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Kamilla Galiza / 5º Período / APG Objetivos • Revisar a Anatomofisiologia das estruturas relacionadas a visão • Identificar a etiologia e os FR das doenças da visão (DV) • Analisar a fisiopatologia e as MC das DV • Discorrer sobre o DX e o TTO das DV Parte interna do olho A função das estruturas oculares internas é basicamente de refinar a imagem vinda da córnea e converter a energia lu- minosa em energia elétrica para formação da imagem no cérebro. Úvea A úvea compreende a íris e o corpo ciliar, anteriormente, e a coróide, posteriormente (Figura 03). Íris A íris consiste em tecido conjuntivo contendo fibras muscula- res, vasos sanguíneos e células pigmentares. Sua superfície posterior é determinada por uma camada de células pig- mentares. Em seu centro há uma abertura, a pupila. A função principal da íris é controlar a entrada de luz na retina e reduzir a lesão intraocular causada pela luminosidade. A dilatação da pupila é causada por contrações de fibras musculares li- sas radiais inervadas pelo sistema nervoso simpático. A con- tração pupilar ocorre quando um anel de fibras musculares lisas em torno da pupila se contrai. Esse anel é inervado pelo sistema nervoso parassimpático. Corpo ciliar O corpo ciliar (Figura 3) é uma estrutura especializada que une a íris com a coróide. É responsável pela produção do hu- mor aquoso. O corpo ciliar é ligado ao cristalino pela zônula. Anteriormente, a superfície interna é transformada em pro- cessos ciliares, os quais são responsáveis pela produção do humor aquoso. A contração de fibras musculares presentes no músculo ciliar causa uma redução em sua circunferência; isso reduz a tensão na zônula, fazendo com que a elastici- dade natural do cristalino gere um aumento em sua convexi- dade, propiciando um melhor foco para a visão de perto. Esse fenômeno é chamado “acomodação”, o qual é controlado por fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (III par cra- niano). O relaxamento das fibras é um processo passivo, au- mentando a tensão na zônula, de forma que aplaina o crista- lino, gerando melhor visão para longe. Coróide A coróide consiste em: vasos sangüíneos, tecido conectivo e células pigmentares. Está localizada entre a retina (camada interna) e a esclera (camada externa). É responsável pelo aporte de oxigênio e de nutrição das camadas externas da retina. Cristalino O cristalino (Figura 3), em formato discóide, é compreendido por uma massa de células alongadas, chamadas “fibras cris- talinianas”. No centro, essas fibras estão compactadas em um núcleo duro envolto por uma menor densidade de fibras, o córtex. Toda essa estrutura está envolvida por uma cápsula elástica e é capaz de se deformar para realizar a acomoda- ção. Falência da acomodação relacionada à idade (presbio- pia) ocorre devido à perda da elasticidade capsular e do en- rijecimento do cristalino. O cristalino é relativamente desidra- tado e suas fibras contêm proteínas especiais, o que gera sua transparência. A catarata é qualquer opacidade, congênita ou adquirida, do cristalino. Humor aquoso O humor aquoso preenche as câmaras anterior e posterior. A câmara anterior é o espaço entre a córnea e a íris. Atrás da íris e anteriormente ao cristalino, situa-se a câmara posterior. Essas duas regiões comunicam-se através da pupila. Retina A retina converte a imagem luminosa em impulsos nervosos (Figura 4). É compreendida pela retina neurossensorial e pelo epitélio pigmentar retiniano (EPR). O raio luminoso tem que passar através da retina interna para alcançar os fotorrecep- tores (cones e bastonetes), os quais convertem a energia lu- minosa em elétrica. A retina então tem que ser transparente. Neurônios conectores (interneurônios) modificam e passam o impulso elétrico para as células ganglionares, cujos axônios correm ao longo da superfície retiniana e entram no nervo óptico. Uma região da mácula é responsável pela visão cen- tral. Em seu centro existe uma área altamente especializada denominada “fóvea”, a qual é responsável pela visão de alta qualidade. O restante da retina é