Buscar

Glandulas S. Saliva

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A cavidade bucal é banhada por um fluido chamado saliva, produzido pelas glândulas 
salivares, cuja função principal é manter a saúde bucal. Indivíduos com deficiência de 
secreção salivar experimentam dificuldade para comer, falar e deglutir, tornando-se 
propensos a infecções de mucosa e lesões de cárie rampante. 
Glândulas maiores e menores 
As glândulas maiores são responsáveis por 90% da saliva total e englobam as glândulas 
parótida, submandibular e sublingual. 
 
 A parótida é a maior glândula salivar, localizada na frente da orelha, abaixo do processo 
zigomático e atrás dos ramos da mandíbula, bilateralmente. Seu ducto, com 5 cm de 
comprimento, emerge na borda anterior da glândula sobre a superfície do masseter, e sua 
abertura se localiza na altura do segundo molar superior. Sua secreção é 
predominantemente do tipo seroso. 
A glândula submandibular tem metade do tamanho da parótida. É localizada entre o 
corpo da mandíbula e o músculo mieloide, no assoalho da boca. A abertura de seus ductos 
se localiza no assoalho bucal, abaixo da parte anterior da língua, sobre o cume da papila 
sublingual e lateralmente ao freio lingual. Sua secreção é serosa e mucosa. 
A glândula sublingual tem 1/5 do tamanho da submandibular, situando-se no assoalho 
de boca, abaixo da dobra da membrana mucosa sublingual. O ducto principal e numerosos 
ductos pequenos emergem no cume da dobra sublingual. Essa glândula é 
predominantemente do tipo mucoso. 
As glândulas menores se localizam na borda lateral da língua, na parte posterior do 
palato e nas mucosas labial e bucal. Secretam basicamente saliva mucosa, à exceção das 
glândulas serosas linguais (glândulas de Ebner), e são responsáveis por aproximadamente 
10% da saliva total. 
Além da secreção das glândulas maiores e menores, a saliva total é composta por fluido 
gengival e células descamadas. 
 
Estrutura das glândulas salivares 
As glândulas são formadas por ácinos (80%) e um sistema de ductos ramificados (20%). 
Os ácinos podem conter células com características serosas, mucosas ou ambos os tipos 
(glândulas mistas). Nas glândulas mistas, as células mucosas são cercadas por células 
serosas. As células serosas são arranjadas em forma esférica; já as células mucosas 
tendem a apresentar configuração tubular. Em ambos os tipos de ácinos, as células se 
organizam de modo a formar um lúmen. As células serosas liberam principalmente íons 
e glicoproteínas com funções enzimáticas, antimicrobianas, quelantes de cálcio, entre 
outros; já as células mucosas são ricas em mucina. A mucina também é glicoproteína, 
mas difere da glicoproteína serosa na estrutura do centro da proteína, na natureza e 
extensão da glicolisação, e na função. Tem função lubrificante, antimicrobiana e participa 
da formação da película adquirida. 
A distinção entre células serosas e mucosas tem se tornado difícil, já que agora se sabe 
que algumas células serosas produzem certas mucinas, assim como células mucosas 
produzem certas proteínas não glicosiladas. Avanços no procedimento de preservação de 
tecido têm demonstrado, por meio de análises histológicas, que as estruturas das células 
serosas e mucosas são similares. 
Há três tipos de ductos que ligam os ácinos à cavidade bucal: intercalado, estriado e 
excretório. O fluido produzido pelas células dos ácinos passa pelo ducto intercalado, que 
apresenta um epitélio cuboidal e um pequeno espaço no lúmen. Na sequência, o fluido 
entra no ducto estriado, que é cercado por células colunares com muitas mitocôndrias, e 
importante para a determinação da composição final da saliva. Por fim, a saliva passa 
pelo ducto excretório, que apresenta células cuboidais, até chegar à parte terminal, que é 
cercada por epitélio escamoso estratificado. Os três ductos nas glândulas parótida e 
submandibular são grandes; já nas glândulas sublinguais e glândulas menores são 
pequenos, esparsamente distribuídos ou mesmo ausentes. 
As células mioepiteliais ao redor dos ácinos, entre células dos ácinos e a lâmina basal, 
auxiliam na propagação do líquido pelos ductos. Além disso, as células mioepiteliais 
proveem força isométrica e suportam o parênquima glandular durante a resposta 
secretória. Acredita-se que essas células provejam sinais necessários para a manutenção 
de polaridade das células e estrutura organizacional. Evidências sugerem ainda que elas 
produzam proteínas com atividade supressora de tumores (inibidores de proteases) e 
fatores antiangiogênese, instaurando uma barreira contra a invasão de neoplasias 
epiteliais. 
Característica histológica da glândula salivar:
 
A glândula e os suprimentos sanguíneo e nervoso são sustentados por um estroma de 
tecido conjuntivo. Este apresenta cápsulas e septos que se estendem internamente, 
dividindo a glândula em lobos e lóbulos e levando vasos sanguíneos e nervos ao 
parênquima da glândula. O tecido conjuntivo apresenta várias células (fibroblastos, 
macrófagos, células dendríticas, plasmáticas, granulócitos e linfócitos). O colágeno e as 
fibras elásticas associadas às glicoproteínas e proteoglicanas constituem a matriz 
extracelular do tecido conjuntivo. 
 
