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Processos Atencionais

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Processos Atencionais
Prof. Roberto Sena Fraga Filho
Descrição
Estrutura e função dos processos atencionais.
Propósito
O cérebro gerencia uma complexa rede de comunicação proveniente do corpo e do meio externo. Estudar a
função da atenção é importante para compreendermos como o cérebro seleciona quais estímulos serão, em
dado momento, descartados, para que outros possam ser processados em níveis cognitivos superiores, e,
assim, direcionarmos nossos comportamentos a objetivos.
Objetivos
Módulo 1
Bases anatômicas atencionais
Reconhecer os processos atencionais: biologia, estrutura e função.
Módulo 2
Características do processo atencional
Analisar o processo atencional.
Módulo 3
Neuropsicologia da atenção
Analisar a Neuropsicologia da atenção.
Módulo 4
Alterações da atenção
Identificar as alterações da atenção.
O cérebro mantém você pronto para interagir com aquilo que acontece à sua volta. É o cérebro que
gera os sons, as visões, a emoção, o pensamento e a sua experiência consciente, após interpretar,
em módulos especializados, excessivas fontes de informações oriundas do meio externo e do seu
corpo. Os processos atencionais estão implicados na forma como o cérebro gerencia essas
informações.
Como uma função psicológica, a atenção ajuda a organizar os processos cognitivos e a garantir uma
interação eficaz do indivíduo com seu ambiente, selecionando as informações relevantes em
detrimento das irrelevantes em dado momento de sua experiência consciente, mas também
envolvida com processos automáticos da cognição humana.
Vamos investigar como a atenção controla e dirige a consciência, revelando o que está por trás
dessa complexa rede de comunicação que permite termos comportamentos adaptados para
alcançarmos nossos objetivos.
Introdução
1 - Bases anatômicas atencionais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os processos atencionais: biologia,
estrutura e função.
O que é atenção?
Um construto psicológico é um conceito ideativo, hipotético, com uma finalidade científica predeterminada.
São exemplos de construtos psicológicos:

Consciência

Personalidade

Mente


Cognição

Resiliência

Memória
Como se trata de um conceito ideativo, vamos encontrar definições similares, ou que se complementam, e
até eventualmente diferentes para o mesmo construto na literatura científica ao longo da história. O
construto psicológico da atenção é empregado e conceituado de muitas maneiras distintas.
Mas o que é atenção?
Todo mundo sabe o que é. Afinal, desde os tempos da escola, escutamos:
– Ei! Preste atenção aqui [...].
Mas quase ninguém sabe definir conceitualmente esta função.
Uma definição clássica de atenção, amplamente citada até os dias atuais, foi dada pelo filósofo e psicólogo
norte-americano James:
A atenção é a ocupação da mente de uma forma clara e vívida, por um dentre vários possíveis
objetos ou sequências de pensamento. A atenção implica o afastar-se de algumas coisas para lidar
efetivamente com outras e inclui a habilidade de selecionar objetos de interesse no ambiente que
nos rodeia. A focalização da atenção em determinado objeto ou local de interesse produz uma
melhor capacidade de processamento. Por outro lado, implica detrimento dessa capacidade para
outros objetos e locais do campo visual.
(JAMES, 1950, p. 403-404)
Segundo Broadbent (1958), a atenção agiria selecionando, filtrando as informações que chegam ao
indivíduo, retendo alguns elementos e deixando passar outros para posterior processamento.
Considerando o sistema visual, quando orientamos nossa atenção por meio do movimento dos olhos em
direção ao objeto de interesse, dizemos que ocorre uma orientação aberta (explícita) da atenção. Nessa
situação, acontece um movimento ocular para que a posição da fóvea coincida com o foco atencional.
Desse modo, um observador pode inferir para onde nossa atenção foi orientada.
Fóvea
Parte central da retina, região em que nossa visão alcança maior acuidade e definição.
A teoria pré-motora da atenção (RIZZOLATTI et al., 1987) propõe que, tanto no caso da orientação aberta
(explícita) quanto no caso da orientação encoberta (implícita), existe a programação de um movimento
ocular em direção a determinada posição do campo visual. Tal programação facilita a detecção do estímulo
nessa posição às custas das outras localizações.
Saiba mais
Rizzolatti e colaboradores (1987) propõem que a orientação da atenção consiste na programação de um
movimento ocular para determinada posição do campo perceptivo. No caso de uma pessoa cega, podemos
inferir mecanismos similares, considerando a audição e o movimento da cabeça.
A atenção influencia tanto o processamento da informação sensorial quanto a programação de atos
motores. De acordo com De Jong, Liang e Lauber (1994), ao direcionarmos nossa atenção para um
estímulo, é preparada uma resposta motora com o efetor localizado no mesmo lado do estímulo, mesmo
que o indivíduo deva responder ao estímulo com o efetor contralateral. Além disso, o conteúdo presente em
nossa memória pode influenciar a seleção e a execução dos atos motores.
Efetor
Órgão que executa as respostas aos estímulos. Os efetores motores são aqueles que realizam a ação de
movimento, como nossos membros (braços, pernas, mãos e pés).
Também precisamos destacar que existe uma integração entre a memória e a
atenção. Chun, Golomb e Turk-Browne (2011) propuseram uma taxonomia da
atenção. Eles consideraram que a atenção é uma propriedade essencial de todas as
operações perceptivas e cognitivas.
Devido à sua capacidade limitada para processar a diversidade de opções de fontes de estimulação, os
mecanismos da atenção devem selecionar, modular e manter o foco nas informações mais relevantes para
o comportamento. Assim, Chun, Golomb e Turk-Browne (2011) propuseram uma taxonomia baseada nos
tipos de informações que operam na atenção: os alvos da atenção. Em um nível mais amplo, a taxonomia
distingue atenção externa da atenção interna:
A memória de trabalho envolveria a interseção entre as funções da atenção externa e interna.
Atenção externa (atenção perceptiva)
Refere-se à seleção e à modulação da informação sensorial.
Atenção interna (atenção central ou re�exiva)
Refere-se à seleção, à modulação e à manutenção das informações geradas internamente,
tais como as instruções de determinada tarefa, a seleção de certas respostas, a evocação a
partir da memória de curto e longo prazo.
A partir dessas propriedades gerais e da variedade dos alvos da atenção, fica evidente a distinção entre a
seleção da informação que chega a partir dos mecanismos sensoriais e a seleção das informações que já
estão representadas no cérebro (como a memória de procedimentos), as quais são evocadas e gerenciadas
pela memoria de trabalho para a execução de um comportamento integrado. Muitos outros pesquisadores,
psicólogos e filósofos apresentam variadas definições que podem ser similares ou diferentes e, às vezes,
descrevem alguns aspectos da atenção.
Por exemplo, podemos encontrar palavras como concentração, despertar, vigilância e estado de alerta como
sinônimos de atenção, embora não necessariamente sejam, visto que apenas revelam partes daquilo que
chamamos de atenção.
Quais são os efeitos da atenção no nosso comportamento e na cognição?
Essa é uma pergunta-chave. Alguns desses efeitos incluem:
Redução da latência sensorial e motora.
Aumento da capacidade de detectar estímulos e responder a eles.
Aumento da capacidade de resolução de problemas.
Aumento da eficiência dos sistemas de memória.
Focalização da consciência, colocando estímulos irrelevantes em segundo plano.
Atenção e consciência
Em todas as definições e teorizações sobre atenção, vamos encontrar outro construto associado: a
consciência. Atenção e consciência são palavras quase que inseparáveis como construtos psicológicos.
Cabem aos processos atencionais direcionar para a consciência as informações relevantes em dado
momento.
Segundo Sternberg (2016),a atenção é uma relação entre o processamento limitado de informações
controladas cognitivamente e o montante disponível no ambiente externo que é apreendido pelos sistemas
sensoriais, pelas memórias armazenadas e pelo pensamento.
Atenção
Ter o conhecimento consciente dessas informações possibilita monitorarmos as interações com o
ambiente, relacionando nossas experiências passadas e presentes, e planejando as futuras.
Mas o que é consciência?
A resposta mais simples é a seguinte: consciência é aquilo que você perde quando está dormindo.
Embora tal definição não seja 100% completa, é um ponto de partida. Uma definição mais elaborada da
consciência deve considerar que é ilusório fragmentar a atividade psíquica em partes ou em funções
isoladas, como, por exemplo, estudar a consciência simplesmente pelo nível de vigilância como uma
reatividade adaptada à situação do ciclo de sono e vigília.
Ao estudar a mente ou o cérebro, em grande parte, estamos estudando as mesmas partes sob perspectivas
diferentes. Nossas funções cerebrais, mentais, intelectuais, afetivas e volitivas são interdependentes. Além
disso, a decomposição analítica é um mero exercício didático com finalidades de pesquisa, ensino e
aprendizado. Não separamos tais processos em nossa existência, em nossa vida consciente.
Volitivas
Aquilo que é relativo à volição, ou seja, ao conceito de motivação e da intenção de agir, como, por exemplo,
nossa autoconsciência ao desempenhar comportamentos intencionais.
Os processos mentais se apresentam de imediato quando somos observadores de nossas próprias mentes
e de nossa consciência. Assim, consciência é um todo psíquico momentâneo, mas precisamos considerar
que existem outros modos de abordar esse construto.
Uma definição operacional explica um conceito unicamente em termos dos procedimentos observáveis
usados para produzi-lo e mensurá-lo (SHAUGHNNESSY; ZECHMEISTER; ZECHMEISTER, 2012). Dependendo
da definição operacional adotada, podemos entender o conceito de consciência de diversas maneiras:
Consciência do Eu
No plano fenomenológico, consciência é uma intencionalidade e um processo de coordenação e de
síntese da atividade psíquica. Nesse ponto, distinguimos a consciência do Eu da consciência dos objetos,
pois existimos como indivíduos e somos singulares em nossa existência.
Consciência dos objetos
Há, também, a consciência dos objetos (do não Eu), ou seja, de tudo aquilo que se apresenta à
consciência, como, por exemplo, percepções, representações, conceitos, juízos, pensamentos, memórias
etc. Um objeto, como um construto em Psicologia, pode ser descrito como tudo aquilo que é apreendido,
em dado momento, na consciência.
Ainda vamos encontrar na literatura os níveis da consciência do Eu (JASPERS, 1979 apud
DALGALARRONDO, 2008). São eles:
Consciência de atividade do Eu
Consciência de unidade do Eu
Consciência da identidade do Eu no tempo
Consciência da oposição do Eu em relação ao mundo
Na perspectiva histórica dos estudos fisiológicos, a consciência é uma atividade nervosa de determinadas
áreas dos grandes hemisférios, em dado momento, sob certas condições, possuindo determinado nível de
excitabilidade ótimo. Nesse momento, toda a parte restante dos grandes hemisférios encontra-se em
estado de maior ou menor redução da excitabilidade (PAVLOV, 1954 apud KAPCZINSKI et al., 2011).
A consciência também pode ser descrita em estados de vigília, que vão do plenamente consciente (estar
acordado) até o não consciente (estar dormindo), ou seja, diferentes graus de consciência.
Ao estudarmos o sono, encontramos dois estados cíclicos descritos na bibliografia, conhecidos como sono
REM e sono não REM:
'
REM
Sigla que vem do inglês Rapid Eyes Movements, ou seja, Movimentos Oculares Rápidos.
Sono REM
É um estado de sono dessincronizado, com movimentos oculares rápidos.
Sono não REM
É um sono com atividade elétrica cerebral síncrona e sem movimentos oculares rápidos.
Vejamos, a seguir, a explicação de Dalgalarrondo (2008, p. 93) a respeito dos quatro estágios que
correspondem ao sono não REM:

