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Processos Atencionais Prof. Roberto Sena Fraga Filho Descrição Estrutura e função dos processos atencionais. Propósito O cérebro gerencia uma complexa rede de comunicação proveniente do corpo e do meio externo. Estudar a função da atenção é importante para compreendermos como o cérebro seleciona quais estímulos serão, em dado momento, descartados, para que outros possam ser processados em níveis cognitivos superiores, e, assim, direcionarmos nossos comportamentos a objetivos. Objetivos Módulo 1 Bases anatômicas atencionais Reconhecer os processos atencionais: biologia, estrutura e função. Módulo 2 Características do processo atencional Analisar o processo atencional. Módulo 3 Neuropsicologia da atenção Analisar a Neuropsicologia da atenção. Módulo 4 Alterações da atenção Identificar as alterações da atenção. O cérebro mantém você pronto para interagir com aquilo que acontece à sua volta. É o cérebro que gera os sons, as visões, a emoção, o pensamento e a sua experiência consciente, após interpretar, em módulos especializados, excessivas fontes de informações oriundas do meio externo e do seu corpo. Os processos atencionais estão implicados na forma como o cérebro gerencia essas informações. Como uma função psicológica, a atenção ajuda a organizar os processos cognitivos e a garantir uma interação eficaz do indivíduo com seu ambiente, selecionando as informações relevantes em detrimento das irrelevantes em dado momento de sua experiência consciente, mas também envolvida com processos automáticos da cognição humana. Vamos investigar como a atenção controla e dirige a consciência, revelando o que está por trás dessa complexa rede de comunicação que permite termos comportamentos adaptados para alcançarmos nossos objetivos. Introdução 1 - Bases anatômicas atencionais Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os processos atencionais: biologia, estrutura e função. O que é atenção? Um construto psicológico é um conceito ideativo, hipotético, com uma finalidade científica predeterminada. São exemplos de construtos psicológicos: Consciência Personalidade Mente Cognição Resiliência Memória Como se trata de um conceito ideativo, vamos encontrar definições similares, ou que se complementam, e até eventualmente diferentes para o mesmo construto na literatura científica ao longo da história. O construto psicológico da atenção é empregado e conceituado de muitas maneiras distintas. Mas o que é atenção? Todo mundo sabe o que é. Afinal, desde os tempos da escola, escutamos: – Ei! Preste atenção aqui [...]. Mas quase ninguém sabe definir conceitualmente esta função. Uma definição clássica de atenção, amplamente citada até os dias atuais, foi dada pelo filósofo e psicólogo norte-americano James: A atenção é a ocupação da mente de uma forma clara e vívida, por um dentre vários possíveis objetos ou sequências de pensamento. A atenção implica o afastar-se de algumas coisas para lidar efetivamente com outras e inclui a habilidade de selecionar objetos de interesse no ambiente que nos rodeia. A focalização da atenção em determinado objeto ou local de interesse produz uma melhor capacidade de processamento. Por outro lado, implica detrimento dessa capacidade para outros objetos e locais do campo visual. (JAMES, 1950, p. 403-404) Segundo Broadbent (1958), a atenção agiria selecionando, filtrando as informações que chegam ao indivíduo, retendo alguns elementos e deixando passar outros para posterior processamento. Considerando o sistema visual, quando orientamos nossa atenção por meio do movimento dos olhos em direção ao objeto de interesse, dizemos que ocorre uma orientação aberta (explícita) da atenção. Nessa situação, acontece um movimento ocular para que a posição da fóvea coincida com o foco atencional. Desse modo, um observador pode inferir para onde nossa atenção foi orientada. Fóvea Parte central da retina, região em que nossa visão alcança maior acuidade e definição. A teoria pré-motora da atenção (RIZZOLATTI et al., 1987) propõe que, tanto no caso da orientação aberta (explícita) quanto no caso da orientação encoberta (implícita), existe a programação de um movimento ocular em direção a determinada posição do campo visual. Tal programação facilita a detecção do estímulo nessa posição às custas das outras localizações. Saiba mais Rizzolatti e colaboradores (1987) propõem que a orientação da atenção consiste na programação de um movimento ocular para determinada posição do campo perceptivo. No caso de uma pessoa cega, podemos inferir mecanismos similares, considerando a audição e o movimento da cabeça. A atenção influencia tanto o processamento da informação sensorial quanto a programação de atos motores. De acordo com De Jong, Liang e Lauber (1994), ao direcionarmos nossa atenção para um estímulo, é preparada uma resposta motora com o efetor localizado no mesmo lado do estímulo, mesmo que o indivíduo deva responder ao estímulo com o efetor contralateral. Além disso, o conteúdo presente em nossa memória pode influenciar a seleção e a execução dos atos motores. Efetor Órgão que executa as respostas aos estímulos. Os efetores motores são aqueles que realizam a ação de movimento, como nossos membros (braços, pernas, mãos e pés). Também precisamos destacar que existe uma integração entre a memória e a atenção. Chun, Golomb e Turk-Browne (2011) propuseram uma taxonomia da atenção. Eles consideraram que a atenção é uma propriedade essencial de todas as operações perceptivas e cognitivas. Devido à sua capacidade limitada para processar a diversidade de opções de fontes de estimulação, os mecanismos da atenção devem selecionar, modular e manter o foco nas informações mais relevantes para o comportamento. Assim, Chun, Golomb e Turk-Browne (2011) propuseram uma taxonomia baseada nos tipos de informações que operam na atenção: os alvos da atenção. Em um nível mais amplo, a taxonomia distingue atenção externa da atenção interna: A memória de trabalho envolveria a interseção entre as funções da atenção externa e interna. Atenção externa (atenção perceptiva) Refere-se à seleção e à modulação da informação sensorial. Atenção interna (atenção central ou re�exiva) Refere-se à seleção, à modulação e à manutenção das informações geradas internamente, tais como as instruções de determinada tarefa, a seleção de certas respostas, a evocação a partir da memória de curto e longo prazo. A partir dessas propriedades gerais e da variedade dos alvos da atenção, fica evidente a distinção entre a seleção da informação que chega a partir dos mecanismos sensoriais e a seleção das informações que já estão representadas no cérebro (como a memória de procedimentos), as quais são evocadas e gerenciadas pela memoria de trabalho para a execução de um comportamento integrado. Muitos outros pesquisadores, psicólogos e filósofos apresentam variadas definições que podem ser similares ou diferentes e, às vezes, descrevem alguns aspectos da atenção. Por exemplo, podemos encontrar palavras como concentração, despertar, vigilância e estado de alerta como sinônimos de atenção, embora não necessariamente sejam, visto que apenas revelam partes daquilo que chamamos de atenção. Quais são os efeitos da atenção no nosso comportamento e na cognição? Essa é uma pergunta-chave. Alguns desses efeitos incluem: Redução da latência sensorial e motora. Aumento da capacidade de detectar estímulos e responder a eles. Aumento da capacidade de resolução de problemas. Aumento da eficiência dos sistemas de memória. Focalização da consciência, colocando estímulos irrelevantes em segundo plano. Atenção e consciência Em todas as definições e teorizações sobre atenção, vamos encontrar outro construto associado: a consciência. Atenção e consciência são palavras quase que inseparáveis como construtos psicológicos. Cabem aos processos atencionais