Mecanismos de secreção salivar; Estimulação e controle neural da salivação 
O principal estímulo salivar é de ordem química (sabor), por meio de quimiorreceptores 
encontrados nos botões gustativos, mas também pode ser provocado mecanicamente 
(mastigação), por mecanorreceptores integrantes do ligamento periodontal. O impulso 
aferente é direcionado ao núcleo solitário da medula via nervos facial e glossofaríngeo. 
A informação é transmitida por nervos autônomos, que são fibras parassimpáticas do 
nervo facial e do glossofaríngeo, e fibras simpáticas que seguem os vasos sanguíneos. A 
estimulação parassimpática produz saliva mais aquosa (água e eletrólitos), com alto fluxo 
e baixa concentração proteica; já a estimulação simpática produz saliva com baixo fluxo, 
altamente viscosa e rica em mucina. 
As fibras eferentes, que retornam a mensagem do sistema nervoso para as glândulas 
submandibular e sublingual, são originadas no nervo facial/lingual; já as que retornam a 
mensagem para as glândulas parótidas são oriundas do nervo 
glossofaríngeo/auriculotemporal. Estes nervos liberam neurotransmissores nas 
superfícies dos ácinos, como acetilcolina, norepinefrina e peptídios (substância P, 
polipeptídio intestinal vasoativo). 
A acetilcolina, neurotransmissor parassimpático, liga-se ao receptor muscarínico da 
membrana dos ácinos, regulando a secreção do fluido; já a norepinefrina, 
neurotransmissor simpático, regula a secreção de macromoléculas pela ligação a 
receptores adrenérgicos. A ligação a estes receptores causa a ativação da proteína G pela 
substituição de GDP por GTP. A ativação da subunidade a da proteína G ativa a enzima-
alvo encontrada na membrana, sendo esta a fosfolipase C, para estimulação 
parassimpática, e a adenilato-ciclase, para a simpática. Além da ação das inervações 
simpática e parassimpática sobre as células dos ácinos, esses nervos também controlam o 
fluxo sanguíneo, que é o maior fator na regulação da taxa de fluxo salivar. 
O IP3 é produto da quebra de um lipídio de membrana sob atuação da fosfolipase C (PLC, 
enzima-alvo da estimulação parassimpática). O IP3 se liga aos receptores do retículo 
endoplasmático, liberando cálcio armazenado nessa organela. Os receptores de IP3 são 
canais de cálcio que se abrem quando ligados ao IP3. O sinal de cálcio pode ser ainda 
amplificado pela liberação de cálcio através de receptores rianodine (segundo canal de 
cálcio). Além da mobilização do cálcio armazenado, o processo secretório pode também 
utilizar cálcio extracelular, que é estimulado quando há depleção dos reservatórios de 
cálcio intracelular. 
 
Mecanismo de secreção de eletrólitos e água: estímulo parassimpático: 
 
Mecanismo de secreção de proteínas: estímulo simpático: 
 
