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Este material é parte integrante do curso online "Enfermagem em Tratamento de Feridas 
e Curativos" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É 
proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem 
autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 
Com certificado 
online 
120 horas 
Enfermagem em 
Tratamento de Feridas e 
Curativos 
Gilvânia Oliveira Ferreira 
 
 
 
 
 
 
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e Curativos" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É 
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Enfermagem em 
Tratamento de Feridas e 
Curativos 
Gilvânia Oliveira Ferreira 
120 horas 
Com certificado 
online 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
CURATIVOS E COBERTURAS ....................................................................................... 4 
1.1 EPIDERME ................................................................................................................. 4 
1.1.1 População Queratocítica ....................................................................................... 5 
1.1.2 População Não-queratocítica ................................................................................ 6 
1.1.3 Junção Dermoepidérmica ..................................................................................... 6 
1.2 DERME ....................................................................................................................... 7 
1.2.1 Vascularização ...................................................................................................... 7 
1.3 HIPODERME .............................................................................................................. 8 
1.3.1 Inervação .............................................................................................................. 8 
1.4 ANEXOS CUTÂNEOS ............................................................................................... 9 
1.5 FISIOLOGIA DA PELE ........................................................................................... 11 
PELE E FERIDAS............................................................................................................. 13 
2.1 CARACTERIZAÇÃO DAS FERIDAS DE PELE ................................................... 13 
PRINCIPAIS FERIDAS CRÔNICAS ............................................................................. 18 
3.1 PÉ DIABÉTICO ........................................................................................................ 18 
3.2 ÚLCERAS VASCULOGÊNICAS ............................................................................ 21 
3.3 LESÃO POR PRESSÃO ........................................................................................... 23 
PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO ................................................................................ 27 
4.1 FASES DA CICATRIZAÇÃO .................................................................................. 27 
4.1.1 Fase inflamatória ................................................................................................ 27 
4.1.2 Fase proliferativa ................................................................................................ 28 
4.1.3 Fase de maturação .............................................................................................. 30 
4.2 TIPOS DE CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS ........................................................... 31 
CURATIVOS E COBERTURAS ..................................................................................... 34 
1.1 PRÁTICA DO CURATIVO ................................................................................. 34 
1.2 CARACTERIZAÇÃO DOS CURATIVOS .............................................................. 36 
1.2.1 Tipos de curativos ............................................................................................... 36 
1.2.2 Aspectos gerais na realização de curativos ............................................................. 37 
PRINCIPAIS COBERTURAS ......................................................................................... 41 
2.1 CARACTERIZAÇÃO PRINCIPAIS COBERTURAS............................................. 41 
FITOTERÁPICOS ............................................................................................................ 57 
3.1 USO DOS FITOTERÁPICOS EM CURATIVOS .................................................... 57 
AVALIAÇÃO..................................................................................................................... 64 
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 68 
 
 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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4 
01 
CURATIVOS E COBERTURAS 
 
 
 
 
A pele é o maior órgão do corpo humano, é responsável por cerca de 16% do peso corporal 
e possui como principal função isolar as estruturas internas do ambiente externo, e é 
constituída por três camadas: epiderme, derme e hipoderme ou tela subcutânea. 
A mesma é um órgão complexo composto por diversos tecidos, tipos celulares e 
estruturas especializadas. Constitui a interface do corpo humano com o meio externo, 
exercendo funções cruciais para a vida, como termorregulação, vigilância imunológica, 
sensibilidade e proteção do indivíduo contra agressões exógenas, de natureza química, física 
ou biológica, e contra a perda de água e de proteínas para o exterior. 
 
 
1.1 EPIDERME 
A epiderme consiste em um epitélio pavimentoso estratificado e queratinizado, de origem 
ectodérmica. Sua espessura varia aproximadamente de 0,04 a 1,5 mm de acordo com a 
topografia; 95% das células que compõem a epiderme são queratinócitos organizados em 4 
camadas que se renovam continuamente. São elas: camada basal ou germinativa, camada 
espinhosa, camada granulosa e camada córnea. 
A camada mais profunda, a basal, apresenta atividade mitótica, e os queratinócitos 
resultantes da divisão celular sofrem diferenciação à medida que são empurrados para as 
camadas mais superiores, sintetizando quantidade crescente de queratina no seu citoplasma. 
O tempo de maturação de uma célula basal até atingir a camada córnea é de 
aproximadamente 26 dias. 
As camadas da epiderme estão dispostas de modo que sua superfície é relativamente 
plana, com exceção das áreas das pregas cutâneas, submetidas a extensões e contrações. A 
base da epiderme é sinuosa, formada por cones epidérmicos que se projetam na derme e 
Unidade 1 – Curativos e Coberturas 
 
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5 
encontram-se intercalados com projeções digitiformes da derme denominadas papilas. Essa 
disposição confere grande adesão da epiderme com a derme e maior superfície de contato 
entre elas, permitindo uma área eficaz de troca entre esses dois componentes, já que a 
epiderme é avascular e sua nutrição deriva dos capilares dérmicos. 
Intercalados entre os queratinócitos, há outros tipos celulares, como os melanócitos, 
as células de Langerhans e as células de Merkel. 
 
1.1.1 População Queratocítica 
Camada Basal 
É a camada mais profunda da epiderme, delimitando-secom a derme. É constituída 
habitualmente por única camada de queratinócitos que possuem citoplasma basófilo e 
núcleos grandes, alongados, ovais e hipercromáticos, em contínua divisão mitótica. 
Camada Espinhosa ou Malpighiana 
Situa-se logo acima da camada basal e é formada por 5 a 10 camadas de 
queratinócitos com configuração poliédrica, achatando-se progressivamente em direção à 
superfície, com seus maiores eixos paralelos a esta. 
As células espinhosas estão unidas mecanicamente entre si e às células basais 
subjacentes por meio de pontes intercelulares denominadas desmossomos, estruturas 
complexas que conferem à pele resistência a traumas mecânicos. Na camada basal, há apenas 
uma placa de aderência ligando a membrana plasmática das células basais à membrana basal; 
essas estruturas de adesão são chamadas hemidesmossomos. 
Anormalidades dos desmossomos causam separação das células (acantólise), com 
formação de bolhas ou vesículas na epiderme. É o que ocorre em doenças autoimunes como 
pênfigo foliáceo e pênfigo vulgar, onde há produção de anticorpos contra as desmogleínas 1 
e 3 (constituintes dos desmossomos), respectivamente. 
Camada Granulosa 
É composta por 1 a 3 camadas achatadas de queratinócitos com formato losangulare 
citoplasma repleto de grânulos de querato-hialina, que dá origem à filagrina, importante 
componente do envelope das células corneificadas. Nesta camada, já se observam, além da 
filagrina, os outros componentes necessários para a morte programada das células e a 
formação da barreira superficial impermeável à água, como involucrina, queratolinina, 
pancornulinas e loricrina. 
Na pele da região palmoplantar, há uma camada adicional entre as camadas granulosa 
e córnea denominada estrato lúcido. Suas células são anucleadas e formam uma faixa clara 
e homogênea, fortemente coradas pela eosina à microscopia óptica. 
Camada Córnea 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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6 
É a camada mais superficial da pele. Sua espessura é variável de acordo com a 
topografia anatômica, sendo maior nas palmas e plantas. O processo de maturação dos 
queratinócitos está completo no estrato córneo, apresentando células anucleadas com um 
sistema de filamentos de queratina imerso em uma matriz contínua circundada por 
membrana celular espessada. 
 
1.1.2 População Não-queratocítica 
Melanócitos 
São células dendríticas de origem ectodérmica que sintetizam pigmento melânico. 
Localizam-se na camada basal e seus dendritos estendem-se por longas distâncias na 
epiderme, estando em contato com muitos queratinócitos para os quais transfere melanina. 
O melanócito e os queratinócitos com os quais se relaciona constituem as unidades 
epidermomelânicas da pele, numa proporção de 1 para 36, respectivamente. 
Células de Langerhans 
São células dendríticas originadas na medula óssea que constituem 2 a 8% das células 
da epiderme e localizam-se na camada espinhosa. Na microscopia eletrônica, são 
caracterizadas por estruturas citoplasmáticas denominadas grânulos de Birbeck, que se 
assemelham a uma raquete de tênis. Têm função imunológica, como células apresentadoras 
de antígenos aos linfócitos T. 
Células de Merkel 
São células de origem controversa encontradas nas extremidades distais dos dedos, 
lábios, gengivas e bainha externa dos folículos pilosos. Alguns acreditam que sejam de 
origem neuroendócrina, pois apresentam grânulos intracitoplasmáticos com substâncias 
neurotransmissoras e estão em contato íntimo com fibras nervosas da derme, constituindo 
os discos de Merkel, que provavelmente são mecanorreceptores. 
 
