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1 Louyse Jerônimo de Morais Fundo de olho e doenças da retina Referência: aula do prof. Ricardo Azevedo Introdução Quando usamos a tabela de Snellen, 20/40 é o limite que atribuímos a uma pessoa capaz de dirigir um veículo automotor. Utilizamos esse exame para rastrear e quantificar doenças, inclusive as de retina. Camadas da retina As camadas adjacentes ao gel vítreo são denominadas camadas internas da retina. Já as vizinhas ao epitélio pigmentar são as camadas externas. A retina, teoricamente, é transparente. A coloração que se vê no fundo de olho vem das camadas mais profundas, que é o epitélio pigmentar e a coroide. São esses dois tecidos que dão o reflexo vermelho do fundo de olho. A retina tem vasos sanguíneos, que são as artérias e veias retinianas. É importante ter em mente essa relação neurossensorial entre retina, epitélio pigmentar [não faz parte da retina, mas tem importante papel de suporte metabólico], membrana de Bruch [membrana basal] e córeo capilar [fina esponja de vasos sanguíneos, que já faz parte da coroide, mas tem vasos menores]. Assim como temos uma altíssima densidade de receptores, polarizando e despolarizando em segundos, nos tecidos por trás, temos o fluxo maior do corpo em termos de mm². Depois coroide e atrás, tem esclera, que é a parte branca do olho. A camada de retina neurossensorial não está aderida no epitélio pigmentar, na verdade, elas estãp virtualmente aderentes. No descolamento de retina, separa retina do epitélio pigmentar, pois elas estão justapostas. Estrutura do fundo de olho O nervo óptico está um pouco anasalado e a partir dele, emergem veias e artérias retinianas. Os vasos mais finos são as artérias – ramo temporal e nasal superior e inferior. As veias são mais grossas e mais avermelhadas. Ligeiramente temporal ao nervo, em torno de 2,5 diâmetros do nervo, temos a mácula, onde fica a fóvea – estrutura diferenciada, em que a densidade de receptores é maior. Sempre lembrar que a retina funciona como uma parabólica, então toda a parte lateral capta imagem, mas é aquela imagem de defesa, isto é, de campo visual. Ela vai até a ora serrata, que está quase virada para trás. Essa retina periférica pode ter vários problemas, inclusive, boa parte das roturas que levam ao deslocamento de retina acontecem nessa área. Para examinar isso, tem que lançar mão do exame de depressão escleral, em que vai com um cotonete por volta do olho e empurra para colocar a retina no campo de visão. Faz em paciente com suspeita de descolamento de retina. Para ver a parte periférica da retina, o olho tem que estar bem dilatado. Uma vez dilatada a pupila, usa oftalmoscopia indireta, para observar um campo de visão mais amplo. Muitas vezes, nem esse exame é suficiente. Tenta angular para pegar a parte periférica da retina. 2 Louyse Jerônimo de Morais Neuropatia glaucomatosa - assimetria da escavação: se retina superior, por exemplo, o paciente tem defeito de campo inferior. Conforme a escavação aumenta, maiores os prejuízos de campo visual. Causas de hemorragia retiniana A retina tem toda uma rede capilar. Todas as doenças que podem cursar com obstrução capilar, estase venosa e restrição ao fluxo venoso podem, de certa forma, manifestar-se na retina, assim como as consequências mais visíveis e extremas desse processo, que seriam as hemorragias. • Retinopatia diabética • HAS • Oclusões venosas da retina: tipo uma trombose. • Oclusão arterial da retina • Doenças da artéria carótida: obstrução da carótida pode evoluir com síndrome ocular isquêmica. • Retinopatia falciforme, por radiação, por HIV • Retinites [outras] • Macroaneurisma de retina • Vasculite retiniana • Síndrome Shaken Baby • Anemias • Doenças linfoproliferativas • Coagulopatias • Hiperviscosidades • Papiledema • Endocardites • Septicemia • Síndrome de Terson’s • Valsalva retinopatia • Purtscher retinopatia: relacionada ao trauma, como uma explosão. • Trauma, trauma ocular, trauma craniano, traumas compressivos torácicos e abdominais [pensar em cinto de segurança causando trauma] • Degeneração macular relacionada à idade • Descolamento de vítreo posterior Essas doenças fazem com que você pense em sempre examinar a retina desses pacientes. Retinopatia hipertensiva • Assintomática, bilateral • Perda de visão associada a complicações o Obstruções venosas [tromboses] o Hemorragias retinianas: um pico hipertensivo pode levar ao rompimento de um capilar retiniano. o Descolamento seroso de retina: capilar não rompe, mas deixa passar plasma, ficando mais permeável; isso afeta a visão, porque a retina é transparente e os fotorreceptores que captam a imagem estão na camada mais