A adenilato ciclase (enzima-alvoda estimulação simpática) converte o ATP em cAMP 
(segundo mensageiro). Todas as atividades do cAMP são mediadas pela proteinoquinase 
A (PKA), que se torna ativada e fosforila proteínas celulares responsáveis pela síntese e 
secreção de saliva. 
É importante saber que quando a saliva passa pelo ducto estriado se torna hipotônica, uma 
vez que o ducto reabsorve os eletrólitos da saliva primária (sódio e cloro), assim como 
secreta outros íons (potássio e bicarbonato). No entanto, o ducto não é permeável à água. 
A saliva hipotônica (segunda modificação) é importante, porque facilita a diferenciação 
entre sabores (paladar). Se a saliva permanecesse isotônica seria difícil distinguir sabores 
cuja concentração iônica é menor que a do plasma. A gustatina, proteína salivar, auxilia 
esse processo, já que é necessária para o crescimento e a maturação das papilas gustativas. 
O processo secretório do fluido nas células dos ácinos tem maior capacidade que o 
processo reabsortivo eletrolítico nos ductos. Quando o fluxo salivar é lento (fluxo não 
estimulado, FNE), os ductos conseguem modificar a saliva substancialmente. Já quando 
o fluxo é rápido (fluxo estimulado, FE), o ducto tem pouca capacidade de modificar a 
saliva, sendo esta liberada com composição semelhante à saliva liberada no lúmen (menos 
hipotônica), com concentração de sódio e cloro maior do que a saliva não estimulada. 
Portanto, há diferenças de composição entre saliva estimulada e não estimulada. 
O bicarbonato (HCO3–) salivar é derivado do CO2 devido à ação da anidrase carbônica 
encontrada nos tecidos glandulares salivares. O processo de secreção do bicarbonato é 
dependente das mudanças de Na+/H+ e do gradiente de sódio. Os canais de cloro regulam 
a concentração de bicarbonato na saliva. O bicarbonato pode se mover livremente através 
do epitélio, na forma de CO2, e pode ser reabsorvido no ducto estriado, fato intimamente 
relacionado à reabsorção de cloro. Quando o fluxo salivar é rápido (FE), há pouca 
reabsorção de bicarbonato, aumentando a capacidade tampão salivar. 
O fluxo salivar é sempre unidirecional, devido à função da barreira (junções nas 
membranas apicais e basolaterais) e à polaridade das células do ducto e dos ácinos. Os 
principais eventos de secreção ocorrem na membrana apical em direção ao lúmen. 
Fatores que influenciam o fluxo e a composição salivar 
A composição da saliva varia conforme a glândula, sendo fortemente influenciada pelo 
ritmo circadiano, assim como pelo fluxo (se estimulado ou não). A taxa de FNE varia 
normalmente entre 0,3 e 0,6 mℓ/min, sendo oriundo em 25% da parótida, 60% da 
submandibular, 7 a 8% da sublingual e 7 a 8% das glândulas menores. Somente quando 
a taxa é menor que 0,1 mℓ/min pode-se considerar o indivíduo com hipossalivação. No 
entanto, indivíduos com baixo fluxo salivar só podem ser considerados xerostômicos 
quando apresentam sintomas associados. A viscosidade da saliva não estimulada é 2 a 3 
vezes maior que a saliva estimulada. 
Já a saliva estimulada tem fluxo variando de 1 a 2 mℓ/min, sendo constituída em 50% 
pela saliva oriunda da parótida, 35% da submandibular, 7 a 8% da sublingual e 7 a 8% 
das glândulas menores. A saliva estimulada é produzida em aproximadamente 1 h por 
dia, sendo o restante saliva não estimulada, o que totaliza 0,5 a 0,6 ℓ de saliva produzida 
por dia. Portanto, o FNE é mais importante que o FE, porém o FE tem papel na limpeza 
da boca durante as refeições. Em função da localização das glândulas e do fluxo salivar, 
sítios da boca não são expostos à saliva de modo similar. 
A mensuração do fluxo salivar deve ser feita de 1 a 2 h após a refeição, em ambiente 
tranquilo e refrigerado, no qual o paciente coletará a saliva por tempo determinado (5 a 
10 min), sob estímulo ou não da mastigação, em recipiente volumétrico ou pesado antes 
e após a coleta (conversão de peso em volume considerando a densidade de 1 mg/mℓ). 
 
Fluxo salivar não estimulado 
O grau de hidratação afeta o FNE, já que quanto menor o volume de água corporal, menor 
o fluxo. Quando o conteúdo corporal de água é reduzido em 8%, o fluxo salivar se reduz 
a zero aproximadamente. Já a hiper-hidratação pode aumentá-lo. A postura corporal, as 
condições de iluminação e o fumo também têm influência. Pessoas em pé têm maior FNE; 
pessoas deitadas apresentam menor fluxo em comparação a pessoas sentadas. Há 
diminuição em 30 a 40% quando o indivíduo está no escuro. Estimulações por olfato 
causam aumento temporário de FNE. O uso de medicamentos reduz o FNE, assim como 
bebidas alcoólicas. A temperatura e o fluxo salivar sofrem influência dos ritmos 
circadianos. A temperatura e o FNE aumentam durante a tarde, sendo que o fluxo se reduz 
próximo a zero durante a noite. Quando o fluxo salivar é baixo, o paciente apresenta 
quadro clínico de hipossalivação (hipoptialismo). Há também casos mais raros de 
hipersalivação (ptialismo ou sialorreia). A hipossalivação é de comum ocorrência em 
pacientes polimedicados, com enfermidades sistêmicas e em pacientes irradiados. Já a 
hipersalivação é achado frequente durante a irrupção dentária e em pacientes com 
problemas mentais, devido à dificuldade de deglutição. 
 
