Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maria Clara Cavalcante ABORDAGEM DA INFERTILIDADE CONJUGAL INTRODUÇÃO ➔ INFERTILIDADE CONJUGAL: quando não surge uma gravidez após um ano de exposição ao coito, em casal sexualmente ativo e sem uso de métodos anticonceptivos Infertilidade primária: • Casal que nunca conseguiu ter filhos Infertilidade secundária: • Casal que já conseguiu ter filhos e agora não consegue mais ➔ ESTERELIDADE CONJUGAL: condições nas quais existe uma causa que impede de modo definitivo a obtenção de uma gravidez. Algum dos dois ou ambos têm alguma patologia que não consegue gerar uma gravidez QUANDO INVESTIGAR? Um ano de coito regular sem proteção ou antes, se: • Idade feminina > 35 anos • História de oligomenorreia/amenorreia • Suspeita ou história prévia de endometriose III/IV • Doença tubária e/ou uterina suspeita ou confirmada • Parceiro sabidamente ou com suspeita de subfertilidade (criptorquidia bilateral, traumas, infecções, quimioterapia, radioterapia pélvica) ou quando o casal questiona a fertilidade masculina EPIDEMIOLOGIA A infertilidade conjugal acomete 10 a 15% dos casais. Com idade mais avançada, é mais difícil conseguir engravidar Epidemiologia Geral IDADE X DISFUNÇÃO OVULATÓRIA O fator idade é muito importante na fertilidade – idade ideal é dos 20-30 anos Mulheres já nascem com seus ovócitos e vão perdendo com o decorrer da idade • Além de perderem em quantidade, também perdem em qualidade O QUE LEVA A INFERTILIDADE? Fator masculino: • Queda na quantidade/qualidade do sémen (ou ausência de espermatozoides) Fator feminino: • Diminuição da reserva ovariana • Fator ovulatório • Fator tubário • Fator uterino (corporal) • Fator pélvico • Causa inexplicada ROTEIRO SEMIOLÓGICO MÍNIMO ANAMNESE: • História menstrual • História obstétrica • História sexual • História cirúrgica • História familiar • Antecedentes patológicos EXAME FISICO: • Geral • Ginecológico EXAME DO PARCEIRO: Encaminhar para urologista Maria Clara Cavalcante O QUE EU DEVO SABER NA MULHER E NO HOMEM? Homem: • História reprodutiva e análise seminal Mulher: • História reprodutiva e avaliação ovulatória – clínica e dosagem de progesterona (a progesterona é produzida pelo corpo lúteo, formada pela ovulação. Como saber se a mulher ovula? Tem que saber se ela menstrua – A progesterona é para estar alta na 2ª fase do ciclo, se não estiver é porque não está ovulando • Avaliação da permeabilidade tubária – HSG ou LPSC com cromotubagem INVESTIGAÇÃO BÁSICA Visa responder questões: 1. A avaliação seminal é normal? Espermograma 2. A ovulação é normal? Progesterona 20-24 (>10): • Dosar a progesterona na 2ª fase – lútea • Ovulação -> Corpo lúteo -> Produção de progesterona • A progesterona deve estar alta na segunda fase do ciclo menstrual e, caso não esteja, há um problema na ovulação USTV • Outra forma de avaliar se está havendo ovulação 3. A reserva ovariana é adequada? FSH 3-5 (<10): • Dosar FSH na 1ª fase do ciclo (fase folicular), caso esteja elevado, temos uma baixa reserva ovariana AMH: • Produzido pelas células da granulosa do ovário • Pede a partir dos 35 anos • É relacionado com a infertilidade feminina • Quando está baixo, tem pouca reserva ovariana USTV: • Faz a contagem dos folículos 4. O canal reprodutor é normal? Fator tubário - Histerossalpingografia Fator uterino - USTV 5. A pelve é normal? USTV Laparoscopia: Em casos de suspeita de endometriose (é o padrão-ouro) – Diagnostica e trata (retira o foco) Estenoscopia: Para avaliar o endométrio (padrão-ouro) AVALIAÇÃO FATOR MASCULINO - ESPERMOGRAMA Coleta: Masturbação Abstinência: 2-5 dias (máximo 7) Se alterado, colher pelo menos 2 amostras com intervalo > 90 dias • < 15 milhões deve ser encaminhado para o urologista AVALIAÇÃO FATOR FEMININO Ovulação -> Anamnese • Regularidade menstrual • Dosagem de progesterona (confirma, mas sem definir qualidade) • Previsão da ovulação (USG) Reserva ovariana: Solicitar rotineiramente: • FSH (basal) – caso esteja alto, tem uma menor reserva ovariana • USTV/CFA (basal) - Para a contagem dos folículos 7-20: CFA normal < 7: Má-resposta >20: Hiper resposta • AMH – se tiver baixo, tem pouca reserva ovariana Maria Clara