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DESCRIÇÃO Avaliação dos subfatores psicomotores sob à luz das unidades funcionais de Luria. PROPÓSITO Analisar a sintomatologia específica da Psicomotricidade para implementação de uma forma de avaliação dos aspectos psicomotores, desde a infância até a gerontologia, com foco na construção de um projeto terapêutico em curto, médio e longo prazo. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os conceitos psicomotores, categorizando os sintomas e as unidades funcionais de Luria MÓDULO 2 Aplicar as provas de tônus e equilíbrio MÓDULO 3 Aplicar as provas de noção de corpo, lateralidade, organização perceptiva e estruturação espaço-temporal MÓDULO 4 Aplicar as provas de praxia global e praxia fina INTRODUÇÃO Neste tema, vamos abordar a importância da anamnese e da avaliação para a construção de um bom projeto terapêutico. Para tal, alguns conceitos se fazem importantes a fim de nortearem nosso entendimento. De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, a Psicomotricidade: “É UMA CIÊNCIA QUE TEM POR OBJETO DE ESTUDO O HOMEM, ATRAVÉS DO SEU CORPO EM MOVIMENTO, NAS SUAS RELAÇÕES COM SEU MUNDO INTERNO E SEU MUNDO EXTERNO” (SBP, s.d.) Devemos estudar as formas, os mecanismos através dos quais este corpo se comunica com esses meios (externo e interno), pois é através das sensações, dos nossos sentidos, que recebemos os estímulos do meio externo. Como nos diz a precursora da Psicomotricidade no Brasil, Beatriz Saboya (apud MATTOS, 2016), “A sensação gera movimento e vice/versa, o sentimento gera emoção e vice/versa, e o pensamento gera a palavra e vice/versa.” O primeiro contato terapêutico é de grande importância e, como você já sabe, chama-se anamnese. Ela deve conter o histórico do paciente, histórico da doença e a queixa principal. No entanto, neste primeiro contato, devemos demonstrar segurança em nossos conhecimentos profissionais, interesse e compreensão pela história do paciente e, com empatia, fazê-lo sentir- se o mais à vontade possível, criando uma relação de harmonia e confiança. A AVALIAÇÃO PSICOMOTORA É REALIZADA PARA QUE POSSAMOS INVESTIGAR AS POSSÍVEIS ALTERAÇÕES QUE ESTARIAM SENDO OBSTÁCULO PARA O BOM DESENROLAR DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NOS ASPECTOS SENSORIAIS, MOTORES, COGNITIVOS, PSICOAFETIVOS E SOCIAIS. PORÉM, ELAS NÃO CONSEGUEM NOS INFORMAR O QUE ESTÁ POR TRÁS DO SINTOMA PSICOMOTOR. ELAS NOS MOSTRAM APENAS COMO ESTÁ O SINTOMA, COMO ELE SE APRESENTA PARA O MUNDO, COMO ELE SE DÁ AOS OLHOS DO OUTRO. A qualidade na avaliação em Psicomotricidade é importante para a confecção de um bom projeto de terapia e deve levar em conta que o sintoma psicomotor é apenas o que o paciente nos deixa ver, pois ele se desenvolve com, para e pelo outro. Após a anamnese, é necessário definir qual ou quais instrumentos de avaliação seriam indicados para determinado caso. Acreditamos que a diferença se faz não no instrumento utilizado, mas sim no olhar lançado sobre o que nos é mostrado. Desta forma, uma avaliação estruturada pode ser de grande riqueza se olhada de forma qualitativa. Essa avaliação sugere uma sequência de atividades formais que tem âncora nos processos mentais fundamentados em um corpo teórico, do qual não podemos abrir mão durante toda a avaliação. MÓDULO 1 Identificar os conceitos psicomotores, categorizando os sintomas e as unidades funcionais de Luria AVALIAÇÃO PSICOMOTORA Qual é o interesse de um fisioterapeuta em conhecer e lançar mão de um instrumento da área da Psicomotricidade em sua avaliação de uma criança? A maior das razões para implementar essa avaliação é pensar no sujeito como ser individual, único e produtor de um saber sobre si, que vai muito além do que um terapeuta pode vir a conhecer desse indivíduo. A questão do diagnóstico diferencial é um ponto crucial para a justificativa do uso de tal instrumento. Até que ponto os sintomas apresentados pelo paciente são de ordem fisiológica, orgânica ou têm suas raízes nas relações psicoafetivas que esse sujeito estabeleceu consigo, com o outro e com o meio, a fim de suportar as pressões de suas vivências relacionais? A NECESSIDADE DE UMA AVALIAÇÃO PSICOMOTORA SURGE QUANDO O SINTOMA DO SUJEITO NÃO ESTÁ ANCORADO, NECESSARIAMENTE, EM DADOS ORGÂNICOS COMPROVÁVEIS POR EXAMES COMPLEMENTARES. Nenhum exame de imagem explica aquela alteração tônica, postural ou motora, contudo, os dados colhidos na anamnese podem apontar para atrasos no desenvolvimento e na aquisição dos marcos posturais na infância, ou para traumas psicológicos, após os quais o sintoma se fez presente. Os estudos de Luria nos mostram que uma alteração, por menor que seja, no funcionamento das três unidades funcionais descritas podem acarretar uma alteração no produto, que é o movimento. Assim, podemos dizer que o sintoma psicomotor tem quatro características: alterações no tônus, alteração no esquema corporal, alteração na imagem do corpo, resultando em alteração do movimento. Esse instrumento de avaliação será abordado nos próximos módulos e você poderá ter uma