Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prescrição de Produtos de Higiene Oral e Aplicação Profissional de Fluoretos Manual com Perguntas e Respostas Maria Luiza de Moraes Oliveira Cassiano Kuchenbecker Rösing Jaime Aparecido Cury 2022 22-108501 CDD-617.6 NLM-WU-100 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Oliveira, Maria Luiza de Moraes Prescrição de produtos de higiene oral e aplicação profissional de fluoretos [livro eletrônico] : manual com perguntas e respostas / Maria Luiza de Moraes Oliveira, Cassiano Kuchenbecker Rösing, Jaime Aparecido Cury. -- Belo Horizonte, MG : Ed. da Autora, 2022. PDF. ISBN 978-65-00-43704-1 1. Flúor 2. Odontologia 3. Saúde bucal I. Rösing, Cassiano Kuchenbecker. II. Cury, Jaime Aparecido. III. Título. Índices para catálogo sistemático: 1. Saúde bucal : Odontologia 617.6 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129 SOBRE OS AUTORES Manual com Perguntas e Respostas4 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S > Graduação em Odontologia pela Universidade Federal de Minas Gerais > Mestrado em Dentística pela Universidade de Iowa, EUA > Especialização em Saúde Coletiva e em Dentística pela Universidade de Iowa, EUA > Professora Assistente de Dentística da Universidade Federal de Minas Gerais > Clínica Particular no Grupo Odontológico Mangabeiras (BH) MARIA LUIZA DE MORAES OLIVEIRA > Graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul > Mestrado em Odontologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho > Doutorado em Odontologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho > Estágio pós-doutoral no Departamento de Periodontia da Universidade de Oslo > Professor Titular de Periodontia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul CASSIANO KUCHENBECKER RÖSING > Graduação em Odontologia pela Universidade Estadual de Campinas > Mestrado em Ciências (Bioquímica) pela Universidade Federal do Paraná > Doutor em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade de São Paulo > Pós-doutorado pela Universidade de Rochester, EUA > Professor Titular de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP - Unicamp) JAIME APARECIDO CURY “A VIDA É A ARTE DO ENCONTRO, EMBORA HAJA TANTO DESENCONTRO PELA VIDA.” Vinícius de Moraes Manual com Perguntas e Respostas6 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Somos professores de três universidades públicas diferentes, em áreas de atuação complementares, unidos por vínculos de respeito, confiança e comprometimento com a evidência científica na promoção da saúde. Nossa intenção é fornecer subsídios que ajudem acadêmicos e profissionais na condução de um protocolo preventivo pautado pelo conhecimento. Pensamos em uma publicação acessível, com um formato que permitisse fácil leitura, trazendo respostas para as perguntas que surgem no dia a dia do clínico. Citaremos, aqui, nomes comerciais de produtos, para facilitar a identificação, mas não há, nessa publicação, nenhuma interferência das empresas. Acreditamos nelas como parceiras na Odontologia: ESTE FOI UM TRABALHO FEITO EM PARCERIA. desenvolvendo produtos de qualidade, investindo na pesquisa brasileira, dando suporte ao cirurgião dentista que atua na clínica (principalmente, com informação). Os dados/nomes comerciais foram colocados ao longo do texto e nas tabelas (atualizados em março/22), mas devem ser revistos constantemente, já que novos produtos surgem e são retirados do mercado com frequência. Esperamos que este livro seja útil. E que caminhemos todos juntos, na construção de uma Odontologia ética, de qualidade e que alcance o maior número de pessoas. Grande abraço, Maria Luiza, Cassiano e Jaime Manual com Perguntas e Respostas7 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A TODOS aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a elaboração do trabalho e que, como nós, acreditam que esse conhecimento, imprescindível à prática de qualquer especialidade da Odontologia, não pode ser privilégio de alguns. AGRADECIMENTOS Manual com Perguntas e Respostas8 SUMÁRIO I - INTRODUÇÃO 16 II - PRESCRIÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE ORAL 18 Parte 1 - Escovas dentais e outros recursos para controle mecânico do biofilme 23 1.1 - Escovas para higiene bucal 26 1.2 - Limpeza interproximal 47 1.3 - Outros recursos 55 Parte 2 - Dentifrícios 66 2.1 - Aspectos básicos 67 2.2 - Dentifrícios fluoretados 80 2.3 - Dentifrícios antigengivite 115 2.4 - Dentifrícios dessensibilizantes 121 2.5 - Dentifrícios antitártaro 127 2.6 - Dentifrícios “clareadores” 129 2.7 - Especificidades na indicação 133 2.8 - Tabela de produtos 144 Parte 3 - Enxaguatórios Bucais 165 3.1 - Aspectos básicos 166 3.2 - Enxaguatórios anticárie (fluoretados) 174 3.3 - Enxaguatórios contendo antimicrobianos 179 3.4 - Outras soluções para bochechos 194 III - APLICAÇÃO PROFISSIONAL DE FLUORETOS 208 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas9 ÍNDICE DE PERGUNTAS II - PRESCRIÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE ORAL 18 Como fazer a prescrição dos produtos de higiene oral no consultório? 19 PARTE 1 - Escovas dentais e outros recursos para controle mecânico do biofilme 23 O que são biofilmes? 24 1.1 - Escovas para higiene bucal 26 Como são definidas as escovas para higiene bucal? 26 Como são classificadas as escovas para higiene bucal? 27 Como escolher o melhor tipo de escova para o paciente? 28 Quando devem ser indicadas as escovas elétricas? 38 Qual a melhor técnica de escovação? 40 Qual é o tempo necessário para a escovação dos dentes? 41 Quantas escovações devem ser feitas no dia? 41 Qual a periodicidade de troca da escova dental? 42 Como armazenar e manter limpa a escova? 43 Qual a influência da escova no desgaste dentário? 44 Quando deve ser iniciada a higienização da boca dos bebês? 46 1.2 - Limpeza interproximal 47 Qual o melhor recurso para limpeza interproximal? 47 Palitos podem ser utilizados para a limpeza da região interproximal? 53 A limpeza interproximal deve ser feita antes ou depois da escovação? 54 1.3 - Outros recursos 55 Qual a indicação dos limpadores de língua? 55 Há benefícios na utilização dos aparelhos para irrigação oral? 57 O uso de gomas de mascar sem açúcar (e não ácidas) reduz o biofilme ou traz benefícios para o controle de doenças? 58 Há alimentos que podem “substituir” a escovação? 60 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas10 PARTE 2 - Dentifrícios 66 2.1 - Aspectos básicos 67 O que são dentifrícios e quais as suas funções? 67 Qual a composição básica dos dentifrícios? 68 Como são regulamentados os dentifrícios no Brasil? 70 Qual a influência da viscosidade no efeito dos dentifrícios? 71 Molhar a escova após a colocação do dentifrício diminui o seu efeito? 72 Para minimizar a possibilidade de desgaste dentário, não seria melhor utilizar dentifrícios sem abrasivos? 72 O que temos que saber sobre a abrasividade (RDA) de dentifrícios? 73 Como saber a abrasividade e o RDA de um dentifrício? 74 Por que não tornar obrigatória a divulgação dos valores de RDA nas embalagens dos dentifrícios? 75 Qual a importância de conhecermos os tipos de detergentes presentes nos dentifrícios? 75 Qual a importânciados flavorizantes nos dentifrícios? 76 Qual o significado das cores que aparecem nos tubos? 77 Há algum problema relacionado à presença da sacarina nos dentifrícios (sobretudo infantis)? 78 Existe algum outro aditivo que possa substituir o fluoreto nos dentifrícios? 78 Qual o melhor dentifrício para utilização por quem não recebeu uma prescrição individualizada? 79 Dentifrícios com o mesmo nome têm a mesma composição em qualquer país? 79 2.2 - Dentifrícios fluoretados 80 Qual a concentração de fluoreto necessária para o efeito anticárie dos dentifrícios? 80 Qual o mecanismo de ação do fluoreto dos dentifrícios na cárie dentária? 81 Qual a importância da escovação feita à noite, antes de dormir? 84 Como deve ser feito o enxágue do resíduo de dentifrício, após a escovação? 84 Quais são os sais de fluoreto presentes nos dentifrícios comercializados no Brasil? Há diferença entre eles? 85 Em pacientes com lesões de mancha branca, a indicação do dentifrício com MFP seria menos adequada, se pensarmos na possibilidade de remineralização? 88 Qual a influência dos dentifrícios na incidência de fluorose dentária? 89 Caso o paciente apresente sinais clínicos de fluorose dentária, deve ser evitado o uso do dentifrício fluoretado? 90 Crianças devem utilizar um dentifrício sem fluoreto ou com menor concentração, para diminuir o risco de fluorose? 91 Qual a diferença entre o dentifrício infantil e o anticárie “familiar”? 93 Por que em alguns dentifrícios infantis importados, a descrição dos ingredientes especifica 2200 ppm NaF na composição? 95 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas11 Quem faz uma remoção cuidadosa do biofilme ou escova os dentes todas as vezes que come um doce pode abrir mão do uso do dentifrício fluoretado? 96 Se eu restringir o consumo de açúcar, posso utilizar um dentifrício sem flúor? 