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Laura R. T6 1 FPM VI Infecção do Trato Urinário DEFINIÇÃO ITU é definida pela presença de germe patogênico único no sistema urinário associada a processo inflamatório sintomático A importância da patologia reside na possibilidade de evolução para cicatriz renal, em caso de pielonefrite e urosepsis nos lactentes EPIDEMIOLOGIA 8% das meninas e 2% dos meninos menores de 7 anos de idade, com alto risco de recorrência dentro de 12 meses do episódio inicial Há maior incidência no primeiro ano de vida, estimada em cerca de 1,4% para o sexo masculino Após essa idade ocorre queda brusca de incidência nos meninos, porém mantendo-se relativamente alta nas meninas até 7 anos de idade 30% das meninas apresentam um novo episódio dentro do primeiro ano após o episódio inicial 50% apresentam recidiva em 5 anos, algumas delas apresentando recidiva em série Nos meninos, as recidivas variam em torno de 15-20%, sendo raras após o primeiro ano de vida Fatores predisponentes: malformações do TU, refluxo vesicoureteral e disfunção vesical e intestinal. Principalmente nos lactentes a ITU pode sinalizar a existência de uma alteração estrutural subjacente Em serviços de urgência, lactentes com febre acima de 38,5° C de origem não determinada apresentam uma prevalência global de ITU de cerca de 3,3% Alguns fatores elevam esse percentual diagnóstico: dor à palpação da região abdominal ou suprapúbica (13%), cor branca (10%), história prévia de ITU (9%), urina com mau cheiro (9%), meninos não circuncisados (8%), lactente toxemiado (6%), sexo feminino (4%) e febre acima de 39°C (4%). QUADRO CLÍNICO ITU pode ser dividida em: a) Cistite: infecção urinária baixa a. Disúria, polaciúria e urgência b) Pielonefrite: acometimento do parênquima renal a. Febre, prostração e dor lombar c) Bacteriúria assintomática: crescimento bacteriano significativo na ausência de sintomas clínicos, sem evidências que suportem a necessidade de tratamento a. Em RNs apresenta-se como um quadro séptico, com manifestações inespecíficas como insuficiente ganho de peso, anorexia, vômitos, dificuldade de sucção, irritabilidade, hipoatividade, convulsões, pele acinzentada e hipotermia b. Quadro menos agudo: recusa alimentar, vômitos ocasionais, palidez cutânea e icterícia c. Nesse grupo etário há alta probabilidade de bacteriemia (via hematogênica de disseminação bacteriana, com alta mortalidade 10%) Apresentação clínica é amplamente variável, dependendo da faixa etária e da localização da infecção. Neonato e menores de 3 meses: sepse/bacteriemia, vômitos, hipoatividade, icterícia, pouco ganho ponderal, hipotermia/febre Lactentes: febre pode ser o único sinal clínico. Pode ocorrer hiporexia, vômitos, dor abdominal e ganho ponderoestatural insatisfatório. Raramente há sinais ou sintomas ligados ao TU. Crianças maiores podem apresentar um quadro mais típico Pré-escolares e escolares: a febre também é um sinal frequente associado aos sinais e sintomas relacionados ao TU. o Cistite: enurese (incapacidade de conter a micção), urgência, polaciúria, disúria, incontinência e/ou retenção urinária com urina fétida e turva o Pielonefrite aguda: quadros com maior acometimento do estado geral, adinamia, calafrios, dor abdominal e nos flancos o Diagnóstico diferencial: BALANOPOSTTES E VULVOVAGINITES também podem estar relacionados com disúria (dor e desconforto ao urinar). Podem levar a resultados falso-positivos no exame de urina Adolescentes: disúria, polaciúria e dor à micção, podendo ocorrer também urgência miccional, hematúria e febre o Adolescentes do sexo feminino e mulheres jovens: Sd. da disúria-frequência queimação ao urinar, desconforto suprapúbico e frequência urinária aumentada. Início da atividade sexual pode ser acompanhado de surtos de ITU Laura R. T6 2 BBPM VI DIAGNÓSTICO CLÍNICO História clínica detalhada, exame físico completo, incluindo