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AULA 04 – PROCESSO CIVIL TEMA: PROCEDIMENTO COMUM (continuação) PROFESSOR MONITOR: Giulia Christensen @giuliachristensen ; @concursodosmeussonhos Aula 04 – PROCEDIMENTO COMUM (II) Na aula passada vimos a seguinte parte do procedimento comum, ora esquematizada: P.I → juízo de admissibilidade (*análise sobre o indeferimento da P.I e improcedência liminar do pedido; se for o caso de indeferimento ou improcedência liminar haverá uma sentença, contra a qual poderá ser interposta apelação com juízo de retratação) → … (continuação nessa aula). Audiência de conciliação e mediação (art. 334, CPC) ● No rito comum, não sendo caso de indeferimento da inicial ou de improcedência liminar do pedido, em regra, haverá a denominada audiência de conciliação e mediação. ● A audiência apenas NÃO ocorrerá quando: 1. Quando ambas as partes manifestarem expressamente o desinteresse; 2. Quando se tratar de direito que não admita a autocomposição (exs.: paternidade, curatela). - Também há a possibilidade de não ter a audiência no caso de na vara não haver nenhum conciliador disponível, todavia, nesse caso, será possível que o próprio juiz faça a audiência de conciliação e mediação, o que alguns doutrinadores entendem que feriria um dos princípios da audiência de conciliação e mediação que é a confidencialidade (confidencialidade que se aplica com relação ao próprio juiz, inclusive, que não teria acesso ao que foi dito em tal situação). ● Quem deve realizar: a audiência deve ser feita, preferencialmente, por conciliadores e mediadores, os quais podem ser concursados, ser cadastrados no tribunal ou, ainda, voluntários. Contudo, o magistrado poderá realizá-la nos casos em que houver ausência de conciliador na vara em que atua. ● Procedimento: o juiz marcará a referida audiência de conciliação e mediação dentro de, no mínimo, 30 dias, devendo o réu ser citado pelo menos 20 dias antes da audiência e, o réu poderá, no prazo de até 10 dias antes da data designada para a audiência, protocolar o pedido de cancelamento desta. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br ● Desinteresse do réu: o pedido de cancelamento nada mais é do que a manifestação do réu, por meio de uma petição simples, no sentido de não ter interesse na conciliação. (334, § 5º, CPC). - Caso haja litisconsórcio, apenas não haverá audiência se TODOS os litisconsortes se manifestarem expressamente pelo desinteresse. Ou seja, se há 01 autor “A” que manifestou o desinteresse, 03 réus (“B”, “C” e “D”) e dois (“B” e “C”) manifestaram o desinteresse, só que o terceiro réu “C” se omitiu ou manifestou o interesse, haverá audiência. - Caso todos os litisconsortes se manifestem pelo desinteresse, a audiência será dispensada e o termo inicial para a apresentação da contestação será da data do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de cada um deles, não sendo contado do último, mas sim, de cada protocolo especificamente. Assim, cada um poderá protocolar em um dia diferente, e o termo inicial para contestar será diverso entre os litisconsortes. ● Desinteresse do autor: caso o próprio autor não tenha interesse na conciliação, deve manifestar tal desinteresse na petição inicial (arts 319, VII e 334, § 5º, CPC) ● Omissão: a omissão com relação ao interesse na audiência de conciliação e mediação é entendida como “aceite” para a audiência. ● Consequência do não comparecimento: o não comparecimento sem justificativa enseja a aplicação de multa por ato atentatório à dignidade da justiça (art. 334, § 8º, CPC). ● Intervalos entre as audiências: mínimo de 20 minutos (art. 334, §12º, CPC). ● Ritos especiais: no que tange aos ritos especiais, em regra, não haverá essa audiência. Assim, apenas haverá a audiência de conciliação e mediação se o próprio rito expressamente a prever. Respostas do réu ● A natureza jurídica das respostas do réu, no ordenamento jurídico brasileir, é de ônus, pois ninguém é obrigado a se defender. ● Ônus é um imperativo do próprio interesse, ou seja, é algo que interessa a parte e caso não seja feito, poderá lhe acarretar prejuízos, contudo, não haverá uma sanção no caso de descumprimento, bem como não haverá imposição para o cumprimento (oferecimento, no caso da contestação). ● A resposta poderá ser uma contestação; uma contestação com reconvenção (hipótese em que ambas devem ser apresentadas na mesma petição) ou uma reconvenção autônoma. ● A arguição de impedimento