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Insuficiência Venosa Crônica 1 Insuficiência Venosa Crônica Conceito “Conjunto de manifestações clínicas causadas por anormalidades (refluxo, obstrução ou ambos) do sistema venoso periférico (superficial, profundo ou ambos), geralmente acometendo membros inferiores” A insuficiência venosa crônica dos MMII consiste em alterações decorrentes da dilatação das veias do MMII, determinadas pela hipertensão venosa secundária a lesões primárias da parede das veias e das válvulas ou secundárias a trombose venosa. Epidemiologia Maioria em mulheres Nomenclatura Telangiectasias: Capilares, arteríolas ou vênulas < 2 mm Assintomáticas Incômodo estético Microvarizes/veias reticulares: Pequenas veias de trajeto tortuoso ou retilíneo Calibre < 3 mm Coloração azulada ou esverdeada Veias dilatadas entre 2 e 4 mm Sem elevação no plano da pele Geralmente assintomáticas Varizes: Insuficiência Venosa Crônica 2 Veias dilatadas, tortuosas e alongadas > 3-4 mm Elevadas em relação ao plano da pele Geralmente sintomáticas Telangiectasias Microvarizes (veias reticulares) Varizes Definição Dilatação de capilares, arteríolas ou vênulas Veias dilatadas Veias Dilatadas Localização Derme Subcutâneo Subcutâneo Tamanho < 2 mm Entre 2 e 4 mm > 4 mm Disposição Aracneiformes ou retiformes Retilíneas ou tortuosas Dilatadas, saculares, tortuosas Sintomas Assintomáticas Geralmente assintomáticas Geralmente sintomáticas Anatomia As veias dos MMII podem ser divididas em dois sistemas venosos: profundo e superficial. Sistema Venoso Profundo: tibiais posteriores, tibiais anteriores, fibulares, veia poplítea, veia femoral. Sistema Venoso Superficial: veia safena magna, veia safena parva Fisiopatologia Varizes Primárias: IVC primária do sistema venoso superficial Incopetência valvular primária Enfraquecimento da parede venosa - faz com que as cúspides venosas/válvulas se afastem e começa a ter refluxo por essa válvula, o que ocasiona uma sobrecarga pressórica que vai dilatando as veias do sistema venoso superficial dele. Predisposição a ter. Fatores Predisponentes: Idade: mais velho, maior a ocorrência Insuficiência Venosa Crônica 3 Hereditariedade Sexo feminino Obesidade Gestações repetidas Longos períodos de ortostatismo Alterações hormonais - maior predisposição Hérnias e hemorróidas Como funciona o RV? Quando andamos a musculatura da nossa perna contrai, alarga e comprime as veias que estão dentro de seu compartimento empurrando o sangue para cima. Quando a musculatura relaxa, essa contração da veia relaxa, a gravidade tende a fazer o sangue descer, a válvula fecha e não deixa isso ocorrer. Quando tem insuficiência valvular, o sangue fica indo para cima e para baixo, tendo uma sobrecarga pressórica e o retorno venoso fica prejudicado. Varizes Secundárias: Alterações do sistema venoso superficial que refletem problemas do sistema venoso profundo. Decorre de alterações do sistema profundo (refluxo e/ou obstrução), levando a sobrecarga do sistema superficial. Síndrome pós- trombótica Congênitas: fístula arteriovenosa, aplasia, hipoplasia arteriovenosas no sistema venoso profundo. Insuficiência Venosa Crônica 4 Agenesia congênita de SVP Hipertensão Venosa Pós-TVP A síndrome pós-trombótica consiste em um quadro de IVC que se instala em pacientes com TVP prévia, tanto pela oclusão das veias profundas acometidas na fase inicial, quanto pelo refluxo venoso que pode se estabelecer nelas após a recanalização, determinado pela perda da função valvular em graus variados. Oclusão crônica Refluxo pós-recanalização - recanalização se instala com perda da complacência valvular, gerando um regime de hipertensão venosa, pois funciona com uma válvula insuficiente. Hipertensão Venosa Pós-Trauma Fístulas Arteriovenosas Traumatismos penetrantes podem deixar como sequela fístulas arteriovenosas, que determinam hipertrofia do sistema venoso por sobrecarga de pressão do sistema arterial. Síndrome de May-Thurner ou síndrome de Cockett: compressão da veia ilíaca comum esquerda pela a. ilíaca comum direita, que pode causar sintomas unilaterais no MIE, associados ou não ao aparecimento de varizes. Trata-se também de uma das principais causas de trombose venosa iliofemoral esquerda. Quadro Clínico Sintomas Habituais: Dor Cansaço Sensação de peso Insuficiência Venosa Crônica 5 Desconforto dos MMII Relacionado ao período de ortostatismo e exercício Os sintomas tendem a