visão ampliada deste panorama. ASSISTA AGORA AO VÍDEO SOBRE OS ESTUDOS FUNDAMENTAIS SINTOMAS PSICOMOTORES Os sintomas psicomotores foram definidos por Ajuriaguerra (1991) como sendo: “...A FIGURA SOBRE UM FUNDO DESORGANIZADO... O QUE ESTÁ DESORGANIZADO É A IMAGEM CORPORAL, NÃO APROPRIAÇÃO DESTE CORPO PELA CRIANÇA... O QUE A CRIANÇA NOS MOSTRA É SOMENTE PARTE, OU MELHOR, EXPRESSÃO DE UMA DESORGANIZAÇÃO MAIOR... O TRANSTORNO PSICOMOTOR É UMA INQUIETAÇÃO CORPORAL CAUSADA POR UMA EMOÇÃO QUE PERTURBA, DESORGANIZA, ATRAPALHA, QUE ALTERA O VIVER. O TRANSTORNO ESTÁ À VISTA, MANIFESTA-SE NO PRÓPRIO CORPO, ELE SE DÁ A VER. PODERÍAMOS DIZER, ENTÃO, QUE A OBSERVAÇÃO PSICOMOTORA BUSCA IR ALÉM DO SINTOMA, IR ALÉM DO QUE SE VÊ!” (AJURIAGUERRA, 1991). Estes problemas no corpo são visíveis a qualquer olhar e se tornam foco de preocupação ao outro. Para a Psicomotricidade, o corpo da criança é um corpo em relação, que abrange não só a relação com o outro, com o mundo dos objetos, mas também, acima de tudo, consigo mesmo. ATENÇÃO No que diz respeito à classificação dos transtornos psicomotores, Jean Bergès (1987) realiza novas contribuições, segundo ele, as instabilidades, a inibição e a debilidade psicomotoras são expressões do transtorno psicomotor. INSTABILIDADES PSICOMOTORAS A instabilidade define-se como uma certa maneira de articular postura e motricidade, a partir do momento em que a criança está sob o olhar do outro, tentando levar em conta a “imagem” que ela dá a seu próprio olhar. Suas características clínicas podem ir desde a dificuldade em dar continuidade às brincadeiras e às produções corporais, passando pela dificuldade para inibir movimentos, a necessidade de estar sempre em ação com atitudes expansivas e explosivas, inquietação e agitação motoras, impossibilidade ou mesmo incapacidade para relaxar e permanecer quieta, até os descontroles emocional e neurovegetativo ( como sudorese nas mãos, dores de barriga, vontade de urinar, rubor) e os tiques (involuntários, súbitos, rápidos e repetitivos). PARATONIAS A definição de paratonia é a impossibilidade de relaxar voluntariamente um grupo muscular. Divide-se em: PARATONIA DE FUNDO Refere-se ao tônus global e pode ser evidenciada através de mobilizações passivas, onde observamos uma resistência permanente ao movimento, ou seja, não existe uma disponibilidade à movimentação passiva. PARATONIA DE AÇÃO Surge também a partir de uma movimentação passiva, só que em movimentos de certa amplitude, não aparece no início do movimento e sim no seu decorrer, por interrupções, refreamento brusco, definitivo ou transitório. Outras características dos quadros de instabilidade psicomotora são: a presença das sincinesias intensas, difusas e de instalação rápida; a atividade desordenada; a pouca eficácia na realização de trabalhos prolongados; as alterações nas relações interpessoais e a qualidade da atenção fugaz e dispersa, ocasionando alterações perceptivas e enorme dificuldadepara focar a atenção. ATENÇÃO Os transtornos psicomotores não podem ser tratados como uma síndrome unicamente motora. Não podemos deixar de levar em consideração o desenvolvimento afetivo das crianças e suas relações com o meio ambiente e com os outros. Excluem-se de tais transtornos as síndromes, cuja sintomatologia indicada corresponde à existência de lesões focais precisas. As instabilidades se dividem em duas grandes categorias, que se opõem em suas características clínicas: ESTADOS DE TENSÃO ESTADOS DE DEISCÊNCIA Ambas apresentam distintas manifestações, no aspecto motor (o sintoma surge na ação da criança sobre o objeto) e no aspecto postural (o sintoma se expressa sobre o próprio corpo). ESTADO TENSIONAL Esse estado clínico chamado de estado tensional é percebido nas crianças que apresentam as seguintes características: • Estado geral de alerta permanente que resulta em uma alta de tônus generalizada, com presença de paratonia e bloqueios respiratórios (alteração de tônus). • Agitação com movimentos bruscos e explosivos (alteração do movimento). • Corpo vivido como um conjunto de tensões internas; corpo como envolvido em uma armadura tônica, uma barreira que, em sua falência, deixa escapar o movimento (alterações da imagem corporal). Além desses dados clínicos, essas crianças nos mostram seu sofrimento e a construção de seu sintoma também através das manifestações motoras e posturais (alterações no esquema corporal). Estado tensional, armadura tônica. MANIFESTAÇÕES POSTURAIS • Câimbra na escrita. • Paratonia. • Bloqueios respiratórios. • Retenção de gestos; • Estado geral de alerta permanente. • Tiques, tosses nervosas, etiologia de algumas gagueiras. • A criança também tem dificuldade na organização do brincar, do construir. MANIFESTAÇÕES MOTORAS • Grafismo rígido, usando muito tônus na produção gráfica, chegando a ter câimbras. • Grande agitação motora, constante mudança de atividade (grafismo rígido). • Grande tensão. • Grande contração muscular, estados de aumento tônico. • Impulsividade. Essa criança apresentará uma dificuldade muito grande de construir um brincar, pois