e de suspeição não deve ser alegada na contestação, assim, deve ser feita em uma petição separada, nos termos do Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br que dispõe o art. 146, CPC. Nesse caso, no prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. Caso o juiz reconheça sua imparcialidade/suspeição, remeterá os autos ao seu substituto, caso contrário, determinará a autuação da petição em apartado e, no prazo de 15 dias, apresentará suas razões, remetendo o incidente ao Tribunal. ❏ Contestação Trata-se do meio pelo qual o réu irá se defender dos fatos alegados pelo autor, ou seja, é a resposta “por excelência”, através da qual o réu apresentará resistência às pretensões do autor. Princípios Princípio da eventualidade (art. 336, CPC): ● O réu deve concentrar toda a matéria de defesa na contestação, ainda que existam alegações incompatíveis entre si. ● Todavia, existem três exceções a tal princípio, ou seja, situações em que o réu poderá alegar após a contestação: 1. Matérias relativas a fatos supervenientes; 2. Matérias que o juiz pode conhecer de ofício; 3. Matérias que a própria lei autorize serem alegadas a qualquer tempo (ex.: decadência convencional). Princípio da impugnação especificada dos fatos (art. 341 do CPC): ● O réu deve impugnar todos os fatos de maneira específica, tendo em vista que, caso não impugne, haverá a presunção de veracidade da alegação do autor não impugnada. ● Existem quatro exceções, nas quais, ainda que o fato não tenha sido tratado pelo réu, não poderá ser presumido como verdadeiro: 1. Fatos que não admitem a confissão; 2. Quando a inicial não está acompanhada de prova legal (instrumento determinado pela lei). 3. Quando houver contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. 4. Quando a contestação for apresentada por negativa geral, por meio de curador especial ou defensor público. Preliminares Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br II - incompetência absoluta e relativa; (não existe mais exceção de incompetência). III - incorreção do valor da causa; (não existe mais o incidente de impugnação ao valor da causa). IV - inépcia da petição inicial; V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; VIII - conexão; IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X - convenção de arbitragem; XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; (art. 338 e 339, CPC). XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso. § 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. § 5o Excetuadasa convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. § 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. Considerações sobre as preliminares: ● Perempção: se o autor der causa, por 03 vezes a uma sentença fundada em abandono de causa, não poderá propor nova ação com mesmo objeto contra o mesmo réu. Ou seja, precisa haver o abandono de três ações, para que na quarta, seja aplicada tal sanção de natureza processual denominada de perempção. ● Litispendência: há litispendência quando se repete ação que está em curso, ou seja, uma ação que tem as mesmas partes, pedido e causa de pedir de outra. ● Coisa julgada: quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. ● Convenção de arbitragem: deve-se alegar a existência de convenção de arbitragem (compromisso arbitral ou cláusula compromissória) como preliminar da contestação. Ressalta-se que a ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, implica em aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. ● Ilegitimidade de parte (art. 338 e 339, CPC): quando o réu alega ilegitimidade de parte, ele tem que indicar novo sujeito passivo caso tenha conhecimento de quem seja, sob pena de ter que pagar indenização por retardar o andamento do processo. Diante disso, quando o réu indica outra pessoa, surgem para o autor duas opções: (1) substituir o polo passivo (sendo excluído o réu da ação) e pagar honorários de 03 a 05% ao advogado do réu excluído; (2) ou o autor mantém o réu e, ainda, inclui o indicado pelo réu, formando-se um litisconsórcio passivo. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Importante salientar que, com o NCPC, não existe mais a “nomeação da autoria”. ● Conhecimento de ofício → o juiz poderá conhecer de ofício de todas as preliminares elencadas no art. 337, salvo a existência de convenção de arbitragem e a incompetência relativa Prazo A contestação deverá ser ofertada no prazo de 15 dias úteis. Prazos especiais (arts. 180, 183, 186 e 229, CPC): possuem todos os prazos processuais em dobro → o MP, a advocacia pública, a Defensoria Pública e litisconsortes em se tratando de processos físicos, com advogados diferentes, de escritórios de advocacia diferentes. Litisconsórcio e o prazo em dobro. ● Os litisconsortes terão prazos em dobro em se tratando de processos físicos com advogados diferentes e de escritórios de advocacia diferentes, em qualquer juízo, independentemente de requerimento. Isso NÃO se aplica aos processos eletrônicos. ● Importante destacar que a contagem de prazo parará de ser em dobro se, havendo dois réus, é oferecida defesa por apenas um deles (art. 229, §2º, CPC). ● No mesmo sentido, com relação ao prazo em dobro, só que nos recursos, é a Súmula nº 641 do STF que dispõe que "não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido" Prazos diferenciados (para oferecer contestação): Regra: 15 dias úteis; Exceções: ● Ação rescisória - no mínimo 15 dias e não poderá ser superior à 30 dias. ● Tutela cautelar antecedente - prazo de 05 dias. Termo inicial de contagem do prazo (art. 335 e §§, CPC): O início da contagem do prazo para ofertar a contestação é variável: ● Havendo audiência de conciliação, o prazo de 15 dias inicia-se após a audiência (quando a parte não comparecer ou quando, comparecendo, não houver a autocomposição); ● Quando dispensada a audiência de conciliação e mediação, inicia-se a partir do dia em que foi protocolada a petição manifestando o desinteresse na audiência; Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br - Havendo litisconsortes, conta-se quinze dias a partir do pedido de cancelamento da audiência de cada um deles. Ou seja, se o “B” protocolou o pedido de dispensa da audiência no dia 01 e o “C” protocolou o seu pedido de desistência no dia 03, o prazo de 15 dias para o oferecimento da contestação de “B” é contato a partir do dia 01, enquanto que o prazo de “C” tem início apenas no dia 03. Assim, cada litisconsorte terá um prazo diferente a depender do dia em que protocolou o seu próprio pedido de dispensa da audiência de conciliação. ● Quando o juiz não designar audiência, conta-se 15 dias a partir da juntada aos autos do mandado de citação. Evento Início do prazo de 15 dias (regra) Havendo audiência de conciliação O prazo é contado da audiência (não comparecimento ou ausência de autocomposição). Dispensada a audiência de conciliação Inicia-se a partir do dia em que foi protocolada manifestação de desinteresse (o pedido de cancelamento). Havendo litisconsortes, conta-se quinze dias a partir do respectivo pedido de dispensa de audiência (de cada um e não do último). Nos casos em que o juiz não designar audiência A partir da juntada aos autos do mandado de citação. Revelia ● A revelia ocorre quando há ausência de contestação no prazo de 15 dias. ● Efeito da revelia: presunção relativa de veracidade dos fatos alegados pelo autor na inicial. ● Hipóteses em que NÃO ocorrerá a presunção de veracidade (efeitos da revelia), vide art. 345, CPC: 1. Quando existir pluralidade de réus e um deles apresentar contestação (aproveita aos demais); 2. Quando existir indisponibilidade do direito; 3. Quando o autor alegar algum fato que tiver que estar acompanhado de um documento e o documento não esteja nos autos. Ex.: autor alega que é proprietário de imóvel e não junta a matrícula. 4. Alegações de fatos do autor forem contrárias aos documentos juntados. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br ● O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar. ● Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão oficial. CUIDADO! No JEC: revelia = ausência de comparecimento na audiência de conciliação. No CPC: revelia = ausência de contestação no prazo de 15 dias. No CPC: ausência de comparecimento à audiência = aplicação de multa por ato atentatório à dignidade da justiça. ❏ Reconvenção (art. 343, CPC) ● Trata-se da pretensão do réu contra o autor, ou seja, é como se fosse um “contra-ataque” do réu em face do autor. ● Para que isso seja possível, é necessário que haja conexão com a ação principal ou fundamentos da defesa (art. 343, caput, CPC). ● Caso seja ofertada contestação, a reconvenção deve ser apresentada junto com a contestação (como capítulo da contestação, na mesma peça processual). Contudo, caso não haja contestação, a reconvenção pode ser apresentada de forma autônoma. ● A reconvenção deve seguir os requisitos do art. 319, do