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2 Infecção do Trato Urinário

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Laura R. T6 
 
1 FPM VI 
Infecção do Trato Urinário
DEFINIÇÃO 
 ITU é definida pela presença de germe patogênico único no 
sistema urinário associada a processo inflamatório 
sintomático 
 A importância da patologia reside na possibilidade de 
evolução para cicatriz renal, em caso de pielonefrite e 
urosepsis nos lactentes 
EPIDEMIOLOGIA 
 8% das meninas e 2% dos meninos menores de 7 anos de 
idade, com alto risco de recorrência dentro de 12 meses do 
episódio inicial 
 Há maior incidência no primeiro ano de vida, estimada em 
cerca de 1,4% para o sexo masculino 
 Após essa idade ocorre queda brusca de incidência nos 
meninos, porém mantendo-se relativamente alta nas 
meninas até 7 anos de idade 
 30% das meninas apresentam um novo episódio dentro do 
primeiro ano após o episódio inicial 
 50% apresentam recidiva em 5 anos, algumas delas 
apresentando recidiva em série 
 Nos meninos, as recidivas variam em torno de 15-20%, 
sendo raras após o primeiro ano de vida 
 Fatores predisponentes: malformações do TU, refluxo 
vesicoureteral e disfunção vesical e intestinal. 
Principalmente nos lactentes a ITU pode sinalizar a 
existência de uma alteração estrutural subjacente 
 Em serviços de urgência, lactentes com febre acima de 
38,5° C de origem não determinada apresentam uma 
prevalência global de ITU de cerca de 3,3% 
 Alguns fatores elevam esse percentual diagnóstico: dor à 
palpação da região abdominal ou suprapúbica (13%), cor 
branca (10%), história prévia de ITU (9%), urina com mau 
cheiro (9%), meninos não circuncisados (8%), lactente 
toxemiado (6%), sexo feminino (4%) e febre acima de 39°C 
(4%). 
QUADRO CLÍNICO 
 ITU pode ser dividida em: 
a) Cistite: infecção urinária baixa 
a. Disúria, polaciúria e urgência 
b) Pielonefrite: acometimento do parênquima renal 
a. Febre, prostração e dor lombar 
c) Bacteriúria assintomática: crescimento bacteriano 
significativo na ausência de sintomas clínicos, sem 
evidências que suportem a necessidade de 
tratamento 
a. Em RNs apresenta-se como um quadro 
séptico, com manifestações inespecíficas 
como insuficiente ganho de peso, anorexia, 
vômitos, dificuldade de sucção, 
irritabilidade, hipoatividade, convulsões, 
pele acinzentada e hipotermia 
b. Quadro menos agudo: recusa alimentar, 
vômitos ocasionais, palidez cutânea e 
icterícia 
c. Nesse grupo etário há alta probabilidade de 
bacteriemia (via hematogênica de 
disseminação bacteriana, com alta 
mortalidade 10%) 
Apresentação clínica é amplamente variável, dependendo da 
faixa etária e da localização da infecção. 
 Neonato e menores de 3 meses: sepse/bacteriemia, 
vômitos, hipoatividade, icterícia, pouco ganho ponderal, 
hipotermia/febre 
 Lactentes: febre pode ser o único sinal clínico. Pode 
ocorrer hiporexia, vômitos, dor abdominal e ganho 
ponderoestatural insatisfatório. Raramente há sinais ou 
sintomas ligados ao TU. 
 Crianças maiores podem apresentar um quadro mais típico 
 Pré-escolares e escolares: a febre também é um sinal 
frequente associado aos sinais e sintomas relacionados ao 
TU. 
o Cistite: enurese (incapacidade de conter a 
micção), urgência, polaciúria, disúria, 
incontinência e/ou retenção urinária com urina 
fétida e turva 
o Pielonefrite aguda: quadros com maior 
acometimento do estado geral, adinamia, 
calafrios, dor abdominal e nos flancos 
o Diagnóstico diferencial: BALANOPOSTTES E 
VULVOVAGINITES também podem estar 
relacionados com disúria (dor e desconforto ao 
urinar). Podem levar a resultados falso-positivos 
no exame de urina 
 Adolescentes: disúria, polaciúria e dor à micção, podendo 
ocorrer também urgência miccional, hematúria e febre 
o Adolescentes do sexo feminino e mulheres 
jovens: Sd. da disúria-frequência  queimação 
ao urinar, desconforto suprapúbico e frequência 
urinária aumentada. Início da atividade sexual 
pode ser acompanhado de surtos de ITU 
 