responsável pela visão pe- riférica. Os cones estão concentrados na mácula. Eles são responsáveis pela acuidade visual e pela apreciação de co- res. Os bastonetes estão relacionados com a visão em baixos níveis de luminosidade e com a detecção de movimento, es- tando distribuídos por toda a retina. ametropias alterações visuais Kamilla Galiza / 5º Período / APG Relações e conexões: órbita e via óptica • As paredes orbitárias medial e inferior são mais delgadas. • O nervo óptico e a artéria oftálmica passam através do ca- nal óptico. • O terceiro nervo supre os músculos levantador, retos supe- rior, inferior e medial, oblíquo inferior, além de ser responsável pela acomodação e pela contração pupilar. • O quarto nervo supre o músculo oblíquo superior. • O sexto nervo supre o músculo abducente. Função dos músculos extraoculares: • Reto medial: adução. • Reto lateral: abdução. • Retos superior e inferior: elevação e depressão. • Oblíquos: rotação. Via visual • Nervos ópticos chegam ao quiasma (fibras da retina nasal cruzam para o lado oposto) e dirigem-se ao trato óptico. • Ocorre uma sinapse no corpo geniculado lateral. • Radiações ópticas seguem ao córtex occipital. Principais erros de refração e sua correção Emetropia: O olho é considerado emétrope quando, sem in- terferência da acomodação, recebe na fóvea (área central da retina) imagens nítidas de objetos situados no infinito. Essa condição de emetropia depende da relação entre o poder refrativo do segmento anterior (da córnea e do cristalino, principalmente) e o diâmetro ântero-posterior do olho. Ametropia: Condição em que o olho, quando sem interferên- cia da acomodação, não recebe na fóvea, imagens nítidas de objetos situados no infinito. Pode ser de 3 tipos: miopia, hi- permetropia e astigmatismo. Miopia: Condição em que objetos posicionados no infinito têm suas imagens formadas anteriormente à retina. Pode acontecer por duas razões: 1. o poder de refração do olho é excessivo em relação a seu diâmetro ântero-posterior. O diâ- metro ântero-posterior é grande em relação ao poder de re- fração ocular. A principal queixa relacionada à miopia é a di- ficuldade de ver nitidamente objetos distantes. Hipermetropia: Condição em que, sem interferência da aco- modação, objetos posicionados no infinito têm suas imagens formadas posteriormente à retina. Pode acontecer por duas razões: 1. o poder de refração do olho é reduzido em relação a seu diâmetro ântero-posterior. O diâmetro ântero-posterior é pequeno em relação ao poder de refração ocular. A princi- pal queixa relacionada às hipermetropias médias e altas é a dificuldade em ver objetos próximos com nitidez e conforto visual. Astigmatismo: Em olhos com astigmatismo, os dois meridia- nos principais da córnea e/ou do cristalino têm curvaturas di- ferentes, portanto, poderes dióptricos diferentes, não permi- tindo a formação de imagem nítida sobre a fóvea, resultando na percepção de imagens distorcidas. As principais queixas relacionadas ao astigmatismo são: - Astenopia (“cansaço visual”) - Imagem “borrada” - Cefaléia (dor de cabeça) - Lacrimejamento Tratamento Tratamento convencional - correção Auxílios Ópticos: Para a correção clínica das ametropias, uti- lizam-se auxílios ópticos. Os principais tipos são: óculos, Kamilla Galiza / 5º Período / APG lentes de contato. Para a correção cirúrgica, dispõe-se da ci- rurgia refrativa e de lentes intraoculares. Óculos: Utilizam-se óculos com lentes corretivas dos seguin- tes tipos: convergentes (ou positivas) para hipermetropia; di- vergentes (ou negativas) para miopia; e cilíndricas para as- tigmatismo. Quando a miopia ou a hipermetropia ocorrem em associação ao astigmatismo, pode-se utilizar uma com- binação de lentes esféricas (divergentes ou convergentes), com lentescilíndricas. Lentes de Contato: são utilizadas diretamente sobre a cór- nea, e podem, assim como os óculos, corrigir ametropias. Exis- tem, basicamente, 2 tipos: rígidas e gelatinosas. Suas principais indicações são: - Altas ametropias. - Anisometropias (situação em que existe diferença refracio- nal entre os olhos) - Astigmatismos