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Nutrição no Envelhecimento Profa Esp. Verônica Graciela Rapcinski Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira 2022 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2022 Os autores Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Per- mitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP R216n Rapcinski, Verônica Graciela Nutrição no envelhecimento / Verônica Graciela Rapcinski. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 70 p. : il. Color. 1. Nutrição. 2. Longevidade – Aspectos nutricionais. 3. Envelhecimento – prevenção. I. Centro Universitário Unifatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23 ed. 612.68 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTOR Professora Verônica Graciela Rapcinski ● Bacharel em Nutrição (UNIPAR). ● Especialista em Nutrição Clínica Ambulatorial e Hospitalar (UNOPAR). ● Especialista em Modulação Intestinal. ● Docente do curso de Nutrição da Unifatecie. ● Coordenadora dos Cursos de Nutrição, Gastronomia, Hotelaria, Processos Químicos e Cervejeiros-EAD da Unifatecie. ● Atuação em Atendimento Clínico e Domiciliar de Idosos. ● Atuação em Nutrição Hospitalar e Oncologia por 10 anos. ● Atuação em cuidados de Idosos em Lisboa, Portugal. ● Atuação em ONG Tenho Fome-Aldeia Nissi em Kuito-Bié/Angola. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/3002735943031079 http://lattes.cnpq.br/3002735943031079 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo (a)! Caro (a) aluno (a)! Seja bem-vindo (a) à disciplina de Nutrição no Envelhecimento. Esta disciplina abordará diversos assuntos relacionados ao estado nutricional do idoso. Os tipos de avaliações, conceitos, principais mudanças que acontecem no processo de envelhecimento. Para isso estudaremos essa disciplina em quatro unidades na primeira unidade falaremos de toda epidemiologia e os processos do envelhecimento, as modificações sistêmicas. Já na segunda unidade abordaremos o estado nutricional na geriatria, as avaliações nutricionais, recomendações e necessidades diárias, e os principais diagnósticos nutricionais. Na terceira unidade trataremos dos aspectos nutricionais envolvendo as doenças mais comuns, também trataremos de assuntos importantes e bem comuns nos idosos que são as úlceras por pressão e disfagias. E na nossa última unidade iremos falar do manejo nutricional, de terapia nutricional oral, enteral e parenteral, assim como os aspectos farmacológicos. Espero que essa disciplina contribua muito para seu aprendizado e desenvolvimento como um excelente profissional. Abraços e excelente estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Envelhecimento e Conceitos UNIDADE II ................................................................................................... 16 Estado Nutricional em Geriatria UNIDADE III .................................................................................................. 34 Nutrição no Envelhecimento UNIDADE IV .................................................................................................. 50 Implicações Nutricionais das Alterações do Envelhecimento 3 Plano de Estudo: ● Epidemiologia e Processos do Envelhecimento; ● Modificações fisiológicas e sistêmicas no envelhecimento; ● Processo de envelhecimento nos sistemas. Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender os conceitos que envolvem o envelhecimento, as modificações fisiológicas e sistêmicas que ocorrem nessa etapa da vida, para poder gerir o cuidado; ● Entender os conceitos, e aplicações é possível estabelecer uma linha de cuidados mais eficiente, ocasionando maior qualidade de vida ao idoso. UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos Profa. Esp. Verônica Graciela Rapcinski 4UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos INTRODUÇÃO Iniciaremos essa unidade falando sobre os processos do envelhecimento, seus conceitos, aplicações. Ao estudar o envelhecimento e cada processo vivenciado pelo idoso é necessário conhecer os conceitos mais comuns e usuais como gerontologia, geriatria, senescência, senilidade e quarta idade. Você também estudará cada modificação fisiológica vivenciada pelo nossos idosos, todo o processo de envelhecimento que acometem os sistemas como o sistema musculoesquelético e toda perca muscular e diminuição da força, a sarcopenia que passa a ser vivenciada, osteoporose, as limitações nas atividades do cotidiano. Assim como as alterações nos sistemas renais, cardiovascular, neurológico e psicossocial. Que você possa compreender cada mudança que envolve o envelhecimento para então conseguir estabelecer uma linha de cuidados e ações preventivas proporcionando assim maior qualidade de vida ao idoso. Bons estudos! 5UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 1. EPIDEMIOLOGIA E PROCESSOS DO ENVELHECIMENTO O processo de envelhecimento populacional brasileiro e suas consequências já são realidade do nosso cotidiano, sabemos que para cada uma dessas transformações demográficas foram muitos anos envolvidos até chegar a realidade de hoje. Não é exclusividade do Brasil o envelhecimento populacional, esse aumento na porcentagem do número de idosos é mundial, tanto em países industrializados ou em desenvolvimento, tanto na população mundial quanto no Brasil, predomina o sexo feminino (NUNES; FERRETI e SANTOS, 2012). Sim a população brasileira envelhece em ritmo acelerado, devido ao crescimento no número dos idosos, pois vem ocorrendo uma diminuição da mortalidade, e a queda na fecundidade. Podendo ocorrer variação no envelhecimento, para alguns ocorre de forma mais lenta e gradativa e para outros de forma mais rápida, sendo essas variações associadas ao estilo de vida, aspectos socioeconômicos e as doenças crônicas. O envelhecimento pode variar de indivíduo para indivíduo, sendo gradativo para uns e mais rápido para outros. Cerca de 36% dos pacientes hospitalizados que utilizaram suporte nutricional no Grupo de Apoio Nutricional Enteral e Parenteral (GANEP) eram idosos, isso mostra que esse grupo tem alto risco de necessidade de hospitalizações e cuidados nutricionais, pois cercade 85% desse grupo possuem alguma forma de doença crônica (WAITZBERG, 2009). 6UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos Mas é preciso analisar se este envelhecimento tem sido saudável, ou marcado por inúmeras doenças e limitações na funcionalidade e autonomia do idoso. Não basta ter muitos anos de vida, mas é importante garantir e levar cuidados, prevenções, orientações para que o idoso tenha garantido o máximo possível de um envelhecimento saudável. Para compreender o processo do Envelhecimento, se torna necessário conhecer os conceitos envolvidos, dentre eles cito e descrevo alguns: GERONTOLOGIA: representa a ciência que estuda o processo de envelhecimento humano, nos aspectos clínicos, biológicos, assim como as condições psicológicas, sociais, econômicas e históricas que envolvem todo o processo. Possui caráter multi e interdisciplinar, contando com o apoio dos profissionais de diversas áreas no intuito de planejar, criar e estar organizando projetos que busquem atender as necessidades globais da pessoa idosa. GERIATRIA: um ramo da medicina, ou seja, uma especialidade médica que estuda e trata das doenças ligadas ao envelhecimento, focando no estudo, na prevenção e no tratamento de doenças e da incapacidade em idades avançadas. IDOSO: no Brasil é considerado idoso indivíduo com faixa etária de 60 anos ou mais, já segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cronologicamente, em países industrializados, seriam idosos aqueles indivíduos com 65 anos de idade ou mais, quando se encerra a fase economicamente ativa e começa a aposentadoria SENESCÊNCIA: são todas as alterações que ocorrem no organismo humano no decorrer o tempo, porém não caracterizam doenças, mas as alterações decorrentes de processos fisiológicos do envelhecimento. Exemplo: a diminuição da visão, perda leve da audição e da memória. SENILIDADE: vai acontecendo declínio gradual na funcionalidade dos sistemas corporais, por isso a senilidade é caracterizada como processo patológico de envelhecimento, em que ocorre desgaste célula, declínio gradual no funcionamento dos sistemas corporais: cardiovascular, respiratório, genital, urinário, endócrino e imunológico. QUARTA IDADE: representa a classificação etária para indivíduos que passaram dos 80 anos (MENDES, 2014). Dessa forma, a soma da gerontologia com a geriatria forma o espectro do envelhecimento (MAHAN e RAYMOND, 2018). 7UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos A partir dos 30 anos de idade acontece o fim do período de crescimento humano, iniciando a fase chamada: As doenças e as funções afetadas não são necessariamente partes inevitáveis do envelhecimento, claro que existem sim as mudanças sistêmicas com o processo do envelhecimento, alterações essas que diferem em graus de eficiência e diminuição da capacidade funcional. A genética, doenças, estado socioeconômico, o estilo de vida são fatores determinantes na progressão do envelhecimento de cada indivíduo. Dessa forma, a expressão externa da idade, pode ou não refletir a idade cronológica, devendo eliminar assim (MAHAN e RAYMOND, 2018). Atualmente, é notável ver idosos ativos com 70 anos ou mais, que trabalham, praticam atividades físicas, participam de maratonas, pescarias, fazem levantamento de pesos, viagens, dançam entre outras atividades. 8UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 2. MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS E SISTÊMICAS NO ENVELHECIMENTO Sabe-se que o envelhecimento é marcado por uma série de mudanças, pois o mesmo é um processo ativo e gradual, cercado de alterações tanto morfológicas, quanto bioquímicas e funcionais que vão mudando toda a dinâmica e fisiologia do organismo. Essas alterações exigem o conhecimento do profissional para exercer um cuidado dinâmico e atento pois essas alterações podem trazer o desenvolvimento de inúmeras patologias, que acabam por alterar a funcionalidade e qualidade de vida do idoso. No aspecto fisiológico percebe-se várias alterações nas funções orgânicas que acontecem devido ao avançar dos anos de vida, acarretando na perca da funcionalidade e capacidade em manter em equilíbrio e homeostase o organismo, devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o mesmo, no qual cada uma dessas funções fisiológicas vai declinando gradualmente (CHAGAS e ROCHA, 2012). Com a idade, ocorrem mudança nos órgãos, em sua funcionalidade e capacidade, tornando-se necessário o discernir as mudanças e alterações que são normais do envelhecimento e as mudanças causadas por doenças crônicas, como no caso da aterosclerose (MAHAN e RAYMOND, 2018). Ocorre redução da estatura, diminuição do peso, inúmeras mudanças em toda a composição corporal, sobretudo redução gradativa, qualitativa e quantitativa, da massa muscular esquelética. 9UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos Essa redução da massa muscular acontece a partir dos 40 anos de idade, uma média de 8% por década até os 70 anos, aumentando para 15% por década, e por consequência acontece perda de 10 a 15% de força nas pernas até os 70 anos e de 25 a 40% após essa idade (SILVA; MARUCCI e ROEDIGER, 2016). Também são perceptíveis as mudanças na composição corporal, a estatura diminui cerca de 1 cm por década após os 40 anos, devido a alterações nas vértebras levando a diminuição da coluna vertebral. Começa a ocorrer perca de massa óssea cerca de 3,3% em homens e 1% em mulheres ao ano, e após a menopausa nas mulheres essa perca irá aumentar em até dez vezes. Com essa perca óssea pode acontecer osteoporose, claro que esse processo que ocasiona em fragilidade dos ossos está relacionado com a redução da absorção de cálcio, que está inteiramente ligada a ingestão do mesmo ao longo dos anos de vida. No sistema muscular ocorre perca de massa muscular e diminuição de peso. Claro que essa perca irá depender do estado nutricional e nível de atividade e sedentarismo do idoso e até o aspecto hereditário. Os músculos têm o processo de atrofia de forma diferente no mesmo indivíduo, podendo desenvolver uma sarcopenia. Todas as perdas são importantes pois evidenciam à estreita ligação entre massa muscular e força (CHAGAS e ROCHA, 2012). Ocorre aumento do tecido adiposo na região abdominal, o que aumenta o risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, ao mesmo tempo pode ocorrer a redução da gordura subcutânea, o que dificulta a manutenção do calor corporal. Lembrando que no processo de envelhecimento o sistema nervoso é o mais comprometido no sistema fisiológico, sendo o responsável pelos movimentos, sensações, e funções psíquicas. O cérebro reduz de tamanho e peso. Com essa redução de massa neural ocorre a perda neuronal, uma atrofia cortical, em que a região de atividade neural que está relacionada a função cognitiva apresenta menor ativação coordenada, a qual está inteiramente ligada a esse fraco desempenho dos domínios cognitivos (CHAGAS e ROCHA, 2012). Também ocorre no organismo do idoso a redução do teor de água, podendo levar à desidratação. Alterações nas glândulas salivares, podendo ocasionar a xerostomia e diminuição na produção da amilase salivar, essas alterações dificultam a digestão e deglutição, a xerostomia é extremamente comum nos idosos que fazem uso de medicamentos e/ou quem apresenta doenças sistêmicas (CHAGAS e ROCHA, 2012). Ocorre declínio nas competências sensoriais, em que os órgãos dos sentidos sofrem alterações, como no paladar, redução da capacidade auditiva, acuidade visual, redução do olfato. Mudanças essas que acabam por contribuir para uma ingesta insuficiente e ocasionar na desnutrição. 10UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos Essas alterações ocorridas no envelhecimento para os sentidos do paladar, olfato e tato podem induzir ao apetite insatisfatório, a escolhas inadequadas de alimentos e, também, ingestão insuficiente dos nutrientes necessários, claro pode ocorrer a disgeusia (paladar alterado), a perda de paladar ou hiposmia (redução do sentido do olfato)relacionadas ao envelhecimento, porém, muitas dessas alterações são derivadas de medicamentos (MAHAN e RAYMOND, 2018) A prebiacusia é o tipo mais comum de perda de audição nos idosos, sendo estabelecida como é definida como redução da capacidade auditiva a qual se relaciona ao envelhecimento devido a alterações degenerativas, a qual faz parte do processo geral do envelhecimento do organismo, ela tem predomínio de 40 a 60% nos idosos com idade superior a 75 anos e mais de 80% em pacientes com idade superior a 85 anos. Nesse processo de perca auditiva, existem algumas vitaminas que acabam por contribuir como a vitamina B12, pois esse nutriente geralmente se apresenta deficiência na dieta dos idosos, o qual tem associação ao aumento de zumbidos nos ouvidos, presbiacusia e redução na audiometria do tronco encefálico. A vitamina D também pode ter um papel na perca auditiva, pois a mesma atua no metabolismo de cálcio, que é responsável pela transmissão de fluídos e nervos, e também na estrutura óssea (MAHAN e RAYMOND, 2018). A deficiência da saúde oral, a perca de dentes, uso de dentaduras, a xerostomia (boca seca), redução na sensibilidade gustativa fatores e alterações que prejudicam a mastigação e deglutição afetando e comprometendo assim, a dieta e nutrição do idoso (MAHAN e RAYMOND, 2018). Alterações gastrointestinais, redução na função da mucosa gástrica levando a incapacidade para a resistência aos danos, tais como úlceras, câncer e infecções, a gastrite causa inflamação e dor, o esvaziamento gástrico tardio, provocando desconforto. A biodisponibilidade de nutrientes fica afetada devido a essas alterações, como a de cálcio e zinco, aumentando o risco de desenvolver doença de deficiência crônica como a osteoporose (MAHAN e RAYMOND, 2018). O fator intrínseco, junto ao ácido gástrico são necessários para absorção da vitamina B12, mas no processo de envelhecimento ocorre a acloridria que é caracterizada pela produção insuficiente de ácido clorídrico pelo estômago A prevalência de constipação em que os movimentos intestinais se tornam mais lentos, ocorrendo dificuldade ou esforço excessivo para evacuar, causando dor, devido as fezes endurecidas, e esvaziamento incompleto do intestino, sua prevalência tem aumento com a idade (MAHAN e RAYMOND, 2018). 11UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 3. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NOS SISTEMAS 3.1 Sistema Metabólico: São inúmeras alterações na composição corporal do idoso, entre elas ocorre a redução da massa muscular esquelética, aumento da gordura corporal principalmente na região abdominal, isso tudo associado ao desenvolvimento da sarcopenia, que tem sido considerada um problema de saúde pública, infelizmente associada a outras doenças crônicas, o que acaba por afetar a qualidade de vida do idoso, sua funcionalidade, acarretando em problemas econômicos, sociais e de saúde do mesmo (PIERINE; NICOLA e OLIVEIRA, 2009). Também existe a obesidade sarcopênica no idosos em que há excesso de tecido adiposo, porém, a perca de massa magra. Dos 20 aos 60 anos ocorre uma redução de cerca de 40% do tecido muscular esquelético, isso ocorre também nos indivíduos ativos e saudáveis que acabam por ter uma perca muscular de 1 a 2% no ano, nos membros inferiores, e um aumento na gordura corporal de 7,5% por década, sendo mais acentuado após os 50 anos de idade. (PIERINE; NICOLA e OLIVEIRA, 2009) É necessário entender a importância do tecido muscular esquelético, pois ele é o maior tecido do corpo, e também maior componente proteico da compleição corporal. Na des- coordenação nervosa e no imobilismo ocorre a hipotrofia muscular e desmineralização óssea e assim perca da força, equilíbrio e diminuição da autonomia para com as atividades de vida diária, aumentando o risco de quedas, fraturas ósseas (PIERINE; NICOLA e OLIVEIRA, 2009). 12UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 3.2 Sistema Cardiovascular: As alterações incluem complacência das paredes arteriais, redução da frequência cardíaca máxima, -adrenérgicos, aumento da massa muscular do ventrículo esquerdo e relaxamento ventricular mais lento. Muitas vezes, o resultado final de hipertensão e doença arterial é a insuficiência cardíaca crônica. 3.3 Sistema Renal: Durante o processo de envelhecimento os rins são os órgãos mais afetados, apresentam constante perda de nefróns e redução na taxa de filtração glomerular, assim como diminuição do seu tamanho e peso até os 80 anos cerca de 10 a 43% de redução, mostrando que durante o envelhecimento o rim é afetado pela idade. Lembrando que os rins são os principais órgãos do sistema excretor, desempenhando funções vitais como eliminar toxinas que resultam do metabolismo corporal, garantir homeostasia hídrica do organismo e atuar como órgãos produtores de hormônios. 