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Arilton Martins Fonseca Márcia Regina Fumagalli Marteleto Teresa Helena Schoen (Organizadores) uma abordagem do desenvolvimento PROCESSOSPROCESSOS VOL.2VOL.2 NEUROPSICOLÓGICOSNEUROPSICOLÓGICOS editora científica digital Arilton Martins Fonseca Márcia Regina Fumagalli Marteleto Teresa Helena Schoen (Organizadores) uma abordagem do desenvolvimento PROCESSOSPROCESSOS NEUROPSICOLÓGICOSNEUROPSICOLÓGICOS VOL.2VOL.2 2022 - GUARUJÁ - SP 1ª EDIÇÃO editora científica digital Diagramação e arte Equipe editorial Imagens da capa Adobe Stock - licensed by Editora Científica Digital - 2022 Revisão Autores e Autoras 2022 by Editora Científica Digital Copyright© 2022 Editora Científica Digital Copyright do Texto © 2022 Autores e Autoras Copyright da Edição © 2022 Editora Científica Digital Acesso Livre - Open Access EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA Guarujá - São Paulo - Brasil www.editoracientifica.org - contato@editoracientifica.org Parecer e revisão por pares Os textos que compõem esta obra foram submetidos para avaliação do Conselho Editorial da Editora Científica Digital, bem como revisados por pares, sendo indicados para a publicação. O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e autoras. É permitido o download e compartilhamento desta obra desde que pela origem da publicação e no formato Acesso Livre (Open Access), com os créditos atribuídos aos autores e autoras, mas sem a possibilidade de alteração de nenhuma forma, catalogação em plataformas de acesso restrito e utilização para fins comerciais. Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) XXXX Processos neuropsicológicos [livro eletrônico] : uma abordagem do desenvolvimento / Organizadores Arilton Martins Fonseca, Márcia Regina Fumagalli Marteleto, Teresa Helena Schoen. – Guarujá, SP: Científica Digital, 2021. E- BO OK AC ES SO LI VR E O N L INE - IM PR ES SÃ O P RO IBI DA Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-65-5360-206-9 DOI 10.37885/978-65-5360-206-9 1. Neuropsicologia. I. Fonseca, Arilton Martins. II. Marteleto, Márcia Regina Fumagalli. III. Teresa Helena Schoen. CDD 612.8 Índice para catálogo sistemático: I. Fisiologia Humana 2 0 2 2 Elaborado por Janaina Ramos – CRB-8/9166 editora científica digital editora científica digital Direção Editorial Reinaldo Cardoso João Batista Quintela Assistentes Editoriais Erick Braga Freire Bianca Moreira Sandra Cardoso Bibliotecários Maurício Amormino Júnior - CRB-6/2422 Janaina Ramos - CRB-8/9166 Jurídico Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852 C O N SE LH O E D IT O R IA L M es tr es , M es tr as , D ou to re s e D ou to ra s C O R P O E D IT O R IA L Prof. Dr. Carlos Alberto Martins Cordeiro Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Rogério de Melo Grillo Universidade Estadual de Campinas Profª. Ma. Eloisa Rosotti Navarro Universidade Federal de São Carlos Prof. Dr. Ernane Rosa Martins Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás Prof. Dr. Rossano Sartori Dal Molin FSG Centro Universitário Prof. Dr. Carlos Alexandre Oelke Universidade Federal do Pampa Prof. Esp. Domingos Bombo Damião Universidade Agostinho Neto - Angola Prof. Me. Reinaldo Eduardo da Silva Sales Instituto Federal do Pará Profª. Ma. Auristela Correa Castro Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Dalízia Amaral Cruz Universidade Federal do Pará Profª. Ma. Susana Jorge Ferreira Universidade de Évora, Portugal Prof. Dr. Fabricio Gomes Gonçalves Universidade Federal do Espírito Santo Prof. Me. Erival Gonçalves Prata Universidade Federal do Pará Prof. Me. Gevair Campos Faculdade CNEC Unaí Prof. Me. Flávio Aparecido De Almeida Faculdade Unida de Vitória Prof. Me. Mauro Vinicius Dutra Girão Centro Universitário Inta Prof. Esp. Clóvis Luciano Giacomet Universidade Federal do Amapá Profª. Dra. Giovanna Faria de Moraes Universidade Federal de Uberlândia Prof. Dr. André Cutrim Carvalho Universidade Federal do Pará Prof. Esp. Dennis Soares Leite Universidade de São Paulo Profª. Dra. Silvani Verruck Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Me. Osvaldo Contador Junior Faculdade de Tecnologia de Jahu Profª. Dra. Claudia Maria Rinhel-Silva Universidade Paulista Profª. Dra. Silvana Lima Vieira Universidade do Estado da Bahia Profª. Dra. Cristina Berger Fadel Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª. Ma. Graciete Barros Silva Universidade Estadual de Roraima Prof. Dr. Carlos Roberto de Lima Universidade Federal de Campina Grande Prof. Dr. Wescley Viana Evangelista Universidade do Estado de Mato Grosso Prof. Dr. Cristiano Marins Universidade Federal Fluminense Prof. Me. Marcelo da Fonseca Ferreira da Silva Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória Prof. Dr. Daniel Luciano Gevehr Faculdades Integradas de Taquara Prof. Me. Silvio Almeida Junior Universidade de Franca Profª. Ma. Juliana Campos Pinheiro Universidade Federal do Rio Grande do Norte Prof. Dr. Raimundo Nonato Ferreira Do Nascimento Universidade Federal do Piaui Prof. Dr. Antônio Marcos Mota Miranda Instituto Evandro Chagas Profª. Dra. Maria Cristina Zago Centro Universitário UNIFAAT Profª. Dra. Samylla Maira Costa Siqueira Universidade Federal da Bahia Profª. Ma. Gloria Maria de Franca Centro Universitário CESMAC Profª. Dra. Carla da Silva Sousa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano Prof. Me. Dennys Ramon de Melo Fernandes Almeida Universidade Federal do Rio Grande do Norte Prof. Me. Mário Celso Neves De Andrade Universidade de São Paulo Prof. Me. Julianno Pizzano Ayoub Universidade Estadual do Centro-Oeste Prof. Dr. Ricardo Pereira Sepini Universidade Federal de São João Del-Rei Profª. Dra. Maria do Carmo de Sousa Universidade Federal de São Carlos Prof. Me. Flávio Campos de Morais Universidade Federal de Pernambuco Prof. Me. Jonatas Brito de Alencar Neto Universidade Federal do Ceará Prof. Me. Reginaldo da Silva Sales Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Prof. Me. Moisés de Souza Mendonça Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Prof. Me. Patrício Francisco da Silva Universidade de Taubaté Profª. Esp. Bianca Anacleto Araújo de Sousa Universidade Federal Rural de Pernambuco Prof. Dr. Pedro Afonso Cortez Universidade Metodista de São Paulo Profª. Ma. Bianca Cerqueira Martins Universidade Federal do Acre Prof. Dr. Vitor Afonso Hoeflich Universidade Federal do Paraná Prof. Dr. Francisco de Sousa Lima Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano Profª. Dra. Sayonara Cotrim Sabioni Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Baiano Profª. Dra. Thais Ranielle Souza de Oliveira Centro Universitário Euroamericano Profª. Dra. Rosemary Laís Galati Universidade Federal de Mato Grosso Profª. Dra. Maria Fernanda Soares Queiroz Universidade Federal de Mato Grosso Prof. Dr. Dioniso de Souza Sampaio Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Leonardo Augusto Couto Finelli Universidade Estadual de Montes Claros Profª. Ma. Danielly de Sousa Nóbrega Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre Prof. Me. Mauro Luiz Costa Campello Universidade Paulista Profª. Ma. Livia Fernandes dos Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre Profª. Dra. Sonia Aparecida Cabral Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Profª. Dra. Camila de Moura Vogt Universidade Federal do Pará Prof. Me. José Martins Juliano Eustaquio Universidade de Uberaba Prof. Me. Walmir Fernandes Pereira Miami University of Science and Technology Profª. Dra. Liege Coutinho Goulart Dornellas Universidade Presidente Antônio Carlos Prof. Me. Ticiano Azevedo Bastos Secretaria de Estado da Educação de MG Prof. Dr. Jónata Ferreira De Moura UniversidadeFederal do Maranhão Profª. Ma. Daniela Remião de Macedo Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa Prof. Dr. Francisco Carlos Alberto Fonteles Holanda Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Bruna Almeida da Silva Universidade do Estado do Pará Profª. Ma. Adriana Leite de Andrade Universidade Católica de Petrópolis Profª. Dra. Clecia Simone Gonçalves Rosa Pacheco Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Prof. Dr. Claudiomir da Silva Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Prof. Dr. Fabrício dos Santos Ritá Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Brasil Prof. Me. Ronei Aparecido Barbosa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Prof. Dr. Julio Onésio Ferreira Melo Universidade Federal de São João Del Rei Prof. Dr. Juliano José Corbi Universidade de São Paulo Profª. Dra. Alessandra de Souza Martins Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof. Dr. Francisco