Cavalcante Quanto menor, menor a reserva ovariana Avaliação de fator tubário: Sem suspeita de comorbidades (DIP, gravidez ectópica, endometriose) -> Histerossalpingografia Com suspeita de comorbidades -> Laparoscopia FATOR CORPORAL São patologias relacionadas ao corpo do útero Leiomioma Pólipos Mal formações Sinéquias Avaliação do casal infértil: Ultrassom: • Permite ver o útero mal-formado, sinequias, endometriomas Histerossonografia: • É pouco usado hoje Histeroscopia: Maria Clara Cavalcante FATOR PÉLVICO A principal causa é a endometriose Endometriose: • O diagnóstico é por USG • Pode acometer: peritônio, ovário, tubas... • Incidência de 6 a 10% das mulheres em idade fértil • 25 a 50% das mulheres inférteis • Peritônio, ovários e septo retrovaginal • Distorção anatômica • Laparoscopia – diagnóstico e estadiamento • Ultrassonografia Aderências AVALIAÇÃO DA TIREOIDE NA INFERTILIDADE Solicitar anti-TPO e anti-tireoglobulina quando TSH > 2,5 (grau c) Considera-se o tratamento com levotiroxina se houver anticorpos presentes com TSH > 2,5 ou TSH > 4.0 (grau B) OBS: Primeiro cuido em tratar a tireoide e depois regular o ciclo INDUÇÃO DA OVULAÇÃO Faço a indução quando a paciente tem uma infertilidade, mas sem causa aparente Quem indicar? • Fator ovulatório • Subfertilidade masculina (≥ 5.000.000 espermatozoides móveis/mL) • ESCA (esterilidade sem causa aparente) Como é feito? 1º) Induzir a ovulação 2º) Coito programado ou Inseminação intra-uterina (IUI) Técnicas de reprodução assistida: • FIV • ICSI Indicação de coito programado: • O problema é o fator anovulatório, então deve-se, primeiro, induzir a ovulação e depois fazer o coito Indicações de IUI: • Fator masculino leve • Fator anovulatório • Fator cervical • Endometriose mínima ou leve • ESCA Medicações usadas: O mais usado é o citrato de clomifeno (os inibidores da aromatase não são muito usados pois são teratogênicos) • Tomar no início do ciclo menstrual – 3º-7º dia do ciclo (50-150mg) • Após tomar, ter relação dia sim e dia não • Fazer USG para ver a ovulação e indicar o coito programado • Caso a paciente vá ocular amanhã, dou HCG para que haja o rompimento do folículo para ovular, e aí faz o coito programado Número de tentativas: Indução da ovulação com coito: Máximo 6, mas a partir de 3x já encaminho para a reprodução assistida (3-6) IUI: 3 tentativas (6 tentativas) Maria Clara Cavalcante QUESTÕES 1. Sobre a investigação básica complementar responda a correta: A. Pesquisa-se ovulação com dosagem de estrogênio na 1ª fase do ciclo B. Avalia-se ovulação através da pesquisa de folículos antrais C. A pesquisa da reserva ovariana é realizada através da HSG D. Pesquisa-se o fator tubário através da HSG em pacientes sem comorbidades 2. Sobre os conceitos da infertilidade, marque a correta: A. A infertilidade primária é quando não se pode confirmar a existência prévia de alguma gestação excetuando-se abortamento B. Infertilidade secundária é quando há registro confiável de pelo menos uma gravidez no passado excetuando-se abortamento C. Esterilidade conjugal são aquelas condições nas quais existe uma causa que impede de modo definitivo a obtenção de uma gravidez D. Infertilidadeconjugal é quando não surge uma gravidez após um ano de exposição ao coito em um casal sem uso de métodos contraceptivos há 6 meses 3. A avaliação da reserva ovariana deve ser feita através da dosagem de: A. Estradiol na fase periovulatória B. Progesterona na fase lútea C. FSH no 3º dia do ciclo menstrual D. Prolactina na fase folicular 4. A indução da ovulação inicial está indicada: A. Em casal com infertilidade sem causa aparente B. Em mulheres com fator tubário C. Em mulheres com fator uterino D. Em mulheres com fator pélvico 5. O número de tentativas com indutor da ovulação citrato de clomifeno: A. Para coito programado no máximo 6 ciclos B. Para inseminação no máximo 8 tentativas C. Para coito programado no máximo 2 ciclos D. Para inseminação intra-uterina no máximo 2 tentativas GABARITO: 1. D 2. C 3. C 4. A 5. A REFERÊNCIAS: Aula ministrada pelo professor Airton Rangel BEREK; J. S. Berek & Novak. Tratado de Ginecologia. 15ed. Porto Alegre:Guanabara -Koogan, 2012
Compartilhar