Carla Bertelli – 4° Período Conhecer os agentes etiológicos, a epidemiologia, os mecanismos de transmissão, os fatores de risco, o quadro clínico, o diagnóstico e as complicações das ISTs que causam corrimento vaginal (Trichomonas vaginalis, Candida albicans, Gardnerella vaginalis) / uretral (Chlamydia tracomatis, Neisseria gonorrhoeae; Mycoplasma sp.). Trichomonas vaginalis – Protozoário Candida albicans – Fungo Gardnerella vaginalis – Vaginose Bacteriana Chlamydia tracomatis Neisseria gonorrhoeae Mycoplasma sp é a causa mais comum de secreção vaginal. Essa doença é uma infecção polimicrobiana complexa, que se caracteriza por alteração da flora vaginal com predomínio de lactobacilos produtores de peróxido de hidrogênio para uma flora com quantidades acentuadamente reduzidas de lactobacilos e proliferação excessiva de outros microrganismos, como a G. vaginalis. O sinal principal da vaginose bacteriana é secreção vaginal branco-acinzentada fina com odor fétido de peixe. Como não causa inflamação, essa condição geralmente é conhecida como vaginose, em vez de vaginite. É uma síndrome clínica comum, complexa e mal compreendida que reflete anormalidade na flora vaginal. Tem várias denominações e agentes infecciosos, principalmente Gardnerella vaginalis. Por razões desconhecidas, a relação simbiótica da flora vaginal se altera, passando a haver supercrescimento de espécies anaeróbias incluindo Gardnerella vaginalis, Ureaplasma urealyticum, Mobiluncus spp., Mycoplasma hominis e Prevotella spp. A vaginose bacteriana (VB) também está associada à au- sência ou redução significativa de espécies normais de Lactobacillus produtores de peróxido de hidrogênio. – É uma doença sexualmente transmissível e tem sido observada em mulheres sem experiência sexual prévia. ó – Sintomas vaginais como descarga vaginal sem irritação e com mau cheiro é bem característico. Em regra, a vagina não se encontra eritematosa e o exame do colo do útero não revela anormalidades. Os critérios diagnósticos clínicos incluem (1) Avaliação microscópica de uma preparação salina da secreção vaginal; (2) Liberação de aminas voláteis produzidas pelo metabolismo anaeróbio; (3) Determinação do pH vaginal. No primeiro, a preparação salina da secreção vaginal, para o exame conhecido como ‘’a fresco’’ contém uma amostra coletada do corrimento misturada com gotas de soro fisiológico e observada no microscópio. As ‘’clue cells’’ são as indicadoras mais confiáveis de VB. Essas células epiteliais contêm múltiplas bactérias aderidas, que criam uma borda celular pontilhada mal definida. A adição de hidróxido de potássio (KOH) a 10% a uma amostra fresca de secreção vaginal libera aminas voláteis com odor de peixe. Na linguagem informal, isso é referido como whiff test. Em regra, o odor é evidente, mesmo sem o KOH. De forma similar, a alcalinidade do fluido seminal e a do sangue são responsáveis pela queixa de odor ofensivo após relação sexual e durante a menstruação. O achado de clue cells e um whiff test positivo são patognomônicos, mesmo em pacientes assintomáticas. Nas pacientes com VB, o pH vaginal costuma estar >4,5, resultado da redução na produção de ácido pelas bactérias. O é um sistema empregado para diagnosticar VB utilizando o exame microscópico de esfregaço de secreção vaginal corado pelo Gram. Utilizado mais em pesquisa do que na prática clínica, a pontuação é calculada avaliando-se a predominância de três tipos de morfologia e coloração bacterianas: (1) grandes bastonetes gram-positivos (Lactobacillus spp.), (2) pequenos bastonetes com resultado variável pelo Gram (G. vaginalis ou Bacteroides spp.) e (3) bastonetes curvos de Gram variável (Mobiluncus spp.). Pontuações entre 7 e 10 são consistentes com VB. Carla Bertelli – 4° Período É a DST não viral com maior prevalência, sua incidência parece aumentar com a idade. Nos homens normalmente