3.4 Sistema Musculoesquelético: Com o passar dos anos vai ocorrendo a diminuição da densidade dos ossos, acelerando nas mulheres após o período da menopausa, também acontecem alterações nas cartilagens e tecido conjuntivo, devido a rigidez que acontece nas cartilagens o idoso tem a amplitude de seus movimentos limitadas, gerando um quadro de limitações no aparelho locomotor, principalmente nas Atividades de Vida Diária (AVD), acontece o envelhecimento musculoesquelético, principalmente sarcopenia (enfraquecimento muscular), osteoporose (perda óssea), e as alterações tróficas dos pés, marcada pela osteoartrose devido as alterações inflamatórias, autoimunes e traumáticas, causando alteração na mobilidade e no equilíbrio. Tudo isso aumenta as chances de queda, fraturas e atrofias, nos idosos 3.5 Sistema Neurológico: Ao falar de inteligência cognitiva, é necessário compreender que se refere a inteligência que se liga à função executiva, ou seja, a habilidade em planejar, em dar continuação, e de executar atividades cognitivas, e também do automonitoramento. No envelhecimento começa a ocorrer falhas e lapsos de memória, lentificação para executar as atividades, pode também ocorrer a demência sendo, está mais comum em idosos acima dos 70 anos. É bem perceptível perda de memorização para números, listas de compras, endereços, assim como lembrar o nome das pessoas. Requer bastante cuidado e atenção para com o idoso que tem apresentado esses lapsos, pois as tarefas cotidianas podem apresentar risco à saúde, como por exemplo esquecer o fogão aceso, a torneira aberta, a chave dentro do carro, não trancar a casa entre outras (CAMARGOS; LEHNEN e CORTINAZ, 2018). 13UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos Há uma deteriorização do cérebro, com perda de líquido e nutrição, o metabolismo energético fica mais lento, fazendo as sinapses perderem a velocidade. 3.6 Sistema Psicossocial: O idoso não tem participação de integração na sociedade, ele sofre uma marginalização social, o que acaba por agravar os problemas já vivenciados no processo de envelhecimento. A atual sociedade está despreparada para lidar com a população que está ficando cada vez mais envelhecida. Os grupos de convivência de idosos por exemplo são muito importante e ajudam nas mudanças de vida que acontece na velhice, o idoso se sente reintegrado socialmente, pois sofrem muito com a solidão, a improdutividade, as limitações físicas, relacionais causadas por diversos fatores como viuvez, aposentadoria, solidão, distância dos filhos e netos (KROEF, 1999). SAIBA MAIS Sarcopenia é definida como uma síndrome caracterizada pela perda progressiva e generalizada de massa e força muscular, podendo levar a deficiências físicas, baixa qualidade de vida e morte. Antigamente, a sarcopenia era avaliada apenas sobre a massa muscular, mas atualmente a força resultante também é avaliada e computada em seu diagnóstico. Fonte: CAMARGOS, D. L. Crescimento, desenvolvimento e envelhecimento humano [recurso eletrônico] Gus- tavo Leite Camargos, Alexandre Machado Lehnen, Tiago Cortinaz. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Disponível em:https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595028692/pageid/191. Acesso em: 15 jul. 2022. REFLITA “Ninguém envelhece apenas por viver vários anos. Nós envelhecemos abandonando nossos ideais. Os anos podem enrugar a pele, mas desistir do entusiasmo enruga a alma.” Samuel Ullman. Fonte: LUCENA, S. Envelhecimento, frases, pessoas idosas. 2017. Disponível em: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/14-das-melhores-citacoes-sobre-o-envelhecimento/. Acesso em: 15 jul. 2022. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595028692/pageid/191 https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/14-das-melhores-citacoes-sobre-o-envelhecimento/ 14UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa primeira unidade de estudos você aluno (a) pode conhecer os principais conceitos utilizados no envelhecimento, assim como conheceu as principais mudanças que acontecem nos sistemas metabólicos, cardiovasculares, renais, musculoesqueléticos, neurológicos e psicossociais. Conhecendo as mudanças você consegue perceber o que está dentro da normalidade esperada e as mudanças que estão relacionadas a progressão de uma doença instalada por exemplo, para poder realizar cuidados eficazes e garantir uma velhice ativa e de qualidade. Espero vocês na próxima unidade. 15UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Nutrição da Gestação ao Envelhecimento Autor: Márcia Regina Vitolo. Editora: Rubio. Sinopse: Nutrição – da Gestação ao Envelhecimento apresenta a prática da abordagem nutricional em todos os estágios da vida, sem deixar de fornecer as bases teóricas e científicas e as políticas públicas que alicerçam o dia a dia do profissional dessa área. O conteúdo apresentado deixa evidente a enorme distinção entre as ações relacionadas à prevenção e ao tratamento dos problemas nutricionais. Tal percepção é essencial para maior efetividade da promoção à saúde. A fundamentação científica aliada à interpre- tação crítica e aplicada à realidade brasileira é o destaque desta obra. Assim, os exemplos práticos e os estudos de casos clínicos possibilitam uma formação acadêmica diferenciada e a atualização dos profissionais de Nutrição. FILME/VÍDEO Título: Antes de Partir Ano: 2007. Sinopse: O bilionário Edward Cole e o mecânico Carter Chambers são dois pacientes terminais em um mesmo quarto de hospital. Quando se conhecem, resolvem escrever uma lista das coisas que desejam fazer antes de morrer e fogem do hospital para realizá-las. 16 Plano de Estudo: ● Avaliação do estado nutricional dos Idosos; ● Métodos Subjetivos e Objetivos, MAN e NRS-2002; ● Necessidades nutricionais em Geriatria; ● Diagnósticos Nutricionais. Objetivos da Aprendizagem: ● Entender as mudanças na composição corporal, fisiológicas que possam acontecer com os idosos durante o processo do envelhecimento e que venham a trazer alterações no estado nutricional; ● Aprender alguns métodos utilizados para avaliar o estado nutricional do idoso e suas mudanças; ● Compreender as necessidades nutricionais e requeridas para a idade nesse processo de envelhecimento, garantindo uma melhor qualidade de vida e se possível livre de danos e doenças; ● Entender os diagnósticos nutricionais. UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria Profa. Esp. Verônica Graciela Rapcinski 17UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 17UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria INTRODUÇÃO A nutrição da população geriátrica tem papel fundamental tanto para promover a saúde, quanto para colaborar na manutenção da capacidade funcional dessa população, pois garantir o bom estado nutricional dos idosos irá ajudar a manter um bem-estar físico e psicológico, pois a alteração do estado nutricional gera grandes impactos na saúde do mesmo. Visando o bem-estar e cuidado do idoso, nessa unidade iremos tratar de assuntos que envolvem a avaliação nutricional do idoso, métodos subjetivos e objetivos. Assim como conhecer as necessidades nutricionais e principais diagnósticos nutricionais, para identificar possíveis carências e riscos nutricionais que possam comprometer a saúde do idoso. Sejam muito bem-vindos a essa unidade de estudo e conhecimento! Bons estudos! 18UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 18UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria 1. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DOS IDOSOS Os cuidados com a alimentação da população, surgiram na Primeira Guerra Mundial, as dietistas dispensavam assistência alimentar visando combater a desnutrição e promover a saúde dos indivíduos. A nutrição tem um papel fundamental na promoção da saúde e na capacidade funcional dos idoso, pois o estado nutricional gera um grande impacto no que se refere ao bem-estar físico e psicológico do idoso. Para garantir a manutenção e melhora do estado nutricional do idoso, é necessário levar o acompanhamento através da avaliação nutrição, e proporcionar intervenções adequadas, ingestão recomendada de nutrientes específicos (SILVA; MARUCCI e ROEDIGER, 2016). Garantir o acesso à nutrição adequada, em todos os ciclos e fases da vida, favorece um desenvolvimento de qualidade a cada ano vivido, de tal forma que o envelhecimento seja ativo com independência, com autonomia e felicidade. contribui para o bom desenvolvimento e agrega qualidade de vida aos anos vividos, proporcionando um envelhecimento ativo com independência, autonomia e felicidade (SILVA; MARUCCI e ROEDIGER, 2016). A nutrição mostra seu papel quanto a modulação do processo do envelhecimento, na causa das doenças e declínios funcionais que estejam ligados a idade, portanto para garantir uma assistência adequada e eficiente a avaliação e o monitoramento nutricional se tornam indispensáveis para um bom planejamento de ações na promoção da saúde (TAVARES et al., 2015). 19UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 19UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria Nesse grupo etário a avaliação nutricional precisa acontecer de maneira reflexiva, crítica e mais humanizada, lembrando que existe uma série de fatores que determinam direta ou indiretamente o processo de envelhecimento, entre eles: o isolamento social, doenças, incapacidades, alterações fisiológicas e biológicas. As informações coletadas através dos dados socioeconômicos, dietéticos, bioquímicos, antropometria e clínicos trazem a avaliação nutricional que nada mais é que a interpretação de todas essas informações obtidas. As quais contribuem para o desenvolvimento de um diagnóstico coletivo, a triagem e identificação dos indivíduos em risco, para a vigilância nutricional, o estabelecimento e avaliação de políticas e programas (TAVARES et al., 2015). Na prática clínica e epidemiológica a Antropometria Nutricional é amplamente utilizada para avaliar o estado nutricional, é um método prático, apresenta baixo custo, os equipamentos utilizados são portáteis e ela também revela alterações nutricionais de forma eficiente e precoce. Porém, na avaliação nutricional do idoso, as dificuldades se apresentam devido as modificações físicas e na composição corporal presentes na idade, as quais acabam por interferir tanto na coleta como na análise dessas medidas antropométricas, pois as alterações se apresentam na diminuição da estatura, desidratação, massa muscular e densidade óssea reduzida, elevação na gordura corporal e uma redistribuição, perca de elasticidade da pele entre outras (TAVARES et al., 2015). QUADRO 1 - ALTERAÇÕES E AGRAVOS RELACIONADOS COM O ENVELHECIMENTO: Alterações Agravos Redução da massa muscular SarcopeniaRedução da capacidade funcional Redução da água corporal Desidratação Redução da massa mineral óssea Osteoporose Aumento e redistribuição de gordura corporal Obesidade, diabetes, dislipidemias, doenças cardiovasculares Fonte: Adaptado de: Sampaio (2004). Acompanhar a velocidade de perda da massa corporal (peso) neste grupo é muito importante, pois ele é um indicador de risco nutricional, quando por exemplo temos uma mudançano peso involuntária ou recente. Na prática clínica, a classificação de gravidade pela porcentagem de perda de peso sobre o peso total do indivíduo relacionada ao tempo é amplamente utilizada. 20UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 20UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO % DE PERDA DE PESO: TEMPO PERDA SIGNIFICATIVA PERDA GRAVE 1 semana 1% a 2 % >2% 1 mês 5% >5% 3 meses 7,5% >7,5% 6 meses 10% >10% Fonte: Adaptado de: Mussoi (2014). Para melhor compreensão da tabela acima quanto ao % de perca de peso, imagine a seguinte situação, um idoso de 80 anos, que tinha um peso usual de 75 Kg, apresentou uma perca de 10 Kg nos últimos 6 meses. Essa perca representa mais de 10% do seu peso usual, segundo a tabela acima ela representa uma perca de peso grave, esse idoso apresenta risco nutricional. Já na avaliação da estatura, acontece uma redução com a idade, pois o idoso tem aumento da curvatura da coluna, em resultado do achatamento dos discos intervertebrais e outras alterações como a osteoporose, cifose dorsal, escoliose, perda do tônus muscular, arqueamento dos membros inferiores, achatamento do arco plantar. Em se tratando no valor da redução da estatura com a idade, não há um consenso, as medidas utilizadas estão entre 0,5 a 2 cm/ década, cerca de 60 anos, e se acentua no decorrer e avançar dos anos, em ambos os sexos (TAVARES et al., 2015). Mas nas situações de impossibilidade de obter a medida da estatura, seja por situações posturais acentuadas ou a condição do idoso estar acamado ou ser cadeirante, utiliza-se a medida da altura do joelho, para fazer o cálculo de estimativa de altura, assim como nos casos de impossibilidade de pesar o indivíduo utilizando uma balança, também é possível estar estimando o peso através de outras medidas corporais como circunferência do braço e panturrilha, altura do joelho, e aferir a dobra cutânea subescapular (TAVARES et al., 2015). A estimativa de altura corpórea é um método utilizado para obter a medida da altura do paciente, porém não realizando a medida antropométrica real, ela é utilizada quando realizar a medida de maneira convencional da altura não é possível. Para utilizar essa fórmula é necessário verificar a idade, sexo, raça e altura do joelho do paciente (WAITZBERG et al., 2011). 21UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 21UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria 1.1 Fórmula utilizada para estimativa de peso, de acordo com (MUSSOI, 2014): Homens: [ (0,98 × CP) + (1,16 × AJ) + (1,73 × CB) + (0,37 × PCSE) – 81,69 ]; Mulheres: [ (1,27 × CP) + (0,87 × AJ) + (0,98 × CB) + (0,4 × PCSE) – 62,35 ]; CP = circunferência da panturrilha (cm); AJ = altura do joelho (cm); CB = circunferência do braço (cm); PCSE = prega cutânea subescapular (mm). 1.2 Fórmula utilizada para estimativa de altura, de acordo com Mussoi (2014): Homens Estatura (cm) = [ 64,19 – (0,04 × idade [anos]) ] + (2,02 × altura do joelho [cm]) Mulheres Estatura (cm) = [ 84,88 – (0,24 × idade [anos]) ] + (1,83 × altura do joelho [cm]) 22UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 22UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria 2. MÉTODOS SUBJETIVOS E OBJETIVOS, MAN E NRS-2002 Na avaliação Nutricional são utilizados alguns métodos diretos, em que em sua classificação se dividem em objetivos e subjetivos. Métodos objetivos: avaliação antropométrica, bioimpedância e exames bioquímicos. Métodos subjetivos: Exames clínicos (sinais e sintomas), avaliação subjetiva global (ASG). Abaixo descreveremos os métodos: Avaliação Antropométrica: Também chamada de antropometria nada mais é que uma série de medidas físicas, corporais, feitas através de métodos já padronizados e valores de referência definidos. As medidas utilizadas são peso, altura, índice de massa corporal (IMC), circunferências, e dobras cutâneas. Pode ser feita a realização de medidas primárias (peso e altura), e a partir destas então é possível fazer a aferição das medidas secundárias utilizando cálculos, como o IMC, cálculos de percentual de gordura corporal entre outros. Classificando o paciente avaliado através dos parâmetros acima citados. A antropometria é uma ferramenta muito importante e útil na prática clínica (MUSSOI, 2014). As circunferências realizadas são: Circunferência do braço (CB), circunferência da panturrilha (CP), circunferência da cintura (CC), e circunferência do quadril (CQ) além da altura do joelho, essas circunferências são a soma de áreas com tecidos ossos, muscular, gorduroso e epitelial, as quais indicam a reserva proteica. 23UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 23UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria É importante dizer que a circunferência da panturrilha é amplamente utilizada na avaliação de idosos, pois essa é a medida mais sensível de perca de massa muscular, superior a circunferência do braço. Bioimpedância Elétrica BIA: método não invasivo, baseado no princípio da condutividade elétrica para estimar os compartimentos corporais. Para melhor compreensão entenda que os tecidos magros devido à alta quantidade de água e eletrólitos eles são altamente condutores de corrente elétrica, já por outro lado, a gordura e ossos são condutores fracos da corrente elétrica. Na avaliação corporal realizada através do aparelho de bioimpedância (BIA), acontece a passagem de uma corrente elétrica de baixa amplitude e de alta frequência a qual mensura na resistência (R), reatância (Xc), impedância (Z) e ângulo de fase (f). A corrente elétrica passa através de um condutor e essa passagem depende do volume do condutor, do corpo, do comprimento do condutor, que corresponde à altura, e de sua impedância, que indica a resistência à passagem de corrente elétrica (MUSSOI, 2014) Ela valia risco de morbimortalidade pois a massa magra é um preditor de sobrevivência no caso das doenças graves e crônicas nãos transmissíveis, mostra a quantidade de gordura, massa magra e água corporal. Exames Bioquímicos: esses exames são indicadores que fornecem medidas objetivas das alterações orgânicas e do estado nutricional, e através destes podemos ter a identificação precoce de problemas nutricionais mesmo antes de sinais e sintomas de deficiência ou excesso de nutrientes percebido pelo paciente e também é possível monitorar o tratamento. Exames Clínicos (sinais e sintomas): Deve ser realizado de forma sistêmica e progressiva, ou seja, da cabeça aos pés. Checando de maneira geral o estado do paciente, sinais vitais, se há depleção de tecidos, se a pele está íntegra, hidratada, com feridas, pigmentação. Verificar cabelos, queda, couro cabeludo, alopecia, coloração da pele, olhos, nariz, língua. Edemas, lesões, caquexia, sondas, drenos, forma do abdome se está distendido ou escavado (MUSSOI, 2014). Avaliação Subjetiva Global (ASG): método de baixo custo, simples, o qual pode ser realizado por qualquer profissional da equipe multiprofissional de terapia nutricional. Método de triagem nutricional que evidencia complicações que estejam relacionadas com a desnutrição. 24UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 24UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria FIGURA 1 – AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL Fonte: Detsky et al. (1987). Triagem para risco nutricional (NRS): A triagem para risco nutricional (NRS-2002, do inglês nutritional risk screening), é um instrumento básico utilizado na triagem nutricional, a diferença é a inclusão de todos os pacientes clínicos, cirúrgicos e os demais presentes no âmbito hospitalar, abrangendo todas as condições patológicas. Podendo ser utilizada em indivíduos adultos, independentemente da doença e da idade. É um dos métodos mais recomendado. A parte importante é que em se tratando dos idosos, eles recebem especial atenção por parte da NRS-2002, tendo a maior pontuação final na classificação do risco nutricional (MUSSOI, 2014). 2.1 NRS-2002 QUADRO 2 – ETAPA 1 Triagem inicial SIM NÃO 1) O IMC é < 20,5Kg/m² 2) O paciente perdeu peso nos 3últimos meses? 3) O paciente teve sua ingestão dietética reduzida na última semana? 4) O paciente é gravemente doente? Fonte: A autora (2022). 25UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 25UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria Se obtiver alguma resposta “sim” passar para a 2ª etapa. Repetir a cada 7 dias caso não obtenha nenhuma resposta positiva. QUADRO 3 – ETAPA 2 Fonte: A autora (2022). Escore do estado nutricional:____ Escore da gravidade da doença:____ Escorrre do estado nutricional + gravidade da doença: Se o paciente tem 70 anos ou mais some um ponto no escore:_____ Escore Total_____ Estado nutricional Gravidade da doença (aumento das necessidades nutricionais) 0 ausência escore Estado nutricional normal. 0 ausência escore Necessidades nutricionais normais 1 leve escore Perda de peso > 5% em 3 meses ou ingestão alimentar na última semana entre 50-75% das necessidades nutricionais. 