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Testes de Triagem Neonatal Introdução O teste do pezinho consiste no programa nacional da triagem neonatal que prevê o diagnóstico de 6 doenças: • Hipotireoidismo congênito. • Fenilcetonúria. • Hemoglobinopatias. • Fibrose cística. • Hiperplasia adrenal congênita. • Deficiência de biotinidase. É válido ressaltar que está ocorrendo a implantação de novos testes de triagem neonatal, os quais irão incluir a testagem de 14 doenças. Teste do Olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho O teste do olhinho, também chamado de teste do reflexo vermelho (TRV) rastreia anormalidades ou opacidades no segmento posterior do olho e deve ser feito com oftalmoscópio pelo pediatra, com exceção dos prematuros com peso < 1500 g ou idade gestacional menor que 35 semanas e admitidos em unidade de tratamento intensivo e intermediário neonatal, os quais devem ser examinados indiretamente com lente de 20 a 28 dioptrias, sob midríase medicamentosa, a partir da quarta semana de vida, por um oftalmologista. O exame deve ser feito antes da alta da maternidade, pelo menos 2 a 3 vezes por ano nos 3 primeiros anos de vida e 1 vez ao ano do terceiro ao quinto ano de vida. A técnica consiste em utilizar o oftalmoscópio direto estando a 50 cm a 1 metro do olho do paciente em um ambiente escurecido e sem a necessidade de colírios para dilatação da pupila. O exame será considerado como normal quando houver reflexo vermelho presente e bilateral. Por outro lado, será considerado como alterado quando houver opacidade (leucocoria), de modo que o paciente deve ser encaminhado para o oftalmologista para avaliar possíveis acometimentos: • Catarata congênita. • Retinoblastoma. • Glaucoma congênito. • Opacidades congênitas da córnea. • Retinopatia da prematuridade. • Inflamações e hemorragias intraoculares. Teste do Coraçãozinho O teste do coraçãozinho é realizado por meio da oximetria de pulso com intuito de rastrear alterações cardíacas. O exame é realizado antes da alta hospitalar, entre 24 e 48 horas do nascimento e apresenta uma sensibilidade de 75% e uma especificidade de 99%. A técnica consiste em aferir a oximetria de pulso no membro superior direito e em 1 dos membros inferiores. Para tal, as extremidades precisam estar aquecidas e o monitor deve evidenciar uma onda de traçado homogêneo. O teste será considerado normal se a saturação for ≥ 95 em ambas as medidas e se a diferença entre os membros for de < 3%. Em caso de alteração, deve-se repetir o exame em 1 hora. Caso confirme a alteração, deve-se realizar um ecocardiograma dentro das 24 horas seguintes e não se deve dar alta ao recém-nascido até o esclarecimento diagnóstico. Teste da Orelhinha O teste da orelhinha é feito para avaliar a presença de deficiência auditiva o mais precoce possível. O teste é realizado por um fonoaudiólogo ou médico entre 24 e 48 horas de vida na maternidade ou no máximo durante o primeiro mês de vida. Para tal, lactentes sem fatores de risco são testados por meio das emissões otoacústicas evocadas Regularidade da Testagem Neonato: antes da alta. < 3 anos: 2 a 3 vezes por ano. 3 a 5 anos: 1 vez por ano. (EOAs), de modo que se o teste for satisfatório, deve-se seguir o acompanhamento normalmente. Do contrário, na vigência de alterações, deve-se repetir o teste. Na persistência do teste alterado, parte-se para a realização do potencial evocado auditivo do tronco encefálico (PEATE). Caso o exame seja satisfatório, o recém-nascido deve ser acompanhado e deve-se realizar avaliação audiológica entre 7 e 12 meses de idade. Caso o exame não seja satisfatório, deve-se repetir o exame em 30 dias. Por outro lado, em lactentes com fatores de risco, o PEATE deve ser realizado imediatamente. A interpretação do exame é igual aos dos sem fatores de risco. Após repetir o exame em 30 dias, na persistência da falha, o paciente deve ser encaminhado ao otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo. Teste do Pezinho O teste do pezinho foi criado para triar o paciente entre as seguintes doenças: • Fenilcetonúria. • Hipotireoidismo congênito. • Hemoglobinopatias (doença falciforme) • Fibrose cística. • Deficiência de biotinidase. • Hiperplasia adrenal congênita. O hipotireoidismo congênito consiste na deficiência da produção do hormônio T4, a qual é uma das causas mais frequentes e preveníveis de retardo mental. Na presença da doença, normalmente não há sintomas, mas caso ocorra, os sintomas podem ser vagos ou inespecíficos, ou ainda serem semelhantes aos dos adultos. O exame é coletado em papel filtro de TSH. Caso a triagem