Buscar

Direito Processual Penal II- 6 Semestre

Prévia do material em texto

Procedimentos Criminais
Procedimento Comum
● Sumaríssimo: Para a apuração das infrações de menor potencial ofensivo, que
tramitam perante os Juizados Especiais Criminais, nos termos do art. 98, I, da
Constituição Federal. São infrações de menor potencial as contravenções penais
(todas) e os crimes cuja pena máxima não exceda 2 anos.
Cada parte pode arrolar até 3 testemunhas.
● Sumário: Para os delitos que tenham pena máxima superior a 2 anos e inferior a
4, e para os quais não haja previsão de procedimento especial.
Cada parte pode arrolar até 5 testemunhas (art. 532 do CPP).
● Ordinário: Para apurar os crimes que tenham pena máxima em abstrato igual ou
superior a 4 anos, e para os quais não haja previsão de rito especial.
Admite -se que cada parte indique até 8 testemunhas (art. 401, caput, do
CPP). Este é também o número máximo de testemunhas na 1ª fase do rito do
Júri.
★ Para a definição do procedimento em relação aos crimes, o que se leva em conta, portanto, é
o montante da pena máxima, e não a sua espécie — reclusão ou detenção.
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008).
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro)
anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de
pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
Segundo Aury Lopes Jr. recorda, a regra geral do limite numérico é: rito ordinário, 8 testemunhas; rito
sumário, 5 testemunhas; para cada parte, não se computando as testemunhas que não prestam
compromisso e as referidas.
Outro aspecto importante segundo ele, é que o artigo exige que a defesa arrole suas testemunhas
“requerendo sua intimação, quando necessário”, no entanto, o tratamento igualitário, de acordo com o
princípio da ampla defesa e contraditório, faz com a regra seja a mesma de antes da reforma, dessa forma, a
testemunha arrolada por qualquer das partes deverá ser intimada, exceto se expressamente for
dispensada a intimação.
Procedimento Especial: Previstos no CPP ou em leis especiais, trazem regras próprias de tramitação
de acordo com as peculiaridades da infração penal.São regramentos que utilizam de modo supletivo as
normas do procedimento comum.
★ Havendo concurso de crime, causas de aumento e diminuição da pena, circunstâncias agravantes
ou atenuantes, a questão deve ser analisada considerando o resultado final.
● Art. 41, CPP: A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos
pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.
● Art. 79, CPP: Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de
processo e julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum
co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152 ( verificar que a doença mental
sobreveio à infração, processo fica suspenso até acusado se restabelecer).
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu
foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461
(testemunha deixar de comparecer, julgamento é adiado).
Regras Gerais de Aplicação nos procedimentos criminais
● Art. 394, §2°: Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em
contrário deste Código ou de lei especial.
● Art. 394, §4°: As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos
penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código.
○ Usa a regra da queixa ou denúncia em qualquer procedimento, mesmo que já tenham regra
definida como é o caso da resposta à acusação.
● Art. 394, §5°: Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e
sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.
○ Lei especial derroga lei geral
Absolvição Sumária
Teoria Eclética mista ou conciliatória
Art. 395, CPP- A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I- For manifestamente inepta; A peça apresentada contém narrativa incompreensível dos fatos, ou
não identifica suficientemente o réu, ou não observa os requisitos mínimos exigidos pelo art. 41
do CPP para denúncia ou queixa.
Não oferece ao acusado condição para se defender, a regra é dar essa chance.
Quando não der para individualizar as partes, deve aplicar a menor pena para todos.
II- Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício de ação penal; (pressupostos de
existência e validade) ou
A referência à falta de pressuposto processual diz respeito à ilegitimidade de parte, que pode ser
ativa (queixa-crime oferecida por quem não é a vítima do seu crime ou seu representante legal)
ou passiva (denúncia contra menor de 18 anos, por exemplo).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art395
Dá-se falta de condição de ação quando o promotor, por exemplo, oferece denúncia em crime
de ação pública condicionada sem que exista necessária representação do ofendido ou a requisição
do Ministro da Justiça.
Nos casos de rejeição da denúncia ou queixa, previstas neste inciso, a ação pode ser reproposta,
desde que seja pela parte legítima ou presente a condição antes ausente.
III- Faltar justa causa para o exercício da ação penal.
A justa causa pode ser verificada em várias situações como por exemplo, atipicidade evidente da
conduta descrita na denúncia ou queixa, falta de indícios de autoria e materialidade em relação ao
crime narrado, ocorrência de prescrição ou outra causa extintiva de punibilidade.
Não havendo rejeição a parte poderá manejar RESE- recurso em sentido estrito (substituí agravo
de instrumento). Se o rito for sumaríssimo o recurso será apelação.
★ Súmula 707, STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer
contra-razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de
defensor dativo.
○ Só vale para denúncia, não para queixa;
○ Antes de ser réu já tem direito ao contraditório;
○ O defensor dativo só pode ser nomeado mediante inércia do acusado.
★ Súmula 523, STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
● Art. 366, CPP: Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
○ Esta regra aplica-se a qualquer que seja o crime apurado e o seu respectivo procedimento.
Ao ser oferecida a denúncia, o juiz deverá fazer um juízo de admissibilidade, podendo para
tanto, declinar de sua competência.
Reconhecida a incompetência, a decisão poderá ser atacada de recurso em sentido estrito
(art. 581, II, CPP), com efeito suspensivo, inclusive no Juizado Especial (Jecrim)
● Art. 396, CPP: Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se
não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação,
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
○ É um ato obrigatório, pois se o réu não oferecer a resposta escrita no referido prazo,
por meio de defensor constituído, o juiz deverá nomear defensor dativo, que terá
novo prazo de 10 dias para apresentá -la a partir da data que receber os autos com vista.
Resposta à Acusação
● § único, art. 396, CPP: No caso de citação por edital, o prazopara a defesa começará a fluir a partir
do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.
○ Citação por edital o prazo para apresentar resposta não é prazo por edital;
○ O prazo começa a contar a partir de quando ele comprare em juízo ou constituí advogado;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art312.
○ Não pode nomear defensor, enquanto não tiver prova da inércia do acusado. Se está foragido,
não tem como nomear defensor, enquanto ele não comparecer.
○ Quando não é apresentada a resposta à acusação, mas o réu constituí defensor, sendo
juntada a respectiva procuração, a citação pode ser considerada como válida.
● Súmula 710 STF: No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da
juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.
○ O prazo para apresentação da resposta à acusação, do acusado citado pessoalmente
será computado a partir do efetivo cumprimento do mandado e não da juntada destes aos
autos.
● Art. 396-A, CPP: Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando
necessário.
Se na resposta escrita a defesa opuser alguma exceção (suspeição, ilegitimidade de parte,
incompetência do juízo, litispendência ou coisa julgada),§ 1o A exceção será processada em
apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
Nos termos do art. 396-A, na resposta o acusado poderá:
a) arguir preliminares. Em caso de incompetência relativa (territorial), o silêncio da defesa nesta
fase implica prorrogação do foro.
b) alegar tudo o que interesse à sua defesa.
c) apresentar documentos;
d) apresentar justificações. Refere -se às excludentes de ilicitude;
e) requerer a produção de provas que entenda relevantes;
f) arrolar testemunhas, em um número máximo de 8, sob pena de preclusão. Ao arrolar suas
testemunhas, a defesa poderá esclarecer que elas comparecerão à audiência
independentemente de intimação, tornando, assim, desnecessária a expedição de mandado.
● Acusado vai arguir toda prejudicial de mérito, como nulidade absoluta, extinção da
punibilidade, pois isso impede o Juiz de entrar no mérito. A defesa pode tudo, até
excepcionalmente usar uma prova ilícita para se defender, quando é a única possível
de provar sua inocência.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art95
● Cláusula de imprescindibilidade, quando a testemunha é imprescindível para o julgamento,
arrola porque arrolando testemunha é obrigada a comparecer. Para dispensar a testemunha
é necessário perguntar a parte contrária (princípio da comunhão das provas, as provas são
dirigidas ao juiz e secundariamente às partes).
● A regra do art. 366 CPP deve ser válida apenas para os casos em que a citação se deu
pessoalmente, caso o réu citado por edital não comparecer, nem constituir defensor, o
juiz irá nomear defensor para o réu, e sim aplicar a regra do 366, suspende-se o
processo e a prescrição até que o réu seja encontrado.
O prazo para a apresentação da resposta é impróprio, pois não está sujeito à preclusão. É uma
condição de prosseguibilidade, dando essa condição de impróprio.
A denúncia pode conter, se o crime comportar, proposta de suspensão condicional do
processo, o promotor poderá propor o sursis e o réu manifestar, na resposta, se a aceita ou não.
A Lei 9.099/95, art. 89. Suspensão condicional do processo é direito público do réu.
Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
Código Penal).
Nada impede ao juiz que determine uma audiência para oferecimento da proposta da suspensão
condicional do processo.
É o momento de arrolar testemunhas, peritos e assistentes (resposta à acusação).