CPC, isto é, os mesmos requisitos exigidos para a petição inicial. Isso porque a reconvenção é como se fosse outra inicial → tem valor da causa, tem que recolher custas e tem condenação e honorários! É importante destacar que a contestação NÃO possui valor da causa, assim, quando for oferecida sem a reconvenção, não deve ser colocado valor da causa. Contudo, caso haja contestação com reconvenção, haverá o valor da causa ao final, referente apenas e tão somente à reconvenção. ● É possível que haja a ampliação subjetiva com a reconvenção. Isso porque a reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com um terceiro, bem como pode ser proposta contra o autor e um terceiro. ● Uma vez proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa do seu advogado, para apresentar resposta em 15 dias úteis. ● A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame do mérito, NÃO obsta o prosseguimento do processono que tange à reconvenção. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br ● O julgamento da pretensão do autor (inicial) é feito em conjunto com a pretensão do réu (reconvenção). Ou seja, tudo será julgado pelo juiz na mesma sentença, a qual terá dois dispositivos e duas sucumbências, independentes entre si. Após a resposta do réu, pode haver a réplica e em seguida, surgem três possibilidades: a) Julgamento antecipado de mérito b) Julgamento parcial de mérito c) Saneamento e organização do processo Julgamento antecipado de mérito (art. 355, CPC): ● Ocorre quando não há necessidade de mais provas, sendo o processo julgado por sentença em face da qual caberá o recurso de apelação (art. 1.009 e ss). ● Nesse sentido, julgar antecipadamente significa a supressão da fase instrutória e da saneadora, ou seja, julga-se o processo no estado em que ele se encontra. ● “Pula-se” a fase instrutória e saneadora. Art. 374. Não dependem de prova os fatos: I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos no processo como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Julgamento parcial de mérito (art. 356, CPC): ● É como se fosse uma descumulação de pedidos, já que o juiz analisa determinados pedidos, em cognição exauriente (não sumária), prosseguindo o processo para instrução e apreciação dos demais pedidos. ● Nesse caso, como há cognição exauriente, a decisão faz coisa julgada e contra ela caberá ação rescisória, desde que presentes os requisitos da rescisória (coisa julgada é o tema da próxima aula). ● É importante destacar, ainda, que a decisão do juiz que julga parcialmente o mérito, julgando um pedido, é uma decisão interlocutória, já que não põe fim ao processo de conhecimento. ● Dessa forma, o recurso cabível em face de tal decisão, é o agravo de instrumento (art. 356, § 5o, CPC). ● Caso a sentença seja ilíquida é possível que seja feita a liquidação da decisão parcial de mérito. ● Não havendo agravo de instrumento, o cumprimento da decisão parcial é definitivo, há o trânsito em julgado da decisão. Também é possível que haja cumprimento provisório da decisão parcial. Saneamento e organização do processo ● Não sendo caso de julgamento conforme o estado em que se encontra o processo, inicia-se a fase de saneamento e organização do processo. ● O saneamento ocorre entre a fase postulatória e a fase instrutória. ● Em regra, o saneamento é feito pelo juiz, de forma escrita, sem audiência. ● É possível que haja o saneamento em uma audiência em causas complexas Trata-se do denominado saneamento compartilhado em audiência (art 357, § 3º, CPC). ● Ademais, é possível que as próprias partes façam uma convenção processual de saneamento e organização. Ou seja, as partes, de comum acordo, poderão apresentar ao juiz uma delimitação consensual dos pontos controvertidos. Nesse caso, o juiz deverá homologar tal delimitação. ● O saneamento tem como finalidade: - Resolver as questões processuais pendentes, se houver (ex.: discussões sobre nulidades e possíveis impugnações); - Delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br - Definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; (a regra é a distribuição estática do ônus da prova, mas é possível haver a distribuição dinâmica e até mesmo a inversão total do ônus da prova). - Delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; - Designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento ● Após o saneamento, as partes poderão solicitar esclarecimentos, bem como solicitar que o juiz faça ajustes na decisão