Coleta de saliva para medição do fluxo salivar sob estímulo mecânico (mastigação 
de parafilm): 
 
 
 
 
 
 
Fluxo salivar estimulado 
O fluxo salivar pode ser estimulado principalmente por agentes químicos (ácidos > sal ~ 
amargo ~ doce), mas também por agentes mecânicos (mastigação). Os picos de fluxo 
salivar ocorrem nos horários de refeição. Episódios de vômito aumentam o fluxo salivar 
momentos antes e durante o ato. Indivíduos que usam medicamentos apresentam 
diminuição expressiva da salivação, independentemente da idade. É comum 
encontrarmos hipossalivação em idosos, porém uma revisão sistemática recente aponta 
que esta redução do fluxo salivar com o envelhecimento independe do uso de 
medicamentos. Também há diferença entre gêneros com relação ao fluxo salivar; de modo 
geral, mulheres produzem menor volume de saliva em comparação aos homens. O 
estímulo também pode ser unilateral, quando a mastigação é mais intensa de um lado. É 
importante lembrar que se há alteração no fluxo salivar, há também modificações na 
composição da saliva. 
 
Composição salivar 
A saliva é composta por 99% de água e 1% de uma variedade de eletrólitos (sódio, 
potássio, cálcio, cloro, magnésio, bicarbonato e fosfato), proteínas (enzimas, 
imunoglobulinas, glicoproteínas, traços de albumina, polipeptídios e oligopeptídios), 
glicose e produtos nitrogenados, como ureia e amônia. Há também células, 
microrganismos, leucócitos provenientes da mucosa e fluido gengival. Vários fatores 
podem influenciar a composição salivar, como o tipo de glândula, a natureza de estímulo 
(gustativo e mastigatório) e a sua duração. 
O tipo de glândula tem influência na composição salivar (p. ex., a maior parte da amilase 
é secretada pela parótida; substâncias provenientes do sangue e mucina vêm 
principalmente das glândulas menores). As glândulas menores têm secreção altamente 
viscosa e com baixa capacidade tampão. 
O tipo de fluxo também determina a composição, sendo que, com o aumento do fluxo, há 
aumento nas concentrações de proteínas, sódio, cloro e bicarbonato, bem como 
diminuição de magnésio e fosfato. O pH varia entre 6,5 e 7,4, sendo mais alto em 
secreções estimuladas, que apresentam alta renovação metabólica do tecido granular. A 
saliva não estimulada contém alta concentração de mucina tipo I (com alto peso 
molecular, MGI), enquanto a saliva estimulada apresenta alta concentração de mucina 
tipo II (baixo peso molecular, MGII). A MGI é responsável pela lubrificação e 
aglutinação bacteriana; a MGII também facilita a remoção bacteriana da cavidade oral e 
participa da formação da película adquirida. 
A duração do estímulo também é determinante. A concentração de bicarbonato aumenta 
com o prolongamentona duração do estímulo; já a concentração de cloro diminui com o 
aumento da duração do estímulo. 
A natureza do estímulo tem efeito na composição salivar, principalmente quando o sal é 
utilizado, pois há maior liberação de proteínas em comparação aos outros estímulos por 
sabor. O estímulo ácido, por sua vez, leva à produção de saliva mais alcalina. De acordo 
com o ritmo circadiano, a concentração de sódio e cloro tem pico no início da manhã, a 
concentração de potássio no meio da tarde e a concentração de proteína aumenta no final 
da tarde. 
A atividade física altera a composição salivar, havendo aumento nos níveis de amilase e 
eletrólitos (principalmente o sódio). Algumas enfermidades, como pancreatite, diabetes, 
insuficiência renal, anorexia, bulimia e doença celíaca, estão associadas ao aumento do 
nível de amilase. Outras condições, como obesidade, paralisia cerebral, síndrome de 
Down, também parecem estar associadas às alterações na composição da saliva. 
Alterações emocionais e deficiências nutricionais estão relacionadas a alterações na 
composição da saliva. 
 
Saliva | Efeitos protetores 
A saliva tem várias funções importantes na cavidade bucal, como: efeito de lavagem; 
solubilização de substâncias (sabor); formação de bolo alimentar; limpeza; lubrificação 
de tecidos moles; mastigação, deglutição e fonação; capacidade tampão; manutenção da 
concentração de cálcio e fosfato; formação da película adquirida; defesa antimicrobiana; 
e funções digestivas. 
 
Capacidade tampão da saliva 
A saliva apresenta pH neutro e tem capacidade de manter o pH em contato com ácidos 
ou bases, devido à ação de sistemas tampões, como proteínas, fosfato e bicarbonato. As 
proteínas apresentam-se em baixa concentração na saliva (equivalente a 1/3 de plasma) 
e, por isso, têm pouco efeito tampão, sendo mais importantes na formação da película. O 
fosfato também é encontrado em baixa concentração na saliva e, além disso, seu valor de 
pKa é menor que o valor do pH da saliva, tendo também pouco efeito tampão. Sua 
importância está relacionada com a supersaturação da apatita e a manutenção da estrutura 
dentária. Já o bicarbonato é o sistema-tampão mais importante na saliva, sobretudo 
quando o fluxo salivar é estimulado, apresentando aumento razoável de concentração (1 
mM no FNE e 60 mM no FE). Portanto, o sistema bicarbonato é o mais importante tampão 
da saliva estimulada. Já na saliva não estimulada, tanto o sistema bicarbonato como o 
fosfato agem na neutralização do pH. Além do bicarbonato, ureia (conversão em amônia) 
e sialina na saliva podem aumentar o pH salivar. 
 
