Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
4 O Sistema Econômico 1. DEFINIÇÃO DE SISTEMA ECONÔMICO Nas sociedades modernas, em que é produzido um grande número de bens e serviços, podemos observar que o consumo de uma pessoa é composto por bens e serviços produzidos em áreas de atividade econômica diferentes daquela em que exerce seu trabalho. Um operário que trabalhe em uma metalúrgica, por exemplo, produz chapas de aço, mas necessita de alimentos, roupas, uma casa, transporte etc. Entretanto, na economia em que esse operário vive, é permitido que ele troque sua força de trabalho (um fator de produção que concorre para a produção das chapas de aço) por um salário que lhe permita adquirir os bens e serviços de que necessita. Isto ocorre em razão do funcionamento daquilo que chamamos de sistema econômico. Um sistema econômico pode ser definido como a reunião dos diversos elementos participantes da produção e do consumo de bens e serviços que satisfazem às necessidades da sociedade, organizados não apenas do ponto de vista econômico, mas também social, jurídico, institucional etc. Observe que os elementos integrantes de um sistema econômico não são apenas pessoas, mas todos os fatores de produção: trabalho, capital e recursos naturais. Entretanto, para que esses fatores façam parte do processo produtivo, eles precisam estar organizados de tal forma que sua combinação resulte em algum bem ou serviço. As instituições em que são organizados os fatores de produção são denominadas unidades produtoras. Uma fábrica de automóveis, um banco e uma fazenda são exemplos de unidades produtoras, pois em cada um desses lugares os fatores de produção trabalho, capital e recursos naturais estão organizados para a produção de algum bem ou serviço. No entanto, não devemos pensar que tudo aquilo que for obtido pelas unidades produtoras será destinado diretamente ao consumo. Uma fábrica de chapas de aço, por exemplo, não tem as pessoas, em geral, como consumidores diretos dos seus produtos, o que também ocorre com uma empresa de processamento de dados. As chapas de aço e os serviços de computação são apenas um bem e um serviço que entram na produção de outros bens e serviços. Essa complexidade da produção é uma característica fundamental dos modernos sistemas econômicos e explica como as pessoas que desempenham uma tarefa específica, como o operário que mencionamos anteriormente, podem adquirir as coisas necessárias à satisfação de suas necessidades. A produção econômica pode ser classificada em três categorias, de acordo com sua destinação: • bens e serviços de consumo: são os bens e serviços que satisfazem às necessidades das pessoas quando consumidos no estado em que se encontram, como alimentos, roupas, serviços médicos etc.; • bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que não atendem diretamente às necessidades das pessoas, pois precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Como exemplo, podemos citar as chapas de aço empregadas na produção de automóveis, os serviços de computação que preparam folhas de pagamentos para as empresas etc.; • bens de capital: também não atendem diretamente às necessidades dos consumidores, mas destinam-se a aumentar a eficiência do trabalho humano no processo produtivo, como as máquinas, as estradas etc. RESUMO • Sistema econômico: é a reunião dos diversos elementos (os fatores de produção) que participam da produção de bens e serviços para atender às necessidades da sociedade. • Unidade produtora: é a instituição que reúne e organiza os fatores da produção com o objetivo de produzir um determinado bem ou serviço. • Bens e serviços de consumo: são os bens e serviços que se destinam ao atendimento direto das necessidades das pessoas. • Bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que entram na produção de outros bens e serviços. • Bens de capital: são os bens que aumentam a eficiência do trabalho humano. ATIVIDADES 1. O que você entende por sistema econômico? 2. Classifique os bens e serviços a seguir em: bens e serviços de consumo, bens de capital e bens e serviços intermediários: sapatos – trigo – petróleo – torno mecânico – estradas – ferro – serviços de transporte coletivo – serviços de auditoria contábil – serviços de diversão, como cinema e teatro. 3. O que são unidades produtoras? 