1.1.3 Junção Dermoepidérmica 
As células da camada basal da epiderme repousam sobre uma estrutura chamada membrana 
basal. À microscopia óptica, essa zona limítrofe corada pelo ácido periódico de Schiff (PAS) 
revela uma delgada zona uniforme de reação intensa. Os estudos de microscopia eletrônica 
esclareceram a complexidade dessa região, o que vem facilitando a compreensão de várias 
doenças cutâneas. A zona da membrana basal é constituída por 4 áreas distintas: a membrana 
celular da célula basal; a lâmina lúcida, sob a membrana plasmática dos queratinócitos 
basais, com seus hemidesmossomos; a lâmina densa, formada por colágeno tipo IV; e a 
lâmina fibrorreticular, que se continua com a derme subjacente. 
A função da zona da membrana basal é fornecer a ancoragem e a adesão da epiderme 
com a derme, mantendo a permeabilidade nas trocas entre estes dois componentes e atuando 
como filtro para a transferência de materiais e células inflamatórias ou neoplásicas. 
Unidade 1 – Curativos e Coberturas 
 
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7 
Várias doenças mecanobolhosas hereditárias e auto-imunes envolvem a separação e 
a formação de bolhas em vários níveis da junção dermoepidérmica, como epidermólise 
bolhosa, penfigoide bolhoso, penfigoide gestacional e lúpus eritematoso bolhoso. 
 
 
1.2 DERME 
A derme é a camada situada logo abaixo da epiderme, formada por denso estroma 
fibroelástico de tecido conectivo em meio a uma substância fundamental, que serve de 
suporte para extensas redes vasculares e nervosas, e anexos cutâneos que derivam da 
epiderme. 
Os principais componentes da derme incluem o colágeno (70 a 80%) para resistência, 
a elastina (1 a 3%) para elasticidade e os proteoglicanos, que constituem a substância amorfa 
em torno das fibras colágenas e elásticas. 
A derme divide-se em papilar (mais externa), reticular (mais interna) e derme 
perianexial. A derme papilar é mais delgada, altamente vascularizada e preenche as 
concavidades entre as cristas epidérmicas, dando origem às papilas ou cristas dérmicas. É 
formada por feixes delicados de fibras colágenas (principalmente do tipo III) e elásticas, 
dispostas em uma rede frouxa, circundada por abundante gel de mucopolissacarídeos. A 
derme reticular compõe a maior parte da espessura da derme, está abaixo do nível das cristas 
epidérmicas e é constituída de fibras colágenas (principalmente do tipo I) entrelaçadas, além 
de fibras elásticas que estão dispostas paralelamente à superfície da pele. A derme 
perianexial tem a mesma estrutura da derme papilar, mas localiza-se em torno dos anexos 
cutâneos. 
O sistema elástico, que permeia as fibras colágenas das dermes papilar e reticular, é 
responsável pela elasticidade cutânea, ou seja, capacidade da pele de retornar à posição 
original quando submetida ao estiramento. 
A derme contém população mista de células, incluindo fibroblastos, fibrócitos, 
macrófagos teciduais, melanófagos, mastócitos e leucócitos sanguíneos (como neutrófilos, 
eosinófilos, linfócitos, monócitos e plasmócitos). 
 
1.2.1 Vascularização 
O suprimento vascular da pele é limitado à derme e constitui-se de um plexo profundo em 
conexão com um plexo superficial. Estes plexos correm paralelos à superfície cutânea e estão 
ligados por vasos comunicantes dispostos perpendicularmente. 
O plexo superficial situa-se na porção superficial da derme reticular, com arteríolas 
pequenas das quais partem alças capilares que ascendem até o topo de cada papila dérmica 
e retornam como capilares venosos. 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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O plexo profundo situa-se na base da derme reticular e é composto por arteríolas e 
vênulas de paredes mais espessas. Há ligação íntima entre os plexos por meio dos vasos 
comunicantes, e o controle do fluxo sanguíneo dérmico por esses vasos contribui para o 
controle da temperatura corpórea. 
 
 
1.3 HIPODERME 
A hipoderme ou panículo adiposo é a camada mais profunda da pele e está organizada em 
lóbulos de gordura divididos por septos fibrosos compostos de colágeno, por onde correm 
vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Une a derme à fáscia profunda subjacente, absorve 
choques e funciona como isolante térmico. 
 
1.3.1 Inervação 
A inervação da pele é abundante e constituída por nervos motores autonômicos e por nervos 
sensoriais somáticos. 
O sistema autonômico é composto por fibras simpáticas e é responsável pela 
piloereção, constrição da vasculatura cutânea e secreção do suor. As fibras que inervam as 
glândulas écrinas são simpáticas, mas têm como neurotransmissor a acetilcolina. 
O sistema somático é responsável pelas sensações de dor, prurido, tato suave, tato 
discriminativo, pressão, vibração, propriocepção e térmica. Os nervos sensitivos têm 
receptores especializados divididos funcionalmente em mecanorreceptores, 
termorreceptores e nociceptores. Morfologicamente, estes receptores podem constituir 
estruturas especializadas, como: 
• corpúsculos de Vater-Pacini, nas regiões palmoplantares, específicos para pressão e 
vibração; 
• corpúsculos de Meissner, nas polpas dos dedos, específicos para o tato; 
• corpúsculos de Krause, nas áreas de transição entre pele e mucosas, sensíveis ao frio; 
• corpúsculos de Ruffini, sensíveis ao calor. 
Podem também ser desprovidos de características estruturais específicas, que são as 
terminações nervosas livres responsáveis pela sensibilidade da dor, prurido e parte da 
térmica. 
Unidade 1 – Curativos e Coberturas 
 
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9 
 
 
 
1.4 ANEXOS CUTÂNEOS 
Unidade Pilossebácea 
As unidades pilossebáceas são encontradas sobre toda a superfície da pele, exceto 
nas regiões palmoplantares, nos lábios e na glande. Compõem-se de uma haste pilosa 
circundada por bainha epitelial contínua com a epiderme, uma glândula sebácea, 
musculatura lisa piloeretora e, em certas regiões corpóreas, ducto excretor de uma glândula 
apócrina que desemboca acima da glândula sebácea. 
A haste pilosa é a parte do pelo que se projeta para fora da pele, e sua raiz é a região 
que fica dentro da pele. A haste é composta por cutícula externa, córtex intermediário e 
medula. A bainha epitelial da raiz divide-se em bainhas radiculares externa e interna. A 
externa dá continuidade às células da camada espinhosa da epiderme superficial, e a interna 
é formada por três camadas celulares distintas: camada de Henle, camada de Huxley e 
cutícula, formada por escamas que se entrelaçam com as escamas da cutícula do pelo. 
Na porção mais inferior do folículo piloso, há uma expansão chamada de bulbo 
piloso, que contém a matriz do pelo. Nela ocorre a atividade mitótica do pelo e encontram-
se os melanócitos, sendo, portanto, responsável pelo crescimento e pigmentação do pelo. 
Há dois tipos de pelo: o lanugo ou pelo fetal, que são curtos, delicados e claros, 
idênticos aos pelos velus do adulto; e o terminal, mais grosso, escuro e grande, encontrado 
nas axilas, cabelos, barba e região púbica. 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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10 
Os pelos não crescem continuamente, e sim de maneira cíclica, podendo-se 
identificar 3 fases distintas: 
• anágena: fase de crescimento ativo, com duração de 2 a 3 anos; corresponde a 85% 
dos cabelos; 
• catágena: fase de involução, com duração de 3 semanas; corresponde a 1% dos 
cabelos; 
• telógena: fase de queda, com duração de 3 a 4 meses; corresponde a 14% dos cabelos. 
As glândulas sebáceas são glândulas holócrinas cuja função é produzir o sebo, que é 
uma combinação de ésteres de cera, esqualeno, ésteres de colesterol e triglicérides. É 
secretado através do ducto sebáceo na luz do folículo piloso e recobre a superfície cutânea, 
atuando como lubrificante natural do pelo, além de evitar a perda de água pela camada 
córnea, proteger contra excesso de água na superfície e ter ação bactericida e antifúngica. 
Ocorrem por toda a pele, exceto na região palmoplantar, e seu controle é hormonal, 
especialmente andrógeno. 
Glândulas Sudoríparas Écrinas 
As glândulas sudoríparas écrinas derivam da epiderme e não pertencem à unidade 
pilossebácea. Cada glândula é um túbulo simples com um segmento secretor enovelado 
situado na derme e um ducto reto que se estende até a superfície da pele. São inervadas por 
fibras simpáticas, mas têm a acetilcolina como mediador. 
Estão localizadas em toda a superfície cutânea, exceto nas áreas de pele modificada, 
como os lábios, os leitos ungueais e a glande. Participam da termorregulação, produzindo 
suor hipotônico que evapora durante o calor ou estresse emocional. 
Glândulas Sudoríparas Apócrinas 
As glândulas sudoríparas apócrinas derivam da epiderme e fazem parte da unidade 
pilossebácea, desembocando, em geral, nos folículos pilosos. Localizam-se nas axilas, 
escroto, prepúcio, pequenos lábios, mamilos e região perineal, além de, modificadamente, 
nas pálpebras (glândulas de Moll), mamas (glândulas mamárias) e conduto auditivo externo 
(glândulas ceruminosas). Produzem secreção viscosa e leitosa constituída de proteínas, 
açúcares, amônio e ácidos graxos; é inodora quando atinge a superfície, mas as bactérias a 
decompõem, causando odor desagradável. São inervadas por fibras nervosas simpáticas e 
estão sob controle dos hormônios sexuais. Sua função provavelmente representa vestígios 
de espécies inferiores, cuja comunicação sexual se dá por meio de substâncias químicas. 
Unidade 1 – Curativos e Coberturas 
 