Formação da película adquirida 
A saliva é responsável pela formação de uma película rica em glicoproteínas sobre a 
superfície dentária. Essa película é responsável pela proteção da superfície dentária contra 
agentes químicos e mecânicos. Sua espessura varia conforme a superfície e é proporcional 
ao contato com o fluido salivar. O entendimento da composição da película em diferentes 
sítios dentários será de grande valia na elaboração de estratégias de modificação da 
película visando à proteção dos dentes contra a erosão dentária e outras doenças 
relacionadas à colonização microbiana da película. 
 
Efeito antimicrobiano 
Importante papel da saliva é fazer a aglutinação microbiana e a limpeza da boca, 
mantendo o equilíbrio entre potencial patógeno e cavidade bucal. Pelo contato salivar, é 
possível transmitir bactérias, em especial aquelas encontradas em grande número, o que 
é relevante na fase de janela de infectividade, na qual a mãe pode transmitir 
microrganismos ao filho nos primeiros anos de vida. No entanto, a transmissão de 
microrganismos não quer dizer que há doença. 
A saliva tanto inibe como suporta seletivamente o crescimento de certos tipos de bactérias 
(provê nutrientes, como carboidratos e aminoácidos, às bactérias). Quando não há oferta 
de açúcar da dieta, aminoácidos na saliva selecionam bactérias não cariogênicas (menos 
patógenas). Adicionalmente, a maioria das proteínas tem certo efeito antimicrobiano, 
controlando aderência dos microrganismos ao tecido dentário, crescimento e virulência. 
A qualidade da película adquirida formada pelas proteínas salivares também influencia a 
composição do biofilme dentário, formado pela aderência de bactérias à película, 
constituindo massa rica em microrganismos embebidos em uma matriz extracelular. 
 
Papel das proteínas salivares 
Mucinas 
As mucinas são secretadas principalmente pelas glândulas menores e a lingual, 
apresentando grande heterogeneidade no padrão de glicosilação. São moléculas 
assimétricas e hidrofílicas (lubrificação) que representam 20 a 30% das proteínas 
salivares. Apreendem algumas bactérias e inibem a adesão de células bacterianas a tecidos 
moles por bloqueio das adesinas na superfície bacteriana, protegendo a mucosa de 
infecção. As mucinas também interagem com tecido duro, mediando a adesão de bactérias 
à superfície dos dentes. São responsáveis por lubrificação, proteção contra desidratação 
e manutenção da viscoelasticidade. A lubrificação tem importante papel na mastigação, 
fala e deglutição. 
 
Lisozimas 
A lisozima é secretada pelas glândulas salivares (maiores e menores), pelo fluido gengival 
e pelos leucócitos desde o nascimento. Apresenta atividade muramidase através da 
hidrólise da ligação β (1 → 4) entre ácido N-acetilmurâmico e N-acetilglucosamina na 
camada peptidoglicana da parede celular bacteriana. A lisozima pode ativar autolisinas 
bacterianas, que destroem paredes celulares. As bactérias gram-negativas são mais 
resistentes à ação da lisozima por apresentarem uma camada de lipopolissacarídeos. Já as 
bactérias gram-positivas podem ser protegidas pela produção de polissacarídeos 
extracelulares. 
 
Lactoferrina 
A lactoferrina é proteína não enzimática produzida por glândulas salivares (maiores e 
menores) e leucócitos. Tem alta afinidade por íons Fe+3, sendo que sua ligação aos íons 
ferro provoca a privação desse metal essencial em microrganismos patogênicos. O efeito 
antibacteriano continua até a lactoferrina se tornar saturada. A apo-lactoferrina (sem 
ferro) também pode ter efeito bactericida irreversível, pela ligação direta às bactérias. 
Peroxidase 
A peroxidase na saliva (sialoperoxidase) é proveniente das glândulas parótida e 
submandibular. Já a mieloperoxidase é proveniente dos leucócitos. Ambos os tipos de 
peroxidase catalisam a seguinte reação: 
H2O2 + SCN– → OSCN– + H2O 
(peróxido de hidrogênio)(íons tiocionato) (hipotiocianato) 
A atividade antimicrobiana se dá pela produção de hipotiocianato. Esta enzima ainda 
protege proteínas e células da toxicidade promovida pelo peróxido de hidrogênio. 
α-Amilase e lipase 
A amilase corresponde a 40 a 50% das proteínas produzidas pelas glândulas salivares, 
sendo oriunda em 80% da parótida e 20% da submandibular. É responsável pela 
degradação do amido, produzindo maltose, maltotriose e dextrina, e pela limpeza de 
restos alimentares, além de modular a ligação de bactérias à película, sendo inativada no 
estômago quando deglutida. 
 
