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Politicas de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente unid_2

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Unidade II
5 IMPACTO DA VIOLÊNCIA NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O ECA, em seu artigo 5º, estabelece que: “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer 
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punindo na forma da 
lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais” (BRASIL, 1990).
Todavia, existem muitas crianças e adolescentes sofrendo vários tipos de violência: de natureza 
física, sexual e psicológica, negligência e abandono (BRASIL, 2010a).
O Ministério da Saúde adota o conceito de violência utilizado pela Organização Mundial da Saúde:
Violência é o uso intencional da força física ou do poder, real ou em 
ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou 
uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em 
lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação 
(BRASIL, 2010a, p. 27).
Já a violência infantil é definida pelo Ministério da Saúde como “quaisquer atos ou omissões dos 
pais, parentes, responsáveis, instituições e, em última instância, da sociedade em geral, que redundam 
em dano físico, emocional, sexual e moral às vítimas (BRASIL, 2010a, p. 28).
O esquema a seguir indica os diferentes tipos de violência que são realizadas contra crianças e adolescentes:
Natureza da 
violência
Tipos de violência
Negigência/
abandono
Física
Sexual
Psicológica
Tentativa de 
suicídio
Criança
adolescente
Parceiro 
íntimo
Pessoa + 
velha
Conhecido Estranho
Suicídio Intrafamiliar Comunitária Social Política Econômica
Autoprovocada Interpessoal Coletiva
Figura 15 – Tipos e natureza das principais violências que atingem crianças e adolescentes
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
Ao falarmos sobre violência e seu impacto social, sobretudo entre crianças e adolescentes, é preciso 
compreender melhor quais são as formas e apresentações da violência em nossa sociedade.
 Observação
Existe, entre os diversos tipos de violência, a violência intergeracional, 
que é a reprodução e transmissão da violência através de gerações familiares.
5.1 Conceito e classificação da violência
Em seu artigo A Violência Social sob a Perspectiva da Saúde Pública, Minayo (1994) fez reflexões 
importantes sobre a violência, fazendo que compreendamos como esse fenômeno se estabelece e 
fragiliza a sociedade. Em seu estudo, ela ressalta as formas de violência: estrutural, de delinquência e 
de resistência:
Violência estrutural:
Entende-se como aquela que oferece um marco à violência do comportamento 
e se aplica tanto às estruturas organizadas e institucionalizadas da família 
como aos sistemas econômicos, culturais e políticos que conduzem à opressão 
de grupos, classes, nações e indivíduos, aos quais são negadas conquistas 
da sociedade, tornando-os mais vulneráveis que outros ao sofrimento e 
à morte. Conforme assinala Boulding (1981), essas estruturas influenciam 
profundamente as práticas de socialização, levando os indivíduos a aceitar 
ou a infligir sofrimentos, segundo o papel que lhes corresponda, de forma 
“naturalizada”. 
Violência de resistência:
Constitui-se das diferentes formas de resposta dos grupos, classes, nações e 
indivíduos oprimidos à violência estrutural. Esta categoria de pensamento e 
ação geralmente não é “naturalizada”; pelo contrário, é objeto de contestação 
e repressão por parte dos detentores do poder político, econômico e/ou 
cultural. É também objeto de controvérsia entre filósofos, sociólogos, políticos 
e, na opinião do homem comum, justificaria responder à violência com mais 
violência? Seria melhor a prática da não violência? Haveria uma forma de 
mudar a opressão estrutural, profundamente enraizada na economia, na 
política e na cultura (e perenemente reatualizada nas instituições), através 
do diálogo, do entendimento e do reconhecimento? Tais dificuldades advêm 
do fato de a fonte da ideologia da justiça, da mesma forma que qualquer 
outra ideologia, estar em relação dinâmica com as relações sociais e com as 
condições materiais. Na realidade social, a violência e a justiça se encontram 
em uma complexa unidade dialética e, segundo as circunstâncias, pode-se 
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falar de uma violência que pisoteia a justiça ou de uma violência que 
restabelece e defende a justiça (DENISOV, 1986). 
Violência de delinquência: 
É aquela que se revela nas ações fora da lei socialmente reconhecida. A 
análise deste tipo de ação necessita passar pela compreensão da violência 
estrutural, que não só confronta os indivíduos uns com os outros, mas 
também os corrompe e impulsiona ao delito. A desigualdade, a alienação 
do trabalho e nas relações, o menosprezo de valores e normas em função do 
lucro, o consumismo, o culto à força e o machismo são alguns dos fatores 
que contribuem para a expansão da delinquência. Portanto, sadismos, 
sequestros, guerras entre quadrilhas, delitos sob a ação do álcool e de drogas, 
roubos e furtos devem ser compreendidos dentro do marco referencial da 
violência estrutural, dentro de especificidades históricas. Contribuindo para 
a reflexão acadêmica sobre o tema, Da Matta (1982) recomenda a seguinte 
postura metodológica relacional e dialética: 
a) em primeiro lugar, adotar uma perspectiva histórica na análise, isto é, 
especificar a sua dinâmica no tempo e no espaço, correlacionando-a com 
outros fatores, sem abandonar o seu caráter de universalidade e abrangência;
b) evitar uma discussão de viés valorativo e normativo, ou seja, um discurso 
a favor ou contra, que dificulta o entendimento do fenômeno (MINAYO, 
1994, p. 7). 
O quadro a seguir acentua os principais tipos de violência a que são acometidas crianças 
e adolescentes:
Quadro 6 
Tipo de violência Características
Física
Todo ato violento com uso da força física de forma intencional, não acidental, 
praticada por pais, responsáveis, familiares ou pessoas próximas da criança ou 
adolescente, que pode ferir, lesar, provocar dor e sofrimento ou destruir a pessoa, 
deixando ou não marcas evidentes no corpo, e podendo provocar inclusive a morte. 
Pode ser praticada por meio de tapas, beliscões, chutes e arremessos de objetos, o que 
causa lesões, traumas, queimaduras e mutilações. 
Apesar de subnotificada, é a mais identificada pelos serviços de saúde.
Psicológica
Toda ação que coloca em risco ou causa dano à autoestima, à identidade ou ao 
desenvolvimento da criança ou do adolescente.
Manifesta-se em forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobrança 
exagerada, punições humilhantes e utilização da criança ou do adolescente para 
atender às necessidades psíquicas de outrem.
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Sexual
Todo ato ou jogo sexual com intenção de estimular sexualmente a criança ou o 
adolescente, visando utilizá-lo para obter satisfação sexual, em que os autores da 
violência estão em estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado que a 
criança ou adolescente. Abrange relações homo ou heterossexuais. Pode ocorrer em 
uma variedade de situações, como: estupro, incesto, assédio sexual, exploração sexual, 
pornografia, pedofilia, manipulação de genitália, mamas e ânus, até o ato sexual com 
penetração, imposição de intimidades, exibicionismo, jogos sexuais e práticas eróticas não 
consentidas e impostas e voyeurismo. 
É predominantemente doméstica, especialmente na infância. Os principais 
perpetradores são os companheiros das mães, e, em seguida, os pais biológicos, avôs, 
tios, padrinhos, bem como mães, avós, tias e outros que mantêm com a criança uma 
relação de dependência,afeto ou confiança, em um contexto de relações incestuosas.
Negligência
Caracteriza-se pelas omissões dos adultos, ao deixarem de prover as necessidades 
básicas para o desenvolvimento físico, emocional e social de crianças e adolescentes. 
Inclui a privação de medicamentos, a falta de atendimento à saúde e à educação, o 
descuido com a higiene, a falta de estímulo, de proteção de condições climáticas (frio, 
calor), de condições para a frequência à escola e a falta de atenção necessária para o 
desenvolvimento físico, moral e espiritual. 
O abandono é a forma mais grave de negligência, que não está vinculada às 
circunstâncias de pobreza, podendo ocorrer em casos em que recursos razoáveis estão 
disponíveis para a família ou o responsável.
Adaptado de: Brasil (2010a, p. 30-34).
 Observação
Síndrome do bebê sacudido é a movimentação da criança, segurada 
pelos braços ou tronco, que provoca choque entre crânio e encéfalo, 
ocorrendo micro-hemorragias, por rupturas de vasos, até hemorragias 
maciças e rompimento do tecido nervoso.
 Saiba mais
Para saber sobre as piores formas de trabalho infantil, levando em 
consideração os riscos ocupacionais e as repercussões à saúde, leia: 
BRASIL. Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/
d6481.htm>. Acesso em: 6 mar. 2018.
5.2 Políticas de enfrentamento contra a violência
Considerando todas as nuances da violência em nossa sociedade, o Ministério da Saúde lançou 
em 2010 uma publicação voltada especialmente para abordar a violência e seu impacto na vida de 
crianças e adolescentes brasileiros, pois ela tornou-se um caso de saúde pública. A obra chama-se Linha 
de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situação de 
Violências: orientação para gestores e profissionais de saúde.
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Conforme esse documento, as causas externas (acidentes e violências) foram responsáveis por 
124.935 óbitos em 2006, representando 13,7% do total de óbitos por causas definidas. É a terceira 
maior causa de mortalidade na população geral. Apresenta-se como a primeira causa de morte entre as 
crianças a partir de um ano e os adolescentes (BRASIL, 2010a).
