido,	 como	 as	
rezas	 decoradas,	 a	 intercessão	 pelos	 santos,	 a	 realização	 de	 jejuns	 periódicos	 e	
peregrinações	a	lugares	santos,	que	não	são	presentes	no	protestantismo.		
João	 Calvino	 foi	 um	 reformador	 que	 atuou	 na	 França	 e	 na	 Suíça,	mais	
especificamente	 na	 cidade	 de	 Genebra,	 da	 qual	 foi	 um	 dos	 principais	 líderes	
ao	 longo	 de	 sua	 vida.	 Calvino	 escreveu	 uma	 das	 principais	 obras	 da	 teologia	
protestante	do	século	XVI,	As	Institutas	da	Religião	Cristã.	
Sua	 principal	 formulação	 foi	 a	 denominada	 teologia	 da	 predestinação.	
Por	 ela	Calvino	 afirmou	que	 alguns	 cristãos	 foram	escolhidos	por	Deus	para	 a	
salvação,	devido	a	Deus	tudo	conhecer.	Deste	modo,	a	graça	irresistível	de	Deus	
seria	a	principal	diferença	entre	os	escolhidos	e	os	rejeitados	pela	cólera	divina.	Em	
oposição	à	teologia	de	Calvino,	no	século	XVII,	surgiu	o	teólogo	Jacob	Armínio,	
para	quem	a	predestinação	não	ocorreria	do	modo	explicado	por	Calvino,	pois	
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
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Deus	dotou	o	homem	de	livre-arbítrio.	O	debate	entre	calvinistas	e	arminianos	se	
estende	através	dos	séculos.	
Ulrico	Zwinglio	e	Meno	Simons	são	dois	grandes	nomes	na	formulação	da	
teologia	protestante,	porém,	não	tiveram	o	mesmo	destaque	que	Lutero	e	Calvino.	
Zwinglio	era	suíço	e	foi	contemporâneo	de	Lutero.	Suas	teologias	eram	próximas,	
porém	discordaram	no	que	tange	à	Ceia	do	Senhor,	sendo	a	presença	real	de	Cristo	
no	pão	e	vinho	da	celebração	litúrgica	o	ponto	crucial	do	debate.	
Meno	Simons	era	holandês	e	esteve	vinculado	ao	movimento	anabatista.	
Para	os	anabatistas,	a	principal	discordância	com	Lutero	e	Calvino	era	em	relação	
ao	batismo	de	crianças,	fato	pelo	qual	os	menonitas	e	demais	grupos	anabatistas	
discordavam,	 afirmando	 que	 apenas	 adultos	 poderiam	 ser	 batizados.	 Porém,	 a	
principal	diferença	entre	os	anabatistas	e	os	demais	reformadores	estava	vinculado	
à	relação	com	o	Estado.
A	relação	igreja	Estado	é	fundamental	para	uma	aprofundada	compreensão	
da	Reforma,	pois	o	termo	protestante	foi	cunhado	na	Dieta	de	Espira,	em	1529,	na	
qual	os	príncipes	alemães	protestaram	à	perseguição	de	Lutero.	Assim,	a	relação	
igreja	e	Estado	é	importante	para	a	compreensão	da	Reforma,	que	foi	dividida	em	
dois	grandes	grupos	pelo	erudito	George	Willians:	reforma	magisterial	e	reforma	
radical.	Pela	 reforma	magisterial	 se	 compreendem	os	 reformadores	que	 tinham	
apoio	dos	magistrados.	Isto	é,	dos	juízes	e	em	grande	parte	dos	príncipes.	Neste	
grupo	estão	Lutero	e	Calvino.	
Para	a	reforma	radical,	cujo	grupo	mais	simbólico	foram	os	dos	anabatistas,	
tivemos	uma	oposição	radical	ao	Estado,	sendo	o	grupo	de	reformadores	radicais,	
liderados	por	Tomaz	Munzer,	 responsável	 por	 ações	 violentas	 nos	 principados	
alemães,	buscando	efetivar	o	fim	dos	privilégios	feudais.	O	movimento	anabatista	
teve	dura	perseguição	dos	príncipes,	que	apoiados	por	Lutero,	dizimaram	a	espada	
os	radicais	anabatistas.	Mesmo	Meno	Simons,	que	vivia	nos	Países	Baixos	e	era	
pacifista,	sofreu	forte	perseguição.	
Além	destes	grupos,	outro	importante	polo	da	Reforma	Protestante	foi	a	
Grã-Bretanha.	Nela	tivemos	o	anglicanismo,	o	presbiterianismo,	o	metodismo	e	o	
denominado	puritanismo.	A	fundação	da	Igreja	Anglicana	está	ligada	ao	fato	do	
rei	inglês	Henrique	VIII	desejar	o	divórcio	de	Catarina	de	Aragão,	não	autorizado	
pelo	papado.	Em	grande	parte,	a	Igreja	Anglicana	manteve	os	rituais	próximos	da	
igreja	católica,	com	o	diferencial	dos	padres	contraírem	matrimônio.	
Na	Escócia,	um	líder	religioso,	John	Nnox,	coordenou	a	fundação	da	Igreja	
Presbiteriana,	 profundamente	 inspirada	 nos	 escritos	 de	 João	 Calvino.	 Entre	 os	
povos	de	língua	inglesa	se	destacou	um	grupo	especial,	os	puritanos,	que	devido	
à	perseguição	religiosa	imigraram	para	os	Estados	Unidos	da	América.	No	século	
XVIII,	no	interior	do	anglicanismo,	surgiu	um	grupo	reformador	 liderado	pelos	
irmãos	 John	 e	 Charles	Wesley,	 que	 foram	 os	 inspiradores	 da	 igreja	Metodista.	
Também	da	Inglaterra,	um	grupo	de	refugiados	 ingleses	partiu	para	a	Holanda	
em	1608,	fundando	a	Igreja	Batista.
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
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O	movimento	de	reforma	cristã	teve	um	profundo	impacto	na	história	e	na	
filosofia	da	educação.	Isto	porque	a	teologia	da	infalibilidade	bíblica	e	do	sacerdócio	
universal,	além	da	ampla	divulgação	das	sagradas	escrituras	gerou	um	impulso	por	
alfabetização	nos	países	europeus	que	aderiram	à	Reforma.	Deste	modo,	Lutero	
afirmou	ser	dever	do	príncipe	garantir	a	educação	de	todos	os	cidadãos.	Com	isto,	
a	alfabetização	das	massas	ganhou	um	grande	 impulso.	Outro	 impulso	ocorreu	
em	relação	ao	ensino	universitário,	em	especial	nos	países	de	língua	inglesa.	Pois,	
parte	das	principais	universidades	dos	Estados	Unidos	da	América,	como	o	caso	
da	prestigiada	Universidade	Harvard,	surgiu	como	centro	de	estudos	na	área	de	
teologia.	Deste	modo,	os	países	de	maioria	protestante	tiveram	um	maior	capital	
cultural	na	disputa	com	os	países	que	não	passaram	pelo	movimento	reformador.	
Contudo,	 a	 afirmação	 acima	 não	 implica	 afirmar	 que	 os	 povos	 de	
maioria	católica	não	se	preocuparam	com	as	questões	educacionais.	Todavia,	as	
preocupações	eram	teologicamente	motivadas	em	um	sentido	oposto.	Para	melhor	
compreender	a	relação	dos	católicos	com	a	educação,	se	faz	necessário	compreender	
o	catolicismo	que	foi	formulado	no	Concílio	de	Trento.	