direcionar para a consciência as informações relevantes em dado momento. Segundo Sternberg (2016),a atenção é uma relação entre o processamento limitado de informações controladas cognitivamente e o montante disponível no ambiente externo que é apreendido pelos sistemas sensoriais, pelas memórias armazenadas e pelo pensamento. Atenção Ter o conhecimento consciente dessas informações possibilita monitorarmos as interações com o ambiente, relacionando nossas experiências passadas e presentes, e planejando as futuras. Mas o que é consciência? A resposta mais simples é a seguinte: consciência é aquilo que você perde quando está dormindo. Embora tal definição não seja 100% completa, é um ponto de partida. Uma definição mais elaborada da consciência deve considerar que é ilusório fragmentar a atividade psíquica em partes ou em funções isoladas, como, por exemplo, estudar a consciência simplesmente pelo nível de vigilância como uma reatividade adaptada à situação do ciclo de sono e vigília. Ao estudar a mente ou o cérebro, em grande parte, estamos estudando as mesmas partes sob perspectivas diferentes. Nossas funções cerebrais, mentais, intelectuais, afetivas e volitivas são interdependentes. Além disso, a decomposição analítica é um mero exercício didático com finalidades de pesquisa, ensino e aprendizado. Não separamos tais processos em nossa existência, em nossa vida consciente. Volitivas Aquilo que é relativo à volição, ou seja, ao conceito de motivação e da intenção de agir, como, por exemplo, nossa autoconsciência ao desempenhar comportamentos intencionais. Os processos mentais se apresentam de imediato quando somos observadores de nossas próprias mentes e de nossa consciência. Assim, consciência é um todo psíquico momentâneo, mas precisamos considerar que existem outros modos de abordar esse construto. Uma definição operacional explica um conceito unicamente em termos dos procedimentos observáveis usados para produzi-lo e mensurá-lo (SHAUGHNNESSY; ZECHMEISTER; ZECHMEISTER, 2012). Dependendo da definição operacional adotada, podemos entender o conceito de consciência de diversas maneiras: Consciência do Eu No plano fenomenológico, consciência é uma intencionalidade e um processo de coordenação e de síntese da atividade psíquica. Nesse ponto, distinguimos a consciência do Eu da consciência dos objetos, pois existimos como indivíduos e somos singulares em nossa existência. Consciência dos objetos Há, também, a consciência dos objetos (do não Eu), ou seja, de tudo aquilo que se apresenta à consciência, como, por exemplo, percepções, representações, conceitos, juízos, pensamentos, memórias etc. Um objeto, como um construto em Psicologia, pode ser descrito como tudo aquilo que é apreendido, em dado momento, na consciência. Ainda vamos encontrar na literatura os níveis da consciência do Eu (JASPERS, 1979 apud DALGALARRONDO, 2008). São eles: Consciência de atividade do Eu Consciência de unidade do Eu Consciência da identidade do Eu no tempo Consciência da oposição do Eu em relação ao mundo Na perspectiva histórica dos estudos fisiológicos, a consciência é uma atividade nervosa de determinadas áreas dos grandes hemisférios, em dado momento, sob certas condições, possuindo determinado nível de excitabilidade ótimo. Nesse momento, toda a parte restante dos grandes hemisférios encontra-se em estado de maior ou menor redução da excitabilidade (PAVLOV, 1954 apud KAPCZINSKI et al., 2011). A consciência também pode ser descrita em estados de vigília, que vão do plenamente consciente (estar acordado) até o não consciente (estar dormindo), ou seja, diferentes graus de consciência. Ao estudarmos o sono, encontramos dois estados cíclicos descritos na bibliografia, conhecidos como sono REM e sono não REM: ' REM Sigla que vem do inglês Rapid Eyes Movements, ou seja, Movimentos Oculares Rápidos. Sono REM É um estado de sono dessincronizado, com movimentos oculares rápidos. Sono não REM É um sono com atividade elétrica cerebral síncrona e sem movimentos oculares rápidos. Vejamos, a seguir, a explicação de Dalgalarrondo (2008, p. 93) a respeito dos quatro estágios que correspondem ao sono não REM: Sobre os estágios do sono não REM, o autor observa que: É mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se confuso ao ser despertado (10% a 15% do tempo total de sono). (DALGALARRONDO, 2008, p. 93) Estágio 1 Mais leve e superficial, com atividade regular do EEG (Eletroencefalograma) de baixa voltagem, de 4 a 6 ciclos por segundo (2% a 5% do tempo total de sono). Estágio 2 Um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 13 a 15 ciclos por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta voltagem, denominadas complexos K (45% a 55% do tempo total de sono). Estágio 3 Sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade de 0,5 a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3% a 8% do tempo total de sono). Estágio 4 De sono mais profundo, com predomínio de ondas delta e traçado bem lentificado. Em psicopatologia, estudamos a consciência desde o nível de lucidez até a obnubilação da consciência, passando por estados crepusculares. Não podemos nos esquecer do uso da palavra consciência no sentido moral, ou seja, o juízo de valores, do certo e do errado. Obnubilação Estado de alteração da consciência, caracterizado pela diminuição dos processos sensoperceptivos, que afeta a compreensão das informações recebidas. Bases neurobiológicas da atenção e da consciência Uma vez que os construtos da atenção e da consciência foram definidos, e a relação entre tais conceitos foi contextualizada, podemos estabelecer as bases biológicas dessas funções. Não se trata de responder onde fica a consciência no cérebro, ou qual estrutura cerebral é responsável pela atenção, e sim de apontar uma lógica: Quanto menos consciente for o processo, mais automático será. Quanto mais consciente, maior será o controle voluntário. No cérebro, quanto mais externo (córtex), e mais alta for a estrutura, maior será o controle voluntário. Quanto mais interno (tronco encefálico), e mais baixo, mais automático será o processo. Nos diferentes trabalhos da Neuropsicologia, observamos uma evolução histórica na compreensão do estudo da atividade cerebral e das suas estruturas. Na atualidade, compreendemos que o sistema nervoso modula nossas funções cognitivas e nosso comportamento. Essa complexidade de funções e processos fica cada vez mais difícil de situar em uma região com endereço específico em nosso organismo. Desse modo, cada vez menos, usamos uma tese localizacionista. Neuropsicologia Ciência que estuda a relação entre a cognição, o comportamento e a atividade do sistema nervoso. A proposta é não pensarmos em localização, mas, sim, na função que está associada a uma rede complexa de neurônios organizados em circuitarias. A consciência humana, por exemplo, começa no tronco encefálico e “termina” (biologicamente) no córtex cerebral. A ativação da consciência vem de centros vegetativos, mas o conteúdo vem do córtex. Circuitarias Também chamadas de circuitos neurais, são estruturas constituídas de maneira diferenciada, formadas por neurônios, por meio das quais acontece a transmissão sináptica que permite a produção de comportamentos. O córtex cerebral está, basicamente, envolvido com percepções conscientes, pensamento abstrato, raciocínio, planejamento, funções executivas, tomada de decisão. Partes mais internas no cérebro, intermediárias, associadas, por exemplo, ao sistema límbico, processam comportamentos e reações emocionais. O tálamo, que se posiciona entre o córtex e o mesencéfalo, é um centro de pré-processamento e distribuição de informações. No tronco encefálico, localizam-se os centros vegetativos. Como, então, a consciência é formada no cérebro? Essa formação ocorre da seguinte maneira: Tálamo O tálamo direciona a atenção e controla o input