profunda. o Edema de retina: retina fica enxarcada, o que retira sua transparência e afeta a visão. o Neuropatia óptica o Hemorragia vítrea: pico hipertensivo; fecha a visão por completo. Classificação • Grau 0: sem alterações. • Grau 1: pinçamento arteriovenoso, com aumento de tortuosidade vascular, e discreto afinamento arteriolar [diâmetro do vaso fica afinado e as paredes internas ficam hipertrofiadas em resposta à hipertensão]. • Grau 2: afinamento arteriolar com irregularidades focais. • Grau 3: hemorragias retinianas, microaneurismas, exsudatos duros e algodonosos, + grau 2. Em uma hipertensão aguda, pode-se se deparar com os achados grau 3. • Grau 4: edema de disco óptico [+ grau 3], hipertensão maligna. 3 Louyse Jerônimo de Morais Achados A restrição ao fluxo fez as veias ficarem tortuosas – talvez um dos sinais mais comuns vistos no dia a dia. • Pinçamento arteriovenoso: artéria por cima da veia, a artéria pulsa mais e comprime um pouco a veia, causando pinçamento. Grau II: Retinografia colorida ilustrando cruzamentos arteriovenosos patológicos (setas), nos quais há compressão das veias pelas artérias e estreitamentos focais (cabeça de seta). • Fio de cobre: começa a obstruir o lúmen e gerar espessamento, que dá o reflexo em fio de cobre. Nesse estágio, já tem alteração de fluxo e as arteríolas apresentam tom avermelhado. • Fio de prata: o vaso vai fechando e ficando hipertrófico, então obstrui e forma um tecido fibroso. Já é sinal de espessamento a ponto de obstruir o vaso. Nesse caso, as arteríolas apresentam coloração branca, devido à ocultação da coluna de sangue, em decorrência do agravamento do espessamento da parede arteriolar. Tanto as arteríolas em fio de cobre quanto em fio de prata correspondem ao aumento do reflexo arteriolar. Fase crônica da retinopatia hipertensiva • Retinopatia hipertensiva grau III: pode ocorrer um pico hipertensivo, que leva a hemorragias superficiais e exsudatos algodonosos. Fase aguda da retinopatia hipertensiva A superfície da retina é cheia de capilares, que começam a vasar. Inicialmente, o paciente faz edema, que tem dois componentes, sendo um mais lipídico, que demora mais a ser absorvido, e outro mais aquoso, isto é, 4 Louyse Jerônimo de Morais soro. A parte do plasma mais grossa, que demora mais a ser absorvida, são lipídios e vão se depositar em exsudatos duros. Por outro lado, o exsudato algodonoso ou mole é mais aquoso e mais superficial. O edema por si só é inespecífico. Geralmente, o exsudato duro, isto é, o lipídico que se deposita, meio que delineia o edema, seguindo o padrão do axoplasma. Na vigência de exsudato duro, já denota que algo aconteceu há algum tempo, o que diz respeito a uma certa cronicidade. Uma situação seria um paciente com pico hipertensiva, cuja PA atingiu 220 X 140 mmHg. Nesse caso, o que se vê é que o paciente faz uma edema, tem uma área um pouco borrada e com alguns exsudatos moles superficiais. Quando pensar em pico hipertensivo recente? O edema envolve quase todas ascamadas da retina, mas também tem exsudatos moles mais superficiais, sendo que os dois ocorrem de forma quase concomitante. A visão borra porque o edema atinge a mácula. O que ocorre três a quatro semanas depois? O paciente volta com visão melhor, porque ocorre reabsorção do componente aquoso [exsudato algodonoso] do edema. Assim, sobra apenas um padrão de exsudato duro depositado quase que seguindo o padrão das fibras nervosas que levam ao nervo – padrão estrelar. Na retinopatia hipertensiva grau IV, a hipertensão crônica causa reorganização do sistema vascular da retina. Inclusive, as alterações começam a envolver o nervo, causando edema de papila e alterações vasculares tortuosas, porque o nervo tem sua organização vascular própria. Ocorrem vazamentos superficiais próximos ao nervo e não se consegue mais ver limites da rima. Isso se chama “edema de papila”. Retinopatia diabética • Uma das principais causas de cegueira entre adultos • Fatores determinantes o Duração do diabetes: aproximadamente 25% dos diabéticos o Após 20 anos: 95% tipo I, 60% tipo II o Cegueira: 3% após 20 anos o Tabagismo, HAS, dislipidemias: fatores que acrescentam risco maior a problemas visuais Precisamos lembrar da microangiopatia diabética. A rede capilar retiniana é uma extensa área de capilares na superfície da retina. Com o passar da diabetes, a hiperglicemia crônica faz com que o capilar passe a obstruir. Assim, algumas células vão entrar em sofrimento, o que sinaliza biologicamente para que outras células tentem contornar aquele problema. Dessa forma, libera-se fatores de crescimento estimulados pela isquemia. O capilar, na tentativa de promover um melhor aporte sanguíneo para