1 leve escore Fratura de quadril, pa- cientes crônicos, em par- ticular com complicações agudas: cirrose, DPOC, hemodiálise, diabetes, oncologia. Paciente fraco, mas deambula. 2 moderado escore Perda de peso > 5% em 2 meses ou IMC entre 18,5 – 20,5 + condição geral prejudicada (enfraquecida) ou ingestão alimentar na última semana entre 25-60% das necessidades nutricionais. 2 moderado escore Cirurgia abdominal de grande porte, AVC. Pneumonia grave, doença hematológica maligna (leucemia, linfoma). Paciente confinado ao leito. 3 grave escore Perda de peso > 5% em 1 mês (> 15% em 3 meses) ou IMC < 18,5 + condição geral prejudicada (en- fraquecida) ou ingestão alimentar na última semana entre 0-25% das necessidades nutricionais. 3 grave escore Trauma, transplante de medula óssea, paciente em terapia intensiva (APACHE > 10). Classificação Escore total : ≥ 3 pontos = risco nutricional. Escore ≥ 3 pontos = risco nutricional. Paciente dve ser reavaliado semanalmente. Porém, se o paciente tiver indicação de cirurgia de grande porte, deve-se considerar plano de cuidado nutricional preventivo para evitar riscos associados. 26UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 26UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria 3. NECESSIDADES NUTRICIONAIS EM GERIATRIA: Necessidade nutricional tem por definição as quantidades de nutrientes e energia disponíveis nos alimentos, que um indivíduo saudável precisa ingerir para garantir as suas necessidades fisiológicas normais e também precaver possíveis deficiências. Essas necessidades são individuais e estão expressas em médias para grupos semelhantes da população (CUPPARI, 2014). Quando se trata do grupo de idosos é preciso estar atento a vulnerabilidade e particularidades dessa população. Quando falamos do planejamento dietético é preciso analisar a necessidade energética total e o objetivo do tratamento, se é correção de nutrientes, uma patologia específica, aumento ou redução de peso. No envelhecimento acontecem declínio na taxa metabólica em repouso, principalmente devido a redução das células musculares metabolicamente ativas (SILVA; MARUCCI e ROEDIGER, 2016). A idade não pode ser a única forma de se caracterizar o paciente geriátrico, mas sim pelo alto grau de fragilidade, doenças presentes, as quais são mais comuns por volta dos 80 anos de idade. (WIDTH, 2018) Alguns fatores como essa redução nas taxas metabólicas, as reduções das atividades físicas sejam cotidianas ou programadas, gastando assim menos energia, contribuem para o aumento de peso. Os idosos são grupos muito susceptíveis a carências nutricionais, portanto é preciso cautela com dietas muito rígidas para redução de peso. Para a correta interpretação do IMC (Índice de Massa Corporal) nos idosos é preciso adotar padrões de referência específico (SILVA; MARUCCI e ROEDIGER, 2016) 27UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 27UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria TABELA 2– ÍNDICE DE MASSA CORPORAL Fonte: Lipschitz (1994). A partir de 65 anos ou mais, há um aumento no risco de mortalidade em indivíduos com índice de massa corporal (IMC) inferior a 23 kg/m2, e a perda de peso seja involuntária ou não intencional é um fator de risco nutricional mais significativo entre os idosos. De maneira geral a regra para estabelecer a necessidade calórica diária do idoso é que ele receba 30 kcal/kg/dia, e a oferta proteica deve ser de 1g/kg/dia no mínimo. Claro que esses valores devem ser ajustados conforme o nível de atividade física, o estado nutricional do idoso, a sua tolerância, a presença de doenças e comorbidades. Se não houver deficiência de micronutrientes específicos, deve se ofertar as quantidades que são recomendadas para idosos saudáveis. Orientar corretamente os profissionais de saúde e cuidadores do idoso, assim como familiares envolvidos sobre as necessidades nutricionais, a dieta e planejamento dietético, para que estes estejam atentos as quantidades ingeridas por esses idosos. Na oferta de macronutrientes temos as seguintes recomendações: Carboidratos: 50 a 60% do VET (valor energético total) da dieta, cerca de 130g/dia, e a ingestão de açúcares simples <10% do VET. As Fibras são recomendadas para homens 30g/dia, e para mulheres cerca de 21g/dia. Proteínas: 10 a 35% do VET, de 0,8g a 1,0g/kg/dia em idosos saudáveis. Lipídios: 15 a 30% do VET, sendo <10% de ácidos graxos saturados, 6 a 10% ácidos graxos poli-insaturados, 5 a 8%, ácido graxo ômega- 6, 1 a 2% ácidos graxos ômega -3. Nos micronutrientes temos os minerais: Cálcio a absorção se apresenta diminuída nos idosos devido a redução da resposta do intestino para a Vitamina D ativa (1,25- diidroxicolecalciferol), com a menopausa as mulheres têm necessidade aumentada e a suplementação se torna necessária. 28UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 28UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria A ingestão recomendada de cálcio é de 1200 mg acima de 50 anos. O Ferro também apresenta redução, muitas vezes devida gastrite, úlceras gastrointestinais e câncer devido as perdas sanguíneas, a recomendação é 8 mg/ dia. Com a redução do zinco o idoso fica mais susceptível a infecções, recomendação de 8 mg/dia para mulheres e 11 mg/dia para homens. Deficiência de vitamina B6 é comum em idosos alcoólatras, 1,5 mg/dia para mulheres e 1,7 mg/dia para homens. Pode ocorrer prejuízo na absorção da vitamina B12 nos idosos devido atrofia gástrica, anemias, medicamentos, bariátricas. A recomendação é de 2,4 mcg/dia. Não podemos esquecer da importância de manter a hidratação dos nossos idos, eles têm menos percepção da sede e são mais vulneráveis a desidratação, geralmente para idosos o cálculo da ingestão hídrica é 40 ml/kg de peso, estimulando também o trânsito intestinal, e ajudando em sintomas de constipação bem comum os idosos, mantem a umidade da boca, além de melhorar a absorção dos nutrientes. Quando idoso não consegue ter uma boa ingestão alimentar, prejudica assim sua necessidade e aporte calórico necessário, é preciso suplementar, com a devida prescrição do médico ou nutricionista. 29UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 29UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria 4. DIAGNÓSTICOS NUTRICIONAIS O termo “diagnóstico” se refere ao parecer clínico no qual é descrito o estado de saúde do paciente, na área de atuação do profissional. A saúde e nutrição tem elos fortes, e o estado nutricional e cada aspecto que esteja interligado a alimentação do paciente acaba sendo um interesse em comum de diversos profissionais. O diagnóstico em nutrição é especifico do nutricionista, em que o diagnóstico, seja médico ou de enfermagem pode ou não, ter relação com as intervenções do nutricionista. Mesmo diante do diagnóstico médico ou de enfermagem permanecer o diagnóstico em nutrição, assim como a intervenção nutricional deverá resolver o problema, ele atua como um qualificador, descrevendo o problema na forma de “excessiva”, “subótima”, “aumento”, “alteração”, entre outros (MARTINS, 2016). Agora citaremosalguns diagnósticos de Nutrição para conhecimento e futura intervenção nutricional. Entre os diagnósticos de nutrição temos: 4.1 INGESTÃO: aqueles problemas ligados à ingestão de energia, nutrientes, líquidos e substâncias bioativas por via oral, sonda e parenteral. Como por exemplo: ● Aumento do gasto energético; ● Ingestão subótima de energia; ● Ingestão excessiva de energia; ● Ingestão insuficiente da energia estimada; ● Ingestão excessiva da energia estimada; 30UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 30UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria ● Aumento das necessidades de nutrientes (especificar); ● Desnutrição; ● Desnutrição relacionada à inanição; ● Desnutrição relacionada à condição ou doença crônica; ● Desnutrição relacionada à injúria ou doença aguda; ● Ingestão subótima de energia e proteína; ● Diminuição das necessidades de nutrientes (especificar); ● Desequilíbrio de nutrientes. (MARTINS,2016) 4.2 NUTRIÇÃO CLÍNICA: representam os problemas nutricionais identificados os quais se relacionam as condições clínicas ou físicas. ● Dificuldade na deglutição; ● Dificuldade na mordedura/mastigação; ● Dificuldade na amamentação; ● Alteração na função gastrintestinal; ● lnteração na utilização de nutrientes (especificar); ● Alteração nos valores laboratoriais relacionados à nutrição (especificar); ● Interação fármaco-nutriente (especificar); ● Interação prevista de fármaco-nutriente (especificar); ● Condição crônica de peso ou alteração de peso, quando comparado com o usual ou o desejado; ● Baixo peso; ● Perda de peso involuntária; ● Sobrepeso/obesidade; ● Sobrepeso, adulto ou pediatria; ● Obesidade, pediatria; ● Obesidade, classe I; ● Obesidade, classe II; ● Obesidade, classe III; ● Ganho de peso involuntário; ● Taxa de crescimento abaixo do esperado; ● Taxa de crescimento excessiva; 31UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 31UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria Existem inúmeros outros diagnósticos nutricionais. Mas aqui apontamos os principais. Lembrando que os domínios e definições de diagnósticos nutricionais foram padronizados em: Ingestão, Nutrição Clínica e Comportamento/Ambiente Nutricional (MARTINS, 2016). SAIBA MAIS Você sabia que a medida realizada no perímetro da panturrilha, é um indicativo para diagnosticar desnutrição nos idosos? Essa medida é realizada com o indivíduo sentado, com a perna relaxada ou em pé com peso distribuído nos dois pés de forma igual, é passada a fita métrica em volta da panturrilha na área de maior protuberância, se a medida for <31 cm indica Desnutrição. Fonte: A autora (2022). REFLITA “Se o tempo envelhecer o seu corpo mas não envelhecer a sua emoção, você será sempre feliz”. Augusto Cury (1958). Fonte: FRASES.ART. Disponível em: https://frases.art.br/augusto-cury/se-o-tempo-envelhecer-o-seu- -corpo-mas-nao-envelhecer-a-sua-sera.htm. Acesso em: 14 jul. 2022. https://frases.art.br/augusto-cury/se-o-tempo-envelhecer-o-seu-corpo-mas-nao-envelhecer-a-sua-sera.htm https://frases.art.br/augusto-cury/se-o-tempo-envelhecer-o-seu-corpo-mas-nao-envelhecer-a-sua-sera.htm 32UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 32UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria CONSIDERAÇÕES FINAIS Na segunda unidade de estudos, falamos de assuntos extremamente importantes relacionados ao cuidado do idoso, entre eles parte do tema da nossa disciplina a avaliação nutricional do idoso, as principais formas, medidas, e diagnósticos de nutrição. Conhecendo as necessidades do idoso, as principais alterações você será capaz de avaliar possíveis carências, deficiências e excessos de nutrientes que possam estar prejudicando saúde do nosso paciente. Até a próxima unidade. 