se agravar com temperatura ambiente elevada, piorando no verão, e com alterações hormonais. São piores na fase perimenstrual, com uso de contraceptivos orais e reposição hormonal. Edema principalmente vespertino e perimaleolar, predominantemente Sintomas Ocasionais: Ardor Prurido Formigamento Inchaço Cãibras *Complicações Varicotrombose ou tromboflebite superficial: formação de uma trombose numa veia do sistema venoso superficial. MMII relacionada a varizes: varizes são veias dilatadas, tortuosas, onde o fluxo ocorre de maneira errática e por esse turbilhonamento sanguíneo há uma chance maior de formação de coágulo. Trombose: processo inflamatório - proximidade da pele. Processos dolorosos. Varicorragia: algumas veias muito superficiais - a própria parede da veia é a que separa ela do meio externo. Elevar o membro, sangramento que para depois de 10 a 15 minutos. Úlceras varicosas *Classificação CEAP *Clínica (0-6): 0 - sem sinais 1 - telangiectasias e veias reticulares Insuficiência Venosa Crônica 6 2 - varizes (s/edema) 3 - varizes com edema A dificuldade de retorno venoso cursa com extravasamento de líquido e elementos sanguíneos para o 3° espaço que dará edema e outras alterações. 4 - varizes + alterações de pele Insuficiência Venosa Crônica 7 O extravasamento de elementos sanguíneos e metabolização de elementos sanguíneos na pele irá gerar essas alterações. Eczema varicoso: processo inflamatório crônico não infeccioso, mas que pode evoluir com infecção secundária. Inflamação da derme decorrente do extravasamento de hemácias para o interstício devido a hipertensão das vênulas. Caracteriza-se por vermelhidão e prurido. Lipodermatoesclerose: fibrose da pele e do tecido subcutâneo. Pele fica fina, rígida, brilhante, com coloração acastanhada sobre o subcutâneo endurecido. Qualquer trauma superficial ou até mesmo o ato de coçar para aliviar o prurido pode ser fator de desencadeamento da úlcera varicosa. 5 - varizes + úlcera cicatrizada 6 - varizes + úlcera ativa Insuficiência Venosa Crônica 8 A úlcera de estase venosa crônica, geralmente, se localiza no maléolo medial ou lateral e é pouco dolorosa. Quando o membro está pendente, observa- se a exsudação da ferida. Etiologia: congênita, primária e secundária Anatomia: superficial, profunda, perfurantes Patofisiologia: refluxo venoso, obstrução, ambos Diagnóstico DIAGNÓSTICO DA IVC É CLÍNICO!! História Clínica: pesquisa de causas secundárias. Exame Físico: Em pé e deitado Inspeção Palpação dos pulsos com o objetivo de avaliar se há doença arterial associada. Manobras Especiais/Manobras Semiológicas: Teste de Brodie- Trendelenburg: perfurantes + VSM/VSP Avalia grau de insuficiência de veias safenas ou de veias perfurantes Compressão do óstio da VSM ou VSP a 45° graus Comprime-se o óstio da veia safena magna no nível da prega inguinal com o garrote ou o polegar; em seguida, coloca-se o paciente na posição ereta. Caso haja enchimento das varizes neste momento, há insuficiência valvular de veias perfurantes. Posteriormente, retira-se o garrote ou o polegar. Se houver enchimento das varizes após a retirada do garrote, há insuficiência valvular da veia sefena magna. Em pé avalia-se enchimento das varizes por perfurantes/safenas Se apresentar enchimento venoso mesmo com a compressão: a causa das varizes não é só das veiassafenas ou não é da Insuficiência Venosa Crônica 9 veia safena. Se o paciente que tem varizes e comprimir o ósteo da safena magna, colocar ele em pé e nenhuma das varizes voltar a encher e quando liberar esse ósteo voltar a encher = insuficiência da veia safena magna. Teste de Perthes: SVP e perfurantes Compressão com garrote + exercícios Testar competência de perfurantes e SVP Em ortostatismo, aplica-se o garrote abaixo do joelho e pede-se para o paciente fazer exercícios com a perna. Ocorre o esvaziamento das veias varicosas caso o sistema venosos profundo esteja patente e as perfurantes estejam competentes. Teste de Schwartz: insuficiencia valvular segmentar Perfussão venosa no trajeto das varizes - quando realiza essa perfusão consegue sentir refletida a minha percussão em outro local da perna. Em paciente com válvulas competentes, essa percussão não irá se refletir. Percute em um local e aperta no outro - se a percussão se refletir = válvulas incompetentes. Se não refletir = válvulas competentes. Insuficiência Venosa Crônica 10 *USG Doppler Padrão-ouro Localização de refluxos Avaliar a