irregulares (que não obteriam boa acuidade visual com óculos) - Para a prática esportiva - Com finalidade estética Tratamento cirúrgico É possível corrigirem-se as ametropias por meio cirúrgico. Na maioria das vezes, a cirurgia refrativa é realizada com aplica- ção de energia laser para remodelar a córnea, e pode ser uma opção de tratamento para alguns pacientes. Indica- ções: - Intolerância ao uso de lentes de contato - Anisometropias importantes (situação em que existe grande diferença refracional entre os olhos) - Esportistas - Com finalidade estética Outra possibilidade, quando há associação de ametropia e de catarata (opacificação do cristalino), é a utilização de uma lente intraocular (que substitui o cristalino opaco remo- vido), com poder dióptrico calculado de modo a fazer com que o paciente fique emétrope (ou próximo da emetropia) no pós-operatório. Acomodação É a capacidade do olho de focalizar na retina imagens de ob- jetos situados a diferentes distâncias. Conforme o objeto é aproximado do olho, o cristalino altera sua morfologia, con- seguindo assim manter a imagem focalizada na retina (olho acomodado). Esse processo dinâmico ocorre de maneira fisiológica, pela mudança do formato do cristalino. Presbiopia Corresponde à perda gradual e fisiológica da capacidade de acomodação do olho com o decorrer da idade. Tem início ao redor dos 40 anos, e se deve à diminuição da elasticidade do cristalino. A principal queixa é a dificuldade de ver claramente objetos próximos. Outros sintomas podem ser fadiga aos esforços vi- suais e dificuldade de leitura em ambientes menos ilumina- dos. Para a correção da presbiopia, utilizam-se lentes positi- vas (convergentes), cujo poder dióptrico deverá ser aumen- tado conforme a idade do paciente avança (“piora” fisioló- gica do quadro clínico; normalmente até +3,00 D). Retinoblastoma É o tumor intraocular maligno primário mais comum na infân- cia e o segundo tumor maligno primário em humanos, só su- perado pelo melanoma uveal. Corresponde a 20% de todas as doenças malignas oculares e a 1% das doenças malignas da infância. Há cerca de 100 anos, a mortalidade devida ao retinoblastoma era próxima de 100%. Hoje, graças ao diagnós- tico precoce e ao tratamento eficiente, 95% dos pacientes são curados e muitos deles têm o olho e a visão preservados. Em- bora as estimativas variem, o retinoblastoma ocorre numa frequência entre 1 em 14.000 e 1 em 34.000 nascidos vivos. Não há predisposição por raça, por sexo ou pelo olho direito ou esquerdo. O tumor ocorre bilateralmente em 30 a 40% dos casos. O reti- noblastoma é diagnosticado, em média, aos 18 meses de idade, sendo os casos bilaterais reconhecidos em média aos 14 meses e os unilaterais aos 24 meses de idade. Cerca de 90% dos casos são diagnosticados até os 3 anos de idade, e em raras ocasiões o tumor é reconhecido já ao nascimento, na adolescência ou mesmo no adulto. Hereditariedade Apenas 6% dos pacientes com retinoblastoma têm história familiar de retinoblastoma. Nesses casos, o tumor é herdado Kamilla Galiza / 5º Período / APG por um gene autossômico dominante com penetrância virtu- almente completa. Os restantes 94% dos casos são esporádi- cos, resultantes de uma mutação espontânea. Aproximada- mente 20% dos casos esporádicos unilaterais resultam de uma mutação germinal, transmissível aos seus descenden- tes, e os demais resultam de mutação somática. Os retino- blastomas causados por uma mutação germinal têm geral- mente envolvimento bilateral. A possibilidade de herança do tumor torna fundamental o aconselhamento genético para os portadores ou para familiares de portadores de retinoblas- toma. Quadro clínico As manifestações clínicas do retinoblastoma variam con- forme o estágio da doença no momento do seu reconheci- mento. O diagnóstico é geralmente feito em fases modera- damente avançadas, quando se produz leucocoria (reflexo pupilar branco) como resultado da reflexão da luz na massa branca atrás do cristalino; o segundo sinal mais comum de apresentação é o estrabismo, que corresponde a 25% dos ca- sos e decorre do envolvimento da mácula pelo