a retina, ele começa a dilatar um pouco. Fazendo isso, causa edema, então se perde a precisão homeostática que o capilar tem. Eventualmente, isso não vai ser suficiente e o processo vai disseminar, gerando mais vazamento. Alguns capilares irão sangrar, seguindo o padrão das fibras nervosas [hemorragia em chama de vela], hemorragias redondas, denominadas “dot in blot”, e microaneurismas [capilar em cabeça de prego]. Antigamente, isso era tratado com laser, a fim de fechar o capilar. Paciente do sexo feminino, 49 anos, DM há 7 anos e visão de 20/20 (100%). Retinografia do 1º exame mostra hemorragias do tipo dot in blot nos 4 quadrantes e irregularidade da parede venosa, classificando-a como retinopatia diabética não-proliferativa grave. 5 Louyse Jerônimo de Morais A retinopatia diabética é classificada de acordo com o número de quadrantes envolvidos, a fim de identificar o risco de evoluir para um processo descontrolado – retinopatia diabética proliferativa. • Baixo risco: alterações espaçadas e focais. • Retinopatia não proliferativa: apenas edema e exsudatos. Se não for a nível de mácula, a visão pode ficar normal. • Padrão estrelado: presume-se que ocorreu em camadas mais superficiais e tem aspecto de feixes de axoplasmas. • Padrão mais cheio: afeta todas as camadas. Diferencial • Drusas: exsudatos duros bem delineados, que são aqueles amarelados e lipídicos; relacionam-se à idade e causa cegueira em pessoas após 55 anos, principalmente em caucasianos. • Retinopatia hipertensiva: exsudatos algodonosos e superficiais. Denotam algo mais recente e agudo, causado por pico hipertensivo. O processo isquêmico vira uma fábrica de fatores de crescimento vascular e proliferação, na tentativa de conter o processo isquêmico. Os fatores pró-angiogênicos são uma tentativa de um tecido isquêmico contornar esse processo, produzindo neovasos. Pode ser muito desejável no miocárdio ou cérebro infartado, no olho, tem um problema especial, pois eles são mal diferenciados, sangram muito e estão associados com fibrose, isto é, proliferação. Tudo isso é incompatível com a retina. Na retina isquêmica, a rede capilar já obstruiu, então tem que fazer laser nela, a fim de cauterizar o tecido isquêmico e evitar deslocamento de retina. Exame de angiofluoresceinografia Injeta-se contraste de fluoresceína. Na forma injetável dela, conta 30 a 40 segundos, aquilo começa a circular no olho e enche os vasos, mas a rede capilar da retina é muito bem diferenciada, ela não deveria deixar vazar – se vazasse, a retina não seria transparente. Os neovasos deixam passar o contraste, então começa a perder a diferenciação, causando vazamento de sangue e edema. O fator do crescimento endotelial vascular é uma proteína que não fica apenas no bordo. Como se isso não fosse suficiente, também há liberação de outro sinalizador da resposta inflamatória, que se chama fator de crescimento de fibroblastos, transformando células retinianas em fibroblastos. Na retina, tem muitos hialócitos, que são células de patrulha dormentes. Quando elas se deparam com algum fator de crescimento, podem ser induzidas a se transformar em fibroblastos. Estes formam um cordão fibroso, que passam a tracionar a retina. O tecido fibrótico pode contrair, levando a um descolamento de retina maior, podendo necessitar de intervenção cirúrgica para remover fibrose. • Retinopatia proliferativa: proliferação de neovasos e tecido fibroso, podendo causar descolamento de retina tracional. Também tem edema macular. o Tratamento segue alguns princípios: tem que tratar a área isquêmica, neutralizando-a com panfotocoagulação a laser da retina periférica. O edema macular é tratado com agente anti- angiogênico, algo que vai bloquear a proteína que está aumentando a permeabilidade vascular [corticoide ou anti-TGF]. O problema é que quando se induz a uma atrofia vascular na presença de fibrose, o tecido fibrótico tende a contrair, levando a um descolamento de retina maior. Então, há a possibilidade de intervenção cirúrgica para retirar a fibrose. Como diferenciar um neovaso de um vaso normal? Primeiramente, deve-se ressaltar que não se consegue ver o capilar retiniano. O neovaso não segue o 6 Louyse Jerônimo de Morais padrão normal – padrão radiado dos vasos. Surgem na retina e podem também surgir no nervo. Fotocoagulação a laser - quando faz laser, ele deixa uma manchinha branca. O laser é absorvido pelo epitélio pigmentar da retina e cria uma cicatriz nas camadas dela. Com isso, neutraliza, leva à atrofia e diminui o aporte de fatores pró- angiogênicos. Não vai recuperar a visão, pois a melhora da visão se dá pelo tratamento do edema capilar. O laser tem o papel de tratar o problema em