Os dados ressaltados nessa publicação (BRASIL, 2010a) demonstram que a mortalidade por causas 
externas – acidentes e violências entre crianças de 0 a 9 anos – distribuem-se assim:
• 31,5%: acidentes de transporte;
• 29,3%: violências e agressões;
• 22,7%: afogamentos;
• 16,5%: riscos à respiração.
Entre os adolescentes de 10 a 19 anos, as violências lideram o ranking, com 52,9%, seguidas pelos 
acidentes de transportes, 25,9%, e afogamentos, com 9%. 
Em 2006, o Ministério da Saúde implantou em 27 municípios brasileiros, através do SUS, o Sistema 
de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), portal de notificação de violência doméstica, sexual 
e demais agressões sofridas por crianças e adolescentes que chegam ao SUS para atendimento. Já 
no primeiro ano desse mapeamento, a liderança foi ocupada pelos casos de violência sexual com 
vítimas entre 0 e 9 anos. Essa violência expressa um recorte de gênero, pois as meninas são as mais 
atacadas, e o local mais inseguro para essas crianças foi seu próprio lar, visto que essas agressões 
sexuais acontecem em suas residências. O mesmo cenário se apresenta entre a faixa etária de 10 a 
19 anos (BRASIL, 2010a).
Há um estudo que demonstra o funcionamento do Viva:
Em nível nacional, o Sistema de Saúde realiza o monitoramento das 
violências, para fins de vigilância epidemiológica, através da Declaração 
de Óbito (DO) e Autorização de Internação em Hospitais (AIH), fornecidos, 
respectivamente, pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade 
(SIM) e Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Sistema Único 
de Saúde (SUS), gerenciados pelo Ministério da Saúde (MS), os quais 
registram características dos casos violentos, com desfecho para óbito 
ou internação. Contudo, essas fontes não captam as lesões de menor 
gravidade, as quais são responsáveis por grande demanda nos serviços 
de emergência. Visando levantar indicadores de morbidade dos eventos 
que não resultam em internações ou óbitos, em 2006 o MS implantou o 
Sistema Viva, em toda rede de serviços do SUS, na perspectiva de viabilizar 
e divulgar informações sobre casos de violência nos diversos segmentos 
populacionais e cursos da vida.
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O Sistema Viva encontra-se organizado em dois componentes: 
a) contínuo, que integra o “Sistema de Informação de Agravos de Notificação”, 
por meio da notificação compulsória realizada através dos serviços de saúde, 
em nível nacional; b) inquérito, realizado por meio de estudo transversal, em 
serviços de urgência e emergência selecionados, no período de trinta dias a 
cada dois anos.
Na perspectiva da atuação no Sistema de Saúde e diante de situações de 
violência, o profissional tem responsabilidades nos aspectos jurídicos e da 
consciência moral. Embora o reconhecimento das vítimas e a atuação no 
enfrentamento da violência façam parte das atribuições desses profissionais, 
muitas vezes eles ainda não se encontram familiarizados com os aspectos 
legais a serem adotados diante dos casos, sobretudo no tocante à notificação 
(SOUZA et al., 2008, p. 774).
5.3 Atuação dos enfermeiros diante das crianças vitimizadas
O acolhimento às crianças vítimas de violências é feito na maioria das vezes pelos profissionais da 
saúde, em especial pela equipe de enfermagem, pois possuem recursos para reconhecer um caso de 
violência. Além de evitar o agravamento da situação em que a vítima se encontra, a enfermagem é 
quem lança o dos protocolos adequados para cada caso em primeira instância.
Para tanto, esses profissionais devem se preparar para atuar de modo assertivo. Habilidades técnicas 
são exigidas, é claro, mas é vital que haja sensibilização diante de crianças ou adolescentes inseridos 
em um contexto de violência. Segundo Valera et al. (2015), o trabalho e intervenção do corpo de 
enfermagem não se reduz ao acolhimento, pois atuam como mediadores sociais para o processo de 
interrupção desses abusos.
É fato que o atendimento desse público carece de uma rede de atendimento interdisciplinar, por isso 
é ainda mais importante o preparo e o constante aprimoramento dos enfermeiros. 
Valera et al. (2015, p. 104) ressaltam que:
A enfermagem, neste contexto, assume posição privilegiada entre os 
demais profissionais de saúde componentes da equipe multiprofissional, 
pois está em contato direto com a população. Por conseguinte, possui 
espaço para reconhecer os sinais indicativos de violência e evitar ou 
minimizar maiores repercussões prejudiciais ao desenvolvimento dos 
indivíduos. A identificação precoce de comportamentos de risco e a análise 
dos casos de violência são medidas a serem ser adotadas pelos enfermeiros 
para impedir a continuação da violência, e produzir dados que subsidiem 
a criação de medidas preventivas e de reabilitação das vítimas, além da 
denúncia dos agressores. 
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Em seu estudo, Valera et al. (2015) apontam que são nos espaços de saúde em que se faz possível 
identificar e prevenir a continuidade dos casos de violência de crianças e adolescentes. Pode-se constatar 
não apenas as situações de risco à integridade física, mas também à emocional. Os autores destacam na 
tabela a seguir estudos científicos que se debruçaram sobre essa temática.
Tabela 9 – Artigos das bases de dados pesquisadas de 1990 a 2014
Base de dados Publicação
ADOLEC
CARDOSO, E. S.; SANTANA, J. S. S.; FERRIANI, M. G. C. Criança e 
adolescente vítimas de maus tratos: informações dos enfermeiros 
de umhospital público (2006).
BDENF
WOISKI, R. O. S.; ROCHA, D. L. B. Cuidado de enfermagem à criança 
vítima de violência sexual atendida em unidade de emergência 
hospitalar (2010).
GRÜDTNER, D. I. et al. O cuidado de enfermeiras às crianças e 
ao adolescente vítima de violência doméstica: uma pesquisa 
qualitativa (2008).
TOMÁS, C. M. S. et al. The role of the nurse in the service of child 
sexual violence victim (2012).
LILACS
THOMAZINE, A. M.; OLIVEIRA, B. R. G.; VIEIRA, C. S. Atenção a 
crianças e adolescentes vítimas de violência intrafamiliar por 
enfermeiros em serviços de pronto atendimento (2009).
CIUFFO, L. L.; RODRIGUES, B. M. R.; CUNHA, J. M. O enfermeiro na 
atenção à criança com suspeita de abuso sexual: uma abordagem 
fenomenológica (2009).
Adaptado de: Valera et al. (2015, p. 106).
Considerando as especificidades que perpassam essa profissão, é essencial que a equipe de 
enfermagem tenha à disposição recursos para atuar de maneira segura no desenvolvimento de seu 
trabalho. Os profissionais de saúde podem contribuir ativamente para que as famílias se fortaleçam 
e favoreçam a resiliência de suas crianças e adolescentes. Nesse sentido, é importante a adoção de 
algumas condutas, como: 
– Escutar o que a criança e o adolescente sentem diante de situações difíceis.
– Permitir a expressão dos sentimentos de tristeza, raiva e medo. 
– Oferecer o apoio necessário para que crianças e adolescentes se 
sintam seguros. 
– Incentivar iniciativas para criação de saídas e busca de soluções para 
os problemas. 
– Estabelecer vínculos com as crianças e os adolescentes atendidos e 
suas famílias (BRASIL, 2010a, p. 15).
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Com o fito de adotar medidas específicas para a prevenção da violência, os profissionais de saúde devem: 
– Orientar as famílias sobre a ressignificação das relações familiares em 
prol da tolerância e da formação de vínculos protetores. 
– Acompanhar e apoiar as famílias no processo de construção de novos 
modos de agir e de educar as crianças e os adolescentes. 
– Buscar apoio de outros profissionais, quando necessário, para uma 
atenção integral e individualizada, e articular as ações desenvolvidas 
no serviço com a rede de cuidados e de proteção social no território 
(BRASIL, 2010a, p. 19).
 Saiba mais
Bater para ensinar a não bater foi um tema muito discutido – Lei da 
Palmada – e que alterou o ECA. A legislação estabelece o direito da criança 
e do adolescente de ser educado e cuidado sem o uso de castigos físicos ou 
de tratamento cruel ou degradante. Leia: 
BRASIL. Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014. Brasília, 2014. 
Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança 
e do Adolescente)... Brasília, 2014b. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.htm>. 
Acesso em: 2 mar. 2018.
Durante o atendimento a esse público, o profissional deve estar atento para identificar sinais e 
sintomas da violência infantil, por exemplo, a síndrome de Munchausen. Vejamos sua definição: 
É caracterizada pela simulação ou criação, por um dos responsáveis 
ou cuidador (com grande frequência a mãe), de sinais ou sintomas 
que caracterizam doenças em seus filhos. É considerada uma forma 
de violência física por exigir dos profissionais da área da saúde a 
execução de uma série de exames e investigações extremamente 
penosos para a criança. Esses responsáveis chegam a falsificar o 
material colhido para exames, induzindo o médico a tratamentos 
desnecessários ou investigações cada vez mais complexas e agressivas 
(BRASIL, 2010a, p. 30).
Existe também a síndrome de Munchausen by self, quando a criança assume o papel de doente. Ela 
acaba perpetuando esse tipo de violência, praticando os mesmos atos consigo mesma para chamar a 
atenção de outras pessoas.