98 Como lidar com o paciente que não quer seguir a prescrição do dentifrício fluoretado? 99 Há alguma indicação para dentifrícios sem fluoreto na composição? 99 Qual a quantidade de dentifrício que deve ser colocada na escova? 100 Existe diferença entre a ação do dentifrício fluoretado na cárie e na erosão? 102 As escovações devem ser feitas imediatamente após as refeições? 106 É recomendado escovar os dentes antes ou depois do café da manhã? 107 Quais as indicações dos dentifrícios com 5000 ppm F? 108 Quantas vezes ao dia devem ser utilizados os dentifrícios com 5000 ppm F? 109 Todos os pacientes ortodônticos devem receber a prescrição de um dentifrício com 5000 ppm F? 110 Dentifrícios veganos ou naturais podem conter fluoreto? 111 Qual a função do xilitol nos dentifrícios? 112 Qual a indicação dos dentifrícios com adição de CPP-ACP (fosfopeptídeo de caseína - fosfato de cálcio amorfo)? 112 Qual a função da arginina 1,5% nos dentifrícios fluoretados? 114 O pH ácido favorece o efeito anticárie ou antierosivo dos dentifrícios fluoretados? 114 2.3 - Dentifrícios antigengivite 115 Quais os melhores dentifrícios para pacientes com inflamação gengival? 115 Quais as indicações dos dentifrícios contendo clorexidina? 117 Dentifrícios herbais ou fitoterápicos têm benefício antigengivite? 118 Há benefícios na adição de vitaminas aos dentifrícios? 119 Dentifrícios contendo antimicrobianos têm efeito na halitose? 119 Pacientes em tratamento com aparelhos ortodônticos fixos podem se beneficiar do uso de dentifrícios com efeito antigengivite? 120 2.4 - Dentifrícios dessensibilizantes 121 Por que os dentifrícios dessensibilizantes não devem ser utilizados indiscriminadamente, sem avaliação do profissional? 121 Como funcionam os dentifrícios dessensibilizantes? 122 Existem princípios ativos melhores na redução da hipersensibilidade? 123 Por quanto tempo devem ser utilizados os dentifrícios dessensibilizantes? 125 Dentifrícios dessensibilizantes podem afetar a qualidade dos procedimentos adesivos das restaurações? 126 Dentifrícios dessensibilizantes causam menor desgaste do que os dentifrícios convencionais? 126 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas12 2.5 - Dentifrícios antitártaro 127 Como funcionam os dentifrícios antitártaro? 127 Os dentifrícios antitártaro têm menor efeito anticárie? 128 2.6 - Dentifrícios “clareadores” 129 Dentifrícios “clareadores” ou com carvão realmente funcionam para clareamento ou trazem benefícios? 129 Dentifrícios “clareadores” são úteis para o controle de pigmentação, durante o uso dos enxaguatórios contendo clorexidina? 131 Dentifrícios clareadores são indicados para pacientes fumantes? 132 Qual o dentifrício ideal para remoção da pigmentação escura causada por bactérias cromogênicas? 132 2.7 - Especificidades na indicação 133 Como funcionam os dentifrícios recomendados para pacientes com xerostomia? 133 Como escolher um dentifrício para pacientes com aftas frequentes, mucosite ou ardência bucal? 134 Como lidar com os casos de alergia ou reação de contato aos dentifrícios? 135 Existem restrições ao uso de dentifrícios por pacientes celíacos? 136 Existem dentifrícios específicos para uso durante a gravidez? 136 Qual o dentifrício indicado para pacientes com Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI)? 137 Quais são os cuidados na prescrição de dentifrícios para pacientes que passaram por um tratamento restaurador com materiais estéticos? 139 Pacientes em tratamento ortodôntico com alinhadores têm maior risco de desenvolvimento de doenças bucais? 141 Dentifrícios podem ser usados para higienização das próteses removíveis? 142 Quais os cuidados que devemos ter na escolha dos dentifrícios para pacientes em tratamento homeopático? 143 2.8 - Tabela de produtos 144 Como elaborar uma tabela de dentifrícios que possa ser consultada no momento da prescrição? 144 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas13 PARTE 3 - Enxaguatórios Bucais 165 3.1 - Aspectos básicos 166 O que são enxaguatórios e quais as suas funções? 166 Como é feita a regulação desses produtos? 167 Enxaguatórios bucais são recomendados para todas as pessoas, como um passo adicional na higienização? 167 Existe algum enxaguatório capaz de substituir a escovação? 168 Qual a idade mínima para utilização de enxaguatórios? 169 Quais os problemas relacionados ao uso indiscriminado dos enxaguatórios? 170 Por que há álcool em vários produtos? 171 O pH dos enxaguatórios é importante? 172 Quantas vezes ao dia devem ser usados os enxaguatórios? 173 3.2 - Enxaguatórios anticárie (fluoretados) 174 Quais são os enxaguatórios anticárie? 174 Qual o mecanismo de ação do fluoreto, nos enxaguatórios, para controle da cárie e da erosão? 175 Todas as pessoas devem utilizar enxaguatórios contendo fluoreto? 176 Como devem ser usados os enxaguatórios contendo fluoreto? 177 Há indicação de enxaguatórios após o clareamento? 178 3.3 - Enxaguatórios contendo antimicrobianos 179 Quais são os princípios ativos antimicrobianos utilizados em enxaguatórios que apresentam as melhores evidências de efeito clínico na redução do biofilme e da inflamação gengival? 179 Quais as vantagens dos enxaguatórios contendo clorexidina? 181 Quais as indicações dos enxaguatórios contendo clorexidina? 181 Quais os efeitos adversos dos enxaguatórios contendo clorexidina? 182 Como usar os enxaguatórios contendo clorexidina? 183 Como fazer a higienização de pacientes acamados, sem capacidade de expectoração, usando a clorexidina? 184 Quais são os óleos essenciais presentes na formulação do Listerine™ e como eles agem? 185 Quais as indicações dos enxaguatórios contendo óleos essenciais (Listerine)™? 186 Quaisos efeitos adversos relacionados ao uso do Listerine™? 187 Como utilizar o Listerine™?` 187 Quais as indicações dos enxaguatórios contendo cloreto de cetilpiridínio (CPC)? 189 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas14 Quais os efeitos adversos relacionados ao uso dos enxaguatórios contendo cloreto de cetilpiridínio? 190 Como são utilizados os enxaguatórios contendo CPC? 190 Enxaguatórios com triclosan são eficazes no controle da inflamação gengival? 191 Qual o benefício do uso de enxaguatório bucal na halitose? 191 Enxaguatórios bucais devem ser usados antes dos procedimentos odontológicos? 193 3.4 - Outras soluções para bochechos 194 Qual o mecanismo de ação dos enxaguatórios para controle da sensibilidade dentinária? 194 Há vantagens na utilização de enxaguantes fitoterápicos para o controle da inflamação gengival? 195 Qual a indicação dos enxaguatórios contendo peróxido de hidrogênio? 196 Existe alguma indicação para o uso de diluições de bicarbonato de sódio? 196 Bochechos com água ozonizada trazem benefícios no controle da inflamação gengival? 197 Como montar uma tabela de produtos para consulta no momento da prescrição? 197 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas15 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S III - APLICAÇÃO PROFISSIONAL DE FLUORETOS 208 Qual o objetivo da aplicação profissional de fluoretos (APF)? 209 Quem deve receber a APF? 210 A APF deve ser evitada em pacientes com fluorose? 211 Qual o mecanismo de ação do fluoreto, nos meios profissionais de aplicação, para controle da cárie? 212 A APF pode prevenir a erosão do esmalte? 214 Produtos para APF são eficazes na redução da hipersensibilidade dentinária? 216 Quais os tipos de produtos existentes para a APF? 217 Qual a influência da concentração de fluoreto nos produtos? 220 Produtos acidulados são superiores aos de pH neutro? 220 Vernizes fluoretados, com concentração de 22.600 ppm F- (NaF 5%) são superiores aos géis acidulados com 12.300 ppm F-? 222 A profilaxia profissional é necessária, antes da APF? 225 Em pacientes com lesões de mancha branca ativas, a aplicação dos produtos fluoretados deve ser feita apenas sobre as lesões? 226 Qual o tempo recomendado para a aplicação dos produtos? 226 Por quanto tempo deve-se evitar lavar a boca após a APF? 227 Qual a periodicidade recomendada para a APF? 228 A APF é indicada para pacientes com Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI)? 229 Quais os riscos da APF? 230 Pastas profiláticas contendo fluoreto podem substituir a APF? 233 Posso substituir a APF por aplicação de pastas contendo CPP-ACP? 234 O que são produtos com diamino fluoreto de prata (DFP)? 234 Quais as indicações do DFP? 235 Quais as desvantagens e contra-indicações da aplicação do DFP? 236 Qual a periodicidade da aplicação do DFP? 236 Todos os produtos com DFP são equivalentes? 