Sobre os estágios do sono não REM, o autor observa que:
É mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo
apresentar-se confuso ao ser despertado (10% a 15% do tempo total de sono).
(DALGALARRONDO, 2008, p. 93)
Estágio 1
Mais leve e superficial, com atividade regular do EEG (Eletroencefalograma) de baixa
voltagem, de 4 a 6 ciclos por segundo (2% a 5% do tempo total de sono).
Estágio 2
Um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 13 a 15
ciclos por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta voltagem, denominadas
complexos K (45% a 55% do tempo total de sono).
Estágio 3
Sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade de 0,5
a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3% a 8% do tempo total de sono).
Estágio 4
De sono mais profundo, com predomínio de ondas delta e traçado bem lentificado.
Em psicopatologia, estudamos a consciência desde o nível de lucidez até a obnubilação da consciência,
passando por estados crepusculares.
Não podemos nos esquecer do uso da palavra consciência no sentido moral, ou seja, o juízo de valores, do
certo e do errado.
Obnubilação
Estado de alteração da consciência, caracterizado pela diminuição dos processos sensoperceptivos, que
afeta a compreensão das informações recebidas.
Bases neurobiológicas da atenção e da consciência
Uma vez que os construtos da atenção e da consciência foram definidos, e a relação entre tais conceitos foi
contextualizada, podemos estabelecer as bases biológicas dessas funções. Não se trata de responder onde
fica a consciência no cérebro, ou qual estrutura cerebral é responsável pela atenção, e sim de apontar uma
lógica:
Quanto menos consciente for o processo, mais automático será. Quanto mais consciente,
maior será o controle voluntário.
No cérebro, quanto mais externo (córtex), e mais alta for a estrutura, maior será o controle voluntário.
Quanto mais interno (tronco encefálico), e mais baixo, mais automático será o processo.
Nos diferentes trabalhos da Neuropsicologia, observamos uma evolução histórica na compreensão do
estudo da atividade cerebral e das suas estruturas. Na atualidade, compreendemos que o sistema nervoso
modula nossas funções cognitivas e nosso comportamento. Essa complexidade de funções e processos
fica cada vez mais difícil de situar em uma região com endereço específico em nosso organismo.
Desse modo, cada vez menos, usamos uma tese localizacionista.
Neuropsicologia
Ciência que estuda a relação entre a cognição, o comportamento e a atividade do sistema nervoso.
A proposta é não pensarmos em localização, mas, sim, na função que está associada a uma rede complexa
de neurônios organizados em circuitarias. A consciência humana, por exemplo, começa no tronco
encefálico e “termina” (biologicamente) no córtex cerebral. A ativação da consciência vem de centros
vegetativos, mas o conteúdo vem do córtex.
Circuitarias
Também chamadas de circuitos neurais, são estruturas constituídas de maneira diferenciada, formadas por
neurônios, por meio das quais acontece a transmissão sináptica que permite a produção de
comportamentos.
O córtex cerebral está, basicamente, envolvido com percepções conscientes, pensamento abstrato,
raciocínio, planejamento, funções executivas, tomada de decisão. Partes mais internas no cérebro,
intermediárias, associadas, por exemplo, ao sistema límbico, processam comportamentos e reações
emocionais.
O tálamo, que se posiciona entre o córtex e o mesencéfalo, é um centro de pré-processamento e distribuição
de informações. No tronco encefálico, localizam-se os centros vegetativos.
Como, então, a consciência é formada no cérebro?
Essa formação ocorre da seguinte maneira:
Tálamo
O tálamo direciona a atenção e controla o input sensorial.
Hipocampo
No hipocampo, temos suporte à codificação das memórias declarativas,pois, sem memória, a consciência
ficaria restrita a um único momento do tempo.
Formação reticular
A formação reticular (parte do tronco encefálico) estimula a atividade cortical. Sem essa ativação, não
existe consciência.
O quadro a seguir apresenta exemplos de áreas do cérebro associadas à atenção visual e à consciência.
Diversas outras áreas integradas e interconectadas estão implicadas. Observe:
Alto – Externo – Voluntário
No cérebro Função
Estruturas do lobo
frontal
Mantêm a atenção no alvo e direcionam a visão para objetos, realizam o
controle motor e possuem funções executivas.
Estruturas do lobo
parietal
Constroem mapas espaciais e direcionam a atenção para a área relevante do
espaço. Estão envolvidas no desengajamento da atenção.
Colículo superior Realiza o movimento dos olhos.
Giro do cíngulo e
amígdala
Fornece informações do sistema límbico.
Núcleos da base e
colículo superior
Fornecem informações motoras.
Tálamo Ativa regiões específicas do córtex e realiza o engajamento da atenção.
Baixo – Interno – Automático
Alto – Externo – Voluntário
No cérebro Função
Formação reticular
do tronco encefálico
Regula os estados de alerta, dando subsídios ao processo atencional e à
consciência.
Baixo – Interno – Automático
Quadro: Áreas do cérebro – funções de atenção e consciência. 
Elaborado por: Roberto Sena.
Como podemos perceber, existem áreas específicas do cérebro associadas a determinadas funções
específicas.
Na parte superior do quadro, as palavras Alto – Externo – Voluntário referem-se a estruturas mais próximas
do córtex cerebral, que processam informações do meio ambiente, permitindo a execução de respostas
voluntárias ou conscientes.
No extremo inferior do quadro, as palavras Baixo – Interno – Automático referem-se a estruturas mais
distantes do córtex cerebral e mais próximas da medula. Essas estruturas se encarregam de respostas
automáticas para estímulos internos, características do sistema nervoso autônomo.
A atenção e as funções cognitivas
Neste vídeo, o mestre Roberto Sena destaca as propriedades da atenção como uma função cognitiva, e
discute a tese localizacionista, as estruturas cerebrais e suas funções.
Vem que eu te explico!


Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A teoria pré-motora da atenção
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Atenção e consciência
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Bases neurobiológicas da consciência
Todos
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 
Questão 1
Experimentos levantam evidências de que a atenção não é um construto unitário. Por isso, não a estudamos
isoladamente de outras funções cognitivas. A capacidade de monitorar nossa interação com o ambiente, de
relacionar nossas experiências passadas e presentes, e de planejar experiências futuras exige a integração
de quais funções cognitivas?
A Pensamento e linguagem.
B Atenção e memória.
C Motivação e atenção.
D Atenção, memória, consciência e pensamento.
E Memória e consciência.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A atenção apreende as informações ambientais. Para que possamos ter acesso às experiências
passadas, precisamos da memória. Isso é direcionado à consciência. No pensamento,
conseguimos projetar o futuro e planejar nossas ações.
Questão 2
Vários modelos teóricos postulam as propriedades da atenção. Por exemplo, há a perspectiva de que o
processamento sensorial tem uma capacidade limitada. Por isso, necessita de mecanismos que filtrem as
informações relevantes em detrimento das irrelevantes. O processo que se refere à seleção e à modulação
da informação sensorial é chamado de
A atenção externa.
B atenção interna.
2 - Características do processo atencional
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o processo atencional.
C atenção concentrada.
D atenção dividida.
E atenção central.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Atenção externa é uma atenção perceptiva, projetada para fora do mundo do sujeito – ou seja,
para seu mundo exterior –, que usa a informação proveniente dos órgãos sensoriais.