ela apresenta uma inabilidade motora e uma falta de destreza que conduz à demolição, à destruição, mesmo que não intencional. No entanto, não age sobre quaisquer objetos, age sobre os objetos que têm sentido para o outro, na busca (sempre frustrada) de desviar o olhar do outro para o objeto em questão e, quem sabe, fora deste olhar antecipatório, poder mover- se espontaneamente (porém, não consegue, pois está aprisionada em sua armadura, em seu sintoma). A criança vive em seu corpo com uma sensação de que ele é um conjunto de tensões internas, um corpo cujo envelope é percebido como uma fortaleza, um impedimento ao movimento fluido, uma armadura tônica. A eclosão do movimento nesse quadro de instabilidade representa a falência deste sistema. Este estado tensional é um limitador para o corpo, para suas ações e relações com o meio. ESTADO DE DEISCÊNCIA O estado de deiscência apresenta um quadro clínico oposto ao do estado tensional, revelando as seguintes características: Presença de um estado de baixa tônica generalizada, características tônicas elásticas e flexíveis (alterações do tônus). Certa apatia e palidez. Certa labilidade vascular periférica, fazendo hematomas com facilidade. Movimentos rápidos e lábeis, dando impressão de descontrole das atividades (uma escrita desordenada). A criança esbarra muito nos objetos (alterações no movimento). Corpo é vivido como que sem fronteiras; um corpo sentido como um envoltório sem consistência, feito de falhas. Além desta sensação de incompletude do envelope corporal, há uma sensação de vazio interno que provoca angústia (alterações da imagem corporal). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A instabilidade representa a busca incessante dos limites, a tentativa de estabelecer uma fronteira entre si mesmo e o mundo. Além desses dados clínicos, essas crianças nos mostram seu sofrimento e a construção de seu sintoma também por meio das manifestações motoras e posturais (alterações no esquema corporal). MANIFESTAÇÕES POSTURAIS • Apatia • Estados de baixa tônica (vivência de cansaço) • Características tônicas elásticas e flexíveis Partindo da imagem de um corpo sem fronteiras, podemos observar a expressão do sintoma do estado de deiscência. No caso das manifestações posturais, o “carro-chefe” será as alterações do sistema neurovegetativo (hiper-hidrose palmar, sudorese, ruídos epigástricos, enrubescimento, empalidecimento) e, como podemos constatar, todas estas manifestações ultrapassam, sem o controle do sujeito, as fronteiras do corpo, sendo percebidas pelo outro. Instabilidade psicomotora - estado de deiscência – corpo vivido como sem fronteiras, feito de falhas. MANIFESTAÇÕES MOTORAS • Gestos rápidos e lábeis dando impressão de descontrole das atividades (grafismo desordenado). • Grafismo lábil, porém, preciso (uso de pouco tônus muscular). • Busca incessante dos limites, na tentativa de estabelecer uma fronteira entre si mesmo e o mundo, levando a criança a esbarrar muito nos objetos. A criança vive encostada, colada, esbarrando em algo ou em alguém, na tentativa (sempre frustrada) de sentir o limite de seu corpo, pois, nestes momentos, tem a falsa sensação de fechamento do envelope corporal (fornecido pelo contato momentâneo). No entanto, ao se deparar sozinha, sem tocar em nada ou se encostar a nada, encontra-se tomada pela sensação de vazio interno e de incompletude de seu envelope corporal. Volta, então, a colar- se, a se esbarrar em um moto perpétuo de luta contra o sintoma. O corpo é vivido pelo sujeito como sendo sem fronteiras, um corpo percebido com um envoltório sem consistência, feito de falhas. A instabilidade, neste caso, está representada pela tentativa, sempre frustrada, do fechamento do envelope corporal, buscando o contato permanente com objetos ou com o outro. ATENÇÃO Tanto no estado de deiscência, como no estado de tensão, o problema está relacionado aos limites corpóreos. Por um lado, encontramos as crianças que apresentam uma envoltura a mais (corpo como fortaleza – estado de tensão), por outro, aquelas que percebem seu corpo como que sem envoltura (corpo sem fronteiras – estado de deiscência). No entanto, sabemos que ambas estão, o tempo todo, buscando informações acerca de seus próprios corpos. A INIBIÇÃO PSICOMOTORA No quadro clínico relativo à inibição psicomotora podemos encontrar as seguintes características clínicas: • Crianças quietas demais que ficam tensas com facilidade, demonstram cansaço e fadiga, paralisia, angústia diante das situações (alterações de tônus enquanto postura, atitude). • Corpo e movimentos limitados, que não se prestam à exploração do mundo nem à exploração das relações com o outro. Os movimentos são pobres, comprometidos, em bloco, inibidos, bloqueados (alterações do movimento). • Corpo vivido como se fosse um “objeto bom”, objeto do desejo do outro, sujeitado a este alguém (alterações da imagem corporal). • Inibição, paralisia, angústia diante das situações. • Bloqueio geral, crianças quietas demais. • Os movimentos amplos são evitados, sua expressividade e gestualidade pobre