o crescimento ponderoesttural e o desenvolvimento neuropsicomotor A palpação abdominal pode revelar estruturas indicativas de rins ectópicos, a presença de fecalomas e a palpação das lojas renais um aumento de volume dos rins, como hidronefrose A persistência de bexiga palpável após a micção sugere processo obstrutivo anatômico ou disfunção do TU inferior Na pielonefrite aguda, a punho-percussão lombar revela desconforto a forte reação dolorosa (Giordano positivo). O exame da genitália externa avalia sua conformação anatômica, a aparência e localização do meato da uretra, o hímen e sinéquia de pequenos lábios nas meninas (conduta expectante) e, estreitamento do prepúcio, que dificulta ou impede a exposição do meato uretral nos meninos. É importante a observação do jato urinário para avaliar a continuidade, o volume a força de expulsão o Gotejamento urinário e jato fino e curto podem sugerir obstrução baixa, disfunção vesical ou válvula de uretra posterior nos meninos o A perda constante de urina, observada durante o exame físico, sugere ureter ectópico ou alteração funcional da bexiga. Examinar a região sacral verificando desvios da fenda glútea, manchas, presença de pelos, fossetas e lipomas, que podem estar associados à bexiga neurogênica É importante mensurar a pressão arterial LABORATORIAL Adequada coleta de urina é essencial Sempre avaliar as condições de higiene e normalidade da genitália, coletar a amostra no laboratório, procedendo à limpeza da genitália com água, sem antissépticos Pode-se usar sabão ou sabonete comum para limpeza, mas deve ser totalmente removido com água Pacientes com controle miccional: jato médio é o modo ideal para ambos os sexos, com intervalo mínimo de 2 horas desde a última micção Pacientes sem controle miccional, 4 maneiras: 1. Eliminação espontânea: uma técnica para conseguir uma micção espontânea com maior rapidez consiste em usar algodão ou gaze embebido em soro fisiológico frio ou gelado para fazer estimulação na região suprapúbica. Deve-se deixar a criança em decúbito dorsal e fazer a higiene habitual da genitália. O responsável pela coleta posiciona o frasco aberto em uma das mãos e com a outra faz movimentos circulares suaves acima da sínfise púbica do bebê durante 5 minutos. Colher a urina logo após a saída do primeiro jato urinário (jato médio). Essa técnica permite que a coleta seja bem-sucedida em cerca de 60% dos casos por meio de micção reflexa, que se assemelha à técnica de coleta por jato médio. 2. Saco coletor: deve haver os cuidados de higiene e perfeita adaptação do adesivo no contorno da genitália e com trocas a cada 30 minutos, até que amostra de urina seja obtida. É a técnica mais fácil e mais frequentemente usada, principalmente nos cuidados primários, porém tem alta taxa de culturas falso-positivas devido à contaminação por bactérias da região periuretral. A cultura negativa por esse método é confiável. 3. Cateterismo vesical: alguns autores e protocolos preconizam este método como rotina na coleta de urina. É um método invasivo, agressivo, podendo lesar a mucosa uretral, oferece menos segurança, é desconfortável para a criança, estressante para os pais e é pouco prático, considerando o grande número de exames que são realizados. Quando indicado deve ser feito obrigatoriamente por profissional treinado para o procedimento. O cateterismo vesical está indicado nas crianças com retenção urinária, desde que não apresentem vulvovaginite ou balanopostite. Se as condições da genitália não permitirem uma coleta confiável, a punção suprapúbica deverá ser usada 4. Punção supra púbica (PSP): método invasivo, embora seja uma prática segura especialmente quando executada por especialista e guiada por ultrassonografia. A PSP está indicadanos casos em que a coleta por via natural suscita dúvidas (diarreia aguda, dermatite perineal, vulvovaginites e balanopostites). A técnica