Jornada do processo atencional
Ao estudarmos o processo atencional, iniciamos nossa jornada pelo processo perceptivo e por todo o
aparelho sensorial humano, que permite que as informações que nos circundam sejam detectadas, filtradas
e, em seguida, processadas. Assim, depois que as informações são detectadas por nossos sentidos, nossa
atenção passa a trabalhar com certos dados em detrimento de outros. Vejamos como isso acontece.
Aparato sensorial humano
As sensações são as informações procedentes do ambiente (interno e externo) que entram no cérebro por
meio dos órgãos dos sentidos. Elas se referem a experiências imediatas e diretas. São transmitidas para
áreas do córtex cerebral que chamamos de áreas sensoriais. Veja, a seguir, os tipos de transmissão de
informações e as suas vias neurais respectivas:
Vias neurais ascendentes
Transmitem informações sensoriais para o cérebro.
Vias neurais descendentes
Transmitem instruções motoras a partir do cérebro.
O quadro a seguir apresenta exemplos desse processo:
Estímulos/Energia Receptores sensoriais Órgãos dos sentidos
Eletromagnética Fotorreceptores Visão
Mecânica Mecanorreceptores Tato
Química Quimiorreceptores Olfato e paladar
Térmica Termorreceptores Tato
Estímulos dolorosos Nociceptores Tato
Quadro: Transmissão de informações sensoriais e instruções motoras pelo cérebro. 
Elaborado por: Roberto Sena.
Uma percepção é um processo pelo qual reconhecemos, organizamos, interpretamos as sensações e
damos sentido a elas. Trata-se de uma prontidão condicional para uma ação unificada e estável. A
percepção é voltada para a adaptabilidade e a sobrevivência. Sempre processa a resposta necessária e da
melhor maneira possível, de acordo com seu aprendizado prévio (experiência), suas motivações,
expectativas, seu contexto, humor, estado mental e sua atenção.
Captamos os estímulos ambientais pela sensopercepção e os manipulamos a nível cognitivo para criar
representações mentais dos objetos, propriedades e relações espaciais do ambiente. O quadro a seguir
apresenta algumas dessas propriedades:
Percepção Representação
Corpórea e objetiva Não corpórea e subjetiva
Externa Interna
Desenho determinado – possui detalhes Desenho indeterminado – possui poucos detalhes
Frescor sensorial Pouco ou nenhum frescor sensorial
Independente da vontade Dependente da vontade
Constância perceptiva Sem constância
Quadro: Propriedades da percepção e da representação. 
Elaborado por: Roberto Sena.
Em estado vígil, o aparato sensorial nunca desliga, ou seja, independe de nossa vontade receber estímulos
que serão processados pelo cérebro. Além do conteúdo proveniente da sensopercepção, soma-se um fluxo
interminável de pensamentos, e não conseguimos ter atenção consciente em tudo ao mesmo tempo. Isso
não significa, porém, que o cérebro não esteja recebendo e processando esses estímulos. Vamos investigar
essa afirmação?
Modelos explicativos e abordagens da atenção
Podemos dizer que, nesse momento, você está em contato com este conteúdo, lendo-o ou ouvindo-o (em
caso de uso de leitor de tela). Considerando essa premissa, responda:
Onde você está agora? (Descreva mentalmente o ambiente.)
O que está vestindo? Está sentado ou deitado?
Qual é seu nível de concentração? Ou seja, agora, apenas o conteúdo textual está entrando em sua
consciência, ou alguns pensamentos não relacionados ao texto entram e saem de sua consciência?
Perceba quantos elementos (visuais e auditivos) estão disponíveis para serem captados pelo cérebro.
Temos a estimulação mecânica da roupa na pele, da pressão do acento nas nádegas e nas costas, e
diversos outros estímulos do ambiente e do corpo, além de nossos próprios pensamentos.
Durante este estudo sobre cognição, consciência e atenção, você se senteanimado, preocupado, ansioso, feliz ou empolgado?
Alguns podem experimentar um pensamento intrusivo (invasivo) sobre o conteúdo nesse momento, e isso
pode ser ansiogênico, cuja consequência é não conseguir se concentrar nos estudos. Outros podem ficar
empolgados por estarem aprendendo algo novo, e isso potencializa a concentração. Um simples
pensamento é capaz de modular seu afeto e seu nível de concentração.
Esse simples exemplo demonstra quantas coisas estão acontecendo. Existe uma infinidade de estímulos
que são irrelevantes para determinado propósito. Precisamos negligenciar muitos estímulos para que
consigamos, a nível consciente, processar apenas as informações relevantes e reter, estudar, compreender e
refletir sobre as ideias que estão sendo apresentadas nesse exato momento, por exemplo. Como podemos
explicar o que o cérebro faz para gerenciar essa quantidade exorbitante de informações? Vejamos alguns
modelos explicativos desse processo.
Ansiogênico
Qualidade de uma situação ou um estímulo que gera ansiedade.
Processos automáticos e controlados
Analogias são excelentes para explicarmos conceitos complexos. Pense em uma rodovia, com pedágio, cujo
tráfego de veículos seja intenso. A resposta para duas perguntas simples explica um conceito complexo.
Observe:
No sistema cognitivo humano, temos muitos engarrafamentos, mas não podemos parar de caminhar na rua,
por exemplo, quando estamos conscientemente focados em nos lembrar do trajeto. Realizamos tomadas de
decisão, como virar à esquerda ou à direita, quando, deliberadamente, estamos evocando da memória o
caminho que devemos seguir para chegarmos ao destino.
Em nossa analogia, a rodovia citada simula vias neurais. Já os veículos representam:
Informações cognitivas
As informações cognitivas que trafegam nessa via – como, por exemplo, um pensamento sobre o trajeto
que estamos percorrendo.
Controle motor
O controle motor – que é automático.
Outras estimulações temporariamente obscurecidas
O que acontece quando vários veículos se aproximam, simultaneamente e de modo constante,
no pedágio? 
Qual é a consequência disso? 
Outras estimulações sensoriais que a atenção vai obscurecer da consciência, enquanto não forem
relevantes para uma tomada de decisão consciente.
A cabine do pedágio simula aquilo que chamamos de gargalo ou filtros cognitivos. Toda vez que uma
informação transmitida por uma via cognitiva encontrar um gargalo (filtro), e a função for importante para o
momento, processos automáticos assumirão o controle para gerir as informações irrelevantes. Assim,
teremos o controle consciente dos estímulos relevantes, mas sem parar o processamento dos estímulos
irrelevantes.
Comentário
Não é mágica quando desviamos de um obstáculo na rua enquanto estamos totalmente focados em outros
estímulos. É o cérebro funcionando. Isso acontece a todo momento.
A seguir, apresentamos as propriedades dos processos automáticos e controlados da atenção:
Modo de atenção passiva 
(Ascendente – Bottom up)
Modo de atenção
ativa 
(Descendente –
Top down)
Processos automáticos
Processos
controlados
Sem esforço intencional
Com esforço
intencional
Rápidos Mais lentos
Não conscientes Conscientes
Tarefas automatizadas: dirigir, tocar instrumentos, nadar, andar de bicicleta,
interagir com certos estímulos de forma automatizada (por exemplo, leitura)
Tarefas novas,
variadas ou
complexas
Processamento cognitivo pouco requisitado
Processamento
cognitivo muito
elevado
Quadro: Processamento da atenção. 
Elaborado por: Roberto Sena.
Processos automáticos e controlados da atenção
Neste vídeo, o mestre Roberto Sena explicará as características do processamento automático e do
processamento controlado da atenção.
Sistema Atencional Supervisor
O Sistema Atencional Supervisor (SAS) foi proposto por Norman e Shallice (1986). Esse modelo é derivado
da constatação de que existem processos automáticos e controlados no sistema atentivo. Assim, os
autores propuseram um modelo teórico composto de:

Um organizador pré-programado

Um Sistema Atencional Supervisor (SAS)
O organizador pré-programado seleciona, em função de determinados estímulos já conhecidos, modos
automáticos de respostas, considerando o repertório comportamental existente.
O SAS atua quando o repertório de respostas do indivíduo não atende às necessidades, sendo necessário o
controle consciente e voluntário. O modelo parte da premissa de que existem representações de respostas
armazenadas na memória. O SAS associa-se ao conceito de funções executivas, que será detalhado mais
adiante.
Teorias de �uxo (atenuação) e �ltro de informações (atenção auditiva)
Funções executivas

Termo usado na literatura para englobar diversos processos cognitivos que permitem gerir pensamentos,
emoções e ações do indivíduo em diversos contextos.
Diante de tantos estímulos, o que acontece quando temos de processá-los?
Segundo Broadbent (1958), um filtro (gargalo) no início do processamento permite a entrada do estímulo
relevante com base em suas características físicas. Outros estímulos permanecem, por pouquíssimo tempo,
em um buffer sensorial para, posteriormente, serem descartados se não forem requisitados. Esse autor
defende, então, que existe uma seleção inicial da informação relevante.
Aqui, podemos encontrar diversas explicações. Por exemplo, alguns autores defendem uma seleção tardia
da informação relevante após todos os estímulos serem analisados, enquanto uma explicação alternativa
sugere que deveria haver pouco ou nenhum processamento das informações irrelevantes.
Esses achados são resultado de paradigmas experimentais no processamento auditivo. Por exemplo, uma
mensagem auditiva diferente é apresentada em cada ouvido. A instrução da tarefa, que é o estímulo
relevante, orienta que a atenção seja dirigida para apenas uma das informações em um ouvido. Essa tarefa
se chama escuta dicótica.
Treisman (1964 apud EYSENCK; KEANE, 2017), por sua vez, propôs que a localização do filtro é flexível. Os
ouvintes, gradualmente, processam os estímulos a partir de suas características, começando pelas pistas
físicas, pelo padrão silábico e pelas palavras específicas, prosseguindo pela estrutura gramatical e pelo
significado da informação.
O fluxo de informações é atenuado de acordo com esse processamento. Havendo capacidade insuficiente
de processamento para permitir a análise integral do estímulo, os processos posteriores são omitidos
(EYSENCK; KEANE, 2017).
Metáforas da atenção visual
Há três metáforas da atenção visual. São elas:
Metáfora do holofote (foco de luz)
Facilitação homogênea do processamento de informações relevantes contidas em um foco atencional de
intensidade e tamanhos fixos.
Metáfora da lente de zoom
Facilitação homogênea do processamento de informações relevantes contidas em um foco atencional de
intensidade e tamanhos variáveis.
Metáfora do gradiente (atenção separada)
Facilitação não homogênea do processamento de informações relevantes contidas em um foco atencional
de intensidade e tamanhos variáveis.
Vamos voltar ao nosso exemplo e prestar atenção aos demais elementos que estão circundando esse
momento de estudo e reflexão sobre os processos atencionais. Olhando para o local onde você se encontra
e a diversidade de estímulos que estão sendo captados por seu cérebro, pare, observe um objeto de
interesse e descreva-o em detalhes.
Esse exemplo traduz a metáfora do holofote. Segundo essa metáfora, quando focalizado, um único objeto é
iluminado, enquanto os demais ficam escurecidos para a consciência. Trata-se de sua atenção focalizada.
Nós somos capazes de aumentar e diminuir o foco sobre esse objeto, como fazemos com uma lente de
zoom, aproximando-nos e afastando-nos de algo.
A metáfora da lente de zoom traduz a ideia de que, cognitivamente, podemos nos afastar ou nos aproximar
dos objetos de interesse. Por exemplo, quando estamos dirigindo, nossa atenção está aberta para o maior
campo visual possível,mas somos capazes de focar dado elemento para evitar um acidente.
A metáfora do gradiente expressa a ideia de que podemos direcionar nossa atenção para várias regiões do
espaço visual não adjacentes entre si, mas que contenham estímulos relevantes. Um gradiente se formaria,
ou seja, podemos “iluminar” uma área sem obscurecer totalmente a outra em sua consciência.
Exemplo
Imagine que você esteja em uma área grande como uma sala, em uma ponta, estudando este conteúdo. No
meio da sala, algumas pessoas estão assistindo à televisão, mas um objeto de interesse, como um bebê em
um berço, por exemplo, está do outro lado do cômodo.
Somos capazes de ignorar o espaço central (obscurecer para a consciência), manter o foco na leitura e
perceber o bebê se levantando do berço do outro lado. Obviamente, existe um custo de desempenho para
que isso aconteça. Nesse caso, seu estudo pode ficar prejudicado, ou, por milésimos de segundo, talvez,
você não consiga impedir que o bebê caia do berço.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Exemplos das propriedades de uma percepção e de uma representação
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Teorias de �uxo e �ltro de informações