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11 
 
Unhas 
São placas córneas localizadas no dorso das falanges distais dos quirodáctilos e 
pododáctilos. São compostas por 4 partes: a raiz, parte proximal recoberta por uma prega de 
pele chamada de prega ungueal proximal; a lâmina, que está aderida sobre o leito ungueal; 
as dobras laterais, que cobrem as bordas laterais da lâmina ungueal; e a borda livre. 
No leito ungueal, a epiderme apresenta somente a camada basal, que se torna opaca 
na sua parte proximal, formando a lúnula. Aí encontra-se a matriz, que tem intensa atividade 
proliferativa e é responsável pelo crescimento da unha. 
 
 
 
1.5 FISIOLOGIA DA PELE 
As várias estruturas da pele exercem funções primordiais para a sobrevivência do organismo. 
São elas: 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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12 
• O estrato córneo atua como barreira para a perda de água das camadas epidérmicas 
internas e para lesão proveniente do ambiente externo, como a entrada de agentes 
tóxicos e micro-organismos. 
• Os melanócitos exercem proteção contra os efeitos indesejáveis da radiação solar 
ultravioleta por meio da melanina, que a absorve amplamente. 
• Os nervos dérmicos têm a importante função de percepção do meio. 
• As fibras colágenas e elásticas da derme e sua substância fundamental conferem à 
pele propriedades viscoelásticas e de resistência que a protegem contra as forças de 
cisalhamento. 
• A termorregulação se dá pela extensa rede vascular cutânea, através do controle do 
fluxo sanguíneo, e pelas glândulas sudoríparas écrinas, cuja secreção proporciona o 
resfriamento por evaporação a partir da superfície da pele. 
• O papel da pele na proteção imunológica do organismo se deve principalmente à 
célula de Langerhans, que participa de várias reações imunológicas, inclusive na 
interação macrófago-célula T e nas interações entre linfócitos T e B. 
• A pele desempenha uma função endócrina, pois a ação da radiação ultravioleta sobre 
o 7-deidrocolesterol nos ceratinócitos forma a vitamina D3, que estimula a absorção 
de cálcio e fosfato no intestino. 
Unidade 2 – Pele e Feridas 
 
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13 
02 
PELE E FERIDAS 
 
 
 
 
Feridas representam a perda de solução de continuidade da pele (ferimento) por causas 
externas (traumas ou cirurgias) ou por causas internas ou endógenas, relacionadas a doenças 
facilitadoras ou causadoras da ferida. 
As feridas podem ser classificadas como simples, quando o tempo e as fases de 
cicatrização acontecem de maneira ordenada e de acordo com um tempo previsto para o tipo 
e extensão da lesão; ou complexas, quando não respondem ao tratamento adequado de 
acordo com a etiologia (fator causal) por complicações metabólicas ou fisiológicas. 
 
 
2.1 CARACTERIZAÇÃO DAS FERIDAS DE PELE 
As feridas podem ser classificadas de várias maneiras: pelo tipo do agente causal, de acordo 
com o grau de contaminação, pelo tempo de traumatismo, pela profundidade das lesões, 
sendo que as duas primeiras são as mais utilizadas. 
Quanto ao agente causal 
1. Incisas ou cortantes - são provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi, 
lâminas etc.; suas características são o predomínio do comprimento sobre a 
profundidade, bordas regulares e nítidas, geralmente retilíneas. Na ferida incisa o 
corte geralmente possui profundidade igual de um extremo à outro da lesão, sendo 
que na ferida cortante, a parte mediana é mais profunda. 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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2. Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado, sendo que a força do 
traumatismo é que causa a penetração do instrumento, tendo como exemplo o 
machado. 
 
3. Perfurante - são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como prego, alfinete. 
Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando sua gravidade na 
importância deste órgão. 
4. Pérfuro-contusas - são as ocasionadas por arma de fogo, podendo existir dois 
orifícios, o de entrada e o de saída. 
 
Unidade 2 – Pele e Feridas 
 
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5. Lácero-contusas - Os mecanismos mais frequentes são a compressão: a pele é 
esmagada de encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou arrancamento 
tecidual. As bordas são irregulares, com mais de um ângulo; constituem exemplo 
clássico as mordidas de cão. 
 
6. Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos pérfuro-cortantes que possuem gume 
e ponta, por exemplo, um punhal. Deve-se sempre lembrar, que externamente, 
poderemos ter uma pequena marca na pele, porém profundamente podemos ter 
comprometimento de órgãos importantes. 
 
7. Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com arrancamento 
da pele. 
 
8. Equimoses e hematomas - na equimose há rompimento dos capilares, porém sem 
perda da continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue extravasado forma 
uma cavidade. 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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Quanto ao grau de contaminação 
Esta classificação tem importância, pois orienta o tratamento antibiótico e também 
nos fornece o risco de desenvolvimento de infecção. São elas: 
1. Limpas: são as produzidas em ambiente cirúrgico, sendo que não foram abertos 
sistemas como o digestório, respiratório e genito-urinário. A probabilidade da 
infecção da ferida é baixa, em torno de 1 a 5%. 
 
2. Limpas-contaminadas – também são conhecidas como potencialmente 
contaminadas; nelas há contaminação grosseira, por exemplo, nas ocasionadas por 
faca de cozinha, ou nas situações cirúrgicas em que houve abertura dos sistemas 
contaminados descritos anteriormente. O risco de infecção é de 3 a 11%. 
 
3. Contaminadas - há reação inflamatória; são as que tiveram contato com material 
como terra, fezes, etc. Também são consideradas contaminadas aquelas em que já se 
passou seis horas após o ato que resultou na ferida. O risco de infecção da ferida já 
atinge 10 a 17%. 
Unidade 2 – Pele e Feridas 
 
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4. Infectadas - apresentam sinais nítidos de infecção (edema, rubor, calor, dor, secreção 
purulenta, odor fétido e tecido necrótico) 
 
Dentro desse cenário as feridas podem ainda ser classificadas em feridas agudas e 
crônicas. A primeira, originária de cirurgias ou traumas, tem sua reparação no tempo 
adequado, sem complicações. Já a segunda são aquelas que não são reparadas no prazo 
esperado, se estendem a periodo superior a seis meses e apresentam agravos. Quanto às 
feridas agudas, a principal causa no nosso meio são os traumatismos, seguido de feridas 
térmicas, infecciosas, químicas, vasculares, alérgicas e radioativas. As feridas crônicas têm 
um processo de cicatrização complicado por processos infecciosos ou em decorrência de 
outras doenças existentes. 
Uma ferida aguda pode ser tornar crônica, por exemplo, desde que algum mecanismo 
interfira em seu processo de cicatrização fisiológico. Neste grupo se enquadram as lesões 
por pressão, as úlceras varicosas e o pé diabético. 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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1803 
PRINCIPAIS FERIDAS CRÔNICAS 
 
 
 
 
As feridas crônicas são lesões de difícil cicatrização, quase sempre acontecem em função da 
realização do curativo inadequado (escolha errada do curativo) bem como o não tratamento 
da etiologia (causa da ferida). 
As feridas crônicas representam um grande problema de saúde pública, em função 
dos gastos elevados para o tratamento, bem como um problema social, pois exclui as pessoas 
que convivem com a ferida, já que normalmente essas feridas produzem Incapacidades e 
problemas com a autoimagem do paciente. 
 