sensorial. Hipocampo No hipocampo, temos suporte à codificação das memórias declarativas,pois, sem memória, a consciência ficaria restrita a um único momento do tempo. Formação reticular A formação reticular (parte do tronco encefálico) estimula a atividade cortical. Sem essa ativação, não existe consciência. O quadro a seguir apresenta exemplos de áreas do cérebro associadas à atenção visual e à consciência. Diversas outras áreas integradas e interconectadas estão implicadas. Observe: Alto – Externo – Voluntário No cérebro Função Estruturas do lobo frontal Mantêm a atenção no alvo e direcionam a visão para objetos, realizam o controle motor e possuem funções executivas. Estruturas do lobo parietal Constroem mapas espaciais e direcionam a atenção para a área relevante do espaço. Estão envolvidas no desengajamento da atenção. Colículo superior Realiza o movimento dos olhos. Giro do cíngulo e amígdala Fornece informações do sistema límbico. Núcleos da base e colículo superior Fornecem informações motoras. Tálamo Ativa regiões específicas do córtex e realiza o engajamento da atenção. Baixo – Interno – Automático Alto – Externo – Voluntário No cérebro Função Formação reticular do tronco encefálico Regula os estados de alerta, dando subsídios ao processo atencional e à consciência. Baixo – Interno – Automático Quadro: Áreas do cérebro – funções de atenção e consciência. Elaborado por: Roberto Sena. Como podemos perceber, existem áreas específicas do cérebro associadas a determinadas funções específicas. Na parte superior do quadro, as palavras Alto – Externo – Voluntário referem-se a estruturas mais próximas do córtex cerebral, que processam informações do meio ambiente, permitindo a execução de respostas voluntárias ou conscientes. No extremo inferior do quadro, as palavras Baixo – Interno – Automático referem-se a estruturas mais distantes do córtex cerebral e mais próximas da medula. Essas estruturas se encarregam de respostas automáticas para estímulos internos, características do sistema nervoso autônomo. A atenção e as funções cognitivas Neste vídeo, o mestre Roberto Sena destaca as propriedades da atenção como uma função cognitiva, e discute a tese localizacionista, as estruturas cerebrais e suas funções. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! A teoria pré-motora da atenção Módulo 1 - Vem que eu te explico! Atenção e consciência Módulo 1 - Vem que eu te explico! Bases neurobiológicas da consciência Todos Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 Questão 1 Experimentos levantam evidências de que a atenção não é um construto unitário. Por isso, não a estudamos isoladamente de outras funções cognitivas. A capacidade de monitorar nossa interação com o ambiente, de relacionar nossas experiências passadas e presentes, e de planejar experiências futuras exige a integração de quais funções cognitivas? A Pensamento e linguagem. B Atenção e memória. C Motivação e atenção. D Atenção, memória, consciência e pensamento. E Memória e consciência. Parabéns! A alternativa D está correta. A atenção apreende as informações ambientais. Para que possamos ter acesso às experiências passadas, precisamos da memória. Isso é direcionado à consciência. No pensamento, conseguimos projetar o futuro e planejar nossas ações. Questão 2 Vários modelos teóricos postulam as propriedades da atenção. Por exemplo, há a perspectiva de que o processamento sensorial tem uma capacidade limitada. Por isso, necessita de mecanismos que filtrem as informações relevantes em detrimento das irrelevantes. O processo que se refere à seleção e à modulação da informação sensorial é chamado de A atenção externa. B atenção interna. 2 - Características do processo atencional Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o processo atencional. C atenção concentrada. D atenção dividida. E atenção central. Parabéns! A alternativa A está correta. Atenção externa é uma atenção perceptiva, projetada para fora do mundo do sujeito – ou seja, para seu mundo exterior –, que usa a informação proveniente dos órgãos sensoriais. Jornada do processo atencional Ao estudarmos o processo atencional, iniciamos nossa jornada pelo processo perceptivo e por todo o aparelho sensorial humano, que permite que as informações que nos circundam sejam detectadas, filtradas e, em seguida, processadas. Assim, depois que as informações são detectadas por nossos sentidos, nossa atenção passa a trabalhar com certos dados em detrimento de outros. Vejamos como isso acontece. Aparato sensorial humano As sensações são as informações procedentes do ambiente (interno e externo) que entram no cérebro por meio dos órgãos dos sentidos. Elas se referem a experiências imediatas e diretas. São transmitidas para áreas do córtex cerebral que chamamos de áreas sensoriais. Veja, a seguir, os tipos de transmissão de informações e as suas vias neurais respectivas: Vias neurais ascendentes Transmitem informações sensoriais para o cérebro. Vias neurais descendentes Transmitem instruções motoras a partir do cérebro. O quadro a seguir apresenta exemplos desse processo: Estímulos/Energia Receptores sensoriais Órgãos dos sentidos Eletromagnética Fotorreceptores Visão Mecânica Mecanorreceptores Tato Química Quimiorreceptores Olfato e paladar Térmica Termorreceptores Tato Estímulos dolorosos Nociceptores Tato Quadro: Transmissão de informações sensoriais e instruções motoras pelo cérebro. Elaborado por: Roberto Sena. Uma percepção é um processo pelo qual reconhecemos, organizamos, interpretamos as sensações e damos sentido a elas. Trata-se de uma prontidão condicional para uma ação unificada e estável. A percepção é voltada para a adaptabilidade e a sobrevivência. Sempre processa a resposta necessária e da melhor maneira possível, de acordo com seu aprendizado prévio (experiência), suas motivações, expectativas, seu contexto, humor, estado mental e sua atenção. Captamos os estímulos ambientais pela sensopercepção e os manipulamos a nível cognitivo para criar representações mentais dos objetos, propriedades e relações espaciais do ambiente. O quadro a seguir apresenta algumas dessas propriedades: Percepção Representação Corpórea e objetiva Não corpórea e subjetiva Externa Interna Desenho determinado – possui detalhes Desenho indeterminado – possui poucos detalhes Frescor sensorial Pouco ou nenhum frescor sensorial Independente da vontade Dependente da vontade Constância perceptiva Sem constância Quadro: Propriedades da percepção e da representação. Elaborado por: Roberto Sena. Em estado vígil, o aparato sensorial nunca desliga, ou seja, independe de nossa vontade receber estímulos que serão processados pelo cérebro. Além do conteúdo proveniente da sensopercepção, soma-se um fluxo interminável de pensamentos, e não conseguimos ter atenção consciente em tudo ao mesmo tempo. Isso não significa, porém, que o cérebro não esteja recebendo e processando esses estímulos. Vamos investigar essa afirmação? Modelos explicativos e abordagens da atenção Podemos dizer que, nesse momento, você está em contato com este conteúdo, lendo-o ou ouvindo-o (em caso de uso de leitor de tela). Considerando essa premissa, responda: Onde você está agora? (Descreva mentalmente o ambiente.) O que está vestindo? Está sentado ou deitado? Qual é seu nível de concentração? Ou seja, agora, apenas o conteúdo textual está entrando em sua consciência, ou alguns pensamentos não relacionados ao texto entram e saem de sua consciência? Perceba quantos elementos (visuais e auditivos) estão disponíveis para serem captados pelo cérebro. Temos a estimulação mecânica da roupa na pele, da pressão do acento nas nádegas e nas costas, e diversos outros estímulos do ambiente e do corpo, além de nossos próprios pensamentos. Durante este estudo sobre cognição, consciência e atenção, você se senteanimado, preocupado, ansioso, feliz ou empolgado? Alguns