e prejudicada. • A criança se angustia com facilidade. Inibição psicomotora – corpo vivido como “objeto bom” – corpo coisa. • Estas crianças são aquelas que não perturbam nunca, mas não só não perturbam como também não desejam, não lutam pelo que querem, não têm iniciativa, não se defendem, ocupam o lugar de objeto. São extremamente passivas e, por medo e insegurança, tornam-se crianças angustiadas, com receio de se exporem, de perderem o lugar de “objeto bom” e, assim, não terem mais lugar algum. O olhar do outro – que, nas crianças instáveis, aparece controlando, antecipando e cercando suas ações – não está presente nessas crianças, pois precisam servistas de outra forma. Esse olhar esteve presente um dia, mas não o suficiente para sua aceitação fora do lugar de objeto. Elas permanecem com este comportamento, pois é assim que são vistas, esta é a marca de seu comportamento e, para não mexerem com essa dinâmica estabelecida, “se dão a ver para não serem vistas” (LEVIN, 2001). O que não ocorre com as crianças instáveis que “se dão a ver do modo que são vistas”. Segundo Esteban Levin (2001), “as crianças com inibição dissimulam que dissimulam”, isto é, fazem de conta que não querem ser vistas, mas se colocam de tal forma que se fazem notar. Afinal, o que mais querem é serem vistas com um outro olhar! DEBILIDADE PSICOMOTORA Descrita por Dupré, em 1907 (apud AJURIAGUERRA, 1977), como um processo de interrupção do desenvolvimento das funções motoras e mais precisamente do sistema piramidal, a debilidade psicomotora caracteriza-se por alterações no movimento intencional, chegando, muitas vezes, à impossibilidade de realizar voluntariamente a resolução muscular necessária (paratonia). É descrita como um estado patológico do movimento, com mais características no nível neuromotor do que no psicoafetivo, que apresenta alterações e exaltação de alguns reflexos, sincinesias e paratonias. Segundo Ajuriaguerra (1991), é um “estado de insuficiência, de imperfeição das funções motoras consideradas em função de sua adaptação aos atos ordinários da vida”. Debilidade psicomotora – corpo inexperiente, pouco estimulado, imaturo. AS UNIDADES FUNCIONAIS DE LURIA Para que possamos utilizar este instrumento de avaliação psicomotora baseado em Luria, é preciso que tenhamos acesso aos conhecimentos da Neuropsicologia, que irão sustentar a escolha das provas pertinentes à avaliação psicomotora propriamente dita. Luria (1984) aborda a noção de função como um sistema complexo e plástico. As funções psicomotoras e os substratos neurológicos, que são por elas utilizados, passam a ser vistos como sistemas organizados, dinâmicos e complexos. As funções cerebrais têm, a partir desses estudos, uma localização dinâmica, não restrita e estática como tinham até então. As capacidades cognitivas são analisadas e distribuídas em zonas ou centros corticais que, apesar de serem diferentes anatômica e funcionalmente, estabelecem entre si um trabalho sincronizado e dinâmico. As tarefas são consequências de uma harmoniosa e complexa atividade de estruturas corticais e subcorticais que, por um sistema de retroalimentação e referência, caracterizam o “córtex operário”. AS ZONAS RESPONSÁVEIS POR FUNÇÕES SIMBÓLICAS OU PSICOMOTORAS SÃO DISTRIBUÍDAS DE FORMA DISPERSA PELO CÉREBRO, NO QUE DIZ RESPEITO AS SUAS CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS E PSICOLÓGICAS. O CÉREBRO FUNCIONA, SEGUNDO A TEORIA LURIANA, COMO UM SISTEMA TOTALIZADOR QUE OPERA VÁRIAS UNIDADES FUNCIONAIS CONSIDERADAS COMO SUBSISTEMAS. Para Luria, o cérebro é composto de múltiplas estruturas funcionais sistematicamente integradas em três grandes unidades funcionais fundamentais. Essas unidades funcionais participam de todo tipo de atividade mental, quer no movimento voluntário, na elaboração práxica e psicomotora, quer na produção da linguagem falada ou escrita. A classificação apresentada neste tema não irá considerar valor numérico para avaliar a execução da tarefa, buscando observar a qualidade do movimento e da utilização de seu corpo em cena, em uma perspectiva descritiva. O recurso proposto, além do relatório descritivo, compreende a confecção de um gráfico qualitativo, que oferecerá uma representação do perfil psicomotor, de fácil compreensão para pais, escolas e demais profissionais, sendo também um instrumento bastante útil no momento de uma reavaliação. Como observamos no desenvolvimento psicomotor descrito por Gallahue & Ozmun (2001), as habilidades motoras fundamentais devem estar maduras por volta de 6 anos. Isso significa que uma criança a partir dos 6 ou 7 anos deverá realizar, satisfatoriamente, todas as provas propostas no livro desses autores. Para aplicar a avaliação indicada neste tema, a idade mínima estipulada será de 3 a 4, pois é nessa idade que se dá a emergência de tais habilidades e a função motora já é o instrumento da consciência. As estruturas do sistema nervoso responsáveis pelo funcionamento da primeira unidade funcional são o tronco cerebral, o diencéfalo e as regiões médias do córtex. Sua função é a regulação do