Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PEDIATRIA Transtorn� d� Espectr� Autist� - Sanarfli� Definição O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento diagnosticado em crianças menores de 3 anos, com uma prevalência global de 1% da população e 4x mais comum em meninos. No TEA temos um prejuízo na comunicação e interação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento e de interesses, sendo que em geral temos uma criança com dificuldades em lidar com alterações da rotina e que brinca de uma forma incomum É um espectro autista, ou seja, engloba transtornos antes chamados de autismo infantil precoce, autismo de alto funcionamento, desordem evasiva do comportamento, desordem desintegrativa da infância e transtorno de Asperger, sendo que são diferentes gravidades. Etiologia Existe uma base genética para o TEA, acontecendo de 60 a 90% dos gêmeos monozigóticos e 0% dos gêmeos dizigóticos. Os genes mais envolvidos estão localizados nos cromossomos 7 e 15 e é o motivo do TEA poder estar presente em síndromes que também ocorrem nesses cromossomos, como Síndrome de Prader-Willi e Síndrome de Angelman. Existem também fatores ambientais para o TEA, como idade parental avançada, baixo peso ao nascer e exposição fetal ao ácido valpróico. NÃO existe relação com a imunização com tríplice viral (SCR) Fisiopatologia Geralmente no TEA há um aumento anormalmente rápido do PC dos 2 aos 14 meses de vida, sendo que nos 2 primeiros anos de vida é um período crucial para o desenvolvimento cerebral (crescimento neuronal para formação de sinapses e mielinização). Existe um aumento de volume do cerebelo, telencéfalo e do corpo amigdalóide. existe também um subdesenvolvimento com aparecimento de circuitos anormais nessas áreas. Quadro clínico - DSM-V Para diagnósticas TEA precisamos de déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos, associados a pelo menos 2 padrões restritos e repetitivos de comportamento e interesses, presentes precocemente (primeiros 3 anos de vida) e que causem prejuízo significativo no funcionamento PEDIATRIA social. É importante que esses déficits não sejam explicados por deficiência intelectual ou atraso global do desenvolvimento. Comunicação e interação social Podemos identificar esses déficits em diferentes domínios Reciprocidade sócio emocional: essa criança possui uma abordagem social anormal, em que não há uma troca de informações, tendo dificuldade em manter essa interação social normal Manutenção de relacionamentos: Dificuldade em fazer amigos e em ajustar seu comportamento para o contexto Comunicação não verbal: Contato visual anormal e ausência de expressões faciais Padrões restritos e repetitivos Movimentos e falas estereotipados: Estereotipias motoras e frases idiossincráticas (frases utilizadas em situações não habituais e que se tornam inexplicáveis para a pessoa que está ouvindo) Interesses fixos e restritos: apego com objetos incomuns, brinca apenas com objetos de uma cor ou come só uma cor Insistência em padrões de comportamento: sofrimento com pequenas mudanças e rituais de saudação Hipo/hiper reatividade a estímulos sensoriais: Podemos ter fascinação com luzes, irritação com barulhos altos, etc. Especificadores O paciente tem o suficiente para fazer o critério diagnóstico de TEA, sendo que não é todo paciente que tem a mesma gravidade, sendo assim, podemos graduar de nível 1 a 3 de acordo com a necessidade de apoio necessário, sendo o 1 aquele paciente que quase não necessita de apoio e 3 aqueles que dependem muito de auxílio para realizar AVD. Além disso, os pacientes com TEA podem ter comorbidades, como comprometimento intelectual e comprometimento de linguagem. Além disso, podemos ter a associação com outras doenças, como Síndrome de Down, Síndrome do X-frágil, Síndrome alcóolica-fetal e Esclerose tuberosa. Como o prognóstico desses pacientes é muito melhor com diagnóstico e início de terapêuticas precoces, é importante que não esperemos chegar a um fechamento de diagnóstico para realizar tratamento e que façamos uma triagem nos primeiros meses de vida. M-CHAT-R Esse instrumento é validado para crianças de 16-30 meses de vida, sendo recomendado como triagem universal, mesmo que sem sinais alarmantes, entre 18-24 meses de vida. PEDIATRIA É um questionário online, que será aplicado pelo pediatra e respondido pelos responsáveis, contendo 20 perguntas de sim ou não. Ao final das perguntas há uma pontuação de risco para a presença