podem experimentar um pensamento intrusivo (invasivo) sobre o conteúdo nesse momento, e isso pode ser ansiogênico, cuja consequência é não conseguir se concentrar nos estudos. Outros podem ficar empolgados por estarem aprendendo algo novo, e isso potencializa a concentração. Um simples pensamento é capaz de modular seu afeto e seu nível de concentração. Esse simples exemplo demonstra quantas coisas estão acontecendo. Existe uma infinidade de estímulos que são irrelevantes para determinado propósito. Precisamos negligenciar muitos estímulos para que consigamos, a nível consciente, processar apenas as informações relevantes e reter, estudar, compreender e refletir sobre as ideias que estão sendo apresentadas nesse exato momento, por exemplo. Como podemos explicar o que o cérebro faz para gerenciar essa quantidade exorbitante de informações? Vejamos alguns modelos explicativos desse processo. Ansiogênico Qualidade de uma situação ou um estímulo que gera ansiedade. Processos automáticos e controlados Analogias são excelentes para explicarmos conceitos complexos. Pense em uma rodovia, com pedágio, cujo tráfego de veículos seja intenso. A resposta para duas perguntas simples explica um conceito complexo. Observe: No sistema cognitivo humano, temos muitos engarrafamentos, mas não podemos parar de caminhar na rua, por exemplo, quando estamos conscientemente focados em nos lembrar do trajeto. Realizamos tomadas de decisão, como virar à esquerda ou à direita, quando, deliberadamente, estamos evocando da memória o caminho que devemos seguir para chegarmos ao destino. Em nossa analogia, a rodovia citada simula vias neurais. Já os veículos representam: Informações cognitivas As informações cognitivas que trafegam nessa via – como, por exemplo, um pensamento sobre o trajeto que estamos percorrendo. Controle motor O controle motor – que é automático. Outras estimulações temporariamente obscurecidas O que acontece quando vários veículos se aproximam, simultaneamente e de modo constante, no pedágio? Qual é a consequência disso? Outras estimulações sensoriais que a atenção vai obscurecer da consciência, enquanto não forem relevantes para uma tomada de decisão consciente. A cabine do pedágio simula aquilo que chamamos de gargalo ou filtros cognitivos. Toda vez que uma informação transmitida por uma via cognitiva encontrar um gargalo (filtro), e a função for importante para o momento, processos automáticos assumirão o controle para gerir as informações irrelevantes. Assim, teremos o controle consciente dos estímulos relevantes, mas sem parar o processamento dos estímulos irrelevantes. Comentário Não é mágica quando desviamos de um obstáculo na rua enquanto estamos totalmente focados em outros estímulos. É o cérebro funcionando. Isso acontece a todo momento. A seguir, apresentamos as propriedades dos processos automáticos e controlados da atenção: Modo de atenção passiva (Ascendente – Bottom up) Modo de atenção ativa (Descendente – Top down) Processos automáticos Processos controlados Sem esforço intencional Com esforço intencional Rápidos Mais lentos Não conscientes Conscientes Tarefas automatizadas: dirigir, tocar instrumentos, nadar, andar de bicicleta, interagir com certos estímulos de forma automatizada (por exemplo, leitura) Tarefas novas, variadas ou complexas Processamento cognitivo pouco requisitado Processamento cognitivo muito elevado Quadro: Processamento da atenção. Elaborado por: Roberto Sena. Processos automáticos e controlados da atenção Neste vídeo, o mestre Roberto Sena explicará as características do processamento automático e do processamento controlado da atenção. Sistema Atencional Supervisor O Sistema Atencional Supervisor (SAS) foi proposto por Norman e Shallice (1986). Esse modelo é derivado da constatação de que existem processos automáticos e controlados no sistema atentivo. Assim, os autores propuseram um modelo teórico composto de: Um organizador pré-programado Um Sistema Atencional Supervisor (SAS) O organizador pré-programado seleciona, em função de determinados estímulos já conhecidos, modos automáticos de respostas, considerando o repertório comportamental existente. O SAS atua quando o repertório de respostas do indivíduo não atende às necessidades, sendo necessário o controle consciente e voluntário. O modelo parte da premissa de que existem representações de respostas armazenadas na memória. O SAS associa-se ao conceito de funções executivas, que será detalhado mais adiante. Teorias de �uxo (atenuação) e �ltro de informações (atenção auditiva) Funções executivas Termo usado na literatura para englobar diversos processos cognitivos que permitem gerir pensamentos, emoções e ações do indivíduo em diversos contextos. Diante de tantos estímulos, o que acontece quando temos de processá-los? Segundo Broadbent (1958), um filtro (gargalo) no início do processamento permite a entrada do estímulo relevante com base em suas características físicas. Outros estímulos permanecem, por pouquíssimo tempo, em um buffer sensorial para, posteriormente, serem descartados se não forem requisitados. Esse autor defende, então, que existe uma seleção inicial da informação relevante. Aqui, podemos encontrar diversas explicações. Por exemplo, alguns autores defendem uma seleção tardia da informação relevante após todos os estímulos serem analisados, enquanto uma explicação alternativa sugere que deveria haver pouco ou nenhum processamento das informações irrelevantes. Esses achados são resultado de paradigmas experimentais no processamento auditivo. Por exemplo, uma mensagem auditiva diferente é apresentada em cada ouvido. A instrução da tarefa, que é o estímulo relevante, orienta que a atenção seja dirigida para apenas uma das informações em um ouvido. Essa tarefa se chama escuta dicótica. Treisman (1964 apud EYSENCK; KEANE, 2017), por sua vez, propôs que a localização do filtro é flexível. Os ouvintes, gradualmente, processam os estímulos a partir de suas características, começando pelas pistas físicas, pelo padrão silábico e pelas palavras específicas, prosseguindo pela estrutura gramatical e pelo significado da informação. O fluxo de informações é atenuado de acordo com esse processamento. Havendo capacidade insuficiente de processamento para permitir a análise integral do estímulo, os processos posteriores são omitidos (EYSENCK; KEANE, 2017). Metáforas da atenção visual Há três metáforas da atenção visual. São elas: Metáfora do holofote (foco de luz) Facilitação homogênea do processamento de informações relevantes contidas em um foco atencional de intensidade e tamanhos fixos. Metáfora da lente de zoom Facilitação homogênea do processamento de informações relevantes contidas em um foco atencional de intensidade e tamanhos variáveis. Metáfora do gradiente (atenção separada) Facilitação não homogênea do processamento de informações relevantes contidas em um foco atencional de intensidade e tamanhos variáveis. Vamos voltar ao nosso exemplo e prestar atenção aos demais elementos que estão circundando esse momento de estudo e reflexão sobre os processos atencionais. Olhando para o local onde você se encontra e a diversidade de estímulos que estão sendo captados por seu cérebro, pare, observe um objeto de interesse e descreva-o em detalhes. Esse exemplo traduz a metáfora do holofote. Segundo essa metáfora, quando focalizado, um único objeto é iluminado, enquanto os demais ficam escurecidos para a consciência. Trata-se de sua atenção focalizada. Nós somos capazes de aumentar e diminuir o foco sobre esse objeto, como fazemos com uma lente de zoom, aproximando-nos e afastando-nos de algo. A metáfora da lente de zoom traduz a ideia de que, cognitivamente, podemos nos afastar ou nos aproximar dos objetos de interesse. Por exemplo, quando estamos dirigindo, nossa atenção está aberta para o maior campo visual possível,mas somos capazes de focar dado elemento para evitar um acidente. A metáfora do gradiente expressa a ideia de que podemos direcionar nossa atenção para várias regiões do espaço visual não adjacentes entre si, mas que contenham estímulos relevantes. Um gradiente se formaria, ou seja, podemos “iluminar” uma área sem obscurecer totalmente a outra em sua consciência. Exemplo Imagine que você esteja em uma área grande como uma sala, em uma ponta, estudando este conteúdo. No meio da sala, algumas pessoas estão assistindo à televisão, mas um objeto de interesse, como um bebê em um berço, por exemplo, está do outro lado do cômodo. Somos capazes de ignorar o espaço central (obscurecer para a consciência), manter o foco na leitura e perceber o bebê se levantando do berço do outro lado. Obviamente, existe um custo de desempenho para que isso aconteça. Nesse caso, seu estudo pode ficar prejudicado, ou, por milésimos de segundo, talvez, você não consiga impedir que o bebê caia do berço. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Exemplos das propriedades de uma percepção e de uma representação Módulo 2 - Vem que eu te explico! Teorias de �uxo e �ltro de informações Todos Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 Questão 1 Nesta sociedade da informação, estamos rodeados por tecnologia e imersos em um mundo de estímulos. Rotineiramente, observamos pessoas focadas em seus smartphones e andando na rua, desviando de obstáculos, caminhando e operando as informações e funcionalidades na tela. O modelo de Sistema Atencional Supervisor (SAS) está associado aos processos automáticos e voluntários da atenção. São propriedades dos processos voluntários da atenção: A Controlados, top down e rápidos. B Top down, ascendentes e conscientes. C Top down, cognição elevada e lentos. D Conscientes, cognição elevada e sem esforço intencional. E Conscientes, cognição elevada e bottom up. Parabéns! A alternativa C está correta. O processo voluntário da atenção é um processo top down, ou seja, demanda atividade cortical, cognição elevada, como planejamento, tomada de decisão e escolhas. Esse processo é mais lento se comparado aos processos automáticos.Questão 2 Ao nos sentarmos à mesa para tomarmos café da manhã em um hotel, normalmente, as opções são muito variadas, com muitas cores, muitos sabores e aromas: frutas, ovos, cereais, iogurte, leite, café etc. Algumas pessoas diriam que, de todas essas opções, nada se compara ao aroma do café pela manhã. O fenômeno da sensopercepção descreve como captamos, por exemplo, esse aroma no ambiente e o transformamos naquilo que vamos chamar de cheiro na experiência consciente. Posteriormente, somos capazes de contar essa experiência e evocar as experiências oriundas da sensopercepção, mas este é um processo diferente: a representação. Podemos apontar como características de uma representação o fato de ela ser A interna, subjetiva e independente da vontade. B interna, subjetiva e dependente da vontade. C externa, subjetiva e independente da vontade. D externa, subjetiva e dependente da vontade. E objetiva, corpórea e dependente da vontade. Parabéns! A alternativa B está correta. Uma representação é interna, pois acontece no espaço subjetivo. Depende da vontade, pois é necessária a evocação de uma memória declarativa. 3 - Neuropsicologia da atenção Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a Neuropsicologia da atenção. Substratos neurológicos Nos estudos dos substratos neurológicos, que nos permitem explicar como acontece a seleção de informações por parte dos processos atencionais e toda a sua organização, a Psicologia Cognitiva tem sido de grande importância. Vejamos, a seguir, o que é estudado nesse ramo da Psicologia e algumas de suas explicações e de seus conceitos fundamentais. Psicologia Cognitiva Para Sternberg (2016), a Psicologia Cognitiva é o estudo de como as pessoas percebem, aprendem, lembram-se de algo e pensam sobre informações. Podemos descrever as áreas do cérebro ativas na percepção, no aprendizado, na lembrança e no pensamento. A Psicologia Cognitiva estabelece como tais informações são codificadas, interpretadas e utilizadas. Atenção Os chamados processos cognitivos básicos organizam-se em um sistema funcional complexo que depende do processamento de diversas estruturas cerebrais. O ato de pensar, ou seja, a cognição, está associado à maneira como manipulamos mentalmente as informações que representamos no cérebro. Trata-se de um modelo teórico. A Psicologia Cognitiva baseia-se na ideia de que o cérebro representa tais informações. Os hemisférios cerebrais apresentam assimetria morfológica e funcional, e essas funções ficam representadas nos neurônios. O quadro a seguir apresenta algumas dessas funções no cérebro: Hemisfério Direito Hemisfério Esquerdo Distribuição espacial da atenção Praxia Emoção Linguagem Prosódia Memória verbal Percepção musical Cálculo matemático Identificação de pessoas e objetos Identificação de pessoas e objetos Relações espaciais entre os objetos Avaliação métrica do espaço extrapessoal Quadro: Funções cognitivas representadas no cérebro. Elaborado por: Roberto Sena. Como o cérebro codi�ca uma representação? Você sabe como um computador processa informações? A resposta para essa pergunta é uma boa analogia para explicarmos como o cérebro codifica as representações, também chamadas de esquemas cognitivos. Máquina O computador, como uma máquina, é abastecido por energia elétrica. A rigor, opera apenas com duas informações: presença ou ausência de energia, ou seja, ligado/desligado. Então, matematicamente, os programadores ou desenvolvedores de programas trabalham com apenas dois números: 0 e 1. A combinação desses dois algoritmos é capaz de armazenar uma infinidade de informações. Por exemplo, quando escrevemos em um editor de textos como o Word “Neuropsicologia da atenção”, o que fica armazenado no disco rígido do computador é: Ferramentas para codificar e decodificar informações em código binário – facilmente localizadas na internet. De maneira similar, os neurônios codificam em redes neuronais nossa cognição por padrões de excitabilidade e inibição das redes neuronais mediadas por neurotransmissores. Re�exão Nosso sistema nervoso é infinitamente mais complexo do que um padrão de codificação binária, mas, em essência, a ideia é a mesma. Em Tecnologia da Informação (TI), os programadores ou desenvolvedores conhecem a sequência exata das instruções, das regras matemáticas que transformam as linhas de códigos binários em imagens, palavras na tela, sons etc. Trata-se não tanto de como a informação é armazenada (codificada), mas, sim, do modo como tais códigos são decodificados naquilo que vemos na tela do dispositivo (computador, smartphone etc.). Em diversos Processamento De maneira simplificada, as unidades de processamento ligam e desligam em uma velocidade exorbitante, formando linhas de códigos binários que, após serem lidas pelos softwares (programas), resultam, por exemplo, neste texto que você está estudando, nas imagens das letras na tela ou do som (caso esteja utilizando um leitor de tela). casos, os códigos-fonte dos programas são patenteados e valem milhões de dólares, como, por exemplo, o Windows. Com essa analogia em mente, ficam as perguntas: Como decodificamos nossas representações, nossos esquemas cognitivos, nossa cognição, nossa consciência, nossa mente, que estão nos neurônios? Por analogia, como será nosso “Windows cerebral”? Essa é a magia da mente humana, da cognição humana, do pensamento. Esse é o mistério. Sabemos bem como os neurônios se comunicam (sinapses) e conhecemos as circuitarias neuronais, ou seja, as áreas do cérebro com diversas funções cognitivas. Mas como a mente humana é formada, ou seja,como a informação codi�cada nos neurônios é lida (decodi�cada)? Temos ainda um caminho a percorrer e alguns modelos teóricos para