longo prazo, por meio da neutralização do processo que leva à proliferação. Se um coloboma fibroso de retina contrair, pode descolar essa estrutura – descolamento de retina tracional [também pode ocorrer em caso de retinopatia diabética proliferativa]. O paciente nessa situação mal enxerga o movimento de mãos. Descolamentos de retina crônicos geram muita perda de fotorreceptores, então mesmo a cirurgia não consegue grandes resultados, mas é melhor do que não fazer. Papiledema • Edema de disco óptico associado ao aumento da pressão intracraniana. • Bilateral • Unilateral se: associado a tumores posteriores subfrontais [síndrome de Foster-Kennedy], atrofia óptica ou anomalia contralateral. Apresentação clínica 1. Sintomas Em geral, assintomático, mas pode se apresentar com obscurecimento visual em valsalva – aumento da pressão de retorno pode ser um “empurrãozinho” para que haja obstrução do fluxo no nervo, gerando obscurecimento visual transitório – e movimento ocular – o movimento do olho pode colocar o nervo em posições distendidas. Se crônico e severo, pode resultar em atrofia óptica e escotomas visuais. 2. Sinais • Perda de pulsação venosa: PIC > 20 cmH2O – 20% da população sem pulsação venosa de forma fisiológica. Não usa mais como critério para dizer se a pessoa tem ou não, pois se apessoa não tiver, significa que tem uma resistência maior. Consideramos apenas como fator de risco. • Hiperemia de disco óptico • Borramento de margens do disco óptico • Hemorragias de disco e retina • Exsudatos duros • Telangiectasia peripapilar • Engurgitamento venoso • Edema de retina • Descolamento seroso peripapilar Tudo isso se resume à restrição, isto é, resistência ao fluxo. Várias alterações vasculares estão associadas com estase, indicando restrição e resistência ao fluxo. Edema intersticial: observa-se o nervo borrado, porque se tem líquido nos feixes axonais que vem da retina. Então, borra tudo e não tem muita alteração vascular, só perde delineamento do nervo, alterando até o padrão de escavação. Pode causar algumas restrições de fluxo, micro hemorragias e hemorragias em chama de vela. Por conta do estresse nas fibras nervosas que passam ali, o paciente pode começar a apresentar defeitos de campo. Etiologia • Lesões expansivas de SNC: tumores, abscesso, hemorragia intracraniana. • Redução de reabsorção do LCR: tromboses do seio venoso, meningite, hemorragia subaracnóidea. • Produção aumentada de LCR: tumores de plexo coroidal. • Obstrução do sistema ventricular • Edema cerebral: isquemia, encefalites, trauma, outras. 7 Louyse Jerônimo de Morais • Hipertensão intracraniana idiopática [pseudotumor cerebral] Não são todas as HIC que causam papiledema, mas se tiver, já levanta as nossas orelhas. Diagnóstico diferencial: todas as doenças que causam edema ou inflamação de nervo – neurite óptica [papilite], oclusão de veia central da retina, neuropatia óptica isquêmica, tóxica, hereditária, neurorretinites, papilopatia diabética [alterações do DM começam a afetar o nervo] etc. Neurite: veja que tem alguns infiltrados em volta. É claro que o diagnóstico vem do contexto. Nesse caso, é mais comum haver sintomas visuais, como perda de campo e visual. Neuropatia de Lebler congênita, hereditária: vê-se que ainda existe um certo contorno. Existe uma perda, mas está associada com baixa de visão. Shaken baby síndrome Pode causar alterações no decorrer da vida, inclusive permanentes no desenvolvimento da criança. Uma série de alterações são causadas por comprometimento vascular, mas as principais são neurológicas. O movimento brusco que faz esse chicoteamento dos nervos do cérebro causa danos no cérebro em desenvolvimento. Pode causar hemorragias subdurais, aumenta da PIC e pode, inclusive, levar à morte. No olho, pode ter hemorragias a nível de retina, porque o olho tem uma extensa rede vascular e oferece uma boa oportunidade de diagnóstico desta condição. Muitas vezes, a criança chega na urgência com um quadro apenas de irritabilidade, podendo ter algumas marcas e sinais de abuso no corpo. Nessa situação, a suspeita é importante. Pode solicitar avaliação oftalmológica com pupila dilatada. • Considerações: documentação essencial, assim como notificação do pediatria, psicólogo ou assistente social, além das notificações requeridas por lei. Na ausência de diagnóstico correto, 25% serão vítimas de episódios recorrentes. • Diagnóstico diferencial: retinopatia da prematuridade, retinopatia de Purtscher, coagulopatias, doença de Coats, retinite por CMV, toxoplasmose. • Achados oftalmológicos: em geral, bilaterais e apenas detectáveis ao exame oftalmológico de fundo de olho com dilatação pupilar. Encontra-se hemorragias pré, intra e/ou sub-retinianas. Hemorragia pré retiniana: causa baixa de visão porque está na frente da mácula. • Etiopatogenia: traumatismo craniano por abuso físico, pode estar associado a edema cerebral, hemorragia subaracnóidea e/ou subdural. • Quadro clínico: idade < 3 anos, em sua maioria < 1 ano. Apresenta-se na forma de um quadro sistêmico complexo – de letargia a irritabilidade, convulsões e coma. Cerca de 1/3 dos casos são subdiagnosticados ou erroneamente. Lesões traumáticas de retina e coroide Na vigência de uma concussão no olho, por exemplo, um objeto atinge esse órgão, mas não o perfura. 