A	 Igreja	Católica	Romana	 respondeu	 teologicamente	às	proposições	dos	
reformadores.	 Em	 relação	 à	 proposição	 da	 infalibilidade	 da	 bíblia,	 os	 teólogos	
católicos	apontaram	que	as	escrituras	deveriam	ser	interpretadas	pelo	magistério	
da	igreja.	Assim,	não	havia	sentido	em	se	traduzir	a	Vulgata	de	São	Jerônimo	(versão	
da	bíblia	católica)	do	latim	para	os	idiomas	nacionais.	Em	relação	à	salvação	como	
fruto	da	graça	mediante	a	fé,	a	igreja	compreendeu	que	graça	e	fé	deveriam	ser	
acompanhadas	de	obras.	Tal	compreensão	de	vida	de	fé	fora	seguida	de	algumas	
reformas,	 como	 a	 instituição	 de	 seminários	 para	 a	 formação	 do	 clero,	 além	do	
estabelecimento	da	primeira	comunhão	enquanto	rito	de	iniciação	da	criança	nas	
lides	da	fé.	
 
As	principais	articulações	da	relação	entre	fé	e	educação	estavam	ligadas	às	
ordens	religiosas,	pois	foram	as	ordens	dos	agostinianos,	beneditinos,	franciscanos,	
dominicanos	e	 jesuítas	as	principais	divulgadoras	dos	 ideais	religiosos	católicos	
ao	redor	do	mundo	nos	séculos	subsequentes	ao	Concílio	Tridentino,	os	jesuítas,	
ordem	 fundada	 por	 Santo	 Inácio	 de	 Loyola,	 com	 grande	 destaque	 na	América	
Portuguesa,	em	especial	na	catequizaçãodos	Indígenas.
	A	principal	cidade	brasileira,	São	Paulo,	surgiu	como	um	colégio	jesuítico	
fundado	 para	 catequizar	 os	 indígenas.	 Não	 apenas	 na	América	 Portuguesa	 os	
Jesuítas	tiveram	grande	destaque	na	educação.	Também	grande	parte	da	elite	dos	
países	europeus	tivera	educação	jesuítica.	Dentre	estes,	podemos	nos	lembrar	que	
René	Descartes	foi	aluno	de	escola	jesuíta	na	França	do	século	XVII	(SEBE,	1982).	
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
81
FIGURA 21 - SANTO INÁCIO DE LOYOLA
FONTE: Disponível em: <http://arquidiocesedenatal.org.br>. Acesso 
em: 13 fev. 2017.
Ao	longo	dos	séculos	XVI,	XVII	e	XVIII	surgiram	novas	ordens	religiosas	
na	Europa.	Algumas,	como	reformulação	de	antigas	ordens,	como	os	capuchinhos,	
reformadores	da	ordem	franciscana,	e	os	agostinianos	recoletos,	reformadoras	da	
Ordem	de	Santo	Agostinho.	Também	é	deste	período	a	Ordem	do	Oratório.
 
Entre	os	principais	educadores	católicos	ligados	à	educação	temos	o	nome	
de	João	Batista	de	Lassale.	Sacerdote	francês,	que	fundou	escolas	para	alfabetizar	
crianças	pobres,	sendo	considerado	o	padroeiro	dos	professores	primários.
 
Em	 análise	 comparativa,	 tanto	 os	 países	 católicos	 quanto	 os	 países	
protestantes	 investiram	 em	 educação.	 A	 principal	 diferença	 está	 na	 ênfase.	
Enquanto	 países	 católicos	 investiram	 apenas	 na	 educação	 das	 elites,	 os	 países	
protestantes	investiram	em	educação	para	todos	os	indivíduos.	Com	isto,	o	número	
de	analfabetos	entre	os	protestantes	 tendia	a	ser	menor	que	dentre	os	católicos,	
com	repercussões	grandes	no	desenvolvimento	social	e	político	dos	países.	
As	 disputas	 entre	 católicos	 e	 protestantes	 na	 Europa	 fora	 intensa	 ao	
longo	dos	séculos	XVI	e	XVII.	Estas	disputas,	porém,	se	tornaram	menores	com	
a	denominada	Pax	de	Wetsphalia,	na	qual	encerraram	as	Guerras	de	Religião	na	
Europa.	 Também	as	 disputas	 entre	 católicos	 e	 protestantes	 foram	questionadas	
pelo	pensamento	iluminista.
Caro	acadêmico!	No	sentido	de	aprofundar	os	conteúdos	e	contextualizar	
a	trajetória	de	Lutero	enquanto	reformador	religioso,	procure	assistir	ao	filme	que	
sugerimos	a	seguir:
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
82
SUGESTÃO DE FILME:
LUTERO. Eric Til. Estados Unidos: 2004. 124 min
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PlP-Xt4LLNg>. Acesso em: 2 out. 2016.
4 PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS E FILOSÓFICOS DA ÉPOCA 
MODERNA
Burg,	 Fronza	 e	 Silva	 (2013)	 explicam	 que	mesmo	 diante	 de	 um	 quadro	
desanimador	 com	 relação	 ao	 acesso	 e	 a	 real	 democratização	 do	 ensino	 que	
perdurou	até	o	século	XIX,	as	transformações	sociopolíticas	ocorridas	a	partir	do	
século	XVI,	forneceram	as	condições	necessárias	para	que	a	escolaridade	média	da	
população	fosse	ampliada,	uma	vez	que	boa	parte	da	população	analfabeta,	agora	
pode	ter	acesso	à	alfabetização.		
Durante	os	séculos	XV	a	XVIII,	a	humanidade	passou	por	uma	verdadeira	
revolução	 do	 conhecimento,	 pois,	 em	 grande	 parte,	 os	 principais	 paradigmas	
que	o	homem	do	Ocidente	medieval	se	utilizava	como	verdades	absolutas	foram	
desmentidos.	Uma	visão	mítica	do	mundo	se	transformou	de	uma	visão	teocêntrica	
em	uma	visão	antropocêntrica.	Isto	é,	ao	invés	de	enxergar	a	presença	divina	em	
todos	os	campos	de	atuação	humana,	os	pensadores	passaram	a	considerar	apenas	
a	razão	como	forma	máxima	de	se	alcançar	a	verdade	dos	fatos.			
Podemos	afirmar	que	houve	um	primeiro	momento	pelo	qual	o	homem	
ocidental	passou	a	questionar	as	verdades	estabelecidas	pelos	eruditos	medievais.	
Durante	 os	 séculos	XV	 e	XVI,	 alguns	 eruditos	 questionaram	algumas	verdades	
cristalizadas.	 Podemos	 citar	 alguns	 homens	 que	 realizaram	 algumas	 façanhas.	
Harwey	e	Miguel	Servetto	foram	estudiosos	pioneiros	da	anatomia	humana,	ao	
dissecarem	 alguns	 cadáveres	 e	 descobrirem	 o	 processo	 de	 funcionamento	 da	
corrente	sanguínea	humana.	Servetto	foi	perseguido	na	Espanha	por	suas	crenças	
religiosas.	Fugiu	para	Genebra,	na	Suíça,	onde	foi	condenado	à	pena	de	morte	por	
João	Calvino,	devido	à	sua	crença	antitrinitariana.	Isto	é,	Servetto	não	acreditava	
na	ideia	de	trindade.	
Nicolau	Copérnico	e	Galileu	Galilei	afirmaram	que	a	Terra	era	redonda.	O	
que	estes	cientistas	revelaram	eram	afirmações	científicas	contrárias	às	ideias	de	
Lactâncio,	erudito	do	século	IV,	para	quem	a	Terra	era	plana.	Com	a	Viagem	de	
Circunavegação	de	Fernão	de	Magalhães,	se	teve	uma	comprovação	empírica	de	
que	a	Terra	era	uma	esfera.		
Em	relação	à	astronomia,	um	dos	principais	cientistas	foi	Kepler,	autor	da	
lei	 de	 gravitação	dos	planetas.	 Isto	 é,	 este	 astrônomo	 compreendeu	que	 alguns	
planetas	 giram	 em	 torno	 de	 outros,	 formando	 elipses,	 e	 muitos	 dos	 diversos	
UNI
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
83
planetas	das	distintas	galáxias	giram	em	torno	de	diversas	estrelas.	Um	exemplo	
é	a	Lua,	que	gira	ao	redor	do	planeta	Terra,	que	por	sua	vez,	assim	como	outros	
planetas,	gravita	ao	redor	do	Sol,	que	por	sua	vez	é	uma	estrela	que	irradia	a	luz	
que	mantém	a	vida	em	nosso	planeta.		