237 Qual a técnica de aplicação do DFP? 238 I INTRODUÇÃO Manual com Perguntas e Respostas17 A Odontologia Preventiva é o alicerce para todo o cuidado odontológico que vise a promoção da saúde. Sem a interferência nas causas das doenças e sem um protocolo de manutenção adequado, qualquer tratamento estará fadado ao insucesso. A orientação individualizada é um dos grandes objetivos das consultas em consultório e é um dos maiores desafios do clínico, por envolver mudanças comportamentais. Não pode ser contrária às orientações de saúde coletiva, pois ambas devem ser embasadas pela melhor evidência científica disponível. Cada conduta, independentemente da esfera de atuação do profissional, deve sempre ser pautada pelos Princípios da Bioética: beneficência (maximizar benefício e minimizar riscos), não maleficência (não causar prejuízo à saúde) e justiça (tratar cada um de maneira correta e distribuir os recursos disponíveis de forma a alcançar o maior número de pessoas). Também no âmbito da bioética, não se pode deixar de lado o princípio do respeito à autonomia do paciente. A Odontologia baseada em evidências é composta de uma tríade: a melhor evidência disponível, a experiência do profissional e as crenças ou preferências do paciente. Há muita ciência por trás dos produtos de higiene oral e dos procedimentos preventivos clínicos. Mas é fundamental que o profissional esteja capacitado para fazer escolhas a partir do diagnóstico e para atuar como referência, tanto para o paciente, quanto para os demais profissionais de saúde. Reunimos, aqui, as respostas para uma série de perguntas e dúvidas comuns durante a prática odontológica, com o intuito de auxiliar o dentista na condução do processo preventivo e de tratamento daqueles que o procuram. A aplicação da ciência no dia a dia do consultório combina os esforços de pesquisadores e clínicos, na busca da Odontologia de qualidade. Dentifrícios e enxaguatórios fazem parte de um arsenal de produtos que podem e devem ser prescritos pelo dentista. As aplicações profissionais de fluoretos são modalidades de procedimentos acessíveis, complementares para o controle de doenças. Não existe especialidade odontológica que não necessite desse tipo de conteúdo. Ele é fundamental para a compreensão das medidas adotadas na saúde coletiva e para o cuidado do cliente que busca um atendimento individualizado. É obrigação de todo profissional da Odontologia conhecer o embasamento científico e fazer o uso racional desses recursos preventivo-terapêuticos. Desejamos que esta seja uma leitura leve, agradável, mas extremamente enriquecedora. Nosso objetivo maior continua sendo, através de qualquer meio de divulgação, espalhar um conhecimento que valorize a prática de quem se dedica a promover saúde através da Odontologia. P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S II PRESCRIÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE ORAL Manual com Perguntas e Respostas19 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Acolhimento e educação são pilares da promoção da saúde e o acompanhamento preventivo é um processo, não uma consulta. A prescrição de produtos de higiene oral deve ser feita e reavaliada periodicamente, já que as condições da cavidade bucal são dinâmicas, os objetivos vão sendo modificados, as empresas lançam, alteram e retiram produtos do mercado frequentemente. O primeiro passo para uma orientação individualizada é o diagnóstico. Não apenas das condições de saúde sistêmica e clínicas da cavidade bucal, mas, também, avaliando as características do paciente, o estilo de vida, a motivação para o autocuidado, o perfil sócio-econômico. Quanto mais simples o protocolo de higienização recomendado, maior a probabilidade de ser executado. E quanto mais direcionada e fracionada em pequenas mudanças for a instrução, maior a chance de haver a incorporação do novo hábito. A recomendação de qualquer produto deve estar baseada na melhor evidência científica disponível da sua eficácia. A razão pela qual preconizamos a especificação das marcas e dos nomes comerciais no bloco receituário, é para que não haja dúvidas no momento da compra. Nem o paciente e nem o atendente da farmácia/ supermercado conseguem identificar um dentifrício pela descrição da composição. Mostrar as embalagens (permitindo que o paciente fotografe) ou entregar amostras (se disponíveis) pode facilitar o reconhecimento nas gôndolas. Como fazer a prescrição dos produtos de higiene oralno consultório? Manual com Perguntas e Respostas20 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Caso seja feita a prescrição do princípio ativo do enxaguatório, sem especificação de marca ou produto (‘solução de digluconato de clorexidina a 0,12%’, ou ‘solução de fluoreto de sódio a 0,05%’, por exemplo), é importante colocar as características desejadas da formulação (com ou sem álcool, etc.). Apenas os medicamentos que são deglutidos (comprimidos, soluções orais, etc.) são de uso interno. Todas as outras formas farmacêuticas (como as soluções para bochecho) são de uso externo ou tópico. Devem constar na receita, também, as informações sobre o modo de usar (quantidade de dentifrício/enxaguatório, duração de cada escovação/bochecho, necessidade ou não de enxágue, número de vezes por dia/horário) e os cuidados necessários (não deglutir, por exemplo). As explicações sobre os benefícios esperados e os efeitos adversos possíveis ajudam o paciente a compreender a importância dos produtos de higiene oral no cuidado odontológico. Informações práticas, como a necessidade de verificação do prazo de validade, a frequência de substituição das escovas e a maneira de armazená-las fazem parte da orientação. É imprescindível, além disso, escrever o tempo de manutenção do protocolo indicado e a data de retorno ao consultório. A formação de um vínculo com o profissional (que deve se dedicar ao momento educativo das consultas), a percepção do papel do dentista como referência na avaliação/escolha dos produtos (evitando as trocas por influência de propagandas, por exemplo), a facilidade de aquisição daquilo que foi prescrito (e viabilidade do custo) são aspectos fundamentais na adesão do paciente ao esquema proposto. Manual com Perguntas e Respostas21 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Abaixo, uma sugestão de formato para a prescrição de produtos de higiene oral (fazer no bloco receituário, com nome do paciente, data, assinatura/carimbo profissional no final). Sempre que possível, mais de uma opção comercial deve ser colocada para cada tipo de produto indicado. Escova Dental Marcas/modelos (opções) Fazer a escovação por __ minutos, __x/d (sendo uma delas à noite, antes de dormir). Trocar a escova a cada __ meses. Higienizar a escova com __ após o uso, guardando-a __. Fio dental Marcas/modelos ou considerar preferência Utilizar todos os dias, __ (momento do dia, definido de acordo com a preferência do paciente). Escova Interdental (se indicada) Marcas/modelos e tamanho Usar __x/d, como demonstrado. Trocar a escova/ refil a cada __ dias. Limpador/escova de língua (se indicado) Marca/modelo Utilizar para a higienização da língua, __ (momento do dia), com movimentos __. Trocar a cada __. Dentifrício Marca / Nome comercial Utilizar quantidade correspondente a __, em todas as escovações, __ enxágue. Uso continuado por __ meses (ou até o próximo retorno). Manter o produto fora do alcance de crianças. Enxaguante bucal (quando indicado) Marca/Nome comercial Utilizar __ ml do produto puro, para bochechos de __ segundos, __x/d, __(horário).Cuspir bem e não enxaguar a boca . Tempo de uso: __ dias/meses.Manter o produto fora do alcance de crianças. Manual com Perguntas e Respostas22 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Aparelho de Irrigação Oral (quando indicado) Marcas/modelos Usar __x/d, posicionando a ponta de frente e sem encostar nos dentes/gengiva. Mover o jato ao longo da gengiva, limpando as regiões entre os dentes. Utilizar uma pressão da água que seja confortável. Substituidor de saliva (quando indicado) Marca /Nome comercial Borrifar 2 vezes, diretamente no interior da boca, __ x/d ou quando considerar necessário (ou aplicar o equivalente a __ na boca, espalhando com a língua). Não enxaguar a boca depois de usar. Data de retorno ao consultório: Manual com Perguntas e Respostas23 PARTE 1 Escovas dentais e outros recursos para controle mecânico do biofilme Manual com Perguntas e Respostas24 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S As bactérias salivares aderem naturalmente às superfícies dentárias, onde se acumulam na forma de comunidades organizadas, chamadas atualmente de biofilmes dentais (ou, simplificadamente, biofilmes). Placa dental bacteriana (ou, simplificadamente, placa) nada mais é que um tipo de biofilme no qual bactérias salivares estão aderidas às superfícies duras dos dentes, coronária ou radicular, supra ou subgengivalmente. O acúmulo de biofilmes nas superfícies dentárias é o fator necessário para o desequilíbrio de saúde-doença dos tecidos dentais duros e moles. Cárie e doença periodontal diferem quanto aos fatores estressores determinantes destas doenças, respectivamente, exposição a açúcar ou o processo inflamatório. Os açúcares da dieta, particularmente a alta frequência de consumo de sacarose, são responsáveis pela disbiose da relação entre as bactérias bucais e os tecidos duros dentários. A ruptura do equilíbrio (DISBIOSE) entre os tecidos moles é mais complexa, porque envolve a resposta imunológica do hospedeiro com relação ao processo inflamatório. O que são biofilmes? Manual com Perguntas e Respostas25 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Diagrama da relação entre acúmulo de biofilme e o desenvolvimento de cárie ou doença periodontal, enfatizando os fatores estressantes associados, açúcar e inflamação gengival, respectivamente. Assim, é primário que o controle regular do acúmulo de biofilme pelo indivíduo é essencial para a manutenção do equilíbrio na cavidade bucal, já que a formação de biofilme sobre as superfícies dentárias é um fenômeno inevitável. Como motivar o paciente é o desafio de todo profissional da Odontologia, havendo, para tal, um arsenal de produtos de higiene bucal, com espectro amplo químico-mecânico. Manual com Perguntas e Respostas26 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Escovas para higiene bucal são instrumentos mecânicos (que podem possuir componentes movidos a energia), utilizados para limpeza de dentes, gengiva, língua, aparelhos ortodônticos e próteses removíveis. São compostas pela cabeça (parte ativa, onde estão fixadas as cerdas) e pelo cabo (para empunhadura). As cerdas podem ser naturais ou sintéticas, sendo os seus conjuntos chamados de tufos. As escovas são isentas de registro, mas sua comercialização depende de comunicação prévia à ANVISA (que tem requisitos técnicos para regularização desses produtos). 