função das válvulas e seu funcionamento, indicando os locais de refluxo e obstrução. Excluir trombose venosa concomitante Avalia diâmetro de veias Safenas, perfurantes Planejamento cirúrgico Flebografia Padrão ouro no estudo da IVC Situações especiais Ascendente e descendente Ascendente: aspectos morfológicos - paredes, válvulas e luz Descendente: aspectos funcionais - refluxo venoso Causas secundárias Tomografia Computadorizada Avaliar síndromes compressivas abdominais - síndrome de cockett, síndrome de nutcracker - podem levar a varizes pélvicas e varizes de membros inferiores Síndrome de May- Thurner, síndrome do “quebra- nozes” Pletismografia Registro da variação do volume do membro pela entrada e saída de sangue. Pesquisa científica Pressão Venosa Ambulatorial Monitorização hemodinâmica da insuficiência venosa Complicações Insuficiência Venosa Crônica 11 Flebite Superficial: devido à estase venosa, há maior tendência a formação de coágulos no sistema venoso superficial. Palpa-se o cordão varicoso endurecido. O paciente apresenta dor, vermelhidão e inchaço no trajeto das varizes. Há chance de embolia se acometidas as veias safenas magna e parva em proximidade de suas junções com o sistema venoso profundo. Eczema varicoso: é a presença de hemoglobina livre no tecido celular subcutâneo. O paciente apresenta queixa de prurido local. Erisipela de Repetição: presença de edema crônico e porta de entrada na derme (úlceras), propiciando infecção de repetição na pele. É causada, principalmente, por Streptococcus e Staphylococcus e pode ser ascendente ou evoluir com lesões bolhosas. Úlcera Varicosa: é indolor, com bordas elevadas e fundo granuloso, coberto ou não de fibrina. Quando o membro está pendente, observa-se a exsudação da ferida. *A pulcera varicosa acomete o terço distal da perna, proximo ao maléolo medial. Varicorragia Tratamento OBJETIVO: Alívio dos Sintomas: Tratamento/prevenção de complicações Prevenção de recorrências Satisfação cosmética Conforme vou tratando a insuficiência venosa e conforme vai se instalando, não deixa avançar para fases mais graves da doença. Lembrando que não é uma doença que tem cura; os fatores genéticos que levam uma veia normal, a se tornar uma veia insuficiente/uma veia varicosa estão no paciente e não tem como atuar neles. Conforme as veias normais se desenvolvam doenças que sejam sintomáticas, atuam retirando ou esclerosando. TRATAMENTO CLÍNICO: Medidas de ortostatismo Insuficiência Venosa Crônica 12 Evitar sapatos altos: imobilizando bomba muscular da panturrilha O principal elemento que faz nosso sangue retornar para o coração é a contração muscular de panturilha Panturilha pouco estimulada Dormir com a perna elevada Corrigir obesidade = varizes de maior calibre, quadro clínico pior, maior dificuldade de tratamento Elevar os membros durante o dia Realizar atividade física adequada - enquanto mantém a bomba muscular ativa e forte, está fortalecendo o retorno venoso. Cama em Trendelenburg Flebotônicos: Terapia complementar Sem indicação cirúrgica Persistência dos sintomas Ações: Reforço da parede venosa Melhora da microcirculação Melhora da drenagem linfática Diminuição da permeabilidade capilar: diminuição do extravasamento de líquidos e de elementos sanguíneos para o terceiro espaço Reduzem a fragilidade capilar. Diosmina Hesperidina Aminaftona Dobesilato de cálcio Cumarina Troxerrutina Insuficiência Venosa Crônica 13 Castanha da índia *Terapia compressiva Tratamento clínico com maior evidência científica Funções da Compressão: Equilibrar aumento patológico da pressão venosa - para diminuir o extravasamento de líquido para o 3 espaço, diminuir os efeitos dessa hipertensão venosa no tecido, que serão edema, pigmentação de pele e abertura de úlcera Promover absorção do edema e retorno dos líquidos para o sistema venolinfático Não interferir com suprimento arterial Aliviar/tratar os sintomas da IVC Pressão de Repouso: Pressão de interface constante exercida nos tecidos, independentemente da postura. Pressão de Trabalho: Pressão adicional a pressão de repouso exercida pelo aumento volumétrico muscular durante contração contra algum sistema contensivo Aumento de pressão refletido nos sistemas venoso e linfático Meias de Compressão: Terapia compressiva elástica Compressão Graduada: 15-20 mmHg: profilaxia, viagens de longa distância - ex. meia pós-operatória anti- trombo 20-30 mmHg: CEAP 2 e 3 30 - 40 mmHg: CEAP 