Laura R. T6 
 
2 BBPM VI 
 
DIAGNÓSTICO 
CLÍNICO 
 História clínica detalhada, exame físico completo, 
incluindo o crescimento ponderoesttural e o 
desenvolvimento neuropsicomotor 
 A palpação abdominal pode revelar estruturas indicativas 
de rins ectópicos, a presença de fecalomas e a palpação 
das lojas renais um aumento de volume dos rins, como 
hidronefrose 
 A persistência de bexiga palpável após a micção sugere 
processo obstrutivo anatômico ou disfunção do TU inferior 
 Na pielonefrite aguda, a punho-percussão lombar revela 
desconforto a forte reação dolorosa (Giordano positivo). 
 O exame da genitália externa avalia sua conformação 
anatômica, a aparência e localização do meato da uretra, 
o hímen e sinéquia de pequenos lábios nas meninas 
(conduta expectante) e, estreitamento do prepúcio, que 
dificulta ou impede a exposição do meato uretral nos 
meninos. 
 É importante a observação do jato urinário para avaliar a 
continuidade, o volume a força de expulsão 
o Gotejamento urinário e jato fino e curto podem 
sugerir obstrução baixa, disfunção vesical ou 
válvula de uretra posterior nos meninos 
o A perda constante de urina, observada durante o 
exame físico, sugere ureter ectópico ou alteração 
funcional da bexiga. 
 Examinar a região sacral verificando desvios da fenda 
glútea, manchas, presença de pelos, fossetas e lipomas, 
que podem estar associados à bexiga neurogênica 
 É importante mensurar a pressão arterial 
LABORATORIAL 
 Adequada coleta de urina é essencial 
 Sempre avaliar as condições de higiene e normalidade da 
genitália, coletar a amostra no laboratório, procedendo à 
limpeza da genitália com água, sem antissépticos Pode-se 
usar sabão ou sabonete comum para limpeza, mas deve 
ser totalmente removido com água 
 Pacientes com controle miccional: jato médio é o modo 
ideal para ambos os sexos, com intervalo mínimo de 2 
horas desde a última micção 
 Pacientes sem controle miccional, 4 maneiras: 
1. Eliminação espontânea: uma técnica para conseguir 
uma micção espontânea com maior rapidez consiste 
em usar algodão ou gaze embebido em soro fisiológico 
frio ou gelado para fazer estimulação na região 
suprapúbica. Deve-se deixar a criança em decúbito 
dorsal e fazer a higiene habitual da genitália. O 
responsável pela coleta posiciona o frasco aberto em 
uma das mãos e com a outra faz movimentos 
circulares suaves acima da sínfise púbica do bebê 
durante 5 minutos. Colher a urina logo após a saída do 
primeiro jato urinário (jato médio). Essa técnica 
permite que a coleta seja bem-sucedida em cerca de 
60% dos casos por meio de micção reflexa, que se 
assemelha à técnica de coleta por jato médio. 
2. Saco coletor: deve haver os cuidados de higiene e 
perfeita adaptação do adesivo no contorno da 
genitália e com trocas a cada 30 minutos, até que 
amostra de urina seja obtida. É a técnica mais fácil e 
mais frequentemente usada, principalmente nos 
cuidados primários, porém tem alta taxa de culturas 
falso-positivas devido à contaminação por bactérias 
da região periuretral. A cultura negativa por esse 
método é confiável. 
3. Cateterismo vesical: alguns autores e protocolos 
preconizam este método como rotina na coleta de 
urina. É um método invasivo, agressivo, podendo lesar 
a mucosa uretral, oferece menos segurança, é 
desconfortável para a criança, estressante para os pais 
e é pouco prático, considerando o grande número de 
exames que são realizados. Quando indicado deve ser 
feito obrigatoriamente por profissional treinado para 
o procedimento. O cateterismo vesical está indicado 
nas crianças com retenção urinária, desde que não 
apresentem vulvovaginite ou balanopostite. Se as 
condições da genitália não permitirem uma coleta 
confiável, a punção suprapúbica deverá ser usada 
4. Punção supra púbica (PSP): método invasivo, embora 
seja uma prática segura especialmente quando 
executada por especialista e guiada por 
ultrassonografia. A PSP está indicadanos casos em 
que a coleta por via natural suscita dúvidas (diarreia 
aguda, dermatite perineal, vulvovaginites e 
balanopostites). A técnica consiste em introduzir, após 
 