consiste em introduzir, após Laura R. T6 3 BBPM VI assepsia rigorosa, uma agulha montada em seringa, 2 cm acima da sínfise pubiana, em ângulo de 10-30 graus da perpendicular, a uma profundidade de 2-3 cm, fazendo pressão negativa no êmbolo É importante que a urina seja imediatamente processada com semeadura para cultura, pesquisa de bactérias pelo método de coloração peo gram na gota de urina não centrifugada e exame de rotina (EAS) A suspeita de ITU é baseada na história clínica e no exame físico. O diagnóstico é confirmado pelos resultados laboratoriais A confirmação da ITU é feita pela cultura da urina, que evidenciará a proliferação significativa de microrganismos no TU Outros exames laboratoriais, como hemograma e PCR, podem estar normais ou apresentar alterações indicativas de uma infecção bacteriana aguda, principalmente nas pielonefrites e em crianças de mais baixa idade. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS EXAME DE URINA ROTINA A presença de leucócitos/ piócitos (piúria) é muito sugestiva de ITU, principalmente grupos de piócitos Considera-se piúria a presença de 5 ou mais leucócitos por campo microscópico em grande aumento (400 vezes) ou mais de 10 mil piócitos por mL O valor preditiVo de piúria varia entre 40-80%, podendo estar ausente em cerca de 23-50% dos pacientes com bacteriúria e ITU A presença de cilindros piocitários sugere processo pielonefrítico, acometimento infeccioso do parênquima renal Diagnóstico diferencial para leucocitúria, geralmente com poucos leucócitos: febre, desidratação grave, inflamação de estruturas contíguas como na apendicite, injúria química no TU, glomerulonefrites e tumores O teste da esterase leucocitária na fita reativa (dipstick) detecta a presença de mais de 5 leucócitos por campo de grande aumento, e o teste da conversão do nitrato em nitrito detecta, indiretamente, a presença de bactérias gram negativas na urina, com pelo menos 4 horas desde a última micção. Em conjunto, a positividade na fita reativa para nitritos (teste do nitrito positivo) e para esterase leucocitária é fortemente sugestiva de ITU (sensibilidade = 93% e especificidade = 72%). Outros achados: o Baixa densidade urinária o pH alcalino (infecção pelo Proteus = possui habilidade de desdobrar a amônia, alcalinizando a urina) o Albuminúria transitória (fase febril, pielonefrite) o Hematúria microscópica PESQUISA DE BACTÉRIA EM GRAM DE GOTA DE URINA NÃO CENTRIFUGADA Possui alta sensibilidade e especificidade, baixo custo, pronta e fácil realização Presença de uma ou mais bactérias gram negativas na gota bacteriúria Auxilia no DG de ITU, pode ser empregado para controle do tratamento da ITU e quando os pacientes estão em uso de quimioprofilaxia IDENTIFICAÇÃO E CONTAGEM DE BACTÉRIAS PELA UROCULTURA O diagnóstico de ITU é confirmado pela bacteriúria significativa, que é a presença na urina de um número igual ou superior a 100.000 UFC de uma única bactéria. Achado inferior a 10.000 UFC é considerado negativo, representando a flora ou população bacteriana usual da uretra anterior Entre 10.000-100.000 UFC um exame duvidoso, devendo ser repetido A MAIORIA DOS EPISÓDIOS DE ITU É CAUSADA POR BACILOS GRAM-NEGATIVOS AERÓBICOS, CONHECIDOS COMO ENTEROBACTÉRIAS: o Escherichia, Klebisiella, Enterobacter, Citrobacter, Proteus, Serratia e outros menos frequentes o Escherichia coli 80-90% dos casos no primeiro surto de ITU o Proteus 30% dos meninos com cistite o Staphylococcus saprophyticus proporção similar em adolescentes de ambos os sexos Laura R. T6 4 BBPM VI Em pacientes com obstrução do TU, bexiga neurogênica e litíase renal as bactérias mais comumente envolvidas são: Proteus, Pseudomonas, Enterococus, Staphylococcus aureuaus, Staphylococcus epidermidis e, com menos frequência, a Escherichia coli CAUSAS MAIS FREQUENTES DE ERROS NA REALIZAÇÃO E ANÁLISE DAS UROCULTURAS: Falso-positivo: o Coleta inadequada o Demora no