No procedimento ordinário, o número máximo de testemunhas é de 8 testemunhas (para cada
crime, quando tem concurso de crimes) para cada fato; não se inclui: vítima, testemunhas referidas e
as que não prestam compromisso.
As exceções serão processadas em autos apartados, nos termos do art. 95 a 112 do CPP.
Art. 396- A, § 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir
defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
Absolvição Sumária (Art. 397, CPP)
Após o cumprimento do disposto no art. 396-A e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver
sumariamente o acusado, quando verificar (Art. 397, CPP):
● I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
○ Neste caso o juiz não deveria receber a peça acusatória, pois estaria diante de ausência
de justa causa para a ação penal, outra circunstância autorizadora da rejeição da
acusação. Justa causa deve ter: materialidade, autoria e o processo deve ser viável;
○ Pena deve retribuir o mal causado, quando tem existência manifesta de que não tem
ilicitude, absolve;
○ Dessa decisão cabe recurso de apelação, pois enfrenta o mérito e faz coisa julgada
material e formal.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77
○ Para a decretação da absolvição sumária é necessária a existência de prova que permita
ao juiz a plena certeza de que o réu agiu em legítima defesa, estado de necessidade,
estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito. Havendo dúvida, juiz
determina o prosseguimento do feito, se persistir a dúvida, na sentença final deve ser
aplicado o in dubio pro reo e o acusado absolvido.
● II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade;
○ O dispositivo exclui a possibilidade de absolvição sumária em caso de inimputabilidade
referindo -se aos doentes mentais. Em tais casos, há a necessidade de aplicação da
medida de segurança, por isso o legislador preferiu que a instrução judicial prossiga
até o seu final porque as provas perante ele colhidas podem levá-lo à conclusão de
que o réu é inocente, de forma a absolvê -lo sem a aplicação da medida de segurança.
○ Havendo inimputabilidade por doença mental não poderá absolver e aplicar, logo em
seguida, a medida de segurança, pois não houve contraditório, mesmo ante a presença
de laudo e outros documentos, é necessário produzir provas porque poderá haver
situação mais favorável ao acusado.
○ Caberá recurso de apelação, pelos mesmo motivos anteriores elencados, não há
condição de punibilidade, absolve sumariamente.
● III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
○ Se o crime não admite culpa e eu provo que não houve dolo;
○ Se o fato não constitui crime, o juiz deveria ter rejeitado a peça acusatória ante a
ausência de elemento caracterizadores
○ Note -se que se a narrativa do fato contida na denúncia ou queixa não constitui crime, o
juiz deve, desde logo, rejeitá -las. A regra da absolvição sumária foi prevista no Código
de Processo Penal para situações em que a atipicidade decorre de provas juntadas após
o recebimento da inicial acusatória.
○ O recurso cabível é o de apelação
● IV - extinta a punibilidade do agente.
○ Neste caso o estado perde o direito de punir, devendo o juiz se abster de qualquer
medida persecutória;
○ O recurso cabível é o recurso em sentido estrito. Trata-se de uma decisão definitiva de
mérito que faz coisa julgada formal e material;
○ Obs.: A divergência quanto ao recurso, alguns doutrinadores acham que o cabível é
a apelação.
A absolvição sumária representa a possibilidade de julgamento antecipado da lide.
Considerando que no atual sistema mostra-se possível a absolvição sumária, logo após a resposta
escrita,percebe-se a importância de o acusado, desde logo, argumentar e, se possível, comprovar a
existência de qualquer circunstância que possa levar o juiz a absolvê-lo de imediato, exitando, com isso,
a instrução criminal.
Audiência de Instrução e Julgamento
Art. 399, CPP – Rito Ordinário - “Recebida (mantida) a denúncia ou a queixa, o juiz designará dia
e hora para audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público
e, se for o caso, do querelante e do assistente,”
§ 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder
público providenciar sua apresentação;
§ 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença;
Caso o acusado solto, devidamente intimado, deixar de comparecer, o juiz deverá decretar-lhe a
revelia e, em razão disso, não será intimado para os atos do processo. No entanto, poderá assumir o
processo no estado em que este se encontrar.
Juiz entende que o acusado abriu mão do seu direito de presença que não é obrigatório.
Estando o acusado preso, a sua ausência poderá implicar na suspensão do processo, a menos que
seu defensor concorde com a produção de provas.
A audiência será una e deverá acontecer em no máximo 60 (sessenta) dias a partir do
recebimento da denúncia. Prazo impróprio, o máximo que pode acontecer é prescrever, mas é raro.
Toda vez que o juiz recebe uma denúncia ou queixa prazo prescricional interrompe e volta a contar do
começo, por isso é muito difícil ocorrer prescrição.
A audiência de instrução e julgamento é o principal ato do procedimento comum (ordinário ou
sumário), é o momento da produção e coleta da prova, seja ela testemunhal, pericial, documental e, ao
final, proferida a decisão.
Partindo do princípio da identidade física do juiz (aquele que presidiu a coleta da prova deve ser
o mesmo que ao final julgue), estabeleceu o legislador uma audiência onde toda prova deve ser
produzida. Para esse ato as partes serão intimadas, acusado preso é requisitado, o réu é citado
para apresentar resposta escrita e intimado para a instrução, onde será interrogado.
Os atos processuais serão concentrados em uma única audiência.
Art. 400, CPP - A audiência obedecerá a seguinte ordem:
● Art. 400 CPP Audiência Una Concentração dos Atos Processuais: instrução criminal
○ Declarações do ofendido. Tudo que o ofendido disse, o juiz vai vendo se comprova ao
longo da instrução, pode até mesmo alterar a classificação do crime.
Art. 384 do CPP “Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver
sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o
aditamento, quando feito oralmente. “
■ Mutatio Libelli- Ocorre quando o juiz concluir que o fato narrado na inicial não corresponde
aos fatos provados na instrução processual. Ou seja, a denúncia decorre de uma narrativa
fática errônea, mas na instauração criminal se tem conhecimento do que realmente ocorreu
ensejando mudança na acusação; nesse caso, deve o juiz remeter o processo ao Ministério
Público que deverá aditar a peça inaugural. Ao mudar a acusação, tem que oferecer nova
chance de defesa;
■ Emendatio libelli- Ao oferecer a denúncia ou queixa, o acusador deve necessariamente descrever
um fato criminoso e, ao final, dar a ele uma classificação jurídica. O réu defende-se da descrição
fática, e não da classificação a ele dada, assim pode acontecer de o juiz entender efetivamente
provado o fato descrito na peça inicial, mas discordar da classificação dada pelo acusador.
Como consequência da emendatio libelli, pode também o juiz reconhecer diretamente
qualificadoras e causas de aumento de pena descritas na denúncia ou queixa e que, por
equívoco, não constaram da classificação jurídica.
O processo prevê que o juiz pode diretamente condenar o réu na classificação que entenda ser a
correta, sendo dispensável qualquer formalidade como aditamento da denúncia ou queixa.
Para garantir o contraditório é necessário que o órgão acusador e a defesa sejam instados a
manifestar-se sobre a classificação jurídica que o juiz vislumbra aplicar por meio da emendatio.
■ Se houver prova nos autos, juiz baixa e faz aditamento dos autos.
○ Oitiva das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa
○ Esclarecimento dos peritos (opcional): Só ocorrem se a acusação ou defesa tiverem
previamente requerido.
○ Acareação (opcional): (momento por excelência da produção da prova), prova deve ser
submetida ao contraditório (transforma em prova aquilo que foi produzido no inquérito),
se não é apenas elemento de informação. Juiz não pode fundamentar seu convencimento,
apenas em elementos de informação produzidos na fase de inquérito. As acareações são
efetuadas se requeridas por alguma das partes e deferidas pelo juiz.
● Partes têm que fazer requerimento ou o juiz pode pedir de ofício. No entanto, o
acusado não é obrigado a comparecer, é direito dele não produzir provas
contra si mesmo.
○ Reconhecimento de pessoas e coisas (opcional): Na audiência dependendo do crime,
também serão feitos reconhecimentos de coisas ou pessoas.
○ Interrogatório do acusado
■ É o último ato instrutório, juiz ouve o réu/querelado acerca de sua versão sobre os fatos descritos
na denúncia ou queixa, bem como a respeito da sua vida pessoal;
■ O interrogatório é constituído de 2 partes: A primeira diz respeito à pessoa do acusado e a
segunda, aos fatos criminosos que lhe foram imputados na denúncia ou queixa. Em relação a
essa segunda parte, o acusado tem o direito de permanecer calado e o juiz deve, antes de
ouvi-lo, alertá-lo desta prerrogativa e de que o silêncio não o prejudicará. O STJ entende que
constitui nulidade relativa o fato de o juiz não alertar o acusado de seu direito constitucional de
permanecer calado.
■ O interrogatório passou a ser feito obrigatoriamente na presença do defensor, constituído ou
dativo;
■ Antes do interrogatório, é assegurado ao réu o direito de entrevistar-se reservadamente com seu
defensor (art. 185, § 2º).
