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CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL NO ESPORTE 1 Vivianne da Silva Braga Martins 1 Os sistemas de classificação funcional têm sido utilizados nos esportes paralímpicos, a fim de estabelecer um ponto de partida justo e Igualitário para as competições. Objetivo da Classificação Funcional A classificação funcional surgiu com o objetivo de assegurar a competição justa e eliminar as possibilidades de injustiças entre participantes de classes semelhantes. O que é o sistema de classificação Funcional? 2 2 Na prática, as classificações funcionais são aplicadas em um regulamento que busca tentar aproximar os limites de cada competidor, colocando todos em condições de igualdade para as competições. Na prática? 3 3 O Comitê Paralímpico Internacional (IPC) reconhece cinco categorias de deficiência para a participação em competições. São elas: paralisados cerebrais, deficientes visuais, atletas em cadeira de rodas, amputados les autres (outros). Na prática? 4 4 O sistema nivelador tem duas funções principais: determinar a elegibilidade para competir e agrupar os atletas para as disputas. Cada esporte determina o próprio sistema de classificação, baseado nas habilidades funcionais e identificando as áreas chaves que afetam o desempenho para a performance básica da modalidade. Cada modalidade tem sua própria regra de classificação. Sistema Nivelador 5 5 Como é realizada a Classificação Funcional? É feita por profissionais da área da saúde capacitados e registrados como classificadores funcionais, que podem ser médicos, fisioterapeutas ou profissionais de Educação Física. A avaliação é realizada em três estágios: médico (exame físico para verificar exatamente a patologia do atleta, além da sua inabilidade, que afeta a função muscular necessária para um determinado movimento), funcional (testes de força muscular, amplitude de movimento articular, mensuração de membros e coordenação motora, buscam evidenciar os resíduos musculares utilizados para a performance no esporte) e técnico (são observados os grupos musculares na realização do movimento, a técnica e a prótese e a ortese utilizadas). 6 6 Quando ela é realizada? Nos períodos pré-competição. Antes de sua primeira competição, o atleta é enquadrado numa classe inicial, de acordo com a observação de seus movimentos e habilidades. Durante a competição, os classificadores verificam o desempenho do atleta dentro da classe pré-determinada e podem confirma-la ou pedir revisão. Atletas com patologia degenerativa e progressiva ficam com status de classificação não-confirmada e podem pedir revisão. O pedido pode ser feito durante a competição, como observação pelos classificadores ou por solicitação do atleta, clube ou país. Um exemplo é a classe BC4 da Bocha, que por conta da distrofia muscular, pode ter alteração. 7 7 Níveis de Classificação Existem dois níveis de Classificação Funcional: nacional (para disputas regionais e nacionais) e internacional (para atletas que obtém índice, são convocados para integrar a Seleção Brasileira para competir fora do País), sendo que a classificação internacional se sobrepõe sobre a nacional. 8 8 Classificação nos Esportes 9 9 Atletismo 10 Cada atleta recebe um número de dois dígitos: o primeiro indica a natureza do comprometimento do atleta, enquanto o segundo a quantidade de capacidade funcional que ele tem. Quanto menor o número, maior é o impacto do comprometimento físico do atleta sobre a sua capacidade para competir. A classe leva ainda uma letra antes do número, que indica se o atleta compete em provas de campo (F – Field) ou pista (T – Track). 10 Basquete em cadeiras de roda 11 Cada atleta é classificado de acordo com seu comprometimento físico-motor numa escala de 0,5 a 4,5. Para facilitar a classificação e participação dos atletas que apresentam qualidades de uma e outra classe distinta (os chamados casos limítrofes) foram criadas classes intermediárias: 1,5; 2,5 e 3,5. O número máximo de pontuação em quadra não pode ultrapassar 14 e vale a regra de que quanto maior a deficiência, menor a classe. 