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Quadro 7 – Outras formas de violência infantil
Tipos Características
Testemunho da violência Quando criança ou o adolescente toma conhecimento ou presencia em casa, na escola, na comunidade ou na rua algum tipo de violência.
Síndrome da 
alienação parental
Sequelas emocionais e comportamentais sofridas pela criança vítima da conduta do 
pai ou da mãe que, após a separação, age para que o filho rejeite o ex-cônjuge.
Assédio moral ou violência 
moral que ocorre no trabalho
Mais comum ocorrer com adolescentes, refere-se às situações humilhantes e 
constrangedoras, repetitivas e prolongadas, no exercício de suas funções no trabalho, 
com predomínio de condutas negativas, relações desumanas e antiéticas do chefe.
Bullying
Ocorre com frequência nas escolas e é caracterizado pela agressão, dominação 
e prepotência entre pares, que envolve comportamento nocivo e repetitivo de 
submissão e humilhação. Exemplos: colocar apelidos, humilhar, discriminar, bater, 
roubar, aterrorizar, excluir e divulgar comentários maldosos.
Cyberbullying
Caracterizado pela ocorrência de envio de e-mails e/ou mensagens, telefonemas, 
fotos digitais, sites pessoais difamatórios, ações difamatórias on-line como recursos 
para a adoção de comportamentos deliberados, repetidos e hostis.
Adaptado de: Brasil (2010a, p. 32).
O enfermeiro deve observar quaisquer alterações comportamentais, sinais e sintomas apresentados 
no histórico de enfermagem. O quadro a seguir é um bom modelo. 
Quadro 8 – Alterações comportamentais da criança e 
do adolescente em situações de violência
Sinais da violência
Criança Adolescente 
10 a 19 anosAté 11 meses 1 a 4 anos 5 a 9 anos
Choros sem motivo aparente
Irritabilidade frequente, sem causa aparente
Olhar indiferente e apatia
Tristeza constante
Demonstrações de desconforto no colo
Reações negativas exageradas a estímulos comuns ou imposição 
de limites
Atraso no desenvolvimento, perdas ou regressão de etapas atingidas 
Dificuldades na amamentação, podendo chegar à recusa 
alimentar, vômitos persistentes
Distúrbios de alimentação
Enurese e encoprese
Atraso e dificuldades no desenvolvimento da fala
Distúrbios do sono
Dificuldades de socialização e tendência ao isolamento
Aumento da incidência de doenças, injustificável por causas 
orgânicas, especialmente as de fundo alérgico
Afecções de pele frequentes, sem causa aparente
Distúrbios de aprendizagem até o fracasso na escola
Comportamentos extremos de agressividade 
ou destrutividade
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
Ansiedade ou medo ligado a determinadas pessoas, sexo, objetos 
ou situações
Pesadelos frequentes, terror noturno
Tiques ou manias
Comportamentos obsessivos ou atitudes compulsivas
Baixa autoestima e autoconfiança
Automutilação, escarificações, desejo de morte e tentativa de 
suicídio
Problemas ou déficit de atenção
Sintomas de hiperatividade
Comportamento de risco, levando a traumas frequentes ou 
acidentes
Uso abusivo de drogas
*Os espaços coloridos indicam a presença do sinal da violência na respectiva faixa etária
Fonte: Brasil (2010a, p. 37).
 Observação
É difícil para a criança e o adolescente revelar que sofreu ou está sofrendo 
violência, pois teme represálias dos agressores e de ser afastado do lar.
 Lembrete
É fundamental identificar as formas de manifestação da violência que 
mais afetam as crianças e os adolescentes para oferecer cuidado e proteção 
social, especialmente na rede pública de saúde.
O profissional da saúde também deve ficar atento quando a criança ou adolescente apresentar os 
seguintes sinais: 
– Lesões ditas como “acidentais” não compatíveis com a idade ou 
desenvolvimento psicomotor da criança: fraturas de crânio em 
crianças abaixo de 4 meses, que ainda não têm capacidade de rolar ou 
se arrastar, com história de queda acidental do trocador ou do berço.– Lesões que não podem ser explicadas pelo acidente relatado: fraturas 
de fêmur em crianças abaixo de 4 anos referidas como consequência 
de queda de bicicleta, [sabendo-se que elas] não teriam capacidade 
de andar em uma bicicleta tão alta, [com uma] queda que [pudesse 
causar] um trauma tão intenso a ponto de provocar uma fratura. 
– Lesões em vários estágios de cicatrização ou cura: evidências de 
traumas sucessivos, como a presença de hematomas em áreas 
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diversas e com colorações diferentes, ou o encontro de fraturas 
recentes e antigas. 
– Lesões bilaterais ou simétricas: indicação de ao menos dois traumas 
sucessivos ou um planejamento para provocar a lesão. É o caso de 
lesões bioculares, fraturas de crânio bilaterais, fraturas simétricas 
de costelas, sem acontecimento de grandes traumatismos, como 
acidentes de trânsito. 
– Lesões em áreas habitualmente cobertas ou protegidas do corpo: 
regiões laterais de tronco, interna de braços ou coxas, região perineal 
ou genital, pescoço, axilas (BRASIL, 2010a, p. 39-40).
Para atender de forma integral esse público em situação de violência, foi instituída no SUS a linha 
de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias em situação de 
violências, que compreende as dimensões: acolhimento, atendimento, notificação e seguimento para a 
rede de cuidados e de proteção social. O esquema a seguir identifica detalhadamente quais condutas 
devem ser tomadas por cada tipo de instituição: 
Acolhimento
• Receber crianças, 
adolescentes e 
famílias de forma 
empática e respeitosa, 
por qualquer membro 
da equipe.
• Acompanhar o 
caso e proceder aos 
encaminhamentos 
necessários, desde 
a sua entrada no 
setor saúde até o 
seguimento para a 
rede de cuidados e de 
proteção social.
• Adotar atitudes 
positivas e de 
proteção à criança ou 
ao adolescente.
• Atuar de forma 
conjunta com toda a 
equipe.
• Preencher a ficha de 
notificação.
• Encaminhar a ficha ao 
Sistema de Vigilância de 
Violências e Acidentes 
(Viva), da Secretaria 
Municipal de Saúde 
(SMS).
• Comunicar o caso 
ao Conselho Tutelar, 
da forma mais ágil 
possível (telefone ou 
pessoalmente ou com 
uma via da ficha de 
notificação).
• Anexar cópia da ficha ao 
prontuário/boletim do 
paciente.
 • Acionar o Ministério 
Público quando 
necessário, especialmente 
no caso de interrupção de 
gravidez em decorrência 
de violência sexual.
• Acompanhar a criança 
ou adolescente e sua 
família até a alta, 
com planejamento 
individualizado para 
cada caso.
• Acionar a rede de 
cuidado e de proteção 
social, existente no 
território, de acordo 
com a necessidade de 
cuidados e de proteção, 
tanto na própria rede de 
saúde (atenção primária/
Equipes de Saúde da 
Família, Hospitais, 
Unidades de Urgências, 
Caps1 ou Capsi2, CTA5, 
SAE6), quanto na rede de 
proteção social e defesa 
(Cras3, Creas4, Escolas, 
Ministério Público, 
Conselho Tutelar e as 
Varas da Infância e da 
Juventude, entre outros).
Violência física, 
sexual ou negligência/
abandono 
• Tratamento e 
profilaxia. 
• Avaliação psicológica.
• Acompanhamento 
terapêutico, de acordo 
com cada caso.
• Acompanhamento 
pela atenção primária/
Equipes Saúde da 
Família.
• Caps1 ou Capsi2; ou 
pela rede de proteção 
Cras3; Creas4/escolas, 
CTA5 ou outros 
complementares
Violência psicológica
 Avaliação psicológica.
• Acompanhamento 
terapêutico, de acordo 
com cada caso.
• Acompanhamento 
pela atenção primária/
Equipes Saúde da 
Família.
• Caps1; ou na rede de 
proteção Cras3; Creas4/
Escolas etc.
Realizar consulta clínica: anamnese, 
exame físico e planejamento da 
conduta para cada caso.
Atendimento Notificação Seguimento na rede decuidado e de proteção social
1 Caps: Centros de Atenção Psicossocial; 2 Capsi: Centro de Atenção Psicossocial Infantil; 3 Cras: Centro de Referência de Assistência 
Social; 4 Creas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social; 5 CTA: Centro de Testagem e Aconselhamento; 6 SAE: Serviço de 
Atenção Especializada 
Figura 16 
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
5.4 A criança e o adolescente institucionalizados
Antes do ECA, crianças e adolescentes carentes não eram diferenciados das crianças e dos adolescentes 
autores de atos infracionais, todos ficavam em uma mesma instituição. Em geral, eram confinados em 
abrigos e internatos, sem direitos reconhecidos nem assegurados, pois não havia a preocupação com o 
estado de seu desenvolvimento. Era a chamada Doutrina da Situação Irregular.
Com o advento do Estatuto, nos anos 1990, entra em cena a Doutrina da Proteção Integral. Nela, 
crianças e jovens passam a ter os direitos garantidos e são considerados prioridade legal, uma vez que 
estão em um período da vida que é essencial para a sua evolução enquanto seres humanos.