pesquisar e conhecer. Onde a Neuropsicologia entra nessa história? Vamos descobrir! Objeto de estudo da Neuropsicologia da atenção A Neuropsicologia atua no diagnóstico de transtornos ou sequelas que envolvam o cérebro e a cognição humana. Também atua na reabilitação neuropsicológica para compensar, contornar ou adaptar as dificuldades cognitivas. Em indivíduos sem prejuízos, a Neuropsicologia pode colaborar com a estimulação ou o treino, objetivando melhorar habilidades cognitivas. Uma avaliação neuropsicológica será, invariavelmente, ampla no que se refere a investigar as funções cognitivas. Porém, sem dúvida, a atenção é um pré-requisito para a manifestação de outras funções, subsidiando a organização dos processos mentais. O processo atentivo é composto de duas operações básicas: Matriz Relativa ao tônus atencional, ao nível de vigilância, à manutenção do foco e à tenacidade, e está associada com o sistema de formação reticular. Vetor Regula a direção e o objetivo da atenção, é alusivo à capacidade seletiva da atenção e, especialmente, associado ao neocórtex. A Neuropsicologia da atenção Neste vídeo, o mestre Roberto Sena apresenta os tipos de aspectos atencionais, ilustrando sua explicação com exemplos. Tipos de aspectos atencionais A todo instante, o cérebro processa estímulos relevantes e irrelevantes, em dado momento, em função de um contexto, podendo (ou não) o resultado desse processamento parar na consciência. Dependendo de nosso estado de humor, por exemplo, se estamos com fome ou saciados, aquecidos ou com frio, o sistema atentivo desempenha muitas funções no controle voluntário e nos processos automáticos. Para conseguir ignorar os estímulos irrelevantes e engajar a atenção nos estímulos relevantes, além de focalizar um estímulo, a atenção possui quatro funções básicas: sustentação, seletividade, alternância e divisão. O quadro a seguir apresenta esses papéis: Atenção focal Capacidade de selecionar e responder a um estímulo. Atenção sustentada Capacidade de manter atenção em um estímulo de maneira continuada e consistente no tempo. Atenção seletiva A rigor, capacidade de selecionar dentre diversos estímulos aquele relevante e não se distrair com estímulos irrelevantes. Atenção alternada Passagem da atenção de um estímulo para outro, ou seja, capacidade de modificar o foco da atenção de um componente da tarefa para outro, mantendo um comportamento fluido. Atenção dividida Capacidade de manter o foco atencional em dois estímulos simultaneamente. Quadro: Papéis da atenção. Elaborado por: Roberto Sena. Estupor Texto do modal. Funções executivas Vamos estudar, agora, um pouco sobre as funções executivas, destacando sua definição, classificação e importância. Segundo Fuentes et al.: As funções executivas correspondem a um conjunto de habilidades que, de forma integrada, permitem ao indivíduo direcionar comportamentos a metas, avaliar a eficiência e a adequação desses comportamentos, abandonar estratégias ineficazes em prol de outras mais eficientes e, desse modo, resolver problemas imediatos, de médio e de longo prazo. (FUENTES et al., 2014, p. 115) As funções executivas permitem o desempenho de diversas habilidades e tarefas necessárias para podermos responder e nos adaptar às exigências do dia a dia. Assim, podemos pensar nas funções executivas a partir da analogia de uma orquestra tocando uma sinfonia. Tais funções seriam representadas pelo diretor. Algumas capacidades cognitivas associadas às funções executivas incluem: Gerar intenções (volição). Iniciar ações. Selecionar alvos. Inibir estímulos distratores. Prever meios de resolver problemas complexos e planejar. Antecipar consequências. Mudar a estratégia de forma flexível, em caso de necessidade. Monitorar o comportamento a cada instante. Avaliar o sucesso ou insucesso de nossas ações em relação a nossos objetivos. Vejamos, a seguir, as funções executivas que podemos considerar centrais ou nucleares. Funções executivas centrais ou nucleares Diamond (2013 apud FUENTES et al., 2014) destaca que existem funções executivas nucleares. São elas: Memória operacional Capacidade de sustentar temporariamente uma representação mental que será utilizada na realização de operações cognitivas. Controle inibitório Controle sobre interferências internas, externas e inibição de respostas prepotentes. Flexibilidade cognitiva Capacidade de alternar planos de ação e encarar uma realidade a partir de diferentes perspectivas. São diversos os modelos teóricos que conceituam as funções executivas, ou seja, trata-se de um construto que não é único. Além das capacidades que estariam associadas às funções executivas e ao conceito das funções executivas nucleares, na literatura, ainda encontramos a distinção entre os componentes executivos frios e quentes, conforme vemos a seguir: Componentes frios Componentes quentes Planejamento Autorregulação do humor Organização Autorregulação da emoção Sequenciamento Autorregulação da motivação Iniciação de tarefas Controle sobre o próprio comportamento social Monitoramento Tomada de decisões Memória de trabalho Teoria da mente Controle inibitório e de interferência Experiência de recompensa e punição Flexibilidade mental Julgamento moral Fluência Resolução de conflitos interpessoais Quadro: Componentes das funções executivas. Elaborado por: Roberto Sena Os componentes quentes estariam associados ao processamento motivacional e emocional; os componentes frios, mais associados aos processos cognitivos. Muitas alterações da atenção estão relacionadas a déficits nas funções executivas em maior ou menor grau. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! Como o cérebro codi�ca uma representação? Módulo 3 - Vem que eu te explico! Tipos de aspectos atencionais Módulo 3 - Vem que eu te explico! Os componentes executivos frios e quentes Todos Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Em linhas gerais, a atenção é um processo psicológico que concentra nossa atividade psíquica em determinado estímulo. Considerando a fisiologia da atenção, distinguimos dois processos básicos. O vetor da atenção refere-se A ao processo que regula a direção e o objetivo da atenção. B ao processo que regula o tônus atencional. C ao processo que regula a tenacidade. D à ativação pela formação reticular. E ao nível de vigilância. Parabéns! A alternativa A está correta. A matriz da atenção (mecanismo tônico) refere-se ao nível de alerta e de atividade, e o vetor da atenção refere-se à capacidade de regular, dirigir a atenção. Questão 2 Existem diversas definições para o construto da atenção. Em parte, tantas definições expressam as diversas facetas e interseções da atenção com o aparato cognitivo. A atenção está envolvida no ciclo de sono-vigília, nos níveis de consciência, memória, sensopercepção etc. A atenção alternada refere-se à A capacidade de manter atenção em um estímulo de maneira continuada e consistente. B capacidade de selecionar dentre diversos estímulos aquele relevante. C capacidade de manter o foco atencional em dois estímulos simultaneamente. D passagem da atenção de um estímulo para outro. E seleção de resposta a dois estímulos. Parabéns! A alternativa D está correta. Matriz, vetor, sustentação, seletividade, alternância e divisão são construtos associados à atenção. A capacidade de mudar de um estímulo para outro expressa o conceito de atenção alternada. 