1.1 - ESCOVAS PARA HIGIENE BUCAL Como são definidas as escovas para higiene bucal? Manual com Perguntas e Respostas27 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Segundo a Resolução no 142 da ANVISA , de 17 de março de 2017, as escovas são classificadas de acordo com: > finalidade de uso - manual ou elétrica, unitufo, interdental, pós-cirúrgica, ortodôntica, para dentadura e especial para higiene da língua; > faixa etária - adulto ou infantil; > rigidez das cerdas - extramacia, macia, média, dura. Essas informações devem constar na embalagem do produto (assim como a indicação deque o tipo de escova deve ser orientado pelo dentista). As escovas infantis têm comprimento mínimo total de 10 cm e largura máxima da cabeça de 1,2 cm. As de adulto têm comprimento mínimo total de 15 cm e largura máxima da cabeça de 1,6 cm. A textura dos tufos é definida pela medida da rigidez, segundo norma ISO 22254 e 80% das pontas das cerdas devem ter acabamento aceitável (arredondadas, polidas, plumadas ou planas). Como são classificadas as escovas para higiene bucal? Manual com Perguntas e Respostas28 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A escova dental é o principal recurso para a desorganização e remoção do biofilme. O dentifrício não é imprescindível para atingir esse objetivo, apesar de ser fundamental para a redução de pigmentação (na película adquirida), como veículo para componentes terapêuticos, para motivação e aumento do tempo de escovação. A redução do biofilme após uma escovação é, em média, de 40% e, portanto, menor do que o desejado para o controle de doenças bucais. A motivação para o autocuidado (que inclui a compreensão da sua importância) e o aprendizado da técnica de higienização são, portanto, aspectos prioritários em qualquer processo educativo que vise a saúde. A escova de dente mais próxima às que usamos hoje surgiu na China, no final do século 15, sendo feita com pêlos de porco amarrados em varetas de bambu. Uma escova era usada por todas as pessoas da família. Atualmente, há muitos modelos de escovas, atendendo às demandas dos profissionais e dos leigos, com variações em tamanho, formato, tipos de cerdas, disposição das mesmas, com cores ou personagens atrativos. Além da qualidade, aspectos como custo e facilidade de compra devem ser levados em consideração no momento da indicação. Exemplos de escovas dentais manuais (adulto) encontradas no mercado brasileiro: › Bianco - Clean Action (cerdas macias), Delicate (cerdas ultramacias), Colorcare (2516 cerdas extramacias) › Bitufo - Class Soft (cerdas macias) ou Sensitive (cerdas ultramacias) › Colgate - Slim Soft Ultra Compacta, Advanced e Black (cerdas macias com pontas afiladas) / 360o. (cerdas macias e cerdas de borracha) e 360o. Sensitive Pró Alívio (cerdas extramacias e cerdas de borracha) / Periogard (cerdas ultramacias com pontas microfinas) / Ultra Soft (5500 cerdas ultramacias) / Gengiva Therapy (cerdas macias com alta densidade) / Essencial, Extra e Premier Clean / Procuidado / Classic / Tripla Ação / Twister / Whitening › Condor - Ultramacia / Plus (cerdas macias) › Curaprox - CS 5460 Ultra Soft / CS 3960 Super Soft / CS 1560 Soft / ATA 4060 / CS 12460 Velvet Ultra Soft › DentalClean - Fine Tip (pontas ultrafinas) / Dual (cerdas macias e borrachas circulares) / Intelligent / Metallic Plus / Perfect / Magic / Basic / OK › Edel White - Pro Gums Ultra Soft / Flosser Brush (cerdas ultramacias) / Whitening › Elmex - Elmex Ultra Soft / Elmex (cerdas macias) / Elmex Sensitive (cerdas extramacias) › Kess - Extra Macia / Macia / Média / Pro 10K / Pro Extra Macia 6580 / TDB Basic / Extreme › Kin - (extra suave, suave, média) / Gengivas (cerdas macias e afiladas) › Needs - Oral Care (cerdas macias) / Ultrafina (cerdas macias de pontas ultrafinas) / Sensitive 6240 (cerdas ul-tramacias) › Oral B - Indicator (cerdas macias ou extramacias) / Ultrafino / Expert Gengiva Sensi (cerdas ultramacias), Expert Gengiva Limpeza (cerdas macias), Expert Gengiva Alcance (cerdas ultrafinas) / Purification (cerdas extramacias) / Advanced , Advanced Compact e Pro-Saúde (cerdas macias e cerdas emborrachadas) /Gengiva Detox e Whitening Therapy Purification (cerdas ultrafinas) / Clean Classic, 123, Complete › Sensodyne - Multiproteção, True White, Rápido Alívio, Sensibilidade e Gengivas (cerdas macias) / Gentle, Repair and Protect, Limpeza Profunda (cerdas extramacias) › Tepe - Supreme (cerdas macias) / Select (cerdas médias, macias ou extramacias) / Nova (cerdas médias, ma-cias ou extramacias) / Good, Good Compact (cerdas macias) / Gentle Care (extramacias) Como escolher o melhor tipo de escova para o paciente? Manual com Perguntas e Respostas29 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de escovas dentais infantis encontradas no mercado brasileiro: › Bitufo - Cocoricó 1o. Dentinho (até 2 anos) / Cocoricó Grandinhos (2 a 5 anos) › Colgate - My First Colgate (0 a 2) / Dr. Dentuço (2+ ) / Tandy ( 5+) / Smiles (6+) › Condor - Infantil / Júnior › Curaprox - Baby CK 4260 (cerdas ultramacias) / Curakid 5500 (até 6 anos) e CS Smart (a partir de 6 / 7 anos) › Edel White - Flosser Brush Kids › Kess - Dentinho (6 meses a 2 anos) / Pro Kids (2 a 7 anos) / Júnior / Pocket (“teens”) / Steps (1, 2, 3) › Kin - Infantil / Júnior › Needs - Infantil (acima de 3 anos) › Oral B Stages (4 a 24 meses / 2 a 4 anos / 5 a 7 anos) › Tepe - Select Kid (a partir de 4 anos; cerdas médias, macias ou extramacias) / Select Mini e Good Mini (0 a 3 anos; cerdas extramacias) Quanto ao cabo da escova, o comprimento proporcional à mão do usuário favorece o posicionamento e a execução dos movimentos. O aumento do diâmetro e o apoio não deslizante para polegar/indicador são úteis para pacientes com dificuldade na empunhadura ou motora (como idosos e crianças). Manual com Perguntas e Respostas30 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Cabeças menores (chamadas de compactas) facilitam o acesso e o posicionamento correto da escova dental em relação às superfícies e à margem gengival. Quanto aos tipos de cerdas, a maior parte das escovas são de material sintético (nylon). Apesar de alguns estudos mostrarem que a utilização de escovas médias ou duras favorece a remoção do biofilme, os pacientes devem sempre utilizar uma escova de cerdas macias (ou extramacias) na higienização. Isso porque, pela menor rigidez, elas geram menos trauma, abrasão gengival e recessão. A firmeza das cerdas depende do seu material, diâmetro e comprimento, do número de cerdas por tufo, do número de tufos. Cerdas macias têm, normalmente, diâmetro inferior a 0,2 mm. Alguns exemplos de escovas com cabeças compactas: › Bianco Delicare / Colorcare › Curaprox ATA › Colgate - Periogard / Slim Soft Ultracompacta / 360o. / Procuidado › Edel White - Flosser Brush › Elmex - Elmex Sensitive › Kess - Extreme › Oral B - Expert Gengiva (Sensi, Limpeza ou Alcance) / Purification › Sensodyne › Tepe - Good Compact / Select Compact Manual com Perguntas e Respostas31 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Pacientes com fenótipo gengival fino, com qualquer tipo de irritação tecidual ou mucosite devem utilizar escovas ultramacias. Escovas ultramacias podem ser um pouco menos efetivas na remoção do biofilme (dependendo do diâmetro e do número de cerdas/tufos). Por isso, apesar de serem associadas a menor trauma gengival, não são escovas indicadas para todos os pacientes. Existem ainda escovas específicas para utilização no período pós-cirúrgico. No que se refere ao formato das pontas, tanto as cerdas macias de pontas arredondadas quanto as de pontas cônicas são seguras. Exemplos de escovas pós-cirúrgicas: › Curaprox: CS Surgical (12.000 cerdas de 0,06 mm de diâmetro) › Kin - Pós-cirúrgica › Needs - Pós Cirúrgica › Tepe - Special Care (12.000 cerdas