processamento de urina o Contaminação vaginal ou bálano-prepucial Falso-negativo: o pH urinário abaixo de 5 o diluição urinária (densidade menor que 1.003) o contaminação com agentes bacteriostáticos usados na genitália o pacientes em uso de antimicrobianos o curto período de incubação urinária na bexiga o obstrução total do ureter que drena o rim afetado o bactérias de difícil crescimento: lactobacilos, difteoides, micoplasma outros exames laboratoriais, como hemograma e PCR, podem estar normais ou com alterações indicativas de uma infecção bacteriana aguda, principalmente em crianças de idade mais baixa. A presença de leucocitose e de PCR elevada sugere pielonefrite aguda BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA Mais comum em meninas Presença de bacteriúria significativa em crianças sem nenhuma sintomatologia relacionada à infecção urinária A bacteriúria assintomática é caracterizada por 3 uroculturas consecutivas com bacteriúria significativa em um período de 3 dias a 2 semanas Pode ser transitória ou persistente Em meninas com bacteriúria assintomática transitória, 95% apresentam normalização dos exames em 12 meses, sem qualquer tratamento. Geralmente a bacteriúria desaparece em dias ou semanas e dificilmente recidiva Já a bacteriúria assintomática persistente tende a permanecer por anos seguidos. É comumente encontrada em crianças portadoras de meningomielocele, bexiga neurogênica e que necessitem de cateterismo vesical de repetição. As crianças com bacteriúria assintomáticas não devem ser tratadas, pois podem desenvolver ITU sintomática e muitas vezes com germes de virulência maior TRATAMENTO ABORDAGEM DA CRIANÇA COM INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO CONFIRMADA OBJETIVOS: o Resolução dos sintomas agudos da infecção o Reconhecimento imediato de bacteriemia concomitante, particularmente em bebês com menos de 2 meses de idade o Prevenção de dano renal pela erradicação do patógeno bacteriano o Identificação de anormalidade do TU o Prevenção de infecções recorrentes O pediatra deve reconhecer os pacientes de alto risco de lesão renal, aliviar os sintomas, erradicar o agente infeccioso, prevenir recorrências e identificar anomalias funcionais e anatômicas do trato urinário. ALÍVIO DOS SINTOMAS: Dor e febre analgésicos e antitérmicos em doses usuais Disúria intensa antiespasmódico Manifestações sistêmicas, como baixa aceitação por VO e vômitos, com distúrbios hidroeletrolíticos ou acidobásicos reidratação oral ou parenteral TRATAMENTO ERRADICADOR: Adaptar de acordo com a idade, gravidade e localização da infecção Antibiótico escolha do agente baseada nos padrões de sensibilidade antimicrobiana do local e deve ajustar a escolha de acordo com o teste de sensibilidade do uropatógeno isolado A antibioticoterapia deve ser iniciada imediatamente após a coleta da urina, pois a demora para começar o tratamento é fator de risco para o aparecimento de lesão renal. Crianças acima de 3 meses de vida, sem sinais de toxemia, com estado geral preservado, hidratadas e capazes de ingestão oral: devem receber tratamento ambulatorial Febre alta, toxemiadas, desidratadas e com vômitos persistentes: o tratamento inicial deve ser com a criança hospitalizada Os recém-nascidos são considerados portadores de ITU complicada ou potencialmente grave, devendo iniciar o tratamento em nível hospitalar. Nos lactentes jovens a internação para o tratamento inicial também deve ser considerada. A bactéria que mais frequentemente causa infecção é a E. coli, seguida das outras enterobactérias. Portanto, deve serescolhido ATB de espectro adequado, não Laura R. T6 5 BBPM VI nefrotóxico, de boa eliminação renal, de sabor agradável e administrado por VO As cefalosporinas de primeira geração, a associação sulfametaxazol + trimetoprim e a nitrofurantoína são medicamentos que geralmente preenchem esses requisitos A melhora do estado