Todos
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 
Questão 1
Nesta sociedade da informação, estamos rodeados por tecnologia e imersos em um mundo de estímulos.
Rotineiramente, observamos pessoas focadas em seus smartphones e andando na rua, desviando de
obstáculos, caminhando e operando as informações e funcionalidades na tela. 
O modelo de Sistema Atencional Supervisor (SAS) está associado aos processos automáticos e voluntários
da atenção. São propriedades dos processos voluntários da atenção:
A Controlados, top down e rápidos.
B Top down, ascendentes e conscientes.
C Top down, cognição elevada e lentos.
D Conscientes, cognição elevada e sem esforço intencional.
E Conscientes, cognição elevada e bottom up.
Parabéns! A alternativa C está correta.
O processo voluntário da atenção é um processo top down, ou seja, demanda atividade cortical,
cognição elevada, como planejamento, tomada de decisão e escolhas. Esse processo é mais
lento se comparado aos processos automáticos.Questão 2
Ao nos sentarmos à mesa para tomarmos café da manhã em um hotel, normalmente, as opções são muito
variadas, com muitas cores, muitos sabores e aromas: frutas, ovos, cereais, iogurte, leite, café etc. 
Algumas pessoas diriam que, de todas essas opções, nada se compara ao aroma do café pela manhã. O
fenômeno da sensopercepção descreve como captamos, por exemplo, esse aroma no ambiente e o
transformamos naquilo que vamos chamar de cheiro na experiência consciente. 
Posteriormente, somos capazes de contar essa experiência e evocar as experiências oriundas da
sensopercepção, mas este é um processo diferente: a representação. Podemos apontar como
características de uma representação o fato de ela ser
A interna, subjetiva e independente da vontade.
B interna, subjetiva e dependente da vontade.
C externa, subjetiva e independente da vontade.
D externa, subjetiva e dependente da vontade.
E objetiva, corpórea e dependente da vontade.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Uma representação é interna, pois acontece no espaço subjetivo. Depende da vontade, pois é
necessária a evocação de uma memória declarativa.

3 - Neuropsicologia da atenção
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a Neuropsicologia da atenção.
Substratos neurológicos
Nos estudos dos substratos neurológicos, que nos permitem explicar como acontece a seleção de
informações por parte dos processos atencionais e toda a sua organização, a Psicologia Cognitiva tem sido
de grande importância. Vejamos, a seguir, o que é estudado nesse ramo da Psicologia e algumas de suas
explicações e de seus conceitos fundamentais.
Psicologia Cognitiva
Para Sternberg (2016), a Psicologia Cognitiva é o estudo de como as pessoas percebem, aprendem,
lembram-se de algo e pensam sobre informações. Podemos descrever as áreas do cérebro ativas na
percepção, no aprendizado, na lembrança e no pensamento. A Psicologia Cognitiva estabelece como tais
informações são codificadas, interpretadas e utilizadas.
Atenção
Os chamados processos cognitivos básicos organizam-se em um sistema funcional complexo que depende
do processamento de diversas estruturas cerebrais. O ato de pensar, ou seja, a cognição, está associado à
maneira como manipulamos mentalmente as informações que representamos no cérebro. Trata-se de um
modelo teórico.
A Psicologia Cognitiva baseia-se na ideia de que o cérebro representa tais informações. Os hemisférios
cerebrais apresentam assimetria morfológica e funcional, e essas funções ficam representadas nos
neurônios. O quadro a seguir apresenta algumas dessas funções no cérebro:
Hemisfério Direito Hemisfério Esquerdo
Distribuição espacial da atenção Praxia
Emoção Linguagem
Prosódia Memória verbal
Percepção musical Cálculo matemático
Identificação de pessoas e objetos Identificação de pessoas e objetos
Relações espaciais entre os objetos Avaliação métrica do espaço extrapessoal
Quadro: Funções cognitivas representadas no cérebro. 
Elaborado por: Roberto Sena.
Como o cérebro codi�ca uma representação?
Você sabe como um computador processa informações?
A resposta para essa pergunta é uma boa analogia para explicarmos como o cérebro codifica as
representações, também chamadas de esquemas cognitivos.
Máquina
O computador, como uma máquina, é abastecido por energia elétrica. A rigor, opera apenas
com duas informações: presença ou ausência de energia, ou seja, ligado/desligado.
Então, matematicamente, os programadores ou desenvolvedores de programas trabalham com apenas dois
números: 0 e 1. A combinação desses dois algoritmos é capaz de armazenar uma infinidade de
informações. Por exemplo, quando escrevemos em um editor de textos como o Word “Neuropsicologia da
atenção”, o que fica armazenado no disco rígido do computador é:
Ferramentas para codificar e decodificar informações em código binário – facilmente localizadas na internet.
De maneira similar, os neurônios codificam em redes neuronais nossa cognição por padrões de
excitabilidade e inibição das redes neuronais mediadas por neurotransmissores.
Re�exão
Nosso sistema nervoso é infinitamente mais complexo do que um padrão de codificação binária, mas, em
essência, a ideia é a mesma.
Em Tecnologia da Informação (TI), os programadores ou desenvolvedores conhecem a sequência exata das
instruções, das regras matemáticas que transformam as linhas de códigos binários em imagens, palavras
na tela, sons etc.
Trata-se não tanto de como a informação é armazenada (codificada), mas, sim, do modo como tais códigos
são decodificados naquilo que vemos na tela do dispositivo (computador, smartphone etc.). Em diversos
Processamento
De maneira simplificada, as unidades de processamento ligam e desligam em uma velocidade
exorbitante, formando linhas de códigos binários que, após serem lidas pelos softwares
(programas), resultam, por exemplo, neste texto que você está estudando, nas imagens das
letras na tela ou do som (caso esteja utilizando um leitor de tela).
casos, os códigos-fonte dos programas são patenteados e valem milhões de dólares, como, por exemplo, o
Windows.
Com essa analogia em mente, ficam as perguntas:
Como decodificamos nossas representações, nossos esquemas cognitivos, nossa cognição, nossa
consciência, nossa mente, que estão nos neurônios?
Por analogia, como será nosso “Windows cerebral”?
Essa é a magia da mente humana, da cognição humana, do pensamento. Esse é o mistério. Sabemos bem
como os neurônios se comunicam (sinapses) e conhecemos as circuitarias neuronais, ou seja, as áreas do
cérebro com diversas funções cognitivas.
Mas como a mente humana é formada, ou seja,como a informação codi�cada nos
neurônios é lida (decodi�cada)?
Temos ainda um caminho a percorrer e alguns modelos teóricos para pesquisar e conhecer.
Onde a Neuropsicologia entra nessa história? Vamos descobrir!
Objeto de estudo da Neuropsicologia da atenção
A Neuropsicologia atua no diagnóstico de transtornos ou sequelas que envolvam o cérebro e a cognição
humana. Também atua na reabilitação neuropsicológica para compensar, contornar ou adaptar as
dificuldades cognitivas.
Em indivíduos sem prejuízos, a Neuropsicologia pode colaborar com a estimulação ou o treino, objetivando
melhorar habilidades cognitivas. Uma avaliação neuropsicológica será, invariavelmente, ampla no que se
refere a investigar as funções cognitivas. Porém, sem dúvida, a atenção é um pré-requisito para a
manifestação de outras funções, subsidiando a organização dos processos mentais.
O processo atentivo é composto de duas operações básicas:
Matriz
Relativa ao tônus atencional, ao nível de vigilância, à manutenção do foco e à tenacidade, e está associada
com o sistema de formação reticular.
Vetor
Regula a direção e o objetivo da atenção, é alusivo à capacidade seletiva da atenção e, especialmente,
associado ao neocórtex.
A Neuropsicologia da atenção
Neste vídeo, o mestre Roberto Sena apresenta os tipos de aspectos atencionais, ilustrando sua explicação
com exemplos.
Tipos de aspectos atencionais
A todo instante, o cérebro processa estímulos relevantes e irrelevantes, em dado momento, em função de
um contexto, podendo (ou não) o resultado desse processamento parar na consciência.
Dependendo de nosso estado de humor, por exemplo, se estamos com fome ou saciados, aquecidos ou
com frio, o sistema atentivo desempenha muitas funções no controle voluntário e nos processos
automáticos.
Para conseguir ignorar os estímulos irrelevantes e engajar a atenção nos estímulos relevantes, além de
focalizar um estímulo, a atenção possui quatro funções básicas: sustentação, seletividade, alternância e
divisão. O quadro a seguir apresenta esses papéis:
Atenção focal Capacidade de selecionar e responder a um estímulo.
Atenção
sustentada
Capacidade de manter atenção em um estímulo de maneira continuada e
consistente no tempo.
Atenção seletiva A rigor, capacidade de selecionar dentre diversos estímulos aquele relevante