é assintomática. Esse parasita é um marcador do comportamento sexual de alto risco, e a coinfecção com patógenos sexualmente transmissíveis é comum, especialmente a gonorreia. O Trichomonas vaginalis tem predileção por epitélio escamoso, e as lesões podem facilitar o acesso para outras espécies sexualmente transmissíveis. A transmissão vertical durante o parto pode ocorrer. A infecção causada pelo protozoário anaeróbio T. vaginalis acarreta a produção de secreção amarelada ou esverdeada, espumosa, fétida e abundante. A tricomoníase é um fator de risco de transmissão do HIV e é contagiosa nos homens e nas mulheres. Nas mulheres, essa infecção aumenta os riscos de infertilidade tubária e DIP atípica e, nas gestantes, está associada a complicações como nascimento prematuro. ó – O período de incubação varia de 3 dias a 4 semanas, vagina, uretra, ectocérvice e bexiga podem ser acometidos. Até 50% das mulheres com tricomoníase se mantém assintomáticas, e em alguns casos a infecção pode persistir por meses ou anos. Entretanto, em pacientes com queixas, a leucorreia vaginal (corrimento vaginal espesso e de cor branca ou amarelada.), mal cheirosa, final e amarela ou verde. Além disso, pode ter disúria, dispareunia (dor durante ato sexual), prurido vulvar e dor. A vulva pode estar eritematosa, edemaciada e escoriada. A vagina elimina leucorreia e hemorragia subepitelais, ou manchas vermelhas que podem ser observadas na vagina e colo do útero. A tricomoníase costuma ser diagnosticada a partir da identificação microscópica de parasitas em um preparo salino da secreção. Os tricomonas são protozoários anaeróbios com flagelo anterior, são móveis, ovais e ligeiramente maiores que um leucócito. Tornam-se menos móveis com o frio, e as lâminas devem ser observadas no prazo de 20min. Além dos achados microscópicos, o pH vaginal está elevado. A técnica diagnóstica mais sensível é a cultura, mas não tão utilizado devido a necessidade de alguns materiais e poucos laboratórios são equipados. Existe um exame rápido para tricomonas, é um exame imunocromatográfico Também podem ser observados em esfregaço de papanilocau Pode ser encontrado na vagina de pacientes assintomáticos e é um comensal de boca, reto e vagina. Existem outras espécies de cândida. É comum a candidíase ser observada em climas quentes e em pacientes obesas. Além disso, imunossuprimidos, diabetes melitus, gravidez e uso recente de antibiótico de amplo espectro predispõe a mulher à infecção clínica. Ela pode ser sexualmente transmissível e estudos relatam a associação entre candidíase e sexo oral. A candidíase, é uma causa frequente de vulvovaginite. Pode haver Candida sp. sem sintomas; em geral, algum fator do hospedeiro (p. ex., imunossupressão) contribui para o desenvolvimento da vulvovaginite, que pode ser tratada com fármacos comercializados sem prescrição. ó – A sintomatologia mais comum é prurido, dor, eritema vulvar e edema com escoriações. O corrimento vaginal característico é descrito como semelhante ao queijo cortage. O pH vaginal é normal (<4,5), e o exame microscópico da leucorreia vaginal, após a aplicação da solução salina ou KOH, permite a identificação de levedura. A cândida é dimórfica, apresentando tanto leveduras quanto hifas. Pode estar presente na vagina como um fungo filamentoso (pseudo- hifas) ou levedura germinada com micélios. A cultura para candidíase não é recomendada como rotina, entretanto, pode-se justificar nas pacientes cujo tratamento empírico tenha fracassado. Carla Bertelli – 4° Período Infecções por í – podem afetar gravemente as estruturas genitais e causar manifestações sistêmicas. Gonorreia e infecções por Chlamydia podem causar grande variedade de complicações geniturinárias nos homens e nas mulheres e ambas podem acarretar doença ocular e cegueira dos recém-nascidos de mães infectadas Segunda espécie mais prevalente