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Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil” Modelo de redação nota 1000 Enem 2022 A história do Brasil se desenvolveu à luz de múltiplas violências. Desde o século XVI ao XXI, grupos associados à política e à economia sempre foram privilegiados por meio de ações que os beneficiaram em relação à distribuição de terras e a tantos outros direitos. Enquanto isso, grupos marginalizados ficaram desassistidos e invisibilizados, sem as garantias necessárias e sem o apoio ao seu desenvolvimento. Nesse sentido, comunidades e povos tradicionais, embora fundamentais à construção da identidade nacional, enfrentam uma série de desafios quanto à sua valorização e clamam por auxílios urgentes. É importante destacar, assim, que questões políticas e culturais são entraves que impedem a reparação histórica em relação àqueles que, todos os dias, descobrem um país que, supostamente, valoriza a liberdade, a igualdade e a justiça. Vale destacar, nessa perspectiva, que ações nocivas adotadas por gestores públicos são responsáveis pela manutenção do problema. Em 2020, “O Globo” apontou que o ministro do meio-ambiente à época, Ricardo Salles, durante reunião ministerial, defendeu a flexibilização das leis relativas à expansão do agronegócio enquanto a mídia estava atenta às mortes por Covid-19. No entanto, é justamente essa flexibilização, que, quase sempre, é feita de modo inconsequente, a responsável por fazer com que áreas que deveriam ser protegidas sejam invadidas e destruídas. Certos territórios são fundamentais para o estabelecimento de atividades de indígenas, quilombolas, pescadores e outros grupos, e alteração do solo, da vegetação e do relevo coloca em risco toda a conjuntura de vida daqueles que estabelecem uma relação íntima com a natureza e com tudo aquilo que a ela está associado. Nota-se, dessa forma, que ações políticas se valem da desatenção da sociedade para a construção de acordos nocivos. Além disso, a postura condescendente da sociedade é também fator decisivo. O desenvolvimento histórico e econômico do Brasil, que valorizou o latifúndio e a produção de monocultura, criou a falsa crença de que, para haver progresso, é preciso que direitos sejam suprimidos. Consequentemente, a população no geral acredita que as demandas exigidas por povos tradicionais são empecilhos ao bem-estar coletivo. Trata-se de uma falsa dicotomia que não considera a possibilidade de que haja conciliação entre o setor econômico e as necessidades humanitárias. A partir dessa premissa, muitos adotam postura leviana quando o que está em debate é a experiência de vida de povos que, sem o apelo popular, precisam lutar por conta própria para obtenção de direitos mínimos. Nota-se, portanto, que é urgente a adoção de medidas que alterem o problema. É fundamental que o Governo revise suas políticas de expansão do agronegócio, a partir da ação direta do Ministério do Meio Ambiente, que deve priorizar a preservação dos povos tradicionais. Isso deve acontecer com a participação ativa das lideranças desses grupos, pois, dessa forma, será possível entender verdadeiramente suas necessidades e preservar seu território e sua memória. Além disso, a mídia pode promover uma maior divulgação de conteúdos relativos aos saberes ancestrais de certas comunidades, a fim de sensibilizar e aproximar a população. Com tais medidas, o “progresso”, presente na bandeira verde e amarela, deixará de ser apenas uma realização distante.
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