Proteínas ricas em prolina e estaterina 
Estas proteínas se ligam ao cálcio, mantendo o estado supersaturado sem precipitação, 
prevenindo a formação de cálculo. A proteína rica em prolina (PRP) corresponde a 25 a 
30% das proteínas salivares. A PRP também adere à película salivar, tem importante papel 
na lubrificação e promove a adesão seletiva de algumas bactérias. Além disso, liga-se ao 
tanino, polifenol oriundo de alimentos como vinho tinto, chá, morango, reduzindo sua 
toxicidade em animais. O tanino inibe várias enzimas digestivas (tripsina) e precipita 
várias proteínas. 
Cistatina e histatina 
A cistatina é fosfoproteína rica em cisteína encontrada na saliva e na película adquirida. 
Inibe a proteólise pela ação bacteriana e de leucócitos. Além das atividades antibacteriana 
e antiviral (controleda proteólise), também afeta a precipitação de fosfato de cálcio. 
A histatina pertence a uma família de peptídios ricos 
 em histidina, com atividade antimicrobiana (antifúngica), Participa da formação da 
película, e inibe a liberação de histamina dos mastócitos, sugerindo um papel no controle 
da inflamação. 
Lipídios 
Os lipídios são produzidos por glândulas salivares. Em torno de 75% dos lipídios estão 
na forma de ácido graxo, colesterol e triacilglicerol; 20 a 30% são glicolipídios e 2 a 5%, 
fosfolipídios. Os lipídios ligados à mucina modificam a aderência bacteriana. 
Ureia 
A concentração de ureia na saliva varia de 2 a 4 mM, dependendo da quantidade de 
proteína ingerida ou degradada. Nas glândulas menores pode chegar a 5 mM. A ureia 
pode ser quebrada pela urease bacteriana, formando amônia e CO2, aumentando o pH do 
biofilme. 
 
Cálcio, fosfato e fluoreto 
O cálcio e o fosfato são importantes íons encontrados na saliva, e são responsáveis pela 
manutenção da estrutura dentária, bem como pela formação de cálculo. A saliva tem 
menor concentração de cálcio e maior concentração de fosfato inorgânico que o plasma. 
A concentração de cálcio salivar varia entre 1 e 3 mmol/ℓ, sendo fortemente influenciada 
pelo fluxo salivar e o ritmo circadiano. A concentração de cálcio é maior na saliva 
derivada das glândulas submandibular e sublingual (2 vezes maior do que a parótida). O 
cálcio salivar pode estar ionizado ou ligado, dependendo do pH. Quanto menor o pH, 
mais cálcio iônico, sendo este responsável pelo equilíbrio de des-remineralização. O 
cálcio não ionizado está ligado a compostos inorgânicos, como fosfato, bicarbonato (10 
a 20%) e citrato (< 10%), e também a macromoléculas (10 a 30%), como por exemplo 
estaterina, histidina e proteínas ricas em prolina, inibindo a precipitação de fosfato de 
cálcio. O cálcio também atua como cofator para a amilase. A concentração de cálcio é 
maior no biofilme dentário do que na saliva, devido à maior concentração de sítios de 
ligação para cálcio e à precipitação de sais de cálcio. 
O fosfato inorgânico pode ser encontrado na saliva na forma de ácido fosfórico (H3PO4), 
íons fosfato inorgânico primário (H2PO4–), secundário (HPO4–2) e terciário (PO4–3). A 
concentração de fosfato inorgânico total diminui com o aumento no fluxo, com exceção 
do terciário. A concentração de fosfato terciário diminui com a redução do pH. A 
concentração de fosfato na saliva oriunda da glândula submandibular corresponde a 
apenas 1/3 da saliva da parótida, mas é cerca de seis vezes mais alta que nas glândulas 
mucosas menores. O ritmo circadiano não é importante para o fosfato. Cerca de 10 a 25% 
do fosfato inorgânico estão complexados ao cálcio ou aderidos a proteínas, enquanto 10% 
estão na forma de ácido pirofosfórico (H4P2O7), o qual inibe a precipitação e a formação 
de cálculo. O fosfato tem importante papel na manutenção dos dentes e como nutriente 
da microbiota bucal. 
O fluoreto é secretado pelas glândulas e pelo fluido gengival em concentração basal de 
0,02 ppm. Também pode ser encontrado na saliva por causa da contaminação com 
aplicações tópicas (água, dentifrício), as quais são determinantes para sua concentração. 
O fluoreto pode ser armazenado em reservatórios, sendo o mais importante o biofilme, 
pela ligação a bactérias e ao cálcio. O fluoreto pode ainda ter efeito antimicrobiano, por 
meio da ligação com o magnésio, evitando que a enzima enolase participe da via 
glicolítica. 
 