de 0,06 mm de diâmetro) / Special Care Baby Compacta (7.000 cerdas com 0,06 mm de diâmetro) Manual com Perguntas e Respostas32 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A LE A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A técnica de escovação bem realizada possibilita a remoção do biofilme com as escovas de formatos tradicionais, mas determinados aspectos podem ser observados, no momento da recomendação individualizada. Talvez o principal deles seja a possibilidade de acesso às regiões mais difíceis de serem alcançadas (como terceiros molares, dentes com giroversão). Nesses casos, escovas com cabeças compactas, de formato mais ovalado ou triangular são convenientes. Alguns trabalhos têm demonstrado redução de biofilme um pouco diferente, dependendo do tipo de escova. Uma escova macia com cerdas de extremidades afiladas, por exemplo, proporcionou, em um estudo clínico, maior alcance na área interproximal e de fissuras oclusais do que uma escova multifilamentada. Embora não se possa afirmar que haja relevância clínica na diferença, dados assim podem ser levados em consideração em alguns perfis de pacientes (nesse caso, que não tenham incorporado ainda o hábito de usar o fio dental).29 Manual com Perguntas e Respostas33 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de escovas multifilamentadas ultramacias: › Curaprox - Ultra Soft (5460 cerdas) / Velvet Ultra Soft (12460 cerdas) › Colgate Ultra Soft (+ de 5000 cerdas) › Condor - Ultramacia (5400 cerdas) › Elmex Ultra Soft (+ de 5.500 cerdas) › Kess - Pro 10K (10.000 cerdas) / Pro (6580 cerdas) › Needs - Sensitive (6240 cerdas) › Oral B Expert Gengiva Sensi (9000 cerdas) › Tepe - Gentle Care (5400 cerdas) Escovas multifilamentadas com cerdas ultramacias são opções muito boas, mas não há evidência de superioridade, em relação às convencionais, no controle do biofilme. O único cuidado é com o acesso (algumas possuem cabeça um pouco maior), em determinados tipos de arcada ou posicionamento dentário (dentes apinhados ou terceiros molares, por exemplo). Manual com Perguntas e Respostas34 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Algumas escovas específicas estão disponíveis, mas é importante lembrar que quanto maior o número de passos no protocolo, mais difícil é a colaboração pela maioria dos pacientes. Escovas “unitufo”, por exemplo, são bastante eficazes na remoção do biofilme em regiões de difícil acesso (em volta de brackets ortodônticos ou dentes apinhados, por exemplo) ou na higienização de molares permanentes em erupção. Nessa última situação, há a alternativa de ensinar o responsável pela criança a utilizar a escova comum no sentido transversal do dente (vestíbulo-lingual), para complementar a escovação, o que reduz consideravelmente o biofilme na superfície oclusal. Exemplos de escovas unitufo: › Bitufo - Bi-Tufo (dois tufos) / Intertufo ( unitufo + interdental) › Curaprox - CS 1006 Unitufo (6mm de comprimento) e CS 1009 Unitufo (9 mm de comprimento) / CS 708 Implant Ortho (para proteses sobre implante e aparelhos ortodônticos fixos) › DentalClean › Edel White › Needs - Intertufo › Kess › Tepe - Compact Tuft / Implant Care e Universal Care (para próteses sobre implantes) Manual com Perguntas e Respostas35 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Em relação às escovas ortodônticas, uma revisão sistemática com meta-análise não demonstrou efeito superior na redução da inflamação gengival em relação às escovas convencionais, embora haja justificativa na recomendação baseada no controle do biofilme.17 Escovas para a limpeza das próteses removíveis estão disponíveis e, normalmente, possuem a cabeça com cerdas dos dois lados: um com formato triangular (para limpeza das áreas côncavas) e outro, retangular. Exemplos de escovas ortodônticas: › Bitufo - Class Orto › Colgate - Orthodontic / Orthogard › Curaprox - CS Ortho 5460 Ultra Soft / CS 708 Implant Ortho › DentalClean Ortodôntica › Edel White - Pro Ortho › Kess - Ortho › Kin Ortodôntica › Needs Ortodôntica › Oral B Expert Orthodontic › Tepe - Implant Orthodontic (extra slim head) Manual com Perguntas e Respostas36 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de marcas com escovas para próteses: › Bitufo › Condor › Curaprox (BDC152) › Dental Clean (Prótese Plus) › Dentil › Kess (Denture) › Kin (Oro Prótese) › Needs › Tepe (Denture) Não há vantagens na incorporação dos mecanismos iônicos às escovas manuais. Quanto às escovas automáticas em forma de U (abrangendo as arcadas), vendidas através das redes sociais, um estudo clínico realizado com uma delas mostrou, não apenas que a remoção do biofilme foi inferior às manuais, mas que foi equivalente ao grupo que não fez nenhum tipo de higienização.22 Devido à preocupação com o lixo gerado pelo descarte anual de bilhões de escovas, foram lançadas as ecológicas, feitas com cabo de bambu biodegradável. As cerdas são de um tipo de nylon que pode ser reciclado (desde que os tufos sejam removidos pelos consumidores, para possibilitar a compostagem). Deve haver cuidado na escolha, pois algumas dessas escovas têm cerdas mais rígidas e tamanho maior de cabeça. Apesar do impacto positivo na emissão de carbono, continua havendo, com as escovas de bambu, impacto negativo no índice que mede a saúde dos envolvidos na cadeia de produção. Escovas manuais com cabos reutilizáveis e cabeças substituíveis seriam mais promissoras. Na verdade, a melhor alternativa do ponto de vista ambiental é a coleta das escovas, para que o plástico seja reciclado em outros produtos. Manual com Perguntas e Respostas37 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de escovas ecológicas : › Boni - Natural (cabo de bambu, cerdas macias) › Colgate - Bamboo (cabo de bambu, cerdas macias); embalagem reciclável. › Ekological - Cabo de bambu (cerdas de PBT macias); embalagem de papel. › Tepe - Linha Good (cabo feito a partir da cana-de-açúcar e cerdas macias feitas a base de óleo de ma- mona) › The Humble Co. - Humble Brush (cabo de bambu e cerdas de nylon-6); vegano, natural e biodegradável Manual com Perguntas e Respostas38 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A remoção do biofilme com a escova elétrica mostrou-se, em vários estudos, cerca de 20% melhor do que com a escovação manual (superioridade de até 11% na redução na gengivite), com impacto significativo na saúde bucal a longo prazo. 47, 27 Seu uso é particularmente recomendado para pacientes que não tenham uma higienização satisfatória com as escovas manuais. Isso pode acontecer por deficiência motora (portadores de doença de Parkinson ou artrite reumatóide, por exemplo), técnica inadequada, força excessiva ou dificuldade de acesso a determinadas regiões. Suas desvantagens estão relacionadas ao custo, inacessível a grande parte da população e ao impacto ambiental (considerado bem maior do que de todos os outros tipos de escovas). Embora uma revisão sistemática tenha concluído que a escova elétrica é mais efetiva para a remoção do biofilme em crianças6, é importante que, se ela for recomendada, a escovação manual seja mantida em algum momento do dia, para que haja o aprendizado da técnica e o treinamento. As escovas elétricas de boa qualidade, com cerdas macias (ou extramacias), não causam danos aos dentes, restaurações ou tecidos moles da boca. Quando devemser indicadas as escovas elétricas? Manual com Perguntas e Respostas39 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Existem mais estudos realizados com as escovas rotatórias/oscilatórias, mas as escovas de movimento lateral e sônicas apresentam, também, bons resultados. Ainda que, em alguns trabalhos, haja uma pequena superioridade das rotatórias/oscilatórias em relação às demais, a importância clínica dessa diferença é duvidosa. A orientação de não ligar a escova até que ela esteja dentro da boca evita que o dentifrício seja “expulso” no primeiro movimento. É importante, também, mostrar ao paciente que a posição da escova deve ser continuamente modificada, de maneira que haja contato com todas as superfícies dos dentes. Escovas recarregáveis são superiores às versões a pilha. Dispositivos como sensores de pressão e marcadores de tempo são desejáveis. Exemplos de escovas elétricas recarregáveis encontradas no mercado brasileiro: › Curaprox Hydrosonic Pro - 22.000 a 42.000 vibrações por minuto; cabeça oval; com temporizador. › Edel White Sônica Hidrodinâmica - 31.000 a 42.000 movimentos por minuto; com temporizador. › Oral B - Genius X e Genius 8000 ( +8.800 oscilações/rotações por minuto e +45.000 pulsações por minuto) / Pro 2000 (+8.800 oscilações/rotações e 45.000 pulsações por minuto); cabeça redonda; com temporizador e sensor de pressão. › Philips Colgate SonicPro - 10 e 30 (31.000 movimentos por minuto) / 50 , 70 e Kids (62.000 movimentos por minuto); cabeça oval; com temporizador e sensor de pressão › Waterpik - Escova Sônica com 31.000 vibrações por minuto (acoplada ao aparelho de irrigação oral); com temporizador Manual com Perguntas e Respostas40 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A