■ Como o interrogatório ocorre na mesma audiência, depois da oitiva da vítima e das testemunhas,
deve ser dada oportunidade para o defensor conversar a sós com o réu após referidos depoimentos
(antes do interrogatório).
■ É permitido que as partes façam reperguntas ao final do interrogatório (art. 188). Essas
reperguntas serão feitas por intermédio do juiz, que as indeferirá se entender impertinentes
ou irrelevantes.
■ Se tratando de réu preso, o juiz deverá realizar o interrogatório no estabelecimento prisional
em que ele se encontrar, salvo se não houver segurança suficiente no local, hipótese em que
o ato se dará em juízo. Em tal hipótese, o réu deverá ser requisitado junto ao estabelecimento
em que está preso, para que seja providenciada sua remoção no dia do interrogatório (art.
399, § 1º).
Quanto à prova testemunhal, a oitiva das testemunhas deve obedecer a ordem legal (primeiro as
da acusação e depois as da defesa, pois quando a defesa vai ouvir sua testemunha, o juiz vai fazer
perguntas para confirmar fatos ou negar eles), podendo excepcionalmente ser invertida quando ocorrer
oitiva por carta precatória. Ou seja, como regra, a inversão dessa ordem gera ato processual defeituoso
insanável, que conduz à nulidade, mas isso não se aplica quando a inversão decorre da expedição e
cumprimento de carta precatória ou rogatória.
Art. 400,§ 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as
consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
O esclarecimento dos peritos depende de requerimento prévio, art. 400.§2.º. As partes
deverão requerer a oitiva com antecedência mínima de 10 dias da audiência de instrução e
julgamento. É importante destacar que as testemunhas são arroladas pelas partes, mas não são
“da parte”, mas do processo. Dessa formanão deveria ser admitida uma desistência unilateral,
sendo a testemunha do processo, poderá a outra parte insistir na sua oitiva, e assim deverá
proceder o juiz. Mas não havendo divergências, a desistência será acolhida e a testemunha não
será ouvida.
Produzidas as provas ao final da instrução (audiência) será facultado às partes (MP, querelante,
assistente e a seguir o acusado) requererem diligências para elucidar questões surgidas ou não
esclarecidas durante a instrução, art. 402, CPP.
O próprio juiz pode também determinar, de ofício, a realização de diligência que entenda
necessária, para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Ordenada a diligência, a audiência será declarada encerrada sem o oferecimento de alegações
finais orais. Realizada a diligência determinada, as partes oferecerão suas alegações finais por
memoriais (por escrito), no prazo sucessivo de 5 dias. Em seguida, no prazo de 10 dias, o juiz proferirá
sentença.
A não apresentação de alegações finais pela defesa, constitui causa de nulidade da ação
penal caso o magistrado profira a sentença sem ela. Em tal caso, o juiz deve dar oportunidade de o
acusado nomear novo defensor e, se este não o fizer, nomear defensor dativo para apresentar as
alegações.
Se o juiz indeferir a realização da diligência, cabe à parte alegar cerceamento, de acusação ou
defesa, em sede de apelação, caso a decisão final lhe seja desfavorável.
Ante a ausência de requerimento de diligências ou o indeferimento deste, o juiz declarará
finalizada a instrução e dará a palavra às partes para a apresentação oral de alegações finais, art.
403, CPP.
As alegações finais orais por 20 (vinte) minutos para cada parte: acusação, defesa, prorrogáveis
por mais 10 (dez) minutos a critério do juiz, proferindo em seguida a sentença, na mesma audiência.
Havendo mais de um acusado o tempo para as alegações orais de cada defensor será individual
(cada um terá 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos, para fazer a sustentação oral), art.
403, § 1.º CPP.
Ao assistente de acusação é reservado o tempo de 10 minutos após a manifestação do Ministério
Público, hipótese em que será acrescido o mesmo tempo aos defensores.
Segundo o art. 404 do CPP, ordenada diligência considerada imprescindível, de ofício ou a
requerimento da parte, a audiência será concluída sem alegações finais.
Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio assinado pelo juiz e pelas
partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos (art. 405, caput, do CPP).
Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas
será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
inclusive audiovisual, destinado a obter maior fidelidade das informações (art. 405, § 1º, do CPP).
Apresentados os debates orais em audiência, o juiz pode, de imediato, proferir sentença, hipótese
em que as partes já saem intimadas, ou chamar os autos à conclusão para prolatá-la no prazo de
10 dias.
Havendo deferimento das diligências ou considerando a complexidade do caso, ou do número
excessivo de acusados, o juiz poderá determinar que as alegações finais sejam apresentadas por
memoriais (por escrito), pelo prazo de 5 dias e, nesses casos, também prolatará a sentença em 10 (dez)
dias.
Procedimento Sumário (Art. 531)
● Aplicado, em regra, às infrações penais cuja pena máxima seja inferior a quatro anos e superior a
dois anos.
● No rito sumário será processado e julgado as infrações penais de menor potencial ofensivo,
quando não for possível fazê-lo com base no rito sumaríssimo. (art. 538) do CPP.
○ Em algumas hipóteses será adotado este procedimento sumário para apuração de
infrações de menor potencial ofensivo em situações específicas previstas na
legislação:
■ a) Quando o réu não for encontrado para citação pessoal no Juizado Especial
Criminal, hipótese que o art. 66, parágrafo único da Lei nº 9.099/95 determina a
remessa dos autos ao Juízo comum e o art. 538 do CPP impõe expressamente a
adoção do rito sumário;
■ b) Se o delito de menor potencial envolver violência doméstica ou familiar contra a
mulher, uma vez que a Lei Maria da Penha veda a adoção do rito sumaríssimo.
● O rito sumário está regulamentado nos arts. 531 a 538 do Código de Processo Penal, que prevê as
seguintes fases procedimentais:
○ 1) recebimento da denúncia ou queixa;
○ 2) citação do acusado;
○ 3) resposta escrita;
○ 4) decisão em torno da absolvição sumária ou prosseguimento do feito com a designação de
audiência;
○ 5) audiência para oitiva de testemunhas, interrogatório, debates e julgamento.
● O prazo para o juiz realizar a audiência, após receber a resposta escrita do acusado, é de no
máximo 30 dias. O prazo para a resposta escrita é 10 dias.
● Número de testemunhas a serem arroladas: 5 (cinco) para cada fato.
● Aplica-se o § 4.º do art. 394: “As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. Não há nulidade da
ação penal pela conversão em memoriais ou pela prolação posterior da sentença, porque tais
atitudes não geram qualquer prejuízo às partes.
● Não há previsão de substituição das alegações finais orais por memoriais, no entanto, o § 5.º do
artigo 394 determina a aplicação subsidiária do rito ordinário, que contempla a substituição.
● A intenção do legislador, em verdade, é a de que a audiência seja efetivamente una, sem a
possibilidade de conversão do julgamento em diligência e com a imediata realização dos debates
orais e da prolação da sentença.
Rito Sumário
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Tribunal do Júri
Juizado Especial Criminal
Crimes da Lei de Drogas
Crimes Funcionais
Crimes Contra a Honra
Características do Tribunal do Júri
É órgão do Poder Judiciário da Justiça Comum ou Ordinária (Júri Estadual, Distrital e Federal) e possui a
seguintes características:
a) – Órgão colegiado – composto de 26 juízes, sendo um juiz togado e 25 jurados; Integrado por vários
membros; Composição do Júri é essa.
b) – Heterogêneo – composto por juízes de carreira e juízes leigos; Composto por 1 juiz profissional
(juiz-presidente) e 25 juízes leigos (jurados), dos quais 7 são sorteados, a cada julgamento, para a formação
do conselho de sentença.
c) - Temporário – os jurados são periodicamente renovados; O tribunal do júri é órgão jurisdicional de
caráter não permanente, pois é constituído em determinadas épocas do ano para a apreciação das
causas que se encontram preparadas para julgamento, dissolvendo-se depois de cumprir essa tarefa.
d) - Horizontal – não há qualquer hierarquia entre o juiz-presidente e os jurados, apenas divisão de
competência.;
Decisão por maioria: As decisões do júri são tomadas por maioria simples de votos.
Direitos e Vantagens dos Jurados
● Presunção de idoneidade (art. 439, CPP);
● Preferência, em igualdade de condições, nas licitações públicas, bem como no provimento, mediante
concurso, de cargo ou função pública e, ainda, nos casos de promoção funcional ou remoção voluntária
(art. 440 do CPP);
● Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou salário do jurado sorteado que comparecer à
sessão do júri. (art. 441, CPP);
● Prisão processual especial.
Responsabilidade criminal dos jurados: Os jurados são considerados funcionários públicos para fins
penais, motivo pelo qual são responsáveis, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la, nos
mesmo termos em que são os juízes togados. Se solicitar dinheiro de uma das partes para proferir decisão
favorável, incorre em crime de corrupção passiva.
Competência Mínima do Tribunal do Júri
Crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados:
Homicídio (todas as modalidades); Participação suicídio; Infanticídio; Aborto (todas as modalidades, exceto
o do art. 128 do CP). Esses crimes são de competência do Tribunal do Júri.