4 - Alterações da atenção Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as alterações da atenção. Explicação X Correlação Existe uma clara diferença entre uma explicação e uma correlação. Na explicação,os pesquisadores entendem um fenômeno quando conseguem identi�car a causa. (SHAUGHNNESSY; ZECHMEISTER; ZECHMEISTER, 2012, p. 56) A correlação é um processo diferente, pois implica demonstrar relações entre duas ou mais variáveis. Por exemplo, existe uma correlação entre depressão e ideação suicida, mas não podemos dizer que a depressão causa, em uma relação direta e invariável, a ideação suicida, ou seja, não é possível estabelecer uma inferência causal. Os quadros de alteração da atenção devem ser tratados, na maior parte das vezes, sob uma perspectiva da correlação, e não em relação de causalidade. Para fecharmos esse raciocínio, um exemplo simples: nos quadros de esquizofrenia, há evidentes e importantes déficits das funções executivas, mas não podemos inferir que tais prejuízos são a causa da esquizofrenia. Em contrapartida, no caso de lesões em áreas do Hemisfério Direto do cérebro, é possível explicar quadros de negligência unilateral esquerda. A negligência unilateral é uma condição que pode ser resultado de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e está associada a uma alteração perceptual, gerando impacto negativo no funcionamento motor e na capacidade sensorial do paciente, o que pode afetar, também, a atenção. É chamada de unilateral porque o paciente falha em responder apenas a estímulos apresentados no espaço contralateral à lesão. Estados confusionais e negligência unilateral Existem duas condições nas quais os déficits atentivos emergem com maior evidência: estados confusionais e negligência unilateral. Estados confusionais Em estados confusionais, a matriz da atenção fica comprometida, o que resulta em prejuízos a inúmeras outras funções cognitivas, incluindo o vetor da atenção. Negligência unilateral Nos quadros de negligência unilateral, mesmo com o tônus atentivo relativamente preservado, existe um grave prejuízo nos aspectos sensoriais da atenção, como, por exemplo, a capacidade de dirigir a consciência e a percepção dentro do espaço extrapessoal. O Hemisfério Direito é dominante para os processos sensoriais da atenção. Quando intacto, contém aparatos neurais para atender a ambos os lados do espaço. Já o Hemisfério Esquerdo atende exclusivamente ao hemiespaço contralateral direito. Esse modelo nos diz que, possivelmente, lesões no Hemisfério Esquerdo não levarão à negligência, enquanto lesões no Hemisfério Direito levarão à negligência unilateral esquerda. Transtornos externalizantes Dos quadros patológicos que implicam alterações da atenção, talvez, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) seja o mais popular no senso comum. É mais prevalente em comparação ao Transtorno Desafiador de Oposição (TDO) e ao Transtorno de Conduta (TC). Essas três condições, tipicamente, têm início na infância. O chamado TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento marcado em um grau variado de desatenção e desorganização. Pode (ou não) ter um componente de hiperatividade ou impulsividade. Esse transtorno pode persistir na vida adulta, tendo como consequência significativos prejuízos. Desatenção Incapacidade de persistir em determinada tarefa. Hiperatividade Inquietação com padrão de atividade excessiva. Já o TDO e o TC são classificados como transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta. Envolvem problemas de autocontrole das emoções e de comportamentos, fortemente vinculados à personalidade. Segundo Fuentes et al., o TDAH pode ser classificado no grupo de transtornos externalizantes: Problemas externalizantes são aqueles comportamentos ‘externos’ (os quais podem ser observados de forma direta) que refletem ações negativas no ambiente; são comportamentos disruptivos, inapropriados, hiperativos e/ou agressivos. (FUENTES et al., 2014, p. 165) O quadro a seguir apresenta as características desses transtornos: Transtornos externalizantes Alterações da atenção e do Executivo Central Transtornos externalizantes Alterações da atenção e do Executivo Central Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) Predominância da desatenção: esquecimentos, distrações, perda de objetos, desorganização, falta de concentração, falta de atenção aos detalhes. Predominância da hiperatividade: atividade motora e inquietação excessivas. Predominância da impulsividade: dificuldade de esperar a vez, respostas precipitadas, interrupções, intromissões frequentes em atividades alheias. Combinação de todos os aspectos (desatenção, hiperatividade e impulsividade): prejuízos na autorregulação, nas funções executivas frias, na regulação de estado, na motivação e no processamento da informação temporal. Transtorno Desafiador de Oposição (TDO) Acessos de raiva e irritabilidade, comportamento desafiador, desobediente e hostil com figuras de autoridade, déficits executivos em predominância quentes (puro TDO), comum à comorbidade com TDAH. Transtorno de Conduta (TC) Desrespeito às normas sociais e aos direitos básicos das pessoas, déficits executivos em predominância quentes (puro TC), comum à comorbidade com TDAH. Quadro: Características dos transtornos externalizantes e alterações da atenção. Elaborado por: Roberto Sena. Os aspectos comuns entre esses transtornos são prejuízos importantes nos controles executivos, seja na questão do esforço necessário para concentração escolar, por exemplo, seja na autorregulação e na inibição de comportamentos do TDO e do TC. No TDAH, observamos prejuízos nas funções executivas frias, como, por exemplo, a capacidade de inibir impulsos e interromper comportamentos inapropriados. Já no TDO e no TC, os prejuízos são mais significativos nos componentes executivos quentes, tais como reduzida sensibilidade à punição, que é fundamental para aprendizagem social, danos à empatia etc. O Transtorno do Dé�cit de Atenção e Hiperatividade e seu impacto na atenção Neste vídeo, o especialista Roberto Sena abordará o hiperfoco no Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e todas as suas implicações, tanto na infância quanto na vida adulta. Efeitos das alterações da atenção no cotidiano das pessoas Considerando o sistema visual humano e os mecanismos funcionais similares em pessoas cegas, guardadas as diferenças, que se orientam no espaço com o auxílio, também, da audição, podemos entender como o sistema atentivo compreende orientação espacial e seleção de objetos no espaço (atenção seletiva). Um efeito claro, didático, que você pode experimentar para compreender os efeitos das alterações da atenção no cotidiano das pessoas é se movimentar. Somos máquinas biológicas, inteligentes e produtoras de movimento. Desde atividades triviais, como, por exemplo, abrir e fechar os olhos, até a complexa tarefa de pegar um lápis para escrever, precisamos da atenção. Nós nos orientamos no espaço e selecionamos dentre diversos estímulos (internos e externos) aqueles relevantes para uma ação. Processos automáticos e voluntários estão envolvidos no controle motor. Os esquemas corporais e a propriocepção dependem de como percebemos e direcionamos nossa atenção ao meio, ao longo de nosso desenvolvimento, o que envolve os espaços peripessoal e extrapessoal. Propriocepção Também conhecida como cinestesia, é a capacidade que o corpo tem de avaliar o posicionamento em que se encontra, reconhecendo sua localização, sua orientação e a posição de cada parte em relação ao todo. Essa capacidade permite que o sujeito mantenha seu equilíbrio em diferentes condições: parado, em movimento ou realizando diversos esforços. Espaço peripessoal É uma interseção da representação que fazemos do corpo e do espaço por onde esse corpo se desloca e se movimenta. Assim, definimos esse espaço como a região imediatamente ao redor do corpo. Espaço extrapessoal O limite do espaço peripessoal pode ser definido pelo alcance dos efetores (como as mãos, por exemplo) de cada pessoa. A partir desse limite, temos aquilo que chamamos de espaço extrapessoal. Vamos pensar em exemplos simples para compreendera relação entre os espaços peripessoal e extrapessoal e, exatamente, o significado desses conceitos. Quando usamos um garfo e uma faca alongados em uma churrasqueira para cortar algo na grelha, mantendo