tumor ou de descolamento de retina. A seguir está a inflamação ocular e, menos freqüentemente, a heterocromia da íris, o hifema, a celulite orbitária, o glau- coma, a proptose e o hipópio. Em raras ocasiões uma lesão pequena pode ser um achado num exame de rotina. Como a maioria das crianças afetadas tem idade pré-escolar, as queixas visuais são infrequentes. Quando a doença é extraocular, o sinal mais frequente é a proptose. À oftalmoscopia, as lesões são bastante típicas, de modo que o diagnóstico do retinoblastoma pode ser, geralmente, suspeitado com base no exame ocular realizado no consultório. A evolução natural do retinoblastoma consiste num cresci- mento agressivo, preenchendo toda a cavidade ocular. Célu- las tumorais podem invadir o nervo óptico e se estender para o espaço subaracnoideu e, por intermédio do líquor, alcançar o cérebro e a medula espinhal. Retinoblastomas mais avan- çados comumente se estendem para fora do olho, invadindo o nervo óptico e a órbita. O tumor pode erodir anteriormente à esclera ou sair pela câ- mara anterior e pelo trabeculado córneo-escleral e invadir linfáticos conjuntivais, desenvolvendo nódulos cervicais e pré-auriculares palpáveis. Nessa situação, também pode ha- ver proptose. Além da invasão linfática, retinoblastomas muito avançados podem apresentar metástase à distância por via hematogênica. As metástases mais comuns ocorrem nos ossos do crânio, nos ossos longos, no cérebro, na medula espinhal, nos linfonodos e nas vísceras abdominais. Diagnostico O diagnóstico do retinoblastoma pode ser, geralmente, sus- peitado com base no exame ocular realizado no consultório. O exame inicial deve incluir a história da doença e os antece- dentes familiares de tumores, o exame físico completo, a ava- liação da função visual, a biomicroscopia do segmento ante- rior e do vítreo, se possível, e a oftalmoscopia indireta com depressão escleral. A ultrassonografia e a tomografia com- putadorizada podem auxiliar no diagnóstico mostrando cal- cificações características no interior do tumor. Estudos de neuroimagem usando a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são úteis para avaliar a órbita e a anatomia do sistema nervoso central na doença extraocular. A biópsia de medula óssea e a punção lombar auxiliam no estadiamento da doença. A aspiração de fluido ocular para testes diagnósticos deve ser realizada apenas em situações Kamilla Galiza / 5º Período / APG muito especiais, pelo risco de disseminação de células ma- lignas. Diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial inclui principalmente as diversas causas de leucocoria, quais sejam, a doença de Coats, a to- xocaríase ocular, a persistência de vítreo primário hiperplás- tico e a retinopatia de prematuridade. Tratamento O tratamento do retinoblastoma mudou significativamente nos últimos anos. Seu objetivo primário é salvar a vida do pa- ciente e secundariamente preservar o olho e, se possível, al- guma visão. Embora a enucleação seja ainda a principal forma de tratamento do retinoblastoma, existem muitas ou- tras modalidades de tratamento, e a escolha depende do ta- manho, da localização e da extensão do tumor. Entre outras modalidades de tratamento estão a radioterapia com feixe externo, a radioterapia com placa, a crioterapia, a fotocoagu- lação a laser do tumor e a quimioterapia. A associação des- sas formas terapêuticas permite a sobrevida em 95% dospa- cientes e muitos deles têm o olho e a visão preservados. Catarata Epidemiologia A catarata é a principal causa de cegueira no mundo. Entre- tanto, devido ao sucesso do tratamento cirúrgico, tornou-se um dos procedimentos oftalmológicos mais freqüentemente realizados, responsável por significativo benefício na quali- dade de vida de idosos de todo o mundo. Definição É a denominação dada para a perda da transparência do cristalino, impedindo que os feixes de luz cheguem à retina, onde serão percebidos pelos fotorreceptores. Em condições fisiológicas, o cristalino aloja-se imediatamente atrás da íris, podendo ser visto através da área pupilar, separando a câ- mara vítrea do segmento anterior do olho. Sustentado pela fibras zonulares, as quais funcionam como uma conexão en- tre o cristalino e o corpo ciliar, essas três estruturas agem har- moniosamente num processo de relaxamento e contração, fundamental para o processo de focalização das imagens sobre a retina. Esse fenômeno é “chamado” de acomodação. Juntamente ao processo de opacificação, o cristalino diminui progressivamente sua elasticidade e sua capacidade de acomodar. Assim, podemos entender por que o principal sin- toma da catarata é a diminuição da visão. O comprometi- mento visual é dependente do tipo e da severidade da cata- rata. Além do mais, por ser um processo progressivo, a perda visual também é progressiva, mas de velocidade variável, não se tendo como prever nem interromper esse fenômeno. Fatores de risco As cataratas congênitas têm como principais causas as in- fecções congênitas, as doenças metabólicas e a associação com síndromes genéticas. • Idade – principal fator de risco • Fatores genéticos • Exposição a radiação UV • Regiões de clima tropical • Hábitos de vida – tabagismo, dieta e etc. • Doenças sistêmicas - hiperglicemia (DM) • Traumatismos contusos ou penetrantes • Sexo masculino • Cirurgias intraoculares • Aplicação de laser • Procedimentos invasivos Sinais e Sintomas O principal sintoma da catarata é a diminuição progressiva da visão, para longe e para perto, não melhorando com a correção refracional adequada. Além de uma perda quanti- tativa, o paciente pode ter perda qualitativa, caracterizada por embaçamento e distorção dos objetos, freqüentemente referida pelo paciente como uma “nuvem” cobrindo a visão; além da diminuição da percepção de brilho, contraste e co- res. No caso de cataratas avançadas, o paciente pode ter a impressão de que os objetos estão mais amarelados. Outro sintoma comum é a dificuldade de enxergar contra a luz, em geral quando a catarata atinge a porção central do cristalino, no eixo da visão. Diagnóstico O diagnóstico da catarata é clínico. A primeira etapa, a anamnese, pode dar indícios da suspeita, pois o paciente pode referir diminuição da acuidade visual, embaçamento, distorção, perda do brilho e das cores. Não é infrequente o portador de catarata dizer que “o mundo está amarelado”. A segunda etapa é o exame oftalmológico. O exame inicia-se com a aferição da acuidade visual, que na maioria das vezes estará diminuída. Em alguns casos, a catarata pode cursar com visão considerada normal. São os casos em que a mi- opização da catarata nuclear proporciona benefícios na re- fração final do paciente, principalmente na visão de perto. Outra situação de visão normal ocorre nos casos de catara- tas que acometem apenas o eixo visual. Nesses casos, com a pupila de tamanho normal, o eixo de visão está obstruído pela opacidade. Já com efeito da dilatação, os feixe luminosos Kamilla Galiza / 5º Período / APG conseguem atravessar o cristalino, chegando à retina. Para o exame correto do cristalino, é necessário que o paciente es- teja com a pupila dilatada. Tratamento Cirúrgico Glaucoma O glaucoma é a segunda causa de cegueira irreversível no mundo e a principal causa de cegueira em negros. Aproxima- damente 7.6 milhões de pessoas estão bilateralmente cegas por essa doença. Existem várias formas de glaucoma, sendo as principais: o glaucoma primário de ângulo aberto, o glau- coma primário de ângulo fechado, o glaucoma congênito e de desenvolvimento e os glaucomas secundários. A forma mais comum de glaucoma é o primário de ângulo aberto, ocorrendo em aproximadamente 2% a 4% da população acima de 40 anos e caracterizando-se pela tríade: • aumento da pressão intraocular (PIO) • alteração típica do nervo óptico • defeito de campo visual correspondente A melhor forma de se diagnosticar o glaucoma é através do exame do nervo óptico, feito com o oftalmoscópio, com a bi- omicroscopia, e mesmo com as fotografias. Há também apa- relhos digitais de imagem par avaliar tanto o nervo óptico como a camada de f. nervosas da retina. As principais altera- ções do nervo óptico no glaucoma são quase patognomôni- cas. Entre elas, as principais são: 1. A presença de “notch” entalhe causado por uma perda localizada do anel neuro retiniano, neste caso inferior, é quase patognomônico da doença. 