“A competência penal do Tribunal do Júri possui extração constitucional. Assim, conforme o caráter
absoluto que apresenta e por efeito da “visatractiva” que exerce, estende-se aos crimes penais conexos ao
crime doloso contra a vida”
O Tribunal do Júri não julga exclusivamente crimes dolosos contra a vida.
★ A competência do Tribunal do Júri decorre de regra constitucional insculpida no art. 5°, XXXVIII. Trata-se
pois de competência de natureza absoluta, e por via de consequência, improrrogável.
Competência em razão do lugar
Teoria do resultado – “A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução”(art. 70, CPP).
Exceção - No caso de homicídio doloso o juízo competente será o do local onde ocorreu a ação ou a
omissão, adotando a teoria da atividade.
“[...] O local onde o delito repercutiu, primeira e primordialmente, de modo mais intenso deve ser considerado
para fins de fixação da competência”, (STJ – HC 196.458/SP – 2011).
A competência territorial é relativa, de modo que, se não for alegada pela parte interessada até o
momento oportuno da ação penal (fase da resposta escrita), considera se prorrogada a competência,
sendo válido o julgamento pelo juízo que, em princípio, não tinha competência territorial.
Exemplo: furto ocorrido em Santo André que, por algum engano, dá início a um inquérito em São Paulo e o
promotor, não percebendo o erro, oferece denúncia na Capital. O Juiz, nada percebendo, recebe a denúncia.
A Defesa não ingressa com exceção de incompetência, nada alegando na fase da resposta escrita; porém,
após o julgamento, em grau de recurso, passa a alegar a nulidade da ação (e da condenação) em razão da
incompetência. A nulidade, contudo, por ser relativa, não pode ser reconhecida porque não foi alegada na
oportunidade devida, o que fez com que o vício se considerasse sanado.
● O STJ possui entendimento pacífico no sentido de que a competência territorial, por ser relativa, não
gera nulidade dos atos processuais, circunstância que reforça a inexistência de ilegalidade passível de
ser sanada na via eleita.
As competências em razão da pessoa e da matéria são absolutas, pois é de interesse público, e não
apenas das partes, o seu estrito cumprimento. O desrespeito, portanto, gera nulidade absoluta. Pode ser
alegada e reconhecida a qualquer momento.
Súmula 140 do STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena
figure como autor ou vítima”.
De acordo com a Corte Suprema (STF), o bem jurídico tutelado no crime de genocídio, mesmo na
hipótese de morte, não é a vida, e sim a existência de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário 351.487/RR, fixou entendimento de que
a realização de mais de uma das condutas previstas na Lei n. 2.889/56, em uma de suas alíneas ou em várias
delas, constitui crime único de genocídio (no julgado em questão, garimpeiros que mataram 12 índios da tribo
Yanomami foram condenados por crime único de genocídio).
Em suma, decidiu o Supremo Tribunal Federal que o correto seria a punição por 12 crimes de homicídio
além de um crime de genocídio. Em face da conexão, o julgamento em tais casos deve se dar perante o
Tribunal do Júri.
★ Por ausência de previsão, no Código Penal, o crime de genocídio (legislação especial),
isoladamente considerado, é de competência da justiça Comum, exceto quando houver
conexão com qualquer um dos crimes dolosos contra a vida.
Crimes qualificados pelo resultado
Súmula 603 do STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do
Tribunal do Júri”. Júri pode julgar latrocínio se tiver conexão com crime doloso contra à vida. Se tiver
conexão com Júri é foro prevalente.
Nos crimes qualificados pelo resultado, como o latrocínio, fixa -se a competência no lugar onde ocorreu o
evento qualificador, ou seja, onde o resultado morte foi atingido.
A competência no crime de latrocínio define -se pelo local onde se consumou a infração, incidindo a regra
do foro geral, na falta de disposição expressa ditando foro especial.
Essa mesma conclusão vale para crimes como aborto qualificado pela lesão grave ou morte, lesão
corporal seguida de morte, extorsão e extorsão mediante sequestro qualificados pela lesão grave ou morte,
estupro qualificado pela lesão grave ou morte, crimes de perigo comum qualificados pelo resultado, tortura
qualificada pela lesão grave ou morte.
Iter criminis (etapas do crime)
● Cogitação- dolo
○ Impuníveis: regra, crime só começa a ser punido quando entra na execução, exceto se a
preparação já constituí crime.
● Preparação
● Execução
● Consumação
● Exaurimento (em regra para os crimes formais)
Só admite tentativa de crime doloso. O dolo é a vontade livre e consciente de realizar uma conduta e
obter o resultado, agora se sua cogitação vira ameaça ,constitui crime.
Os militares dos estados, ao se envolverem em crimes dolosos contra a vida (vítima civil) serão julgados pela
Justiça Estadual Comum, no entanto haverá a instauração de dois Inquéritos Policiais, um civil e outro
militar, ambos com o mesmo destino. Para ter Tribunal Militar Estadual, precisa ter 20 mil homens ou mais
(polícia militar ou bombeiro), para ter esse tipo de Tribunal.
Só vai para Justiça Militar, crimes tidos como militares.
Tratando-se de crime doloso contra a vida praticado por militar contra militar, sem qualquer relação com as
funções, a competência será do Tribunal do Júri.
Crime doloso contra a vida praticado por militar estadual contra civil, ainda que em serviço a
competência é do Tribunal do júri.
Doutrina: Os crimes contra a vida de civis cometidos por policiais militares estaduais em serviço são julgados
pela Justiça Comum, mais especificamente pelo Tribunal do Júri.
O crime contra a vida de outro militar é de competência da Justiça Castrense (militar), salvo se ambos
estiverem fora de serviço ou da função no momento do crime, hipótese em que a competência será da Justiça
Comum (Tribunal do Júri).
Homicídio Doloso
O homicídio se consuma no local da morte (cessação da atividade encefálica) e o julgamento deve ser
feito no Tribunal do Júri da Comarca onde tal resultado tenha se dado.
Exceção da jurisprudência: hipótese de a vítima ser atingida em uma cidade, normalmente pequena, e,
posteriormente, levada a um grande centro para atendimento hospitalar mais adequado, onde, todavia,
acaba morrendo em razão da gravidade dos ferimentos sofridos.
Em tal hipótese, o julgamento deve se dar no local da ação, pois é lá que o crime produziu seus efeitos
perante a coletividade, sendo certo, ainda, que é no local da execução que se encontram as testemunhas do
fato que, por sua vez, não podem ser obrigadas a se deslocar a outro local para serem ouvidas no dia do
julgamento em Plenário. A ausência destas, portanto, poderia prejudicar o julgamento, motivo pelo qual
deve se dar no local em que realizados os atos executórios.
A ação penal, então, deve desenrolar-se no local que facilite a melhor instrução a fim de que o julgamento
projete a melhor decisão.
O crime de homicídio é julgado pelo Tribunal do Júri na Justiça Estadual, salvo se presente alguma
circunstância capaz de modificar a esfera jurisdicional, como, por exemplo, o fato de o crime ter sido
cometido contra servidor público federal no exercício das funções, ou ocorrido a bordo de navio ou aeronave,
quando o julgamento estará afeto ao Tribunal do Júri organizado na Justiça Federal.
Prorrogação da Competência
Conexão (concurso material de crime): Pressupõe duas ou mais infrações penais;
Continência (concurso formal (agente mediante ação ou omissão, comete dois crimes ou não) ou concurso
de pessoas): Unidade de infração e pluralidade de agentes, ou no caso dos arts. 70, 73 e 74, CPP.
Conexão e Continência: Evitar decisões conflitantes e favorecer a economia processual.
Doutrina:
A conexão e a continência são institutos que determinam a alteração ou prorrogação da competência em
situações específicas.
Ex: João, armado, subtraiu um carro em São Paulo e vendeu a Lucasem Campinas. Os crimes são conexos
e por isso deve haver um só processo para a apuração de ambos. O Código de Processo Penal, então,
estabelece regras para que ambos sejam julgados em uma mesma comarca, embora tenham ocorrido em
locais diversos. No exemplo acima, o roubo e a receptação devem ser julgados em São Paulo pelo fato
de o primeiro ser o crime mais grave.
★ Privativo do Tribunal do Júri julgar crimes dolosos contra à vida, mas não julga somente eles, pois
também julga os crimes que têm conexão com eles.
FASES PARA A DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Tipos de Conexão
a) - Conexão teleológica – ocorre quando um crime é cometido para garantir a execução de outro.
Garantir a realização material do crime. Comete um crime para garantir a realização de outro.
O vínculo encontra-se na motivação do primeiro delito em relação ao segundo. Ex: matar o
segurança para sequestrar o empresário ou o marido para estuprar a esposa.