os efetores afastados do fogo, estamos utilizando um instrumento para alcançar um objeto no espaço extrapessoal. Imagine-se, agora, parado, em pé, com os braços estendidos em formato de cruz. O espaço extrapessoal é aquilo que está fora de seu alcance. Em pessoas sem prejuízos na atenção, existe uma harmonia na gestão desse processo, ou seja, como representamos o corpo e o espaço (esquemas cognitivos), os movimentos e as interações com objetos no espaço extrapessoal a partir do espaço peripessoal. O espaço peripessoal também depende de outro fator: a consciência do Eu e do não Eu. Nos quadros clínicos associados ao espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, observamos: Normalidades – delírios (alterações do pensamento) e alucinações (alterações da sensopercepção). Pensamento e discurso desorganizados. Comportamentos motores grosseiramente desorganizados. Sintomas negativos – avolia (falta de vontade ou desejo), expressão emocional diminuída etc. Na esquizofrenia, também observamos prejuízos na consciência do Eu e do não Eu. O limite e a fronteira entre os espaços extrapessoal e peripessoal podem estar borrados e sobrepostos nas representações cognitivas do doente. Prejuízos da atenção, como a distraibilidade, caracterizada como déficit da atenção voluntária, também são característicos do espectro da esquizofrenia. No TDAH, por sua vez, podemos notar outros tipos de alterações da atenção, como a hiperprosexia (exacerbação da atenção), que compromete a seletividade do processo atentivo. Atenção Perceba como dependemos da atenção para comportamentos adaptados ao meio, e como mudanças desse processo se materializam em transtornos mentais e do comportamento. Mas lembre-se de que isso não é a causa da esquizofrenia, e sim fenômenos que se correlacionam! A maneira como representamos o espaço na mente, como selecionamos os objetos com os quais vamos interagir, em dado momento, determina a eficácia do comportamento direcionado a objetivos. Tipos de alterações da atenção Encontramos alterações da atenção em diversos transtornos mentais, quadros neurológicos, síndromes e outras condições, tais como uso de substâncias psicotrópicas, medicação etc. Vários outros fatores podem modificar a eficácia da atenção dentro dos limites de normalidade, como, por exemplo, sonolência e estados emocionais. Vamos analisar essas alterações considerando a tenacidade como a capacidade de fixação da atenção e a vigilância, que permite a mudança de foco de um objeto para outro. Nas alterações da atenção e no exame clínico dessas funções cognitivas, buscamos observar: Alterações da atenção Consequência Onde encontramos? Alterações da atenção Consequência Onde encontramos? Aprosexia Abolição da capacidade atentiva Estados confusionais, demência (Forma de deterioração mental), inibição cortical, amência (Falta de entendimento), estupor. Distração Superconcentração, hipertenacidade e hipovigilância Foco do estudioso. Distraibilidade Prejuízos na atenção voluntária Esquizofrenia, estados de exaltação e agitação maníaca. Hiperprosexia Superatividade da atenção e atenção exacerbada Abuso de substâncias psicotrópicas, quadros patológicos que acompanham excitação psicomotora, TDAH, Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), dentre outras condições. Hipoprosexia Enfraquecimento acentuado da atenção Depressão, quadros infecciosos, obnubilação da consciência, abuso de substâncias psicotrópicas, amência, estupor, TDAH. Quadro: Tipos de alterações da atenção. Elaborado por: Angie Pique. Estupor De acordo com a definição do Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, é um “estado de inconsciência profunda de origem orgânica, com desaparecimento da sensibilidade ao meio ambiente e da faculdade de exibir reações motoras”. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 4 - Vem que eu te explico! Estados confusionais e negligência unilateral Módulo 4 - Vem que eu te explico! Problemas externalizantes e sua relação com a atenção Todos Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 Questão 1 Com frequência, podemos observar como quadros neurológicos e psicopatológicos em geral apresentam alterações importantes nas funções cognitivas, especificamente relativas à atenção. Nos estados confusionais e nas demências, por exemplo, podemos observar um quadro de aprosexia, que significa A enfraquecimento acentuado da atenção. B superatividade da atenção. C prejuízo na atenção voluntária. D foco do estudioso. E abolição da capacidade atentiva. Parabéns! A alternativa E está correta. A abolição da capacidade atentiva pode ser observada nos estados confusionais, nas demências, em quadros de inibição cortical, amência e estupor. Significa não conseguir focar na atenção e no comprometimento da consciência. Questão 2 Uma das características dos quadros neurológicos ou psicopatológicos é a alteração das funções cognitivas que o paciente demonstra, apresentando, por exemplo, alterações na atenção. Na depressão, por exemplo, podemos observar um quadro de hipoprosexia, que significa A enfraquecimento acentuado da atenção. B superatividade da atenção. C prejuízo na atenção voluntária. D foco do estudioso. E abolição da capacidade atentiva. Considerações �nais Sem dúvida, a consciência é um todo único e indivisível. Aparentes divisões são de ordem metodológica e revelam uma parte daquilo que chamamos de consciência. Podemos dizer que é a consciência que nos permite manter um controle voluntário e comunicar nossos estados internos (mentais) para terceiros. Assim, também a focalização, a sustentação, a concentração, o sono, o despertar, a vigilância, o estado de alerta e a seletividade são construtos que revelam parte daquilo que nomeamos ou possuem interseção com o construto da atenção, que retrata uma série de funções que têm relação com outros mecanismos cognitivos. A cognição humana é formada por diversos processos, tais como atenção, percepção, linguagem, memória, funções executivas, visuoconstrução, volição, pensamento etc. Por meio desses processos interdependentes, somos capazes de adquirir, codificar e usar conhecimento. A função da atenção é ser moderadora dos sistemas sensorial, cognitivo e emocional. Podcast Neste podcast, o mestre Roberto Sena Fraga Filho irá demonstrar os tipos de atenção e as características gerais desse construto, ilustrando com exemplos do cotidiano. Parabéns! A alternativa A está correta. O enfraquecimento acentuado da atenção pode ser observado na depressão, em quadros infecciosos, na obnubilação da consciência, no abuso de substâncias psicotrópicas, na amência, no estupor e no TDAH. É uma capacidade diminuída para pensar ou se concentrar. Referências BROADBENT, D. E. Perception and communication. New York: Oxford University Press, 1958. CHUN, M. M; GOLOMB, J. D.; TURK-BROWNE, N. B. A taxonomy of external and internal attention. Annual Review Psychology, v. 62, p. 73-101, 2011. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. DE JONG, R.; LIANG, C. C.; LAUBER, E. Conditional and unconditional automaticity: a dual process model of effects of spatial stimulus-response correspondence. Journal of Experimental Psychology: Human Perception and Performance, v. 20, n. 4, p. 731-750, ago. 1994. EYSENCK, M. W.; KEANE, M. T. Manual de psicologia cognitiva. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. FRAGA FILHO, R. S. 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O artigo Avaliação do viés de atenção no canal auditivo e ansiedade em universitários, publicado no periódico Ciências e Cognição, por Wilson Vieira Melo e outros autores. O artigo Teoria da Mente: diferentes abordagens, publicado na revista Psicologia: Reflexão e Crítica, por Graciela Inchausti de Jou e Tania Mara Sperb. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF()
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