Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO DE PSICOLOGIA PSICOTERAPIA INFANTIL E DO ADOLESCENTE PROF. ESP. MARIA HELENA FIGUEIREDO ESTUDOS DE CASO I – ANAMNESE COM OS PAIS Em grupos, a partir do Modelo de Entrevista com os Pais de Aberastury (Em Psicanálise da Criança: Teoria e Técnica), identifique os dados relevantes para a compreensão de cada caso abaixo: CASO I Joana é uma criança de 7 anos. Sua mãe (Carla) entra em contato com a clínica para agendar seu primeiro atendimento, em contato telefônico afirma que foi encaminhada para atendimento psicológico pelo pediatra, que identificou a necessidade. A mãe foi orientada a deixar a paciente em casa e vir somente os responsáveis por ela para a entrevista inicial. No dia da entrevista o pai (Marcos) comparece e traz a paciente. Durante a espera a criança apresenta-se pouco comunicativa e não interage com o ambiente, permanecendo sentada ao lado do pai, o mesmo conversa com a recepcionista e faz diversas piadas. Em entrevista relata não conviver com a criança, tendo contato com a filha apenas em alguns finais de semana quando pode pegá-la. Joana mora com sua mãe, padrasto, irmã mais velha e irmão mais novo. Marcos diz ter recebido instruções da ex esposa para falar sobre o encaminhamento realizado pelo médico que se deu ao identificar uma ansiedade grande referente ao convívio com ele, mas não compreender tal afirmação por se considerar um bom pai. Afirma que a gestação não foi planejada, mas, foi desejada, não houve problemas durante a gestação e que após o nascimento da filha se separou da ex esposa e não pôde conviver com ela. Relata que busca as filhas e as deixa com sua mãe (avó da paciente) e sempre que pode passa na casa dela para abraçar e beijar as filhas que não gostam muito desse comportamento. Foi solicitado a presença da mãe em nova entrevista. Carla comparece sozinha apresenta-se comunicativa e preocupada com o quadro já apresentado. Relata ter enviado o pai por perceber que o problema é referente ao convívio dele com a criança e ter usado o atendimento psicológico como punição para o mesmo. Ao ser questionada sobre a história da criança confirma que a gestação não foi planejada, foi desejada e houve o rompimento após o nascimento. Durante a primeira infância da paciente, Carla esteve em um quadro de depressão pós-parto e foi auxiliada pela avó paterna nos cuidados com as filhas. Conta sentir-se culpada por não poder amamentar e fazer de tudo para compensar isso, descreve-se como uma mãe rígida, que briga e ameaça os filhos com surras quando considera necessário e sempre fala para eles que se sacrifica muito por eles, então espera como retorno que sejam educados. Encerra a entrevista afirmando estar preocupada porque a criança apresenta choro sempre que vê o pai e se recusa a ficar com o mesmo, esse comportamento se repete há 1 ano e não sabe o que pode ter iniciado o mesmo. CASO II Jaqueline é uma adolescente de 14 anos, sua mãe (Kelly) procura o atendimento psicológico para receber orientações acerca do comportamento da filha. Relata episódio em que a mesma chega após o horário habitual em casa e com roupas molhadas na mochila, afirma desconfiar que ela esteja se prostituindo e pontua uma tentativa de suicídio recente por parte dela, sente-se assustada diante essa tentativa. O psicólogo pontua a gravidade desse quadro e a importância de perguntar sobre a história dessa adolescente para uma melhor compreensão do caso. A mãe apresenta-se confusa e contraditória em suas respostas, após ser questionada de forma mais objetiva relata ter 5 filhos, sendo a paciente a mais jovem, não ter planejado e não ter desejado as gestações, desconhece a identidade dos pais e não sabe informar sobre os marcos da infância afirmando não se recordar. Refere com frequência a filha mais velha (Amanda) que auxilia na tomada de decisões sobre a paciente e sugere punições para diversos comportamentos vistos como normais para a adolescência, a mãe relata diversas situações de agressões verbais entre as três. Diante a identificação da importância da irmã na vida da paciente é solicitada uma entrevista com a mesma. Amanda apresenta-se preocupada sobre sua participação no processo e responde às perguntas com maior clareza. Afirma relação de violência física e verbal na família e questões referentes ao desenvolvimento da sexualidade na adolescência, conta ter sofrido as mesmas situações e perceber outros sintomas na paciente como ausência de apetite, insônia, pouca comunicação