Sérgio Lopes Vasconcelos Filho Universidade Federal do Cariri Prof. Dr. Thadeu Borges Souza Santos Universidade do Estado da Bahia Profª. Dra. Francine Náthalie Ferraresi Rodriguess Queluz Universidade São Francisco Profª. Dra. Maria Luzete Costa Cavalcante Universidade Federal do Ceará Profª. Dra. Luciane Martins de Oliveira Matos Faculdade do Ensino Superior de Linhares Profª. Dra. Rosenery Pimentel Nascimento Universidade Federal do Espírito Santo Profª. Esp. Lívia Silveira Duarte Aquino Universidade Federal do Cariri Profª. Dra. Irlane Maia de Oliveira Universidade Federal do Amazonas Profª. Dra. Xaene Maria Fernandes Mendonça Universidade Federal do Pará Profª. Ma. Thaís de Oliveira Carvalho Granado Santos Universidade Federal do Pará C O N SE LH O E D IT O R IA L M es tr es , M es tr as , D ou to re s e D ou to ra s CONSELHO EDITORIAL Prof. Me. Fábio Ferreira de Carvalho Junior Fundação Getúlio Vargas Prof. Me. Anderson Nunes Lopes Universidade Luterana do Brasil Profª. Dra. Iara Margolis Ribeiro Universidade do Minho Prof. Dr. Carlos Alberto da Silva Universidade Federal do Ceara Profª. Dra. Keila de Souza Silva Universidade Estadual de Maringá Prof. Dr. Francisco das Chagas Alves do Nascimento Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Réia Sílvia Lemos da Costa e Silva Gomes Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Evaldo Martins da Silva Universidade Federal do Pará Prof. Dr. António Bernardo Mendes de Seiça da Providência Santarém Universidade do Minho, Portugal Profª. Dra. Miriam Aparecida Rosa Instituto Federal do Sul de Minas Prof. Dr. Biano Alves de Melo Neto Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano Profª. Dra. Priscyla Lima de Andrade Centro Universitário UniFBV Prof. Dr. Gabriel Jesus Alves de Melo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia Prof. Esp. Marcel Ricardo Nogueira de Oliveira Universidade Estadual do Centro Oeste Prof. Dr. Andre Muniz Afonso Universidade Federal do Paraná Profª. Dr. Laís Conceição Tavares Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Prof. Me. Rayme Tiago Rodrigues Costa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Prof. Dr. Willian Douglas Guilherme Universidade Federal do Tocatins Prof. Me. Valdemir Pereira de Sousa Universidade Federal do Espírito Santo Profª. Dra. Sheylla Susan Moreira da Silva de Almeida Universidade Federal do Amapá Prof. Dr. Arinaldo Pereira Silva Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará Profª. Dra. Ana Maria Aguiar Frias Universidade de Évora, Portugal Profª. Dra. Deise Keller Cavalcante Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro Profª. Esp. Larissa Carvalho de Sousa Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal Esp. Daniel dos Reis Pedrosa Instituto Federal de Minas Gerais Prof. Dr. Wiaslan Figueiredo Martins Instituto Federal Goiano Prof. Dr. Lênio José Guerreiro de Faria Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Tamara Rocha dos Santos Universidade Federal de Goiás Prof. Dr. Marcos Vinicius Winckler Caldeira Universidade Federal do Espírito Santo Prof. Dr. Gustavo Soares de Souza Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo Profª. Dra. Adriana Cristina Bordignon Universidade Federal do Maranhão Profª. Dra. Norma Suely Evangelista-Barreto Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Prof. Me. Larry Oscar Chañi Paucar Universidad Nacional Autónoma Altoandina de Tarma, Peru Prof. Dr. Pedro Andrés Chira Oliva Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Daniel Augusto da Silva Fundação Educacional do Município de Assis Profª. Dra. Aleteia Hummes Thaines Faculdades Integradas de Taquara Profª. Dra. Elisangela Lima Andrade Universidade Federal do Pará Prof. Me. Reinaldo Pacheco Santos Universidade Federal do Vale do São Francisco Profª. Ma. Cláudia Catarina Agostinho Hospital Lusíadas Lisboa, Portugal Profª. Dra. Carla Cristina Bauermann Brasil Universidade Federal de Santa Maria Prof. Dr. Humberto Costa Universidade Federal do Paraná Profª. Ma. Ana Paula Felipe Ferreira da Silva Universidade Potiguar Prof. Dr. Ernane José Xavier Costa Universidade de São Paulo Profª. Ma. Fabricia Zanelato Bertolde Universidade Estadual de Santa Cruz Prof. Me. Eliomar Viana Amorim Universidade Estadual de Santa Cruz Profª. Esp. Nássarah Jabur Lot Rodrigues Universidade Estadual Paulista Prof. Dr. José Aderval Aragão Universidade Federal de Sergipe Profª. Ma. Caroline Muñoz Cevada Jeronymo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba Profª. Dra. Aline Silva De Aguiar Universidade Federal de Juiz de Fora Prof. Dr. Renato Moreira Nunes Universidade Federal de Juiz de Fora Prof. Me. Júlio Nonato Silva Nascimento Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Profª. Dra. Cybelle Pereira de Oliveira Universidade Federal da Paraíba Profª. Ma. Cristianne Kalinne Santos Medeiros Universidade Federal do Rio Grande do Norte Profª. Dra. Fernanda Rezende Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Estudo em Educação Ambiental Profª. Dra. Clara Mockdece Neves Universidade Federal de Juiz de Fora Profª. Ma. Danielle Galdino de Souza Universidade de Brasília Prof. Me. Thyago José Arruda Pacheco Universidade de Brasília Profª. Dra. Flora Magdaline Benitez Romero Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Profª. Dra. Carline Santos Borges Governo do Estado do Espírito Santo, Secretaria de Estado de Direitos Humanos. Profª. Dra. Rosana Barbosa Castro Universidade Federal de Amazonas Prof. Dr. Wilson José Oliveira de Souza Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Prof. Dr. Eduardo Nardini Gomes Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Prof. Dr. José de Souza Rodrigues Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Prof. Dr. Willian Carboni Viana Universidade do Porto Prof. Dr. Diogo da Silva Cardoso Prefeitura Municipal de Santos Prof. Me. Guilherme Fernando Ribeiro Universidade Tecnológica Federal do Paraná Profª. Dra. Jaisa Klauss Associação Vitoriana de Ensino Superior Prof. Dr. Jeferson Falcão do Amaral Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro- Brasileira Profª. Ma. Ana Carla Mendes Coelho Universidade Federal do Vale do São Francisco Prof. Dr. Octávio Barbosa Neto Universidade Federal do Ceará Profª. Dra. Carolina de Moraes Da Trindade Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Prof. Me. Ronison Oliveira da Silva Instituto Federal do Amazonas Prof. Dr. Alex Guimarães Sanches Universidade Estadual Paulista Profa. Esp. Vanderlene Pinto Brandão Faculdade de Ciências da Saúde de Unaí Profa. Ma. Maria Das Neves Martins Faculdade de Ciências da Saúde de Unaí Prof. Dr. Joachin Melo Azevedo Neto Universidade de Pernambuco Prof. Dr. André Luís Assunção de Farias Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Danielle Mariam Araujo Santos Universidade do Estado do Amazonas Profª. Dra. Raquel Marchesan Universidade Federal do Tocantins Profª. Dra. Thays Zigante Furlan Ribeiro Universidade Estadual de Maringá Prof. Dr. Norbert Fenzl UniversidadeFederal do Pará Prof. Me. Arleson Eduardo Monte Palma Lopes Universidade Federal do Pará Profa. Ma. Iná Camila Ramos Favacho de Miranda Universidade Federal do Pará Profª. Ma. Ana Lise Costa de Oliveira Santos Secretaria de Educação do Estado da Bahia Prof. Me. Diego Vieira Ramos Centro Universitário Ingá Prof. Dr. Janaildo Soares de Sousa Universidade Federal do Ceará Prof. Dr. Mário Henrique Gomes Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais, Portugal Profª. Dra. Maria da Luz Ferreira Barros Universidade de Évora, Portugal CONSELHO EDITORIAL Profª. Ma. Eliaidina Wagna Oliveira da Silva Caixa de Assistência dos advogados da OAB-ES Profª. Ma. Maria José Coelho dos Santos Prefeitura Municipal de Serra Profª. Tais Muller Universidade Estadual de Maringá Prof. Me. Eduardo Cesar Amancio Centro Universitário de Tecnologia de Curitiba Profª. Dra. Janine Nicolosi Corrêa Universidade Tecnológica Federal do Paraná Profª. Dra. Tatiana Maria Cecy Gadda Universidade Tecnológica Federal do Paraná Profª. Gabriela da Costa Bonetti Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Me. Thales do Rosário De Oliveira Universidade de Brasília Profª. Dra. Maisa Sales Gama Tobias Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Pedro Igor Dias Lameira Universidade Federal do Pará Esta obra é composta por estudos sobre processos neuropsicológicos em diferentes momentos do ciclo vital. Pesquisadores e profissionais da área da saúde contribuíram com seus estudos neste novo volume, oferecendo conhecimento em diferentes contextos clínicos e educacionais. O livro discorre sobre funções cognitivas, ressaltando alguns dos componentes como Memória de Trabalho, Flexibilidade Cognitiva e Controle inibitório, assim como a Categorização e a Inteligência Fluida. Buscou-se evidenciar a importância da Avaliação Neuropsicológica para prevenção e promoção de saúde, pois, objetiva oferecer aos profissionais um conjunto de informações sobre as habilidades cognitivas que interferem e influenciam os aspectos adaptativos e de saúde no desenvolvimento do indivíduo. Nossos agradecimentos a todos os envolvidos na construção e conclusão desta obra. Assim, desejamos que este novo volume amplie o entendimento sobre a magnitude da Avaliação Neuropsicológica. Prof. Dr. Arilton Martins Fonseca Profa. Dra. Márcia Regina Fumagalli Marteleto Profa. Dra. Teresa Helena Schoen A P R E SE N T A Ç Ã O SUMÁRIO CAPÍTULO 01 TESTES DE BEBÊS: ESCALAS UTILIZADAS NA AVALIAÇÃO DE BEBÊS E CRIANÇAS PEQUENAS Deborah Zacarias Guedes; Benjamin Israel Kopelman ' 10.37885/220909997 ........................................................................................................................................................................ 