8 Louyse Jerônimo de Morais No entanto, a onda de choque provocada, lança conteúdo vítreo sobre os tecidos oculares, podendo lesar alguns desses tecidos. Rotura da coroide Lesão traumática de coroide, com sangramento. Até o trauma por cinto de segurança, causando valsalva por compressão torácica, pode causar esse tipo de lesão. Rotura da coroide acompanhada de sangramento. Esse esbranquiçamento da retina é resultado de um edema retiniano que se forma. O gel vítreo, quando lançado contra a retina, chama-se commotio retinae, o esbranquiçamento chama-se edema de Berlim. Rotura de retina – permite que o líquido entre por baixo da retina e a disseque, provocando descolamento regmatogênico de retina. Nessa situação, é uma causa traumática, mas pode acontecer espontaneamente. Na parte periférica, sempre lembrar que o mesmo gel vítreo pode provocar roturas na retina. Na vigência de um trauma por veículo automotor, concussão craniana, trauma de olho, trauma contuso ou perfurante de olho, sempre lembrar do oftalmologista e pensar que por trás pode ter lesão desses supracitados. Se diagnosticar cedo, pode fazer laser em volta da lesão e prevenir evolução para descolamento de retina. Retinopatia valsalva – pode acontecer por tosse forte, trauma, compressão torácica. Causa rompimento de vasos da retina e coroide. Como sabe que é pré-retiniana? Porque não vê o vaso sanguíneo sobre a hemorragia. Se na frente da mácula, pode provocar alteração da visão. Hemorragia retiniana - rotura de coroide, é uma hemorragia subretiniana, com alguns pontos de rotura de epitélio pigmentar 9 Louyse Jerônimo de Morais Hemorragia subretiniana – dá para ver o trajeto dos vasos. A hemorragia subretiniana é muito problemática, porque os fotorreceptores estão do outro lado da retina, justamente em contato e exposto ao sangue. A convivência do sangue com o fotorreceptor não é amistosa. A hemácia degradada libera hemoglobina, que causa escleração da degeneração do fotorreceptor. Precisa tratar de imediato, de preferência nas primeiras 24-48h, porque nesse período, pode usar ativador do plasminogênio tecidual [TPA], que é a proteína que quebra algum coágulo, permitindo que se drene o sangue. Depois de passado um tempo, não vai mais ter efeito, porque não se consegue mais dissolver o coágulo, deixando muito difícil de drenar o coagulo do espaço subretiniano. Se esse sangue ficar ali, esse paciente vai ter perda de visão total dos fotorreceptores que estão em contato com o hematoma. Pacientes acima de 70 anos, principalmente caucasianos, tem incidência de 20% de grau de degeneração macular relacionada à idade, podendo ter neovasos associados. Oclusão de artéria central da retina • Etiologia: obstrução embólica • Quadro clínico: BAV súbita e severa, possível patologia de base associada. • Diagnóstico: clínico, angiografia, USG de carótidas, ecocardiograma. • Tratamento: é uma emergência. Se > 12h, o prognóstico visual é ruim. É necessário reverter a obstrução o mais rápido possível. Muitas vezes, um paciente hipertenso pode evoluir com quadros de obstruções arteriais, não só no cérebro, mas também na retina. Pacientes com aterosclerose vão começar a fazer placas ateromatosas de carótida. Algumas delas, se não tratadas adequadamente, podem ir rompendo e formar êmbolos, que podem cair na artéria retiniana. Isso leva a uma obstrução, que é praticamente embólica, o que vai causar perda de visão súbita. Assim como em outras situações, como hemorragia retiniana, que se tem baixa de visão, causa escotoma no paciente, porque a área em contato com o sangue deixa de enxergar. Nesse caso, o coágulo obstrui a artéria central da retina, causando isquemiadisseminada na região. O paciente vai, de uma hora para outra, deixar de enxergar. Portanto, na vigência de uma perda súbita de visão, suspeitar de obstrução de artéria central retiniana. Mácula em cereja – a retina fica tão pálida em volta, que a fóvea central responsável pela fixação assume aspecto alaranjado em relação a ela. Essa mácula é típica da oclusão de artéria central retiniana. Na angiografia, injeta contraste e avalia enchimento arterial e venoso. Veja, nesse caso, que esse paciente teve uma sorte de ter uma circulação colateral, chamada de artéria cilioretiniana, que conseguiu prover sangue só para a região central da mácula, preservando a visão. O restante da retina, que é irrigada pelo ramo da artéria retiniana superior, foi comprometido pelo êmbolo, ou seja, está totalmente sem função. Toda a retina que não está irrigada está sem função. Apenas 20 a 30% das pessoas têm essa circulação colateral. Esse paciente preservou visão central, ficando com visão tubular, mas todo o restante da retina virou um grande escotoma. Se for em menos de 12h, pode tentar algumas manobras, inclusive o uso da cateterização da artéria oftálmica, podendo tentar reperfundir a artéria. O índice de sucesso não é muito alto. 10 Louyse Jerônimo de Morais Êmbolo de plaquetas Êmbolos de cálcio Êmbolos de talco – após injeção endovenosa, usuários de drogas. Pessoas muito viciadas podem dissolver cocaína para fazer injeção endovenosa. Os traficantes misturam a droga com talco e outras substâncias geralmente brancas. Esses contaminantes não dissolvem. Algumas situações, como o TCE, podem acarretar lesões na retina, que podem ser graves, porque estão associadas a hemorragias retinianas e, principalmente, subretinianas – prognóstico grave, por degeneração dos fotorreceptores. Pode, também, determinar lesões periféricas de retina, e a sua rotura pode gerar descolamento. A obstrução de artéria central é uma urgência oftalmológica, porque o prognóstico visual depois de 12h é muito pobre. Oclusões venosas da retina • Tipos: oclusão de veia central ou hemirretiniana; oclusão venosa de ramo. • Fatores de risco: hipertensão arterial [aproximadamente 75%], doenças carotídeas, diabetes, hiperlipidemias, síndromes de hiperviscosidade e hipercoagulação, uso de contraceptivos hormonais [adultos] e idade > 50 anos. • Quadro: BAV unilateral, reflexo pupilar alterado em formas isquêmicas. • Tratamento o Intraocular: antiangiogênico, corticoide. o Formas isquêmicas: fotocoagulação a laser. Além das oclusões arteriais, temos também as venosas, que se apresentam de forma muito florida e já não considera mais uma urgência, embora o prognóstico também possa ser complicado. A oclusão venosa pode ser central, caso acometa a veia central, mas também pode ser de ramos, que é o mais comum. Obstrução de ramo de veia retiniana Em casos de obstrução de ramo da veia retiniana, toda a área drenada por ele vai sofrer aumento de pressão intravascular à montante da obstrução. Obviamente, os vasos vão deixar passar plasma e sangue para o espaço intrarretiniano, criando um aspecto hemorrágico e edematoso da retina drenada por esse ramo vascular. Na tentativa de reabsorver o edema, isto é, o excesso de líquido, já que as veias não conseguem captar isso, o próprio epitélio pigmentar e a retina adjacente tentam absorver, e essa sobrecarga de líquido vai determinar a formação de exsudatos duros subrretinianos. 11 Louyse Jerônimo de Morais Assim, temos uma lesão edematosa, de aspecto hemorrágico, por aumento da estase venosa. Houve um extravasamento de sangue e plasma, por uma causa obstrutiva – oclusão venosa. Essa deposição de exsudatos na retina e no epitélio faz aparecer exsudatos duros, formando estrela macular, por conta do sentido radiado das fibras nervosas que chegam até o centro da mácula. É muito associada com HAS. Mulheres usuárias de anticoncepcionais hormonais orais, principalmente jovens, são particularmente suscetíveis a oclusões venosas. Lembrando que, aqui, a sintomatologia, como se bem ver, é causada pelo edema macular, gerando baixa de visão. Existe um borramento da visão, então provavelmente esse campo inferior da visão [porque a hemorragia está no campo superior da retina] está borrado. O reflexo pupilar pode estar alterado, mas geralmente isso vai acontecer se houver uma forma isquêmica, mas não é o mais comum. Primeiramente, identifica edema macular. Para retirar o edema, faz antiangiogênico, para reduzir permeabilidade vascular, ou corticoide, com efeito mais amplo. Faz intraocular, porque a biodisponibilidade de drogas tópicas não é boa na mácula. Dessa forma, é feita uma pequena injeção dentro do olho, colocando o medicamento na cavidade vítrea. Um alternativa seria injetar de forma periocular. Sempre que houver forma isquêmica, a mancha escura na retina é uma área em que não está havendo enchimento capilar, porque eles ocluíram. Não se espera que se vá retomar perfusão, gerando isquemia e produção de fatores pró-angiogênicos, os quais vão estimular a neovascularização. Vendo áreas desse tipo, fotocoagula para neutralizar a retina, que não tem mais função visual, mas apenas de estimular problemas de neovascularização. Descolamento de retina • Definição: separação da retina neurossensorial do EPR. • Formas: regmatogênico, seroso ou exsudativo e tracional. A área mais suscetível da retina a fazer roturas é a área de inserção da base vítrea, que é muito forte. Fazendo rotura, o líquido vai infiltrar na retina, causando descolamento. Essa separação da retina neurossensorial do epitélio pigmentar é o que chamamos de descolamento de retina. Temos formas diferentes, de acordo com a causa. • Forma serosa ou exsudativa: edema macular, vazamentos para retina – hipertensão arterial. • Tracional: retinopatia diabética – casos graves não tratados a tempo evoluem para proliferação fibrótica na superfície retiniana. • Regmatogênico: a causa primária é a rotura de retina. Descolamento de retina regmatogênico • Etiologia: rotura da retina, em geral, periférica; degenerações periféricas de retina [Lattice – 30%], descolamento de vítreo posterior, miopia, trauma; cirurgia intraocular prévia [perda vítrea]; diálises e rasgaduras gigantes de retina. • Sintomatologia o Degeneração vítrea: floaters, moscas volantes. o Tração vitreorretiniana: fotopsias. o Rotura de retina: flash luminoso, fotopsia. o Descolamento: redução de campo e/ou perda de visão central. • Tratamento: cirúrgico. o Emergência: mácula colada [paciente retém visão central]. o Urgência: paciente perde visão central há menos de 72h. • Prognóstico: melhor nos dois casos acima; descolamentos com mais de uma semana geram perda mais acentuada de acuidade visual. Na rotura, o gel vítreo puxa a retina, formando um flap. Em 30% dos casos, por trás disso, tem também afinamento da retina. Geralmente, em olhos míopes, a degeneração Lattice está presente, mas também pode ter em olhos não míopes, porém com histórico de miopia na família. 12 Louyse Jerônimo de Morais Descolamento de vítreo posterior O paciente mais velho [50 a 60 anos de idade] vem dizendo que está vendo moscas na visão, que vão para um lado e para outro, porque estão no gel vítreo [se a mancha não for móvel, é escoltoma]. Essa mancha móvel, na realidade, nada mais é, do que uma opacidade na cavidade vítrea. Essas opacidades, geralmente, coincidem com alguma alteração no gel vítreo, que podem decorrer de um descolamento do vítreo posterior. Nessa situação, se nesse processo, puxar um pedaço da retina e a romper, precisa tratar imediatamente, para prevenir um descolamento de retina. Encaminhar para oftalmologista nas primeiras 24 a 72h para ser atendido.O quadro de fotopsias e moscas volantes é muito associado a alterações do gel vítreo, que podem denotar tração vítreo-retiniana, com descolamento vítreo- posterior. A retina é um órgão neurossensorial, mas a função dela é sinalizar para o cérebro com visão. Uma tração mecânica na retina, a mesma que provocaria sensação tátil na pele, vai provocar sensação luminosa. A retina sinaliza para o cérebro com uma luz, que é o que chamamos de fotopsia. É como um flash luminoso, geralmente causado por tração retiniana, podendo ser na forma de vagalumes, chuveirinhos, flash de luz etc. Isso é sintoma de tração vítreo-retiniana e deve ser examinado. Se evoluir com descolamento, o campo de visão da retina descolada não consegue mais definir. No caso de retina temporal toda descolada, tudo do lado nasal do olho o paciente vai perceber manchado, e no máximo vai perceber movimentos manuais. Isso vai parecer como se o paciente enxergasse uma sombra do lado esquerdo. Esta última é um sinal de descolamento de retina em andamento. Precisa tratar o quanto antes, e se ele ainda estiver com visão central – ainda consegue ler aquela letra? Consegue contar os dedos? – esse paciente tem sombra que vem do descolamento de retina periférica, mas felizmente, a mácula ainda está funcionando, isto é, colada. Isso significa descolamento de retina com mácula colada – emergência, porque vai fazer de tudo para que esse paciente seja tratado antes que a mácula descole, porque aí você vai ter praticamente uma recuperação sem perda de visão central. Na retina periférica, tem redução da sensibilidade de campo. Se você não agir a tempo, a mácula descola e a visão central começa a embaçar. Se isso acontecer antes de o paciente chegar a você, perguntar a ele quando foi percebida a baixa na visão central. Se foi há 2 a 3 semanas, ele está em uma categoria de prognóstico ruim, mas ainda assim encaminha. Se o paciente disser que a sombra apareceu há duas semanas, mas a visão só apagou ontem, por exemplo, trata como urgência, porque se tratar dentro de 72h do momento em que houve perda da visão central, eles carregam um melhor prognóstico visual. Se perda de visão central a menos de 72h, tentar fazer cirurgia dentro desse tempo. Quanto antes melhor, porque a partir do descolamento da mácula, existe uma perda linear dos fotorreceptores. No descolamento regmatogênico, tem que drenar o líquido cirurgicamente. Faz bloqueio da rotura. Esse procedimento geralmente é feito por vitrectomia. Bloqueia rotura com laser ou crioterapia. Descolamento de retina seroso • Etiologia: síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada [VKH], Harada’s; efusão uveal idiopática; tumores de coroide; coriorretinopatia serosa central; esclerite posterior; retinopatia hipertensiva. • Sintomas: assintomático até que o descolamento de retina envolva a mácula; fotopsias. • Tratamento: causal. Começa a ter infiltrado de líquido que parte da coroide em direção ao espaço subretiniano. VKH é uma doença autoimune que causa efusão do tecido esponjoso da coroide que está por trás da retina, causando exsudação em direção ao espaço subretiniano. Toxemia gravídica no período pré-natal 13 Louyse Jerônimo de Morais • Quadro clínico: hipertensão severa, proteinúria, edema [pré-eclâmpsia], convulsões [eclampsia] – 2 a 5% das gestações no 3º trimestre. • Sintomatologia: baixa de visão, fotopsias, floaters antes ou após o parto. o São sintomas de descolamento de retina exsudativo, pois a retina está sendo empurrada contra o vítreo e isso gera fotopsias, pelo estímulo mecânico. • Achados oftalmológicos [associados à hipertensão arterial]: alterações da vasculatura retiniana [estreitamento, exsudatos algodonosos e duros], descolamento exsudativo de retina, edema de disco óptico. Está havendo uma condição de hiperpermeabilidade vascular. Nessa situação, pensa-se em edema, estase sanguínea e, a nível de olho, pode causar descolamento de retina. Na pré-eclampsia, o descolamento seroso pode ocasionar sintomas visuais, principalmente borramento visual, isso pode ser discreto, mas suspeita pelo quadro. Em algumas situações de hiperexsudação, essa proteína que vazou para o espaço subretiniano pode se transformar em fibrose, fazendo com que a paciente jovem perca a visão pelo resto da vida. A conduta é encaminhar para oftalmologista. Período neonatal e infância • Retinopatia da prematuridade • Retinoblastoma • Catarata congênita • Doença de Coats • Persistência de vítreo primário hiperplástico Tudo isso tem em comum que podem alterar o reflexo vermelho do olho, aparecendo leucocoria. Diante de um exame alterado, pede avaliação do oftalmologista – também urgente, porque pode causar ambliopia, que é uma deficiência no desenvolvimento visual do olho. Retinopatia da prematuridade • Gestação < 32 semanas • Baixo peso o < 750g [90%, 16%] o 1000 – 1250g [45%, 2%] • Suplementação de oxigênio > 50 dias • Outras complicações neonatais Deve-se rastrear todos os neonatos com peso < 1500 gramas ou nascidos com idade gestacional menor que 30 semanas, e também aqueles prematuros com curso clínico pós-natal instável. Se suplementar o prematuro com oxigênio, porque os pulmões não estão desenvolvidos, essa suplementação vai fazer com que o desenvolvimento de parte da retina periférica não aconteça. Isso aumenta a chance de causar isquemia e parar o processo de vascularização da retina periférica. A regra geral é rastrear neonatos magrinhos e prematuros, bem como se tiver problema cardiovascular e respiratório. • Diagnóstico: primeiro exame oftalmológico de mapeamento de retina com pupila dilatada antes da alta hospitalar ou com quatro semanas de idade [pós-nascimento] ou com 31 semanas de idade gestacional [o que acontecer mais tarde]. • Tratamento: monitoramento da vascularização da retina periférica, fotocoagulação e/ou crioterapia se necessário. Fazer acompanhamento durante a infância para possíveis complicações durante a vida [alta miopia, glaucoma, catarata, descolamento de retina etc.]. A criança não vai desenvolver a retinopatia enquanto estiver sendo suplementada por oxigênio, mas sim quando parar de dar oxigênio, pois a retina isquêmica vai sinalizar para atrair neovasos. 14 Louyse Jerônimo de Morais A retina da primeira imagem acima não está totalmente vascularizada, está toda pálida. Essa retina metabolicamente ativa começa a entrar em isquemia e atrair neovasos. Os vasos da retina normal dilatam, começa a formar tecido fibromascular, que faz essa ponte da imagem à direita, podendo tracionar retina e descolar. Assim que detectar essa trave fibrosa, você já sabe que essa retina está isquêmica. Pega a criancinha e faz laser, para fotocoagular. Se deixar passar essa fase, é provável que a fibrose vá descolar a retina.
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