Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA SHEYLLA RAQUEL DINIZ CAVALCANTE AGUIAR TRIAGEM DE IST’S NA GESTAÇÃO TERESINA 2022 SHEYLLA RAQUEL DINIZ CAVALCANTE AGUIAR TRIAGEM DE IST’S NA GESTAÇÃO Trabalho apresentado à disciplina de Tecnologia de Informação e Comunicação como requisito parcial para obtenção de nota em Sistemas Orgânicos Integrados. Orientadora: Profa. Dra. Juliana Macêdo Magalhães TERESINA 2022 1. Encaminhe um texto contendo as patologias que devem ser rotineiramente consideradas na avaliação de uma gestante. As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) apresentam prevalência significativa tanto na população geral quanto nas gestantes. Nestas, em especial, devem-se considerar as alterações gestacionais, como imunossupressão relativa, mudanças anatômicas da gravidez e alterações hormonais, que impactam diretamente no curso das DSTs, além de se atentar às complicações obstétricas e neonatais que podem ocorrer em decorrência delas, acarretando aumento da morbimortalidade materno-infantil (WILLIAMS, 2018). As principais patologias associadas às IST’s que devem ser rotineiramente consideradas na avaliação de uma gestante são: cancro mole, donovanose, gonorreia, clamidíase, hepatites virais, herpes genital, infecção pelo papilomavírus humano (HPV), linfogranuloma venéreo, sífilis e vulvovaginites. As IST’s devem ser enfrentadas com muita atenção e conscientização pelos profissionais de saúde. O diagnóstico deve ser o mais precoce possível, o tratamento apresenta limitações terapêuticas na gestação, pela toxicidade dos medicamentos usados. A prevenção e o tratamento do parceiro são de extrema importância para que as ações sejam efetivas. - Vulvovaginites: inflamação ou infecção na vulva, vagina e ectocérvice, com presença de corrimento vaginal e sintomas associados, como prurido vulvar, dispareunia, disúria e sensação de desconforto pélvico, embora muitos casos possam ser completamente assintomáticos. Diversos fatores ou agentes agressores podem favorecer o surgimento das vulvovaginites por meio da modificação da flora vaginal não patológica. Agentes infecciosos endógenos, trauma, uso de absorventes internos e externos, agentes de transmissão sexual, alterações hormonais e anatômicas, bem como imunodepressão, são alguns deles. Tem sido associada a diversos efeitos adversos durante a gravidez, como ruptura prematura de membranas amnióticas, corioamnionite, parto prematuro, endometrite pósparto, infecção intra- amniótica e baixo peso do recém-nascido (WILLIAMS, 2018). - Cancro mole: doença infectocontagiosa geralmente acomete a genitália externa e às vezes a região anal. É sexualmente transmitida e causada pelo bastonete Gram-negativo Haemophilus ducreyi, a incidência é maior em regiões tropicais e em populações com baixo nível de higiene. - Donovanose ou granuloma venéreo ou granuloma inguinal: doença de evolução crônica que acomete a pele e as mucosas das regiões genital, perianal e inguinal. É uma doença causada pela bactéria Gram-negativa Klebsiella granulomatis, é transmitida pelo contato sexual, embora os mecanismos de transmissão não sejam bem conhecidos. A gravidez agrava a doença, levando ao aumento do número de lesões. - Gonorreia: dença bastante relevante em pacientes gestantes. O agente etiológico é a bactéria Neisseria gonorrhoeae, um diplococo Gram-negativo. A gonorreia na gestação pode estar relacionada a um risco maior de prematuridade, ruptura prematura das membranas, perdas fetais, retardo do crescimento intrauterino e febre no puerpério. Pode haver bartolinite, peri- hepatite, artrite, endocardite e endometrite pós-parto. No recém-nascido, as complicações são conjuntivite, pneumonite intersticial atípica, bronquite e otite média. - Clamidíase: tem quadro clínico semelhante à gonorreia, durante a gestação pode levar à ruptura prematura de membranas, parto pré-termo, endometrite puerperal e, ainda, conjuntivite e pneumonia no recém-nato. -Linfogranuloma venéreo (LGV): popularmente