realização da higienização de forma adequada depende, não apenas da destreza manual e do aprendizado, mas também da motivação (e da sua manutenção ao longo do tempo). Há várias técnicas de escovação descritas na literatura. Embora uma revisão sistemática tenha apontado a técnica de Bass (e Bass modificada) como superior às demais na redução do biofilme e da gengivite3, não há uma única técnica recomendada para todas as pessoas. Talvez a melhor maneira de orientar o paciente no consultório seja aperfeiçoando ou corrigindo a escovação que ele já está habituado a fazer. É importante ter em mente que modificar hábitos (sobretudo no adulto) é bastante difícil. Um programa individualizado, que leve em consideração as necessidades e dificuldades do paciente, favorecerá a adesão a longo prazo. Além disso, é muito importante que ele compreenda a situação atual e o por quê da necessidade da modificação sugerida. As opções mais comumente utilizadas pelas pessoas são: › técnica de Fones (movimentos circulares, realizados nas superfícies vestibulares e linguais dos dentes), muito apropriada para crianças; › técnica de Bass (movimentos vibratórios curtos no sentido ântero-posterior, com a escova posicionada em um ângulo de 45o., próximo à margem gengival/diretamente no sulco) ou Bass modificada (finalização dos movimentos de vibração com movimento de “rolar” a escova no sentido incisal/oclusal. › técnica de Stillman (movimentos de vibração com a escova posicionada a 45o. sobre a gengiva, seguidos de varredura no sentido incisal/oclusal; A técnica de Bass Modificada normalmente é realizada após orientação profissional, principalmente em pacientes que passaram por tratamento periodontal. Nas superfícies oclusais, os movimentos são de vai e vem (“esfregar”). Esse tipo de movimento é realizado por alguns pacientes nas superfícies vestibulares e linguais (sobretudo crianças ou aqueles que não receberam nenhum tipo de instrução), mas tem sido associado a maior ocorrência de alterações gengivais. Como já mencionado, a complementação da escovação da superfície oclusal do primeiro molar em erupção, por um adulto, no sentido transversal (com a cabeça da escova posicionada no sentido vestíbulo-lingual) promove melhor remoção do biofilme. A técnica de escovação (e a pressão exercida) não deve traumatizar os tecidos, principalmente os moles, o que geraria possível recessão gengival. Esse aspecto deve ser sempre enfatizado na orientação. Um outro fator importante é a frequência de escovação que, se excessiva, tem sido associada a maior incidência de recessões gengivais e lesões cervicais não cariosas. A duração da escovação deve ser suficiente para que seja efetiva. Em suma, a melhor técnica de escovação é aquela que o indivíduo consegue realizar, removendo a maior quantidade de biofilme, sem traumatismo. Qual a melhor técnica de escovação? Manual com Perguntas e Respostas41 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Grande parte das pessoas escovam os dentes por 30 segundos a 1 minuto. Um estudo mostrou que a redução do biofilme foi de, aproximadamente, 27% após 1 minuto e de 41% após 2 minutos.38. O tempo de 2 minutos de escovação é recomendado, não apenas para remoção do biofilme adequadamente, atingindo todas as superfícies dentárias, mas, também, para favorecer a disponibilização e retenção do fluoreto/demais ingredientes ativos na cavidade bucal. Para controle de inflamação gengival e cárie, as pessoas devem ser orientadas a fazer, pelo menos, duas escovações por dia, com o dentifrício fluoretado. Estudos demonstram que, para fins de inflamação gengival, uma vez ao dia seria suficiente. Entretanto, é importante lembrar que a escovação, além de objetivar a remoção do biofilme, é uma forma de aplicação tópica diária de fluoreto. Para fins de controle da cárie, o fluoreto deveria ser disponibilizado pelo menos 2 vezes ao dia, o que é o suporte dessa recomendação. A escovação apenas uma vez ao dia compromete o efeito anticárie do dentifrício fluoretado (até 50% menor), sobretudo em crianças em fase de erupção de dentes ou em pacientes geriátricos com exposição radicular. Poderá haver benefício se o paciente fizer 3 escovações, principalmente se houver risco aumentado de desenvolvimento de lesões de cárie ou doença periodontal. Qual é o tempo necessário para a escovação dos dentes? Quantas escovações devem ser feitas no dia? Manual com Perguntas e Respostas42 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A recomendação usual (que deve constar, inclusive, na embalagem dos produtos) é de troca da escova a cada 3 meses, pelo menos. Entretanto, dependendo da qualidade das cerdas (escovas extramacias tendem a sofrer maior alteração) e da força ou técnica empregadas, o desgaste das escovas pode variar bastante entre as pessoas . Por isso, vale a pena pedir ao paciente que traga a sua, na consulta, para avaliação. Uma forma objetiva de orientar é para que seja verificada a alteração da posição das cerdas externas, trocando a escova quando elas ultrapassarem a direção da base (o que, segundo alguns estudos, levaria à redução na capacidade de remoção do biofilme). Qual a periodicidade de troca da escova dental? Manual com Perguntas e Respostas43 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Após cada uso, a escova deve ser bem lavada (para remover restos do dentifrício e outros resíduos) e o excesso de umidade, eliminado (batendo o cabo/cabeça na beirada da pia, por exemplo). A escova deve ser, então, armazenada em pé (com a cabeça para cima), sem capa de proteção, para não criar um ambiente apropriado à proliferaçãomicrobiana e permitir a completa secagem. Ela deve ficar separada de outras escovas e distante do vaso sanitário. A desinfecção das cerdas pode ser realizada, periodicamente, em situações de pacientes em ambiente hospitalar, imunossuprimidos ou com quadros infecciosos. A recomendação mais frequente é que seja feita a imersão em um antisséptico contendo clorexidina a 0,12%, por 15 minutos, enxaguando depois em água corrente. Uma maneira simples e de custo acessível (para uso em creches, por exemplo) é a utilização do vinagre branco. Como armazenar e manter limpa a escova? Manual com Perguntas e Respostas44 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Como já explicado anteriormente, a recomendação de escovas com cerdas macias ou extramacias é relacionada, primeiramente, à saúde gengival. Escovas duras podem favorecer o desenvolvimento de lesões não cariosas, sobretudo se associadas a dentifrícios de maior abrasividade. Em relação ao desgaste, a escova parece agir modulando o efeito dos abrasivos dos dentifrícios. Em um estudo populacional (transversal), com adolescentes de 15 a 19 anos, foi encontrada uma associacão muito fraca (apesar de significativa) entre a rigidez das cerdas e o desgaste dental erosivo (menor desgaste com o uso de escovas extramacias)25 Curiosamente, um estudo in vitro mostrou aumento do desgaste provocado pela escovação com dentifrício mais abrasivo, após desafio erosivo, quando foram utilizadas escovas macias, em relação às médias. Uma possível explicação dada pelos autores foi que, pela flexão maior das cerdas, houve aumento do contato dos abrasivos com as superfícies.1 Qual a influência da escova no desgaste dentário? Manual com Perguntas e Respostas45 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Em um outro estudo laboratorial, duas escovas ultramacias tiveram resultados estatisticamente diferentes no desgaste erosivo-abrasivo do esmalte, apesar dessa diferença ter sido considerada de importância clínica discutível. Aquela com maior número de cerdas (mais de 5.000 cerdas) gerou perda superficial maior, possivelmente por reter maior quantidade de dentifrício.40 Quando dentifrícios de baixa abrasividade são utilizados, não parece haver diferença no desgaste causado por diferentes tipos de escovas, mesmo na superfície radicular.42 Força excessiva na escovação aumenta o desgaste, razão pela qual escovas elétricas com sensores de pressão têm sido recomendadas para indivíduos que tendem a fazer uma escovação muito vigorosa. Quando maiores forças são aplicadas na escovação com dentifrício, escovas mais macias geram menor desgaste.10 Além da indicação de escovas com cerdas macias ou extramacias, a escolha correta dos dentifrícios, a educação do paciente quanto a técnica/frequência de escovação e o controle dos desafios ácidos na cavidade bucal são estratégias extremamente importantes. Manual com Perguntas e Respostas46 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Quando o bebê ainda não tem dentes e está com aleitamento materno exclusivo, é muito pouco provável que haja algum benefício na limpeza da cavidade oral. Na verdade, há indícios de que a limpeza favoreça a colonização por Candida spp.36 O leite materno depositado nas mucosas, rico em anticorpos, oferece uma proteção natural. Além disso, pela interação da mucosa com a microbiota, são desencadeados processos imunológicos importantes para o equilíbrio da cavidade oral dos bebês. A própria saliva promoverá a limpeza da boca nessa fase. Quando o primeiro dente irrompe, aí, sim, a escovação deverá ser feita (com pequena quantidade de dentifrício fluoretado). Quando deve ser iniciada a higienização da boca dos bebês? Manual com Perguntas e Respostas47 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A limpeza interproximal é um aspecto importante no autocuidado, pois essa região, que se apresenta com maior incidência de inflamação gengival, não é acessível à escova dental. O grande problema relacionado a esse tópico é a não utilização de nenhum tipo de recurso para remoção do biofilme proximal, rotineiramente, pelos pacientes (apenas 10 a 30% o fazem). O primeiro objetivo e talvez o mais desafiador é a formação do hábito. Por isso, a preferência deve ser levada em consideração, para facilitar a cooperação. Uma outra dificuldade é que, para atingir o benefício, a técnica, independentemente do tipo de instrumento, tem que ser realizada de maneira adequada, o que exige empenho (tanto do profissional-educador quanto do usuário). 