Nestes casos não pode estar presente os requisitos do princípio da consunção, segundo o qual o
crime-meio fica absorvido pelo crime-fim, pois, neste caso, haveria um só delito, e não hipótese de conexão.
b) – Conexão consequencial – Abrange 3 hipóteses, onde o vínculo encontra-se na motivação do
segundo delito em relação ao primeiro. Dá-se quando o homicídio é praticado com a finalidade de
assegurar:
b.1 - a “ocultação do crime”; (o crime ainda não aconteceu, elimina a possibilidade das pessoas saberem
que aquele crime aconteceu).
A finalidade do criminoso é que as autoridades não descubram a própria existência do delito anterior. Ex:
após matar uma pessoa, o agente joga o corpo em alto mar amarrado em uma grande pedra. Em tal caso, o
crime de ocultação de cadáver (art. 211 do CP) foi cometido para ocultar o delito de homicídio doloso.
b.2 - a impunidade do crime;(depois que o crime aconteceu, pessoa sabe que você praticou o crime e
você mata para ninguém mais ficar sabendo)
A intenção do agente é evitar a aplicação da pena referente à infração anterior, por ele cometida ou por
terceiro. Ex: ameaçar testemunha para que não o reconheça em juízo pelo crime de roubo pelo qual está
sendo processado. Em tal caso, o delito chamado coação no curso do processo (art. 344) foi praticado a fim
de obter a impunidade do roubo.
b.3 - Quando a infração for realizada para assegurar a vantagem de outro crime: A finalidade do agente é
garantir o proveito auferido com a prática delituosa anterior.
Ex: O autor do furto de um carro o deixa estacionado em local proibido. De longe, percebe que um fiscal de
trânsito está guinchando o carro. Ele, então, mata o fiscal para recuperar o carro furtado. O homicídio teve a
finalidade de assegurar a vantagem do furto cometido em data anterior.
Obs: Sempre que um crime é cometido a fim de facilitar a prática de outro, ou de garantir-lhe a ocultação,
impunidade ou vantagem, sua pena deve ser exasperada. No homicídio estas circunstâncias constituem
qualificadoras (art. 121, § 2º, V (homicídio qualificado pela conexão). Nos demais delitos configuram
agravante genérica — art. 61, II, b, do Código Penal.
a) produto do crime : Objeto conseguido diretamente com a atividade criminosa. Ex: Quando um carro é
furtado ou roubado, o carro deve ser buscado e apreendido, pois constitui objeto do crime.
b) preço do crime,
c) proveito do crime: é a especialização do produto, ou seja, o bem conseguido com a utilização do produto
criminoso. Ex: um traficante, após obter lucro com o tráfico, compra um carro. O carro comprado com o
dinheiro obtido pelo tráfico de substâncias entorpecentes é o proveito do crime.
Regras de Conexão e Continência
● Caso algum dos crimes seja de competência do Júri, todos os crimes irão para o Tribunal do Júri. Isso
é a vis atractiva do Júri.
● A competência constitucional do Júri prevalece sobre os demais órgãos de primeiro grau (juiz ou juizado
especial). Assim, no conflito entre juízes e Tribunal do Júri, ganha sempre o Tribunal do Júri, incidindo o
art. 78, I, do CPP.
“No concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a
competência do júri”, (art. 78, I, CPP).
● Em eventuais casos de conexão entre crime eleitoral e delito doloso contra a vida (de
competência do Júri) surge controvérsia em razão das regras dos incisos I e IV do art.
78, já que um deles diz que deve prevalecer a competência da Justiça Eleitoral e outro diz
que prevalece a do Júri.
● Após a CF/88, deve haver separação dos processos, uma vez que a competência da
Justiça Eleitoral para os crimes eleitorais está expressa no art. 121 da Carta Magna, e a do
Júri para os crimes dolosos contra a vida está inserta em seu art. 5º, XXXVIII.
Havendo crime doloso contra a vida conexo com crime de competência do juiz singular(juiz monocrático),
seja federal ou estadual, a competência será do júri.
★ Súmula nº 122/STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78, II, “a”, do Código de
Processo Penal”.
○ Junta tudo, mas não exclui Júri quando tiver crime doloso contra a vida;
Doutrina: No caso da regra do art. 78, II, a, do CPP, "prepondera a do lugar da infração à qual for
cominada a pena mais grave”.
A regra em questão não se aplica quando há conexão entre um crime da esfera federal com outro da
estadual. Em tal caso, prevalece a competência da Justiça Federal, ainda que o crime de sua esfera tenha
pena inferior ao da estadual, posto que a competência da Justiça Federal é determinada pela Constituição (o
que não ocorre com os da esfera estadual) e não pode ser afastada por regra do Código de Processo Penal.
★ Se a conexão envolver um crime federal qualquer e um crime doloso contra a vida de competência
estadual, inaplicável se torna referida súmula, já que a competência do Júri também consta do texto
constitucional, de modo que a solução é a separação de processos.
REGRAS DO FORO PREVALENTE:
a) - Justiça Comum X Júri = Júri;
b) - Foro Especial X Foro Especial = se duas ou mais autoridades que tenham foro especial cometerem
um crime, nos termos da Súmula nº 704 do STF, ambas serão julgadas pelo foro de maior graduação.
Súmula, 704, STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal, a
atração, por continência ou conexão, do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados.
A prerrogativa constitucional para julgamento originário no STF, STJ, TJs e TRFs prevalece sobre o Tribunal
do Júri, não havendo possibilidade de um juiz, procurador ou promotor ser julgado no Júri.
c) - Foro Especial + “Pessoa Comum” + crime doloso contra a vida: caso uma autoridade que tenha
foro especial cometa, em concurso, o crime acompanhado de uma pessoa sem foro especial, a
autoridade será julgada pelo seu foro especial enquanto a pessoa comum será julgada pelo Tribunal do Júri
(ocorre uma separação dos processos).
Doutrina:
Se uma pessoa com prerrogativa de foro cometer um crime de competência do Tribunal do Júri, será
julgado por quem?
● Segundo decisão do STF, se tratando de parlamentar, é necessário que o crime tenha ocorrido
durante o exercício do cargo e em razão das funções (propter officium).
○ Não se encaixando nessa hipótese, o parlamentar que cometa um crime doloso contra a vida
não terá prerrogativa de foro e será julgado no tribunal do júri sem problemas, juntamente com os
demais corréus (se houver concurso de pessoas) e por todos os crimes conexos (se for o
caso)
○ Nos demais casos de prerrogativa de foro (magistrados e membros do MP), o STF ainda não
aplicou esse entendimento, ou seja, a prerrogativa segue íntegra para qualquer crime.
● A competência do Júri é constitucional, se a prerrogativa de foro também estiver prevista na
Constituição, prevalece a prerrogativa de função. Um órgão de primeiro grau, como o Tribunal do
Júri, jamais prevalece sobre um tribunal.
★ Se a prerrogativa estiver em Constituição estadual ou lei ordinária, o cenário muda radicalmente:prevalece a competência constitucional do Júri.
★ Nessa mesma linha foi editada a Súmula 721 do STF: A competência constitucional do tribunal do
júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela
Constituição estadual.
● Crime eleitoral e outro de competência do Tribunal do Júri, haverá cisão: o crime eleitoral será
julgado na Justiça Eleitoral, e o homicídio (ou qualquer outro de competência do Tribunal do
Júri), no Tribunal do Júri.
Princípios Constitucionais do Tribunal do Júri
a) - Plenitude de defesa – e não somente ampla defesa. A defesa plena é mais abrangente que a ampla
defesa, que se exterioriza com a garantia de:
1.º - a possibilidade de o acusado participar da escolha dos jurados que comporão o Conselho de
Sentença;
2.º - O poder de o Juiz-Presidente, considerando o réu indefeso, dissolver o Conselho de Sentença
nomeando outro defensor e marcar novo julgamento;
O Juiz deve ter especial atenção, nos julgamentos pelo júri, ao dever de zelar pelo efetivo exercício da
defesa técnica, declarando o réu indefeso e dissolvendo o Conselho de Sentença na hipótese de entender
insuficiente o desempenho do defensor.
3.º - A necessidade de os juízes populares pertencerem às diversas classes sociais;
4.º - Solenidade do rito – quanto mais solene for o rito maior será a segurança conferida ao direito de defesa;
5.º - Simplificação dos quesitos e a inserção do quesito absolutório;
6.º - Possibilidade de plena argumentação, podendo arguir até questões de cunho metajurídico.
● A garantia de plenitude da defesa, não confere ao acusado a prerrogativa de ficar imune à vedação ao
uso da prova ilícita, nem de sobrepor-se ao princípio do contraditório, por isso ao acusador devem ser
conferidas idênticas faculdades processuais, de modo a garantir o equilíbrio na relação processual
(“paridade de armas”).
b) - Sigilo das votações – garante aos jurados liberdade de consciência pelos seguintes mecanismos:
1.º - pelo sistema da íntima convicção o jurado fica isento de fundamentar a sua decisão;
2.º - pela regra da incomunicabilidade dos jurados inibe-se conhecimento da decisão que cada jurado irá
tomar;
3.º - a votação é realizada em recinto fechado (sala especial (secreta));
4.º - vedação da apuração de veredicto unânime.