Laura R. T6 
 
3 BBPM VI 
assepsia rigorosa, uma agulha montada em seringa, 2 
cm acima da sínfise pubiana, em ângulo de 10-30 
graus da perpendicular, a uma profundidade de 2-3 
cm, fazendo pressão negativa no êmbolo 
 É importante que a urina seja imediatamente processada 
com semeadura para cultura, pesquisa de bactérias pelo 
método de coloração peo gram na gota de urina não 
centrifugada e exame de rotina (EAS) 
 A suspeita de ITU é baseada na história clínica e no exame 
físico. O diagnóstico é confirmado pelos resultados 
laboratoriais 
 A confirmação da ITU é feita pela cultura da urina, que 
evidenciará a proliferação significativa de microrganismos 
no TU 
 Outros exames laboratoriais, como hemograma e PCR, 
podem estar normais ou apresentar alterações indicativas 
de uma infecção bacteriana aguda, principalmente nas 
pielonefrites e em crianças de mais baixa idade. 
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 
EXAME DE URINA ROTINA 
 A presença de leucócitos/ piócitos (piúria) é muito 
sugestiva de ITU, principalmente grupos de piócitos 
 Considera-se piúria a presença de 5 ou mais leucócitos por 
campo microscópico em grande aumento (400 vezes) ou 
mais de 10 mil piócitos por mL 
 O valor preditiVo de piúria varia entre 40-80%, podendo 
estar ausente em cerca de 23-50% dos pacientes com 
bacteriúria e ITU 
 A presença de cilindros piocitários sugere processo 
pielonefrítico, acometimento infeccioso do parênquima 
renal 
 Diagnóstico diferencial para leucocitúria, geralmente com 
poucos leucócitos: febre, desidratação grave, inflamação 
de estruturas contíguas como na apendicite, injúria 
química no TU, glomerulonefrites e tumores 
 O teste da esterase leucocitária na fita reativa (dipstick) 
detecta a presença de mais de 5 leucócitos por campo de 
grande aumento, e o teste da conversão do nitrato em 
nitrito detecta, indiretamente, a presença de bactérias 
gram negativas na urina, com pelo menos 4 horas desde a 
última micção. Em conjunto, a positividade na fita reativa 
para nitritos (teste do nitrito positivo) e para esterase 
leucocitária é fortemente sugestiva de ITU (sensibilidade 
= 93% e especificidade = 72%). 
 Outros achados: 
o Baixa densidade urinária 
o pH alcalino (infecção pelo Proteus = possui 
habilidade de desdobrar a amônia, alcalinizando a 
urina) 
o Albuminúria transitória (fase febril, pielonefrite) 
o Hematúria microscópica 
PESQUISA DE BACTÉRIA EM GRAM DE GOTA DE 
URINA NÃO CENTRIFUGADA 
 Possui alta sensibilidade e especificidade, baixo custo, 
pronta e fácil realização 
 Presença de uma ou mais bactérias gram negativas na gota 
 bacteriúria 
 Auxilia no DG de ITU, pode ser empregado para controle 
do tratamento da ITU e quando os pacientes estão em uso 
de quimioprofilaxia 
IDENTIFICAÇÃO E CONTAGEM DE BACTÉRIAS PELA 
UROCULTURA 
 O diagnóstico de ITU é confirmado pela bacteriúria 
significativa, que é a presença na urina de um número 
igual ou superior a 100.000 UFC de uma única bactéria. 
 Achado inferior a 10.000 UFC  é considerado negativo, 
representando a flora ou população bacteriana usual da 
uretra anterior 
 Entre 10.000-100.000 UFC  um exame duvidoso, 
devendo ser repetido 
 