Desse modo, ficou oficializado que é papel da sociedade e do Estado, por meio de ações e recursos 
financeiros, executar essas ações, protegendo os direitos de crianças e adolescentes em situação de 
vulnerabilidade e risco social. A lei deve reconhecê-los como sujeitos de direito, mas a realidade é bem 
distinta, o Estado tem se valido de organizações sem fins lucrativos, instituições chamadas “abrigos”. Tais 
espaços assumem papel alternativo para viabilizar o atendimento social (DIAS; SILVA, 2012).
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio 
de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada 
a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu 
desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 1º. Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de 
acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, 
a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com 
base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, 
decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar 
ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas 
no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 2º. A permanência da criança e do adolescente em programa de 
acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo 
comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente 
fundamentada pela autoridade judiciária (BRASIL, 1990).
Sobre as entidades de atendimento, acentuamos:
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das 
próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas 
de proteção e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em 
regime de:
I – orientação e apoio sociofamiliar;
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II – apoio socioeducativo em meio aberto;
III – colocação familiar;
IV – abrigo;
V – liberdade assistida;
VI – semiliberdade;
VII – internação (BRASIL, 1990).
5.5 Conceitos, objetivos e as diferentes instituições – Fundação Casa, orfanato, 
abrigo e casa de acolhimento
Agora vamos estudar as diferentes instituições de acolhimento à criança e ao adolescente, observando 
as principais diferenças existentes entre elas.
5.5.1 Abrigos
Abrigo, por definição, é o local que se destina a proteger, amparar. São instituições públicas ou 
privadas que acolhem crianças e adolescentes em situação de risco ou vulnerabilidade. 
O abrigo é a sétima medida de proteção prevista no Estatuto da Criança e 
do Adolescente. É aplicada quando os direitos da criança e do adolescente 
estão ameaçados ou violados, sendo transitória e acionada quando estes 
são afastados do seu meio familiar e comunitário, porém priorizando a 
reintegração familiar (DIAS; SILVA, 2012, p. 177). 
O abrigamento é uma medidade proteção especial, provisória e excepcional, que determina 
a suspensão do pátrio poder ou poder familiar. É decidida por um juiz da Vara da Infância e 
Adolescência. É aplicada àqueles cujos direitos foram desatendidos ou violados, seja por abandono, 
seja pelo risco pessoal a que foram expostos pela negligência dos responsáveis. Os menores 
devem permanecer afastados da família biológica até que condições adequadas de convivência se 
restabeleçam ou que sejam adotados.
5.5.2 Fundação Casa
Presta assistência a jovens infratores de 12 a 21 anos incompletos e é vinculada à Secretaria de 
Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania. A sigla Casa significa Centro de Atendimento Socioeducativo 
ao Adolescente. A instituição promove medidas socioeducativas de privação de liberdade (internação) e 
semiliberdade. Tais ações são ordenadas pelo Poder Judiciário e são aplicadas conforme o ato infracional 
e a idade dos contraventores. 
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Antes, a Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem/SP) chamava-se Fundação Pró-
Menor. Criada em 1976, foi uma espécie de precursora da Fundação Casa. Com a implantação 
do ECA, deixou de receber adolescentes carentes no início dos anos 1990 e ficou responsável por 
atender os menores infratores até 1998, com um programa de descentralização que culminou em 
2006, com a Fundação Casa.
 Saiba mais
Conheça o Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo do Estado de 
São Paulo e um pouco mais da história da Fundação Casa: 
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Medidas Socioeducativas Casa. 
Fundação Casa. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.fundacaocasa.
sp.gov.br/View.aspx?title=medidas-socioeducativas&d=12>. Acesso em: 
3 mar. 2018.
O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) é um documento federal que funciona 
como um guia para a execução de medidas socioeducativas e as práticas pedagógicas desenvolvidas nas 
instituições de cunho socioeducativas (BRASIL, 2006).
Tabela 10 – Adolescentes segundo o sistema socioeducativo e a população 
total de adolescentes de 12 a 18 anos (por região)
Regiões Adolescentes no Sinase População de 12 a 18 anos % de adolescentes no Sinase
Brasil 39.578 25.030.970 0,16%
Centro-Oeste 3.601 1.704.139 0,21%
Sudeste 22.022 9.790.356 0,22%
Sul 6.413 3.406.985 0,19%
Norte 2.048 2.180.849 0,09%
Nordeste 5.494 8.417.089 0,07%
Adaptada de: Brasil (2006, p. 19).
Analisando a tabela, concluímos que uma pequena parcela dos adolescentes estão em um sistema 
socioeducativo no Brasil e que as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste são as de maior prevalência.
“A implementação do Sinase objetiva primordialmente o desenvolvimento de uma ação socioeducativa 
sustentada nos princípios dos direitos humanos” (BRASIL, 2006, p. 16).
Acentuamos a seguir as medidas socioeducativas da Fundação Casa:
A advertência consiste em um aconselhamento verbal, que será reduzido 
a termo (será colocado por escrito) e devidamente assinado. Quanto à 
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reparação de dano, se for o caso, o adolescente poderá restituir alguma 
coisa, ressarcir o dano causado, ou qualquer outra forma para compensar o 
prejuízo da vítima, de acordo com a determinação do Judiciário.
A prestação de serviços à comunidade (PSC) consiste na realização de 
tarefas gratuitas de interesse geral, por período que não exceda a seis meses, 
em entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos 
congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. As 
tarefas são atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser 
cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, 
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência 
à escola ou à jornada normal de trabalho.
Já na liberdade assistida (LA), a autoridade designará uma pessoa capacitada 
(recomendada por entidade ou programa de atendimento) para acompanhar, 
auxiliar e orientar o adolescente. Essa medida socioeducativa será fixada 
pelo prazo mínimo de seis meses, podendo ser prorrogada, revogada ou 
substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e 
o defensor.
O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início ou como 
forma de transição para o meio aberto, possibilitando a realização de 
atividades externas, independentemente de autorização judicial. Essa 
medida não comporta prazo determinado, aplicando-se, no que couber, as 
disposições relativas à internação.
Na internação, o adolescente tem a privação da liberdade. Será permitida 
a realização de atividades externas, segundo orientação da equipe técnica 
da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário. Essa 
medida também não comporta prazo determinado, ainda que o período 
máximo, em nenhuma hipótese, excederá a três anos. Após esse período, o 
adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de 
liberdade assistida. A liberação será compulsória aos 21 anos. A manutenção 
da internação é reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a 
cada seis meses (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2014).
5.5.3 Orfanato
Orfanato é uma palavra que deriva do termo grego orphanus, “privado de pais”. Em geral, é 
uma instituição pública que se dedica a cuidar de crianças menos favorecidas que perderam seus 
pais (órfãs) por custódia ou por qualquer outro motivo. Pode haver participação de entidades 
privadas ou religiosas. Em alguns casos, quando não há possibilidade de retorno à família original, 
as crianças ficam à espera de adoção. Ao atingir a maioridade, o interno pode sair da instituição 
onde reside. 
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 Observação
O termo participação se refere ao ato de integrar um movimento, uma 
sociedade em alguma área ou simplesmente ser parte de uma causa. Em 
nosso livro-texto, é uma forma de sociedade entre entidades privadas ou 
religiosas com o Estado.
Com o nascimento do ECA e a priorização do convívio familiar em detrimento à institucionalização, 
os abrigos começam a substituir os orfanatos e o poder público passa a ser responsável pelo cuidado de 
crianças e adolescentes nas instituições em caráter obrigatório, ou seja, o governo é obrigado a cuidar 
desses menores.
5.5.4 Casa de acolhimento
É o local onde a criança ou adolescente fica até que seja possível sua reintegração familiar. É usada 
como último recurso, e seu intuito é manter o jovem lá o menor tempo possível.
Funciona como moradia transitória de crianças e adolescente de 0 a 17 anos e 11 meses e tem como 
objetivo amparar e garantir proteção integral à criança e ao adolescente em situação de risco pessoal, 
social e de abandono.
Os espaços podem ser cedidos, próprios ou locados e são administrados por organizações sem fins 
lucrativos. Apresentam características residenciais, sem placa de natureza institucional e endereço 
sigiloso para a preservação da identidade e integridade do público atendido, destinado a grupos de até 
vinte crianças e adolescentes.
6 INICIATIVAS E PROJETOS DE ATENÇÃO À CRIANÇA E INCENTIVO AO 
ALEITAMENTO MATERNO
No Brasil, uma das primeiras condutas para promover o aleitamento foi o Programa Nacional de 
Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM). Criado em 1981, recebeu destaque em todo o país, com a 
contribuição de diversos profissionais da saúde, com atendimento individualizado nas unidades básicas 
de saúde, materiais informativos e campanhas publicitárias. O SUS é o grande fomentador dessas ações 
em todas as esferas – regionais, municipais, estaduais e federais.
Diversos grupos de apoio à amamentação originados na sociedade civil foram e têm sido 
atores importantes dessa campanha. O Brasil possui regulamentaçãoda publicidade para consumo 
infantil, controlando a propaganda de alimentos voltados à criança em idade de aleitamento 
para que o uso indiscriminado de fórmulas não substitua e desestimule o aleitamento materno. 
Como exemplo, citamos o Instituto Alana e o Movimento Infância Livre do Consumo, criados pela 
sociedade civil. 
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O Ministério da Saúde ressalta que as mães devem seguir algumas indicações: 
– Amamente seu filho por até dois anos ou mais. Nos primeiros seis 
meses, dê somente leite materno.