Saliva | Limpeza bucal e controle de pH 
A saliva faz a autolimpeza bucal, reduzindo a concentração de substâncias exógenas. 
Segundo modelo Dawes, quando se ingere alguma substância, a saliva é estimulada até 
que se acumule o volume máximo para a deglutição. O restante da substância permanece 
na saliva residual até que se acumule novamente o volume máximo de deglutição. Dessa 
maneira, o processo continua até que toda a substância seja eliminada. Portanto, o fluxo 
salivar é importante para determinar o tempo de limpeza da substância. 
Fatores que afetam a limpeza bucal 
Há vários fatores que afetam a capacidade de a saliva realizar a limpeza bucal, como o 
fluxo salivar e o volume de saliva na boca antes e após a deglutição. Quando abaixo dos 
valores normais, o fluxo salivar, tanto estimulado quanto não estimulado, reduz a taxa de 
limpeza das substâncias na boca. 
A limpeza pela saliva varia conforme o tipo de substância (consistência) e os sítios bucais. 
A limpeza é mais rápida na superfície lingual do que na bucal, com exceção da vestibular 
dos segundos molares superiores. A limpeza bucal devido ao açúcar proveniente de uma 
bebida é mais rápida do que de açúcar proveniente de uma bolacha, pelo fato de a última 
aderir à superfície dentária, dificultando sua remoção. 
A limpeza de açúcar e ácidos presentes no biofilme dentário determina menor 
desmineralização da superfície dentária e, por isso, regiões onde a limpeza é mais rápida 
apresentam menor incidência de cárie dentária. Quando se ingere o açúcar, há queda do 
pH salivar/biofilme por alguns minutos, e após um período, o pH retorna à neutralidade. 
Isto ocorre pelo efeito benéfico da limpeza salivar devido ao aumento na concentração de 
bicarbonato na saliva estimulada. 
Diferentemente do açúcar, em que a limpeza salivar deve ser rápida e eficiente, quando 
se aplica um agente cariostático, como o fluoreto, é interessante reduzir a velocidade de 
limpeza salivar, para prolongar o efeito e aumentar a taxa de retenção nos sítios bucais. 
Controle de pH 
A saliva é responsável pela formação de uma película adquirida rica em glicoproteínas 
sobre a superfície dentária. As bactérias iniciam a colonização sobre a película adquirida 
com o auxílio de adesinas e de proteínas salivares. A colonização inicial ocorre nas 
primeiras 24 h, com microrganismos aeróbicos. Já a segunda colonização ocorre em um 
prazo de 1 a 14 dias, com a agregação de múltiplas bactérias. As características do 
biofilme dentário são determinantes para a suscetibilidade do indivíduo à formação de 
lesões dentárias cariosas. O fluxo salivar, o pH e a capacidade de limpeza salivar podem 
ser determinantes da qualidade e quantidade de biofilme dentário. 
 
Saliva | Equilíbrio mineral 
A cárie e a erosão dentária são relacionadas com a desmineralização provocada por ácidos 
de origem microbiana (presentes no biofilme) e por ácidos não bacterianos, como 
refrigerantes e suco gástrico (presentes na saliva), respectivamente. A saliva tem 
importante papel nesses dois processos, porque além de banhar a superfície dentária, 
também determina a composição da película e, consequentemente, do biofilme dentário, 
no caso da cárie dentária. Portanto, baixa capacidade tampão e diferenças no grau de 
saturação de íons do biofilme dentário têm sido observadas em indivíduos com alto risco 
de cárie dentária. Características da saliva e da película adquirida por sua vez, estão 
relacionadas à suscetibilidade a erosão dentária. 
O cálculo dentário, diferentemente da cárie e da erosão dentárias, é resultado da 
precipitação de minerais no biofilme dentário, causando sua calcificação. O cálculo 
dentário supragengival é mais comum próximo à saída de glândulas salivares (superfície 
vestibular do segundo molar superior e superfície lingual dos incisivos inferiores). Já o 
cálculo subgengival é formado pela atuação do exsudado do sulco gengival, não sofrendo 
influência direta da saliva. As bactérias mortas servem como nucleadoras de precipitação. 
Um valor de pH mais alcalino do biofilme é requisito para a formação de cálculo. A alta 
atividade proteolítica e, consequentemente, o alto teor de ureia facilitam a deposição de 
cálcio e fosfato no biofilme dentário. 
 