geral e o desaparecimento da febre em 48-72h são indicativos de boa resposta ao tratamento instituído. Caso não haja resposta clínica nesse período, fazer urocultura para modificação terapêutica Tempo médio de tratamento: 10 dias (7-14 dias) Para as crianças com grave acometimento do estado geral, especialmente lactentes, com vômitos, desidratados e com distúrbios metabólicos, é necessário iniciar o tratamento parenteral até que as condições clínicas possibilitem a troca para a medicação via oral. Nesse caso, as opções de antibioticoterapia podem ser: as cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou ceftazidima), ou secundariamente os aminoglicosídeos (gentamicina ou amicacina) Os raros casos de infecções por Pseudomonas sp. predominam entre os pacientes portadores de alterações graves do trato urinário, após instrumentação do trato urinário ou naqueles em uso de cateterismo vesical limpo. Quando for necessário o tratamento, as quinolonas são geralmente eficazes. Fluoroquinolomas não são indicadas para tratamento de ITU não complicada em todas as faixas etárias porque risco supera benefício. Outra opção: cefalosporinas combinadas com aminoglicosídeo Infecções por Pseudomonas mais graves, acometimento sistêmico Fungos são importantes agentes de ITU em neonatos, logo o uso de ATB em RNs segue uma orientação diferente. o Deve-se iniciar o tratamento, como para a sepse precoce, com a associação de penicilina ou ampicilina com aminoglicosídeo. o Staphylococcus ou Enterococcus: vancomicina com aminoglicosídeo o Candida: anfotericina. Outra opção é fluconazol isolado ou associado com flucitosina o Cefalosporinas de 3ª geração: serão usadas conforme a identificação do germe e sua sensibilidade TRATAMENTO PROFILÁTICO: Profilaxia consiste na administração de doses subterapêuticas de antibióticos ou quimioterápicos com a finalidade de manter a urina estéril e tentar prevenir recidivas de ITU, para diminuir o risco de possíveis lesões adquiridas do parênquima renal, embora haja estudos que não corroboram essa afirmativa. Indicações: o Depois de completado o tratamento da ITU e no decorrer da investigação de possíveis alterações morfofuncionais do trato urinário. o Quando do diagnóstico de anomalias obstrutivas do trato urinário até a realização da correção cirúrgica. o Na presença de refluxo vesicoureteral (RVU) de graus III a V. o Nos casos de refluxo de graus I ou II, com ITU de repetição ou com cintilografia estática alterada. o Nas crianças que apresentem recidivas frequentes da ITU, mesmo com estudo morfofuncional do trato urinário dentro da normalidade; nesses casos, deve ser utilizada por período de 6-12 meses, podendo, quando necessário, prolongar-se o tempo de uso. Existe uma boa segurança com as drogas sugeridas, sobretudo com nitrofurantoína e com a associação sultametoxazol + trimetoprim. Entretando, devido aos efeitos colaterais dessas drogas nos primeiros dias de vida, elas só devem ser iniciadas em torno de 2 meses de idade, sendo que até está época estão indicadas cefalosporinas de primeira geração o < 2 meses cefalosporinas de 1ª geração o > 2meses nitrofurantoína, sulfametoxazol + trimemtoprim Laura R. T6 6 BBPM VI AVALIAÇÃO MORFOFUNCIONAL DO TU Livre fluxo de urina é a principal condição de defesa do trato urinário contra invasão, fixação e multiplicação bacteriana Indicação para Investigação por imagens: após o 1º episódio bem documentado de infecção urinária, em qualquer idade e para ambos os sexos o Justifica-se pela frequente associação de ITU a anomalias do TU, principalmente o RVU e os processos obstrutivos Exames: ultrassonográficos, radiológicos, cintilográficos, urodinâmicos e urológicos ULTRASSONOGRAFIA É um método seguro, não invasivo, sem efeitos colaterais, de baixo custo, com capacidade de rastreamento do trato urinário superior e inferior, e pode ser realizado na fase aguda do processo. Permite