● Necessidade de manter os jurados a salvo de qualquer fonte de coação, embaraço ou constrangimento,
por meio da garantia de inviolabilidade do teor de seu voto e do recolhimento a recinto não aberto ao
público (sala secreta) para o processo de votação.
● Não há qualquer incompatibilidade entre o princípio do sigilo das votações e a exigência de
publicidade dos julgamentos.
● O Supremo Tribunal Federal já proferiu decisão proclamando a possibilidade de omitir-se do termo de
votação o número de votos afirmativos e o de negativos, pois a supressão dessa informação garante o
efetivo respeito ao princípio do sigilo das votações, que estaria comprometido na hipótese de registro
de que houve decisão unânime.
c) - Soberania do Veredictos – importa na manutenção da decisão dos jurados acerca dos elementos
que integram o crime, quais sejam: materialidade; autoria; qualificadoras; agravantes; causas de aumento e
diminuição de pena e etc.).
Trata-se de norma constitucional não absoluta, podendo sofrer as seguintes exceções:
● a) – absolvição sumária, prevista no artigo 415 do CPP;
● b) – revisão criminal – capaz de rescindir a coisa julgada penal.
○ Entretanto, em sede de revisão criminal, a instância competente pode decretar a absolvição
do acusado, sem que tenha de limitar-se a determinar a realização de novo julgamento.
● Proíbe que órgãos jurisdicionais de instância superior substituam por outra a decisão proferida
pelo tribunal popular (conselho de sentença), no tocante ao reconhecimento da procedência ou
improcedência da pretensão punitiva.
● No caso de condenação ou de absolvição imprópria, deve aplicar a pena ou medida de segurança
que decorre do veredicto.
● A soberania, no entanto, não impede que os tribunais de segundo grau ou os superiores anulem o
veredicto em decorrência de vício processual (reconhecimento de nulidade), nem que o veredicto seja
cassado por ser manifestamente contrário à prova dos autos, desde que, nessa última hipótese, por
apenas uma vez.
● Também, quando o tribunal decidir que a decisão dos jurados é divorciada da prova dos autos,
nada mais poderá fazer senão determinar que o acusado seja submetido a novo julgamento pelo júri,
garantindo, assim, que o litígio penal seja resolvido em definitivo pelo tribunal popular.
○ No STF é pacífico o entendimento de que o princípio constitucional da soberania dos veredictos
não é violado pela determinação de realização de novo julgamento pelo tribunal do júri, quando a
decisão é manifestamente contrária à prova dos autos.
ESQUEMA DO TRIBUNAL DO JÚRI
Início da ação penal
● Oferecimento da denúncia ou da queixa: recebida a denúncia ou a queixa, o juiz ordenará a citação
do acusado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 dias (art. 406, caput, CPP)
○ "Sursis" processual no caso dos artigos 122, 124 e 126 do CPP (se for esse crime, se não quebrar
condições extingue punibilidade)
● Se o beneficiado preencher os requisitos tem direito a sursis processual; Na oportunidade
em que o Ministério Público oferecer a denúncia, se estiverem presentes os requisitos,
poderá propor a suspensão do processo por até quatro anos, se o acusado não tiver
outro processo criminal ou não tenha sido condenado por outros crimes, para que o
acusado cumpra determinadas condições em troca da extinção do processo.
○ Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia,
poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes
condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades.
A ANPP é oferecida na fase de inquérito, já a sursis processual é oferecida após a fase de
inquérito.
■ Recebimento ou rejeição (RESE) da peça acusatória
● O prazo para o réu apresentar resposta será contado a partir da data do cumprimento
do mandado ou, no caso de citação inválida ou por edital, a partir do comparecimento em
juízo do acusado ou de defensor constituído (art. 406, § 1º, do CPP).
● Se o réu, citado por edital, não oferecer resposta, não comparecer em juízo e não nomear
defensor, será decretada a suspensão do processo e do prazo prescricional, nos termos do
art. 366 do Código de Processo Penal.
■ Se, embora citado pessoalmente, o réu deixar de apresentar resposta escrita por
intermédio de advogado, o juiz nomeará defensor para fazê-lo no prazo de 10 dias
(art. 408 do CPP), já que é imprescindível que a conveniência da apresentação da
peça seja avaliada por pessoa com habilitação técnica.
■ O entendimento do STJ, é de que, se a defesa for devidamente intimada, a não
apresentação da defesa preliminar no Tribunal do Júri, por si só, não constitui
nulidade, pois pode indicar estratégia defensiva.
● Resposta à acusação em 10 dias. Processo só pode andar se tiver
resposta à acusação;
○ Se o juiz recebe a peça acusatória, teremos a citação do acusado
■ Vistas à acusação para réplica, excepcionalmente.
■ Diligências requeridas e audiência em 10 dias.
Doutrina: Na resposta à acusação o réu pode, além de arguir preliminares e de alegar o que entender útil à
sua defesa, apresentar documentos e justificações, requerer a produção de provas e arrolar até 8
testemunhas, número idêntico ao que a acusação pode arrolar na denúncia.
Apresentada a resposta (vistas à acusação para réplica, excepcionalmente), o Ministério Público (ou
o querelante) será ouvido, em 5 dias, sobre eventuais preliminares e documentos juntados (art. 409 do
CPP). Caso não haja arguição de matérias preliminaresnem oferecimento de documentos, a
manifestação do órgão é desnecessária.
- Diligências requeridas e audiência em 10 dias
Em 10 dias, o juiz deverá deliberar sobre as iniciativas probatórias requeridas pelas partes,
determinando, se pertinentes e necessárias as providências, a inquirição das testemunhas e a
realização de outras provas (art. 410 do CPP). Em razão da celeridade, a lei estabeleceu o poder-dever de
o juiz indeferir as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias (art. 411, § 2º, do CPP).
Em audiência única, serão ouvidos, nesta ordem, o ofendido, bem como as testemunhas arroladas
pela acusação e pela defesa, para, em seguida, obterem-se os esclarecimentos de peritos cuja oitiva tenha
sido deferida pelo juiz, realizarem-se acareações e reconhecimento de pessoas ou coisas, interrogar-se o
acusado e, por último, proceder-se aos debates orais.
Nos termos do art. 212 do Código de Processo Penal, as partes inquiriram diretamente às
testemunhas (direct and cross examination), após o que o juiz poderá inquiri-las sobre os pontos não
esclarecidos.
No sumário da culpa, o interrogatório, que é o último ato de natureza probatória da audiência, é
realizado de acordo com o sistema presidencialista de inquirição, incumbindo ao juiz dirigir perguntas ao
réu e, em seguida, indagar às partes se desejam, por seu intermédio, esclarecer algum ponto relevante
(art. 188 do CPP).
Seguem-se os debates orais, que são os argumentos verbais oferecidos pelas partes, após a colheita
dos depoimentos, a fim de convencer o juiz. De acordo com o art. 411, § 4º, do Código de Processo Penal,
primeiro a acusação e, em seguida, a defesa terão 20 minutos cada uma, para apresentar alegações orais,
permitida a prorrogação por 10 minutos do tempo destinado a cada parte. Se houver mais de um
acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um será individual.
A manifestação do assistente do Ministério Público, que poderá usar da palavra por 10 minutos,
precederá a da defesa e ensejará a prorrogação do prazo do acusado por igual período.
Para impedir a demora injustificada na conclusão do procedimento, a lei proibiu o adiamento de ato da
audiência, salvo quando imprescindível à prova faltante, devendo o juiz determinar a condução coercitiva de
quem deixar de comparecer.
A lei fixou o prazo mínimo de 90 dias para a conclusão do procedimento, a consequência prática do
descumprimento desse prazo, será a eventual libertação do acusado que esteja preso pelo processo,
pois se decorrido o prazo e não tiver sido possível concluir a instrução, a solução será aguardar a
realização da prova imprescindível.
Se, terminada a instrução probatória, o juiz se convencer da possibilidade de nova definição jurídica do
fato em decorrência de comprovação de circunstância ou elementar não contida na denúncia ou queixa,
procederá na forma do art. 384 do Código de Processo Penal (art. 411, § 3º, do CPP), remetendo os autos ao
Ministério Público para aditamento da denúncia.
Terminados os debates orais, passa-se à etapa decisória do sumário da culpa (ou fase da pronúncia),
em que o juiz, na própria audiência, profere sua decisão ou determina que os autos lhe venham
conclusos para proferir decisão no prazo de 10 dias.
1.ª fase ( judicium accusationis) Formação de culpa, audiência una, Instrução preliminar:
● Oferecimento da denúncia ou queixa;
● Decisão liminar do Juiz;
● Recebimento;
○ Rejeição ( RESE);
○ Citação;
● Defesa prévia, por escrito ( em dez dias);;
○ Declarações do ofendido;
○ Testemunhas de acusação;
○ Testemunhas de defesa;
● Esclarecimentos de peritos;
● Acareações;
● Reconhecimento de pessoas e coisas;
● Interrogatório;
● Alegações finais orais ( §4.º do art. 411);
● Diligências para sanar nulidades etc.