 
3.1 PÉ DIABÉTICO 
O diabetes mellitus (DM) é uma das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) mais 
frequentes no mundo sendo a quarta principal causa de morte. Junto à doença renal crônica, 
causa um impacto crescente nos sistemas de saúde mundial e brasileiro. Em 2014 estimou-
se que 120 milhões de pessoas eram portadoras de DM no mundo e até 2025 a expectativa é 
de que sejam 300 milhões. Esta doença caracteriza-se como um complexo conjunto de 
distúrbios metabólicos que têm em comum a hiperglicemia causada por defeitos na ação e/ou 
na secreção de insulina. 
Embora sejam muitas as complicações sérias e dispendiosas que afetam os indivíduos 
com diabetes, tais como doenças do coração, problemas renais e cegueira, as complicações 
com os pé representam a maior parte: 40 a 70% de todas as amputações das extremidades 
inferiores estão relacionadas ao diabetes mellitus. 
As neuropatias diabéticas (NDs) constituem as complicações crônicas mais 
prevalentes entre indivíduos com diabetes mellitus, afetando mais de 50% dos pacientes. 
Unidade 3 – Principais Feridas Crônicas 
 
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Caracterizam-se pela presença de sintomas ou sinais de disfunção dos nervos do sistema 
nervoso periférico somático e/ou do autonômico em indivíduos com DM. 
As NDs são consideradas presentes somente após a exclusão de outras causas, tais 
como as polineuropatias (PNPs) resultantes de doenças metabólicas, sistêmicas, infecciosas, 
inflamatórias e nutricionais, a intoxicação por agentes industriais, drogas e metais, além das 
neuropatias hereditárias. Tendo em vista a possibilidade de acometimento de todos os tipos 
de fibras nervosas, de todas as regiões do organismo, as manifestações clínicas podem ser 
muito variadas. À medida que progridem, as NDs tornam-se fatores de risco para ulcerações 
nos pés, amputações e desequilíbrio ao andar, determinando, ainda, manifestações clínicas 
relacionadas com distúrbios cardiovasculares, da sudorese e dos sistemas geniturinário e 
gastrintestinal. 
A polineuropatia (PNP) difusa simétrica é a forma mais comum de neuropatia 
diabética (ND). Tem início insidioso, podendo comprometer apenas fibras finas, apenas 
fibras grossas ou ser mista (mais frequentemente). A maioria dos pacientes com PNP 
somática crônica apresenta-se assintomática, mas cerca de 10% dos pacientes podem ter 
sintomas sensitivos incapacitantes, requerendo tratamento específico. Embora não 
apresentem dor em resposta a estímulos nociceptivos, muito frequentemente os pacientes 
com ND sentem dores neuropáticas, como parestesias ou hiperestesias. 
 Essas dores são descritas como superficiais e semelhantes a uma queimadura, ou 
como ósseas, profundas e de rasgamento. As dores costumam ser mais intensas à noite, 
levando à insônia. As câimbras musculares, que têm início distalmente e podem irradiar de 
modo lento pelas pernas, são de caráter similar ao das que ocorrem em outros distúrbios de 
perda de inervação muscular e hidreletrolíticos. 
Inicialmente, a perda de inervação pode estar confinada a fibras nervosas finas, pouco 
mielinizadas; se a dor trouxe o paciente ao médico, as perdas sensorial e motora aferidas por 
métodos convencionais podem não ser marcantes. Sintomas dolorosos, na ausência de déficit 
neurológico marcado, parecem paradoxais; a dor, contudo, pode significar regeneração 
nervosa, começando, talvez, antes da degeneração significativa. 
Em alguns pacientes com ND, a dor é leve ou não ocorre, aparecendo a PNP como 
déficit neurológico detectado ao exame físico ou como complicação resultante de alterações 
neurológicas assintomáticas. O exame clínico geralmente revela déficit sensitivo com 
distribuição originando-se nas regiões plantares dos pés e direcionando-se para as pernas 
(distribuição em meias). Por vezes, os sinais de disfunção motora estão presentes, com 
fraqueza dos músculos menores e reflexos ausentes no tornozelo. 
Define-se Pé Diabético a presença de infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos 
profundos associados a anormalidades neurológicas e a vários graus de doença vascular 
periférica em pessoas com DM. 
As alterações de ordem neurológica e vascular em extremidades, provocadas pelo 
quadro de DM, produzem distorções na anatomia e fisiologia normais dos pés. A alteração 
do trofismo muscular e da anatomia óssea dos pés provoca o surgimento dos pontos de 
pressão, enquanto o ressecamento cutâneo prejudica a elasticidade protetora da pele e o 
prejuízo da circulação local torna a cicatrização mais lenta e ineficaz. Em conjunto, essas 
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alterações aumentam o risco de úlceras nos pés, podendo evoluir para complicações mais 
graves, como infecções e amputações. 
O Pé Diabético pode ser classificado, segundo sua etiopatogenia, em: Neuropático; 
Vascular (também chamado isquêmico); e misto (neurovascular ou neuroisquêmico). 
O pé neuropático é caracterizado pela perda progressiva da sensibilidade. Os 
sintomas mais frequentes são os formigamentos e a sensação de queimação (que tipicamente 
melhoram com o exercício). A diminuição da sensibilidade pode apresentar-se como lesões 
traumáticas indolores ou a partir de relatos, como perder o sapato sem se notar. Já o pé 
isquêmico caracteriza-se tipicamente por história de claudicação intermitente ou dor à 
elevação do membro. Ao exame físico, pode-se observar rubor postural do pé e palidez à 
elevação do membro inferior. À palpação, o pé apresentase frio, podendo haver ausência dos 
pulsos tibial posterior e pedioso dorsal. 
São fatores de risco para desenvolvimento de úlceras e amputações (as duas 
principais complicações do Pé Diabético), quase todos identificáveis durante a anamnese e 
o exame físico do indivíduo: 
• História de ulceração ou amputação prévia; 
• Neuropatia periférica; 
• Deformidade dos pés; 
• Doença vascular periférica; 
• Baixa acuidade visual; 
• Nefropatia diabética (especialmente nos pacientes em diálise); 
• Controle glicêmico insatisfatório; 
• Tabagismo. 
Dentro desse contexto vamos enfatizar os episódios prévios de ulceração, de 
necessidade de by-pass em membros e/ou de amputações indicam igualmente doença mais 
avançada. A história pregressa positiva para uma dessas condições classifica o Pé Diabético 
em grau 3 (alto risco). A classificação de uma ferida no Pé Diabético é útil para orientar o 
tratamento, fornecer uma base de comparação da evolução e definir o risco de complicações, 
em especial a amputação de membro. 
Algumas condições de pele são frequentemente encontradas durante a avaliação do 
Pé Diabético, predispondo ao surgimento de feridas e outras complicações. São elas: 
Xerodermia (pele seca); Calosidades; Alterações ungueais. O objetivo primário da avaliação 
periódica dos pésdas pessoas com DM é a prevenção da úlcera. Apesar disso, a evolução 
para o desenvolvimento de feridas nos pés é comum. 
Unidade 3 – Principais Feridas Crônicas 
 