– Para manter a amamentação, é essencial esvaziar as mamas quando 
estiver longe do bebê. Quando estiver com ele, procure amamentá-lo.
– Procure saber se sua empresa possui sala de apoio à amamentação.
– Amamentar evita alergias e protege a criança contra doenças.
– Amamentar é bom para a saúde do bebê e também da mulher. Reduz 
as chances do desenvolvimento de câncer de mama e ovário e ainda 
auxilia a perda do peso ganho durante a gestação (BRASIL, [s.d.]b).
A amamentação é permeada por diversos fatores, e o Ministério da Saúde também inclui os 
empregadores nessa sensibilização. Vejamos a orientação: 
– Implemente sala de apoio à amamentação no local de trabalho, onde a 
mulher possa retirar e armazenar o leite para, depois, oferecê-lo ao filho.
– Disponibilize uma creche ou firme convênio com uma instituição 
próxima ao trabalho.
– Adote a licença-maternidade de seis meses aderindo ao programa 
Empresa Cidadã (BRASIL, [s.d.]b).
Para auxiliar as empresas a receber a mãe que amamenta de modo apropriado, o Ministério da 
Saúde disponibilizou um guia para orientar os empregadores na adequação de um local específico para 
o aleitamento materno.
A legislação brasileira ampara a mulher trabalhadora contemplando 
a garantia de emprego desde a gestação, a licença-maternidade 
remunerada e o apoio à prática do aleitamento materno. Com isso, 
há garantia para as mulheres com vínculos empregatícios formais 
de benefícios trabalhistas de apoio à maternidade e à amamentação. 
Entretanto, a intensificação da urbanização, a grande quantidade 
de mulheres que se inseriram na força de trabalho e o aumento do 
número de mulheres chefes de família têm dificultado a manutenção 
do aleitamento materno pelas mulheres que trabalham fora do lar, em 
que pesem os benefícios dessa prática. Criou-se, assim, a necessidade 
dos empregadores apoiarem as suas funcionárias para viabilizar a 
manutenção do aleitamento materno após a licença-maternidade. As 
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mulheres que amamentam e que se afastam de seus filhos em virtude do 
trabalho precisam esvaziar as mamas durante a sua jornada diária, para 
o alívio do desconforto e para manter a produção de leite. Na maioria das 
vezes, não há nos ambientes de trabalho um lugar apropriado para isso, 
o que impede que a mulher aproveite o leite retirado para oferecer ao 
seu filho posteriormente. Diante dessa demanda, alguns empregadores 
estão investindo em salas de apoio à amamentação, destinadas à 
retirada e à estocagem de leite materno durante a jornada de trabalho. 
Já existem experiências bem-sucedidas, com o apoio de profissionais 
das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde que dão suporte para 
a criação dessas salas dentro dos locais de trabalho. Não só a dupla 
mãe-criança se beneficia com a sala de apoio à amamentação como 
também as empresas e os órgãos públicos, com o menor absenteísmo 
da funcionária, haja vista as crianças amamentadas adoecerem menos. 
Ainda, ao dar maior conforto e valorizar as necessidades de suas 
funcionárias, o empregador pode ter como retorno maior adesão ao 
emprego e, consequentemente, permanência de pessoal capacitado. 
Isso certamente leva a uma percepção mais positiva da imagem da 
instituição perante seus colaboradores e a sociedade. Vale acrescentar 
que a implantação de salas de apoio à amamentação é de baixo custo, 
assim como a sua manutenção.
Após a implantação de diversas salas de apoio à amamentação e experiências 
acumuladas nos últimos anos, a Coordenação Geral de Saúde da Criança 
e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde e a Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (Anvisa) reuniram-se para revisar a Nota Técnica 
Conjunta Anvisa/MS nº 01/2010 sobre salas de apoio à amamentação nos 
locais de trabalho, e elaboraram um Guia que tem por objetivo orientar 
a instalação de salas de apoio à amamentação nos locais de trabalho 
em parceria com as vigilâncias sanitárias locais. Para que as mulheres 
trabalhadoras consigam cumprir a recomendação da Organização Mundial 
da Saúde e do Ministério da Saúde de amamentar por 2 anos ou mais, 
sendo exclusivamente no peito nos seis primeiros meses, é fundamental 
que, após a licença-maternidade, elas tenham o apoio dos empregadores 
(BRASIL, 2015b, p. 7-8).
Conforme dados do IBGE, 43% dos trabalhadores brasileiros são mulheres, e o Ministério da 
Saúde afirma que existem no País cerca de 140 mil mulheres beneficiadas com as duzentas salas 
de apoio à amamentação. Essa estratégia teve início em 2010 para amparar a mulher que volta da 
licença-maternidade e deseja continuar amamentando o filho. Com essas informações, fazemos a 
seguinte reflexão: considerando os mais de 5 mil municípios brasileiros, esse número está bem abaixo 
das necessidade das mães trabalhadoras, e o número de duzentas salas é inviável para alocar 140 mil 
mulheres (BRASIL, 2017a).
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A figura a seguir ilustra um exemplo de sala de amamentação no local de trabalho:
Figura 17 
A importância da amamentação no início de vida é tema recorrente em diversos estudos científicos. 
Em meados da década de 1980, publicam-se pela primeira vez estudos 
que comprovam a importância de amamentar exclusivamente, sem 
qualquer outro líquido, água ou chá, levando à menor risco de morbidade 
1 e mortalidade 2. Esses estudos, sobejamente conhecidos, assim 
como outros realizados em diversos países, forneceram novas bases 
para a reformulação de políticas internacionais, particularmente da 
Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para 
a Infância (Unicef). Essas novas diretrizes recomendam que as crianças 
sejam amamentadas de forma exclusiva até os seis meses e, que após 
este período, gradativamente se inicie a alimentação complementar, 
mantendo a amamentação até pelo menos os dois anos de idade. Assim, 
inicia-se a busca junto a renomados cientistas e profissionais de saúde 
pública com o objetivo de reunir ideias e ações para compor políticas 
e programas que possam levar ao aumento da prática do aleitamento 
materno exclusivo nos primeiros meses de vida. Propõem-se também 
consultas técnicas sobre alimentação complementar concomitante à 
amamentação, integrando-se propostas de capacitação profissional 
que, já neste século, passam a cobrir o período do nascimento até o 
segundo ano de vida. Mais ainda, incorporam-se nos anos recentes 
as propostas de ações nas emergências, endemias e epidemias (como 
a Aids), eventos que certamente interferem nas decisões sobre 
alimentação da criança pequena. Nos anos 1990, analisando-se os 
dados do Demographic and Health Surveys (DHS) para diversos países, 
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observa-se que o aleitamento materno exclusivo até quatro meses 
cresceu de 46% para 53%. Quando se considera aleitamento materno 
exclusivo até seis meses, esse crescimento foi de 34% para 39%. Isso se 
deveu principalmente à implementação da Iniciativa Hospital Amigo da 
Criança e do Código Internacional de Comercialização de Substitutos 
do Leite Materno (TOMA; REA, 2008, p. 236).
 Saibamais
Para ter mais informações sobre as ações do Ministério da Saúde para 
incentivar o aleitamento materno, leia: 
ARAÚJO, M. F. M. et al. Incentivo ao aleitamento materno no Brasil: 
evolução do Projeto Carteiro Amigo da Amamentação de 1996 a 2002. Rev. 
Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, v. 3, n. 2, p. 195-204, abr./jun. 2003. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v3n2/a10v03n2.pdf>. 
Acesso em: 5 mar. 2018.
Outro ponto de destaque nas ações do Ministério da Saúde foi a proposta para as empresas ampliarem 
a licença-paternidade de 5 para 20 dias, dentro do programa Empresa Cidadã, desde que comprovado o 
envolvimento do pai nos cuidados ao recém-nascido. 
O benefício é concedido a funcionários de empresas que aderiram ao 
Programa Empresa Cidadã.
Para a concessão, os pais podem entregar a declaração do profissional de 
saúde informando a participação no pré-natal, em atividades educativas 
durante a gestação, ou visita à maternidade. Também poderá ser entregue 
o comprovante do curso on-line “Pai presente: cuidado e compromisso”, 
promovido pela pasta (VERDÉLIO, 2017).
 Saiba mais
Para saber mais sobre o curso Pai Presente, acesse: 
<https://avasus.ufrn.br>.
A imagem a seguir incentiva a participação dos pais nos cuidados ao recém-nascido, é mais uma 
forma de apoio ao aleitamento materno:
https://avasus.ufrn.br/local/avasplugin/cursos/curso.php?id=67
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Figura 18 
6.1 Semanas Mundiais de Aleitamento Materno (SMAM) 
Para celebrar os inúmeros benefícios da amamentação para a saúde de mães, de bebês e do planeta, 
a World Alliance for Breastfeeding Action (Waba – Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno) 
promove a Semana Mundial de Aleitamento Materno desde 1992, que é comemorada anualmente em 
mais de 150 países. Durante o evento, é lançado para a sociedade um desafio temático, em especial para 
os profissionais de saúde (CARVALHO, 2013). 
A 1ª Semana Mundial de Aleitamento Materno (1992) não foi organizada no Brasil, e o tema foi 
Baby-Friendly Hospital Initiative – Iniciativa Hospital Amigo da Criança (CARVALHO, 2013).