 A MAIORIA DOS EPISÓDIOS DE ITU É CAUSADA POR 
BACILOS GRAM-NEGATIVOS AERÓBICOS, CONHECIDOS 
COMO ENTEROBACTÉRIAS: 
o Escherichia, Klebisiella, Enterobacter, 
Citrobacter, Proteus, Serratia e outros menos 
frequentes 
o Escherichia coli  80-90% dos casos no primeiro 
surto de ITU 
o Proteus  30% dos meninos com cistite 
o Staphylococcus saprophyticus  proporção 
similar em adolescentes de ambos os sexos 
 
Laura R. T6 
 
4 BBPM VI 
 Em pacientes com obstrução do TU, bexiga neurogênica e 
litíase renal as bactérias mais comumente envolvidas são: 
Proteus, Pseudomonas, Enterococus, Staphylococcus 
aureuaus, Staphylococcus epidermidis e, com menos 
frequência, a Escherichia coli 
CAUSAS MAIS FREQUENTES DE ERROS NA 
REALIZAÇÃO E ANÁLISE DAS UROCULTURAS: 
 Falso-positivo: 
o Coleta inadequada 
o Demora no processamento de urina 
o Contaminação vaginal ou bálano-prepucial 
 Falso-negativo: 
o pH urinário abaixo de 5 
o diluição urinária (densidade menor que 1.003) 
o contaminação com agentes bacteriostáticos 
usados na genitália 
o pacientes em uso de antimicrobianos 
o curto período de incubação urinária na bexiga 
o obstrução total do ureter que drena o rim afetado 
o bactérias de difícil crescimento: lactobacilos, 
difteoides, micoplasma 
 outros exames laboratoriais, como hemograma e PCR, 
podem estar normais ou com alterações indicativas de 
uma infecção bacteriana aguda, principalmente em 
crianças de idade mais baixa. A presença de leucocitose e 
de PCR elevada sugere pielonefrite aguda 
BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA 
 Mais comum em meninas 
 Presença de bacteriúria significativa em crianças sem 
nenhuma sintomatologia relacionada à infecção urinária 
 A bacteriúria assintomática é caracterizada por 3 
uroculturas consecutivas com bacteriúria significativa em 
um período de 3 dias a 2 semanas 
 Pode ser transitória ou persistente 
 Em meninas com bacteriúria assintomática transitória, 
95% apresentam normalização dos exames em 12 meses, 
sem qualquer tratamento. Geralmente a bacteriúria 
desaparece em dias ou semanas e dificilmente recidiva 
 Já a bacteriúria assintomática persistente tende a 
permanecer por anos seguidos. É comumente encontrada 
em crianças portadoras de meningomielocele, bexiga 
neurogênica e que necessitem de cateterismo vesical de 
repetição. 
 As crianças com bacteriúria assintomáticas não devem 
ser tratadas, pois podem desenvolver ITU sintomática e 
muitas vezes com germes de virulência maior 
 