de autismo. Baixo risco - 0-2 pontos - Seguimento da rotina - Se aplicado em crianças menores de 24 meses recomenda-se que haja repetição aos 24 meses Alto risco - 8-20 pontos - Recomenda-se encaminhamento direto para neurologista para avaliação diagnóstica e avaliar intervenção Risco moderado - 3-7 pontos - Aplicar M-CHAT-R/F (segunda fase do questionamento, onde iremos detalhar sobre os pontos que deram alto risco) - Abordando em mais detalhes teremos uma nova pontuação, sendo que de 0-1 ponto temos baixo risco e a partir de 2 pontos temos um alto risco. Diagnóstico O diagnóstico é clínico pelos critérios do DSM-V, porém, é possível encontrar algumas alterações em exames físicos, como macrocefalia (macrocefalia isolada não indica necessidade de avaliação complementar, apenas com presença de déficits) e dismorfismos (associação com outras síndromes). Além disso, podemos ter suspeita se a criança não tem problemas de audição, pois esses problemas também podem gerar atraso na fala e cognição. Tratamento Uma vez identificada o TEA, devemos iniciar a terapia cognitiva comportamental intensiva, com pelo menos 40 horas semanais e, idealmente, iniciar antes dos 3 anos. Essa terapia traz uma melhora da função social, melhora do desenvolvimento de linguagem e ameniza comportamentos inadequados. Lembra-se que o TEA pode ter associação com outros transtornos do desenvolvimento, por exemplo, TEA + Hiperatividade - Medicação com metilfenidato. Prognóstico O TEA não é um transtorno degenerativo, podendo evoluir em ganhos em interação social e melhora dos padrões restritos e repetitivos de comportamento durante terapia. Em geral, os sintomas são piores na primeira infância, sendo que uma minoria dos diagnosticados irão desenvolver e ser independentes na vida adulta. Logo, a presença de deficiência intelectual e comprometimento de linguagem indica pior prognóstico. A idade de início do diagnóstico e tratamento também é um fator determinante no prognóstico. #Vam�sAprofunda�? No paciente com TEA, temos padrões restritos e repetitivos, prejuízo na comunicação e interação social, dificuldade em lidar com alterações da rotina e um PEDIATRIA brincar de forma incomum. Esses fatores associados, geralmente, trazem um prejuízo no funcionamento social da criança. Sinais de Alerta no 1° ano de vida Por mais que seja um período em que a criança ainda é muito nova, muitos ainda sem falar, já é possível observar alguns padrões de alerta para o TEA. Um dos sinais de alerta é o atraso na aquisição do sorriso social, que se inicia há cerca de 4 meses de idade, sendoque o aparecimento e posterior perda é uma preocupação. Outros sinais de alerta são a ausência de ansiedade com ausência dos pais, olhar não sustentado/ausente e preferência por dormir sozinho (choro inconsolável ao ser ninado). Fatores de risco Sexo masculino, questões genéticas, baixo peso ao nascer e idade parental avançada. (Baixo peso ao nascimento entre 1.500 e 2.500g). Diagnóstico O diagnóstico é dado pelo DSM-V, sendo difícil de fechar com a baixa idade, sendo recomendado um acompanhamento próximo. A Macrocefalia também é um fator apresentável ao exame físico. Em questões de ausência de comunicação e interação social, é importante avaliar a audição com pedido de PEATE. DSM-V traz como diagnóstico a presença de: Déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos Associados a pelo menos 2 padrões restritos e repetitivos: Comunicação e interação social Padrões restritos e repetitivos Reciprocidade sócio-emocional Movimentos ou falas estereotipadas Comunicação não-verbal Insistência em rotinas Manutenção de relacionamentos Interesses fixos ou restritos Hiper/hipo reatividade a estímulos sensoriais Tratamento O tratamento é baseado na Terapia Cognitiva Comportamental de maneira intensiva (40 horas semanais) e com início antes dos três anos de idade. Essa terapia melhora a função social e o desenvolvimento da linguagem. O uso de medicamentos será aplicado apenas se houver necessidade de amenizar comportamentos inadequados (automutilação, hiperatividade, etc.) PEDIATRIA Síndrome de Asperger Essa síndrome está dentro do espectro do autismo, antigamente sendo chamada de autismo de alto funcionamento, uma vez que são pacientes que possuem TEA (apresentam comunicação e interação social comprometidos e padrões restritos e repetitivos), porém, com ausência de comprometimento cognitivo, se dando muito bem ao encontrar um nicho de interesse.
Compartilhar