seja positiva (TSH > 10 mUI/L), o paciente deve realizar uma nova coleta do teste do pezinho. Já se o exame for > 20 mUI/L, deve-se realizar a testagem de TSH e T4 livre com urgência. Porém, a coleta dos exames não deve atrasar o tratamento, o qual deve ser iniciado antes de 14 dias, utilizando-se da levotiroxina. Para investigação da etiologia, deve- se utilizar a ultrassonografia da tireoide. Na hiperplasia adrenal congênita, há deficiência da produção dos hormônios adrenais, de modo que o cortisol e a aldosterona são produzidas em baixas quantidades. Há três tipos de hiperplasia adrenal congênita: clássica ou perdedora de sal, virilizante simples ou não perdedora de sal e a forma não clássica de início tardio. O exame de triagem consiste na quantificação da 17-hidroxiprogesterona, seguida da confirmação sorológica no caso de alteração. O tratamento consiste na reposição hormonal diária por via oral. A deficiência de biotinidase é uma doença hereditária autossômica recessiva que consiste na deficiência da enzima biotinidase, a qual é responsável pela depleção endógena da biotina (B7) ou proveniente dos alimentos consumidos. A deficiência dessa vitamina provoca sintomas neurológicos e/ou cutâneos, que costumam aparecer a partir da 7ª semana de vida. O exame consiste na detecção qualitativa da enzima, sendo confirmado com a detecção quantitativa da enzima e complementado com estudo genético-molecular, se necessário. O tratamento consiste na ingestão oral de biotina por toda a vida. A fibrose cística é uma doença genética autossômica recessiva que causa o mau funcionamento do transportador de íons nas membranas celulares, causando um baixo teor de água e espessamento de secreções respiratórias, pancreáticas e do epitélio biliar. Dessa forma, no trato gastrointestinal, a doença pode provocar má absorção, má digestão com fezes gordurosas, malcheirosas e volumosas, doenças hepáticas e pancreáticas progressivas, entre outras alterações. No recém-nascido, a suspeita deve ser levantada quando ocorre atraso da eliminação meconial (normal ocorrer em até 48 horas de vida). O Fluxograma da Testagem exame de triagem consiste na tripsina imunorreativa (IRT). Caso o exame venha alterado, deve-se repetir entre a terceira e quarta semana de vida do paciente. Caso os dois exames estejam alterados, deve- se realizar o teste do cloro no suor para confirmação. Exame que também deve ser feito no caso da segunda amostra não tenha sido colida no período correto. Já a fenilcetonúria é um erro inato do metabolismo da fenilalanina que ocorre de forma hereditária, autossômica recessiva, pela deficiência da enzima fenilalanina hidroxilase (PAH) que converte a fenilalanina em tirosina. Os sintomas dessa doença iniciam após a inserção de alimentos riscos no aminoácido (leite materno e fórmulas infantis), gerando um atraso no desenvolvimento global, sintomas neurológicos e alteração do odor da urina. O exame deve ser feito após 48 horas de vida, uma vez que se necessita que o recém-nascido se alimente com o aminoácido. Por outro lado, o tratamento consiste na dieta isenta de fenilalanina pelo resto da vida. Por fim, a anemia falciformeé uma doença genética autossômica recessiva que cursa com um defeito na estrutura da cadeia beta da hemoglobina, formando uma hemoglobina anômala chamada de S (HbS) com forma de foice. Já as hemoglobinopatias são mutações que levam ao desequilíbrio nos tipos normais da hemoglobina, formando talassemias ou formando hemoglobinas com características distintas da normal, como a HbS, HbC, etc. Em recém-nascidos normais, a hemoglobina fetal (HbF) está em maiores concentrações que a hemoglobina normal adulta (HbA), resultando em um padrão esperado HbFA. Dessa forma, portadores heterozigóticos para essas doenças vão se apresentar com padrão HbAS, HbAC, entre outros, enquanto os homozigóticos vão se apresentar com padrão HbSS, HbSC, HbCC, etc. O exame deve ser coletado após 48 horas de vida, de preferência entre o 3 e 5º dia de vida, uma vez que a triagem de fenilcetonúria pode resultar em falso negativo se feito muito precocemente. No caso de prematuros, a coleta deve ser feita em três amostras em tempos diferentes: primeira amostra na admissão da UTI neonatal, antes de iniciar nutrição parenteral, transfusões ou medicamentos; segunda amostra entre 48 e 72 horas de vida; e terceira amostra logo na alta ou no 28º dia de vida do recém-nascido internado. Em caso de recebimento de transfusão, uma quarta amostra deve ser feita aos 4 meses de vida para análise da hemoglobina.
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