Em 1993 o tema proposto foi Workplace Initiative Mother-Friendly – Amamentação: 
Direito da Mulher no Trabalho. No Brasil, até 1998, a Semana era coordenada pela Sociedade 
Brasileira de Pediatria, diretamente com os representantes das Secretarias Estaduais de 
Saúde, Ministério da Saúde e ONGs. Somente em 1999 o Ministério da Saúde assumiu a 
coordenação das Semanas e, em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria, o tema 
foi Breastfeeding Education for Life – Amamentar: Educar para a Vida. À época, Luiza 
Brunet foi convidada a ser a primeira madrinha. Depois, o Governo Federal intensificou sua 
participação nessas comemorações, mas houve diminuição do interesse da sociedade civil no 
planejamento dessa iniciativa (CARVALHO, 2013). 
O quadro a seguir apresenta os temas da SMAM definidos pela Waba desde 1992:
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
Quadro 9 – Semanas Mundiais de Aleitamento Materno 
Ano Tema
1992 Iniciativa Hospital Amigo da Criança
1993 Amamentação: direito da mulher no trabalho
1994 Amamentação: fazendo o Código funcionar
1995 Amamentação fortalece a mulher
1996 Amamentação: responsabilidade de todos
1997 Amamentar é um ato ecológico
1998 Amamentação: o melhor investimento
1999 Amamentar: educar para a vida
2000 Amamentar é um direito humano
2001 Amamentação na Era da Informação
2002 Amamentação: mães saudáveis, bebês saudáveis
2003 Amamentação: trazendo paz num mundo globalizado
2004 Amamentação exclusiva: satisfação, segurança e sorrisos
2005 Amamentação e introdução de novos alimentos a partir dos 6 meses de vida. Do peito à comida caseira: saúde a vida inteira!
2006 Amamentação: garantir este direito é responsabilidade de todos. O Código salva vidas – atuemos já!
2007 Amamentação na primeira hora, proteção sem demora
2008 Amamentação: participe e apoie a mulher! Se o assunto é amamentar, apoio à mulher em primeiro lugar!
2009 Amamentação em todos os momentos: mais carinho, saúde e proteção
2010 Amamente. Dê ao seu filho o que há de melhor. Amamentar é muito mais que alimentar a criança. É um importante passo para uma vida mais saudável
2011
Amamentar faz bem para o bebê e para você. Até os 6 meses, o bebê só precisa de leite materno. Depois, 
ofereça alimentos saudáveis e continue amamentando até os 2 anos ou mais. Informe-se, prepare-se. Torne 
essa experiência completa
2012 Amamentar hoje é pensar no futuro
2013 Tão importante quanto amamentar seu bebê é ter alguém que escute você
2014 Amamentação: um ganho para a vida toda
2015 Amamentação e trabalho. Para dar certo, o compromisso é de todos
2016 Amamentação: faz bem para o seu filho, para você e para o planeta
2017 Trabalhar juntos para o bem comum
 Saiba mais
Para saber quais os caminhos que percorremos para ter no Brasil a 
Semana Mundial de Aleitamento Materno, leia:
IBFAN. Proteger a amamentação. In: SEMANA MUNDIAL DE ALEITAMENTO 
MATERNO (SMAM) 2017. Disponível em: <http://www.ibfan.org.br/site/
wp-content/uploads/2017/07/SMAM-2017-FOLDER-TRADUZIDO-3.pdf>. 
Acesso em: 7 mar. 2018.
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Unidade II
Você conhece o Agosto Dourado?
Tal iniciativa tornou-se lei. O Agosto Dourado será comemorado da mesma forma como outras ações 
de destaque na saúde, como: Setembro Amarelo (prevenção do suicídio), Outubro Rosa (prevenção do 
câncer de mama), Novembro Azul (prevenção do câncer de próstata) e Dezembro Vermelho (prevenção 
da transmissão do HIV). Durante todo o mês, prédios públicos federais ficarão iluminados na cor dourada, 
a cor da amamentação, já que o aleitamento materno é considerado padrão ouro de alimentação para 
crianças pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Veja a Lei na íntegra:
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
Lei nº 13.435, de 12 de abril de 2017.
Vigência
Institui o mês de agosto como o Mês do Aleitamento Materno.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta 
e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º. Fica instituído o mês de agosto como o Mês do Aleitamento Materno. 
Parágrafo único. No decorrer do mês de agosto, serão intensificadas ações 
intersetoriais de conscientização e esclarecimento sobre a importância do 
aleitamento materno, como: 
I – realização de palestras e eventos; 
II – divulgação nas diversas mídias; 
III – reuniões com a comunidade; 
IV – ações de divulgação em espaços públicos; 
V – iluminação ou decoração de espaços com a cor dourada. 
Art. 2º. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 dias de sua publicação oficial.
Brasília, 12 de abril de 2017; 196º da Independência e 129º da República.
Michel Temer
Ricardo José Magalhães Barros (BRASIL, 2017d).
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6.2 Iniciativa Hospital Amigo da Criança
A OMS, em parceria com a Unicef, viabilizou a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (Ihac) no início 
dos anos 1990. O compromisso é sensibilizar os profissionais da saúde a serem promotores de ações 
que colaborem para a garantia e incentivo ao aleitamento materno. Para conduzir melhor esse projeto, 
foi estabelecido um programa chamado Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno, que foi 
propiciado pelo Ministério da Saúde em todos os estados e municípios brasileiros. 
Ao assinar, em 1990, a Declaração de Innocenti, em encontro em Spedale 
degli Innocenti, na Itália, o Brasil, um dos 12 países escolhidos para dar 
partida à Ihac, formalizou o compromisso de fazer dos Dez Passos uma 
realidade nos hospitais do País. Em março de 1992, o Ministério da Saúde eo Grupo de Defesa da Saúde da Criança, com o apoio do Unicef e da Opas 
(Organização Pan-Americana de Saúde), deram os primeiros passos.
À Ihac somam-se aos esforços do Programa Nacional de Incentivo ao 
Aleitamento Materno (PNIAM/MS), coordenado pelo Ministério da Saúde para:
- informar profissionais de saúde e o público em geral;
- trabalhar pela adoção de leis que protejam o trabalho da mulher que 
está amamentando;
- apoiar rotinas de serviços que promovam o aleitamento materno;
- combater a livre propaganda de leites artificiais para bebês, bem como 
bicos, chupetas e mamadeiras;
- diminuir a morbimortalidade infantil por meio do estímulo à prática 
da amamentação;
- mudar condutas inadequadas que prejudicam a amamentação e 
determinam o desmame precoce;
- implementar os Dez Passos Para o Sucesso do Aleitamento Materno 
(UNICEF, [s.d.]).
Em suma, esse programa capacita os profissionais de saúde e os analisa através de 
criteriosa avaliações. Então, é feito o credenciamento da unidade hospitalar, que se se torna 
uma referência para esse trabalho, recebendo incentivos financeiros para procedimentos 
relacionados à área obstétrica. 
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Unidade II
Quadro 10 – Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno
Passo 1 Ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde.
Passo 2 Capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias para implementar esta política.
Passo 3 Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno.
Passo 4
Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o 
nascimento. Conforme nova interpretação: colocar os bebês em contato pele a pele 
com suas mães, imediatamente após o parto, por pelo menos uma hora e orientar 
a mãe a identificar se o bebê mostra sinais de que está querendo ser amamentado, 
oferecendo ajuda se necessário.
Passo 5 Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação mesmo se vierem a ser separadas dos filhos.
Passo 6 Não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica e/ou de nutricionista.
Passo 7 Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e recém-nascidos permaneçam juntos – 24 horas por dia.
Passo 8 Incentivar o aleitamento materno sob livre demanda.
Passo 9 Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a recém-nascidos e lactentes.
Passo 10
Promover a formação de grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a 
esses grupos na alta da maternidade. Conforme nova interpretação: encaminhar as 
mães a grupos ou outros serviços de apoio à amamentação, após a alta, e estimular a 
formação e a colaboração com esses grupos ou serviços.
Fonte: Lopes et al. (2013, p. 489).
Para compreendermos melhor os aspectos que estão contidos em cada passo, bem como sua 
aplicabilidade na instituições de saúde, Lopes et al. (2013) destacam os resultados de uma pesquisa 
realizada como forma de autoavaliação de um hospital universitário sobre o aleitamento materno: 
Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno 
Passo 1: A maternidade não possui política de amamentação que contemple os Dez 
Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno. 
Passo 2: A instituição não possui documentos escritos com o conteúdo de cursos 
de treinamento em promoção e apoio à amamentação, confirmando o que 64,4% dos 
integrantes da equipe informaram sobre a ausência de treinamento em amamentação e de 
práticas amigas da criança. Dos integrantes da equipe, 86,6% responderam adequadamente 
a pelo menos quatro perguntas sobre apoio e promoção da amamentação. Dos entrevistados, 
33,3% citaram corretamente pelo menos dois assuntos que deveriam ser discutidos com 
uma gestante, caso ela indicasse que pretendia oferecer algo além de leite materno.
Passo 3: Para avaliar este passo, entrevistou-se a enfermeira responsável pelo pré-natal. 
Em seguida, as informações foram confrontadas com as respostas das 20 gestantes, no 
terceiro trimestre da gravidez, que compareceram a pelo menos duas consultas no serviço. O 
hospital possui atendimento de pré-natal. A enfermeira responsável pelo serviço apontou que 
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as gestantes atendidas não são informadas sobre a importância e o manejo do aleitamento 
materno durante as consultas, bem como não houve registros dessa temática nos prontuários. 