2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO No sistema econômico de uma nação, encontramos um grande e diversificado número de unidades produtoras, cada qual organizando os fatores de produção para a obtenção de um determinado produto ou para a prestação de um serviço. Entretanto, apesar da diversidade de objetivos das inúmeras unidades produtoras, podemos classificá-las de acordo com as características fundamentais de sua produção. Utilizando esse critério, veremos que as unidades produtoras podem ser agrupadas em três setores básicos, que compõem o sistema econômico: • setor primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam intensamente os recursos naturais e não introduzem transformações substanciais em seus produtos.1 Fazem parte deste setor as unidades produtoras que desenvolvem atividades agrícolas, pecuárias e extrativas, sejam elas minerais, animais ou vegetais; • setor secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às atividades industriais, por meio das quais os bens são transformados. Caracteriza-se pela intensa utilização do fator de produção capital, sob a forma de máquinas e equipamentos. Indústrias de automóveis, de refrigerantes e de roupas são exemplos de unidades produtoras incluídas no setor secundário; • setor terciário: este setor se diferencia dos outros pelo fato de seu produto não ser tangível, concreto, embora seja de grande importância no sistema econômico. É composto pelas unidades produtoras que prestam serviços, como as instituições bancárias, as escolas, as empresas de transporte, o comércio etc. Podemos ter uma ideia do grau de desenvolvimento de um país se observarmos a importância relativa dos três setores em seu sistema econômico. Uma economia em que o setor primário tem maior peso revela, quase sempre, um baixo nível de desenvolvimento, enquanto aquelas em que os setores secundário e terciário são preponderantes apresentam um maior grau de desenvolvimento. Há, entretanto, exceções a essa regra. Na Dinamarca, por exemplo, a agricultura (setor primário) tem um peso bastante elevado na economia, e esse país é desenvolvido e apresenta boa qualidade de vida. Por outro lado, em alguns países subdesenvolvidos, como o Brasil, por exemplo, o setor terciário apresenta uma importância significativa, decorrente da excessiva aglomeração urbana e do subemprego daí resultante. Sem emprego nos setores tradicionais, as pessoas acabam encontrando colocação precária em outras atividades, como o comércio informal, por exemplo. RESUMO • Setor primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam intensamente os recursos naturais, voltadas para atividades agrícolas, pecuárias e extrativas. • Setor secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às atividades industriais, por meio das quais os bens são transformados. • Setor terciário: formado pelas unidades produtoras que prestam serviços, como instituições bancárias, empresas de transporte, hospitais, comércio etc. ATIVIDADES 1. Identifique os três setores da economia e apresente as características básicas de cada um deles. 2. Classifique as empresas a seguir por setor (primário, secundário ou terciário): Empresa de pesca – Hospital – Indústria de alimentos – Instituição financeira – Companhia de seguros – Empresa jornalística – Companhia de teatro – Fazenda agrícola – Metalúrgica – Escritório contábil – Empresa de transportes coletivos – Indústria de automóveis – Supermercados 3. Identifique as afirmativas incorretas e reescreva-as corrigindo: a. O fato de as atividades agropecuárias e extrativas apresentarem maior peso na economia de uma nação impede que esta tenha um elevado nível de desenvolvimento socioeconômico. b. Para que um país seja considerado economicamentedesenvolvido, é necessário que tanto o setor primário como o secundário tenham a mesma importância na economia. c. Os países desenvolvidos apresentam maior preponderância dos setores secundário e terciário em sua economia. 3. OS FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO Durante o processo de produção, em que são obtidos bens e serviços, as unidades produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregados: pagam salários aos seus funcionários, aluguel pelas instalações que ocupam, juros pelos financiamentos obtidos e distribuem lucros aos seus proprietários. Essa remuneração é recebida pelos proprietários dos fatores de produção e permite-lhes adquirir os bens e os serviços de que necessitam. Este é um aspecto fundamental do sistema econômico e garante sua eficiência: as unidades produtoras, ao mesmo tempo que produzem bens e serviços, remuneram os fatores de produção por elas empregados, permitindo que as pessoas adquiram bens e serviços produzidos por todas as outras unidades produtoras. Uma pessoa que trabalha em uma fábrica de roupas, por exemplo, não vai adquirir apenas o produto de seu trabalho (as roupas) com o salário que recebe. Precisa, também, comprar alimentos, alugar ou comprar uma casa, usar transporte coletivo etc. É por meio da remuneração de sua força de trabalho (fator de produção que concorreu para a produção das roupas) que ela poderá adquirir as coisas de que necessita para viver. Pode-se dizer, portanto, que em um sistema econômico existem dois fluxos: o primeiro é o fluxo de produto, formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico, que também recebe o nome de fluxo real; o segundo é o fluxo de renda, ou fluxo monetário, formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo, também chamado de fluxo nominal. Esses dois fluxos têm um significado muito importante para a teoria econômica. O fluxo de produto, formado por bens e serviços produzidos, constitui a oferta da economia, ou seja, tudo aquilo que tiver sido produzido e estiver à disposição dos consumidores. O fluxo de renda, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, constitui o montante de que as pessoas dispõem para satisfazer às suas necessidades e desejos. Esse fluxo confunde-se, em geral, com a despesa que os agentes realizam, representando a demanda ou a procura da economia. Portanto, temos a seguinte igualdade: Produto = renda = despesa A oferta e a procura são as duas funções mais importantes de um sistema econômico. Essas duas funções formam o mercado em que as pessoas que querem vender se encontram com as pessoas que querem comprar. É importante observar que o termo mercado, na teoria econômica, não significa apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por exemplo. Seu significado é mais amplo, refere-se a todas as compras e vendas realizadas no sistema econômico, tanto de bens de consumo, intermediários e de capital como de serviços. Em suma, sintetiza a essência do sistema econômico, em que as necessidades são satisfeitas por meio da venda e da compra de mercadorias e serviços. Os fluxos monetário e real do sistema econômico e a formação do mercado podem ser sintetizados no esquema a seguir: RESUMO • Fluxo de produto, ou real: é a totalidade dos bens e serviços finais produzidos pelas unidades produtoras. Constitui a oferta da economia. • Fluxo de renda, ou nominal, ou monetário: é a totalidade da remuneração dos fatores de produção empregados pelas unidades produtoras. Constitui a demanda ou a procura da economia. • Mercado: é formado pelos fluxos de produto e de renda, respectivamente, a oferta e a demanda da economia. ATIVIDADES 1. A afirmativa a seguir está incorreta. Reescreva-a, corrigindo: Apenas o fator de produção trabalho recebe, no processo produtivo, uma remuneração. 2. Reescreva as frases, completando as lacunas: a. O fluxo de produto é formado por …, e … produzidos no sistema econômico, e também recebe o nome de … . b. O fluxo de renda, por sua vez, é formado pela totalidade do pagamento que os … recebem durante o processo produtivo e também é chamado de … ou … . 3. Qual é o significado do termo mercado na teoria econômica? 4. Ligue o fluxo de produto e de renda aos conceitos de oferta e demanda da economia, de acordo com o que você entendeu na leitura do texto. 5. Ao reproduzir o esquema que sintetiza os fluxos de produto e de renda e seu encontro no mercado, o desenhista confundiu os termos, distribuindo-os de maneira incorreta. Faça um novo esquema, reordenando a sequência. 4. A CIRCULAÇÃO NO SISTEMA ECONÔMICO No item anterior, foram apresentados os elementos fundamentais do sistema econômico: o fluxo de produto, o fluxo de renda e o mercado, para onde os fluxos se dirigem. Falaremos, agora, a respeito do funcionamento do sistema econômico, que se caracteriza pelo permanente trânsito dos fluxos de produto e de renda, tanto no sentido do mercado como no sentido contrário. Entretanto, para discutir melhor esse fenômeno, que corresponde à circulação no sistema econômico, é necessário que se introduzam mais alguns conceitos importantes. Inicialmente, vamos admitir que nosso sistema econômico seja fechado, ou seja, não mantém relações econômicas com outros sistemas. Como um sistema econômico corresponde a um país, o que estamos dizendo é que esse país não realiza transações de importação ou exportação de bens e serviços com outros países. Admitamos, ainda, que esse sistema econômico não possua setor público, ou seja, governo. Essa suposição não é de natureza política, mas econômica, pois o governo tem um papel importante no sistema econômico. E sua exclusão, assim como a das relações com outros sistemas econômicos, tem como única finalidade tornar mais simples o raciocínio. Convém dizer, ainda, que nesse sistema econômico toda a renda recebida pelos proprietários dos fatores de produção é gasta em bens e serviços de consumo, e que toda a produção das empresas é vendida, não havendo formação de estoques. Dessa forma, nosso sistema econômico será formado pelas empresas e pelas famílias. As empresas e as famílias são entidades econômicas, formadas pelas unidades produtivas, no caso das empresas, e pelas pessoas que consomem bens e serviços e possuem os fatores de produção, no caso das famílias. Normalmente, um sistema econômico é formado por mais duas entidades: o setor público, ou governo, e os outros países, ou setor externo. Entretanto, para facilitar o raciocínio, consideraremos apenas as empresas, cujo conjunto vamos chamar de aparelho produtivo, e as famílias. Agora, podemos recolocar a discussão do sistema econômico em termos dessas duas entidades econômicas. O aparelho produtivo contrata, junto às famílias, os fatores de produção (trabalho, capital etc.), originando-se aí o fluxo de renda. Por