2. A presença de hemorragia em chama de vela no disco óptico é também quase patognômico da doença. Estas hemorragias duram em média 4 a 6 meses. É quase sempre indicativo da progressão da doença indepen- dentemente do nível pressórico 3. Escavação vertical aumentada, sugerindo lesão glau- comatosa do disco 4. A assimetria da relação E/D entre os dois discos de um mesmo individuo maior que 0,2 sugere alteração glau- comatosa no disco com maior relação E/D O tratamento do glaucoma consiste em reduzir a pressão in- traocular a níveis que diminuam ou parem a progressão da doença, níveis estes calculados em função da severidade da doença, idade, risco de progressão e expectativa de vida do paciente. Quando o controle com medicamentos é insatisfa- tório, pode-se recorrer a aplicações de laser ou a realizações de cirurgias. Ceratocone Etiologia • Desconhecida Kamilla Galiza / 5º Período / APG • Associada a descendência em 10% dos casos – autos- sômica dominante. Fatores de risco • Desenvolve-se como uma doença isolada, porém pode estar associada a várias doenças oculares e sistêmi- cas, como: Ceratoconjuntivite vernal, dermatite atópica, síndrome da flacidez palpebral, retinose pigmentar, sín- drome de Down, síndrome de Ehler-Danlos, osteogênese imperfeita • Ambiente: pode ter associação com doença atópica, asma e febre do feno. • Fricção dos olhos: relatos de observação clínica. • História familiar: 6-8% dos casos estão associados a he- rança genética, mas tem penetrância fraca e variabili- dade de expressão. • Uso de lentes de contato. Fisiopatologia • As córneas com ceratocone têm menor conteúdo de colágeno. • Apresentam anormalidades na estrutura molecular, mas não há um padrão bioquímico específico. • O afinamento da córnea possivelmente é devido a de- gradação multifatorial que resulta na perda de elemen- tos estruturais. • Índice de apoptose dos ceratócitos estromais aumen- tado. • As pequenas alterações do pleomorfismo celular do en- dotélio são provavelmente secundárias à hipóxia indu- zida por lentes de contato ou estresse mecânico. Variação de fenótipos • Cone de ápice: afinamento axial predominante. • Cone caído: afinamento inferior; degeneração marginal pelúcida. • Ceratoglobo: afinamento generalizado. Quadro clínico • Quadro clinico se inicia na adolescência e inicio da fase adulta. • Visão embaçada ou diminuição súbita da acuidade vi- sual → refrações frequentemente variáveis e inconsis- tentes. • Os sintomas progridem até a 4ª década de vida. • Astigmatismo irregular se desenvolve com progressão da doença. • As queixas geralmente são bilaterais, mas os sintomas podem ser assimétricos. • Dificuldade na correção visual com óculos e lentes de contato devido à miopia progressiva e ao astigmatismo. • Outros sintomas: fotofobia, astenopia, prurido, irritação, desconforto ocular, diplopiae poliopia monocular. Diagnóstico • Clínico Exame físico Sinal de Munson: recuo em forma de V da pálpebra inferior ao olhar para baixo. Obs.: esse sinal geralmente está presente em casos mais avançados. Sinal de Rizutti: reflexo cônico visto precocemente na córnea nasal, quando se ilumina diretamente a córnea temporaria- mente. Referencias DAVIDSON, A. E. et al. The pathogenesis of keratoconus. Eye, v. 28, n. 2, p. 189-195, 2014. WAYMAN, Laura L. Keratoconus. UpToDate, 2020. Fundamentos básicos da oftalmologia e suas aplicações/ Núbia Cristina de Freitas Maia (autora). – Palmas/TO: Univer- sidade Federal do Tocantins / EDUFT, 2018. KIM, Jonathan; BERRY, J.; PAPPO, Alberto S. Retinoblastoma: Clin- ical presentation, evaluation, and diagnosis. 2021. MIAN, Shahzad I.; TROBE, Jonathan; GIVENS, J. Visual impairment in adults: Refractive disorders and presbyopia. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate Inc. https://www. uptodate. com/contents/visual-impairmentin-adults-refractive-dis- orders-and-presbyopia. Published October, v. 4, 2018.
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