Essa informação foi reforçada pelas gestantes, pois 80% afirmaram desconhecer o assunto. 
Conforme relato da enfermeira, os registros ambulatoriais do acompanhamento pré-natal 
não são disponibilizados à equipe do hospital que realizará o parto. Outro dado relevante 
indica que os profissionais não consideram a intenção da mulher de amamentar, ao decidirem 
sobre o uso de sedativos e analgésicos durante o trabalho de parto, mesmo cientes dos efeitos 
desses medicamentos sobre o aleitamento. Ainda segundo a enfermeira, as futuras mães não 
estão protegidas da promoção comercial, seja esta verbal, seja escrita, e salienta que não são 
realizadas reuniões de grupo com as gestantes para tratar de qualquer assunto. Confirmando 
essa informação, 100% das entrevistadas afirmaram não receber orientação sobre alimentação 
artificial. Das gestantes que tiveram acesso ao serviço de pré-natal, 90% não eram aptas a 
descrever os riscos da oferta de suplementos paralelamente à amamentação nos primeiros 
seis meses do recém-nascido, o que confirma a informação dada pela enfermeira. Constatou-
se também, em 90% das falas, que as gestantes não eram aptas a descrever a importância do 
contato pele a pele precoce com seus filhos e do valor do alojamento conjunto. 
Passo 4: Segundo a Ihac, este passo é interpretado como: “colocar os bebês em contato 
direto com a mãe logo após o parto por pelo menos uma hora e incentivar a mãe a identificar 
se seu bebê está pronto para ser amamentado, oferecendo ajuda, se necessário”. Dentre as 29 
mães que realizaram parto vaginal e cesáreo sem anestesia geral, selecionadas aleatoriamente, 
93,3% afirmaram que seus bebês foram entregues a elas imediatamente ou até cinco minutos 
após o parto. Uma puérpera (3,3%) permaneceu em contato direto com seu bebê durante 60 
minutos. Das mães entrevistadas, uma foi submetida à cesárea com anestesia geral e, assim que 
ficou apta a atender às necessidades do seu bebê, foi incentivada pela equipe a amamentar por 
pelo menos uma hora. Ainda na sala de parto, 23,3% das mães foram incentivadas a procurar 
por sinais de que seus filhos estavam prontos para serem amamentados, sendo auxiliadas 
quando precisavam. Das dez mães com bebês internados na Utin, 90% afirmaram que tiveram 
a oportunidade de segurar seus bebês em contato pele a pele em qualquer momento do dia.
Passo 5: Quanto a instruir as puérperas sobre o processo de amamentação, 73,3% dos 
integrantes do corpo clínico relataram orientar sobre o posicionamento e a pega adequada 
da mama. Entretanto, 66,6% das mães demonstraram esse processo adequadamente. Dentre 
os 30 profissionais do corpo clínico, 83,3% afirmaram que ensinam a expressão manual 
do leite às mães, demonstrando adequadamente a técnica. Contudo, somente 40% das 
puérperas entrevistadas afirmaram que alguém da equipe se ofereceu para ensiná-las como 
extrair o leite manualmente. Quanto à ajuda na amamentação, 60% das mães de bebês 
do pós-parto afirmaram que a equipe ofereceu suporte com a amamentação na segunda 
vez em que o bebê foi alimentado ou nas seis horas seguintes ao parto. Das dez mães com 
bebês internados na Utin, 60% afirmaram ter recebido ajuda de alguém da equipe para 
iniciar a lactação e 90% delas receberam orientação sobre como extrair manualmente o 
leite materno. No entanto, apenas 60% descreveram a técnica de extração adequadamente 
e 60% informaramque precisavam extrair o leite manualmente de seis a mais vezes em 24 
horas para manter a lactação. 
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Passo 6: O hospital não possui dados que indicam a quantidade de bebês amamentados 
exclusivamente com o leite materno. Dos 30 bebês observados, 86,6% não receberam 
alimento ou bebida além do leite humano, assim como 83,3% das mães relataram que seus 
bebês foram alimentados exclusivamente com o leite materno. 
Passo 7: Nas enfermarias pós-parto, 100% dos bebês estavam alojados conjuntamente 
com suas mães, não sendo contabilizadas as puérperas cujos bebês se encontravam na Utin. 
Confirmando esse critério, 100% das mães afirmaram permanecer 24 horas por dia junto 
aos seus lactentes. Apenas 53,3% das mães relataram que seus bebês permaneceram com 
elas imediatamente após o nascimento. Das dez puérperas que tiveram parto cesárea ou 
outros procedimentos com anestesia geral, 80% ficaram junto aos seus bebês e/ou iniciaram 
o alojamento conjunto assim que foram consideradas aptas a atender às necessidades do 
recém-nascido. 
Passo 8: Ao se questionar as 30 puérperas sobre a alimentação do seu recém-nascido, 
20% relataram ter recebido orientações de como reconhecer a fome do bebê. Contudo, 
nenhuma soube citar pelo menos dois desses sinais e 83,3% foram estimuladas a alimentar 
seus filhos sempre e por quanto tempo os bebês desejassem. 
Passo 9: Todos os bebês observados nas salas/alas de pós-parto receberam cuidados sem 
o uso de mamadeiras e chupetas, corroborando o relato de 100% das mães entrevistadas.
Passo 10: As perguntas deste passo buscaram reconhecer se o hospital encaminhou 
as mães a grupos de apoio à amamentação na alta da maternidade. Assim, 66,6% das 
puérperas foram informadas sobre onde obter apoio à amamentação dos seus bebês após a 
alta e citaram adequadamente uma fonte de apoio.
(LOPES et al., 2013, p. 490-491)
Segundo o Portal da Saúde (BRASIL, 2014a), para se tonar Amigo da Criança, o hospital deverá, ainda:
1) Cumprir a Lei nº 11.265, de 3 de janeiro de 2006 e a Norma Brasileira 
de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira 
Infância – NBCAL.
2) Garantir livre acesso à mãe e ao pai e permanência da mãe ou pai, junto 
ao recém-nascido, durante 24 horas, conforme Portaria nº 930, de 10 de 
maio de 2012, devendo o hospital ter uma política escrita a respeito que seja 
rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde.
3) Incluir no processo de avaliação da Ihac o critério global – Cuidado Amigo 
da Mulher –, devendo o hospital ter uma política escrita a respeito que seja 
rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde.
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4) O critério global Cuidado Amigo da Mulher requer as seguintes práticas:
5) Garantir às mulheres um acompanhante de livre escolha para oferecer apoio 
físico e/ou emocional durante o pré-parto, parto e pós-parto, se desejarem.
6) Ofertar às mulheres líquidos e alimentos leves durante o trabalho de parto.
7) Incentivar as mulheres a andar e a se movimentar durante o trabalho 
de parto, se desejarem, e a adotar posições de sua escolha durante o parto, 
a não ser que existam restrições médicas e isso seja explicado à mulher, 
adaptando condições para tal.
8) Garantir às mulheres ambiente tranquilo e acolhedor, com privacidade e 
iluminação suave.
9) Disponibilizar métodos não farmacológicos de alívio da dor, tais como 
banheira ou chuveiro, massageadores/massagens, bola de pilates (bola de 
trabalho de parto), compressas quentes e frias, técnicas que devem ser 
de conhecimento da parturiente, informações essas orientadas à mulher 
durante o pré-natal.
10) Assegurar cuidados que reduzam procedimentos invasivos, tais como 
rupturas de membranas, episiotomias, aceleração ou indução do parto, 
partos instrumentais ou cesarianas, a menos que necessárias em virtude de 
complicações e que, em caso de necessidade, isso seja explicado à mulher.
11) Caso o hospital tenha em suas rotinas a presença de doula comunitária/
voluntária, autorizar a presença e permitir o apoio à mulher, de forma 
contínua, se for a vontade dela.
6.3 Projeto Carteiro Amigo da Amamentação
Compõe o conjunto de iniciativas para o fortalecimento do incentivo ao aleitamento materno. Entre 
1996 e 2002, Araújo et al. (2003) realizaram um estudo sobre o tema no Brasil:
Trata-se de um projeto de parceria entre o sistema de saúde e a Empresa 
de Correios e Telégrafos (ECT), que visa informar a comunidade sobre a 
importância e as vantagens do aleitamento materno para a saúde da 
mãe e da criança, com o objetivo de incentivar a prática do aleitamento 
materno exclusivo até os 6 meses e do aleitamento materno continuado 
até os 2 anos de idade ou mais, como estratégia para reduzir a desnutrição 
e a morbimortalidade infantil e melhorar a qualidade de vida das 
crianças brasileiras. Os carteiros participam no Projeto Carteiro Amigo da 
Amamentação como força auxiliar dos órgãos de saúde, divulgando as 
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vantagens da amamentação natural, orientando nutrizes e gestantes e 
distribuindo nos domicílios onde residem gestantes e crianças menores 
de um ano um folder produzido pelo Ministério da Saúde com os dez 
passos para obter sucesso no aleitamento materno. Assim, a rotina diária 
de entrega de correspondências tem-se tornado por meio desse Projeto 
um exercício de conscientização popular. Valendo-se da credibilidade e da 
inserção dos carteiros em comunidades carentes, o Programa transforma 
esses profissionais em multiplicadores de informação sobre o aleitamento 
materno, sobretudo em regiões onde a população é mais pobre e tem menos 
acesso à informação. O Projeto Carteiro Amigo nasceu no Ceará em 1996 
como uma das estratégias estabelecidas pelo governo para combater a 
desnutrição e a mortalidade infantil no estado. Até o início da década de 
1980, os índices de mortalidade infantil eram alarmantes no Ceará. No ano 
de 1987, dados da Secretaria Estadual de Saúde registraram que para cada 
1.000 crianças nascidas no estado, 106 morriam antes de completar um 
ano de idade. Para reverter esse quadro, o governo do Estado, em 1987, 
criou o programa Viva Criança, que, entre outros objetivos, priorizou ações 
de incentivo ao aleitamento materno como uma poderosa arma contra a 
desnutrição infantil. Conscientes da importância do aleitamento materno 
no combate à mortalidade infantil, entidades, empresas e organizações não 
governamentais se mobilizaram no Ceará para informar e apoiar as mães 
sobre a importância do aleitamento natural, criando o Projeto Carteiro 
Amigo (ARAÚJO et al., 2003, p. 196-197).