outro lado, o aparelho produtivo organiza os fatores de produção de que agora dispõe e estabelece o fluxo de produto, que equivale à oferta de bens e de serviços produzidos. Esses dois fluxos se encontram no mercado, onde as famílias trocam sua renda (ou fluxo de renda) pelo produto (ou fluxo de produto) para satisfazer às suas necessidades. Entretanto, o funcionamento do sistema econômico não termina aqui. Observemos que, no mercado, os fluxos trocam de mãos: o fluxo de produto passa para as mãos das famílias, onde será consumido, pois se trata de bens e serviços, enquanto o fluxo de renda passa para as mãos do aparelho produtivo, como pagamento pelos bens e serviços vendidos. Quando as famílias tiverem consumido os bens e serviços adquiridos no mercado, precisarão oferecer novamente os seus fatores de produção ao setor produtivo, para receber em troca a renda que lhes permitirá dirigir-se novamente ao mercado. Nesse ínterim, as empresas podem contratar novamente os fatores de produção com as famílias, pois agora estão de posse do fluxo de renda, que foi obtido no mercado com a venda de sua produção de bens e de serviços. Tivemos, portanto, uma volta completa dos fluxos derenda e de produto, que saíram, no primeiro instante, das mãos das famílias e empresas, dirigiram-se ao mercado, trocaram de mãos e, novamente pela contratação dos fatores de produção, estão nas mãos das entidades originais, ou seja, o fluxo de renda com as famílias e o de produto com o aparelho produtivo. A partir daí, eles se dirigem novamente para o mercado, onde o processo é reiniciado. É importante observar que, na realidade, os fluxos de renda e de produto estão, ao mesmo tempo, tanto com as famílias e empresários como no mercado, não sendo necessário haver uma volta completa para que eles se reiniciem. Portanto, cumpre destacar o caráter dinâmico do sistema econômico, em que todos os agentes econômicos exercem seu papel ininterruptamente. Essa movimentação dos fluxos é o processo de circulação do sistema econômico, que é importantíssimo para que esse sistema cumpra seu papel, produzindo bens e serviços e fazendo-os chegar às pessoas para satisfazer às suas necessidades. O processo de circulação no sistema econômico está esquematizado na figura a seguir, na qual os fluxos de produto são representados por linhas contínuas e os fluxos de renda, por linhas segmentadas. Circulação no sistema econômico. RESUMO • Circulação: é o processo pelo qual os fluxos de renda e de produto circulam entre as entidades do sistema econômico, possibilitando-lhes cumprir adequadamente o seu papel. ATIVIDADES 1. O que você entende por aparelho produtivo? 2. Qual a importância do aparelho produtivo no sistema econômico? 3. Explique resumidamente cada etapa do processo de circulação. 5. MACROECONOMIA E MICROECONOMIA Agora que já temos uma ideia do que é um sistema econômico e de como nele se produzem e se distribuem os bens e os serviços, falaremos alguma coisa a respeito dos esforços dos economistas para entender mais profundamente, e em detalhes, o funcionamento de um sistema econômico. Atualmente, a teoria econômica é dividida em dois ramos básicos que não se excluem, mas, pelo contrário, se complementam. O primeiro é a microeconomia, que se preocupa em estudar os elementos mais simples do sistema econômico, como o consumidor individual, ou seja, a pessoa que se dirige ao mercado com uma determinada renda para adquirir bens e serviços. Outro exemplo do objeto de estudo da microeconomia é a unidade produtora tomada isoladamente, que passaremos a chamar de empresa. A microeconomia estuda a maneira como o consumidor gasta sua renda, de forma a ter o maior grau de satisfação possível. Estuda, também, a maneira como a empresa emprega os fatores de produção para obter o maior lucro possível. O segundo ramo, a macroeconomia, preocupa-se em estudar o conjunto dos consumidores de uma sociedade, assim como o conjunto de empresas dessa mesma sociedade. Seu interesse é determinar os fatores que influenciam o nível total de renda e do produto do sistema econômico. No esquema a seguir, pode-se visualizar melhor a divisão da teoria econômica e o objeto de estudo de cada um de seus ramos, que examinaremos mais amplamente nos capítulos seguintes. RESUMO • Microeconomia: é a parte da teoria econômica que estuda os agentes econômicos individualmente, como o consumidor e a empresa. • Macroeconomia: é a parte da teoria econômica que estuda os agentes econômicos em seu conjunto. Tem como principal objetivo determinar os fatores que interferem no nível total da renda e do produto de uma economia. ATIVIDADE 1. Reescreva a frase, completando-a com as alternativas corretas: A teoria econômica é dividida em dois ramos principais: .... e .... (bens e serviços/microeconomia e macroeconomia). O primeiro preocupa-se em estudar os agentes econômicos .... (individualmente/coletivamente), enquanto o segundo estuda os fatores que determinam o nível total da .... (satisfação/renda) e do produto de uma economia. 