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3.2 ÚLCERAS VASCULOGÊNICAS 
São alterações crônicas apresentadas ao nível de pele e subcutâneo em pacientes portadores 
de hipertensão venosa de longa duração, decorrentes, na maior parte dos casos, de refluxo 
e/ou obstrução ao nível do sistema venoso profundo, geralmente consequência de um 
episódio de trombose venosa profunda prévia ou, em reduzido número de casos, de varizes 
primárias de vários anos de evolução. 
A Insuficiência Venosa Crônica (IVC) é um quadro clínico comum as várias causas, 
que é resultado do comprometimento funcional no retorno venoso, e não é obrigatório a 
presença de dano estrutural no sistema venoso. A IVC é a falha do retorno venoso nos 
membros inferiores. Esta não é sinônimo somente de varizes, de trombose venosa, de 
angiodisplasia, ou de qualquer anomalia venosa. Qualquer elemento componente do sistema 
funcional que faz parte do retorno venoso e que venha a falhar pode levar à estase venosa. 
Outras causas que levam a IVC: 
• Fístula átrioventricular 
• Traumas 
• Tumores 
• Posturas ortostáticas prolongadas 
• Defeitos posturais (pé chato, pé cavo) 
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• Patologias neuromusculares 
• Afecções musculoesqueléticas associadas ao envelhecimento, artrite, vida 
sedentária. 
• Se a hipertensão venosa se estende ao terreno venocapilar, desenvolve-se a IVC. 
• A causa mais frequente determinando quadros clínicos graves de estase venosa, é a 
Trombose Venosa Profunda nos membros inferiores está presente em 75% dos 
pacientes com IVC. 
As úlceras vasculares, mais conhecidas como úlceras de perna, podem ser definidas 
como sendo a perda da continuidade da pele nos membros inferiores, abaixo dos joelhos, e 
cujo processo de cicatrização se prolonga por mais de seis semanas. Elas são altamente 
redicivantes, acometem principalmente pessoas idosas e estão frequentemente associadas a 
outras doenças, tais como: diabetes mellitus, artrite, hipertensão arterial, hanseníase, entre 
outras. Estas feridas são uma das principais causas pelas quais as pessoas procuram as 
unidades de saúde, pois cerca de 80% delas podem ser tratadas ambulatoriamente. 
Elas podem causar dor, depressão, redução da movimentação, incapacidade para o 
trabalho, perda da autoestima e isolamento social, ou seja, graves transtornos tanto 
individuais quanto coletivos. As úlceras vasculares apresentam etiologia de origem venosa, 
arterial ou mista. As úlceras de origem venosa (maioria) são basicamente resultantes da 
hipertensão venosa crônica, que produz a estase venosa e edema. As úlceras de origem 
arterial são produzidas quando o fluxo sanguíneo para os membros inferiores está diminuído, 
resultando em isquemia e necrose. As úlceras de origem mista resultam da combinação da 
hipertensão venosa crônica com patologias arteriais periféricas. 
Uma maneira fácil de proceder a elevação dos membros, sem dobrar a perna na altura 
da cabeça do fêmur, é colocando tijolos ou blocos de madeira sob os pés da cama, é 
importante a continuidade do uso das meias compressoras após a cicatrização da úlcera 
venosa, para evitar as recidivas. 
Os exercícios também são indicados, com a finalidade de melhorar o retorno venoso, 
que está prejudicado na presença de patologias vasculares venosas. Importante lembrar que 
usar adequadamente meias e bandagens, aliando-se esta prática ao tratamento tópico 
adequado, existe a possibilidade de 97% de cicatrização nas úlceras venosas. Mesmo após a 
cicatrização, as orientações quanto à prevenção de recidivas devem ser meticulosas e o 
acompanhamento do paciente deverá ser constante. 
 
Unidade 3 – Principais Feridas Crônicas 
 
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3.3 LESÃO POR PRESSÃO 
Lesão por pressão é um dano localizado na pele ou tecidos moles subjacentes, geralmente 
sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro 
artefato. A lesão pode se apresentar em pele íntegra ou como úlcera aberta e pode ser 
dolorosa. A lesão ocorre como resultado da pressão intensa e prolongada em combinação 
com o cisalhamento. A tolerância do tecido mole à pressão e ao cisalhamento pode também 
ser afetada pelo microclima, nutrição, perfusão, comorbidades e pela sua condição. 
Dentre os fatores associados ao risco de desenvolvimento de LPP, destacam-se a 
diabetes, inconsciência, arterial sistêmica, imobilização, perda de sensibilidade, perda de 
função motora, perda de continência urinária ou fecal, presença de espasmos musculares, 
deficiências nutricionais, anemias, índice de massa corporal muito alto ou muito baixo, 
doenças circulatórias, doença arterial periférica, imunodeficiência ou uso de corticosteroide 
e tabagismo. 
Diferentemente de boa parte das alterações de pele, a LPP tem sido fonte de 
preocupação para os serviços de saúde mundiais, pois ainda se constitui em um problema no 
processo de atenção à saúde. Sua ocorrência causa vários transtornos físicos e emocionais 
ao paciente, como desconforto, dor e sofrimento, além de aumentar o risco de complicações, 
influindo na morbidade e mortalidade. 
A incidência das LPP varia significativamente de acordo com ambiente clínico e as 
características do paciente, sendo que em pacientes agudamente hospitalizados ou naqueles 
que necessitam de cuidados institucionais de longo prazo, as LPP ocorrem com maior 
frequência. Tal problema de saúde é classificado em estágios, são estes: 
• Lesão por Pressão Estágio 1: Pele íntegra com eritema que não embranquece 
Pele íntegra com área localizada de eritema que não embranquece e que pode parecer 
diferente em pele de cor escura. Presença de eritema que embranquece ou mudanças na 
sensibilidade, temperatura ou consistência (endurecimento) podem preceder as mudanças 
visuais. Mudanças na cor não incluem descoloração púrpura ou castanha; essas podem 
indicar dano tissular profundo. 
 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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• Lesão por Pressão Estágio 2: Perda da pele em sua espessura parcial com 
exposição da derme. 
Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme. O leito da ferida é 
viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha 
intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. O tecido adiposo e tecidos profundos 
não são visíveis. Tecido de granulação, esfacelo e escara não estão presentes. Essas lesões 
geralmente resultam de microclima inadequado e cisalhamento da pele na região da pélvis e 
no calcâneo. Esse estágio não deve ser usado para descrever as lesões de pele associadas àumidade, incluindo a dermatite associada à incontinência (DAI), a dermatite intertriginosa, 
a lesão de pele associada a adesivos médicos ou as feridas traumáticas (lesões por fricção, 
queimaduras, abrasões). 
 
• Lesão por Pressão Estágio 3: Perda da pele em sua espessura total 
Perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é visível e, frequentemente, tecido de 
granulação e epíbole (lesão com bordas enroladas) estão presentes. Esfacelo e ou escara pode 
estar visível. A profundidade do dano tissular varia conforme a localização anatômica; áreas 
com adiposidade significativa podem desenvolver lesões profundas. Podem ocorrer 
descolamento e túneis. Não há exposição de fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem 
e/ou osso. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda 
tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável. 
 
• Lesão por pressão Estágio 4: Perda da pele em sua espessura total e perda 
tissular 
Perda da pele em sua espessura total e perda tissular com exposição ou palpação 
direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso. Esfacelo ou escara pode 
Unidade 3 – Principais Feridas Crônicas 
 
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estar visível. Epíbole (lesão com bordas enroladas), descolamento e/ou túneis ocorrem 
frequentemente. A profundidade varia conforme a localização anatômica. Quando o esfacelo 
ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como 
Lesão por Pressão Não Classificável. 
 
• Lesão por Pressão Não Classificável: Perda da pele em sua espessura total e 
perda tissular não visível. 
Perda da pele em sua espessura total e perda tissular na qual a extensão do dano não 
pode ser confirmada porque está encoberta pelo esfacelo ou escara. Ao ser removido 
(esfacelo ou escara), Lesão por Pressão em Estágio 3 ou Estágio 4 ficará aparente. Escara 
estável (isto é, seca, aderente, sem eritema ou flutuação) em membro isquêmico ou no 
calcâneo não deve ser removida. 
 