A	ciência	moderna	se	desenvolveu	e	consolidou	ao	longo	dos	séculos	XVII,	
XVIII	e	XIX,	tratou-se	de	um	conhecimento	obtido	de	forma	natural,	independente	
e	desarticulado	das	dimensões	sobrenaturais,	mitológicas,	mágicas	e	fantásticas	da	
realidade.	É	quando	se	acentua	o	distanciamento	entre	o	campo	da	fé,	do	espiritual,	
do	religioso,	do	sagrado	e	do	eterno	(poder	invisível)	e	o	campo	do	temporal,	do	
método,	do	racional,	do	profano	e	do	leigo	(poder	visível).
A	ciência	acabou	por	se	tornar	uma	ideologia	dominante	–	o	cientificismo,	
uma	 forma	de	 saber	 superior,	 criada	pelo	positivismo	no	 século	XIX.	A	 ciência	
resumia-se	 na	 busca	 pela	 verdade	 a	 qualquer	 custo,	 almejava	 extrair	 todos	 os	
segredos	que	houvesse	na	natureza,	e	para	tanto	deveria	proceder	a	uma	rigorosa	
observação	empírica,	lançando	mão	da	imaginação,	dos	sentimentos	e	das	emoções	
quando	 investigava	 tanto	 os	 seres	 da	 natureza	 como	os	 fatos	 e	 acontecimentos	
humanos.
A	 obra	 que	 ocupa	 o	 posto	 de	marco-fundante	 da	 ciência	 ocidental	 sem	
sombra	de	dúvidas	foi	o	Discurso	do	método,	redigida	por	René	Descartes,	que	
foi	educado	em	um	colégio	jesuíta	e	foi	membro	oficial	do	exército	francês.	Nesta	
obra,	o	autor	trata	da	forma	como	se	deve	proceder	quando	que	se	quer	alcançar	
a	verdade	através	dos	recursos	da	razão.	A	obra	de	Descartes	 trata	em	especial	
de	 como	 o	 homem	 pode	 ser	 sujeito	 responsável	 pela	 resolução	 dos	 próprios	
problemas,	agora	sem	precisar	recorrer	as	explicações	divinas	e	bíblicas.	Discurso	
do	método	foi	publicado	no	século	XVII	e	até	os	dias	atuais	permanece	como	sendo	
a	célebre	obra	do	pensamento	racional	e	científico	ocidental.	
Caro	 acadêmico!	 No	 sentido	 de	 identificar	 de	 forma	 sistematizada	 o	
pensamento	de	René	Descartes,	observe	com	atenção	o	quadro	a	seguir:
QUADRO 1 - SÍNTESE DO PENSAMENTO DE RENÉ DESCARTES
OBRA PRINCÍPIOS
RENÉ	 DESCARTES	
(1596-1650)
DISCURSO	SOBRE	O	MÉTODO
FRAGMENTAR, 	 FRACIONAR,	
PARTES,	REDUZIR,	DIVIDIR.
O	MÉTODO
VERIFICAR:	 se	 existem	 evidências	 reais	 e	
indubitáveis	acerca	do	fenômeno	ou	coisa	estudada.
ANALISAR:	dividir	ao	máximo	as	coisas,	em	suas	
unidades	mais	simples	e	estudar	essas	coisas	mais	
simples.
SINTETIZAR:	 agrupar	 novamente	 as	 unidades	
estudadas	em	um	todo	verdadeiro.
ENUMERAR:	as	conclusões	e	princípios	utilizados,	
a	fim	de	manter	a	ordem	do	pensamento.
Fonte: Os autores
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
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Talvez	o	principal	personagem	da	Revolução	Científica	que	a	Idade	Moderna	
vivenciou	foi	Isaac	Newton.	Assim	como	Miguel	Servetto,	Newton	possuía	profunda	
fé	religiosa	e	era	antitrinitariano.	Seu	principal	livro	sobre	questões	religiosas	trata	
sobre	as	profecias	de	Daniel	e	do	Apocalipse	sobre	o	final	dos	tempos.Porém,	não	
foram	 as	 suas	 reflexões	 teológicas	 as	 principais	 contribuições	 ao	 pensamento	 no	
Ocidente,	mas	sim	suas	reflexões	sobre	a	natureza	(CORVISIER,	1976).	
Uma	das	lendas	sobre	a	descoberta	da	lei	da	gravidade	indica	que	Newton	
estava	debaixo	de	uma	macieira	e	uma	fruta	madura	havia	caído	sobre	a	sua	cabeça.	
Este	fato	havia	funcionado	como	um	despertar	para	a	elaboração	de	suas	descobertas	
científicas:	as	 leis	da	física.	A	palavra	física	significa	em	grego	“natureza”.	O	que	
Newton	observou	foi	que	a	natureza	possui	mecanismos	que	se	repetem.	A	estes	
eventos	repetitivos	denominou	lei.	A	lei	da	gravitação	é	uma	das	mais	conhecidas,	
assim	como	a	lei	de	ação	e	reação.		
Alguns	movimentos	sociais,	políticos	e	religiosos	foram	responsáveis	pela	
valorização	da	educação	no	mundo	ocidental.	Entre	estes,	já	abordamos	a	Reforma	
Protestante.	Outro	movimento	que	motivou	alterações	sociais	e	educacionais	foi	o	
Iluminismo.	De	maneira	geral,	o	Iluminismo,	ou	século	das	luzes	ou	da	ilustração,	
foi	um	movimento	 intelectual	 e	 cultural	do	 século	XVIII,	que	almejava	 libertar	o	
homem	das	crenças	mitológicas	e	de	toda	herança	dogmática	da	época	medieval.	
Defendia	os	princípios	da	razão	crítica,	do	progresso,	da	autonomia	dos	indivíduos	
e	da	liberdade	de	pensamento.	
O	Iluminismo	não	foi	uma	invenção	da	sociedade	de	sua	época	propriamente	
dita,	 sustentava-se	 em	 bases	 teóricas	 que	 já	 haviam	 sido	 defendidas	 ainda	 na	
Antiguidade	 e	 também	 na	 época	 da	 Renascença,	 porém	 encontrou	 no	 século	
XVIII	o	melhor	momento	de	alcance	e	amplitude.	Dentre	os	principais	intelectuais	
iluministas,	 podemos	 nos	 lembrar	 de	 alguns	 nomes,	 como	 Voltaire,	 Rousseau,	
Diderot,	entre	tantos	outros	pensadores.	
Abbagnano	 (2007)	 descreve	 que	 é	 possível	 entender	 o	 Iluminismo	 como	
uma	linha	filosófica	que	defende	a	razão	como	crítica	e	guia	a	todos	os	campos	da	
experiência	 humana.	 Kant	 (1724-1804)	 defende	 que	 o	 Iluminismo	 contou	 com	 o	
empirismo	como	um	grande	aliado,	ambos	garantiram	a	abertura	do	domínio	da	
ciência	e,	em	geral,	do	conhecimento,	que	por	sua	vez	favoreceu	à	crítica	da	razão,	no	
sentido	de	que	toda	verdade	poderia	e	deveria	ser	colocada	à	prova,	e	eventualmente	
modificada,	corrigida	ou	abandonada.
Os	 fundamentos	 teóricos	 que	 favorecem	 a	 ancoragem	 do	 movimento	
do	 Iluminismo	 podem	 ser	 encontrados	 na	 física	 e	 sistematizados	 na	 obra	 de	 I.	
Newton	 (1643-1727),	 ‘Princípios	 matemáticos	 de	 filosofia	 natural,	 publicada	 em	
1687;	nas	pesquisas	de	Boyle	(1627-1691),	que	encaminham	a	química	como	ciência	
positiva;	 na	 obra	 de	 Buffon	 (1707-1788)	 e	 de	 outros	 naturalistas,	 que	 assinalam	
as	 ciências	biológicas	 como	 responsáveis	por	 explicar	 as	 etapas	 fundamentais	de	
desenvolvimento.
