Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AO JUÍZO DE DIREITO DA ____VARA DA CIVIL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ALFA JOÃO DA SILVA, nacionalidade..., estado civil..., candidato a deputado federal, portador do RG n.º..., inscrito no CPF sob o n.º..., residente e domiciliado na [endereço completo], neste ato, representado seus procuradores judiciais, conforme instrumento particular de procuração anexa, com endereço profissional constante na nota de rodapé desta, onde recebem intimações, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art 5, LXXIII, da Constituição Federal/1988, e lei 4717/67, propor: AÇÃO POPULAR Em face do Estado prefeito municipal Pedro dos Santos, AUTORIDADE ADMINISTRATIVA, em face ao município Alfa pessoa Jurídica de direito Público e em face d a sociedade empresária K, pessoa Jurídica de direito privado, CNPJ nº..., situada na cidade..., na rua... do bairro..., com CEP:... com endereço eletrônico..., pelo fatos e fundamentos a seguir expostos: I. DOS FATOS A sociedade empresária K, concessionária do serviço de manutenção de uma estrada municipal, na qual deveria realizar investimentos sendo remunerada com o valor do pedágio pago pelos usuários do serviço, decidiu ampliar suas instalações de apoio. Após amplos estudos, foi identificado o local que melhor atenderia às suas necessidades. Ato contínuo, os equipamentos foram alugados e foi providenciado o cerco do local com tapumes. De imediato, foi fixada a placa, assinada por engenheiro responsável, indicando a natureza da obra a ser realizada e a data do seu início, o que ocorreria trinta dias depois, prazo necessário para a conclusão dos preparativos. O autor, usuário da rodovia e candidato ao cargo de deputado estadual no processo eleitoral que estava em curso, ficou surpreso com a iniciativa da sociedade empresária K, pois era público e notório que o local escolhido era uma área de preservação ambiental permanente do Município Alfa. Considerando esse dado, formulou requerimento, dirigido à concessionária, solicitando que a obra não fosse realizada. A sociedade empresária K indeferiu o requerimento, sob o argumento de que o local escolhido fora aprovado pelo Município, que concedeu a respectiva licença, assinada pelo prefeito Pedro dos Santos, permitindo o início das obras. O local, ademais, era o que traria maiores benefícios aos usuários. II. DOS FUNDAMENTOS Observa-se que a Ação Popular visa a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, em conformidade com o art. 5º, LXXIII, da CRFB/88: Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. E com o art. 1º da Lei 4717/65: Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. No caso em tela, temos que o ato praticado pelo prefeito é lesivo ao meio ambiente, sendo cabível a declaração de sua nulidade via ação popular. A legitimidade ativa de João da Silva decorre do fato de ser cidadão, conforme dispõe o Art. 5º, inciso LXXIII, da CRFB/88 e do Art. 1º, caput, da Lei nº 4.717/65, qualidade intrínseca à sua condição de candidato ao cargo de deputado estadual e cidadão. A legitimidade passiva do prefeito Pedro dos Santos decorre do fato de ter concedido a licença de construção, nos termos do Art. 6º, caput, da Lei nº 4.717/65; a do Município Alfa por se almejar obstar os efeitos de uma licença que concedeu por intermédio do prefeito, nos termos do Art. 6º, § 3º, da Lei nº 4.717/65; e da sociedade empresária K do fato de ser a beneficiária da licença concedida, nos termos do Art. 6º, caput, da Lei nº 4.717/65, estando na iminência de realizar a obra. Como o ato é lesivo ao meio ambiente, é possível a sua anulação via ação popular conforme a CRFB/88, Art. 5º, inciso LXXIII. Quanto ao mérito, a licença concedida pelo Prefeito Pedro dos Santos é atentatória ao meio ambiente, pois o local abriga uma área de preservação ambiental permanente do Município Alfa. Não sendo possível justificarmos a lesão ao meio ambiente através do benefício aos usuários. Os atos do poder concedente e do concessionário devem ser praticados em harmonia com a ordem jurídica, que protege o meio ambiente, nos termos do Art. 225, caput, da CRFB/88, inclusive no âmbito da atividade econômica, conforme dispõe o Art. 170, inciso VI, da CRFB/88. A licença, portanto, afrontou a concepção mais ampla de legalidade, prevista no Art. 37, caput, da CRFB/88. A sociedade empresária K, enquanto concessionária do serviço público, deve observar a legalidade em igual intensidade, não podendo causar danos ao meio ambiente, ainda que amparada por um ato estatal que nitidamente a afronta. Temos como consequência, a nulidade da licença concedida, haja vista a ilegalidade do objeto, já que a realização da obra importará em afronta ao ato normativo que considerou o local uma área de preservação ambiental permanente nos termo do Art. 2º, parágrafo único, alínea c, da Lei nº 4.717/65. III. DA TUTELA DE URGÊNCIA A tutela de urgência na Ação Popular está presente no art. 300 do CPC/15 e no art. 5º, § 4º, da Lei nº 4.717/65, in verbis: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município. § 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. Devendo ser concedida para impedir que a sociedade empresária K inicie as obras no local. O fumus boni iuris decorre da flagrante ilegalidade da licença de construção, e o periculum in mora da iminência de serem causados danos irreversíveis ao meio ambiente, considerando as raras espécies da fauna e da flora silvestre existentes no local. IV. DOS PEDIDOS Com base no que foi exposto, requer-se: a. A concessão da tutela de urgência para impedir que a sociedade empresária K inicie as obras no local, nos termos do art. 5º, § 4º, da Lei nº 4.717/65; b. A procedência do pedido para a declaração de nulidade da licença concedida pelo Município Alfa, assinada pelo Prefeito Pedro dos Santos; c. Proibição de realização de obras na área de preservação ambiental permanente; d. A citação dos réus nos endereços acima indicados, nos termos do art. 7º, I, 8a9, da Lei nº 4.717/65; e. A condenação dos responsáveis ao ressarcimento dos danos causados, nos termos do art. 11 da Lei nº 4.717/65; f. A condenação do Réu em custas e em honorários advocatícios, nos termos do art. 12 da Lei nº 4.717/65; g. A intimação do Representante do Ministério Público, nos termos do art. 7º, I,8a9, da Lei nº 4.717/65. Nestes termos, Pede deferimento Local/ data ADVOGADO OAB nº...
Compartilhar