avaliação da dinâmica das vias de drenagem e da micção Exame observador-dependente EXAMES RADIOLÓGICOS URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL É o método que melhor define a morfologia do trato urinário inferior, com avaliação da uretra, da bexiga e dos ureteres (quando há RVU). Método invasivo que requer colaboração da criança de maior idade A uretrocistografia miccional (UCM) deve ser realizada somente após o término do tratamento erradicador, para evitar a disseminação da infecção e com a criança em uso de antibioticoprofilaxia para reduzir os riscos de ITU iatrogênica. UROGRAFIA EXCRETORA Indicações restritas (malformações complexas com a possibilidade de abordagem cirúrgica) Apresenta riscos com o uso de constraste iodado, carga elevada de radiação, e requer preparo emocional do paciente para sua realização RESSONÂNCIA MAGNÉTICA E ANGIORREOSSONÂNCIA DOS VASOS RENAIS Exames de grande acurácia para identificação da anatomia do trato urinário, e estudo dos vasos renais, principalmente na identificação de vasos anômalos que fazem compressão ureteral. Custo elevado Envolve sedação EXAMES DE MEDICINA NUCLEAR Em geral apresentam irradiação menor que os exames radiológicos, são muito precisos na determinação de lesões do parênquima renal e na avaliação da função renal individualizada. São de valor na avaliação das obstruções ureterais como nas estenoses da junção ureteropélvica (JUP). Cintilografia renal estática (lesões corticais agudas) Cintilografia renal dinâmica (indicada nos casos de ITU associada à hidronefrose) Cistografia radioisotópica direta é empregada para a avaliação da presença do RVU. ESTUDO URODINÂMICO Consiste na avaliação urológica da função vesical para estudar a capacidade, a pressão vesical, a atividade do detrusor e da musculatura do assoalho pélvico, durante o enchimento e o ato miccional Permite o diagnóstico acurado das disfunções vesicais Está indicado nos casos de ITU associado à bexiga neurogênica e em alguns casos de distúrbios miccionais Laura R. T6 7 BBPM VI REFLUXO VESICOURETERAL PRIMÁRIO O refluxo vesicoureteral primário (RVU), alteração mediada por expressão genética, é causado por uma anormalidade estrutural da junção ureterovesical (curto segmento submucoso do ureter), permitindo a ascensão da urina da bexiga pelos ureteres que pode atingir os rins. Classifica-se o RVU em 5 graus: leve (I e II), moderado (III) e grave (IV e V). Os pacientes com RVU podem ser classificados em três grupos (baixo, médio e alto risco) quanto às chances de pior evolução (cicatrizes renais, persistência do refluxo, surgimento de hipertensão arterial ou evolução para perda progressiva da função renal): O RVU primário apresenta tendência a involução. A associação RVU, infecção urinária e lesões do parênquima renal, com possibilidade de evolução para hipertensão e perda da função renal, induziram a terapêutica de correção cirúrgica. Paralelamente, a evolução natural do refluxo para resolução espontânea propiciou a proposta terapêutica de tratamento conservador (uso de profilaxia com antibióticos ou quimioterápicos por longo prazo) Não existem estudos mostrando a superioridade de um tratamento em relação ao outro. A tendência atual é a de reservar a profilaxia para as crianças que apresentem RVU de graus maiores, e nas demais a vigilância quanto a episódios de ITU deve ser enfatizadapara prevenção de deterioração da função renal. Não há indicação de tratamento cirúrgico do RVU, exceto em algumas situações especiais, como refluxos que funcionem como obstrução ao fluxo urinário, refluxos associados a defeitos anatômicos da bexiga, que necessitem de correção cirúrgica. É contraindicada a correção cirúrgica em presença de bexigas disfuncionais As crianças com RVU devem ser acompanhadas até a idade adulta, especialmente aquelas com nefropatia do refluxo
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