Xerostomia e hipossalivação 
Há duas condições bucais comuns principalmente em idosos (30% da população com 
idade acima de 65 anos), em indivíduos que utilizam medicamentos cronicamente, em 
pacientescom síndrome de Sjögren (100%) e irradiados (25 Gy, 100%): a hipossalivação 
e a xerostomia (síndrome da boca seca). Ambas são distintas, já que a hipossalivação é 
característica em indivíduos que apresentam FNE abaixo de 0,1 mℓ/min e FE abaixo de 
0,5 a 0,7 mℓ/min, com alteração na composição salivar. A hipossalivação pode ser 
assintomática. 
Já a xerostomia, também chamada de síndrome da boca seca, é caracterizada pela 
presença de sintomas como boca seca, ardência e halitose, e nem sempre é causada apenas 
por hipossalivação, mas por haver áreas na boca com pouco contato com saliva, as quais 
se tornam ressecadas. É definida como impressão subjetiva de sensação de secura na boca, 
o que pode significar danos às funções orais e qualidade de vida. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico é feito por meio de questionários e respostas subjetivas envolvendo: relato 
de ardência; alteração de paladar; necessidade de beber água frequentemente; dificuldade 
para alimentação, deglutição e uso de próteses; sensação de queimação; halitose; 
intolerância a ácidos e comidas apimentadas; e estomatodinia (dor na boca). 
Ao exame clínico é comum a constatação de lábios ressecados; candidíases (queilite 
angular); aumento volumétrico da glândula; superfície da mucosa seca e friável; perda de 
papilas linguais; língua seca e eritematosa; mucosa dorsal irritada; aumento de incidência 
de lesões cariosas; e baixa retenção de dentadura. 
O diagnóstico pode ainda ser complementado por testes salivares, sendo diagnosticados 
com hipossalivação indivíduos que apresentam fluxo salivar não estimulado menor que 
0,1 mℓ/min e fluxo salivar estimulado menor que 0,6 mℓ/min. Outros exames, como 
histopatológico, por imagem e sorologia, podem ser feitos. 
 
Implicações clínicas 
Em pacientes com xerostomia, há aumento na incidência de cárie dentária e gengivite. 
Também é comum constatar aumento em infecções fungícas (candidíase), prejuízo na 
retenção de próteses removíveis, alteração de paladar (disgeusia), mastigação e deglutição 
(disfagia), e prejuízo da qualidade de vida. 
Tratamento 
Para evitar problemas decorrentes da hipossalivação, os pacientes podem receber as 
seguintes orientações e tratamentos preventivos e paliativos: 
•Dieta com baixo nível de açúcar; aplicação tópica de fluoreto; bochechos com 
antimicrobianos para evitar infecções e lesões cariosas. 
•Mastigação de chicletes após as refeições, para aumentar o fluxo salivar. 
•Uso de saliva artificial e lubrificantes para melhorar a fala, deglutição e reduzir a 
ardência, sendo a marca mais testada a Biotène. 
•Restaurações com cimento de ionômero de vidro, para reduzir as recidivas de cárie. 
•Estimulação farmacológica (uso de cloridrato de pilocarpina ou hidrocloreto de 
cevimelina). 
•Substituição de medicamentos (quando a causa envolve seu uso e quando for possível). 
O uso de estimulação parassimpaticomimética (uso de cloridrato de pilocarpina) em 
pacientes sofrendo irradiação de cabeça e pescoço apresenta baixa evidência científica. 
Metade dos pacientes responde à terapia, mas o risco de efeitos colaterais é alto. Portanto, 
é importante controlar a dose utilizada e ficar atento às contraindicações. 
 
Conclusões 
A saliva apresenta um importante papel na manutenção da saúde bucal e pode ser usada 
para avaliar o risco de doenças bucais como a cárie dentária, por intermédio da contagem 
de bactérias, da mensuração da capacidade tampão (CT), do fluxo salivar (NE e E) e da 
concentração de cálcio, fluoreto e fosfato. No entanto, os parâmetros salivares, por 
sofrerem influência de vários fatores e apresentarem grandes variações, não são os 
melhores preditores de risco de cárie dentária. 
A saliva também pode ser usada em estudos de farmacocinética, monitoramento 
farmacológico e metabolismo. É usada também para estudos endocrinológicos e 
imunológicos. No entanto, há necessidade de validação da saliva para ser usada em 
substituição ao plasma. A grande vantagem do seu uso para diagnóstico é a fácil coleta, 
sendo método não invasivo. 
 
REFERÊNCIA: 
MAGALHÃES, Ana C.; OLIVEIRA, Rodrigo Cardoso D.; BUZALAF, Marília Afonso 
R. Bioquímica Básica e Bucal. São Paulo: Grupo GEN, 2017. 9788527731089. 
Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527731089/.Acesso em: 13 
set. 2022. 
 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527731089/

Continue navegando