11 CAPÍTULO 02 TRIAGEM DE DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS EM EDUCAÇÃO INFANTIL Márcia Regina Fumagalli Marteleto; Isabel Cristina Barros Pinto; Juliana Valadão Tonello; Ailton Takayama; Teresa Helena Schoen ' 10.37885/220910231 ......................................................................................................................................................................... 25 CAPÍTULO 03 CURVAS DE REFERÊNCIA DE PONTOS BRUTOS NO STANFORD-BINET INTELLIGENCE SCALE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Márcia Regina Fumagalli Marteleto; Teresa Schöen-Ferreira; Brasilia Maria Chiari; Jacy Perissinoto ' 10.37885/220910306 ........................................................................................................................................................................ 45 CAPÍTULO 04 COMPETÊNCIA SOCIAL EM ADOLESCENTES: UM ESTUDO COM PACIENTES QUE PASSARAM POR AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Teresa Helena Schoen; Pepita Dayane Alves Benjamin; Maria Luíza Gomes-Machado; Marcia Regina Fumagalli Marteleto ' 10.37885/220910358 ........................................................................................................................................................................ 60 CAPÍTULO 05 ALFABETIZAÇÃO E AS FUNÇÕES EXECUTIVAS: UM ESTUDO DE CASO Teresa Helena Schoen ' 10.37885/220910360 ........................................................................................................................................................................ 81 CAPÍTULO 06 INTELIGÊNCIA FLUIDA E PROBLEMAS DE SAÚDE MENTAL EM ADOLESCENTES Márcia Regina Fumagalli Marteleto; Arilton Martins Fonseca; Teresa Helena Schöen ' 10.37885/220910304 ........................................................................................................................................................................ 98 SUMÁRIO CAPÍTULO 07 CATEGORIZAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: UMA ANÁLISE DO SUBTESTE SEMELHANÇAS DO WISC-III Teresa Helena Schoen; Márcia Regina Fuamagali Marteleto; Arilton Martins Fonseca ' 10.37885/220910313 ......................................................................................................................................................................... 120 CAPÍTULO 08 MEMÓRIA DE TRABALHO E SUBTESTE DÍGITOS WISC-III Teresa Helena Schoen; Arilton Martina Fonseca; Márcia Regina Fumagalli Marteleto ' 10.37885/220910342 ........................................................................................................................................................................ 142 CAPÍTULO 09 RELAÇÃO ENTRE REGULAÇÃO EMOCIONAL E INTELIGÊNCIA EM UNIVERSITÁRIOS COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO Marlos Andrade de Lima; Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi ' 10.37885/220910110 ......................................................................................................................................................................... 162 CAPÍTULO 10 HABILIDADES COGNITIVAS DE ADEPTOS DA DOUTRINA DO SANTO DAIME Arilton Martins Fonseca; Márcia Regina Fumagali Marteleto; Teresa Helena Schoen ' 10.37885/220910296 ........................................................................................................................................................................ 173 SOBRE OS ORGANIZADORES .............................................................................................................................193 ÍNDICE REMISSIVO .............................................................................................................................................194 01 '10.37885/220909997 01 Testes de bebês: escalas utilizadas na avaliação de bebês e crianças pequenas Deborah Zacarias Guedes Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP Benjamin Israel Kopelman Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP https://dx.doi.org/10.37885/220909997 RESUMO Crianças enfrentam múltiplos riscos. Vigilância da evolução infantil englobando “testes de bebês” (triagem e avaliação) permitem analisar seu desenvolvimento como típico ou atípi- co, identificando problemas precocemente. Na década de 1920, pesquisadores america- nos iniciaram estudo da criança, sistematizando testes para bebês com longas listas de comportamentos infantil. Testes de triagem, criados nos anos 60, eram de baixo custo, de investigação simplificada e alocavam rapidamente o sujeito em uma categoria. Instrumentos apresentam vantagens e desvantagens. São tarefas sensório-motoras não verbais medindo marcos de desenvolvimento mental e motor, com vários itens avaliando o funcionamento por idade. A classificação dos testes de bebê pode ser oscilatória, pois o desenvolvimento é afetado por fatores sociais e os fatores protetores podem amparar a recuperação da criança. Teste infantil não é teste de inteligência. Eles expressam o desempenho momentâneo da criança, sem valor preditivo. Não prevêem patologias, prognósticos ou desenvolvimento a longo prazo. Existem poucas escalas validadas para a população infantil brasileira. Para ava- liação ideal é preciso um examinador treinado, com leitura desenvolvimentista individualizada do avaliando, articulando concomitantemente subjetividadee neuroplasticidade. A detecção rápida de desvios de desenvolvimento permite agilidade no diagnóstico. Quanto mais ágil a intervenção, mais eficaz será a conduta e o prognóstico, limitando transtornos na infância, minimizando custos hospitalares e ônus familiar e social. Palavras-chave: Escalas de Desenvolvimento Infantil, Diagnóstico, Intervenção Precoce, Teste de Avaliação, Triagem, Vigilância. 13 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org INTRODUÇÃO Crianças enfrentam múltiplos desafios ao longo da vida. Estão sujeitas ao nascimento prematuro, ao baixo peso neonatal, a ambientes desfavoráveis no seu início de vida, a falta de estimulação adequada, ausência de suporte familiar ou escolar e à insegurança alimen- tar. Estudos mostram associação entre atraso de desenvolvimento de crianças com estas adversidades (NOER; HALPERN, 2018, p. 157; SIGOLO; AIELLO, 2011, p.51). O efeito cumulativo de múltiplos riscos pode atuar de modo significativo, comprometen- do, potencializando prejuízos ou desencadeando problemas no processo de crescimento de crianças vulneráveis, cujos fatores protetores não são ainda suficientes no enfrentamento de dificuldades (RIBEIRO; PEROSA; PADOVANI, 2014, p. 216; HALPERN et al., 2000, p. 422; LEONARD; PIECUCH; COOPER, 2001, p.34; STJERNQVIST; SVENNINGSEN, 1999, p. 558). Instrumentos que permitam analisar o desenvolvimento infantil como típico ou atípi- co dentro dos níveis motor, psíquico (cognitivo e afetivo) e social tornaram-se objeto de pesquisadores desenvolvimentistas nos últimos anos (NOER; HALPERN, 2018, p. 158; RODRIGUES, 2012, p. 82; SIGOLO; AIELLO, 2011, p.52). Estes testes tem sido construídos e padronizados buscando identificar sinais que pos- sam interferir na evolução da criança e se necessário fazer a intervenção essencial preco- cemente (ALBUQUERQUE; CUNHA, 2020, p.2). DESENVOLVIMENTO Vigilância, triagem e avaliação No atendimento infantil, vigilância (surveillance/folow up), triagem (screening) e avalia- ção (assessment) são procedimentos importantes, interligados, que somado à apropriação dos termos em Inglês podem causar confusões conceituais. A vigilância envolve várias etapas, é