e não se distrair com estímulos irrelevantes.
Atenção alternada
Passagem da atenção de um estímulo para outro, ou seja, capacidade de
modificar o foco da atenção de um componente da tarefa para outro,
mantendo um comportamento fluido.
Atenção dividida
Capacidade de manter o foco atencional em dois estímulos
simultaneamente.
Quadro: Papéis da atenção. 
Elaborado por: Roberto Sena.
Estupor
Texto do modal.
Funções executivas
Vamos estudar, agora, um pouco sobre as funções executivas, destacando sua definição, classificação e
importância. Segundo Fuentes et al.:
As funções executivas correspondem a um conjunto de habilidades que, de forma integrada,
permitem ao indivíduo direcionar comportamentos a metas, avaliar a eficiência e a adequação
desses comportamentos, abandonar estratégias ineficazes em prol de outras mais eficientes e,
desse modo, resolver problemas imediatos, de médio e de longo prazo.
(FUENTES et al., 2014, p. 115)
As funções executivas permitem o desempenho de diversas habilidades e tarefas necessárias para
podermos responder e nos adaptar às exigências do dia a dia. Assim, podemos pensar nas funções
executivas a partir da analogia de uma orquestra tocando uma sinfonia. Tais funções seriam representadas
pelo diretor.
Algumas capacidades cognitivas associadas às funções executivas incluem:
Gerar intenções (volição).
Iniciar ações.
Selecionar alvos.
Inibir estímulos distratores.
Prever meios de resolver problemas complexos e planejar.
Antecipar consequências.
Mudar a estratégia de forma flexível, em caso de necessidade.
Monitorar o comportamento a cada instante.
Avaliar o sucesso ou insucesso de nossas ações em relação a nossos objetivos.
Vejamos, a seguir, as funções executivas que podemos considerar centrais ou nucleares.
Funções executivas centrais ou nucleares
Diamond (2013 apud FUENTES et al., 2014) destaca que existem funções executivas nucleares. São elas:
Memória operacional
Capacidade de sustentar temporariamente uma representação mental que será utilizada na realização de
operações cognitivas.
Controle inibitório
Controle sobre interferências internas, externas e inibição de respostas prepotentes.
Flexibilidade cognitiva
Capacidade de alternar planos de ação e encarar uma realidade a partir de diferentes perspectivas.
São diversos os modelos teóricos que conceituam as funções executivas, ou seja, trata-se de um construto
que não é único. Além das capacidades que estariam associadas às funções executivas e ao conceito das
funções executivas nucleares, na literatura, ainda encontramos a distinção entre os componentes
executivos frios e quentes, conforme vemos a seguir:
Componentes frios Componentes quentes
Planejamento Autorregulação do humor
Organização Autorregulação da emoção
Sequenciamento Autorregulação da motivação
Iniciação de tarefas Controle sobre o próprio comportamento social
Monitoramento Tomada de decisões
Memória de trabalho Teoria da mente
Controle inibitório e de interferência Experiência de recompensa e punição
Flexibilidade mental Julgamento moral
Fluência Resolução de conflitos interpessoais
Quadro: Componentes das funções executivas. 
Elaborado por: Roberto Sena
Os componentes quentes estariam associados ao processamento motivacional e emocional; os
componentes frios, mais associados aos processos cognitivos. Muitas alterações da atenção estão
relacionadas a déficits nas funções executivas em maior ou menor grau.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Como o cérebro codi�ca uma representação?
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Tipos de aspectos atencionais
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Os componentes executivos frios e quentes
Todos

Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
Em linhas gerais, a atenção é um processo psicológico que concentra nossa atividade psíquica em
determinado estímulo. Considerando a fisiologia da atenção, distinguimos dois processos básicos. O vetor
da atenção refere-se
A ao processo que regula a direção e o objetivo da atenção.
B ao processo que regula o tônus atencional.
C ao processo que regula a tenacidade.
D à ativação pela formação reticular.
E ao nível de vigilância.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A matriz da atenção (mecanismo tônico) refere-se ao nível de alerta e de atividade, e o vetor da
atenção refere-se à capacidade de regular, dirigir a atenção.
Questão 2
Existem diversas definições para o construto da atenção. Em parte, tantas definições expressam as diversas
facetas e interseções da atenção com o aparato cognitivo. A atenção está envolvida no ciclo de sono-vigília,
nos níveis de consciência, memória, sensopercepção etc. A atenção alternada refere-se à
A capacidade de manter atenção em um estímulo de maneira continuada e consistente.
B capacidade de selecionar dentre diversos estímulos aquele relevante.
C capacidade de manter o foco atencional em dois estímulos simultaneamente.
D passagem da atenção de um estímulo para outro.
E seleção de resposta a dois estímulos.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Matriz, vetor, sustentação, seletividade, alternância e divisão são construtos associados à
atenção. A capacidade de mudar de um estímulo para outro expressa o conceito de atenção
alternada.