tônus cortical e postural e dos estados de alerta (sono e vigília), isto é, garantem o processo cognitivo da função da atenção. A formação reticulada assume, segundo Luria, um papel fundamental na motivação e na aprendizagem. Transforma, através do seu poder de integração com os centros superiores, as sensações vindas de várias modalidades sensoriais em uma percepção. Regidos por elas, estão os seguintes fatores psicomotores que iremos avaliar: tônus e equilíbrio. Cérebro e tronco encefálico. As estruturas do sistema nervoso, responsáveis pelo funcionamento da segunda unidade funcional, estão localizadas nas regiões posteriores e laterais do neocórtex – convexidade superficial dos hemisférios cerebrais que contêm as zonas responsáveis pela recepção dos órgãos sensoriais. Isto é, nas regiões: • Occipital (áreas 17, 18 e 19 de Brodmann) - análise visual • Temporal superior (áreas 41, 42 e 22 Br) - análise auditiva • Pós-central parietal (áreas 3, 1 e 2 Br) - analisador tátil e cinestésico, ligado à motricidade. Sua função é específica e suas células nervosas também, dependendo de sua localização (células do córtex visual não são encontradas no córtex auditivo). Essa especificidade celular faz com que estas zonas sejam capazes de processar diferenças sensoriais mínimas, garantindo uma percepção integrada, seletiva e complexa dos estímulos recebidos do meio. Nestas áreas do córtex, temos as áreas corticais sensoriais primárias (que captam os estímulos sensoriais) e as áreas corticais sensoriais secundárias (que percebem, pois analisam, classificam e armazenam tais informações). Diante desta tarefa, podemos identificar os processos cognitivos das sensações, percepções e memórias. Os fatores psicomotores que dependem do funcionamento harmonioso desta unidade funcional são: noção de corpo, lateralidade, organização perceptiva e estruturação espaço temporal. Muita coisa, não é mesmo? Agora, uma pergunta: Será que conseguimos perceber ou mesmo memorizar algo sem prestarmos atenção? Claro que não. Logo, a segunda unidade funcional depende do bom funcionamento da primeira, de acordo? Os cinco sentidos. A terceira unidade funcional de Luria coordena a organização da atividade consciente, ou seja, a programação, regulação e verificação desse tipo de atividade. Está localizada nas regiões anteriores do córtex, à frente do sulco central (áreas pré-central e frontal), região denominada lóbulos frontais, e abrange as funções de programar, regular, verificar, integrar e efetivar (executar) ações motoras voluntárias. É responsável pela função de expressão (sistemas motores eferentes), pelo movimento voluntário, isto é, pelo processo cognitivo de planejamento e execução motora. Aqui, teremos como fatores psicomotores que dependem desse funcionamento as praxias globais e finas. A terceira unidade funcional difere da segunda no sentido da organização. Enquanto a segunda unidade, responsável pelas funções de recepção (sistema sensorial aferente), organiza-se de forma vertical e ascendente (primeiro, ativa as áreas primárias, depois, as secundárias e, por fim, as terciárias), a terceira unidade funcional se organiza de forma vertical descendente. Ou seja, a ativação parte das áreas terciárias para as secundárias e destas para as primárias, sendo que, das últimas, partem os comandos desde os primeiros motoneurônios superiores aos inferiores e desses para os músculos. Na figura abaixo, as áreas da terceira unidade funcional estão em tons de vermelho. As funções corticais de programação, regulação e verificaçãodas atividades conscientes não podem ser vistas de forma separada do instrumento fundamental que é a linguagem, que se tornou o “maior regulador do comportamento humano”. Vamos a mais uma pergunta: será que podemos realizar uma ação motora harmoniosa sem as estruturas que nos fornecem as informações sensoriais? Será eficiente esse movimento se não prestarmos atenção durante sua execução? Claro que não! Assim, vemos a integração das três unidades descritas por esse autor. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Aplicar as provas de tônus e equilíbrio PROVA 1 - TONICIDADE Serão avaliadas duas formas de tonicidade: a de fundo e a de ação. Na primeira, vamos verificar o aspecto da passividade – a capacidade de relaxamento passivo dos membros e suas extremidades distais perante mobilizações, oscilações e balanceios promovidos pelo observador – e o aspecto da extensibilidade ¬– o maior comprimento possível que podemos imprimir a um músculo afastando suas inserções sem causar desconforto. Após a observação do tônus de fundo, de base ou repouso, devemos seguir nossa observação do tônus de ação ou de atitude, investigando: As paratonias, segundo Dupré (apud AJURIAGUERRA, 1977) são a incapacidade de descontração voluntária e podem estar presentes tanto no tônus de repouso como no de ação. As diadococinesias (função motora que permite a realização de movimentos simultâneos e alternados), que põem em cena a coordenação cerebelar. As sincinesias (quando um grupo muscular que não foi convidado para a