33UNIDADE I Envelhecimento e Conceitos 33UNIDADE II Estado Nutricional em Geriatria MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Diagnósticos em Nutrição- Fundamentos e implementação da Padronização Internacional Autor: Cristina Martins. Editora: Artmed. Sinopse: Esta obra apresenta a proposta de padronização nacional e internacional do cuidado de nutrição, com ênfase especial na terminologia dos diagnósticos. Com linguagem simples, é referência essencial ao discutir o uso de uma mesma terminologia para identificar problemas cujas intervenções são de responsabilidade do nutricionista. FILME/VÍDEO Título: O curioso caso de Benjamin Button Ano: 2008. Sinopse: Benjamin Button é um homem que nasce idoso e rejuvenesce à medida que o tempo passa. Doze anos depois de seu nascimento, ele conhece Daisy, uma criança que entra e sai de sua vida enquanto cresce para ser dançarina. Embora tenha todos os tipos de aventuras incomuns, sua relação com Daisy o faz acreditar que os dois se encontrarão no momento certo da vida. 34 Plano de Estudo: ● Recomendações Dietéticas no Envelhecimento; ● Aspectos nutricionais voltados às doenças mais comuns dos idosos; ● Recomendações nutricionais na disfagia e úlcera de pressão. Objetivos da Aprendizagem: ● Entender as recomendações dietéticas estabelecidas para o idoso, para conseguir compreender possíveis carências e deficiências que ele possa estar vivenciando; ● Aprender sobre as necessidades nutricionais do idoso, para identificar carências nutricionais, assim como compreender os diagnósticos nutricionais; ● Conhecer quais são as recomendações nutricionais para garantir melhor cuidado e evolução do idoso em processos de disfagia e úlceras de pressão. UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento Profa. Esp. Verônica Graciela Rapcinski 35UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento INTRODUÇÃO Chegamos a nossa terceira unidade, nessa etapa da aprendizagem, vocês poderão aprender a importância de manter nosso idoso em bons cuidados nutricionais, no plano de cuidados é muito importante conhecer as necessidades nutricionais na geriatria, que vão de acordo com a idade. Conhecendo a real necessidade que nosso idoso tem de micronutrientes, vitaminas, minerais assim como os macronutrientes, para que ele tenha garantido o recebimento de um aporte calórico, energético e proteico adequado. Iremos aprender sobre o aspecto nutricional envolvendo as principais doenças como distúrbios cardiovasculares, obesidade sarcopênica, doença de Alzheimer, osteoporose, neoplasias e seus efeitos adversos. Você irá aprender as alterações nutricionais na disfagia e úlcera de pressão. Sejam bem-vindos (as) a mais essa unidade de estudo e conhecimento! Bons estudos! 36UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento 1. RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS NO ENVELHECIMENTO Junto a todas alterações ficas e psicológicas causadas no processo do envelhecimento, vem as mudanças nas necessidades nutricionais, e por sua vez, o estado nutricional é afetado. Fatores como doenças crônicas, uso de vários fármacos (polifarmácia) acentuam a necessidades de ingestão de nutrientes o que acaba por resultar em desnutrição. Existem inúmeros estudos que apontam que a desnutrição é comum entre a população idosa, com prevalência entre 12 e 50% dos pacientes hospitalizados e 23 a 60% dos idosos que permanecem em instituições de longa permanência. Também existe a anorexia do envelhecimento, a qual acontece devido a inapetência e ingestão alimentar que reduzem e modificam drasticamente se comparado a adultos mais jovens (WIDTH e REINHARD, 2018). Essas mudanças coligadas ao envelhecimento acabam por afetar as necessidades de vários nutrientes essenciais, de uma forma geral, acontece a diminuição das necessidades de alguns nutrientes, como a da necessidade energética. Todavia, também existem nutrientes que terão necessidades em quantidades maiores. Por exemplo, dois nutrientes muito importantes e de maneira particular preocupantes nos idosos é a vitamina B12 e vitamina D, estudos mostram que 6% de indivíduos com idades maiores de 60 anos apresentam deficiência de vitamina B12 (WIDTH e REINHARD, 2018). 37UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento Um dos motivos é a redução na produção de ácido clorídrico (acloridria) a qual ocasionaem má absorção, assim como uso de fármacos redutores da produção de ácido clorídrico, principalmente os inibidores da bomba de prótons, tudo nisso reduz significativamente a absorção de vitamina B12. Com o envelhecimento, o indivíduo se expõe cada vez menos a luz solar, o que aumenta a deficiência de vitamina D, a má absorção também está ligada às doenças crônicas e a ingestão alimentar insuficiente (WIDTH e REINHARD, 2018). Inúmeros fatores associados a velhice acabam por levar ao isolamento social, e interferir na alimentação do idoso, como uso de grandes quantidades de medicamentos, perda de cônjuges, perda da autonomia e autocuidado e a mudança profissional com a chegada da aposentadoria (SILVA; MARUCCI e ROEDIGER, 2016). Recursos econômicos insuficientes vindos de pensões e aposentadorias, mitos, tabus e crenças relacionadas a alimentação são muito comuns entre os idosos, e acabam por interferir na ingestão alimentar do mesmo. A nutrição deve construir maneiras para que esse aporte e ingestão calórica aumentem e atinjam níveis adequados, adequando a maneira de preparar os alimentos conforme necessidade fisiopatológicas, visando facilitar a digestão, otimizando valor nutritivo dos alimentos, apresentando os alimentos através de preparos que despertam os sentidos (SILVA, 2016). Já vimos nas unidades anteriores que o envelhecimento traz prejuízos na absorção, no uso e na excreção de nutrientes. Existem recomendações mais específicas que são fundamentais para os idosos, de acordo com as Diretrizes Alimentares para americanos de 2010 são elas: ● Manter o equilíbrio de energia ao decorrer dos anos, visando adquirir e manter um peso corporal que seja saudável. Garantir os padrões de alimentação saudável limitando a ingestão de sódio, gorduras sólidas, a adição de açúcares e de grãos refinados. Aumentar as atividades físicas reduzindo o tempo gasto com atividades sedentárias. ● Focar em consumo de bebidas e alimentos que estejam enriquecidos de nutrientes. Escolher produtos lácteos e leite livre de lipídeos ou que seja com baixo teor de lipídeos, peixe e frutos do mar, carnes magras e aves domésticas, ovos, feijões e ervilhas, nozes e sementes. Escolher vegetais, frutas, grãos integrais e leite e produtos lácteos para adquirir mais potássio, fibras alimentares, cálcio e vitamina D como nutrientes de grande importância. Buscar ingerir variedade de vegetais, dando preferência aos vegetais verde-escuros, vermelhos e laranjas, feijões e ervilhas. E que no consumo de grãos metade seja de grãos integrais. 38UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento ● Buscar o consumo de alimentos enriquecidos com vitamina B12, como os cereais fortificados, ou suplementos alimentares. ● Para garantir um padrão alimentar saudável, ele deve evitar doenças transmitidas por alimentos. Mantendo os quatro princípios da segurança alimentar são eles: limpar, separar, cozinhar e refrigerar, no qual estes irão trabalhar em conjunto para reduzir o risco de doenças transmitidas por alimentos. ● Limitar o consumo de álcool, que seja com moderação, sendo até uma vez por dia para mulheres e duas vezes por dia para homens (MAHAN, 2018). Abaixo segue tabela de alterações das necessidades nutricionais com o envelhecimento e suas possíveis e algumas soluções: FIGURA 1 - ALTERAÇÕES DO ENVELHECIMENTO Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/olho-pele-cobertura-enrugado-7544830/ TABELA 1 - ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS DO ENVELHECIMENTO E ALGUMAS SOLUÇÕES Nutrientes Alterações Soluções Energia-Kcal Queda na taxa do metabolismo basal, diminuição das necessidades energéticas cerca de 3% por década em adultos. Fornecer e incentivar o consumo de alimentos ricos em nutrientes e em quantidades adequadas às necessidades calóricas. Proteínas Variação das necessidades, confor- me presença de doenças crônicas, redução na absorção e síntese. Não aumentar constantemente na rotina, pois o excesso poderá trazer prejuízo e desgaste desnecessário dos rins. 39UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento Carboidratos e Fibras A presença de constipação nos idosos é bem comum. Incentivar o consumo de carboidratos complexo como: legumes, vegetais, grãos integrais, frutas pois os menos irão fornecer fibras, vitaminas essenciais, minerais. O aumento do consumo de fibras acarretará em melhora no