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
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O	empirismo	foi	o	ponto	de	partida	e	o	pressuposto	da	filosofia	defendida,	
por	 exemplo,	 por	 Voltaire	 (1694-1778),	 Diderot	 (1713-1784)	 e	 D'Alembert	 (1717-
1783).	A	Enciclopédia	continha	o	pensamento	contrário	aos	privilégios	que	foram	
reclamados	posteriormente	na	Revolução	Francesa,	defendia	a	felicidade	ou	o	bem-
estar	do	gênero	humano,	alcançados	e	desfrutados	através	de	práticas	tolerantes	e	
com	fé	no	progresso.	Estas	noções	enfraqueceram	a	ideia	de	fatalidade	histórica	que	
impedia	qualquer	iniciativa	de	transformação	da	realidade.
Em	relação	às	questões	 ligadas	à	 educação,	podemos	compreender	que	o	
autor	que	possuiu	maior	destaque	dentre	os	filósofos	iluministas	foi	Rousseau.	Este	
destaque	se	deve	ao	seu	principal	livro	relacionado	à	temática	educacional,	Emílio	
(GADOTTI,	s.d.,	p.	87-89).	Uma	das	principais	teses	defendida	por	Rousseau	é	a	de	
que	o	homem	nasce	bom,	porém	o	meio	o	corrompe.	Esta	ideia,	a	de	que	o	homem	
nasce	bom	e	é	corrompido	pelo	meio	foi	uma	das	maiores	influências	do	iluminismo	
para	as	ideias	pedagógicas	nos	séculos	posteriores.	
Isaac	Newton,	físico,	matemático,	filósofo	e	teólogo	inglês,	ficou	amplamente	
conhecido	com	os	três	volumes	de	‘Princípios matemáticos da filosofia natural’,	nos	quais	
constam	as	famosas	Leis	de	Newton,	que	compõem	os	princípios	da	mecânica	e	de	
todo	o	pensamento	moderno.	As	Leis	de	Newton	contêm	o	princípio	de	‘inércia’,	
em	que	todo	corpo	continua	em	seu	estado	(repouso	ou	movimento)	a	menos	que	
seja	forçado	a	mudar;	o	princípio	de	‘dinâmica’,	em	que	a	mudança	é	proporcional	
à	força	atribuída;	e	o	princípio	de	‘ação	e	reação’,	em	que	para	toda	ação	há	sempre	
uma	reação	oposta	e	em	igual	proporção.
Immanuel	 Kant	 (1724-1804)	 tem	 sua	 produção	 intelectual	 e	 filosófica	
denominada	de	filosofia	crítica,	idealismo	transcendental,	que	tinha	como	finalidade	
estabelecer	um	método	cognitivo	e	uma	doutrina	da	experiência	pelo	uso	da	razão	
que	suplantasse	a	metafísica	racionalista	dos	séculos	XVII	e	XVIII,	que	ele	chamava	
de	sono	dogmático.	Kant	foi	leitor	de	Isaac	Newton	(1643-1727),	John	Locke	(1632-
1704),	Gottfried	Wilhelm	Leibniz	(1646-1716)	e	David	Hume	(1711-1776).
 
Nos	 estudos	 de	 Kant	 percebe-se	 o	 forte	 afastamento	 da	 noção	 de	 que	 a	
Providência	divina	representava	um	fator	determinante	da	História,	a	ampla	defesa	
da	ideia	de	racionalidade	e	de	télos	(fim/alvo)	e	de	progresso,	de	que,	se	há	passos	
contínuos,	conduziriam	a	humanidade	à	emancipação	plena.	A	história,	guiada	pela	
razão,	seria	a	 fonte	maior	a	partir	da	qual	se	alcançaria	a	 liberdade	e	a	perfeição	
humana.	 Estas	 intenções	 contagiariam	 a	 humanidade	 e	 se	 realizariam	 em	 escala	
universal.	A	ideia	de	uma	história	universal	se	realizaria	na	conjugação	das	forças	
do	homem	de	posse	e	uso	da	razão	apoiado	nas	disposições	da	natureza.
Martinazzo	(2010)	explica	que	para	Kant	o	sujeito,	por	meio	da	educação,	
pode	sair	da	menoridade	na	qual	se	encontra,	e	a	educação	seria	a	arte	de	transformar	
homens	 em	 homens.	 Pelo	 processo	 educativo	 o	 “homem	 torna-se	 homem”	 com	
capacidade	 reflexiva	 e	 autônoma	 para	 decidir	 com	 liberdade	 e	 sem	 depender	
de	 condições	 exteriores	para	 tal.	 Segundo	Kant,	 a	 educação	deveria	durar	“até	o	
momento	em	que	a	natureza	determinou	que	o	homem	se	governe	a	 si	mesmo”	
(KANT,	1999,	p.	32).
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
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A	 finalidade	 da	 educação	 moderna	 esteve	 centrada	 na	 construção	 de	
sujeitos	livres,	autônomos	e	responsáveis,	com	plena	capacidade	de	poder	escolher	
racionalmente	 os	 fins	 adequados	 e,	 de	 forma	 livre	 e	 consciente,	 submeter-se	 aos	
mesmos.	Nas	 concepções	modernas	 de	 educação,	 a	 busca	 da	 autonomia	 seria	 o	
objetivo	máximo	da	educação,	e	esta	deveria	ser	fundamentada	na	razão.
 
Um	dos	mitos	criados	ao	redor	dos	cientistas	dos	séculos	XVI,	XVII	e	XVIII	é	
que	eles	fossem	ateístas.	O	que	podemos	observar	nos	seus	escritos	e	nas	suas	ações	
sociais	é	que	possuíam	profunda	 fé	em	Deus	e	em	geral	eram	cristãos	convictos.	
A	que	por	vezes	 se	 opuseram	 foi	 contra	o	obscurantismo	das	 elites	 eclesiásticas,	
universitárias	 e	 políticas,	 que	 enxergavam	 nas	 descobertas	 do	 processo	 de	
funcionamento	do	corpo	humano	ou	da	natureza	que	os	circundava	uma	oposição	
ou	mesmo	um	risco	ao	poder	que	possuíam.	
Estas	mesmas	elites	eclesiásticas	eram	capazes	de	condenar	diversas	pessoas	
à	pena	de	morte	por	motivos	fúteis,	como	se	apresentou	em	muitos	autos	de	fé	da	
Santa	Inquisição.	Muitos	outros	homens	e	mulheres	foram	acusados	de	bruxarias	ou	
de	práticas	diabólicas,	mas	se	tratavam	apenas	de	pessoas	com	pensamento	distinto	
do	que	os	dispositivos	de	poder	ensinavam	como	correto.		
O	contexto	filosófico	que	diz	respeito	à	época	moderna	compreende	pouco	
mais	de	200	anos,	pode-se	dizer	que	está	circunscrito	ao	intervalo	de	tempo	entre	
os	séculos	XVI	e	XVIII.	Franciotti	(2009)	argumenta	que	as	formulações	filosóficas	
que	 foram	 propostas	 neste	 período	 acabaram	 de	 ultrapassar	 a	 cronologia	 e	 o	
próprio	campo	dafilosofia,	tais	como	‘penso,	logo	existo’,	de	Descartes;	‘o	homem	
é	naturalmente	bom,	 é	 a	 sociedade	que	o	perverte’,	 proposta	por	Rousseau;	 e	 ‘o	
coração	tem	razões	que	a	própria	razão	desconhece’,	formulada	por	Pascal.	
No	campo	da	compreensão	e	da	postura	do	ser	humano	forja-se	o	conceito	de	
subjetividade	como	dimensão	epistêmica	do	sujeito,	como	uma	forma	de	consciência,	
capaz	de	constituir	as	certezas,	as	verdades	em	todas	as	instâncias:
 A	subjetividade	pode	ser	descrita	por	meio	de	“formas	de	consciência”:	
o eu,	 a	pessoa,	 o	 cidadão e o sujeito epistemológico.	O	 eu	 é	 a	 identidade,	
formada	das	vivências	psíquicas;	é	a	forma	de	consciência	mais	singular,	
pois	as	vivências	psíquicas	são	o	que	se	tem	de	menos	compartilhável.	A	
pessoa	é	a	consciência	moral;	é	o	sujeito como	juiz	do	certo	e	do	errado,	
do	bem	e	do	mal.	O	cidadão	 é	a	consciência	política;	o	sujeito	como	o	
juiz	dos	direitos	e	deveres	da	vida	na	cidade.	O	sujeito epistemológico	é	a	
consciência	intelectual.	O	sujeito	como	juiz	do	verdadeiro	e	do	falso;	o	
detentor	da	linguagem	e	do	pensamento	conceitual;	trata-se	da	forma	
de	consciência	mais	universal	(GHIRALDELLI	JR.,	1999,	p.	23). 
Entre	 os	 principais	 conceitos	 defendidos	 pelos	 pensadores	 modernos	
pode-se	relacionar	a	razão	matemática,	na	condição	de	proporção	e	da	relação	das	
grandezas	entre	si;	a	visão	científica	e	mecanicista	do	mundo.	Entre	as	preocupações	
dos	pensadores	da	época	moderna	estava	a	ideia	de	como	conhecemos	as	coisas,	a	
realidade	e	o	mundo;	e,	por	sua	vez,	o	limite	das	faculdades	e	sentidos	humanos,	
que	poderia	ser	sanado	com	o	uso	de	métodos	rigorosos	e	a	 razão	no	campo	do	
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
87
raciocínio	explicativo,	que	foram	consolidados	por	meio	das	escolas	filosóficas	do	
empirismo	e	do	racionalismo.
Observe	no	quadro	a	seguir	como	as	duas	escolas	filosóficas	que	perpassaram	
o	contexto	educacional	da	época	moderna	podem	ser	sistematizadas:	
QUADRO 2 - SÍNTESE DAS PRINCIPAIS CORRENTES FILOSÓFICAS MODERNAS
PRINCÍPIOS PRINCIPAIS	REPRESENTANTES
EMPIRISMO
(Sec.	XVII	e	XVIII)
O	conhecimento	advém	das	experiências.
São	consideradas	as	evidências,	
descobertas	por	meio	de	experiências.
Almejava	resultados	práticos,	úteis	e	que	
pudessem	ser	aplicados	no	domínio	da	
natureza.
John	Locke
George	Berkeley
David	Hume	
Immanuel	Kant
RACIONALISMO
(Sec.	XVII	e	XVIII)
O	raciocínio	é	a	principal	operação	
mental	e	o	principal	caminho	à	verdade.
Tudo	que	existe	possui	uma	causa	
inteligível.
Privilegia	a	razão	diante	da	experiência,	
e	a	dedução	como	o	principal	caminho	
das	investigações	filosóficas.
René	Descartes
Baruch	Spinoza
Gottfried	Wilhelm	Leibniz
Fonte: Os autores
Outra	vertente	dos	pensadores	foi	a	dos	contratualistas,	porém	agora	com	
preocupações	mais	 específicas	 do	 campo	 jurídico,	 político	 e	 da	 organização	 da	
sociedade	propriamente	dita,	no	sentido	de	que	a	sociedade	moderna,	o	Estado	
civil,	 as	 constituições,	 as	 leis,	 os	 contratos	 forneciam	 as	 condições	 necessárias	
que	 garantiriam	 a	 vida	 pacífica,	 sem	 discórdia,	 em	 justiça	 e	 liberdade	 entre	 os	
indivíduos	 e	 as	 sociedades.	 Observe	 que	 a	 seguir	 procuramos	 relacionar	 de	
maneira	 esquemática	 o	 pensamento	 contratualista	 e	 quais	 foram	 os	 principais	
simpatizantes:
QUADRO 3 - SÍNTESE DO PENSAMENTO CONTRATUALISTA
PRINCÍPIOS PRINCIPAIS REPRESENTANTES
CONTRATUALISMO
(Séc. XVII e XVIII)
NATUREZA: guerra, violência, vitória do 
mais forte, incertezas e insegurança.
CONTRATO: fundamento do poder 
político e dos governos;
LEIS: capazes de garantir a liberdade 
e a justiça.
PACTO SOCIAL: reconhecimento dos 
governos, do conjunto das leis, e dos 
regimes políticos como fundamentais 
à vida em sociedade.
ESTADO CIVIL: reconhecimento de 
uma autoridade absoluta.
T. Hobbes
John Locke
Jean-J. Rousseau
Fonte: Os autores
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
88
Thomas	 Hobbes	 (1588-1679)	 parte	 do	 conceito	 do	 Direito	 natural	 (Jus	
naturalismo),	cujo	preceito	ensina	que	todo	homem	tem	direito	à	vida	e	ao	que	
é	necessário	para	mantê-la,	também	(principalmente)	à	liberdade.	Para	ele,	todos	
são	livres,	ainda	que	uns	sejam	fracos	e	outros	fortes.	Um	contrato	social,	conforme	
o	Direito	Romano,	só	tem	validade	se	ambas	as	partes	forem	livres	e	iguais	e,	por	
vontade	própria,	consentem	ao	que	está	contratado,	pactuado.
Para	Hobbes,	há	três	motivações	intrínsecas	no	ser	humano:	a	competição,	
a	desconfiança	e	a	glória	(a	vaidade).	O	estado	natural	de	guerra	é	porque	todos	
se	imaginam	poderosos,	perseguidos	e	traídos,	para	tanto	o	Estado	Civil	moderno	
regulamentaria	a	vida,	as	regras	do	jogo/guerra	e	da	liberdade,	permitindo	a	todos	
condições	iguais	na	competição.
Caro	 acadêmico!	 Os	 autores	 das	 duas	 correntes	 filosóficas	 modernas	
ainda	 serão	 analisados	 com	maior	 profundidade	 ao	 longo	 desta	 unidade.	 Para	
potencializar	seu	conhecimento,	esteja	atento	e	reúna	o	maior	número	de	elementos	
e	argumentos	possíveis	sobre	cada	um	deles.
4.1 ELEMENTOS DO CONTEXTO EDUCACIONAL MODERNO: 
A EDUCAÇÃO REALISTA DO SÉCULO XVII
Brug,	Fronza	e	Silva	(2013)	explicam	que	a	partir	do	século	XVI,	teólogos	
católicos	 e	 os	 protestantes,	 teceram	profundos	 debates,	 todavia	 foi	 o	momento	
em	que	os	intelectuais	idealistas	entram	no	debate	e	passam	a	fundar	escolas	sob	
sua	orientação	educacional.	O	italiano	Vitorino	Feltre,	em	1428,	 foi	convidado	a	
ministrar	aulas	junto	à	universidade	de	Veneza	e	Pádua,	pelo	príncipe	de	Mântua,	
na	qual	pode	fundar	uma	escola	e	permanecer	nela	até	o	seu	falecimento.	
Monroe	 (1979)	 descreve	 que	 Vitorino	 Feltre	 não	 chegou	 a	 deixar	 seus	
ideais	 educacionais	 e	 pedagógicos	 registrados,	 porém	 é	 reconhecido	 como	 um	
dos	educadores	renascentista	pioneiros.	Algumas	das	escolas	que	foram	fundadas	
na	 época	 da	 renascença	 destinavam-se	 especialmente	 à	 nobreza	 e	 podiam	 ser	
encontradas	 nas	 cidades	 de	 Pádua,	 Veneza	 e	 Florença.	 Em	 outras	 regiões	 da	
Europa	como	a	Alemanha,	passaram	a	existir	escolas	infantis	que	eram	tuteladas	
diretamente	pelas	cortes,	leia-se:	escola	às	elites;	por	outro	lado	ocorriam	também	
os	ginásios,	cujo	fundador	foi	João	Sturn.	