1.2 - LIMPEZA INTERPROXIMAL Qual o melhor recurso para limpeza interproximal? Manual com Perguntas e Respostas48 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S É importante esclarecer aos pacientes que o sangramento não é um motivo para suspender a limpeza interproximal, mas, sim, um sinal da sua necessidade. É difícil afirmar a superioridade clínica, em todos os perfis de pacientes, de um único tipo de recurso para limpeza interproximal. Aspectos como o tamanho do espaço interdental, a destreza manual e a motivação para o uso devem ser levados em consideração, no momento da escolha. Embora o uso do fio dental seja considerado importante no protocolo de higienização, não há dados conclusivos sobre a magnitude do seu efeito na inflamação gengival, nem do impacto na redução da incidência de lesões de cárie (o que não significa que não haja efeito). No que se refere à inflamação gengival, a limitação do efeito do fio dental está provavelmente relacionada à maneira não tão adequada com a qual o mesmo é utilizado. Em relação a cárie, a limitação do seu efeito isolado está relacionada ao processo de desenvolvimento da doença, que depende mais de carboidratos fermentáveis e disponibilidade de fluoreto do que do controle do biofilme propriamente dito. Vale a pena lembrar que as pessoas usam o fio dental quando a desmineralização já ocorreu (após os desafios cariogênicos, pela exposição a açúcares da dieta) e a remoção mecânica do biofilme pelo fio não reverterá essa perda de mineral. Manual com Perguntas e Respostas49 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Os fios e fitas dentais são feitos de nylon, polipropileno, politetrafluoretileno (PTFE) ou outro material apropriado, recobertos ou não por ingredientes para facilitar o deslizamento e flavorizantes. Não existe evidência de que um tipo de fio seja melhor do que o outro na redução da gengivite. Exemplos de fios e fitas dentais: › Bianco - Fio Dental Delicare › Colgate - Fio Dental Encerado / Fio Dental Menta / Fita Dental Colgate Total › Condor - Fio Dental Infantil / Menta › Dental Clean - Fio Dental Menta / Fita Dental Menta / Fita Floss Premium / Fio Dental Infantil › Edel White - Fio Dental Encerado / Fio Dental Expand / Easy Tape Encerada › Kess - Fio e fita › Oral B - 3D White Floss, Essential Floss, Fio Pró Saúde, Satin Floss, Satin Tape › Elmex - Fio Dental com fluoreto de Amina › J&J - Fio Dental Essencial Menta / Expansion Plus › Hillo - Fio e Fita Dental / Fio Dental Extrafino / Fita Dental Menta › Needs - Fio Dental Menta › Sanifill - Fio Dental Clássico / Fio Dental Menta / Fio Dental Extrafino Manual com Perguntas e Respostas50 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IGIE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Fios encerados podem ter um bom atrito com a superfície proximal, favorecendo a remoção de depósitos. Já os fios bem deslizantes (como os de Teflon) facilitam a passagem por contatos apertados entre dentes. O fio dental com haste é um bom recurso para crianças/adolescentes adquirirem o hábito ou para pessoas com dificuldade no uso do fio comum. A adição de sabores serve para incentivar o uso. Todos esses aspectos podem influenciar na escolha, não pela superioridade, mas pensando em melhorar a adesão ao objetivo proposto. Exemplos de fios com haste: › Gum - Kids Flosser / Original Flosser / Multiple Action Flosser / Dual Technique › Kess - Fio dental Individual › Oral B - 3D White com Haste / Expert › Tepe - Mini Flosser Passa-fios e fios específicos para uso em aparelhos ortodônticos e próteses fixas estão disponíveis, mas exigem treinamento do paciente. Manual com Perguntas e Respostas51 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de fios especiais: › Edel White SuperSoft Floss › Gum - Orthodontic Floss › Oral B - Superfloss Exemplos de marcas de passa-fios: › Bitufo, Dental Clean, Gum, Hillo, Kess, Needs, Power Line Embora o uso de um fio dental não encerado impregnado com clorexidina 2% tenha sido superior na redução do biofilme interproximal supragengival ao fio não encerado tradicional, não houve superioridade em relação aos índices de sangramento.21 Em relação ao fluoreto, apesar da possibilidade da aplicação direta na região proximal com fios impregnados, não há evidência de efeito clínico adicional no controle de cárie em indivíduos utilizando dentifrício fluoretado. Além disso, pode haver uma grande variação na liberação dos aditivos entre diferentes produtos comerciais.34 As escovas interdentais são os melhores recursos para reduzir o biofilme proximal (30% a mais do que somente escovação) e a inflamação, desde que haja espaço suficiente para a sua utilização de forma atraumática (por isso os diferentes diâmetros e formatos).13 Em concavidades das superfícies dos dentes com perda de inserção, é indiscutível a sua superioridade em relação aos demais dispositivos, sendo capaz de remover, também, o biofilme localizado abaixo da margem gengival. A facilidade de uso dessas escovas é um fator muito importante, sobretudo para o perfil de pacientes portadores de doença periodontal destrutiva. A prescrição do formato (cilíndrico ou cônico), do tamanho adequado e a demonstração da maneira correta de usar são fundamentais para o efeito desejado, sem trauma tecidual. Manual com Perguntas e Respostas52 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de escovas interdentais: › Bitufo Interclean - Cônica (2,5 a 4 mm / 3 a 6,2mm ) e Cilíndrica (2mm / 3mm / 4mm) › Colgate Total - cilíndrica (2 mm) › Curaprox - CPS Prime 06 / 07 / 08 / 09 / 011 (com diâmetro de limpeza de 2,2 mm / 2,5 mm / 3,2 mm / 4 mm / 5 mm, espaço de acesso entre 0,6 e 1,1 mm) › CPS Soft & Implant 505 / 507 / 508 / 512 / 516 (com diâmetro de limpeza de 5,5 mm / 7,5 mm / 4,5 - 8,5 mm / 12 mm / 16 mm, com espaço de acesso maior que 2 mm) - haste com revestimento plástico › DentalClean - Cônicas e cilíndricas › Edel White - EasyFlex , cilíndricas (em 6 diferentes tamanhos, com diâmetro de limpeza de 1,7 mm / 2 mm / 2,4 mm / 3 mm / 4 mm / 5 mm, espaço de acesso entre 0,42 mm e 0,8 mm); haste coberta › Gum - Proxabrush cônica e cilíndrica › Kess - Cilíndrica (Extrafina 3mm / Grossa 8 mm ) e Cônica (3 a 7 mm) › Kin - Mini 1,1 mm / Micro 0,9 mm/ Supermicro 0,7 mm/ Ultramicro 0,6 mm / Cônica 1,3 mm › Needs - 3 mm › Oral B - Expert cônica (2-3 mm / 3-4 mm) › Tepe - Macias e Extramacias, cilíndricas (espaço de acesso 0,4 / 0,45 / 0,5 / 0,6 / 0,7 / 0,8 / 1,1 / 1,3 ) - arame central revestido de plástico Para higienização das regiões com próteses sobre implantes, a recomendação é que sejam utilizadas as escovas interdentais, especialmente aquelas com hastes centrais recobertas por plástico, para evitar ranhuras na superfície (apesar de haver controvérsia sobre essa informação). Devido aos relatos, na literatura, de peri-implantite desencadeada pela presença de remanescentes de fio dental, é importante orientar cuidadosamente o paciente, caso esse seja o seu recurso de preferência.44 Manual com Perguntas e Respostas53 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S No mercado brasileiro, os palitos disponíveis em supermercados têm objetivos muito mais relacionados à remoção de restos alimentares do que controle do biofilme. São facilmente encontrados e de custo acessível. Palitos triangulares, de madeira apropriada estão comercialmente disponíveis à população de outros países, mas, no Brasil, só no mercado de produtos odontológicos. Apesar de existirem dúvidas sobre a magnitude do efeito, tanto os palitos de secção transversal triangular quanto os arredondados parecem ser capazes de reduzir o biofilme e os sinais de inflamação na região proximal.48 Se for esse o recurso que o paciente conseguirá usar, a técnica deve ser bem orientada, pois, se a utilização não for cuidadosa, existe risco de traumatizar a papila gengival, sobretudo em espaços menores. Além disso, o ângulo para inserção na região posterior é difícil, assim como o acesso às áreas côncavas das raízes ou mais próximas à face lingual (o que pode favorecer a permanência de biofilme residual). Estão disponíveis, atualmente, palitos especiais de borracha, com formato semelhante ao das escovas interdentais. Palitos podem ser utilizados para a limpeza da região interproximal? Exemplos de palitos especiais: › Edel White- Pick Sticks › Gum - Soft Picks › Oral B - Pick Interdental Expert › Tepe - Easypick Manual com Perguntas e Respostas54 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A utilização do fio dental, antes ou depois da escovação, não afeta o índice de placa, segundo uma revisão sistemática.35 Apesar de haver um estudo mostrando maior retenção de fluoreto no biofilme residual quando o fio foi usado antes19, essa informação carece de suporte científico, sobretudo no que diz respeito ao impacto dessa diferença na redução de cárie. Mais importante do que a sequência é a formação do hábito de limpeza interproximal, uma vez ao dia, que poucas pessoas têm estabelecido. A limpeza interproximal deve ser feita antes ou depois da escovação? Manual com Perguntas e Respostas55 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A remoção da “saburra” lingual, rica em microorganismos, células descamadas e resíduos de alimentos, é considerada um passo importante na higienização e contribui para a prevenção/tratamento da halitose de origem bucal. 