TRATAMENTO 
ABORDAGEM DA CRIANÇA COM INFECÇÃO DO TRATO 
URINÁRIO CONFIRMADA 
 OBJETIVOS: 
o Resolução dos sintomas agudos da infecção 
o Reconhecimento imediato de bacteriemia 
concomitante, particularmente em bebês com 
menos de 2 meses de idade 
o Prevenção de dano renal pela erradicação do 
patógeno bacteriano 
o Identificação de anormalidade do TU 
o Prevenção de infecções recorrentes 
 O pediatra deve reconhecer os pacientes de alto risco de 
lesão renal, aliviar os sintomas, erradicar o agente 
infeccioso, prevenir recorrências e identificar anomalias 
funcionais e anatômicas do trato urinário. 
ALÍVIO DOS SINTOMAS: 
 Dor e febre  analgésicos e antitérmicos em doses usuais 
 Disúria intensa antiespasmódico 
 Manifestações sistêmicas, como baixa aceitação por VO e 
vômitos, com distúrbios hidroeletrolíticos ou acidobásicos 
 reidratação oral ou parenteral 
TRATAMENTO ERRADICADOR: 
 Adaptar de acordo com a idade, gravidade e localização da 
infecção 
 Antibiótico  escolha do agente baseada nos padrões de 
sensibilidade antimicrobiana do local e deve ajustar a 
escolha de acordo com o teste de sensibilidade do 
uropatógeno isolado 
 A antibioticoterapia deve ser iniciada imediatamente 
após a coleta da urina, pois a demora para começar o 
tratamento é fator de risco para o aparecimento de lesão 
renal. 
 Crianças acima de 3 meses de vida, sem sinais de toxemia, 
com estado geral preservado, hidratadas e capazes de 
ingestão oral: devem receber tratamento ambulatorial 
 Febre alta, toxemiadas, desidratadas e com vômitos 
persistentes: o tratamento inicial deve ser com a criança 
hospitalizada 
 Os recém-nascidos são considerados portadores de ITU 
complicada ou potencialmente grave, devendo iniciar o 
tratamento em nível hospitalar. 
 Nos lactentes jovens a internação para o tratamento inicial 
também deve ser considerada. 
 A bactéria que mais frequentemente causa infecção é a E. 
coli, seguida das outras enterobactérias. Portanto, deve 
serescolhido ATB de espectro adequado, não 
 
Laura R. T6 
 
5 BBPM VI 
nefrotóxico, de boa eliminação renal, de sabor agradável 
e administrado por VO 
 As cefalosporinas de primeira geração, a associação 
sulfametaxazol + trimetoprim e a nitrofurantoína são 
medicamentos que geralmente preenchem esses 
requisitos 
 