saneadora, através do denominado pedido de esclarecimentos e ajustes, no prazo comum de cinco dias (art. 357, §1º). Passado o prazo, a decisão se torna estável e, assim, não poderá ser trazido algo novo que não fora delimitado nessa oportunidade. ● O prazo mínimo entre as audiências de saneamento é de 01 hora (diferente da audiência de conciliação e mediação que é de 20 minutos). Provas ● Trata-se do conjunto de meios utilizados para levar ao conhecimento do órgão julgador os fatos relevantes para o julgamento da causa. ● No ordenamento jurídico brasileiro, se adota o sistema da liberdade dos meios de prova, isto é, é possível que se faça uso de meios de prova que não estão previstos em lei. Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. ● A partir disso, surge a seguinte classificação: - Típicas: provas com previsão legal. São previstas nos arts. 381 a 484, CPC. Ex.: documental, pericial, testemunhal, depoimento pessoal, ata notarial, etc. Uma prova típica que merece destaque é a prova emprestada. ➔ Prova emprestada: trata-se da utilização, no processo em questão, de prova produzida em outro processo. Para que isso seja possível, é necessário que haja o devido contraditório tanto no processo em que foi colhida, quanto no processo de destino (processo em questão). Parte da doutrina entende que além do referido contraditório, as partes deveriam ser as mesmas em ambos os processos para que fosse utilizada a prova emprestada, contudo, o STJ entende que NÃO é necessário que haja identidade de partes para o uso da prova emprestada. A prova emprestada é um meio típico (atualmente), nos termos do art. 372, CPC. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br - Atípicas: provas não previstas em lei, mas são admitidas com base no art. 369, CPC, desde que sejam moralmente legítimas. Ex.: prova psicografada, constatações pelo oficial de justiça. ● Objeto da prova: a prova recai sobre os fatos alegados, controversos e relevantes. ● Fatos que independem de prova (art. 374, CPC): não dependem de prova os fatos: Obs.: cuidado: não confundir com processo penal! a) notórios (conhecimento público e geral); b) afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária (não cabe confissão com relação à direitos indisponíveis); c) admitidos no processo como incontroversos; d) em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade; - A presunção pode ser absoluta ou relativa d.1) Absoluta (jure et de jure): não cabe prova em contrário contra o que foi estabelecido em lei. Ex.: art. 144, CPC. d.2) Relativa (iuris tantum): admite-se prova em contrário, sendo que o ônus da prova é do prejudicado (aquele sobre o qual incide a presunção). Ex.: art. 1.597, CC – Presunção de paternidade. É possível fazer teste de DNA e afastar a presunção. ● Poderes instrutórios do juiz. Diferentemente do processo penal, no processo civil o juiz possui poderes instrutórios, isto é, é possível que determine a realização de determinada prova. Em se tratando de direitos indisponíveis, não há limites à atuação do juiz nesse sentido. Já em se tratando de direitos disponíveis, o magistrado apenas poderá complementar uma prova requerida por uma das partes. ● Princípios da comunhão universal da prova e da aquisição processual. Uma vez produzida a prova, a prova pertence ao processo. Dessa forma, a parte que produziu a prova pode ter o pedido desacolhido com base na análise da prova produzida por ela mesma. Ou seja, a parte pode requerer uma prova e a prova produzida por seu próprio requerimento, pode prejudicá-la, isso porque a prova, uma vez produzida, é do processo e não da parte. ● Direito autônomo à produção de provas(art. 381 do CPC): é possível que uma pessoa ingresse no Poder Judiciário apenas e tão somente para que haja a produção de provas. Existem três hipóteses da chamada produção antecipada de provas: 1. Risco de perecimento da prova; 2. Viabilizar a autocomposição das partes; 3. Aferir o interesse na propositura da ação. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Métodos de valoração da prova ● Legal ou tarifário: o valor probatório da prova é definido pela própria lei, cabendo ao juiz apenas e tão somente aplicar. Ex.: art. 406, CPC. Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. ● Livre convencimento puro: a valoração da prova é feita pelo juiz, o qual poderá valorá-la de acordo com a sua íntima convicção, já que não é necessário que haja fundamentação. Ex.: jurados no conselho de sentença do tribunal do júri. ● Livre convencimento motivado ou persuasão racional: a valoração da prova é feita pelo juiz, contudo, é necessário que o juiz fundamente logicamente a sua decisão. Ônus da prova (art. 373, CPC) ● O Brasil adota o critério estático do ônus da prova, ou seja, a lei prevê o que cada uma das partes deverá provar. Assim, o autor irá provar o fato constitutivo e o réu o modificativo, o impeditivo e o extintivo do direito do autor. ● Apesar de adotar o critério estático, é possível que haja a modificação do padrão legal do ônus da prova: 1. Pelas partes: as partes podem modificar o ônus da prova por meio de negócio jurídico processual, desde que não se trate de direito indisponíveis e que não torne difícil o exercício do direito. 2. Pela lei: a lei estabelece situações próprias para modificação do ônus da prova. Ex.: art. 344, CPC - revelia; art. 1.597, CC - presunção de paternidade. 3. Pelo juiz: o juiz pode promover a modificação do ônus da prova através da dinamização do ônus da prova e da inversão do ônus da prova (Exs.: relações de consumo e ações coletivas). A distribuição dinâmica do ônus da prova não é a mesma coisa que inversão, porque na distribuição dinâmica, o juiz determina o que cada parte deverá provar, de acordo com a facilidade na produção da prova e na inversão, se inverte totalmente, ou seja, o ônus probatório recairá totalmente sobre uma das partes apenas. NOVIDADE LEGISLATIVA – LEI 14.195/2021! Exibição como meio de prova A nova redação do art. 397 do CPC auxilia a parte que pretende a exibição de documento ou coisa, viabilizando sua indicação por categorização, não sendo mais necessário sua individualização. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Audiência de instrução e julgamento ● É designada a audiência de instrução e julgamento para que seja colhida a prova oral, se for o caso. ● Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes. ● A ordem da prova oral se encontra no art. 361, CPC: Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente: I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 477 , caso não respondidos anteriormente por escrito; II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais; III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão inquiridas ● Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 minutos para cada um, prorrogável por 10 minutos, a critério do juiz. ● Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 dias. ● Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias. ● A audiência será pública, salvo as exceções legais referentes ao segredo de justiça (exs.: guarda, alimentos). Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art477 QUADRO RESUMO COMPLETO - PROCEDIMENTO COMUM já caiu! OAB XXX 2019. João dirigia seu carro a caminho do trabalho quando, ao virar em uma esquina, foi atingido por Fernando, que seguia na faixa ao lado. Diante dos danos ocasionados a seu veículo, João ingressou com ação, junto a uma Vara Cível, em face de Fernando, alegando que este trafegava pela faixa que teria como caminho obrigatório a rua para onde aquele seguiria. Realizada a citação, Fernando procurou seu advogado, alegando que, além de oferecer sua defesa nos autos daquele processo, gostaria de formular pedido contra João, uma vez que este teria invadido a faixa sem antes acionar a “seta”, sendo, portanto, o verdadeiro culpado pelo acidente. Considerando o caso narrado, o advogado de Fernando deve A) instruí-lo a ajuizar nova ação, uma vez que não é possível formular pedido contra quem deu origem ao processo B) informar-lhe que poderá, na contestação, propor reconvenção para manifestar pretensão própria, sendo desnecessária a conexão com a ação principal ou com o fundamento da defesa, bastando a identidade das partes. C) informar-lhe sobre a possibilidade de propor a reconvenção, advertindo-o, porém, que, caso João desista da ação, a reconvenção restará prejudicada. D) informar-lhe que poderá, na contestação, propor reconvenção para manifestar pretensão própria, desde que conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br OAB XXX 2019. Um advogado, com estudos apurados em torno das regras do CPC, resolve entrar em contato com o patrono da parte adversa de um processo em que atua. Sua intenção é tentar um saneamento compartilhado do processo.Diante disso, acerca das situações que autorizam a prática de negócios jurídicos processuais, assinale a afirmativa correta. A) As