processo contínuo, longitudinal e atemporal, pro- curando garantir evolução constante e gradativa das crianças avaliadas. Exige alto conhe- cimento profissional, devido a flexibilidade na sua condução e habilidade aguçada de obser- vação. A vigilância motiva questionamentos, esclarece dúvidas aos pais, obtêm a história pregressa detalhada da criança, assegura o compartilhamento de observações com outros profissionais e permite identificar, prevenir e intervir em problemas encontrados (NOER; HALPERN, 2018, p. 158; SIGOLO; AIELLO, 2011, p. 52). Além da mensuração fisiológica, a vigilância contém dois procedimentos importantes denominados triagem ou rastreamento e avaliação. Estes se realizam através de instrumentos 14 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org de cunho desenvolvimentistas e de escalas diagnósticas, que embora sejam independentes, interagem entre si. A triagem tem caráter preliminar, introduz a criança ao processo avaliativo, monitorando o desenvolvimento e a detecção de condições particulares indicadoras de problemas que necessitam de cuidados precisos e imediatos. Pela rapidez na sua aplicação, torna-se es- sencial em programas de intervenção, pois auxilia na prevenção de condições que possam interferir no desenvolvimento e bem-estar da criança e de sua família (NOER; HALPERN, 2018, p. 159; RYDZ et al., 2005, p. 6). Entretanto, a identificação de crianças em risco é ineficiente se a escolha do teste para rastreio não for feita de forma clara e específica e se não houver um estudo pos- terior mais aprofundado destas suspeitas de atraso do desenvolvimento infantil (NOER; HALPERN, 2018, p. 160). Por sua vez, a avaliação desenvolvimentista é processo mais detalhado e mais longo, desenhado para aumentar a compreensão da competência de crianças. Seus objetivos são o diagnóstico da presença e extensão do problema, identificando habilidades específicas e determinando estratégias de intervenção apropriada e orientação da terapêutica a ser instituída (GREESNPAN, 1996, p. 235 ). É realizada nos pacientes com suspeita de de- senvolvimento atípico, determinado pelo escore do teste de triagem ou encaminhadas pela escola/pediatras (NOER; HALPERN, 2018, p.161). Testes de avaliação diagnóstica do desenvolvimento infantil Séculos atrás, a criança raramente era avaliada. Eram descritas como incompeten- tes ou criaturas passivas que necessitavam mais experiências para moldar sua mente. (WILY, 1997, p. 43). Os testes para crianças pequenas, também denominados por alguns autores como “Testes para bebês” tiveram seu início a partir da década de 1920, quando houve aumento de institutos nos Estados Unidos que se interessavam pelo estudo da criança e através de pesquisas longitudinais por idade registravam informações sistematizadas e transcreviam comportamentos observados em uma lista completa deles, originando assim as escalas de desenvolvimento infantil ((BEE, 2003, p. 169; NUNES; SISDELLI; FERNANDES, 1995, p. 108;) (Quadro 1). 14 15 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org Quadro 1. Histórico das Escalas de Desenvolvimento Infantil (Diagnóstico e Triagem). Origem Instrumento Autor Tipo Itens Idade Aspectos Avaliados Tempo 1925 Developmental Scales Gesell Diagnóstico 144 4 sem 42 meses ● motor, linguagem, pessoal-so- cia, adaptativo _ 1930 An Instrument for Asses- sing Infant Psychological Development Uzgiris Hunt Diagnóstico 126 0 – 24meses ● sensório motor _ 1933 The California First- year Mental Scale Bayley Diagnóstico - 2 – 30 meses ● cognitivo, mental 1:00 1:30 1966 A Developmental Scree- ning Inventory for Infants Knobloch et al Triagem - 0 – 30meses ● sensório motor _ 1967 Denver Development Screening Test (DDST) Frankenburg Dodds Triagem 125 0 – 6 anos ● motor grosseiro, ● linguagem, ● motor fino, ● pessoal-social 30 min 1969 Bayley Scales of Infant Development (BSID) Bayley Diagnóstico Mental 163 Motor 81 0 –42 meses ● mental ● motor ● comportam 1:00 1:30 1973 Brazelton Neonatal Beha- vioral Assessment Scale (BNBAS) Brazelton Diagnóstico 35 Compt 18 Refexo 36 – 44 seman ● motricidade, ● sensorialidade ● atenção externa, ● vigilância ● funcionamento sistema vege- tativo 1:00 1981 L’échelle De Développe- ment Psychomoteur De La Première Enfance Brunet, Lézine Diagnóstico 10 1 mês5 anos ● controle postural ● motricidade, ● linguagem, ● coordenação ● óculo motriz ● pessoal-social 30 min 1:00 1988 Battelle Developmental Inventory (BDI) Newborg et al Triagem 100 0 – 8 anos ● habilidades cognitivas, ● comunicaçao ● motor (amplo e fino) ● comportamento adaptativo ● relacionamento pessoal-social 30 min 1991 Teste de Triagem Desen- volvimento de Denver II Frankenburg et al. Triagem 125 0 – 6 anos ● motor grosseiro, ● linguagem, ● motor fino, ● pessoal-social 20 min 1993 Bayley Scales of Infant Development (BSID-II) Bayley Diagnóstico Mental 178 Motor 111 Compt. 30 0 – 42 meses ● mental ● motor ● comportam 1:00 1:30 1994 Alberta Motor Assess- ment of the Developing Infant (AIMS) Piper, Darrah Triagem 58 0 –18meses ● maturação ● motora ● locomoção ● independente 20 min 1995 Bayley Infant Neurodeve- lopmental Screener (BINS) Aylward Triagem 11 a 13 3 – 24meses ● função neurológica ● função receptiv ● função expressiva ● cognição 15 min 1995 Ages & Stages Question- naires A Parent- Completed, Child- Moni- toring System (ASQ) Bricker, Squir- res Triagem 21 2 – 66 meses ● desenvolvimentomotor grosso e fino ● capacidade de resolução ● habilidades pessoal-social, ● habilidades comunicação 30 min 16 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org Origem Instrumento Autor Tipo Itens Idade Aspectos Avaliados Tempo 1997 Escala de Desenvolvi- mento Comportamento da Criança: O 1º Ano de Vida Batista Vilanova Vieira Diagnóstico 64 0 – 12 meses ● habilidades sensoriais, ● motoras, ● linguagem ● cognição 30 min 1:00 2005 Bayley Scales of Infant and Toddler Develop- ment (BSITD) Bayley Diagnóstico 100 0 – 42meses ● cognição, ● linguagem, ● motor ● sócio emocional comporta- mental 1:00 1:30 2009 Ages & Stages Question- naires 3 (ASQ-BR) Bricker et al, Triagem 30 1 – 60 meses ● desenvolvimento motor grosso e fino ● capacidade de resolução ● habilidades pessoal-social, ● habilidades comunicação 30 min O criador do primeiro teste denominado Escalas de Desenvolvimento Infantil em 1925, foi Arnold Gesell do Instituto da Criança da Universidade de Yale. As escalas abrangiam quatro grandes áreas do comportamento infantil: motor, linguagem, pessoal-social e adap- tativo. (SILVA, 2011, p. 90; LOUW; EDE; LOUW, 1998, p. 199) Em 1930, Uzgiris e Hunt desenvolveram a Escala de Desenvolvimento Psicológico de Bebês, baseadas nas idéias piagetianas, apresentando 126 comportamentos observados so- bre aspectos sensório-motores nas crianças (NUNES; SISDELLI; FERNANDES, 1995, p. 109) Na primeira metade da década de 30, Nancy Bayley (1933) - Universidade de Berkeley - criou a Escala Mental do Primeiro Ano de Vida Califórnia. Surgia, neste momento uma ferramenta importante, que viria a ser considerado o instrumento padrão-ouro em pesquisas, devido ao seu alto poder psicométrico e suas periódicas e consistentes revisões. (NELLIS; GRIDLEY, 1994. p. 202) Duas décadas depois, mais precisamente 1969, Nancy Bayley acrescentou a sua escala anterior os aspectos motores, renomeando-a como Bayley Scales of Infant Development - BSID (Escalas Bayley do Desenvolvimento Infantil). (NELLIS, 116 GRIDLEY, 1994. p. 202; SILVA, 2011, p. 90) Brazelton Neonatal Behavioral Assessment Scale ou Escala de Brazelton, foi uma ferramenta criada em 1973, para permitir detecção precoce de problemas no desenvolvimen- to neurológico de bebês através de uma série de 53 itens que analisavam o comportamento e reflexos de bebês e informavam sobre a necessidade de estimulação (ALS et al.1977, p. 2) Como contribuição da visão européia sobre o desenvolvimento infantil, temos a Escola francesa, tradicional no estudo de bebês. Brunet e Lézine em 1981 criaram a Escala de Desenvolvimento Psicomotor da Primeira Infância para avaliar o desenvolvimento de crianças de 0 a 30 meses sob uma perspectiva diferente da tradicional Escola americana. Entretanto, o teste não se mostrou eficaz como medida diagnóstica, carecendo de estudos posteriores sobre suas propriedades psicométricas, caindo em desuso pelos profissionais da área. (CARDOSO, 2012, p. 32) 16 17 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org Em 1993, as Escalas Bayley foram novamente revisadas, surgindo a Bayley Scales of Infant Development - 2nd Edition - BSID-II, conhecida por Escalas Bayley - II agre- gando a avaliação do comportamento da criança aos seus aspectos mentais