11 Bocha 12 Jogadores com paralisia cerebral são classificados como CP1 ou CP2, bem como atletas com outras deficiências severas (como distrofia muscular), que também são elegíveis para competir na bocha. É permitido o uso das mãos, dos pés ou de instrumentos de auxílio para atletas com grande comprometimento nos membros superiores e inferiores. Há três maneiras de se praticar o esporte: individual, duplas ou equipes. 12 Paracanoagem 13 As disputas da paracanoagem são muito semelhantes as da canoagem olímpica. As embarcações recebem adaptações de acordo com a deficiência dos competidores. Os barcos utilizados nas provas são os caiaques, identificados pela letra K, e as canoas havaianas, identificadas pela letra V. Competem na paracanoagem apenas atletas com deficiências físico-motoras. Todas as provas tem um percurso de 200 metros de extensão em linha reta e podem ser disputadas por homens e mulheres em embarcações individuais ou por ambos em barcos mistos. 13 Ciclismo 14 Podem competir paralisados cerebrais, deficientes visuais, amputados e lesionados medulares (cadeirantes), de ambos os sexos. As provas são de velódromo, estrada e contra-relógio. 14 Esgrima com cadeiras de roda 15 Os atletas são avaliados a partir de testes de extensão da musculatura dorsal, da avaliação do equilíbrio lateral com membros superiores abduzidos com e sem a arma, da extensão da musculatura dorsal com as mãos atrás do pescoço, entre outros. 15 Futebol de 5 16 Exclusivo para cegos, os jogos ocorrem em quadra de futsal adaptada ou em campo de grama sintética. Cada time é formado por cinco jogadores – que são completamente vendados – e o goleiro tem visão total e não pode ter participado de competições oficiais da Fifa nos últimos cinco anos. Junto às linhas laterais, são colocadas bandas que impedem que a bola saia do campo. A modalidade é praticada exclusivamente por atletas da classe B1 (cegos totais) que não têm nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos; ou que têm percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção. 16 Futebol de 7 17 A partir de janeiro de 2018 a CF passou a dividir os atletas do Futebol PC em 3 novas classes funcionais FT1, FT2 e FT3, levando em consideração os graus de comprometimento das antigas classes C5, C6 e C7, pois dentro delas exisitia uma grande variação no impacto nas performances dos mesmos. É obrigatório que exista pelo menos 1 atleta da classe Ft1 em campo. 17 Goalball 18 Exclusivo do paradesporto, o Goalball é praticado por atletas com deficiência visual em qualquer nível (B1, B2 ou B3). Vendados, os jogadores são orientados através de um guizo instalado dentro da bola e, portanto, o silêncio do público durante as disputas é imprescindível. 18 Halterofilismo 19 Assim como no convencional, os atletas são categorizados pelo peso corporal e vence quem levantar o maior peso. Deitados em um banco, os atletas precisam ter a habilidade de estender completamente os braços com não mais de 20 graus de perda em ambos cotovelos para realizar um movimento válido de acordo com as regras. 19 Hipismo 20 A competição de hipismo é mista, ou seja, cavaleiros e amazonas competem juntos nas mesmas provas. Outra característica da modalidade é que não só os competidores recebem medalhas, mas os cavalos também. As habilidades funcionais de cada cavaleiro definem o enquadramento em uma das quatro classificações: 20 Judô 21 Os atletas lutam em diferentes categorias divididas por peso. O confronto dura até cinco minutos e segue a maioria das regras do judô convencional, com pequenas modificações. Uma delas é que o atleta tem contato com o oponente antes mesmo da luta começar e caso o contato seja perdido, a luta é paralisada. 21 Natação 22 Na natação, competem atletas com diversos tipos de deficiência (física e visual) em provas comodos 50m aos 400m no estilo livre, dos 50m aos 100m nos estilos peito, costas e borboleta. O medley é disputado em provas de 150m e 200m. As provas são separadas de acordo com o grau e o tipo de deficiência. Quanto menor o número, maior é o impacto do comprometimento físico do atleta sobre a sua capacidade para competir. 