 
A	Idade	Moderna	foi	o	momento	histórico	de	muitas	transformações	no	que	diz	
respeito	ao	cenário	político,	econômico,	científico,	intelectual	e	educacional.	Em	meio	
a	este	contexto	as	primeiras	escolas	de	alfabetização	e	educação	primária,	que	eram	
novidade	no	cenário	educacional	europeu,	não	passaram	ilesas.	As	primeiras	escolas,	
nas	quais	a	maior	parte	da	elite	europeia	se	alfabetizou,	contavam	com	preceptores,	
que	supervisionavam,	orientavam	e	acompanhavam	as	atividades	escolares.
 
O	 século	 XVI	 no	 campo	 intelectual	 é	 conhecido	 como	 humanista-
renascentista,	já	no	campo	artístico	é	reconhecido	como	o	período	barroco,	já	no	
campo	educacional	se	desenvolveu	a	tendência	do	realismo	pedagógico.	
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
89
Caro	acadêmico!	Não	se	esqueça	de	que	os	pensadores	do	Renascimento	
foram	 chamados	 de	 ‘utópicos’,	 ou	 seja,	 que	 lançavam	 e	 almejavam	 teorias	
idealizadas	e	de	difícil	 realização.	Logo	o	século	seguinte,	o	 século	XVII,	 foi	de	
compensação	pelo	aspecto	racional,	metódico	e	realista,	embasado	pelo	pensamento	
dos	pesadores	como	John	Locke,	João	Amós	Comenius	e	Francis	Fenelon.		
John	 Locke	 (1632-1704),	 filósofo	 e	 pensador	 britânico,	 preceptor	 dos	
filhos	 do	 conde	 de	 Shaftesburg,	 foi	 um	 estudioso	 que	 contribuiu	 na	 produção	
do	 conhecimento	 que	 pretendia	 superar	 a	 tradição	 medieval.	 Se	 destacou	 nas	
áreas	 da	 filosofia,	 da	 economia,	 política,	 religião	 e	 educação.	 Seus	 estudos	 se	
inserem	no	 contexto	 histórico	 e	 filosófico	do	 pensamento	 pedagógico	moderno	
e	 seus	 pensamentos	 ganharam	 importância,	 pois	 foi	 o	 estudioso	 quedefendeu	
o	 empirismo,	 ou	 seja,	 que	 acredita	 que	 o	 conhecimento	 seja	 consequência	 da	
experiência,	 que	 não	 existem	 ideias	 inatas,	 ou	 seja,	 ideias	 com	 as	 quais	 nós	 já	
nascemos;	ao	invés	disso,	propôs	que	o	que	sabemos	aprende-se	tudo	pelo	caminho	
da	experiência.	Criticou	enfaticamente	as	ideias	medievais,	o	descaso	atribuído	às	
línguas	vernaculares	e	aos	cálculos,	e	ênfase	atribuída	ao	latim.
Na	obra	de	quatro	volumes	‘Ensaio sobre o entendimento humano’,	pensamentos	
sobre	a	educação,	apresentou	a	expressão	latina	pela	qual	ficou	muito	conhecido,	
que	é	a	de	tábula	rasa,	que	procurava	explicar	que	o	ser	humano	nasce	como	um	
papel	em	branco	e	que	vai	sendo	preenchido	ao	longo	de	sua	vida.	Foi	defensor	da	
separação	de	poderes	entre	Igreja	e	Estado,	ou	seja,	defendeu	o	Estado	laico.	
CONCEITO: ESTADO LAICO:
Casanova (1994) refere-se, histórica e normativamente, à emancipação do Estado e do 
ensino público dos poderes eclesiásticos e de toda referência e legitimação religiosa, à 
neutralidade confessional das instituições políticas e estatais, à autonomia dos poderes 
político e religioso, à neutralidade do Estado em matéria religiosa (ou a concessão de 
tratamento estatal isonômico às diferentes agremiações religiosas), à tolerância religiosa e 
às liberdades de consciência, de religião (incluindo a de escolher não ter religião) e de culto. 
Cambi	 (1999)	 explica	 que	 Locke	 teoriza	 sobre	 uma	 educação	 que	 se	
destinava	 tanto	a	homens	como	a	mulheres	e	que	 tinha	por	objetivo	endurecer,	
regular	 e	moldar	 a	 delicadeza	 e	 os	 demasiados	 cuidados,	 que	 seria	 obtida	 por	
meio	de	uma	espécie	de	“educação	do	corpo”,	este	entendido	como	um	vaso	de	
argila	(como	se	exprime	Locke),	que	impunha		ajustes	desde	os	modos	de	vestir,	
que	deveriam	parecer	nem	leves	nem	pesados,	ao	mesmo	tempo	a	robustez	e	a	
possibilidade	 da	 vida	 "ao	 ar	 livre",	 válida	 tanto	 para	 os	 rapazes	 como	 para	 as	
moças”	(CAMBI,	1999).
UNI
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
90
Para	Locke,	as	capacidades	e	as	competências	do	ser	humano	são	inatas,	
mas	o	conhecimento	e	as	habilidades	são	construídos.	Defendendo	estas	 ideias,	
colocava-se	contrário	às	noções	de	dom	artístico.
 
Para	Locke,	o	pensamento	e	a	memória	humana	consistem	em	uma	espécie	
de	 tábula	 rasa	a	 ser	preenchida	e	o	 corpo	 como	um	vaso	de	argila,	passível	de	
moldagem.	 Os	 estudiosos	 apontam	 que	 seus	 estudos	 e	 teorizações	 no	 campo	
da	 educação	 destinam-se	 à	 Educação	 Física	 e	 recebe	 diversas	 críticas,	 pois	 seu	
pensamento	sugeria	uma	espécie	de	controle	e	atos	de	mutilação	com	relação	ao	
corpo	com	justificativa	educativa.
QUADRO 4 - SÍNTESE DO PENSAMENTO DE JOHN LOCKE
OBRA PRINCÍPIOS
JOHN	LOCKE
(1632-1704)
Ensaio	 sobre	 o	 entendimento	
humano	(1690).
Alguns	 pensamentos	 sobre	 a	
educação	(1693).
A	conduta	do	entendimento	(1706).
Homem:	sujeito.
Natureza:	fonte	de	conhecimento.
Conhecimento:	 por	 empirismo	 e	
experiência.
Verdade:	processo	histórico.
Fonte: Os autores
Francis	Fenelon	(1567-1622)	foi	um	bispo	católico	francês.	E,	assim	como	
Locke,	 trabalhou	como	preceptor	de	uma	 família	nobre.	No	caso,	Fenelon	 foi	o	
responsável	pela	instrução	de	um	dos	netos	de	Luiz	XIV,	o	“Rei	Sol”.	Seu	destaque	
foi	 propor	 uma	 pedagogia	 para	 as	mulheres.	 Como	 retrato	 da	mentalidade	 da	
época,	acreditava	que	as	moças	deveriam	se	dedicar	a	conhecimentos	religiosos	
e	morais,	que	as	capacitassem	para	bem	desenvolver	suas	 funções	sociais	como	
esposas	 e	mães	 de	 famílias.	As	 escolas	 para	mulheres	 foram	 desenvolvidas	 na	
França,	 sendo	a	de	 Saint-Cry	um	 símbolo	da	 educação	 feminina	da	monarquia	
francesa	antes	da	Revolução	Francesa	(ARANHA,	2006).
 
Outro	importante	pensador	presente	na	história	da	educação	ocidental	é	o	
tcheco	João	Amós	Comenius	(1562-1670).	Formado	em	Teologia,	não	conseguiu	ser	
ordenado	sacerdote	devido	aos	problemas	políticos	oriundos	na	Europa	durante	
a	 Guerra	 dos	 Trinta	 Anos,	 um	 dos	 conflitos	 militares	 oriundos	 das	 disputas	
territoriais	entre	príncipes	católicos	e	protestantes.