1.3 - OUTROS RECURSOS Qual a indicação dos limpadores de língua? Manual com Perguntas e Respostas56 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Para isso, podem ser utilizados os limpadores de língua, as escovas especiais para língua ou as escovas dentais de cerdas macias (ou extramacias) Em vários estudos, os limpadores de língua se mostraram superiores às escovas dentais na redução dos compostos sulfurosos voláteis (CSV), sendo, também, menos associados à sensação de enjôo24Um estudo clínico recente, no qual não foram encontradas diferenças significativas entre eles (tanto na remoção dos depósitos quanto na diminuição dos compostos voláteis) ressaltou a importância da orientação quanto à técnica de limpeza da língua (“varrer” cuidadosamente, da região posterior para a frente), para qualquer instrumento indicado.4 Exemplos de limpadores e escovas para língua existentes no mercado: › Limpadores - Curaprox CTC (com lâmina simples ou dupla), Edel White, Tepe Good › Escovas - Bitufo Hálito Puro, Dental Clean, Tung Manual com Perguntas e Respostas57 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Há benefícios na utilização dos aparelhos para irrigação oral? A recomendação de utilizar aparelhos com jatos de água (tipo Waterpik), associado à escovação, pode ser feita para alguns pacientes (com próteses sobre implante e do tipo protocolo ou com pouca destreza manual, por exemplo). Apesar de não haver evidência de benefícios na redução do biofilme, vários trabalhos demonstram melhora nos parâmetros de inflamação gengival (mas menor do que com escovas interproximais). Esses aparelhos podem ser utilizados, também, para irrigação com enxaguatórios contendo antimicrobianos (clorexidina, por exemplo). Em relação à bacteremia gerada por esses jatos, não há diferença da ocasionada pela escovação e uso do fio dental. Exemplos comerciais de aparelhos para irrigação oral encontrados no mercado brasileiro: › Edel White - Flosserpik › Oraljet › Philips/Sonicare › Waterpik Manual com Perguntas e Respostas58 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O uso de gomas de mascar sem açúcar (e não ácidas) reduz o biofilme ou traz benefícios para o controle de doenças? A saliva é uma solução supersaturada de cálcio e fosfato em relação aos dentes, o que evita a dissolução dos mesmos e favorece a reparação de minerais perdidos. O grau de saturação e a consequente propriedade remineralizante da saliva aumentam quando o fluxo salivar é estimulado, havendo, também, maior concentração de bicarbonato (e elevação do pH). A mastigação dos chicletes sem açúcar provoca, nos primeiros 5-10 min, um aumento de até 10 vezes do fluxo salivar, devido ao estímulo químico dos agentes flavorizantes e adoçantes da goma. O fluxo salivar é mantido ativado, da ordem de 3-4 vezes, pela estimulação mecânica dos botões gustativos, pela pressão da mastigação da goma-base. Como consequência, há um favorecimento da eliminação do açúcar, neutralização de ácidos produzidos e redução dos compostos voláteis responsáveis pelo mau hálito (por até 3 horas). A saliva estimulada atua, também, na reparação da estrutura dental que sofreu desmineralização. Em pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico, o uso de gomas de mascar sem açúcar, após a refeição, pode ajudar na redução da acidez na boca e no esôfago. Manual com Perguntas e Respostas59 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Gomas de mascar não são capazes de remover o biofilme das superfícies com maior risco de manifestação de doença (margem gengival e regiões proximais, por exemplo). Podem até promover uma pequena redução no índice de placa, quando associado à escovação, mas não há redução de inflamação gengival. Apesar de ser uma hipótese plausível, não se pode afirmar que o uso de gomas de mascar sem açúcar seja uma maneira eficaz para reduzir o desenvolvimento de lesões de cárie. A recomendação do uso pode ser feita de maneira individualizada (pacientes de alto risco, que não consigam fazer a escovação após o almoço, por exemplo), nunca para crianças abaixo de 5 anos, pela possibilidade de engasgar, sendo também contraindicado para pacientes com disfunções temporomandibulares. Quanto aos efeitos do uso de gomas de mascar após o consumo de alimentos ácidos ou um episódio de vômito, por exemplo, o benefício esperado de potencialização da remineralização pode ser perdido pela remoção mecânica da superfície amolecida, durante a mastigação. Manual com Perguntas e Respostas60 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Por mais que existam “crenças” populares (sobre a maçã, por exemplo), nenhum alimento é capaz de substituir a escovação dos dentes, por mais que favoreça a remoção de restos de alimentos, reduza o biofilme em algumas superfícies (mas não nas interproximais ou nas áreas próximas à margem gengival) ou estimule a produção de saliva. Existem alguns alimentos que podem auxiliar, através do aumento da saturação da saliva em cálcio (como os queijos), fluoreto (como chá feito com as folhas da Camellia sinensis), ou do aumento do pH do biofilme (peixe tambaqui, por exemplo). Há alimentos que podem “substituir” a escovação? Manual com Perguntas e Respostas61 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Embora o leite tenha propriedades anticariogênicas (pela composição proteica), ele tem lactose, um carboidrato cariogênico para dentina. Porcentagem de perda de dureza de superfície da dentina, de acordo com os tratamentos. Adaptado de Botelho JN, Nome CM, Giacaman RA, Cury, JA. Effect of bovine milk fat-removal on S.mutans biofilm composition and root dentine demineralization (ORCA 2019) Manual com Perguntas e Respostas62 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S 1. BIZHANG M, RIEMER K, ARNOLD WH, DOMIN J, ZIMMER S. Influence of bristle stiffness of manual toothbrushes on eroded and sound human dentin - an in vitro study. Plos One, 2016, 11(4): e0153250. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada no 142, de 17 de março de 2017, publicada no Diário Oficial da União em 20 de março de 2017. 3. CHANDRASHEKAR JANAKIRAM C, TAHA F, JOE J. The efficacy of plaque control by various toothbrushing techniques - a systematic review and meta-analysis. J Clin Diagn Res, 2018, 12(11), 1-6. doi: 10.7860/JCDR/2018/32186.12204. 4. CHOI HN, CHO YS, KOO JW. The effect of mechanical tongue cleaning on oral malodor and tongue coating. Int J Environ Res Public Health, 2022, 19(1), 108. doi: 10.3390/ijerph19010108. 5. CURY JA, TENUTA LMA, TABCHOURY CPM. Saliva, goma de mascar e saúde bucal. In: Centenário da APCD. São Paulo, ed.1, Ed. Napoleão, 9: 179-90. 2011. 6. DAVIDOVICH E, SHAFIR S, SHAY B, ZINI A. Plaque removal by a powered toothbrush versus a manual toothbrush in children: a systematic review and meta-analysis. Pediatric Dent, 2020, 42(4): 280-287. 7. DEACON SA, GLENNY A-M, DEERY C, ROBINSON PG, HEANUE M, WALMSLEY AD, SHAW WC. Different types of powered toothbrushes for plaque control and gingival health. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2010; 12: CD004971. doi: 10.1002/14651858.CD004971.pub2. 8. GONÇALVES AF, ROCHA RO, OLIVEIRA MDM, RODRIGUES CRMD. Clinical effectiveness of toothbrushes and toothbrushing methods of plaque removal on partially erupted occlusal surfaces. Oral Health and Prev Dent, 2007, 5(1): 33- 37. 9. HAAS AN, SILVEIRA EMV, RÖSING CK. Effect of tongue cleansing on morning oral malodor in periodontally healthy individuals. Oral Health Prep Dent, 2007, 5(2); 89-94. 10. HAMZA B, TANNER M, KÖRNER P, ATTIN T, WEGEHAUPT FJ. Effect of toothbrush bristle stiffness and toothbrushing force on the abrasive dentine wear. Int J Dent Hyg, 2021, 19(4): 355-359.
Compartilhar