3, 4 e 5, linfedemas leves, síndrome pós-trombótica, TVP Tratamento das Úlceras Varicosas Correção do refluxo venoso Insuficiência Venosa Crônica 14 Realização de curativos locais Controle da infecção - ATB oral ou sistêmica Terapia compressiva elástica para úlceras varicosas: Não há uma grande variação da pressão Terapia Compressiva Inelástica para Úlceras Varicosas: Conforme vai diminuindo a gravidade da doença, a hipertensão venosa vai diminuindo também. Insuficiência Venosa Crônica 15 Quanto pior for a doença, maior será a terapia compresssiva que terá que usar, pior é a pressão de interface que terá que exercer. Sistema inelástico: mais eficaz para promover equilíbrio dos refluxos patológicos em IVC avançada. Bota de Unna: úlceras avançadas - consiste em uma atadura inelástica impregnada com uma pasta de zinco aplicada em toda a perna, como um gesso. Além de atuar sobre a úlcera, a compressão inelástica reduz a estase venosa crônica, principalmente durante a deambulação do paciente. Bandagens multiextrato - cicatrização de úlceras varicosas, CEAP 6 - tratamento mais rápido e efetivo. -Tratamento de úlcera varicosa Paciente quando anda a pressão dentro do compartimento é maior. TRATAMENTO DAS TELANGIECTASIAS Escleroterapia: é eliminar as pequenas microvarizes e telangiectasias por meio de injeção de substância que provoca irritação no endotélio venoso e induz a transformação da veia em um cordão fibroso. Escleroterapia Química: Glicose 75%, Ethamolin (oleato de monoetanolamina), polidocanol (é a principal indicação como forma alteranativa ao fechamento de úlceras venosas em idosos). Irritação endotelial produzindo oclusão e fibrose Escleroterapia Térmica: Laser transdérmico Usado com ou sem associação a escleroterapia química Telangiectasias ou veias reticulares TRATAMENTO DAS VARIZES Cirurgia: Insuficiência Venosa Crônica 16 Flebectomia - retirada de segmentos Faz microincisões ao redor da veia - tamanho necessário para se conseguir tirar aquela veia por aquele orifício Ligadura de veias perfurantes insuficientes: técnicas de Linton, Felder ou ligadura videoassistida Tratamento das Safenas: Safenectomia (magna ou parva)Total ou parcial: tende-se a se fazer retirada total da SFM e parcial da SFP Contraindicada a casos de trombose venosa profunda. Safenectomia Convencional: Exérese com Fleboextrator e Incisões Dissecção da veia safena magna na região inguinal e tornozelo, passa-se um fleboextrator por essa veia, exteriorizo ele na virilha e faz uma fleboextração de todas, onde todas as veias que são tributárias a safena vão rancando e comprime o trajeto da safena magna/parva depois. Normalmente, tirá-se completamente. Pode ser feita por eversão (evertendo a parede) ou por extração normal. Safenectomia + Flebectomia *Termoablação (laser ou radiofrequência) Ablação térmica da safena - oclui essa safena Menor tempo de recuperação Maior satisfação cosmética Insuficiência Venosa Crônica 17 Entra com uma fonte de energia térmica e, queima-se essa safena por dentro. Energia controlada/ajustada de acordo com o calibre da veia e extensão que será tratada - laser. Não terá o hematoma pós operatório secundário a retirada das veias tributárias = recuperação melhor Escleroterapia com espuma Qualquer veia varicosa Ablação química de veias de grosso calibre Polidocanol (agente esclerosante) + ar= espuma - melhora a superfície de ação, fazendo com que ele seja visível no ponto de vista ultrassonográfico (guiar a espuma) Concentrações diferentes de acordo com a veia - quanto maior a concentração, maior o calibre do vaso que conseguirá tratar Safena muito grossa a resposta não é muito boa do que ablação térmica. Valvuloplastia: está indicada na insuficiência do sistema venosos profundo quanod há safenectomia e erradicação das colaterais não foi suficiente para o controle dos sintomas. É mais utilizada na IVC primária. Implante de Stent: tecnica endovascular utilizada para o tratamento das doenças venosas obstrutivas das veias ilíacas, decorrentes de compressão extrínseca, principalmente síndrome de May-Turner. Complicações: Hemorragias Linforragias Lesão de estruturas vasculares Lesão de n. motor (fibular) Lesão de nn. sensitivos TVP Insuficiência Venosa Crônica 18 Infecção Tromboflebite Linfedema Observação: Descrição da úlcera varicosa: face medial da perna, exsudativa, dolorosa e associada a dermatofibrose.
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