4 - Alterações da atenção
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as alterações da atenção.
Explicação X Correlação
Existe uma clara diferença entre uma explicação e uma correlação.
Na explicação,os pesquisadores entendem um fenômeno quando conseguem
identi�car a causa.
(SHAUGHNNESSY; ZECHMEISTER; ZECHMEISTER, 2012, p. 56)
A correlação é um processo diferente, pois implica demonstrar relações entre duas ou mais variáveis. Por
exemplo, existe uma correlação entre depressão e ideação suicida, mas não podemos dizer que a
depressão causa, em uma relação direta e invariável, a ideação suicida, ou seja, não é possível estabelecer
uma inferência causal.
Os quadros de alteração da atenção devem ser tratados, na maior parte das vezes,
sob uma perspectiva da correlação, e não em relação de causalidade. Para
fecharmos esse raciocínio, um exemplo simples: nos quadros de esquizofrenia, há
evidentes e importantes déficits das funções executivas, mas não podemos inferir
que tais prejuízos são a causa da esquizofrenia.
Em contrapartida, no caso de lesões em áreas do Hemisfério Direto do cérebro, é possível explicar quadros
de negligência unilateral esquerda.
A negligência unilateral é uma condição que pode ser resultado de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e
está associada a uma alteração perceptual, gerando impacto negativo no funcionamento motor e na
capacidade sensorial do paciente, o que pode afetar, também, a atenção.
É chamada de unilateral porque o paciente falha em responder apenas a estímulos apresentados no espaço
contralateral à lesão.
Estados confusionais e negligência unilateral
Existem duas condições nas quais os déficits atentivos emergem com maior evidência: estados
confusionais e negligência unilateral.
Estados confusionais
Em estados confusionais, a matriz da atenção fica comprometida, o que resulta em prejuízos a inúmeras
outras funções cognitivas, incluindo o vetor da atenção.
Negligência unilateral
Nos quadros de negligência unilateral, mesmo com o tônus atentivo relativamente preservado, existe um
grave prejuízo nos aspectos sensoriais da atenção, como, por exemplo, a capacidade de dirigir a
consciência e a percepção dentro do espaço extrapessoal.
O Hemisfério Direito é dominante para os processos sensoriais da atenção. Quando intacto, contém
aparatos neurais para atender a ambos os lados do espaço. Já o Hemisfério Esquerdo atende
exclusivamente ao hemiespaço contralateral direito. Esse modelo nos diz que, possivelmente, lesões no
Hemisfério Esquerdo não levarão à negligência, enquanto lesões no Hemisfério Direito levarão à negligência
unilateral esquerda.
Transtornos externalizantes
Dos quadros patológicos que implicam alterações da atenção, talvez, o Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) seja o mais popular no senso comum. É mais prevalente em comparação ao
Transtorno Desafiador de Oposição (TDO) e ao Transtorno de Conduta (TC). Essas três condições,
tipicamente, têm início na infância.
O chamado TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento marcado em um grau variado de desatenção e
desorganização. Pode (ou não) ter um componente de hiperatividade ou impulsividade. Esse transtorno
pode persistir na vida adulta, tendo como consequência significativos prejuízos.
Desatenção
Incapacidade de persistir em determinada tarefa.
Hiperatividade
Inquietação com padrão de atividade excessiva.
Já o TDO e o TC são classificados como transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta.
Envolvem problemas de autocontrole das emoções e de comportamentos, fortemente vinculados à
personalidade.
Segundo Fuentes et al., o TDAH pode ser classificado no grupo de transtornos externalizantes:
Problemas externalizantes são aqueles comportamentos ‘externos’ (os quais
podem ser observados de forma direta) que refletem ações negativas no
ambiente; são comportamentos disruptivos, inapropriados, hiperativos e/ou
agressivos.
(FUENTES et al., 2014, p. 165)
O quadro a seguir apresenta as características desses transtornos:
Transtornos
externalizantes
Alterações da atenção e do Executivo Central
Transtornos
externalizantes
Alterações da atenção e do Executivo Central
Transtorno do
Déficit de Atenção
e Hiperatividade
(TDAH)
Predominância da desatenção: esquecimentos, distrações, perda de objetos,
desorganização, falta de concentração, falta de atenção aos detalhes. 
Predominância da hiperatividade: atividade motora e inquietação excessivas. 
Predominância da impulsividade: dificuldade de esperar a vez, respostas
precipitadas, interrupções, intromissões frequentes em atividades alheias. 
Combinação de todos os aspectos (desatenção, hiperatividade e
impulsividade): prejuízos na autorregulação, nas funções executivas frias, na
regulação de estado, na motivação e no processamento da informação
temporal.
Transtorno
Desafiador de
Oposição (TDO)
Acessos de raiva e irritabilidade, comportamento desafiador, desobediente e
hostil com figuras de autoridade, déficits executivos em predominância
quentes (puro TDO), comum à comorbidade com TDAH.
Transtorno de
Conduta (TC)
Desrespeito às normas sociais e aos direitos básicos das pessoas, déficits
executivos em predominância quentes (puro TC), comum à comorbidade
com TDAH.
Quadro: Características dos transtornos externalizantes e alterações da atenção. 
Elaborado por: Roberto Sena.
Os aspectos comuns entre esses transtornos são prejuízos importantes nos controles executivos, seja na
questão do esforço necessário para concentração escolar, por exemplo, seja na autorregulação e na inibição
de comportamentos do TDO e do TC.
No TDAH, observamos prejuízos nas funções executivas frias, como, por exemplo, a capacidade de inibir
impulsos e interromper comportamentos inapropriados. Já no TDO e no TC, os prejuízos são mais
significativos nos componentes executivos quentes, tais como reduzida sensibilidade à punição, que é
fundamental para aprendizagem social, danos à empatia etc.
O Transtorno do Dé�cit de Atenção e Hiperatividade e

seu impacto na atenção
Neste vídeo, o especialista Roberto Sena abordará o hiperfoco no Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade e todas as suas implicações, tanto na infância quanto na vida adulta.
Efeitos das alterações da atenção no cotidiano das pessoas
Considerando o sistema visual humano e os mecanismos funcionais similares em pessoas cegas,
guardadas as diferenças, que se orientam no espaço com o auxílio, também, da audição, podemos entender
como o sistema atentivo compreende orientação espacial e seleção de objetos no espaço (atenção
seletiva).
Um efeito claro, didático, que você pode experimentar para compreender os efeitos das alterações da
atenção no cotidiano das pessoas é se movimentar. Somos máquinas biológicas, inteligentes e produtoras
de movimento. Desde atividades triviais, como, por exemplo, abrir e fechar os olhos, até a complexa tarefa
de pegar um lápis para escrever, precisamos da atenção.
Nós nos orientamos no espaço e selecionamos dentre diversos estímulos (internos e externos) aqueles
relevantes para uma ação. Processos automáticos e voluntários estão envolvidos no controle motor.
Os esquemas corporais e a propriocepção dependem de como percebemos e direcionamos nossa atenção
ao meio, ao longo de nosso desenvolvimento, o que envolve os espaços peripessoal e extrapessoal.
Propriocepção
Também conhecida como cinestesia, é a capacidade que o corpo tem de avaliar o posicionamento em que
se encontra, reconhecendo sua localização, sua orientação e a posição de cada parte em relação ao todo.
Essa capacidade permite que o sujeito mantenha seu equilíbrio em diferentes condições: parado, em
movimento ou realizando diversos esforços.

Espaço peripessoal
É uma interseção da representação que fazemos do corpo e do espaço por onde esse corpo se desloca
e se movimenta. Assim, definimos esse espaço como a região imediatamente ao redor do corpo.