• Lesão por Pressão Tissular Profunda: descoloração vermelho escura, marrom 
ou púrpura, persistente e que não embranquece. 
Pele intacta ou não, com área localizada e persistente de descoloração vermelha 
escura, marrom ou púrpura que não embranquece ou separação epidérmica que mostra lesão 
com leito escurecido ou bolha com exsudato sanguinolento. Dor e mudança na temperatura 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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frequentemente precedem as alterações de coloração da pele. A descoloração pode 
apresentar-se diferente em pessoas com pele de tonalidade mais escura. Essa lesão resulta 
de pressão intensa e ou prolongada e de cisalhamento na interface osso-músculo. A ferida 
pode evoluir rapidamente e revelar a extensão atual da lesão tissular ou resolver sem perda 
tissular. 
Quando tecido necrótico, tecido subcutâneo, tecido de granulação, fáscia, músculo 
ou outras estruturas subjacentes estão visíveis, isso indica lesão por pressão com perda total 
de tecido (Lesão por Pressão Não Classificável ou Estágio 3 ou Estágio 4). Não se deve 
utilizar a categoria Lesão por Pressão Tissular Profunda (LPTP) para descrever condições 
vasculares, traumáticas, neuropáticas ou dermatológicas. 
• Classificações adicionais 
Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico: essa terminologia descreve 
a etiologia da lesão. A Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico resulta do uso 
de dispositivos criados e aplicados para fins diagnósticos e terapêuticos. A lesão por pressão 
resultante geralmente apresenta o padrão ou forma do dispositivo. Essa lesão deve ser 
categorizada usando o sistema de classificação de lesões por pressão. 
Lesão por Pressão em Membranas Mucosas: a lesão por pressão em membranas 
mucosas é encontrada quando há histórico de uso de dispositivos médicos no local do dano. 
Devido à anatomia do tecido, essas lesões não podem ser categorizadas. 
Unidade 4 – Processo de Cicatrização 
 
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04 
PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO 
 
 
 
 
A cicatrização de feridas consiste em uma perfeita e coordenada cascata de eventos celulares 
e moleculares que interagem para que ocorra a repavimentação e a reconstituição do tecido. 
Como desencadeante da cicatrização, ocorre a perda tecidual, a partir da qual o 
fisiologismo volta-se completamente para o reparo de um evento danoso ao organismo. A 
perda tecidual pode atingir a derme completa ou incompletamente, ou mesmo atingir todo 
o órgão, chegando ao tecido celular subcutâneo. 
 
 
4.1 FASES DA CICATRIZAÇÃO 
A cicatrização é um processo complexo, que envolve mecanismos celulares, moleculares e 
bioquímicos, visando a restauração da função e estruturas normais dos tecidos. Envolve três 
etapas básicas: fase inflamatória, fase proliferativa e fase de maturação. 
 
4.1.1 Fase inflamatória 
A fase inicial do processo cicatricial, a inflamatória, inicia no exato momento da lesão e dura 
cerca de três dias. O dano tissular é o evento inicial que desencadeia todo o processo de 
restauração. Imediatamente, o corpo tenta fazer a hemostasia com a contração dos pequenos 
vasos próximos, agregação plaquetária, ativação da cascata de coagulação e formação de 
uma matriz de fibrina. 
Essa rede de fibrina age como barreira para tentar impedir a contaminação da ferida 
e também como base para o processo cicatricial, servindo de apoio para a migração celular 
e estímulo para os fatores de crescimento. 
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Os sinais da inflamação são: rubor, calor, edema, dor, estes são resultado da resposta 
celular e bioquímica no local, principalmente pelo recrutamento celular e aumento da 
permeabilidade vascular. 
Os neutrófilos e monócitos dão início ao processo com uma “limpeza” da ferida, que 
é o desbridamento, removendo os tecidos desvitalizados e fagocitando as partículas 
antagônicas e corpos estranhos. Estes são os primeiros a chegar no local, atraídos por 
substâncias quimiotáticas liberadas pelas plaquetas na hemostasia. São quimioatraentes para 
outras células e liberam citadinas pró-inflamatórias. 
Há ação de diversas células de defesa do organismo, mas entender o papel do 
mastócito é fundamental para compreender essa fase. Os mastócitos degranulados liberam 
fatores de crescimento, quimiocinas, citocinas, histamina e outros mediadores de 
vasodilatação e migração celular. 
Essas substâncias vão tornar os vasos da região mais permeáveis, permitindo 
extravasamento de líquidos para o terceiro espaço e consequente edema. A vasodilatação e 
aumento do fluxo sanguíneo são responsáveis pelo calor e rubor. 
 
 
 
4.1.2 Fase proliferativa 
A fase proliferativa inclui reepitelização, síntese da matriz neovascularização, processosque 
iniciam em torno do terceiro dia após a lesão e dura algumas semanas. Essa fase é 
caracterizada pela formação do tecido de granulação, e é o marco inicial da formação da 
Unidade 4 – Processo de Cicatrização 
 
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cicatriz. Os fibroblastos e as células endoteliais são as células predominantes e mais 
importantes. 
• Neo-angiogênese 
A neo-angiogênese é a formação de novos vasos sanguíneos. Nessa fase de 
proliferação celular, ocorre uma demanda de suprimento sanguíneo para o local da ferida, 
sendo necessária uma neo-angiogênese. 
Essa resposta é estimulada por diversos fatores, dentre eles a hipóxia local (devido a 
alteração do macroambiente decorrente do trauma), fator de necrose tumoral alfa e fator de 
crescimento endotelial vascular. 
A angiogênese ocorre da “brotação” dos neo-vasos no local avascular a partir de 
células endoteliais de uma rede vascular madura adjacente. Esse processo migratório é 
estimulado por mediadores liberados por macrófagos ativados, como a bradicinina e a 
prostaglandina. 
Os brotos endoteliais migram desde a periferia até o centro da lesão, depositando-se 
sobre a rede de fibrina. A partir da formação dessa nova rede vascular, o ambiente de 
cicatrização se torna mais propício, com o aporte de nutrientes necessários e aumento de 
células para o local. 
• Epitelização 
A epitelização ou migração é a proliferação celular basal e migração das células 
epiteliais na ponte de fibrina, que rejuvenesce a derme. Nas primeiras vinte e quatro a trinta 
e seis horas, para que a ferida seja recoberta, há a proliferação de células do epitélio. 
Queratinócitos, células epiteliais e células tronco epiteliais migram para o centro da 
ferida, induzindo a contração, aproximação das bordas e neoepitelização da lesão. Essa 
camada é fina e superficial, porém cria uma espécie de barreira para bactérias e corpos 
estranhos. 
• Fibroplasia 
A fibroplasia é a produção de colágeno pelos fibroblastos, que torna a ferida mais 
forte e resistente. Os fibroblastos têm origem a partir de células mesenquimais quiescentes, 
que são ativadas, e produzem os componentes da matriz extracelular. 
A função principal dessas células é a formação de colágeno, principal proteína 
estrutural do corpo, sendo responsável pela sustentação e força tênsil da cicatriz. Depois do 
desbridamento da ferida, cerca de um a três dias após a lesão, essas células migram para o 
local. Mediadores liberados principalmente pelos macrófagos intensificam a ativação dos 
fibroblastos e sua migração para o centro da ferida. 
Essas células, nutridas pelos neo-vasos, produzem uma matriz extracelular com 
grandes quantidades de fibronectina (responsável pela adesão da célula) e ácido hialurônico 
(promove resistência à compressão), que substitui aquela inicialmente formada na 
hemostasia. 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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A matriz é modificada mais uma vez para tornar o ambiente mais favorável à fixação 
e imobilidade das células. Essa matriz permite a maturação dos neo-vasos em capilares e os 
fibroblastos passam a secretar maior quantidade de colágeno. 
Tecido de Granulação 
A última etapa, e característica dessa fase da cicatrização, é a formação do tecido de 
granulação. Ele é composto basicamente pelos neo-vasos, fibroblastos, macrófagos e 
colágeno frouxo, resultado da neo-angiogênese e fibroplasia. 
A aparência do tecido é vermelha, com muitos espaços vazios e granular, por possuir 
grande concentração de vasos imaturos, exsudativos e que sangram facilmente. Ao final da 
fase proliferativa, a ferida está recoberta com o tecido de granulação, neovascularizada e em 
processo de regeneração. 
 