22 Remo 23 Todas as classes têm provas em percursos de 1000m, e os atletas são divididos entre aqueles fazem a propulsão só com os braços, com os braços e tronco e também os que utilizam braços, tronco e pernas. Há disputas no single skiff, double skiff e four skiff com timoneiro. 23 Remo 24 24 Rugbi em cadeiras de rodas 25 Estão aptos a disputar a modalidade atletas que sejam comprovadamente tetraplégicos, de ambos os sexos. Os jogadores são categorizados em sete classes a depender da habilidade funcional: 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5. As classes superiores são destinadas aos atletas com maiores níveis funcionais e as classes mais baixas são para jogadores de menor funcionalidade. A classificação é baseada nos seguintes componentes: – Teste de banco: teste muscular realizado em toda a extremidade da musculatura superior, além do exame do alcance do movimento, tônus e sensação; – Teste funcional do tronco: é realizada uma avaliação do tronco e das extremidades inferiores em todos os planos e situações, que pode incluir um teste manual da musculatura do tronco; – Testes de movimentação funcional. 25 Tênis de mesa 26 Os atletas são divididos em onze classes distintas, seguindo a lógica de que quanto maior o número da classe, menor é o comprometimento físico-motor do atleta. A classificação é realizada a partir da mensuração do alcance de movimentos de cada atleta, sua força muscular, restrições locomotoras, equilíbrio na cadeira de rodas e a habilidade de segurar a raquete. 26 Tiro em arco 27 Pode ser disputado por pessoas com amputações, paraplégicos e tetraplégicos, paralisia cerebral, doenças disfuncionais e progressivas, como a atrofia muscular e escleroses, com disfunções nas articulações, problemas na coluna e múltiplas-deficiências. Além das provas individuais, a modalidade ainda conta com a disputa por equipes, com três arqueiros em cada time. As regras do Tiro com Arco paralímpico são as mesmas do esporte olímpico. 27 Triatlo 28 Disputado por atletas com diferentes tipos de deficiência, como amputados, cadeirantes, deficientes visuais, paraplégicos e paralisia cerebral, entre outros, a modalidade permite o uso de equipamentos específicos, definidos de acordo com a deficiência do atleta. Cadeirantes e paraplégicos podem usar uma bicicleta chamada handcycle, em que os atletas utilizam as mãos para impulsionar os pedais. Além disso, os atletas com estas deficiências motoras realizam o trajeto da corrida com o uso de uma cadeira de rodas. No percurso do ciclismo, os atletas com deficiências visuais utilizam o tandem – bicicleta com dois assentos que permite que um guia auxilie o atleta. Na natação, o tapper, um bastão com ponta de espuma, serve para avisar os deficientes visuais de que o fim do trajeto se aproxima. O atleta deve ter um padrão mínimo de deficiência para ser elegível em uma das classes da modalidade: 28 Triatlo 29 29 Vela 30 Pessoas com deficiência locomotora ou visual podem competir na modalidade. Após a classificação funcional o atleta é pontuado de acordo com suas habilidades funcionais, que vão de 1 a 7, indo do mais baixo ao mais alto nível de funcionalidade, respectivamente. Atletas com deficiência visual são situados em uma das três classes de competição, baseadas em sua acuidade visual e campo de visão. Para assegurar a participação de atletas com todas as contagens de pontos e todas as classes de deficiências, a pontuação agregada não pode ser maior do que 14. 30 Vela 31 31 Volei Sentado 32 O sistema de classificação funcional do voleibol é dividido entre amputados e les autres (paralisados cerebrais, lesionados na coluna vertebral e pessoas com outros tipos de deficiência locomotora). Para amputados, são nove classes básicas baseadas nos seguintes códigos: 32 33 A classificação funcional é um dos itens mais importantes na prática esportiva, é responsável pela igualdade e a inclusão de diferentes níveis de deficiências dentro de competições esportivas. 33 REFERÊNCIAS 34 34 Mais informações: 35 Muito Obrigada! Vivianne Braga Martins viviannebragamartins@gmail.com 98115.1329 @_viviannebraga_ Vivianne Braga Martins 35