e motores (NELLIS; GRIDLEY, 1994. p. 202; BALASUNDARAM; AVULAKUNTA, 2021, p.1; SILVA et al., 2011, p, 90) No final dos anos 90, tivemos a incorporação de uma escala brasileira aos testes de desenvolvimento infantil, a Escala de Desenvolvimento do Comportamento da Criança: O 1º Ano de Vida, medindo o desempenho de bebês até 12 meses. Ela avaliava mensalmente o desenvolvimento de bebês por meio das habilidades sensoriais, motoras, de linguagem e de cognição a partir da sua interação com o meio e mereceu destaque por ser a única escala voltada para a avaliação de bebês validada para a população brasileira. Entretanto ela não apresentou novos estudos de normatização e/ou validade posteriores e a revisão necessária para se adequar aos requisitos do grupo de Avaliação de Testes do Conselho Federal de Psicologia (RODRIGUES, 2012, p. 88; BATISTA; VILANOVA; VIEIRA, 1997). Em 2005, a Psychological Corporation, órgão americano responsável pela editoração, publicação e venda de materiais relativos à avaliação e testagem psicológica, disponibilizou a mais recente versão das Escalas Bayley, Bayley Scales of Infant and Toddler Development, modelo que divide as 3 áreas medidas (mental, motor, comportamental), em áreas mais específicas (cognição, comportamento, motor 2021, p.2; RODRIGUEZ, 2012, p. 83) Teste de triagem do desenvolvimento infantil No final da década de 60, (Quadro 1) foi a vez dos testes de triagem desenvolvimentis- tas começarem a ser utilizados na população infantil. Eles eram testes específicos, de baixo custo e formato breve e por sua investigação simplificada, alocavam rapidamente o sujeito em uma determinada classe ou categoria. (PASQUALI, 2001, p.15). Nos anos 70 aconteceu a explosão do interesse científico pela testagem infantil, em busca de informação sobre como crianças pensam, como medir sua cognição e processa- mento de informação e sobre a influência da associação da relação/interação entre pais/filho e seu desenvolvimento. Estas dúvidas guiaram as avaliações e possibilitaram a criação de instrumentos mensuradores pelos pesquisadores da área. (WYLY, 1997, p. 52) Historicamente, o objetivo inicial dos testes de triagem era documentar a maturação da criança e fazer predições de seu desenvolvimento a longo prazo, com instrumentos referenciados pela norma. Estas avaliações focavam uma média, ao invés das diferenças individuais. Depois usaram as avaliações para medir o conteúdo e a progressão do desen- volvimento sensório-motor durante a infância. (HONZIK, 1983, p. 72) 18 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org O primeiro teste significativo de rastreio foi A Developmental Screening Inventory for Infants, adaptado a partir do teste criado por Gesell. (KNOBLOCH; PASAMANICK; SHERARD, 1966). Em seguida, em 1967, surgiu o Denver Development Screening Test (DDST) ou Teste de Denver como é conhecido nos hospitais, onde é mais aplicado. É uma escala para tria- gem de atrasos na evolução desenvolvimentista infantil. É de fácil aplicação, sem uso de materiais específicos, categorizando o desenvolvimento de crianças em normal, suspeito ou com atraso, do nascimento aos 6 anos (FRANKENBURG; DODDS, 1967; RODRIGUEZ, 2012, p. 86; SILVA et al., 2011, p. 91). Nos anos 80/90, houve um aumento significante na produção dos testes de desen- volvimento, especialmente de triagem, atendendo necessidades do governo americano de identificação de crianças que apresentavam desvios de comportamento, devido à deman- da da lei pública americana 99-457 “The education of the Handicapped Act Amendts” e do Programa “EPSDT – Early and Periodic Screening Diagnosis and Treatment”. Foi criado em 1988, por Newborg e cols. o Battelle Developmental Inventory um inven- tário padronizado para avaliação do desenvolvimento infantil, investigativo de habilidades em crianças de 0 a sete anos e onze meses. A versão screening tem 100 itens, distribuídos em cinco domínios: Adaptativo, Pessoal-Social, Comunicativo, Motor e Cognitivo., com a finali- dade de determinar se há atrasos no desenvolvimento. Realiza avaliação bem estruturada, com observação e relatório do cuidador. (ALBUQUERQUE; CUNHA; BERKOVITS, 2022, p. 2) O Teste Denver foi revisado por Frankenburg e cols em 1991 e nomeado Teste de Triagem de Desenvolvimento Denver II . Continuou avaliando crianças de zero a seis anos através de 125 itens divididos em quatro áreaspessoal-social, motor fino, linguagem e motor grosseiro. Eles são aplicados à criança ou alguns comportamentos são questionados ao cui- dador, obtendo-se respostas como “passou, falhou; recusou-se e não houve oportunidade” de acordo com a realização da tarefa. A interpretação final do teste é considerada normal, de risco ou não testável. (RODRIGUES, 2012, p. 86; HALPERN et al. 2000, p. 422) A Alberta Motor Assessment of the Developing Infant - AIMS , ou Escala Alberta, foi desenvolvida e validada no Canadá, em 1994, na Universidade Alberta. Pipper e outros estudiosos usaram amostra de mais de 500 crianças na sua validação. A escala identifica habilidades adquiridas pelo bebê, verifica se há anormalidades motoras em comparação com demais crianças típicas, mede mudanças sutis no desempenho motor e o quantifica ao longo do tempo após intervenção em programas de reabilitação, além de ser útil no controle da evolução ou regressão do quadro motor da criança (RODRIGUES, 2017, p 38) Em 1995, Aylward desenvolveu o teste de triagem Bayley Infant Neurodevelopmental Screener – BINS desenhada para uma população infantil de alto risco com o fim de identificar crianças que 18 19 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org estejam apresentando atraso no desenvolvimento ou que tenham complicações neurológi- cas. A escala abrange crianças entre 3 a 24 meses e leva em média, 10 minutos para aplicar, avaliando as habilidades cognitivas, sociais, de linguagem, motor fino e grosso e a integri- dade neurológica do bebê. (GUEDES; PRIMI; KOPELMAN, 2011, p. 128; AYLWARD, 1995) Age and Stage Questionnaires (ASQ) de Squires e Bricker, criado em 1995 consiste em uma série de questionários divididos em subescalas, com intervalos por idade para avaliar crianças entre 4 meses e 5 anos e meio. Ele é realizado em 10 a 15 minutos me- dindo os domínios do desenvolvimento infantil: Comunicação, Coordenação motora ampla, Coordenação motora fina, Resolução de problemas e Pessoal/Social. (NOER; HALPERN, 2018, p. 159; FIORAVANTE-BASTOS; FIGUEIRAS; MOURA, 2016, p. 219; FIGUEIRAS et al., 2013, p. 568) Em 2009 foi publicado uma revisão deste último, nomeado Ages and Stages Questionnaires, 3rd Edition (ASQ-3). Dentre as mudanças, esta nova edição contempla as idades de 2 e 9 meses com questões inéditas, amplia as janelas de administração do teste, apresenta nova padronização e revisa o ponto de corte. O instrumento foi editado e traduzido para o espanhol, francês e árabe e em 2010 teve sua versão adaptada para o Brasil, sendo denominado ASQ-BR. (FIGUEIRAS et al., 2013, p. 568) Escolha dos instrumentos adequados A ampla disseminação dos testes para a população infantil aliada a sua efetividade pouco conhecida, provocou críticas aos instrumentos, que apesar de serem utilizados em vários países, muitos testes não eram válidos ou padronizados para aquela população específica, comprometendo sua capacidade real de triar crianças e detectar problemas de desenvolvimento. (SIGOLO; AIELLO, 2011, p. 58; GLASCOE et al., 1992, p. 23) De fato, há poucos instrumentos traduzidos e validados para crianças brasi- leira (ALBUQUERQUE; CUNHA, 2020 p. 2; SIGOLO; AIELLO, 2011, p. 58; NOER; HALPERN, 2018; p. 159). A preocupação com a sistematização de instrumentos utilizados e suas propriedades psicométricas Confiabilidade e Validade tem aumentado gradativamente, com o fim de res- guardar a população de instrumentos avaliativos sem qualidade. (SIGOLO; AIELLO, 2011, p. 58; NORONHA et al., 2003, p. 94) Uma avaliação produtiva dependerá da escolha da bateria de testes pelo examina- dor. Os testes devem ser adequados ao objetivo a ser alcançado e à população, sua idade, o número de itens do teste, tempo disponível para aplicação ou da área que se pretende avaliar (cognição, linguagem, funçao neuromotora ou comportamento). A decisão deve ainda pautar na busca de qualidades psicométricas bem definidas e na facilidade de acesso ao 20 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org instrumento e seu custo, além da dificuldade em receber o treinamento e do tempo despen- dido na aplicação (ALBUQUERQUE; CUNHA, 2020, p. 4; SIGOLO; 246 AIELLO, 2011, p. 58; SILVA et al. 2011, P. 85). É preciso observar que testes desenvolvidos para crianças têm particularidades dife- rentes dos testes para a população adulta. Como a criança está em crescimento motor e cognitivo constante, estes instrumentos devem privilegiar marcos de desenvolvimento por idade e o ajuste de comportamentos para cada etapa da infância, com a proposição de múltiplos itens para avaliar aspectos do seu funcionamento em cada estágio. (DUARTE; BORDIN, 2000, p. 55) É preciso também que haja comparação de grupos através de escores quantitativos dos aspectos avaliados, buscando aumentar a compreensão do item pela criança e o alcance do que se pretendia investigar pelo profissional, favorecendo a eficácia do teste. (ALCHIERI; CRUZ, 2003, p. 87) CONSIDERAÇÕES FINAIS Instrumentos avaliativos apresentam vantagens e desvantagens. Ao se pretender uma visão engessada e classificatória nos testes podemos incorrer em erro. Na testagem pode ocorrer erros de classificação. Isto significa que crianças classificadas como atrasadas po- dem ser identificadas como típicas depois e uma criança não identificada, pode apresentar déficits posteriormente, pois o desenvolvimento pode ser afetado por fatores sociais, como qualidade da maternagem, escolaridade dos pais e diferenças culturais. Fatores de riscos médicos e biológicos podem levar a criança a ser classificada em risco de desenvolvimen- to. Em contrapartida, fatores protetores podem amparar a recuperação e promover resiliêmcia nesta criança, alterando a trajetória “predefinida” pelos testes. Justamente por estas razões, as triagens periódicas devem ser sempre consideradas nas avaliações infantis. (LEONARD; PIECUCH; COOPER, 2001, p. 33) O desenvolvimento infantil é pautado por mudanças nas janelas transitórias de de- senvolvimento pertinentes a cada faixa etária, que asseguram que o tempo e a experiência podem modificar qualitativamente a criança. A classificação determinada por um teste é difusa, apresentando sinais oscilatórios. Ilustrando este fato, temos que crianças nascidas pretermo são consideradas em risco para alterações globais ou específicas do desenvolvi- mento, podendo apresentar atrasos neuropsicomotores. Entretanto, durante os 2 primeiros anos de vida, estes atrasos podem evoluir para padrões normais, igualando-os com seus pares nascidos a termo. Aos 24 meses, em virtude do “catch up”, do amadurecimento das funções, a propensão em organizar as janelas de desenvolvimento é maior que aos 12 meses, patrocinando maior efetividade na realização das tarefas. Então o amadurecimento 20 21 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org do potencial evolutivo pleno é equiparado com a média das outras crianças, alcançando mesmo padrão de desempenho que seus pares (ISOTANI et al., 2002, p. 86; OLIVEIRA; LIMA; GONCALVES, 2003, p. 804). Testes de desenvolvimento infantil, sejam eles de triagem ou diagnóstico, não devem ser confundidos com testes de inteligência. Por serem destinados a bebês, muitas tarefas são não verbais, baseadas em tarefas sensório-motoras e portanto, ao medir marcos es- pecíficos de desenvolvimento, motor ou mental, eles somente expressam o desempenho cognitivo momentâneo da criança. (DUARTE; BORDIN, 2000. P. 56; GUEDES; PRIMI; KOPELMAN, 2011, p.134) Escalas de diagnósticos e de triagem infantis tem valor preditivo fugaz e não pre- vêem patologias, prognósticos ou desenvolvimento a longo prazo. São medidas de sta- tusdo momento presente, falando sobre a estabilidade relativa dos aspectos cognitivos. (RODRIGUES, 2012, p. 95; SIGOLO: AIELLO, 2011) Entretanto, testes são instrumentos extremamente úteis no diagnóstico de crianças em risco de desenvolvimento, quando seu desenvolvimento não acontece da forma habitual para sua idade, de acordo com os parâ- metros de sua cultura, necessitando assistência específica. (NOER; HALPERN, 2018, p. 161; RODRIGUES, 2012, p. 85) Para uma avaliação ótima, é preciso um examinador que faça uma leitura desenvolvi- mentista psíquica do avaliando, articulando concomitantemente os construtos subjetividade e neuroplasticidade, com olhar individualizado para cada criança, e com análise crítica das diferenças. É imprescindível que considere fatores relevantes na avaliação do paciente durante a testagem, como suas características, importância de determinado teste na reso- lução de problemas, além de privilegiar as condições físicas e temporais na aplicação do instrumento. (NOER; HALPERN, 2018, p. 157; VIEIRA; RIBEIRO; FORMIGA, 2009, p. 28) A rápida detecção de desvios de desenvolvimento através dos testes de avaliação in- fantil permite agilidade no diagnóstico e mudança significativa no desfecho clínico. Quanto maior o desembaraço na intervenção, mais eficaz poderá ser a conduta e o prognóstico, limitando o impacto epidemiológico que os transtornos psíquicos de desenvolvimento produ- zem na infância além de minimizar custos ambulatoriais, profissionais e reduzir ônus familiar e social. (ALBUQUERQU;, CUNHA 2020, p. 2; NOER; HALPERN, 2018, p. 157; GUEDES; PRIMI; KOPELMAN, 2011, p. 133) https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0163638310001232#! https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0163638310001232#! https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0163638310001232#! 22 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org REFERÊNCIAS 1. ALBUQUERQUE K., CUNHA A. C. B., Novas tendências em instrumentos para triagem do desenvolvimento infantil no Brasil: uma revisão sistemática. J Hum Growth Dev, Santo André; 30(2):188-196, 2020. 2. ALBUQUERQUE K., CUNHA A. C. B., BERKOVITZ, M. D. Cross-cultural adaptation of the Battelle Development Inventory 2nd Edition for Brazil. Estud. psicol, Campinas; 39: 1-13, 2022. 3. ALCHIERI, J. C., CRUZ, R. M. Avaliação psicológica: Conceito, métodos e instru- mentos. 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O contexto educacional é um dos ambientes de grande importância para promoção de desenvolvimento saudável de crianças bem pequenas, sendo um local que se exerce a vigilância de atrasos neuropsicomotores. Objetivo: Sendo assim este estudo pretendeu avaliar o desenvolvi- mento neuropsicomotor de crianças entre três e cinco anos e 11 meses de idade, por meio do Teste de Triagem de Desenvolvimento Denver II (TTDD-R). Método: Foram avaliadas 261 crianças com idade média de 4anos e nove meses (DP=0,67); sendo 138 meninas (52,87%) regularmente matriculadas e atendidas em Escola de Educação Infantil da zona sul da cidade de São Paulo. Resultados: Do total de crianças avaliadas 148 (56,7%) apre- sentaram desenvolvimento normal e 113 (43,3%) mostraram risco. Considerando os campos específicos, 6,2% das crianças apresentaram atraso na área motora grossa, 13,8% na área motora fina e 24,3% na área da linguagem. Embora a maioria das crianças (56,7%) tenha apresentado desenvolvimento normal pelo teste, ressalta-se que, as demais (43,3%) sugerem prejuízo no desenvolvimento neuropsicomotor, com ênfase no atraso de linguagem, onde o ambiente exerce uma grande influência. Conclusão: Enfatiza-se a importância da vigilância do desenvolvimento em instituições de ensino, visando detectar precocemente áreas com deficiência para estabelecer programas de prevenção primária. Palavras-chave: Triagem, Desenvolvimento Neuropsicomotor, Educação Infantil. 27 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org INTRODUÇÃO Avaliar o desenvolvimento infantil é uma tarefa complexa que exige vigilância continuada nos primeiros anos de vida e conhecimento dos comportamentos esperados em cada faixa etária da criança (SCHOEN et al., 2021; MARTELETO et al., 2021). O desenvolvimento é uma sucessão de etapas com contínua interação entre o gené- tico, o biológico, o cérebro e o meio (DAMASCENO, 2020), quando alguns fatores podem modificar a aquisição de comportamentos e habilidades e provocar alterações desenvolvi- mentais. As crianças que apresentam déficits na compreensão e expressão verbal podem ter encontrado dificuldades na socialização e no aprendizado (HULME et al., 2020). Conforme o contexto no qual a criança está inserida, as etapas de obtenção dessas habilidades sofrem influências positivas ou negativas, e, neste último, aparecem relacionadas com fatores de risco para o desenvolvimento. De forma que o acompanhamento do desenvolvimento e do crescimento da crian- ça possibilita o mais precocemente possível a identificação dos grupos de maior risco de desvio ou anormalidade, e o seu encaminhamento a intervenções apropriadas em tempo hábil (COSTA et al., 2018). Para que esta estratégia se concretize é necessário, contudo, o envolvimento de equipe multiprofissional como neurologistas, pediatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos e psicólogos (HASSANO et al., 2013), agindo não apenas nas intervenções que se fizerem necessárias, mas, antes, na orientação (sobre o que esperar e o que fazer) aos adultos responsáveis diretos pelos cui- dados a crianças pequenas, como pais, avós e professores da Educação Infantil. Existem ferramentas - ou estratégias - de acompanhamento do desenvolvimento que têm sido citadas na literatura científica e clínica que estão disponíveis para o contexto bra- sileiro, como testes de triagem, acompanhamento em puericultura, avaliação do desenvolvi- mento infantil (ALBUQUERQUE; CUNHA, 2020). Durante o processo de acompanhamento do desenvolvimento infantil, ressalta-se a importância de usar instrumentos que tenham comprovada validade, confiabilidade e fidedignidade, e que levem em consideração o con- texto cultural dos indivíduos (MARTELETO et al., 2012; ROCHA; DORNELAS; MAGALHÃES, 2013; AMOROSO; SOUZA; CHAGAS, 2017). A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda aos profissionais que adotem métodos que permitam uma avaliação formal e padronizada do desenvolvimento infantil. Rodrigues (2012) afirma que a triagem ou a avaliação podem ser ineficientes quando se utiliza somente a impressão clínica. Os profissionais de saúde e os pesquisadores devem ter conhecimento dos instrumentos de avaliação existentes para, assim, escolherem o mais apropriado ao acompanhamento na escola, à prática clínica ou pesquisa (SILVA et al., 2011). 28 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org Existe, entretanto, a carência de testes de avaliação padronizados e validados no Brasil (ALBUQUERQUE; CUNHA, 2020), mas, apesar disso, tem sido frequente o esforço dos pesquisadoresbrasileiros. para traduzir, adaptar e validar os instrumentos de triagem. Uma das justificativas é que eles são viáveis e têm demostrado utilidade no acompanhamento da população brasileira. Um deles é precisamente o Teste de Triagem do Desenvolvimento Denver II -TTDD II (SABATÉS, 2017). Triagem do Desenvolvimento Neuropsicomotor As crianças desenvolvem-se em ritmos diferentes, e faz-se importante distinguir aque- las que estão dentro do esperado para sua faixa etária das que seguem um curso de de- senvolvimento diferente, denunciando alguma dificuldade e levando, muitas vezes, a uma patologia (BRASIL, 2016). Bombarda Müller e Consi (2021) identificaram o perfil de desenvolvimento de 26 crian- ças de dois a 19 meses assistidas em consultas de puericultura de uma Estratégia de Saúde da Família e os fatores que influenciam esse desenvolvimento. Nessa amostra hou- ve prevalência do sexo feminino (57,7%) e a maioria das crianças não frequentava creche (88,5%). Na avaliação dos marcos do desenvolvimento infantil, foi observado comportamento motor adequado para a faixa etária avaliada, entretanto, em relação à área da linguagem, os resultados encontrados foram abaixo da média. As autoras atribuíram essa defasagem como sendo resultado de ambiente pouco estimulante: citam que somente quatro crianças tinham alguém que lesse para elas todos os dias. Montie Xiang e Schweihart (2006) exa- minaram o impacto da frequência pré-escolar nas habilidades cognitivas e verbais aos sete anos de idade em um estudo de 10 países. Observaram que a escolaridade dos professores da Educação Infantil, o tipo de atividade das crianças e os materiais disponíveis influenciam a melhora da linguagem. O padrão de desenvolvimento é notavelmente constante, dentro de limites bastante amplos, mas a velocidade com que as habilidades motoras, cognitivas, linguísticas e sociais são alcançadas varia de criança para criança. Elas são adquiridas sequencialmente e, ge- ralmente, para se manifestarem, dependem da aquisição de habilidades anteriores, dentro da mesma área de desenvolvimento, por exemplo, as crianças devem aprender a sentar-se sozinha antes de poderem ficar de pé e andar (BEE; BOYD, 2011). Nesse sentido, algumas habilidades aparecem como marcos de desenvolvimento e são entendidas como consistentes. Sorrir socialmente com a idade de oito (8) semanas é um marco consistente, enquanto engatinhar não é, ou seja, o engatinhar ocorre em um mo- mento de tempo muito variável, e algumas crianças com desenvolvimento típico não engati- nham, mas adquirem a marcha sem problemas (PAPALIA; MARTORELL, 2022). Importante 28 29 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org ressaltar que fatores genéticos podem determinar o aparecimento de algumas habilidades, mas fatores ambientais têm influências cruciais no desempenho destas (BLACK et al., 2017) Experiências as mais diversas e positivas durante a primeira infância podem melho- rar o desenvolvimento, particularmente nas áreas das habilidades linguísticas e sociais. Infelizmente o cérebro, também, é vulnerável à várias adversidades, particularmente nos estágios embrionários iniciais. Estudos sobre crianças abandonadas fornecem boas evidên- cias de como um ambiente adverso afeta o crescimento do cérebro. As crianças que foram institucionalizadas têm cérebros menores do que aquelas que são criadas em um ambiente familiar (TORQUATO et al., 2011). Outros estudos mostraram ganhos significativos em habilidades cognitivas e de linguagem depois que crianças abandonadas são atendidas. O atraso no desenvolvimento ocorre quando uma criança não atinge marcos de de- senvolvimento em comparação com as da mesma faixa etária. O grau de atraso no desen- volvimento pode ser ainda classificado como leve (idade funcional < 33% abaixo da idade cronológica), moderado (idade funcional 34%–66% da idade cronológica) e grave (idade funcional < 66% da idade cronológica) (MITHYANTHA et al., 2017). Muitos profissionais da área da saúde usam o termo “atraso” do desenvolvimento para expressar a não apresentação de comportamentos ou habilidades em dois ou mais dos principais domínios de desenvolvimento: motor grosso, motor fino, cognitivo, linguagem e aspectos sociais. Atraso significativo é definido como desempenho em dois ou mais des- vios-padrão abaixo da média em testes padronizados de referência com normas apropriadas para a idade (CHOO et al., 2019). O atraso pode estar em um único domínio, ou seja, atraso de desenvolvimento iso- lado ou em mais de um domínio. Um atraso significativo em dois ou mais domínios do desenvolvimento que afetam crianças menores de cinco anos é denominado atraso global do desenvolvimento. Outros padrões de desenvolvimento anormal incluem: transtorno do desenvolvimento; parada e regressão do desenvolvimento; e deficiência de desenvolvi- mento. Nos distúrbios do desenvolvimento, o desenvolvimento não segue o padrão normal, como em uma criança com autismo que tem habilidades de linguagem, mas é incapaz de usá-las para fins de interação social e comunicação. Parada e regressão do desenvolvi- mento referem-se a uma fase normal de desenvolvimento em uma criança que é seguida por uma falha no desenvolvimento de novas habilidades ou mesmo perda de habilidades previamente adquiridas. A regressão é uma bandeira vermelha inequívoca e garante um encaminhamento urgente a um especialista para avaliação e gerenciamento adicionais. Nem todas as crianças com atraso no desenvolvimento terão uma deficiência de desenvolvimen- to, que se refere a uma deficiência grave e ao longo da vida em áreas de desenvolvimento que afetam a aprendizagem, a autossuficiência e as habilidades adaptativas. Os atrasos no 30 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org desenvolvimento podem ser transitórios, como durante uma fase de doença prolongada, ou persistirem (BRASIL, 2016). A triagem do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) infantil refere-se ao proces- so de aplicação de testes em uma ampla população de crianças, a fim de identificar e de- tectar, de forma prática e padronizada, as crianças que estão em risco ou com atraso no desenvolvimento. É o processo de mapear o desempenho de uma criança em comparação com crianças da mesma idade; sendo que o grupo de comparação é obtido a partir de uma amostra representativa da população de onde a criança está inserida (BRASIL, 2012). As crianças com atrasos no desenvolvimento são normalmente identificadas por meio de três canais principais: (1) durante a vigilância ou triagem de rotina do desenvolvimento; (2) após preocupação dos pais; e (3) depois que terceiros, como professores de educação infantil ou profissionais de creche, levantem preocupações. A caderneta de saúde da criança é um recurso útil que deve ser sabiamente utilizado pelos pais e médicos para monitorar o desenvolvimento da criança (BRASIL, 2012). Um passo importante para melhorar a identi- ficação