e choro frequente. Também não sabe informar sobre a gestação e infância da paciente. CASO III Carlos é um adolescente de 14 anos, vem encaminhado de uma casa lar (orfanato), com a solicitação de acompanhamento psicoterapêutico. No primeiro atendimento a cuidadora se apresenta para a entrevista inicial sozinha. Relata ter dados arquivados sobre a primeira infância do adolescente. Informa que o mesmo foi retirado da família aos 3 anos, os pais são usuários crônicos de drogas, vivem em situação de rua. Carlos não tem contato com os pais, tem 7 irmãos com quem convive esporadicamente. A cuidadora fala que o paciente sofreu violência física e foi encontrado em situação de desnutrição grave. Pontua perceber que ele é manipulador e ter dificuldade em confiar nas pessoas, a convivência com os demais na casa é conturbada e frequentemente ocorrem brigas. Decidem procurar o serviço por desconfiarem da existência de um transtorno de personalidade. CASO IV Miguel tem 10 anos, sua avó entra em contato e solicita um agendamento, ao ser questionada afirma que ela quem cuida da criança desde a separação dos pais há 3 meses. Na entrevista inicial comparece sozinha, relata que a escola pediu para levar o neto por identificarem mudanças no comportamento em sala de aula, o paciente tem se tornado agressivo e deixado de fazer as atividades solicitadas pela professora desde a separação dos pais. A avó afirma que sempre cuidou do neto para os pais trabalharem, mas não era a responsável por ele, deixando os pais exercerem essa função, conta que desde o nascimento percebeu conflitos entre o casal e que existe a possibilidade de assumir os cuidados com a criança permanentemente. Ao ser questionada relata se trabalhar de uma gestação não planejada, mas desejada, que o neto foi amamentado no peito e não identificar problemas na primeira infância. Sempre foi uma criança comportada e com ótimo relacionamento com os pais que antes da separação ofereciam um ambiente acolhedor e adequado para o filho. A avó conta que a família nunca teve problemas até o momento e associa essa mudança ao processo de separação. CASO V Isabela é uma menina de 4 anos, o pai liga agendando o atendimento e diz perceber que a filha não está bem. Na entrevista inicial comparecem o pai e a mãe, ambos conversam sobre sua rotina durante a espera e a criança brinca com outros pacientes que também aguardam na recepção. Os pais demonstram-se atentos a ela e se revezam para auxiliá-la no que precisa (quando solicita ir ao banheiro, fome, etc.). Ao serem chamados para a entrevista acordam entrar separadamente para um deles cuidar da criança. A mãe relata perceber a filha com medo intenso de ficar sozinha, com choro frequente e muito apegada aos pais, ao iniciar a frequência em pré-escola tem dificuldade para ficar sem a presença de um deles e a mãe diz perceber um sofrimento que não consegue relacionar um evento disparador. Ao ser questionada afirma uma gestação planejada e desejada, acompanhamento adequado em pré-natal e gestação agradável, sem eventos inesperados. Conta desejar a maternidade há muito tempo e dificuldade para engravidar. Após o nascimento a criança foi muito presenteada e a mãe decide deixar seu trabalho para cuidar integralmente dela. Foi amamentada no peito, iniciou a fala e o andar precocemente e a mãe não relata eventos que fogemdo esperado para o desenvolvimento. Pontua que a filha tem um quarto para ela na casa, mas dorme com os pais todos os dias, afirma preocupação com o bem-estar da criança durante a noite, solicitando que a mesma vá para o quarto dos pais. A queixa apresentada teve início há poucos meses quando começa a tentativa de inserção na pré-escola, a mãe afirma desejo de abandonar a tentativa por se perceber sofrendo com a ausência da filha. Em entrevista com o pai ele confirma a história da gestação e demanda inicial. Completa dizendo que a esposa teme que algo aconteça com a filha por ter vivido situações de violência em sua própria infância, acredita que a proteção oferecida pode ser entendida como uma ameaça iminente pela criança e considera inadequada essa conduta. Ao ser questionado diz conviver menos com a filha devido ao trabalho, mas se esforçar para estar presente na rotina assumindo algumas tarefas como levar a criança até a escola. Conta que a família tem uma rotina estabelecida e que a criança cumpre se papel nessa rotina, queixa-se que se trata de um dia-a-dia “corrido”, mas acha ser importante para a educação da filha.
Compartilhar