trânsito intestinal e terá o efeito laxativo, especialmente em adultos idosos. Lipídeos É bem comum o diagnóstico de doenças cardíacas em idosos. Não restringir excessivamente as gorduras, pois acarretará em mudança no sabor, textura, afetando de maneira negativa a dieta. Mas ofertar gorduras saudáveis. Vitamina B12 Devido à baixa ingestão, redução na produção do ácido gástrico, o qual facilita a absorção dessa vita- mina, acaba por aumentar o risco de deficiência. Ingerir alimentos enriquecidos com B12 como cereais ou suple- mentos. Vitamina D Deficiência na síntese, redução a exposição solar, menor capacidade de conversão dos rins para ativar a forma hormonal, aumenta o risco de deficiência. Suplementação muitas vezes é necessária, porém é acessível. Cálcio Além da redução na absorção, apenas 4% das mulheres e 10% dos homens com idade acima de 60 anos ou mais cumprem as recomendações preconizadas através de fontes alimentares. Recomenda-se a ingestão de alimentos que sejam fortificados assim como as fontes alimentares. Potássio Alguns medicamentos de uso con- tínuo como diuréticos depletam esse mineral. Ingestão de frutas e vegetais. Sódio Seja na hipernatremia causada por excesso alimentar e desidra- tação ou na hiponatremia causada por retenção de líquidos, ambas acarretam em risco e danos. Reduzir a ingestão de sódio diária para 1500 mg. Zinco A deficiência traz prejuízo na imunidade, paladar, acarreta em anorexia, e cicatrização tardia de feridas e surgimento de úlceras de pressão. Fazer ingestão de fontes alimentares como: carnes magras, ostras, produtos lácteos, feijões, amendoim, frutos secos e sementes. Fonte: Adaptado de: Mahan (2018). 40UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento 2. ASPECTOS NUTRICIONAIS VOLTADOS ÀS DOENÇAS MAIS COMUNS DOS IDOSOS 2.1 Nutrição nos Distúrbios Cardiovasculares A aterosclerose é a base fisiopatológica para o aparecimento dos distúrbios cardiovasculares, o qual vem se desenvolvendo por décadas. Estudos comprovam, como fatores de risco para a formação de aterosclerose e demais complicações, o papel inquestionável das dislipidemias, LDL-colesterol elevado e HDL colesterol diminuído, hipertensão arterial sistêmica (HAS), tabagismo, idade e também o diabetes melito (DM). A formação da placa de ateroma na parede dos vasos sanguíneos, às consequências clínicas, tais como o infarto agudo do miocárdio (IAM), o Acidente Vascular Cerebral (AVC), estão profundamente ligadas aos fatores de risco cardiovascular acima mencionados (CUPPARI, 2019). Em que a melhor estratégia para diminuição das morbimortalidades é a prevenção, a terapia nutricional é a primeira conduta nesse manejo em conjunto com as ações da equi- pe multidisciplinar, é indicado consumo de fibras, a soja em substituição à proteína animal, os fitosteróis (abacate, castanhas de caju, sementes de girassol, feijões) que diminuem a absorção do colesterol alimentar. Assim como alimentos antioxidantes e vitaminas como C e E, carotenoides, flavonoides (suco de uva integral, chá-verde) (CUPPARI, 2019). 41UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento 2.2 Nutrição na Obesidade Sarcopênica No envelhecimento quando a diminuição da massa muscular e perca da força e função, acontece então a sarcopenia, já a obesidade no envelhecimento é caracterizada ao aumento de gordura abdominal, o tecido gorduroso exerce maior infiltração no fígado e músculos, o que acarreta em perca de força, o músculo perde a qualidade, causando assim dano a capacidade funcional. O pior desfecho é quando acontece a presença da obesidade esarcopenia juntas, acarretando em pior desfecho. Na conduta nutricional da obesidade sarcopênica, é necessário priorizar dois pontos, o valor calórico que está sendo ofertado, lembrando que há uma redução no gasto energético com a idade, podendo ofertar cerca de 20 a 25 kcal/kg planejado para que a perca de peso seja gradativa e não afete a massa muscular de maneira significativa, e outro fator é a oferta proteica, a recomendação é de 0,8/ kg/dia, porém, vários estudos demonstram eu variar de 1 a 1,5g/kg/dia tem mais eficiência no que se refere ao metabolismo proteico dos idosos (AQUINO e PHILIPPI, 2016). FIGURA 2 – ALZHEIMER E O ESQUECIMENTO Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/adulto-sozinho-solitario-borrao-8172324/ 2.3 Nutrição na Doença de Alzheimer Doença degenerativa caracterizada principalmente pelo déficit de memória, prejuízo das funções cognitivas (linguagem, desempenho intelectual) perdendo a autonomia cada vez mais. É importante ressaltar o papel da dieta, pois quando adequada, ela pode contribuir na resistência aos problemas mentais e se inadequada o risco acaba por aumentar. 42UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento Normalmente os portadores de doença de Alzheimer apresentam perca de peso, em que um em cada sete que recebem esse diagnóstico, apresenta desnutrição, tendo o pior desfecho no estado cognitivo. Isso mostra a importância de monitorar o estado nutricional de tais indivíduos, ter uma dieta balanceada tanto em energia quanto em nutrientes específicos como antioxidantes, ácido fólico, vitamina B6 e B12, vitamina D, flavonoides, fibras. Assim como é de extrema importância o cuidado nutricional, de acordo com a fase da doença se leve, moderada ou severa, pois na fase leve ocorre perca de sensibilidade gustativa e limiar da sede, sendo importante o uso de ervas e especiarias seja para temperar os alimentos como aromatizar a água. Na fase moderada, começa a acontecer o esquecimento da realização das refeições, uma estratégia possível é fracionar a dieta em várias refeições. Tanto na fase moderada, quanto na severa, acontece o risco de disfagia sendo importante o uso de espessantes. E quanto mais severa e avançada a progressão da doença, maior necessidade de entrar com suporte nutricional enteral (AQUINO e PHILIPPI, 2016). 2.4 Nutrição na Osteoporose Doença caracterizada por baixa massa óssea e decomposição do tecido ósseo, sendo maior o risco de fraturas por osteoporose com o avançar da idade. Na fase inicial é de fácil diagnóstico e prevenção, antes de acontecer fraturas. Nos idosos, sua etiologia é diferente, pois no idoso acontece o hiperparatireoidismo secundário à hipocalcemia, e o declínio hormonal são os principais causadores, mas também pode acontecer na pós- menopausa com o déficit de estrogênio. Fatores como tabagismo, etilismo, sedentarismo, dieta pobre em cálcio e vitamina D, assim como elevada ingesta de fósforo na dieta, artrite reumatoide, hipertireoidismo, má absorção gastrointestinal entre outras, uso de corticosteroide induzem a perca de massa óssea. Na terapia nutricional, é importante manter uma dieta rica em Cálcio e vitamina D para minimizar o risco de fraturas. Mulheres acima de 50 anos, preconiza-se o consumo de 1200 mg de Cálcio por dia, o ideal é que seja 1500 mg/dia, além da pequena exposição ao sol para que ocorra a produção de vitamina D (RAMOS e CENDOROGLO, 2011). 2.5 Nutrição nas Doenças Neoplásicas Quando ocorre uma proliferação anormal do tecido, fugindo do controle do organismo e tendo efeito agressivo ao hospedeiro, acontece o câncer ou neoplasia. Dependendo da agressividade, localização do tumor, assim como órgãos que estão envolvidos poderá acontecer um dano grave ao estado nutricional do idoso, como a desnutrição e a caquexia, além dos efeitos adversos da terapia antineoplásica que o paciente sofre. 43UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento O objetivo da terapia nutricional no paciente oncológico é evitar o hipercatabolismo proteico, assim como diminuir a morbimortalidade associada a desnutrição, oferecendo energia, fluidos e nutrientes com quantidades ideais garantindo assim as funções vitais e atividade do sistema imunológico. Muitas vezes é necessário mudar a consistência da dieta para melhor aceitação e até tolerância como pastosa, líquida e fazer uso de suplementos hipercalóricos e hiperproteicos (SILVA e MARUCCI, 2016). Para reduzir os efeitos adversos causados pelo tratamento, sugere algumas orientações, como no caso de: Náuseas e vômitos: fazer o consumo de alimentos mais gelados, ou em temperatura ambiente, aumentar o fracionamento e diminuir a quantidade das refeições, chupar gelo, picolés de frutas cítricas. Evitar doces concentrados, frituras, alimentos gordurosos, condimentos fortes, se deitar logo após as refeições; Alteração do paladar: fazer uso de balas azedas ou ácidas, gelatina de limão, temperos naturais, bochecho com chá de camomila antes das refeições. Evitar alimentos muito quentes ou muito gelados. Mucosite: fazer uso de alimentos mais macios e pastosos, alimentos gelados ou em temperatura ambiente, e necessário em casos mais graves liquidificar os alimentos. Evitar alimentos ácidos, picantes, com muito sal e quentes. Xerostomia: ingerir alimentos com caldos e molhos, chupar balas azedas ou ácidas, picolés ou gelos, fazer a ingestão em abundância de líquidos como chás, sucos e água. Evitar alimentos secos. Constipação intestinal: ingerir frutas laxativas como ameixa, mamão, laranja, abacate e banana nanica. Líquidos em abundância, legumes e verduras de preferência crus devido à presença de fibras, frutas com casca e bagaço. Evitar maisena, tapioca, sagu, banana prata, banana maçã, pera e maçã sem casca, goiaba e caju. Diarreia: fazer a ingestão de líquidos em abundância, consumir batata, chuchu, cenoura cozida, aipim, inhame, cará, arroz, macarrão, torradas, biscoito de água e sal ou de maisena e carnes grelhadas. Evitar leite e derivados, margarina, manteiga, banha, creme de leite, frituras, condimentos picantes, embutidos, cereais integrais, alimentos que causam flatulência (SILVA e MARUCCI, 2016). 44UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento 3. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA DISFAGIA E ÚLCERA DE PRESSÃO 3.1 Disfagia Qualquer alteração que possa acontecer no desempenho da deglutição causando a dificuldade de engolir alimentos e líquidos se refere a disfagia. A dificuldade de estar deglutindo líquidos ralos, inclusive a saliva, a qual necessita de coordenação e controle, o risco de ter pneumonia aspirativa aumenta, e assim a disfagia pode resultar em desnutrição e desidratação. Quando o paciente está tentando se adaptar a essa condição acaba por modificar a consistência das preparações, adicionando mais água por exemplo e diminuindo assim a densidade calórica dos alimentos (SILVA e MARUCCI, 2016). O resultado desses danos e dificuldades para estar conseguindo se alimentar é o prejuízo no estado nutricional do paciente, levando a desnutrição. É preciso levar em consideração os indicadores bioquímicos e antropométricos, assim como toda a análise do consumo alimentar (CUPPARI, 2019). O nutricionista tem um papel de extrema importância, adequando a necessidade e oferta calórica, junto a ingestão e adequação também da consistência da dieta para facilitar a deglutição e oferta proteica ideal diminuindo assim o risco de desnutrição (SILVA e MARUCCI, 2016). A terapia nutricional na disfagia tem como objetivo garantir a adaptação da dieta de acordo com o grau de disfagia, e promoção e recuperação do estado nutricional. 45UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento Lembrando que tudo irá depender do grau da disfagia, como a dieta por via oral e a consistência. Pode acontecer a indicação de nutrição enteral, principalmente quando a disfagia acontece inclusive com os líquidos. Ofertar dieta hipercalórica e hiperproteica, enriquecendo as preparaçõespor via oral. Caso ocorra inflamação da mucosa esofágica devido ao atrito com algum alimento não deglutido, é preciso evitar sucos e frutas ácidas, assim como condimentos e especiarias picantes que possam causar irritação da mucosa e dor. Não se esquecer da temperatura, não podendo ofertar alimentos com altas temperaturas (CUPPARI, 2019). Essa tríade que envolve a disfagia, desnutrição e o envelhecimento deve receber atenção e alerta dos profissionais da saúde tanto para com à manutenção e/ou melhora do estado nutricional destes pacientes que acabam por estar sob risco potencial, como o tratamento deve contribuir na melhora clínica, nutricional e também na qualidade de vida (AQUINO e PHILIPPI, 2016). QUADRO 1 - CONSISTÊNCIA DE LÍQUIDOS ESPESSADOS Consistência Descrição da Consistência Exemplos Rala Líquidos ralos Água, gelatina, café́, chás, sucos, refrigerantes Néctar O líquido escorre da colher formando um fio Suco de manga, ou pêssego ou iogurte de beber Mel O líquido escorre da colher formando um V Mel Creme ou Pudim O líquido se solta da colher caindo em bloco Creme de abacate e iogurtes cremosos Fonte: Adaptado de: Aquino (2016). FIGURA 3 – IDOSO HOSPITALIZADO BRONCOASPIRAÇÃO Fonte:https://br.freepik.com/fotos-gratis/medica-colocando-mascara-de-oxigenio-no-rosto-do-pacien- te_8237009.htm#page=2&query=idoso%20hospitalizado&position=46&from_view=search 46UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento 3.2 Úlcera de Pressão Com toda essa mudança ocorrida no envelhecimento, e muitas vezes associado a patologias que trazem prejuízo no estado nutricional do idoso, como perda de peso, massa magra, também ocorre a fragilidade dos tecidos. E junto dessa fragilidade, temos as úlceras de pressões que podem ser causadas tanto por fatores externos como internos. São definidas como uma região com lesão na pele e tecidos subjacentes, podendo acontecer tanto por pressão, tensão e fricção, ou o conjunto de todos esses fatores. A predominância dessas lesões varia de 3% a 66% dependendo da condição do paciente, das doenças existentes e a forma em que o idoso é tratado, tudo isso gera sobrecargas físicas e emocionais, além das sociais tanto para o paciente quanto familiares. Essas lesões prejudicam por demais a qualidade de vida do idoso, sua mobilidade, causando dor e desconforto. Um idoso em desnutrição proteica calórica está muito mais susceptível ao aparecimento desse tipo de lesão. O objetivo da terapia nutricional é reduzir o risco para o desenvolvimento dessas lesões, através de uma ingestão dietética e proteica adequada, um índice de massa corporal mais próximo do ideal, sem perdas de peso que possam agravar o estado nutricional do idoso (CAMPOS et al., 2010). Deficiências nutricionais de vitaminas A e E, caroteno, de minerais como zinco influenciam na cicatrização dos tecidos, além da redução na síntese de colágeno e elastina. Os cobres junto ao ferro também trazem o fortalecimento da cicatriz. Assim como a inadequação na oferta de carboidratos o que pode ocasionar em degradação muscular, redução de tecido adiposo e uma cicatrização deficiente. Oferta adequada e maior de proteínas, junto a nutrientes específicos tem mostrado menos risco de desenvolver úlceras por pressão devido terem melhor cicatrização dos tecidos (FREITAS et al., 2011). No manejo nutricional, é importante ofertar energia suficiente tanto para manutenção quanto recuperação do estado nutricional e do peso perdido: 30 a 35 kcal/kg/dia, aumentando para 35 a 40 kcal/kg/dia para pacientes desnutridos ou que estejam perdendo peso. Também garantir o aporte proteico, fornecendo proteínas suficientes para manter um balanço nitrogenado positivo e conservar energia: 1,5 a 2,0 g/kg/dia. Se houver suspeita ou até mesmo confirmação da deficiência de vitaminas e minerais, ofertar suplemento de polivitaminas/minerais que contemple a recomendações diárias dos micronutrientes necessários à cicatrização da ferida. Manter suplementação de zinco quando deficiência provável ou confirmada (WIDTH e REINHARD, 2018). 47UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento SAIBA MAIS O envelhecimento traz alterações que levam a uma predisposição às lesões cutâneas. É o que explica Christiane Machado, diretora científica da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia): “A pele fica mais delgada, mais frágil, com menos colágeno e uma circulação sanguínea menos eficaz. Isso torna a pessoa idosa mais vulnerável”, completa. Há aumento de rugosidade na pele, além da redução de glândulas que produzem a umidade e as gorduras naturais dos tecidos Outras condições que aumentam as lesões cutâneas em idosos são: ● A necessidade de permanecer numa mesma posição; Problemas circulatórios, que atrapalham o fluxo do sangue para os tecidos; ● A necessidade de passar longos períodos internados; ● Têm muito atrito (fricção) com lençol e cobertores; ● Sudorese aumentada ou diminuída, ou seja, a pele fica ressecada ou muito úmida; ● Alteração da sensibilidade da pele; ● Higiene inadequada, principalmente quem depende de um cuidador para trocar a fralda ou ir ao banheiro; ● Incontinência urinária e fecal, que deixa a pele úmida com mais frequência; ● Desnutrição ou sobrepeso, já que o estado nutricional altera a cicatrização. Acesse o site para saber mais sobre: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/03/18/ lesoes-por-pressao-como-evitar-as-feridas-no-idoso-acamado-ou-cadeirante.htm?cmpid= REFLITA A beleza dos jovens está na sua força; a glória dos idosos, nos seus cabelos brancos. Provérbios 20:29 Fonte: FRASES. 40 Frases sobre idosos para valorizar a melhor idade. Disponível em: https:// www.42frases.com.br/frases-sobre-idosos. Acesso em: 05 ago. 2022. https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/03/18/lesoes-por-pressao-como-evitar-as-feridas-no-idoso-acamado-ou-cadeirante.htm https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/03/18/lesoes-por-pressao-como-evitar-as-feridas-no-idoso-acamado-ou-cadeirante.htm https://www.42frases.com.br/frases-sobre-idosos https://www.42frases.com.br/frases-sobre-idosos 48UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa terceira unidade, você pode aprender sobre as mudanças que acontecem e afetam o estado nutricional do idoso. Assim como as doenças que também acabam por ocasionar perda de massa magra, inapetência, e a necessidade de manter um bom estado nutricional para garantir a longevidade de qualidade ao nosso idoso. Espero que você tenha aprendido e mudado sua visão sobre o estado nutricional do idoso, garantindo assim um cuidado de excelência com uma visão profissional adequada. Bons estudos, até a próxima!!!! 49UNIDADE III Nutrição no Envelhecimento MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Tratado de Nutrição em Gerontologia. Autor: Maria de Lourdes do Nascimento Silva. Editora: Manole. Sinopse: O processo de envelhecimento é, hoje, uma realidade mundial, inclusive no Brasil, sendo que a alimentação e a nutrição são condições básicas para a manutenção da saúde dos idosos em qualquer nível de atenção. Diante de tal cenário, torna-se fundamental o estudo e a pesquisa de todos os aspectos que envolvem esse grupo populacional, para que se possam elaborar estratégias de intervenções nutricionais efetivas e eficientes e, assim, contribuir para a longevidade e o envelhecimento bem-su- cedidos. Baseado nessas considerações, este livro originou-se do desejo das organizadoras em suprir a ausência de uma obra que pudesse contemplar a nutrição e a alimentação em gerontologia, e proporcionar aos profissionais de saúde e aos alunos aprendiza- gem atualizada e específica sobre essa ciência. Este livro reúne os mais diferentes temas da nutrição e da alimentação do idoso, possibilitando oportunidade única para produção de conhecimento científico inovador na área de nutrição, gerontologia, geriatria, medicina e saúde pública. FILME/VÍDEO Título: O Escafandro e
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