 
As	 suas	 reflexões	 sobre	 educação	 são	marcadas	 por	 sua	 perspicácia	 em	
relação	 ao	 amadurecimento	 dos	 seres	 humanos.	 Seus	 principais	 livros	 foram	
Pródomus da Pansofia,	no	qual	propunha	a	organização	e	ampliação	do	acesso	ao	
ensino	como	um	modo	de	pôr	fim	às	guerras.	Em	Porta aberta às línguas,	propôs	uma	
inovadora	metodologia	para	o	ensino	do	latim.	Porém,	sua	principal	contribuição	
para	a	tarefa	educacional	foi	a	Didática magna	(1657)	ou	Grande didática.	Comenius	
compreendia	o	homem	e	suas	fases	de	desenvolvimento	da	seguinte	forma:
Portanto,	o	que	é	inicialmente	o	homem?	Uma	massa	informe	e	bruta.	
Depois,	assume	o	contorno	de	um	pequeno	corpo,	mas	sem	sentidos	e	
movimento.	A	seguir,	começa	a	movimentar-se	e	por	força	da	natureza	
vem	 à	 luz;	 pouco	 a	 pouco	 manifestam-se	 os	 olhos,	 os	 ouvidos	 e	 os	
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
91
outros	sentidos.	Após	um	certo	tempo	manifesta-se	o	sentido	interno,	
quando	 ele	 percebe	 que	 vê,	 ouve	 e	 sente.	A	 seguir	 será	manifestado	
o intelecto,	 apreendendo	 as	 diferenças	 entre	 as	 coisas;	 finalmente,	 a	
vontade,	dirigindo-se	a	alguns	objetos	e	fugindo	de	outros,	assume	papel	
de	governante	(COMENIUS,	1997,	p.	44).
Para	 Comenius	 (1997,	 p.	 58),	 “nossa	 mente	 não	 apreende	 só	 as	 coisas	
próximas,	mas	 também	aproxima	de	si	as	distantes	 (em	 lugar	e	 tempo),	alça-se	
às	mais	difíceis,	indaga	as	ocultas,	descobre	as	veladas,	esforça-se	por	investigar	
também	 as	 imperscrutáveis:	 é	 algo	 infinito	 e	 sem	 limite”.	 Portanto,	 dedicou-se	
em	formular	um	método	universal	que	facilitaria	o	ensino	do	maior	número	de	
conteúdos	e	conhecimentos,	ensinar	tudo	e	a	todos	(Omnes Omnia Omnimo),	em	
que	os	objetivos	e	os	resultados	seriam	alcançados	rápida	e	solidamente	e	de	modo	
satisfatório,	e	que	se	destinaria	a	um	amplo	público	de	interessados.		
Criticava	 as	 formas	 enfadonhas	 e	 tortuosas	 de	 ensino	 e	 aprendizagem,	
bem	 como	 a	 especialidade	 e	 restrição	 a	 determinados	 saberes	 e	 ofícios,	 assim	
como	as	restrições	de	sexo	(homens	e	mulheres),	de	classes	sociais	(agricultores,	
comerciantes,	 operários,	 administradores)	 e	 aos	 que	 apresentavam	 sinais	 de	
deficiências	 (mental	 e	 outras	 debilidades),	 que	 acompanhavam	 as	 instituições	
escolares	da	época.	Enfatizava	a	necessidade	de	se	subdividir	o	processo	de	ensino	
em	níveis	 e	 graus	mediante	 a	 faixa	 etária	 dos	 estudantes,	 bem	 como	 abordava	
questões	de	falta	de	interesse	e	motivação	por	parte	dos	estudantes.	
Para	Comenius	(1997),	a	educação	deveria	observar	os	seguintes	preceitos:	
I.	 	Começar	cedo,	antes	da	corrupção	das	inteligências.	
II.	Fazer	a	devida	preparação	dos	espíritos.	
III.	Proceder	às	coisas	gerais	para	as	coisas	particulares.	
IV.	Proceder	às	coisas	mais	fáceis	para	as	mais	difíceis.	
V.	Não	sobrecarregar	ninguém	com	demasiados	trabalhos	escolares.
VI.		Proceder	de	forma	lenta.	
VII.	Não	constranger	os	espíritos	a	fazer	aquilo	que	não	desejam,	permitir	que	seja	
de	forma	espontânea,	tendo	em	vista	método	e	a	idade	ideal.		
VIII.	Ensinar	todas	as	coisas,	colocando-as	imediatamente	sob	os	sentidos.	
IX.	Dar	ênfase	à	utilidade	imediata	dos	conhecimentos.
X.	Utilizar	sempre	com	um	só	e	o	mesmo	método.
XI.	Prezar	por	um	andamento	suave	e	agradável	das	atividades.
Comenius	 defendia	 que	 se	 devia	 saber	 tudo,	 mas	 não	 nos	 aspectos	
superficiais	e	vulgares	dos	saberes,	antes	os	fundamentos,	os	princípios,	as	razões	
e	os	objetivos	dos	principais	conhecimentos	da	natureza	e	daqueles	que	o	homem	
foi	 responsável.	 Para	 tanto,	 classificou	 as	 coisas	 em	 três	 naturezas:	 objetos	 de	
observação:	o	 céu,	Sol,	Lua,	 as	 rochas,	 as	 estrelas,	os	 fenômenos	naturais,	 entre	
outros;	objetos	de	imitação:	a	ordem	que	rege	o	mundo,	a	natureza	e	o	homem;objetos	de	fruição:	o	não	palpável,	o	metafísico,	o	imaterial,	o	divino,	de	natureza	
simbólica	e	espiritual.
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
92
O	 que	 podemos	 compreender	 nestes	 pensadores	 realistas	 é	 a	 ideia	 da	
importância	da	educação	para	o	desenvolvimento	humano.	Porém,	não	apenas	do	
ponto	de	vista	da	utopia,	do	sonho	de	se	viver	em	uma	sociedade	marcada	pela	
perfeição.	A	 ideia	educacional	principal	era	um	pouco	mais	prática,	uma	noção	
da	necessidade	da	educação	na	alteração	de	comportamentos	e	pensamentos	no	
cotidiano	dos	discentes.	Muito	mais	que	um	sonho	de	sociedade,	os	autores	em	
análise	tiveram	em	suas	experiências	pessoais	a	principal	motivação	para	escrever	
seus	livros.
	As	experiências	pessoais	de	Fenelon	e	Locke	como	preceptores	os	motivaram	
a	pensar	uma	educação	para	as	moças	e	de	melhor	qualidade.	As	dificuldades	de	
vivenciar	uma	guerra	motivaram	Comenius	a	escrever	sobre	a	paz	universal.	Estas	
são	as	razões	principais	de	as	reflexões	destes	intelectuais	não	serem	teóricas,	mas,	
sim,	metodológicas.	Isto	é,	o	método	de	ensino,	as	faixas	etárias	apropriadas	para	
o	ensino	de	determinados	conteúdos	e	quais	os	conteúdos	a	se	ensinar	foram	os	
pontos	principais	das	reflexões	dos	pedagogos	seiscentistas.					
4.2 OS MANUAIS DE ETIQUETA E DE BONS COSTUMES 
Burg,	Fronza	e	Silva	(2013)	explicam	que	os	manuais	de	etiqueta,	as	dietas	
e	 cardápios	 variados	 e	 refinados	 representam	 uma	 novidade	 aos	 homens	 do	
Renascimento,	mas	a	partir	de	então	fazem	parte	das	preocupações	da	vida	pública	
e	 privada	 da	 sociedade	 ocidental	 até	 os	 dias	 atuais.	 Por	 meio	 das	 expressões,	
comportamentos	e	posturas	nos	momentos	festivos,	em	meios	aos	baquetes	e	no	
cotidiano	no	interior	dos	palácios,	as	elites	econômicas	e	políticas	afirmavam-se	
por	meio	da	demonstração	de	modos	refinados,	sofisticados	e	elegantes.
 
Elias	(1993)	explica	que	os	autores	renascentistas	que	já	mencionamos	antes	
nesta	 unidade,	 Leonardo	da	Vinci	 e	 Erasmo	de	Roterdã	 foram,	 além	de	 outras	
coisas,	já	mencionadas	anteriormente,	autores	de	manuais	de	etiqueta	e	cardápios	
gastronômicos.	Nos	manuais	constavam	desde	noções	de	como	os	nobres	deveriam	
se	portar	e	apresentar	à	mesa	assim	como	cuidados	higiênicos	que	deveriam	ser	
observados	 no	 cotidiano.	A	 título	 de	 exemplo	 tem-se	 que	 não	 era	 de	 bom	 tom	
escarar	na	mão	direita	e	usar	a	mesma	mão	para	pegar	algum	pedaço	de	carne.	