precoce do atraso no desenvolvimento é educar os pais para fazer uso da lista de verificação de desenvolvimento da caderneta de saúde. Os profissionais da atenção primária devem estar atentos ao desenvolvimento da criança e às famílias como parte de cuidados abrangentes. As crianças identificadas em risco (muitas vezes por um profissional da área da saúde) podem ser encaminhadas para avaliação adicional na atenção primária ou se- cundária (CHOO et al., 2019). Na atenção primária, quando o tempo é limitado, os profissionais da saúde, com ex- periência, devem basear sua avaliação no julgamento clínico e conhecimento do desen- volvimento neuropsicomotor de crianças. Os pais podem, também, reconhecer um atraso ou ficarem preocupados com o comportamento da criança e procurarem ajuda profissio- nal. Os profissionais de um berçárioou creche podem identificar padrões desviantes de desenvolvimento e encaminhar a família para avaliação e triagem (BRASIL, 2009). Ou seja, todos os adultos devem ter conhecimento básico sobre os marcos do desenvolvimento e ob- servarem as crianças sob seus cuidados. A responsabilidade sobre o bom desenvolvimento dos indivíduos deve ser compartilhada por toda a sociedade. Em crianças que apresentam atraso leve no desenvolvimento ou ausência de quais- quer sinais de alerta, os profissionais de cuidados primários podem considerar investigações básicas, como as condições ambientais, sociais e familiares e exames físico e laboratoriais. Algumas causas de atraso leve no desenvolvimento, como a anemia por deficiência de ferro podem ser facilmente tratadas (ALVES; SCHERRER, 2018). Existem boas evidências de que a identificação e a intervenção precoces melhoram os resultados de crianças com atrasos de desenvolvimento. 30 31 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org Teste de triagem do desenvolvimento neuropsicomotor – Denver II O Teste de Triagem do Desenvolvimento – Denver II (TTDD), para crianças até os seis anos, é o teste de rastreamento de risco para o desenvolvimento infantil mais utilizado no Brasil, sendo empregado também em diversos outros países (SOUZA et al., 2008). Este instrumento inclui avaliação de comportamento social e pessoal, linguagem e habilidades motoras preconizadas como típicas do desenvolvimento. O desenvolvimento cognitivo da criança é avaliado pela capacidade de compreensão de instruções, conceituação de palavras, nomeação de figuras e habilidades pessoal-social (FRANKENBURG et al., 1992). Desenvolvido por Frankenburg e Dodds em 1967, o Teste de Triagem Denver pode ser aplicado pelos profissionais da saúde com administração dos itens diretamente à crian- ça, ou questionados ao responsável. A tradução e adaptação cultural do teste de Denver na população brasileira foi realizada por Sabatés em 2017. O teste registra o surgimento e a estabilização de cada comportamento a ser observado e permite notar a área de me- lhor desempenho. O teste tem como objetivos: prover os profissionais de saúde com uma impressão clínica e organizada do desenvolvimento global da criança; alertar para as difi- culdades e avaliar este desenvolvimento baseado na performance de uma série de tarefas apropriadas para a idade. O Teste de Triagem do Desenvolvimento – Denver II é a versão mais recente, cujo principal objetivo é detectar algum desvio/alteração de desenvolvimento, sendo utilizado no acompanhamento de todas as crianças, de risco ou não. Não é um ins- trumento diagnóstico, mas uma triagem ampla, levando em consideração o avanço da idade em quatro áreas do desenvolvimento: “Motor Grosso”, “Motor Fino-Adaptativo”, “Pessoal Social” e “Linguagem”. O Denver II é recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria para o acompanhamento do desenvolvimento infantil. É um instrumento de integração da equipe multidisciplinar, na qual cada profissional pode atuar com sua visão específica. Para aplicá-lo, faz-se necessário realizar um treinamento de capacitação de acordo com os pré-re- quisitos dos autores. Assim, é um teste usado e reconhecido internacionalmente, fazendo-se, portanto, necessário investigar a adequação dos itens e o padrão de resposta de cada país. No Brasil, o TTDD-II vem sendo utilizado para avaliar o desenvolvimento neuropsico- motor de prematuros em ambulatório multidisciplinar (SOARES; SILVA; ZUANETTI, 2017; ALMEIDA et al., 2021), para avaliar e acompanhar crianças na educação infantil (ANJOS et al., 2017; AMOROSO; SOUZA; CHAGAS, 2017; OLIVEIRA et al., 2018; SILVA et al., 2018; ALVÃO, 2020), correlacionar o estado nutricional, peso, altura e o desenvolvimento neuropsicomotor de pré-escolares (ANJOS et al., 2019), caracterizar o desenvolvimento neu- ropsicomotor de crianças e relacionar com aspectos individuais, familiares, socioeconômicos, bem como estímulos da criança em diferentes ambientes (ARAUJO et al., 2018), avaliar as habilidades de linguagem (COSTA; CAVALCANTE; DELL’AGLIO, 2015), e linguagem e 32 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org pessoal social de crianças com microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infecciosas (NÓBREGA MARQUES et al., 2021), verificar os efeitos de programas de intervenção a partir da estimulação direta dos bebês em ambiente da creche, por pro- fissionais de saúde e orientação dos professores/cuidadores, como também em casa, por meio de orientações aos cuidadores/pais (MELO et al., 2019) e crianças com diagnóstico de atraso no desenvolvimento motor, da linguagem e na habilidade pessoal social inseridas na educação infantil (TIMA, 2020). Triagem no contexto da educação infantil A supervisão ou acompanhamento do desenvolvimento infantil é o carro-chefe das ações para a promoção da saúde da criança, sendo preconizada por organismos interna- cionais como a Organização Panamericana de Saúde (OPS, 1999) e o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006). Compreende não só a avaliação do desenvolvimento propriamente como também intervenções que visem sua promoção (MELO et al., 2019). Tradicionalmente, preconiza-se a avaliação do desenvolvimento quando a criança comparece a uma consulta de saúde, no entanto, o desenvolvimento infantil não deve ser considerado somente nesse momento, mas também em instituições de educação, particularmente nas creches e pré- -escolas, pois atendem crianças numa fase de grandes mudanças físicas, neurológicas e socioemocionais (ARAUJO et al., 2018; ALVÃO, 2020). Entre os ambientes que a criança frequenta avultam as creches, instituições de edu- cação destinadas às que têm de 0 a 3 anos. No Brasil, em 2003, existiam 28.055 creches, nas quais as crianças permanecem um tempo diário variado, sendo, em média 8 horas, por dia. Como a criança pode começar a frequentar a instituição com poucos meses de idade e continuar na Educação Infantil até ingressar no primeiro ano do Ensino Fundamental, isto significa um período longo, durante o qual precisa ter as condições necessárias para se desenvolver plenamente. Levando-se em consideração a vulnerabilidade desta faixa etária e o fato de que o número de crianças que frequentam os aparelhos de Educação Infantil (EI) aumenta anualmente, conclui-se que essas instituições desempenham papel de grande importância no desenvolvimento. Assim, nesse âmbito, é necessária a supervisão do de- senvolvimento, tal como preconizado por organismos de saúde nacionais e internacionais. Este é um importante cuidado à saúde e, como tal, requer profissionais habilitados que a executem (REZENDE et al., 2003). As creches e escolas de EI são instituições de educação em que as crianças com idade de 0 a 6 anos permanecem, longe de seus familiares, durante grande parte da sua infância, o que mostra a essencialidade desse ambiente para a proteção da criança e seu pleno desenvolvimento. No caso do Brasil, a avaliação e a promoção do desenvolvimento, 32 33 Processos Neuropsicológicos: uma abordagem do desenvolvimento - ISBN 978-65-5360-206-9 - Vol. 2 - Ano 2022 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org conduzidas de modo intencional dentro das unidades de EI, não é rotina. A observação ocasional de um profissional (seja para uma pesquisa, seja na consulta pediátrica) pode deixar de observar algumas as habilidades que se quer avaliar por não se apresentarem no momento da avaliação. Aa criança pode ficar inibida, por exemplo. Além disso, como o desenvolvimento é multifacetado e se dá num contínuo, torna-se necessário eleger quais habilidades serão importantes, em qual fase e relativamente quais áreas devem ser preco- nizadas na avaliação. Quanto à promoção de condições
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