6. A EVOLUÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO BRASILEIRO Quando se estuda a história do Brasil, particularmente do ponto de vista econômico, nota-se que o país esteve, desde o princípio, empenhado em atividades econômicas do setor primário. Esse aspecto é mais evidente durante a época em que o Brasil foi uma colônia portuguesa, período que vai do seu descobrimento até a independência política, em 1822. De fato, Portugal proibia terminantemente qualquer atividade manufatureira em sua colônia, permitindo apenas as atividades agrícolas e extrativas. Dessa forma, a vida econômica do Brasil baseou-se em ciclos de produtos agrícolas e minerais, como o ciclo da cana-de-açúcar, o ciclo da mineração e o ciclo do café, este o mais recente. O café, como atividade econômica, talvez tenha sido o ciclo mais importante na economia brasileira. Iniciou-se por volta de 1850, quando o Brasil já tinha autonomia política, e estendeu-se, como a atividade econômica mais importante do país, até o início da década de 1930, quando se iniciou uma profunda modificação na estrutura de seu sistema econômico. A modificação a que nos referimos é o início da industrialização, processo que significou a modernização da economia brasileira, com o declínio da importância da agricultura como atividade econômica e o crescimento das atividades industriais. Até o momento não falamos do setor terciário por uma razão simples. Tradicionalmente, esse setor costuma acompanhar a evolução dos outros setores, o primário e o secundário, nos quais se fundamenta o sistema econômico. Em outras palavras, o setor terciário surge como consequência dos outros setores, desenvolvendo-se junto com eles, apesar de contribuir para seu crescimento - isso em uma etapa em que o sistema econômico como um todo já se encontra estruturado. A seguir, apresentaremos um quadro que mostra a evolução da composição do sistema econômico brasileiro a partir de 1950. Esse quadro revela quanto cada setor contribuiu para a formação do total de bens e serviços que o país produziu nos anos apresentados. Cabe, aqui, uma observação para melhor entendimento dos dados apresentados. A soma dos bens e serviços expressos em valor monetário recebe o nome de Produto Interno Líquido a custo de fatores, um conceito que será explicado no Capítulo 5. Por enquanto, basta saber que os números apresentados equivalem à contribuição de cada setor na formação do total de bens e serviços produzidos. Analisemos, agora, a evolução da contribuição de cada setor no decorrer do tempo. Em 1950, o setor primário contribuiu com Cr$ 24,4 bilhões, em um total de Cr$ 91,8 bilhões, o que equivale a aproximadamente 26,6%. Enquanto isso, o setor secundário contribuiu com Cr$ 21,6 bilhões, equivalentes a 23,5%, e o setor terciário contribuiu com Cr$ 45,8 bilhões, que significaram 49,9% da produção total de bens e serviços naquele ano. Passando para o ano de 1980, vemos que a situação mudou consideravelmente em termos de importância relativa de cada setor. O setor primário contribui, agora, com apenas 9% da produção total de bens e serviços, enquanto o setor secundário elevou sua contribuição para 38,7%. O setor terciário foi praticamente o único que não apresentou alteração substancial, contribuindo com 52,3%. A partir de 1996, a metodologia para o cálculo do PIB foi modificada. As variações observadas em termos de contribuição de cada setor para a produção total de bens e serviços no Brasil, durante o período em questão, refletem a mudança estrutural pela qual o sistema econômico brasileiro passou nas últimas décadas, quando o país se industrializou e aumentou a importância relativa do setor secundário, enquanto diminuía a do setor primário. A partir de 1995 é verificado um aumento em todos os setores da economia, em razão do início do Plano Real e da abertura da economia. Com uma política macroeconômica que tem com um dos objetivos do crescimento econômico, e com o Brasil como componente do Brics (Brasil, Rússia, Índia e China, países que terão suas economias em expansão nos próximos anos), também mostra crescimento em todos os setores. É destacado o crescimento do setor terciário, que é o setor de prestação de serviços,o qual continua em forte crescimento. ATIVIDADES 1. Considerando o quadro da p. 36, vamos calcular a participação relativa de cada setor no Produto Interno Líquido e fazer uma nova tabela. Assim, por exemplo, com referência ao ano de 1950, a participação relativa do setor primário é: a do setor secundário é: e a participação do setor terciário é: que, juntos, totalizam 100%. Colocando na tabela: Faça o mesmo para os anos de 1960, 1970, 1980, 1990 e 2000. 2. Baseando-se nos resultados da tabela, dê sua opinião a respeito da evolução do sistema econômico do Brasil, enfatizando a importância relativa de cada setor. INTRODUÇÃO 4 O Sistema Econômico
Compartilhar