 A melhora do estado geral e o desaparecimento da febre 
em 48-72h são indicativos de boa resposta ao tratamento 
instituído. Caso não haja resposta clínica nesse período, 
fazer urocultura para modificação terapêutica 
 Tempo médio de tratamento: 10 dias (7-14 dias) 
 Para as crianças com grave acometimento do estado 
geral, especialmente lactentes, com vômitos, 
desidratados e com distúrbios metabólicos, é necessário 
iniciar o tratamento parenteral até que as condições 
clínicas possibilitem a troca para a medicação via oral. 
Nesse caso, as opções de antibioticoterapia podem ser: as 
cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou 
ceftazidima), ou secundariamente os aminoglicosídeos 
(gentamicina ou amicacina) 
 Os raros casos de infecções por Pseudomonas sp. 
predominam entre os pacientes portadores de alterações 
graves do trato urinário, após instrumentação do trato 
urinário ou naqueles em uso de cateterismo vesical limpo. 
Quando for necessário o tratamento, as quinolonas são 
geralmente eficazes. Fluoroquinolomas não são indicadas 
para tratamento de ITU não complicada em todas as faixas 
etárias porque risco supera benefício. Outra opção: 
cefalosporinas combinadas com aminoglicosídeo 
 Infecções por Pseudomonas  mais graves, 
acometimento sistêmico 
 Fungos são importantes agentes de ITU em neonatos, 
logo o uso de ATB em RNs segue uma orientação diferente. 
o Deve-se iniciar o tratamento, como para a sepse 
precoce, com a associação de penicilina ou 
ampicilina com aminoglicosídeo. 
o Staphylococcus ou Enterococcus: vancomicina 
com aminoglicosídeo 
o Candida: anfotericina. Outra opção é fluconazol 
isolado ou associado com flucitosina 
o Cefalosporinas de 3ª geração: serão usadas 
conforme a identificação do germe e sua 
sensibilidade 
TRATAMENTO PROFILÁTICO: 
 Profilaxia consiste na administração de doses 
subterapêuticas de antibióticos ou quimioterápicos com a 
finalidade de manter a urina estéril e tentar prevenir 
recidivas de ITU, para diminuir o risco de possíveis lesões 
adquiridas do parênquima renal, embora haja estudos que 
não corroboram essa afirmativa. 
 Indicações: 
o Depois de completado o tratamento da ITU e no 
decorrer da investigação de possíveis alterações 
morfofuncionais do trato urinário. 
o Quando do diagnóstico de anomalias obstrutivas 
do trato urinário até a realização da correção 
cirúrgica. 
o Na presença de refluxo vesicoureteral (RVU) de 
graus III a V. 
o Nos casos de refluxo de graus I ou II, com ITU de 
repetição ou com cintilografia estática alterada. 
o Nas crianças que apresentem recidivas 
frequentes da ITU, mesmo com estudo 
morfofuncional do trato urinário dentro da 
normalidade; nesses casos, deve ser utilizada por 
período de 6-12 meses, podendo, quando 
necessário, prolongar-se o tempo de uso. 
 Existe uma boa segurança com as drogas sugeridas, 
sobretudo com nitrofurantoína e com a associação 
sultametoxazol + trimetoprim. Entretando, devido aos 
efeitos colaterais dessas drogas nos primeiros dias de vida, 
elas só devem ser iniciadas em torno de 2 meses de idade, 
sendo que até está época estão indicadas cefalosporinas 
de primeira geração 
o < 2 meses  cefalosporinas de 1ª geração 
o > 2meses  nitrofurantoína, sulfametoxazol + 
trimemtoprim 
 