○ (artigos 413/421)- Juiz vai para as decisões
■ Decisão de pronúncia
■ Decisão de impronúncia
■ De absolvição sumária
■ De desclassificação
● Declarações do ofendido
○ Oitiva das testemunhas arroladas pela acusação;
○ Oitiva das testemunhas arroladas pela defesa;
○ Requerimentos
■ Acareação é elemento de prova, é direito não produzir prova contra si mesmo, pode recusar-se
a participar das acareações;
■ Reconhecimento de pessoas ou de coisas
■ Esclarecimento dos peritos (apresenta os quesitos das perguntas, previamente, tanto defesa
quanto acusação pode fazer esses quesitos)
■ Leitura de peças (exclusivamente)
○ Se não tiver requerimentos vai direto para:
● Interrogatório do acusado (termina a produção de provas nesse
momento)
○ Terminou o interrogatório o Juiz disponibiliza tempo para as alegações finais orais (art. 411, §4°) pode
ser oral (20 minutos) ou pode ser por memoriais, segundo determinação do Juiz.
Alteração da acusação
Conforme preceitua o artigo 411 § 3.º: concluída a colheita da prova, deverá ser observado, se o caso, a
possibilidade da aplicação do artigo 384 do CPP ("mutatio libelli”). -Muda, porque tem fatos novo
Caso seja positivo deverá, após o aditamento da peça acusatória, promover a instrução sumária para os
novos fatos imputados ao acusado.
“O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique
sujeito a pena mais grave” (art. 418, CPP). (emendatio libelli)- erro, mas os fatos são os mesmos
Juiz deve julgar aquilo que foi apresentado, não pode julgar extra, citra ou ultra petita.
● Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em
conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida
na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em
virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o
aditamento, quando feito oralmente.
● § 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código.
○ Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos
informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao
investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão
ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
● § 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a
requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição
de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.
● § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco)
dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
● § 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.
● Término do “judicium accusationis”. Finda a instrução caberá ao juiz proferir:
○ Pronúncia (art. 413)
○ Impronúncia (art. 414)
○ Sentença de Absolvição Sumária (Art. 415)
○ Decisão de Desclassificação (Art. 419)
Obs. O sumário de culpa deve ser concluído no prazo máximo de 90 (noventa dias), contados do recebimento
da peça acusatória. Trata-se de prazo impróprio.
Súmula 64 do STJ – “Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”.
PRONÚNCIA
“O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação” (art. 413).
É decisão interlocutória mista não terminativa, que encerra a 1° fase do júri, com a remessa do réu aos
jurados, constatando-se a presença de indícios de autoria e de prova de materialidade.
O juiz convencido da existência material do fato criminoso e de haver indícios suficientes de que o
acusado foi seu autor ou partícipe, admite que ele seja submetido a julgamento perante o Tribunal do
Júri. A pronúncia tem caráter estritamente processual e não se constitui em decisão de mérito, pois não
impõe pena ao réu, não encerra o julgamento de mérito, não põe fim ao processo.
Decisão que, fundada na prova da existência do crimee de indícios de autoria, julga admissível a acusação
nos crimes dolosos contra a vida, determinando que réu se submeta a julgamento pelo Tribunal do Júri.
Natureza Jurídica – Decisão interlocutória mista não terminativa, meio de preparação que dá ingresso à fase
plenária do procedimento (juízo de admissibilidade ou de prelibação).
Da decisão de pronúncia cabe a RESE – recurso em sentido estrito ( art. 581, IV)
RESE, admite juízo de retratação, juiz pode voltar atrás da decisão que ele já tomou, o RESE favorece o
acusado.
Na hipótese de absoluta falta de justa causa, a pronúncia pelo crime doloso contra a vida obriga que
se submetam ao júri também os crimes conexos, de igual modo, a exclusão de qualificadora constante
na pronúncia só pode ocorrer quando manifestamente improcedente e descabida, sob pena de usurpação da
competência do Tribunal do Júri.
Ao prolatar a decisão de pronúncia, o juiz ou tribunal deve limitar-se à indicação da materialidade do
delito e aos indícios de autoria, será nula se estiver permeada por excesso de eloquência acusatória.
Requisitos da fundamentação (§1.º art. 413):
É imprescindível que da pronúncia conste o dispositivo legal em que está incurso o acusado, bem
como que se indiquem quais as qualificadoras e causas de aumento de pena existentes (art. 413, § 1º, do
CPP).
Também é requisito da pronúncia a indicação a respeito de tratar-se de crime tentado ou consumado. A
decisão de pronúncia, no entanto, não deve ostentar qualquer outra referência à causa especial de diminuição
de pena (art. 7º da Lei de Introdução ao CPP), agravantes ou atenuantes genéricas. Assim, em caso de
concurso de crimes, o juiz deve apenas indicar em quais artigos está incurso o réu e por quantas vezes.
Ao pronunciar o acusado, deve o juiz decidir, por manifestação fundamentada, acerca da
necessidade de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou outra medida cautelar anteriormente
decretada ou, em se cuidando de réu solto, sobre a necessidade de prisão preventiva ou de outra medida
cautelar pessoal. Se o crime for afiançável, o juiz decidirá sobre o arbitramento de fiança para a concessão ou
manutenção da liberdade provisória (art. 413, § 2º, do CPP).
O princípio da identidade física do juiz, segundo o qual o juiz que presidiu a instrução deverá
proferir a sentença, não é aplicável à decisão de pronúncia, na medida em que nessa fase não há
julgamento do mérito da lide penal.
O juiz não pode antecipar o juízo de culpa ou afastar peremptoriamente as teses de defesa, sob
pena de nulidade absoluta da pronúncia.
a) – indicar as provas que demonstram a existência de um crime doloso contra a vida;
b) – indicar indícios suficientes de autoria ou de participação;
Obs. Os pressupostos da materialidade e da autoria são cumulativos.
c) – devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado;
d) – especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.
Efeitos da pronúncia:
a) – submeter o acusado ao julgamento pelo Tribunal do Júri;
b) – fixar a classificação jurídica do fato;
c) - interrompe a prescrição, sempre ( art. 117 III do CP);
“A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda, que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o
crime” Súmula 191 do STJ;
D) – estabelecer a adoção, subsistência ou substituição de medidas cautelares decretadas, inclusive
eventual prisão preventiva.
Obs. – a pronúncia não gera efeitos civil
“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na
instrução” Súmula 21 do STJ.
Obs. – os Tribunais reconhecem o constrangimento ilegal quando houver excesso de prazo, no caso de
ocorrer transcurso, injustificado, de lapso dilatado entre a pronúncia sem a realização do júri.
Intimação da decisão de pronúncia
Será feita nos seguintes moldes:
a) – ao MP a intimação será pessoal;
b) – ao defensor dativo e ao acusado, será feita pessoalmente;
O acusado será intimado, em regra, pessoalmente (art. 420, I, do CPP), mas, se estiver solto e não for
localizado, será intimado por edital (art. 420, parágrafo único, do CPP), com prazo de 15 dias (arts. 370 e
361 do CPP), sem qualquer prejuízo para o prosseguimento do feito;
A não localização pessoal do réu pronunciado não mais enseja a paralisação do processo, já que, nesta
hipótese, poderá ser ele intimado por edital, independentemente da natureza da infração (afiançável ou
inafiançável).
c) – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente de acusação, far-se-á por publicação na
imprensa oficial.
Caso o acusado não seja encontrado será intimado por edital, evitando a “crise de instância”.
Impronúncia
Conceito – É a decisão interlocutória mista de conteúdo terminativo. Visto que encerra a primeira fase
do processo ( judicium accusationis), deixando de inaugurar a segunda, sem haver juízo de mérito.(...) julga
improcedente a denúncia e não a pretensão punitiva do Estado. Desse modo, se porventura novas provas
advierem, outro processo pode instar-se”.
Juiz declara não existir justa causa para submeter o acusado a julgamento popular. Faz coisa julgada
formal, uma vez prolatada a decisão de impronúncia, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se
houver prova nova, desde que não tenha se operado causa extintiva de punibilidade.
O reconhecimento da inexistência de fundamento para submeter o réu a julgamento pelo tribunal
popular no tocante ao crime doloso contra a vida acarreta a impossibilidade de o juiz julgar as infrações
conexas, razão pela qual deverá, após a preclusão da decisão, remeter o feito ao juízo competente para
apreciação daqueles crimes
Só na pronúncia interrompe a prescrição, na impronúncia não.
Art. 414 - "Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou
de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado”.
Parágrafo único –“Se não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa
se houver prova nova”.
"As novas provas exigidas pelo parágrafo único do art. 414 do CPP, têm natureza jurídica de uma condição
específica de procedibilidade, pois sem ela não pode ser oferecida nova denúncia ou queixa contra o réu”.
O recurso cabível contra a decisão de impronúncia é a apelação.