 
4.1.3 Fase de maturação 
A fase de maturação ou remodelamento é caracterizada pela deposição organizada de 
colágeno. É a de maior importância clínica, no processo de cicatrização, pois é quando a 
ferida recebe maior suporte. Essa fase final se inicia após vinte e um dias da lesão, podendo 
perdurar até um ano. 
Durante o período de remodelamento, o tecido de granulação termina de ser formado 
para que inicie a maturação da ferida. Ocorre um aumento na resistência da ferida, sem 
aumento na quantidade de colágeno, devido ao remodelamento das fibras da proteína. 
O colágeno produzido inicialmente, que é mais fino e orientado paralelamente à pele, 
é substituído por um colágeno mais espesso direcionado ao longo das linhas de tensão, 
aumentando a força tênsil da lesão. Ligações covalentes são formadas entre os feixes de 
colágeno, com aumento das ligações transversas e melhor alinhamento dos feixes ao longo 
das linhas de tensão. 
Unidade 4 – Processo de Cicatrização 
 
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O novo colágeno sintetizado não será tão organizado como o da pele sadia. Para que 
esse processo seja eficaz, a neo-vascularização é fundamental e, de forma mútua, a matriz 
de colágeno é um estímulo da angiogênese. 
Uma boa cicatrização depende do equilíbrio da quebra da matriz antiga (através de 
colagenoses liberadas por macrófagos e leucócitos) e maior deposição da nova matriz. Após 
atingir a estabilidade entre produção e destruição, que demora cerca de quatro semanas, 
começa a fase de maturação do colágeno, que dura de meses a anos. 
Os fibroblastos na periferia da ferida são diferenciados em miofibroblastos, proteínas 
contráteis que “puxam” as bordas, permitindo a contração das margens e fechamento da 
lesão. 
Após a resolução do reparo, essas células sofrem apoptose. Se essas células não 
forem destruídas, vai haver maior síntese de matriz e contração da lesão, que pode resultar 
em queloide (cicatriz hipertrófica). 
A fase aguda da cicatrização da ferida chega a seu fim, com cessação da 
neoangiogênese, redução do fluxo sanguíneo e atividade celular e bioquímica. 
O resultado é o fechamento completo da ferida, com restauração (não completa) da 
força mecânica e formação da cicatriz. Finalmente, há a repigmentação, quando os 
melanócitos começam a proliferar, e isso ajuda a restaurar a cor normal da pele danificada, 
fechando o ciclo de cicatrização. 
 
 
 
4.2 TIPOS DE CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS 
Existem três formas pelas quais uma ferida pode cicatrizar, que dependem da quantidade de 
tecido lesado ou danificado e da presença ou não de infecção: primeira intenção, segunda 
intenção e terceira intenção (fechamento primário retardado). 
Enfermagem em Tratamento de Feridas e Curativos 
 
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Primeira intenção: é o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas são apostas 
ou aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência de infecção e mínimo edema. A 
formação de tecido de granulação não é visível. Exemplo: ferimento suturado 
cirurgicamente. 
Segunda intenção: neste tipo de cicatrização ocorre perdaexcessiva de tecido com 
a presença ou não de infecção. A aproximação primária das bordas não é possível. As feridas 
são deixadas abertas e se fecharão por meio de contração e epitelização. 
Terceira intenção: designa a aproximação das margens da ferida (pele e subcutâneo) 
após o tratamento aberto inicial. Isto ocorre principalmente quando há presença de infecção 
na ferida, que deve ser tratada primeiramente, para então ser suturada posteriormente. 
 
 
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Curativos 
Atualização em Enfermagem e a Prática de Curativos 
 
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01 
CURATIVOS E COBERTURAS 
 
 
 
 
Após a quebra da integridade da pele, o organismo desencadeia a cicatrização. Considerando 
um processo complexo, composto de uma série de estágios, interdependentes e simultâneos, 
envolvendo fenômenos físicos, químicos e biológicos. E sofre influência direta do tipo de 
curativo. 
 
 
1.1 PRÁTICA DO CURATIVO 
Os curativos são um meio terapêutico que consiste na limpeza e na aplicação de uma 
cobertura estéril em uma ferida. Eles têm a finalidade de promover a rápida cicatrização e 
prevenir a contaminação ou infecções. Para realização do mesmo é importante que o cliente 
seja avaliado de maneira integral. 
Unidade 1 – Curativos e Coberturas 
 
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Comorbida
des
Nutrição
Exames
Laboratorias
Etiologia
Tecido
ExsudatoOdor
Infecção
Margem
Localização
Dimensões
PACIENTE 
Atualização em Enfermagem e a Prática de Curativos 
 
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1.2 CARACTERIZAÇÃO DOS CURATIVOS 
Os curativos surgiram ainda na pré-história, os homens utilizavam plantas e seus extratos 
como cataplasmas, para estancar hemorragias e umidificar as feridas. Por volta de 2700 a.C. 
os egípcios utilizavam produtos que, hoje, denominamos Fármacos da sujeira, esses produtos 
eram derivados de produtos aparentemente absurdos como urina humana e outros, 
associados a orações e sacrifícios. 
Já os médicos egípcios acreditavam que quanto mais a ferida supurava, mais rápida 
era a cicatrização. Foram os precursores do adesivo atual, com a descoberta da ligadura 
adesiva, que consistia em tiras de linho impregnado de goma. 
O curativo caracteriza-se como meio terapêutico para limpeza e proteção da ferida, 
o curativo tem, portanto, como finalidade: 
• Limpar a ferida; 
• Promover a cicatrização, eliminando fatores que possam retardá-la; 
• Tratar e prevenir infecções; 
• Prevenir contaminação exógena; 
• Remover corpos estranhos; 
• Proteger a ferida contra traumas mecânicos; 
• Promover hemostasia; 
• Fazer desbridamento mecânico e remover tecidos necróticos; 
• Reduzir edemas; 
• Drenar e/ou absorver secreções e exsudatos inflamatórios; 
• Diminuir odor; 
• Manter a umidade da ferida; 
• Fornecer isolamento térmico; 
• Dar conforto psicológico ao paciente; 
• Diminuir a intensidade da dor; 
• Limitar a movimentação em torno da ferida. 
 
1.2.1 Tipos de curativos 
Unidade 1 – Curativos e Coberturas 
 
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Variando de acordo com a natureza, a localização e o tamanho da ferida, os curativos se 
diferem, em alguns casos, necessitam de compressão, em outros, a lavagem exaustiva com 
solução fisiológica e há os que exigem imobilização com ataduras: 
Curativo semi-oclusivo: curativo absorvente e utilizado em feridas cirúrgicas, 
drenos e feridas exsudativas; 
Também promove o isolamento térmico e veda a ferida, para impedir enfisema e 
formação de crosta; 
Curativo compressivo: para reduzir o fluxo sanguíneo; 
Curativos abertos: realizados em ferimentos que não há necessidade de serem 
ocluídos. 
Os curativos são divididos ainda em: Primários quando usados em contato direto com 
o tecido lesado, secundários colocados sobre o curativo primário. 
 
1.2.2 Aspectos gerais na realização de curativos 
Para realizar o tratamento das lesões é fundamental saber como fazer curativos em 
ferimentos, uma vez que a utilização correta desse material contribui para uma cicatrização 
mais rápida, bem como previne contaminações e infecções. Assim, é importante seguir as 
orientações sobre como cuidar dos diferentes tipos de ferida para uma recuperação sem 
complicações. 
Feridas Limpas 
Nas feridas limpas, não drenadas, recomenda-se o uso de curativos nas primeiras 24 
horas após a cirurgia. Se a incisão estiver seca, recomenda-se limpeza com água e sabão e 
secagem com gaze estéril. Não é recomendado uso de PVP-I nestas feridas. 
Não há evidências de prejuízo à cicatrização e de aumento de ISC em feridas 
descobertas. Se houver saída de secreção serosa ou sanguinolenta, a limpeza deve ser feita 
com SF0,9% estéril, repetindo-se quantas vezes for necessário, até interrupção da drenagem. 
Cobertura da incisão é recomendável para evitar que a secreção suje a roupa de cama e do 
paciente. Esta cobertura pode ser feita com uma única compressa de gaze estéril, com o 
mínimo de fita adesiva ou curativo adesivo sintético. 
Em caso de indicação de cobertura em feridas limpas, a literatura aponta vantagem 
para o uso de gaze seca e esparadrapo, quando comparada com materiais sintéticos. As 
coberturas devem ser limitadas somente ao local da incisão. Coberturas semi-oclusivas 
(filmes plásticos) são parcialmente permeáveis e impedem o contato com substâncias 
contaminadas, podendo ser utilizadas neste tipo de feridas, especialmente quando é utilizada 
sutura intradérmica. Seu fator limitante é o aumento de custos. 
Feridas Infectadas 
Atualização em Enfermagem e a Prática de Curativos 
 