chamado de "mula" e é causado pela bactéria Chlamydia trachomatis, pode estar relacionada a outras DSTs e às dificuldades no momento do parto, no caso de mulheres com lesões perirretais estenosantes. O LGV não está associado a danos diretos ao concepto. - Hepatite B (HBV): doença viral, a transmissão do HBV se faz por via parenteral, solução de continuidade e por relações sexuais desprotegidas. A transmissão vertical (mãe/ filho) também é causa frequente de disseminação do vírus, além de ser considerada a principal causa de carcinoma hepatocelular no futuro. - Hepatite C (HCV): é extremamente mutagênico, tornando difícil a criação de uma vacina eficaz. A principal forma de transmissão do HCV é por via parenteral, sendo pouco frequente por via sexual e geralmente acomete pessoas com múltiplos parceiros sexuais e nas que se envolvem em prática sexual de risco (sem uso de preservativo). transmissão vertical do HCV se dá com risco aumentado nas gestantes portadoras do vírus HIV ou com alta carga viral do HCV. - Herpes genital: causadas por vírus herpes simples tipos 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2), pertencentes à família Herpes viridae, é transmitida predominantemente por via sexual, incluindo contato orogenital. Na gestação, pode acarretar aborto, microcefalia, retardo do crescimento intrauterino, herpes congênito, herpes neonatal e óbito fetal. Apesar de existir a chance de transmissão transplacentária, a contaminação do feto se dá mais frequentemente pelo canal do parto, levando ao herpes neonatal, uma afecção de elevada morbimortalidade. - Papilomavírus humano (HPV): infecção viral, Papovaviridae. Nas gestantes infectadas, parece haver maior frequência de complicações obstétricas associadas. Durante a gravidez, o condiloma acuminado tende a aumentar de tamanho e pode atingir grandes proporções, devido a maior vascularização e a alterações hormonais e imunológicas, o que pode levar, até mesmo, à obstrução do canal do parto. - Sífilis: infecção sistêmica de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e períodos de latência quando não tratada, podendo ser transmitida por via sexual, transfusão sanguínea e ainda indiretamente por formas incomuns, como objetos contaminados e tatuagens (sífilis adquirida) ou vertical (sífilis congênita). A sífilis na gestante pode ser causa de aborto, prematuridade, morte neonatal ou desenvolvimento da doença nos conceptos (sífilis congênita precoce e tardia). A gravidade da sífilis congênita deve-se ao fato de a infecção transplacentária ser maciça (GRANT, 2020). As alterações fisiológicas do organismo materno podem mudar o desenvolvimento das IST’s, bem como facilitam complicações obstétricas e neonatais. Por isso, o reforço às medidas de prevenção e ao tratamento do parceiro é de extrema importância. A triagem das DSTs durante o pré-natal é de importância fundamental tanto no diagnóstico precoce quanto no melhor manejo do tratamento. 2. Relação Prático-teórico Na semana 10, iniciamos o estudo da gravidez. Com foco nas alterações fisiológicas e morfológicas da gestação, além disso em IESC estudamos sobre o pré-natal e os principais exames que devem ser solicitados para a gestante durante esse período, incluindo os exames para as IST’s abordados nesta atividade. É de extrema importância estabelecer a ligação dos assuntos a fim de entender que esses exames e uma boa orientação no pré-natal podem evitar diversas complicações para mãe e bebê. REFERÊNCIAS Williams CL, Harrison LL, Llata E, Smith RA, Meites E. Sexually Transmitted Diseases Among Pregnant Women: 5 States, United States, 2009-2011.Matern Child Health J. 2018. Grant JS, Chico RM, Lee AC, et al. Sexually Transmitted Infections in Pregnancy: A Narrative Review of the Global Research Gaps, Challenges, and Opportunities. Sex Transm Dis. 2020. Lochner HJ 3rd, Maraqa NF. Sexually Transmitted Infections in Pregnant Women: Integrating Screening and Treatment into Prenatal Care. Paediatr Drugs. 2018.
Compartilhar