Laura R. T6 
 
6 BBPM VI 
 
AVALIAÇÃO MORFOFUNCIONAL DO TU 
 Livre fluxo de urina é a principal condição de defesa do 
trato urinário contra invasão, fixação e multiplicação 
bacteriana 
 Indicação para Investigação por imagens: após o 1º 
episódio bem documentado de infecção urinária, em 
qualquer idade e para ambos os sexos 
o Justifica-se pela frequente associação de ITU a 
anomalias do TU, principalmente o RVU e os 
processos obstrutivos 
 Exames: ultrassonográficos, radiológicos, cintilográficos, 
urodinâmicos e urológicos 
ULTRASSONOGRAFIA 
 É um método seguro, não invasivo, sem efeitos colaterais, 
de baixo custo, com capacidade de rastreamento do trato 
urinário superior e inferior, e pode ser realizado na fase 
aguda do processo. 
 Permite avaliação da dinâmica das vias de drenagem e da 
micção 
 Exame observador-dependente 
EXAMES RADIOLÓGICOS 
URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL 
 É o método que melhor define a morfologia do trato 
urinário inferior, com avaliação da uretra, da bexiga e dos 
ureteres (quando há RVU). 
 Método invasivo que requer colaboração da criança de 
maior idade 
 A uretrocistografia miccional (UCM) deve ser realizada 
somente após o término do tratamento erradicador, para 
evitar a disseminação da infecção e com a criança em uso 
de antibioticoprofilaxia para reduzir os riscos de ITU 
iatrogênica. 
UROGRAFIA EXCRETORA 
 Indicações restritas (malformações complexas com a 
possibilidade de abordagem cirúrgica) 
 Apresenta riscos com o uso de constraste iodado, carga 
elevada de radiação, e requer preparo emocional do 
paciente para sua realização 
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA E ANGIORREOSSONÂNCIA 
DOS VASOS RENAIS 
 Exames de grande acurácia para identificação da anatomia 
do trato urinário, e estudo dos vasos renais, 
principalmente na identificação de vasos anômalos que 
fazem compressão ureteral. 
 Custo elevado 
 Envolve sedação 
EXAMES DE MEDICINA NUCLEAR 
 Em geral apresentam irradiação menor que os exames 
radiológicos, são muito precisos na determinação de 
lesões do parênquima renal e na avaliação da função renal 
individualizada. São de valor na avaliação das obstruções 
ureterais como nas estenoses da junção ureteropélvica 
(JUP). 
 Cintilografia renal estática (lesões corticais agudas) 
 Cintilografia renal dinâmica (indicada nos casos de ITU 
associada à hidronefrose) 
 Cistografia radioisotópica direta é empregada para a 
avaliação da presença do RVU. 
ESTUDO URODINÂMICO 
 Consiste na avaliação urológica da função vesical para 
estudar a capacidade, a pressão vesical, a atividade do 
detrusor e da musculatura do assoalho pélvico, durante o 
enchimento e o ato miccional 
 Permite o diagnóstico acurado das disfunções vesicais 
 Está indicado nos casos de ITU associado à bexiga 
neurogênica e em alguns casos de distúrbios miccionais 
 
 
Laura R. T6 
 
7 BBPM VI 
REFLUXO VESICOURETERAL PRIMÁRIO 
 O refluxo vesicoureteral primário (RVU), alteração 
mediada por expressão genética, é causado por uma 
anormalidade estrutural da junção ureterovesical (curto 
segmento submucoso do ureter), permitindo a ascensão 
da urina da bexiga pelos ureteres que pode atingir os rins. 
 Classifica-se o RVU em 5 graus: leve (I e II), moderado (III) 
e grave (IV e V). 
 Os pacientes com RVU podem ser classificados em três 
grupos (baixo, médio e alto risco) quanto às chances de 
pior evolução (cicatrizes renais, persistência do refluxo, 
surgimento de hipertensão arterial ou evolução para perda 
progressiva da função renal): 
 
 O RVU primário apresenta tendência a involução. 
 A associação RVU, infecção urinária e lesões do 
parênquima renal, com possibilidade de evolução para 
hipertensão e perda da função renal, induziram a 
terapêutica de correção cirúrgica. 
 Paralelamente, a evolução natural do refluxo para 
resolução espontânea propiciou a proposta terapêutica 
de tratamento conservador (uso de profilaxia com 
antibióticos ou quimioterápicos por longo prazo) 
 Não existem estudos mostrando a superioridade de um 
tratamento em relação ao outro. 
 A tendência atual é a de reservar a profilaxia para as 
crianças que apresentem RVU de graus maiores, e nas 
demais a vigilância quanto a episódios de ITU deve ser 
enfatizadapara prevenção de deterioração da função 
renal. 
 Não há indicação de tratamento cirúrgico do RVU, exceto 
em algumas situações especiais, como refluxos que 
funcionem como obstrução ao fluxo urinário, refluxos 
associados a defeitos anatômicos da bexiga, que 
necessitem de correção cirúrgica. É contraindicada a 
correção cirúrgica em presença de bexigas disfuncionais 
 As crianças com RVU devem ser acompanhadas até a 
idade adulta, especialmente aquelas com nefropatia do 
refluxo

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