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O processo de cicatrização só será iniciado quando o agente agressor for eliminado e 
o exsudato e os tecidos desvitalizados retirados. Fundamental nesta situação é a limpeza 
meticulosa. O excesso de exsudato deve ser removido, juntamente com exotoxinas e debris, 
pois a presença desses componentes pode retardar o crescimento celular e prolongar a fase 
inflamatória, o que prejudica a formação do tecido de granulação. 
A limpeza pode ser realizada com SF0,9% estéril com auxílio de gaze ou seringa, até 
o final do processo infeccioso, e os curativos deverão ser trocados sempre que saturados. O 
uso da SF0,9% limpam e umedecem a ferida, favorecendo a formação do tecido de 
granulação,amolecendo os tecidos desvitalizados e favorecendo o debridamento autolítico. 
As soluções anti-sépticas, em sua maioria, não são indicadas para feridas abertas, por 
apresentar aumento das reações inflamatórias e dificultar o processo de cicatrização. 
Existem alguns fatores que interferem no processo de cicatrização. Alguns fatores 
sistêmicos são: oxigenação e perfusão tecidual deficientes; distúrbios nutricionais; presença 
de infecção; distúrbios do sistema hematopoiético; distúrbios metabólicos e 
hidroeletrolíticos; distúrbios neurológicos; tabagismo; distúrbios de coagulação; distúrbios 
vasculares; imunossupressão; falência renal; uso de corticosteróides; radioterapia e 
quimioterapia; idades extremas e doenças crônicas. Fatores locais também são importantes: 
presença de infecção; presença de corpos estranhos, tecidos necróticos e crostas; 
ressecamento; edema; pressão, fricção e cisalhamento; localização da ferida. 
Tratamento 
Algumas feridas requerem a utilização de Antibióticos Tópicos, o uso de agente 
antimicrobiano tópico é muito restrito e deve ser indicado mediante avaliação criteriosa de 
sua toxicidade celular. 
Vários antimicrobianos tópicos já foram e ainda são utilizados na prática assistencial 
de forma ritual e muitas vezes irracional. Drogas como aminoglicosídeos, polimixina, 
clindamicina, eritromicina, cloranfenicol, tetraciclina e rifamicina são disponíveis em 
apresentações tópicas em diversos veículos isolados ou combinados. 
Os aminoglicosídeos têm baixa penetração nos tecidos, não agem em metabolismo 
anaeróbico e podem levar a dermatite de contato. Existem poucos dados sobre o uso de 
clindamicina, eritromicina e polimixinas. A rifamicina, amplamente divulgada, apresenta o 
inconveniente de alterar a coloração dos tecidos, dificultando o acompanhamento e 
induzindo a resistência rapidamente. 
Não existe hoje consenso quanto à indicação de profilaxia ou tratamento tópico de 
ISC. Combinação de esquemas tópicos com orais ou parenterais não é desejada. Discussão 
maior é o uso de cimento impregnado com antimicrobianos em ortopedia, que possui 
indicações rigorosas. 
Outra substância utilizada é o Polivinilpirrolidona-Iodo (PVP-I) aquoso é um 
composto orgânico de iodo, atualmente não indicado para tratamento de feridas, 
considerando que não reduz a incidência de infecção nas feridas, não age na presença de 
materiais orgânicos e eleva o nível sérico de iodo; PVP-I degermante só deve ser usado em 
pele íntegra, com a finalidade de remover sujidade e reduzir a flora transitória e residente, 
devendo ser retirado após o uso. 
Unidade 1 – Curativos e Coberturas 
 
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Tem indicação também na degermação da pele, mãos, área cirúrgica e procedimentos 
invasivos; PVP-I alcoólico é indicado para uso em pele íntegra, após degermação das mãos, 
com a finalidade de fazer luva química e demarcar a área operatória, reduzindo a flora da 
pele; SF 0,9% é utilizada para limpeza de todos os tipos de feridas e inserção de cateteres 
venosos e arteriais, por ser inócua. 
Enquanto a clorexidina não é inativada na presença de matéria orgânica, porém, 
existem poucos dados disponíveis para uso em feridas abertas, e o risco de sensibilização 
não deve ser esquecido. 
Outra assistência relevante é a realização da profilaxia do tétano, que além destes 
cuidados supracitados, é sempre importante lembrar da profilaxia do tétano quando as feridas 
forem consideradas tetanogênicas. Não se deve perder a oportunidade de vacinar as crianças 
(verificar sempre o cartão de vacinação) ou fazer a dose de reforço nos adultos. Avaliar 
inclusive a necessidade de soro anti-tetânico, a depender da característica da ferida. 
Características de um curativo ideal: 
• Manter a umidade no leito da ferida; 
• Manter a temperatura em torno de 37o C no leito da ferida; 
• Absorver o excesso de exsudato, mantendo uma umidade ideal; 
• Prevenir a infecção, devendo ser impermeável a bactérias 
• Permitir sua remoção sem causar traumas no tecido neoformado; 
• Não deixar resíduos no leito da ferida; 
• Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida; 
• Proteger contra traumas mecânicos. 
Curativos que utilizam coberturas auto-aderentes (à base de hidrocolóides, filme 
transparente) dispensam o uso de instrumental (pacote de curativo). Recomendam-se luvas 
de procedimento, uma vez que o leito da ferida não vai ser tocado. Após a limpeza da lesão 
com SF0,9% em jato, secar a pele em volta da ferida e aplicar a cobertura que deverá cobrir 
2 cm de pele íntegra em torno da lesão. 
Curativos primários (alginato de cálcio, carvão ativado) ficam em contato direto com 
a lesão e exigem uma cobertura. Deve-se usar obrigatoriamente luvas estéreis no momento 
da manipulação da placa e da adaptação dela no leito da ferida. 
Procedimento 
• Lavar as mãos com a técnica correta e fazer antissepsia com álcool glicerinado antes 
e após o procedimento; 
• As pinças usadas durante o curativo devem estar com as pontas para baixo, 
prevenindo a contaminação; 
Atualização em Enfermagem e a Prática de Curativos 
 
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• Usar gaze uma só vez; 
• Lavar a ferida com SF 0,9% em jato, usando um frasco de SF0,9% de 250 ml furado 
com uma agulha 25/8, a fim de promover pressão suficiente para remover o exsudato 
da ferida e eventuais corpos estranhos; 
• Secar a pele ao redor da ferida sem tocar no leito desta; 
• Adequar o curativo ao tamanho da ferida; 
• Remover ao máximo as secreções, corpo estranho e tecido necrótico; 
• Fechar os curativos primários cobertos com gaze ou compressa, fazendo uma 
proteção da pele do paciente com adesivo microporoso e vedar com esparadrapo 
comum, para manter o meio úmido; 
• Observar e anotar o aspecto da lesão e o curativo realizado, na papeleta e no 
instrumento de evolução de feridas. 
Coleta de Cultura 
• Feridas, abscessos e exsudatos: limpar a ferida com SF0,9%, coletar o material 
purulento na parte mais profunda da ferida, aspirando com seringa ou agulha. A 
escarificação das bordas é o material adequado para cultura. Swabs são menos 
recomendados; 
• Lesões abertas úmidas e úlceras: limpar ao redor da ferida com gaze embebida em 
álcool a 70%, remover crostas com SF0,9%, passar o swab na base e bordas, colocá-
lo em meio de cultura e enviar imediatamente ao laboratório. Não coletar pus 
emergente; 
• Espécime cirúrgico (biópsias e secreções): técnica de coleta asséptica, deverá ser 
coletada pelo médico. Enviar o fragmento imediatamente ao laboratório; 
• Fragmento de tecido: colher o material assepticamente, colocando em frasco estéril 
ou contendo SF0,9% estéril. 
Unidade 2 – Principais Coberturas 
 
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02 
PRINCIPAIS COBERTURAS 
 
 
 
 
Existe uma diferença entre curativo e coberturas, o primeiro é a realização do procedimento. 
Consiste na limpeza e aplicação de uma cobertura na ferida, para promover a rápida 
cicatrização e prevenir contaminação e infecção. É um processo com as seguintes etapas: 
Limpeza/Desbridamento e Indicação da cobertura adequada. Já a Cobertura é aquela

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