Espaço extrapessoal
O limite do espaço peripessoal pode ser definido pelo alcance dos efetores (como as mãos, por
exemplo) de cada pessoa. A partir desse limite, temos aquilo que chamamos de espaço extrapessoal.
Vamos pensar em exemplos simples para compreendera relação entre os espaços peripessoal e
extrapessoal e, exatamente, o significado desses conceitos.
Quando usamos um garfo e uma faca alongados em uma churrasqueira para cortar algo na grelha,
mantendo os efetores afastados do fogo, estamos utilizando um instrumento para alcançar um objeto no
espaço extrapessoal. Imagine-se, agora, parado, em pé, com os braços estendidos em formato de cruz. O
espaço extrapessoal é aquilo que está fora de seu alcance.
Em pessoas sem prejuízos na atenção, existe uma harmonia na gestão desse
processo, ou seja, como representamos o corpo e o espaço (esquemas cognitivos),
os movimentos e as interações com objetos no espaço extrapessoal a partir do
espaço peripessoal.
O espaço peripessoal também depende de outro fator: a consciência do Eu e do não Eu. Nos quadros
clínicos associados ao espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, observamos:
Normalidades – delírios (alterações do pensamento) e alucinações (alterações da sensopercepção).

Pensamento e discurso desorganizados.
Comportamentos motores grosseiramente desorganizados.
Sintomas negativos – avolia (falta de vontade ou desejo), expressão emocional diminuída etc.
Na esquizofrenia, também observamos prejuízos na consciência do Eu e do não Eu. O limite e a fronteira
entre os espaços extrapessoal e peripessoal podem estar borrados e sobrepostos nas representações
cognitivas do doente. Prejuízos da atenção, como a distraibilidade, caracterizada como déficit da atenção
voluntária, também são característicos do espectro da esquizofrenia.
No TDAH, por sua vez, podemos notar outros tipos de alterações da atenção, como a hiperprosexia
(exacerbação da atenção), que compromete a seletividade do processo atentivo.
Atenção
Perceba como dependemos da atenção para comportamentos adaptados ao meio, e como mudanças
desse processo se materializam em transtornos mentais e do comportamento. Mas lembre-se de que isso
não é a causa da esquizofrenia, e sim fenômenos que se correlacionam!
A maneira como representamos o espaço na mente, como selecionamos os objetos com os quais vamos
interagir, em dado momento, determina a eficácia do comportamento direcionado a objetivos.
Tipos de alterações da atenção
Encontramos alterações da atenção em diversos transtornos mentais, quadros neurológicos, síndromes e
outras condições, tais como uso de substâncias psicotrópicas, medicação etc. Vários outros fatores podem
modificar a eficácia da atenção dentro dos limites de normalidade, como, por exemplo, sonolência e estados
emocionais.
Vamos analisar essas alterações considerando a tenacidade como a capacidade de fixação da atenção e a
vigilância, que permite a mudança de foco de um objeto para outro.
Nas alterações da atenção e no exame clínico dessas funções cognitivas, buscamos observar:
Alterações da
atenção
Consequência Onde encontramos?
Alterações da
atenção
Consequência Onde encontramos?
Aprosexia
Abolição da
capacidade
atentiva
Estados confusionais, demência (Forma de
deterioração mental), inibição cortical, amência
(Falta de entendimento), estupor.
Distração
Superconcentração,
hipertenacidade e
hipovigilância
Foco do estudioso.
Distraibilidade
Prejuízos na
atenção voluntária
Esquizofrenia, estados de exaltação e agitação
maníaca.
Hiperprosexia
Superatividade da
atenção e atenção
exacerbada
Abuso de substâncias psicotrópicas, quadros
patológicos que acompanham excitação
psicomotora, TDAH, Transtorno do Espectro do
Autismo (TEA), dentre outras condições.
Hipoprosexia
Enfraquecimento
acentuado da
atenção
Depressão, quadros infecciosos, obnubilação da
consciência, abuso de substâncias psicotrópicas,
amência, estupor, TDAH.
Quadro: Tipos de alterações da atenção. Elaborado por: Angie Pique.
Estupor
De acordo com a definição do Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, é um “estado de
inconsciência profunda de origem orgânica, com desaparecimento da sensibilidade ao meio ambiente e da
faculdade de exibir reações motoras”.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 4 - Vem que eu te explico!
Estados confusionais e negligência unilateral

Módulo 4 - Vem que eu te explico!
Problemas externalizantes e sua relação com a atenção
Todos
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 
Questão 1
Com frequência, podemos observar como quadros neurológicos e psicopatológicos em geral apresentam
alterações importantes nas funções cognitivas, especificamente relativas à atenção. Nos estados
confusionais e nas demências, por exemplo, podemos observar um quadro de aprosexia, que significa
A enfraquecimento acentuado da atenção.
B superatividade da atenção.
C prejuízo na atenção voluntária.
D foco do estudioso.
E abolição da capacidade atentiva.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A abolição da capacidade atentiva pode ser observada nos estados confusionais, nas demências,
em quadros de inibição cortical, amência e estupor. Significa não conseguir focar na atenção e no
comprometimento da consciência.
Questão 2
Uma das características dos quadros neurológicos ou psicopatológicos é a alteração das funções
cognitivas que o paciente demonstra, apresentando, por exemplo, alterações na atenção. Na depressão, por
exemplo, podemos observar um quadro de hipoprosexia, que significa
A enfraquecimento acentuado da atenção.
B superatividade da atenção.
C prejuízo na atenção voluntária.
D foco do estudioso.
E abolição da capacidade atentiva.
Considerações �nais
Sem dúvida, a consciência é um todo único e indivisível. Aparentes divisões são de ordem metodológica e
revelam uma parte daquilo que chamamos de consciência. Podemos dizer que é a consciência que nos
permite manter um controle voluntário e comunicar nossos estados internos (mentais) para terceiros.
Assim, também a focalização, a sustentação, a concentração, o sono, o despertar, a vigilância, o estado de
alerta e a seletividade são construtos que revelam parte daquilo que nomeamos ou possuem interseção
com o construto da atenção, que retrata uma série de funções que têm relação com outros mecanismos
cognitivos.
A cognição humana é formada por diversos processos, tais como atenção, percepção, linguagem, memória,
funções executivas, visuoconstrução, volição, pensamento etc. Por meio desses processos
interdependentes, somos capazes de adquirir, codificar e usar conhecimento. A função da atenção é ser
moderadora dos sistemas sensorial, cognitivo e emocional.
Podcast
Neste podcast, o mestre Roberto Sena Fraga Filho irá demonstrar os tipos de atenção e as características
gerais desse construto, ilustrando com exemplos do cotidiano.
Parabéns! A alternativa A está correta.
O enfraquecimento acentuado da atenção pode ser observado na depressão, em quadros
infecciosos, na obnubilação da consciência, no abuso de substâncias psicotrópicas, na amência,
no estupor e no TDAH. É uma capacidade diminuída para pensar ou se concentrar.
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Referências
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Explore +
Assista:
Ao vídeo O poder da atenção plena: o que você pratica se fortalece, disponível no YouTube no canal do
TEDx Talks, com a palestrante Shauna Shapiro.
Leia:
A matéria Pesquisa desvenda segredo do cérebro para ouvir conversa em meio a barulho de festa, da
BBC News.
O artigo Compreendendo os mecanismos atencionais, publicado no periódico Ciências e Cognição, por
Ricardo Franco de Lima.
O artigo Avaliação do viés de atenção no canal auditivo e ansiedade em universitários, publicado no
periódico Ciências e Cognição, por Wilson Vieira Melo e outros autores.
O artigo Teoria da Mente: diferentes abordagens, publicado na revista Psicologia: Reflexão e Crítica, por
Graciela Inchausti de Jou e Tania Mara Sperb.
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