Neste	contexto	não	se	pode	negligenciar	a	informação	de	que	os	artefatos	de	garfo	
e	faca	representavam	utensílios	raros,	que	muitas	vezes	eram	objetos	de	disputas	
em	heranças	de	pai	para	filho.	
Ribeiro	(1990)	explica	que	além	das	questões	de	etiqueta	e	bons	costumes,	
havia	também	segregações	e	distinções	sociais	que	eram	obtidas	pelas	questões	de	
honra,	ou	melhor	pelas	noções	de	status quo, ou	seja,	que	se	baseava	na	importância	
e	 no	 reconhecimento	 que	 a	 família	 obtinha	 em	meio	 à	 sociedade.	 O	 status era	
obtido	 pela	 demonstração	 de	 boa	 apresentação	 nos	 bailes,	 cafés,	 museus	 e	
galerias,	por	meio	do	uso	de	trajes	elegantes,	perucas,	vestidos	e	demais	acessórios	
enobrecedores.
TÓPICO 1 | O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO
93
Burg,	Fronza	e	Silva	(2013)	explicam	que	foi	nas	confrarias	duelistas,	que	
funcionavam	nos	castelos	e	palácios	da	nobreza,	que	as	regras	de	etiqueta	e	bons	
costumes	eram	aprendidas;	destinavam-se	especialmente	aos	integrantes	da	elites	
e	 nobres	 praticantes	 de	 esgrima.	Além	 das	 atividades	 de	 esgrima,	 a	 montaria	
representava	 outra	 atividade,	 quem	 quisesse	 se	 distinguir	 deveria	 apresentar	
conhecimentos	e	demostrar	habilidade.
Caro	 acadêmico!	 Observe	 com	 atenção	 o	 texto	 "Escolas Filosóficas: um 
panorama",	escrito	pelo	professor	Kevin	Daniel	dos	Santos	Leyser,	pois	contempla	
explicações	sobre	as	correntes	filosóficas	que	compõem	a	matriz	do	pensamento	
ocidental	e	o	pano	de	fundo	filosófico	em	que	se	desenvolveram	os	autores	que	já	
foram	mencionados	até	aqui	e	que	ainda	serão	mencionados	ao	longo	das	próximas	
unidades.	Mas,	para	saber	mais,	prossiga	na	leitura.
LEITURA COMPLEMENTAR
ESCOLAS	FILOSÓFICAS:	UM	PANORAMA
Kevin	Daniel	dos	Santos	Leyser
As	 escolas	 filosóficas	 podem	 ser	 sistematizadas	 em	 quatro	 correntes	 de	
pensamento,	que	são	o	idealismo,	o	realismo,	o	pragmatismo	e	o	existencialismo.	
O	idealismo	e	o	realismo	derivam	dos	pensamentos	e	escritos	dos	antigos	filósofos	
gregos,	Platão	e	Aristóteles,	que	por	 sua	vez	 já	 foram	discutidas	na	Unidade	1.	
As	outras	duas	são	mais	contemporâneas,	o	pragmatismo	e	o	existencialismo.	No	
entanto,	os	educadores	que	compartilham	um	desses	conjuntos	distintos	de	crenças	
sobre	 a	 natureza	 da	 realidade	 atualmente	 aplicam	 cada	 uma	 dessas	 filosofias	
gerais	em	salas	de	aula.	Vamos	explorar	cada	uma	dessas	escolas	metafísicas	de	
pensamento:
1-	Idealismo:	é	uma	abordagem	filosófica	que	tem	como	princípio	central	que	as	
ideias	são	a	única	realidade	verdadeira,	a	única	coisa	que	vale	a	pena	conhecer.	
Em	busca	da	verdade,	beleza	 e	 justiça	que	 é	duradoura	 e	 eterna,	 o	 foco	 está	
no	raciocínio	consciente	na	mente.	Platão,	pai	do	idealismo,	abraçou	esta	visão	
cerca	de	400	anos	A.E.C.,	em	seu	famoso	livro	A República.	Platão	acreditava	que	
havia	dois	mundos.	O	primeiro	é	o	mundo	espiritual	ou	mental,	que	é	eterno,	
permanente,	ordenado,	regular	e	universal.	Há	também	o	mundo	da	aparência,	
o	mundo	experimentado	através	da	visão,	do	toque,	do	cheiro,	do	gosto	e	do	
som,	que	está	mudando,	imperfeito	e	desordenado.	Esta	divisão	é	muitas	vezes	
referida	 como	 a	 dualidade	 da	mente	 e	 do	 corpo.	 Reagindo	 contra	 o	 que	 ele	
percebia	 como	um	 foco	 excessivo	na	 imediação	do	mundo	 físico	 e	 sensorial,	
Platão	descreveu	uma	sociedade	utópica	na	qual	a	educação	para	o	corpo	e	a	
alma	seria	toda	a	beleza	e	perfeição	da	qual	são	capazes	como	um	ideal.	Em	sua	
alegoria	da	caverna,	as	sombras	do	mundo	sensorial	devem	ser	superadas	com	
a	luz	da	razão	ou	da	verdade	universal.	Para	compreender	a	verdade,	é	preciso	
buscar	o	conhecimento	e	identificar-se	com	a	Mente	Absoluta.	Platão	também	
UNIDADE 2 | ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E CONTEMPORÂNEO
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acreditava	que	a	alma	está	totalmente	formada	antes	do	nascimento	e	é	perfeita	
e	 em	harmonia	 com	o	 Ser	Universal.	O	processo	de	nascimento	verifica	 essa	
perfeição,	de	modo	que	a	educação	exige	que	à	consciência	sejam	trazidas	ideias	
latentes	(conceitos	totalmente	formados).	
No	 idealismo,	 o	 objetivo	 da	 educação	 é	 descobrir	 e	 desenvolver	 as	
habilidades	e	a	excelência	moral	de	cada	indivíduo	para	melhor	servir	à	sociedade.	
A	 ênfase	 curricular	 é	 assunto	 da	mente:	 literatura,	 história,	 filosofia	 e	 religião.	
Os	métodos	 de	 ensino	 centram-se	 no	 tratamento	 de	 ideias	 através	 de	 palestra,	
discussão	e	diálogo	socrático	(um	método	de	ensino	que	utiliza	o	questionamento	
para	 ajudar	 os	 alunos	 a	 descobrir	 e	 clarificar	 o	 conhecimento).	 Introspecção,	
intuição,	insight	e	lógica	são	usados			para	levar	à	consciência	as	formas	ou	conceitos	
que	 estão	 latentes	 na	mente.	 O	 caráter	 é	 desenvolvido	 através	 da	 imitação	 de	
exemplos	e	heróis.
2- Realismo: Os	 realistas	 acreditam	 que	 a	 realidade	 existe	 independentemente	
da	mente	humana.	A	 realidade	última	é	o	mundo	dos	objetos	 físicos.	O	 foco	
desta	perspectiva	está	no	corpo/objetos.	A	verdade,	portanto,	é	objetiva	–	aquilo	
que	pode	ser	observado.	Aristóteles,	um	estudante	de	Platão	que	rompeu	com	
a	filosofia	idealista	de	seu	mentor,	é	chamado	o	pai	do	realismo	e	do	método	
científico.	Nesta	visão	metafísica,	o	objetivo	é	compreender	a	realidade	objetiva	
através	 do	 escrutínio	 diligente	 e	 imparcial	 de	 todos	 os	 dados	 observáveis.	
Aristóteles	 acreditava	 que,	 para	 compreender	 um	 objeto,	 sua	 forma	 última	
deveria	ser	entendida,	aquilo	que	não	mudava.	Por	exemplo,

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