partes poderão apresentar ao juiz a delimitação consensual das questões de fato e de direito da demanda litigiosa B) As partes não poderão, na fase de saneamento, definir a inversão consensual do ônus probatório, uma vez que a regra sobre produção de provas é matéria de ordem pública C) As partes poderão abrir mão do princípio do contraditório consensualmente de forma integral, em prol do princípio da duração razoável do processo D) As partes poderão afastar a audiência de instrução e julgamento, mesmo se houver provas orais a serem produzidas no feito e que sejam essenciais à solução da controvérsia. OAB XXV 2018. Tancredo ajuizou equivocadamente, em abril de 2017, demanda reivindicatória em face de Gilberto, caseiro do sítio Campos Verdes, porque Gilberto parecia ostentar a condição de proprietário. Diante do narrado, assinale a afirmativa correta. A) Gilberto deverá realizar a nomeação à autoria no prazo de contestação. B) Gilberto poderá alegar ilegitimidade ad causam na contestação, indicando aquele que considera proprietário. C) Trata-se de vício sanável, podendo o magistrado corrigir o polo passivo de ofício, substituindo Gilberto da relação processual, ainda que este não tenha indicado alguém. D) Gilberto poderá promover o chamamento ao processo de seu patrão, a quem está subordinado. OAB XXXI 2020. Julieta ajuizou demanda em face de Rafaela e, a fim de provar os fatos constitutivos de seu direito, arrolou como testemunhas Fernanda e Vicente. A demandada, por sua vez, arrolou as testemunhas Pedro e Mônica. Durante a instrução, Fernanda e Vicente em nada contribuíram para o esclarecimento dos fatos,enquanto Pedro e Mônica confirmaram o alegado na petição inicial. Em razões finais, o advogado da autora requereu a procedência dos pedidos, ao que se contrapôs o patrono da ré, sob o argumento de que as provas produzidas pela autora não confirmaram suas alegações e, ademais, as provas produzidas pela ré não podem prejudicá-la. Consideradas as normas processuais em vigor, assinale a afirmativa correta. A) O advogado da demandada está correto, pois competia à demandante a prova dos fatos constitutivos do seu direito. B) O advogado da demandante está correto, porque a prova, uma vez produzida, pode beneficiar parte distinta da que a requereu. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br C) O advogado da demandante está incorreto, pois o princípio da aquisição da prova não é aplicável à hipótese. D) O advogado da demandada está incorreto, porque as provas só podem beneficiar a parte que as produziu, segundo o princípio da aquisição da prova. OAB XXXI 2020. O arquiteto Fernando ajuizou ação exclusivamente em face de Daniela, sua cliente, buscando a cobrança de valores que não teriam sido pagos no âmbito de um contrato de reforma de apartamento. Daniela, devidamente citada, deixou de oferecer contestação, mas, em litisconsórcio com seu marido José, apresentou reconvenção em peça autônoma, buscando indenização por danos morais em face de Fernando e sua empresa, sob o argumento de que estes, após a conclusão das obras de reforma, expuseram, em site próprio, fotos do interior do imóvel dos reconvintes sem que tivessem autorização para tanto. Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta. A) Como Daniela deixou de contestar a ação, ela e seu marido não poderiam ter apresentado reconvenção, devendo ter ajuizado ação autônoma para buscar a indenização pretendida. B) A reconvenção deverá ser processada, a despeito de Daniela não ter contestado a ação originária, na medida em que o réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação. C) A reconvenção não poderá ser processada, na medida em que não é lícito a Daniela propor reconvenção em litisconsórcio com seu marido, que é um terceiro que não faz parte da ação originária. D) A reconvenção não poderá ser processada, na medida em que não é lícito a Daniela incluir no polo passivo da reconvenção a empresa de Fernando, que é um terceiro que não faz parte da ação originária. Respostas (na ordem das questões): D; A; B; B; B. TEMA TRABALHADO NO MATERIAL DA AULA 04 de Processo Civil - Continuação do procedimento comum. Ficou com alguma dúvida? Entre em contato através das minhas redes sociais: @giuliachristensen @concursodosmeussonhos ; estou 100% disponível para todos vocês! Sigam firmes! Bons estudos! Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br
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