ação, vem participar dela) com reações parasitas de imitação ou axiais. Para a avaliação de tão importante aspecto psicomotor, optamos pela aplicação do exame de tônus (AJURIAGUERRA, 1991). PROVA 1.1 – PASSIVIDADE O examinando deverá permanecer passivo e relaxado durante a execução das manobras de balanceio realizadas pelo examinador. Membros superiores Serão avaliadas as três articulações dos membros superiores por meio de suaves balanceios. Tronco Imprimir suave balanceio no tronco e observar a extensão da amplitude do movimento (se atinge pernas e pés, por exemplo). Membros inferiores Uma vez que nos foi possível observar a passividade da coxofemoral na avaliação do tronco, vamos nos deter na passividade das demais articulações, a saber: joelho e tornozelo. ASSISTA AGORA AO VÍDEO SOBRE O EXAME DE TÔNUS PROVAS DE PASSIVIDADE PROVA 1.2 – EXTENSIBILIDADE O maior comprimento possível que podemos imprimir a um músculo, afastando suas inserções sem causar desconforto. Membros superiores Serão avaliadas as três articulações dos membros superiores em sua extensibilidade. Tronco Promover um ângulo reto entre membros inferiores e tronco. Membros inferiores Uma vez que nos foi possível observar a extensibilidade da coxofemoral na avaliação do tronco, vamos nos deter na investigação das demais articulações, a saber: joelho e tornozelo. PROVA 1.3 – SINCINESIAS Estas podem variar: NO TIPO Tônica – só aumento de tonicidade Tônica cinética – aumento de tônus com a presença de movimentos NA INTENSIDADE Pouca intensidade Muita intensidade NA LATERALIDADE Normalmente, estão mais presentes no membro do lado dominante quando este está em repouso. PROVA 1.4 – CONTROLE TÔNICO-POSTURAL Estas podem variar: PROVA DE REPERCUTIVIDADE Resposta de sobressalto a estímulo inesperado. INSTABILIDADE POSTURAL javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) De pé, de olhos fechados, braços estendidos para a frente, observar as oscilações anteroposteriores ou laterais; o deslocamento dos membros demonstra instabilidade no estado de repouso. INSTABILIDADE DE AÇÃO De pé, olhos fechados, braços estendidos para a frente, marchar sem sair do lugar ou mover a língua da esquerda para a direita (incitação axial). PROVA 2 – EQUILIBRAÇÃO javascript:void(0) A observação do equilíbrio envolve ajustamentos posturais antigravitários que dão suporte a qualquer ato motor. Pelas provas de equilíbrio estático, podemos observar o grau de controle vestibular e cerebelar da postura. Nosso olhar deverá estar atento aos movimentos faciais, às gesticulações, aos sorrisos, às oscilações, à rigidez corporal, aos tiques e à hiperemotividade. AS PROVAS DE EQUILÍBRIO DINÂMICO IMPLICAM NA ORIENTAÇÃO CONTROLADA DO CORPO EM SITUAÇÕES DE DESLOCAMENTO NO ESPAÇO, ENTRANDO EM CENA A PRÓPRIA ATIVIDADE PIRAMIDAL. NOSSO OLHAR DEVE ESTAR ATENTO PARA OS SINAIS COMO A PRECISÃO, A ECONOMIA E A MELODIA DO MOVIMENTO, CONTROLE, DESTREZA, GRAU DE FACILIDADE OU DE DIFICULDADE, ASSIMETRIAS, REAÇÕES DE BUSCA DE EQUILÍBRIO. Vamos observá-lo nas seguintes condições (FONSECA, 1995): PROVA 2.1 – EQUILÍBRIO ESTÁTICO Posição de Romberg: O sujeito deve estar de pé, braços ao longo do corpo, pés unidos e olhos fechados por 60 segundos (deve ter a capacidade de inibir voluntariamente qualquer movimento durante um curto tempo). O fracasso aqui é a perda de equilíbrio, a abertura dos olhos e as sensações de vertigem ou náusea que impedem a permanência na posição. PROVA 2.2 – EQUILÍBRIO DINÂMICO 2.2.1 – Pular, com os pés juntos, uma corda estendida no chão. O terapeuta demonstra o pulo que deverá ser sem impulso, com os joelhos fletidos. Deve haver propulsão. 2.2.2 – Marcha controlada: Andar em linha reta (2 metros), encostando a ponta de um pé no calcanhar do outro pé. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Aplicar as provas de noção de corpo, lateralidade, organização perceptiva e estruturação espaço-temporal PROVAS DA SEGUNDA UNIDADE FUNCIONAL DE LURIA Os subfatores psicomotores a serem avaliados aqui estão sob responsabilidade da segunda unidade funcional de Luria. Serão utilizadas provas de conhecimento do corpo, organização perceptiva, estruturação espacial e lateralização, como veremos a seguir. PROVA 3 - CONHECIMENTO DO CORPO Aqui, as questões relacionadas aos conceitos fundamentais de esquema corporal e imagem corporal terão um papel muito importante: PROVA 3.1 – CINESTESIA De olhos fechados, a criança deverá nomear pontos no corpo tocados pelo observador. 8 pontos (até 6 anos) ___________________ 18 pontos (após os 6 anos) ___________________ PROVA 3.2 – IMITAÇÃO DE GESTOS Quadro da média de pontos obtidos 3 anos 7 a 12 4 anos 13 a 18 5 anos 17 a 19 6 anos 19 a 20 Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Imagem das provas de imitação de gestos. PROVA 3.3 – CONHECIMENTO DAS PARTES DO CORPO: Nomear e localizar as partes do corpo listadas sobre o próprio corpo e sobre o corpo do outro. Como ensaio, fazer a criança mostrar e nomear a cabeça, os braços e as pernas. Nomear e mostrar as partes do corpo Partes do corpo Nomear no avaliador Mostrar no avaliador 1 – Cabelos 2 – Mãos 3 – Pés 4 – Boca 5 – Orelhas 6 – Olhos 7 – Nariz 8 – Costas 9 – Barriga 10 – Joelhos 11 – Dentes 12 – Calcanhares 13 – Testa 14 – Pescoço 15 - Bochechas Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal QUADRO DA MÉDIA DE PONTOS OBTIDOS Idade Nomear Mostrar 3 anos 8 10 4 anos 17 18 5 anos 20 21 6 anos 24 25 Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PROVA 3.4 – DESENHO DA FIGURA HUMANA (DESENHO DE SI?) Considerações: ___________________ PROVA 4 – ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA E ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL PROVA 4.1 – ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA Tabuleiro vazado de formas (círculo, quadrado e triângulo) PROVA 4.2 – FORMAÇÃO DE UM RETÂNGULO Formar retângulo a partir de dois triângulos dispostos desta forma: PROVA 4.3 – REPRESENTAÇÃO TOPOGRÁFICA Confeccionar, junto com a criança, o mapa da sala (planta baixa) e, em seguida, traçar um trajeto no mapa que deverá ser efetuado pela criança, no espaço. PROVA 4.4 – ESTRUTURAÇÃO RÍTMICA Reprodução rítmica das estruturas abaixo: Obs: Parar após três estruturas erradas sucessivamente. Ensaio: 00 e 0 0 1. 000 2. 00 00 3. 0 00 4. 0 0 05. 0000 6. 0 000 7. 00 0 0 8. 00 00 00 9. 00 000 10. 0 0 0 0 11. 0 0000 12. 0000 13. 00 0 00 14. 0000 00 15. 0 0 0 00 16. 00 000 0 17. 0 0000 00 18. 00 0 0 00 19. 000 0 00 0 20. 0 00 000 00 Fonte: EnsineMe. Simbolização: desenhar as estruturas rítmicas abaixo, batidas pelo observador: Obs.: Parar após duas estruturas erradas sucessivamente. Ensaios: 00 e 0 0 1. 0 00 2. 00 00 3. 000 0 4. 0 000 5. 000 00 6. 0 0 0 7. 00 0 00 8. 0 00 0 9. 0 0 00 10. 00 00 0 Fonte: EnsineMe. Simbolização das estruturas abaixo pela leitura dos cartões: Ensaios: 00 e 0 0 1. 000 2. 00 00 3. 00 0 4. 0 0 0 5. 00 00 00 Fonte: EnsineMe. Quadro da média de pontos obtidos na pesquisa dos autores -Correspondência para a idade Idades Pontos 6 anos 6 7 anos 14 8 anos 19 9 anos 24 10 anos 27 11 anos 32 Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PROVA 5 – LATERALIZAÇÃO PROVA 5.1 – DOMINÂNCIA LATERAL Expressiva: observa-se no “dar tchau”, “bater palmas”, “mandar beijo”. Preferência das mãos Atividades Uso da mão direita Uso da mão esquerda 1. Jogar uma bola 2. Dar corda no despertador 3. Bater um prego com o martelo 4. Escovar os dentes 5. Pentear-se 6. Segurar na maçaneta 7. Assoar o nariz 8. Utilizar a tesoura 9. Escrever 10. Distribuir o baralho Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Dominância ocular Atividades Uso do olho direito Uso do olho esquerdo 1. Sighting 2. Telescópio 3. Luneta Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Dominância pedal Atividades Uso do pé direito Uso do pé esquerdo 1. Chutar a bola 2. Conduzir uma caixa de fósforos com um pé só 3. Retirar a bola do canto da parede Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro geral de dominância lateral Expressiva Manual Ocular Pedal Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PROVA 5.2 – RECONHECIMENTO DIREITA/ESQUERDA Mostrar em si mesmo: – A mão direita ___________________ – A mão esquerda ___________________ – O olho direito ___________________ Mostrar no outro: – Mão esquerda ___________________ – Pé direito ___________________ – Pegar a bola que está na mão direita ___________________ ASSISTA AGORA AO VÍDEO SOBRE O CAMPO PERCEPTIVO VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 4 Aplicar as provas de praxia global e praxia fina PROVA 6 – PRAXIA GLOBAL Nesta prova, entram em cena os grandes músculos, a coordenação e o controle do corpo, seu equilíbrio e suas relações com os objetos. Fique atento à qualidade do movimento realizado pela criança. PROVA 6.1 Saltar com os dois pés juntos para a frente. PROVA 6.2 Saltar sem impulso sobre um elástico (20 cm). PROVA 6.1 Saltar em um pé só (5 m). PROVA 6.4 Coordenação oculomotora • Jogar 5 bolas ao cesto. • Agarrar a bola de tênis com uma das mãos. PROVA 6.5 Coordenação óculo-pedal: cinco chutes a gol. PROVA 6.6 Dissociação de movimentos. Realizar vários batimentos de mãos, pés e mãos e pés, na seguinte sequência: Mãos Pés Mãos e Pés 2MD – 2ME 2PD – 2PE 1MD – 2ME – 1PD – 2PE javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) 2MD – 1ME 2PD – 1PE 2MD – 1ME – 2PD – 1PE 1MD – 2ME 1PD – 2PE 2MD – 3ME – 1PD – 2PE 2MD – 3ME 2PD – 3PE Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Lembramos aqui que o que devemos ressaltar em nossas observações é, sobretudo, a qualidade do movimento que a criança nos dá a ver e não somente se ela realizou ou não a atividade proposta. PROVA 7 – PRAXIA FINA Nestas provas, investigaremos o movimento mais refinado, mais cortical! Aqui no homúnculo de Penfield, podemos ver o tamanho e a representação imensa da mão no córtex: Partindo da consciência da importância das mãos no desenvolvimento do movimento fino, vamos avaliar de forma progressiva, pensando nas idades e suas competências: PROVA 7.1 Construir torre com 6 cubos (3 anos). PROVA 7.2 Fazer um nó (4 anos). PROVA 7.3 Confeccionar uma pulseira de clipes (5, 6 e 7 anos). Obs: Usar 5 clipes para crianças com menos de 6 anos e 8 para as maiores. PROVA 7.4 Diadococinesia: Polegar e outros dedos. Polegar e indicador. PROVA 7.5 Velocidade e precisão: traços no papel quadriculado (a partir dos 6 anos). Quadro da média de pontos obtidos por idade na pesquisa da autora Idade Número de traços (na melhor das mãos) 6 anos 57 7 anos 74 8 anos 91 9 anos 100 javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) 10 anos 107 11 anos 115 Fonte: EnsineMe. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ASSISTA AGORA AO VÍDEO SOBRE A AVALIAÇÃO DO MOVIMENTO ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO Após a análise das respostas dadas às provas do protocolo, devemos elaborar um relatório cujos resultados deverão ser comentados em uma devolutiva com os responsáveis. Este mesmo relatório pode ser encaminhado para os demais profissionais envolvidos no caso. Assim como a escola, portanto, sua linguagem precisa ser acessível para a fácil compreensão daqueles que o receberão, evitando usar muitos termos técnicos (sem suas devidas explicações), pois eles podem ser obstáculos para a compreensão de sua análise. Além dos dados formais, que fazem parte de qualquer relatório (nome completo, data de nascimento, data da avaliação, procedência da indicação, motivo), é preciso justificar o uso deste ou daquele instrumento avaliativo. Busque produzir um relatório descritivo que retrate o perfil de seu cliente avaliado e de sua forma de usar o corpo, assim o leitor poderá visualizar com clareza de quem estamos falando. Uma forma bastante prática e clara de demonstrar os resultados da avaliação, que pode ser inserida após o relatório, é o gráfico qualitativo. O gráfico qualitativo tem a vantagem de não determinar a idade cronológica específica de tal desempenho e retrata a qualidade da realização da tarefa, deixando transparecer os aspectos que devem receber maior investimento em seu projeto terapêutico. Outra utilidade importante do gráfico é a possibilidade de visualizar ganhos qualitativos em uma segunda avaliação. Não esqueça de comentar o gráfico para que fique claro ao leitor sua interpretação dele. Ao final dos comentários, devemos nos colocar disponíveis para a troca profissional e o trabalho interdisciplinar. Por isso, devemos assinar e colocar nosso registro profissional, assim como, nossos contatos. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Tivemos a oportunidade de conhecer mais sobre o cérebro, seu funcionamento e os sintomas psicomotores. Esse conhecimento nos permite realizar um bom diagnóstico diferencial ao recebermos nosso paciente, isto é, quando encaminhar para um psicomotricista ou quando utilizar recursos da Psicomotricidade no tratamento fisioterapêutico. O manejo das provas vistas nos módulos 2, 3 e 4 vai se aprimorando à medida que você as aplicar. Uma estratégia para aprendizado e prática: aplique as provas em membros da família ou amigos. Na certeza de que você absorveu esses conhecimentos, esperamos que tragam um diferencial em sua formação e enriqueçam sua contribuição para a saúde de seus pacientes. A especialista irá falar sobre como fechar um relatório apontando um diagnóstico com base nos testes PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AJURIAGUERRA, J. Manual de psiquiatria infantil. Rio de Janeiro: Masson, 1977. AJURIAGUERRA, J. Manual de psicopatologia infantil. Artes Médicas, 1991. BERGÉS, J & LÉZINE. Teste de Imitação de Gestos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. FONSECA, V. Manual de observação psicomotora. Artes Médicas, 1995. GALLAHUE, D.; OZMUN, J. Compreendendo o desenvolvimentomotor. São Paulo: Phorte, 2001. LEVIN, E. A clínica psicomotora: O corpo na linguagem. Petrópolis: Vozes, 2001. LURIA, A. R. Fundamentos da neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1984. MATTOS, V. Avaliação psicomotora. Rio de Janeiro: SESES, 2016. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema, leia: O artigo Contribuições da Neuropsicologia de Alexsander Romanovich Luria para o debate contemporâneo sobre relações mente-cérebro, publicado em 2010, no periódico Mnemosine. Dessa forma, obtenha mais informações acerca da contextualização biográfica e filosófica da neuropsicologia de Luria. O artigo Desenvolvimento humano, organização funcional do cérebro e aprendizagem no pensamento de Luria e de Vygotsky, da professora da Universidade do Estado de Santa Catarina, Neli Klix Freitas, que aborda questões relacionadas ao desenvolvimento humano e à organização funcional do cérebro, de acordo com as contribuições de Luria e de Vygotsky. O texto foi publicado em 2006 na revista Ciências & Cognição. O artigo Avaliação psicomotora de escolares do 1º ano do ensino fundamental, de Taís de Lima Ferreira, Amanda Bulbarelli Martinez e Sylvia Maria Siasca, publicado na revista Psicopedagogia, em 2010. Assim, obtenha uma perspectiva prática sobre o tema. CONTEUDISTA Vera Lucia de Mattos Nogueira CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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