6.4 Empresa Amiga da Criança 
Esse programa foi gerado pela Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos) em 1990 
para a promoção de direitos de crianças e adolescentes. O selo certifica empresas que atuem em prol do 
benefício e proteção desse público (PORTAL DA ABRINQ).
Vejamos sua descrição:
O Programa Empresa Amiga da Criança mobiliza e reconhece empresas 
que desenvolvem ações sociais em benefício de crianças e adolescentes, 
de 0 a 18 anos, moradores de comunidades e/ou filhos de funcionários, e 
que não exploram a mão de obra infantil. Podem participar do programa 
empresas com fins lucrativos de todos os portes e ramos de atuação, exceto 
empresas do setor fumageiro e fabricantes ou comerciantes de armas de 
fogo (FUNDAÇÃO ABRINQ, [s.d.]).
Ao participar do programa, a empresa passa a cumprir os três compromissos: 
– Não explorar o trabalho infantil e não permitir [essa ação] em sua 
cadeia produtiva.
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE– Promover a formação profissional e acesso ao emprego protegido 
para adolescentes.
– Realizar ações sociais em benefício de crianças e adolescentes 
(FUNDAÇÃO ABRINQ, [s.d.]).
O Guia Empresa Amiga da Criança traz mais detalhes sobre o programa:
Criado em 1995, pela Fundação Abrinq – Save the Children, o Programa 
Empresa Amiga da Criança mobiliza e reconhece empresas que realizam 
ações sociais para o público interno e comunidade, promovem e 
divulgam os direitos da criança e do adolescente. Além desse, a Fundação 
Abrinq – Save the Children desenvolve outros programas e projetos 
com o objetivo de melhorar as condições de vida das crianças e dos 
adolescentes brasileiros e mobilizar a sociedade para participar desse 
desafio desde 1990. A organização acredita no enorme potencial das 
empresas que investem recursos em ações e projetos sociais, articulam 
suas redes de relacionamentos, realizam ações de voluntariado 
corporativo, sensibilizam seus clientes e fornecedores e trabalham em 
parceria com o Poder Público e a sociedade civil. Inicialmente, o Programa 
Empresa Amiga da Criança era voltado para a prevenção e erradicação 
do trabalho infantil e o estímulo às empresas para a realização de ações 
sociais na comunidade. Posteriormente, em 2001, o Programa ampliou 
suas prioridades e convidou as empresas a desenvolverem ações sociais 
também para seu público interno (FUNDAÇÃO ABRINQ, [s.d.], p. 3).
 Saiba mais
Para saber mais sobre as iniciativas para coibir a exploração do trabalho 
infantil, leia: 
FUNDAÇÃO ABRINQ. Guia Empresa Amiga da Criança. São Paulo: 
Fundação Abrinq, [s.d.]. Disponível em: <https://sistemas.fadc.org.br/
biblioteca/acervo/guia_do_CD_PEAC.pdf>. Acesso em: 9 mar. 2018.
 Resumo
Nesta unidade, aprendemos que violência infantil é indicada como 
“quaisquer atos ou omissões dos pais, parentes, responsáveis, instituições e, 
em última instância, da sociedade em geral, que redundam em dano físico, 
emocional, sexual e moral às vítimas” (BRASIL, 2010a, p. 28). 
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Unidade II
Para compreender melhor o tema violência, relatamos as definições e 
as formas pelas quais ela se apresenta em nossa sociedade (estrutural, de 
resistência e de delinquência) e os principais tipos de violência que são 
infringidas às crianças e aos adolescentes brasileiros. Vimos como funciona 
o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), que realiza o 
monitoramento das violências para fins de vigilância epidemiológica por 
meio de dados coletados em diversos sistemas de notificação, por exemplo, 
o Sistema de Informações Hospitalares (SIH). O acolhimento às crianças 
vítimas de violências dá-se na maioria das vezes pelos profissionais da 
saúde, em especial pelos enfermeiros. 
Conhecemos a linha de cuidado para a atenção integral à saúde de 
crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências, que 
compreende as dimensões: acolhimento, atendimento, notificação e 
seguimento para a rede de cuidados e de proteção social. Essa linha de 
cuidado foi instituída no SUS para atender de forma integral esse público. 
Depois, estudamos a criança e o adolescente institucionalizados 
e a história das instituições para menores. Antes do Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA), crianças e adolescentes carentes não 
eram diferenciados das crianças e dos adolescentes autores de atos 
infracionais, todos ficavam no mesmo espaço. Nesse contexto, ainda 
apresentamos o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo 
(Sinase) e suas principais características.
Acentuamos as iniciativas e projetos de atenção à criança e incentivo 
ao aleitamento materno no Brasil, incluindo a legislação brasileira, 
que ampara a mulher trabalhadora garantindo-lhe o emprego desde 
a gestação, a licença-maternidade remunerada e o apoio à prática 
do aleitamento materno. Por fim, conhecemos ações que apoiam e 
difundem a prática do aleitamento materno, como: Agosto Dourado, 
Iniciativa Hospital Amigo da Criança (Ihac), Dez Passos para o Sucesso 
do Aleitamento Materno e os projetos Carteiro Amigo da Criança e 
Empresa Amiga da Criança.
 Exercícios
Questão 1. (UFMA 2016) Assinale a alternativa verdadeira em relação ao aleitamento materno. 
A) À medida que se passam os meses em aleitamento materno exclusivo, o leite passa a ter mais 
gordura e proteínas que podem ocasionar diarreia. Se isto ocorrer, a recomendação da OMS é 
oferecer ao bebê chás e água em pequena quantidade, porém não interromper o aleitamento. 
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
B) Não há, até o momento, nenhuma evidência de que o aleitamento materno exclusivo contribua 
para o desenvolvimento cognitivo da criança. O que se têm evidências diz respeito à melhor 
nutrição, diminuição de alergias e menor chance de obesidade. 
C) A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento 
materno exclusivo por seis meses e complementado até dois anos ou mais.
D) O colostro contém mais gorduras e menos proteínas.
E) Não existe uma técnica para amamentar. O importante é a mãe oferecer leite materno ao bebê 
quando necessário.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das alternativas 
A) Alternativa incorreta. 
Justificativa: o leite materno não passa a ter maior quantidade de gordura e proteína ao longo 
dos meses de aleitamento exclusivo. Oferecer alimentos complementares precocemente pode acarretar 
prejuízos à saúde da criança, associado a maior número de episódios de diarreia. 
B) Alternativa incorreta. 
Justificativa: há evidências de que o aleitamento materno exclusivo contribua para o desenvolvimento 
cognitivo da criança. Crianças amamentadas diminuem as alergias e reduzem as chances de obesidade. 
C) Alternativa correta. 
Justificativa: a Organização Mundial de Saúde (OMS), endossada pelo Ministério da Saúde, 
recomendam aleitamento materno por 2 anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros 6 meses.
D) Alternativa incorreta. 
Justificativa: o colostro contém mais proteínas e menos gorduras.
E) Alternativa incorreta. 
Justificativa: existe um posicionamento adequado para a amamentação. 
Questão 2. (Copeve 2012, adaptada) A violência e os maus-tratos à criança e ao adolescente são 
problemas sociais existentes e de grande repercussão na sociedade atual. Leia as afirmativas sobre 
essa problemática:
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Unidade II
I – Estes episódios de violência ocorrem pelo medo de denunciar, principalmente das pessoas que 
deveriam proteger as próprias crianças e adolescentes.
II – Existe grande aceitação social da violência contra crianças e adolescentes, uma vez que ela pode 
ser utilizada para “educar”.
III – O combate à violência se torna invisível quando os serviços de escuta estão preparados para o 
atendimento da criança e do adolescente.
IV – A violência pode gerar problemas sociais, emocionais, psicológicos e cognitivos durante toda a 
vida, podendo resultar em comportamentos prejudiciais à saúde.
V – São passos primordiais para a adoção da cultura da paz: adotar postura proativa frente a qualquer 
tipo de violência, promover ações de sensibilização e mobilização sobre a cultura da paz.
É correto apenas o que se destaca nas afirmativas:
A) Todas as afirmativas são corretas.
B) I, II e III.
C) II, III e IV.
D) III, IV e V.
E) I, IV e V.
Resolução desta questão na plataforma.
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