Absolvição Sumária- art 415
Conceito – “É a decisão de mérito, onde o juiz julga improcedente o pedido do Ministério Público, formulado
na denúncia com consequente absolvição do acusado.
“O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:
I – provada a inexistência do fato;
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
III – o fato não constituir infração penal;
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime”
Parágrafo único: "não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade
prevista no caput do artigo 26 do Decreto-lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940- Código Penal, salvo quando
esta for a única tese defensiva”.
- Igualmente à impronúncia, a decisão de absolvição sumária encerra a primeira fase do rito
escalonado do júri, impedindo o avanço à segunda etapa. Entretanto, neste caso, a
denúncia é julgada improcedente por força da coisa julgada material que constitui e não
pode ser intentada qualquer nova demanda penal pelos mesmos fatos.
- Não restam dúvidas da ocorrência de excludente da ilicitude, culpabilidade, do
envolvimento do réu ou da própria materialidade do crime. Não se trata de mera ausência
de provas, na verdade, constam provas cabais e inequívocas que permitem a absolvição
sumária do réu, de modo a serem casos excepcionais, pois afastam a competência
constitucional do júri.
Quando o juiz reconhecer a absolvição, mas impor medida de segurança, haverá a denominada
absolvição sumária imprópria.- Indivíduo foi absolvido, mas vai para uma casa de custódia (manicômio),
até cessar a periculosidade.
“A constatação de semi-imputabilidade não comporta absolvição sumária, nem tampouco impronúncia. Se o
réu é consideradomentalmente perturbado (art. 26 parágrafo único do CP), deve ser pronunciado
normalmente. [...]”.
Uma vez reconhecida a absolvição sumária com a consequente desaparição da vis atractiva para o
Tribunal do Júri, haverá de ser deslocada a competência para o julgamento do crime conexo.
Doutrina: Quando a circunstância dirimente reconhecida for a inimputabilidade por doença ou pertubação da
saúde mental ou, ainda, por desenvolvimeno incompleto ou retardado (art. 26 do CP), juiz deverá absolver
sumariamente o acusado apenas se não houver outra tese defensiva (art. 415 parágrafo único).
O reconhecimento da inimputabilidade sujeita o agente à medida de segurança (absolvição sumária
imprópria). Se o acusado, todavia, tiver negado a autoria do crime, mas houver indícios de que ele cometeu o
delito, o juiz deverá pronunciá-lo.
Se o réu negar a autoria do crime, a apreciação incumbirá aos jurados em plenário, e não ao juiz na fase
da pronúncia.
É uma decisão de caráter excepcional, pois impede a apreciação da causa pelo júri, só se decretará a
absolvição sumária quando existir prova incontroversa de uma de suas hipóteses de cabimento. Para que
seja decretada a absolvição sumária, portanto, é necessário que não remanesça prova alguma que infirma a
tese absolutória.
Medida de segurança não traz vantagem para o réu, pois lhe impede de ser absolvido completamente
através de sua defesa e diante do Plenário do Júri. No entanto, a absolvição sumária só será decretada se a
inimputabilidade for a única defesa do acusado, se a defesa, além de inimputabilidade, alegou também outras
teses (como negativa de autoria ou legítima defesa), juiz não deverá absolver sumariamente o réu e sim
pronunciá-lo para que seja julgado pelos jurados. Do contrário, ocorreria uma supressão de defesa, da
possibilidade de os jurados reconhecerem outra tese mais favorável, e de o réu ser absolvido sem qualquer
sanção.
Natureza jurídica da decisão de absolvição sumária
A absolvição sumária tem natureza jurídica de sentença com decisão terminativa, ou seja, julga o
mérito e faz coisa julgada material com efeitos materiais, de modo que o surgimento de novas provas não
possibilita a reabertura da ação penal.
Artigo 416 – “Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação”.
PROVA: Desclassificação (art. 419, CPP)
- Princípio da correlação
● Desclassificação Própria
○ Remessa do processo para o juízo comum
○ Aplicação de rito próprio
● Desclassificação imprópria
○ Permanece o rito do júri
○ Pronúncia e preparação do processo
Conceito – è a decisão interlocutória mista não terminativa, não adentrando no mérito, nem tampouco
fazendo cessar o processo.
Por meio da decisão de desclassificação, que tem natureza não terminativa, o julgador reconhece,
portanto, a inexistência de prova da ocorrência de crime doloso contra a vida e, concomitantemente, a
existência de elementos que evidenciem a prática de infração estranha à competência do tribunal
popular.
A desclassificação tanto pode se dar para crime menos grave (de tentativa de homicídio para lesão
corporal de natureza grave, p. ex.) como para delito mais grave (de homicídio para latrocínio).
A desclassificação opera-se, pois, sempre que o juiz, por entender que não se trata de crime de
competência do júri, determina a remessa dos autos ao juízo competente.
Art. 419 - “Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, de existência de crime diverso dos
referidos no § 1.º do art. 74 deste Código e não for competente para julgamento, remeterá os autos ao juiz
que o seja”
A desclassificação ocorre quando o juiz ao aplicar o princípio da correlação, confrontando os fatos
narrados na peça acusatória, faz nova adequação típica do fato, promovendo o emendatio ou o mutatio
libelli.
Poderá ocorrer a desclassificação:
a) – própria, quando a desclassificação resultar em crime diverso dos dolosos contra a vida;
b) – imprópria, quando a desclassificação resultar em outro crime doloso contra a vida.
Para ser proferida uma decisão desclassificatória é necessário um juízo de certeza, pois a dúvida deve
resultar em pronúncia.
Não poderá, o juiz desclassificante, tipificar o delito. Na realidade, todos eles retificam, mas não deveriam.
Da decisão de desclassificação cabe recurso em sentido estrito (art. 581, II, do CPP).
“Ocorrendo a preclusão da decisão de desclassificação, torna-se matéria preclusa a classificação original
conhecida na denúncia ou queixa. Como a pronúncia é juízo de mera admissibilidade e não julgamento
do mérito da causa, poderá ser restaurada a classificação do crime de competência do Tribunal Popular
mediante conflito de competência suscitado pelo juiz que recebe o processo (STF e STJ HC.43.583/2005.
PRECLUSÃO DA DECISÃO DE PRONÚNCIA
Art. 421 – Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal
do Júri.
§1.º - Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância superveniente que altere a
classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público.
§2.º - Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. Portanto, ocorrendo a alteração
superveniente do fato será afastada a preclusão pro judicato.
● Ocorrendo a alteração superveniente do fato será afastada a preclusão pro judicato.
Doutrina: A preclusão da decisão de pronúncia, não impede a alteração da classificação dada ao
delito, desde que se verifique a superveniência de circunstância que modifique a tipificação.
Ex: quando, em ação penal por tentativa de homicídio, a vítima falece após a pronúncia em razão dos
ferimentos anteriormente causados pelo réu.
O juiz deve remeter os autos ao Ministério Público para a readequação da acusação e, em seguida,
proferir nova decisão de pronúncia.
Judicium Causae
Conceito de Judicium causae: nome dado à 2° fase do procedimento do júri, tem início após o trânsito em
julgado da decisão de pronúncia. Pressupõe ter havido pronúncia. Além disso, o processo pode ser feito
por edital quando o réu não é localizado, o processo não fica mais paralizado.
● Preparação do processo
● Alistamento dos jurados
● Desaforamento: tirar o processo do foro em que está para mandá-lo a outro foro. É o
deslocamento do processo de um foro para outro, admitido em 4 hipóteses.
● Organização da pauta (quais processos vai julgar)
Reunião Periódica- Sessão Plenária.
● Jurados sorteados (25)
● Mínimo de 15 jurados devem comparecer, se não aparecerem não tem conselho de
sentença;
● Conselho de sentença 7 jurados
○ Sorteio e Convocação dos jurados
○ Instrução em Plenário
○ Debates orais
○ Votação dos quesitos
○ Sentença
Da Preparação do Processo Para Julgamento em Plenário
Tão logo ocorra a preclusão da decisão de pronúncia, deve o juiz, então, preparar o processo para
ser levado ao plenário, dirimindo qualquer dúvida e sanando nulidades, porventura existentes.
O art. 422 é o momento que as partes têm para arrolar testemunhas, em número máximo de 5 por
réu e por crime, e produzir demais provas.
“Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério
Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem
rol de testemunhas que irão depor em plenário, até no máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão
juntar documento e requerer diligências” (Art. 422 CPP).
A intimação da acusação e da defesa será feita de forma sucessiva.
Ao arrolar testemunhas, estas deverão ser qualificadas, indicar o endereço onde poderão ser
encontradas e declinar sobre a imprescindibilidade das mesmas (art. 461).
“É do sistema de nosso processo que a testemunha deverá ser ouvida no foro de seu domicílio. Regra
alguma excepcional permite exigir-se dela se locomova a outra Comarca para ser ouvida” ( RT
403/107).
Deve ser consignado no texto da precatória não estar a testemunha obrigada a comparecer, para que não
haja constrangimento desautorizado em lei.
“Na ação penal privada subsidiária da pública,

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes