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1 Clínica Médica e Terapêutica de Grandes Animais II | Medicina Veterinária | afecções A odontologia equina é uma área que se encontra em ascensão, possui grande influência da saúde oral no bem- estar animal e na sua performance esportiva. A prática odontológica requer inspeções periódicas, entre 6 e 12 meses, e não possui intuito estético. Os cavalos em vida livre costumam passar 14 a 18 horas por dia se alimentando, este alimento chega bem triturado em seu trato digestivo. Sua alimentação mudou quando passou a ser criado em estábulos, sua alimentação que antes era baseada em capim fresco passou a ser feno e concentrado, que causam maior desgaste nos dentes e ficam disponíveis em alguns momentos do dia. Os equinos são epsiodontes, ou seja, desde o seu desenvolvimento já possui o tamanho do dente definido que irá erupcionar durante a vida. Eles também são heterodontes, possuem a dentição diferentes entre si (incisivos, caninos, pré-molares e molares). Normalmente as éguas possuem os caninos não irrompido, mas quando presentes, apresentam-se nas arcadas inferiores, com uma coroa clínica pequena e vestigial. Os cavalos são difiodontes, isto é, a primeira dentição é decídua ou primária, e a segunda é permanente ou definitiva. Anatomia, fisiologia e mecânica da mastigação: O cavalo faz um movimento lateral da mandíbula, esfregando o alimento entre os dentes, principalmente os molares e pré-molares. A quebra do alimento é feita pelo atrito que ocorre na superfície dos dentes molares e pré- molares, que possuem de 11 a 15 cristas. Avaliação de idade pelo exame dentário: A erupção e o atrito das arcadas dentarias possibilitam o médico veterinário estime a idade do cavalo. Em cavalos jovens, com menos de 6 anos, a erupção dos dentes, principalmente dos incisivos, torna possível estimar a idade com muita segurança. Em cavalos acima dos 6 anos a estimativa é feita pelo desenvolvimento e desgaste dentário para chegar a uma “idade aproximada”. Tecidos dentários: Os dentes dos equinos são constituídos por uma porção dura (esmalte, dentina e cemento) e uma mole (polpa). O esmalte é o tecido orgânico mais rígido, a sua perda torna os dentes mais frágeis. A polpa dentaria é uma região macia e várias terminações nervosas, que quando afetada causa dor. Sistema Triadan: É o sistema utilizado na odontologia para nomenclatura dos dentes. 2 Clínica Médica e Terapêutica de Grandes Animais II | Medicina Veterinária | A boca é dividida em 4 quadrantes: 1° superior direito, 2º superior esquerdo, 3º inferior esquerdo e 4º inferior direito. Os cavalos afetados podem soltar alimentos parcialmente mastigados, acumular os alimentos na bochecha, alimento pouco digerido presente nas fezes (maiores que 4 mm), em casos extremos apresentam perda de peso. Para realizar o exame e tratamento odontológico é essencial o uso do “abridor de boca”, que permitirá a avaliação da cavidade oral completa. Antes de sedar o paciente deve ser feito uma inspeção avaliando a movimentação natural da mastigação e o ruído, a simetria da cabeça, movimentação de estresse, palpação externa das pontas dentarias, palpação interna das pontas dentarias. Se houver grandes suspeitas pode ser realizado a radiografia antes da sedação. Após a sedação é realizada a inspeção com o uso do “abridor de boca”, de forma mais detalhada. É usado também suspensores para cabeça, espelhos, afastadores, horoscópio, gabarito (usado no exame oclusal para avaliar o ângulo da mordida). Realizar o teste de deslizamento lateral. As pontas de esmalte se desenvolvem preferencialmente na face vestibular dos dentes molares superiores e na face lingual dos dentes molares inferiores. Podendo atingir os tecidos moles da cavidade oral provocando lacerações, no vestíbulo ou na língua, durante a mastigação. Isso ocorre porque os cavalos são anisognata, ou seja, possuem a arcada dentaria superior são 20 a 30% mais largos que os inferiores. As rampas são o alongamento vertical do bordo rostral dos segundos pré-molares inferiores e do bordo caudal dos últimos molares. Já os ganchos são projeções para além da superfície oclusal que possuem grande declive. Ambos são resultados do desgaste indevido de zona de dentes que originam projeções terminais e que podem lesar a língua e a mucosa das bochechas durante a mastigação. Acomete os dentes 106, 206, 311 e 411. A rampa é um declive mais uniforme, o gancho tem um desgaste completo de uma parte do dente e o final com esmalte integro formando uma ponta. 3 Clínica Médica e Terapêutica de Grandes Animais II | Medicina Veterinária | São descritas em equinos com idade avançada, ocorre uma dominância durante a mastigação de dente sobre o outro. Eles são formados quando ocorre a falta de contato com o dente oposto. Normalmente quem exerce a dominância é um dente da arcada superior. Quando não corrigida, pode diminuir a mastigação, bloqueio mecânico e por dor. Quando ocorre a má coaptação dos dentes incisivos e/ou pré-molares e molares. As principais causas deste problema são genéticas, traumas, falta de coordenação nas taxas de erupção e desgaste dos dentes. As formas mais frequentes são o Braquignastismo e o Prognatismo. Também ocorre o Desvio diagonais, acomete os incisivos, mas podem ter repercussão para os dentes pré-molares e molares. São espaços interdentários detectáveis entre dentes adjacentes. Podem ter como origem a ausência de um dente, ou mesmo ser um espaço natural entre duas peças dentarias. Podem ser classificados como: abertos (permitem a entrada e a saída do alimento) e fechado (o alimento entra mas não sai). Ocorre principalmente entre os pré-molares. A presença de alimento faz com que o diastema aumente. A presença de alimentos secos, como o feno, faz com que aumente a atividade de osteoblastos e osteclastos, que remodelam a arcada dentária. O diagnóstico pode ser feito com radiografia. Usar molde de silicone para preencher o diastema, deve ser realizado a manutenção periódica. É o primeiro pré-molar, um dente vestigial da dentição definitiva. Sua erupção ocorre entre os 6 e 18 meses, sendo mais característicos o seu aparecimento nos machos, na arcada dentária superior. Ele possui menos fixação ao osso alveolar, mas possui inervação e irrigação sanguínea (artéria e veia palatina maior). A sua extração é recomendada para evitar a dor ao usar embocadura. 4 Clínica Médica e Terapêutica de Grandes Animais II | Medicina Veterinária | Ocorre entre os 2 e 4 anos de um equino, quando ocorre a transição de dentição. A retenção dos dentes de leite pode originar o atraso na erupção dos dentes permanentes e, consequentemente, provocar o desenvolvimento de cistos. Os animais apresentam alguns sinais como irritação da mucosa oral, queda de alimento da boca, interfere com a embocadura e disfagia temporária. Têm origem em infecções bacterianas primarias, que desencadeiam uma serie de eventos, terminando na destruição do tecido calcificado do dente. Resultando da ação dos microrganismos sobre os carboidratos, sendo que os ácidos resultam da fermentação dos mesmos pelas bactérias comensais da cavidade oral do equino levando a uma progressiva descalcificação do dente com subsequente destruição da matriz orgânica. Consequência da impactação de material orgânico, geralmente alimento, nas irregularidades dentarias, resultando em necrose, proliferação bacteriana e invasão dos tecidos periféricos. As cáries afetam quaisquer superfícies dentarias, que as predispõe a fraturas. Classificação: Grau 0: sem evidência de cáries a um nível macroscópico, podendo ocorrer hipoplasia do cemento. Grau 1:apenas afetam o cemento, com manchas escuras que corresponde a escavações superficiais até uma extensa destruição com perda de cemento. Grau 2: estende-se além do cemento, afetando o esmalte adjacente. Grau 3: estende-se além do cemento, afetando o esmalte e a dentina. Grau 4: afetam a integridade do dente. Grau 5: resultam na perda do dente. Podem resultar de traumatismo externos provocados por coices, vícios de mordedura (qualquer objeto inanimado). O cavalo apresenta dificuldade na mastigação, queda dos alimentos da boca, presença de edema e halitose, todavia existem equinos assintomáticos. Pode ocorrer em qualquer caso de má coaptação das arcadas dentária.