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FUNDAMENTOS DA BIBLIOTECONOMIA AULA 3 A Biblioteconomia e a documentação Abertura Olá! O bibliotecário é profissional responsável por organizar, catalogar e conservar acervos de bibliotecas e centros de documentação, cuidando das informações que podem ser encontradas em livros, revistas, jornais ou meios digitais, buscando sempre o melhor e mais ágil sistema de consulta possível. Atualmente, o campo de atuação do profissional de biblioteconomia tem se voltado para a criação e manutenção de arquivos digitais e para a montagem de bancos de dados em computadores. Nesta aula, abordaremos a relação entre a documentação e a biblioteconomia. BONS ESTUDOS! Referencial Teórico Considera-se que a Biblioteconomia deu origem à Bibliografia, que fundamentou a Documentação, que por sua vez, forneceu insumos à constituição da Ciência da Informação, também nomeada Informatologia. A Ciência da Informação é entendida como a preocupação com a unidade fundamental do saber, através de estudos interdisciplinares e de métodos como o estrutural. Engloba o conjunto das disciplinas voltadas para a produção, comunicação e consumo da informação que, chamadas por isso de ciências da informação, passaram a ser consideradas como uma só ciência da informação. Acompanhe o trecho selecionado para leitura desta aula e, ao final, você terá aprendido a: • Entender o que é documentação. • Conhecer a relação entre a documentação e a biblioteconomia. • Refletir sobre a relação entre Ciência da Informação, documentação e biblioteconomia. BOA LEITURA! 29 2.3. A BIBLIOTECONOMIA E A DOCUMENTAÇÃO A Documentação, posterior à Biblioteconomia, voltou-se ao desenvolvimento de técnicas e princípios de organização e recuperação informacional, voltada ao tratamento documental. Essas ações projetaram-se independentemente do tipo de docu- mento ou de suporte, permitindo enxergar o documento sem seu contexto de aplicação (ORTEGA, 2010). A Biblioteconomia, a Documentação e a custódia dos ar- quivos eram tratadas de forma única. No entanto, interesses par- ticulares começaram a dividir essas atividades em grupos sepa- rados, que passaram a adotar atitudes de intolerância entre si. Por mais de quatro séculos, a Biblioteconomia foi quase sinônimo de Bibliografia. Considerando a Bibliografia como o 30 princípio da Documentação, pode-se dizer que esta esteve un- ida à Biblioteconomia desde o século 15 até fins do século 19, quando Otlet e La Fontaine sistematizaram e desenvolveram a Documentação como uma disciplina distinta da Biblioteconomia. Os europeus deram continuidade a esses estudos e aplica- ções. A Segunda Guerra Mundial acentuou esses avanços devido às necessidades específicas dos países envolvidos de recuperar conteúdos de tipos diversos de documentos, inclusive com ten- tativas primárias de recuperação mecânica da informação. Otlet vem sendo considerado precursor e fundador da Documentação e da própria Ciência da Informação. A atualidade da obra de Otlet revela-se nos estudos re- alizados hoje por pesquisadores da Ciência da Informação (tais como: autores, copistas, impressores, editores, livreiros, biblio- tecários, documentadores, bibliógrafos, críticos, analistas, com- piladores, leitores, pesquisadores e trabalhadores intelectuais), nos quais verifica-se que as operações documentárias acompan- ham o documento desde o instante em que ele surge da pena do autor até o momento em que impressiona o cérebro do leitor. A sistematização realizada por Otlet culminou na publicação, em 1934, do Traité de Documentation. Mesmo trabalhando ativamente na otimização de processos e técnicas documentárias, servindo realmente para a Ciência da Infor- mação, a Documentação foi praticamente excluída dos estudos an- glo-saxões e simplesmente substituída pela Ciência da Informação. No cenário brasileiro da década de 1950, a inserção da Bibliografia e a ampliação pela Documentação já representaram uma visível insuficiência da formação biblioteconômica no que concerne ao tratamento do conteúdo dos documentos e ao uso das então novas tecnologias de documentação. Isso apresenta- 31 va-se como um entrave ao desenvolvimento de atividades rela- cionadas à Documentação Científica. Atualmente, alguns autores anglo-saxões, como Rayward e Buckland, escreveram trabalhos resgatando o aporte teórico da Documentação difundida na Europa, especialmente as obras de Otlet e de seus discípulos, como Briet. No entanto, uma das obras-chave para área, o Tratado de Documentação (1934), ai- nda não teve uma tradução para o inglês. Tais indícios revelam que a Documentação ainda não tem seu devido reconhecimento, mesmo que tenha dado "insumos" tanto para a Ciência da Informação, em sua constituição cientí- fica, como para a Biblioteconomia, na adequação de processos e práticas documentais,. Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3. 3 para compreender um pouco mais sobre os pensamentos filo- sóficos em Biblioteconomia. DICA: Visite o site da Biblioteca Nacional do Brasil e de um outro país. Quando tiver oportunidade, visite-as pessoalmente. 32 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integral- mente os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.4. EPISTEMOLOGIA Epistemologia é uma palavra pouco utilizada em nosso dia a dia, mas tem a ver com praticamente tudo o que sabemos. Por isso, vale a pena tentarmos compreendê-la um pouco mais, primeiramente em um contexto geral e em seguida relacionando com nossa área, a Biblioteconomia. • SCIFILO. O que é epistemologia (teoria do conhecimen- to)? (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=QIFR6hx1X0s>. Acesso em: 29 out. 2017. • TESSER, G. J. Principais linhas epistemológicas con- temporâneas. Educar em Revista, n. 10, p. 91-98, jan./dez. 1994. Disponível em: <http://www.scie- lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- -40601994000100012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 out. 2017. • SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e biblio- teconomia. Ciência da Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/_ repositorio/2010/04/pdf_dde99ac1c9_0009749.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017. 33 3.5. CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA A evolução da tecnologia e o progresso do conhecimento humano estão totalmente atrelados ao surgimento das bibliotecas no passado. Considerando que vivenciamos a Era da Informação e do Conhecimento, tornou-se essencial revermos técnicas, atitudes e desdobramentos da Biblioteconomia no presente e no futuro. Os textos a seguir apresentam essa linha de pensamen- to, que acompanha e, de certa forma, influencia as transforma- ções necessárias à área. Além de ler o artigo de Siqueira (2010), assista aos dois vídeos indicados. "A Biblioteca de Alexandria" apresenta essa famosa biblioteca considerada um marco históri- co para os estudos sobre o início da Biblioteconomia. Já o vídeo institucional da Biblioteca Nacional do Brasil, conta um pouco de sua história e de sua função. Confiram! • SIQUEIRA, J. C. Biblioteconomia, documentação e ciên- cia da informação: história, sociedade, tecnologia e pós- -modernidade. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 15, n. 3, p. 52-66, set./dez 2010. Disponível em: <http:// portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/ view/1124/771>. Acesso em: 29 out. 2017. • DOCUMENTARIOSCIENCIA. A Biblioteca de Alexandria – Documentário (1996) (vídeo). Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=TK5zppZzUy4>. Acesso em: 29 out. 2017. • BNDIGITAL. Biblioteca nacional (Brasil) (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=9kml6RIq5UQ>. Acesso em: 29 out. 2017. 34 3.6. PENSAMENTOS EM BIBLIOTECONOMIA Recomendamos que você leia o artigo de Floridi (2010), que reflete sobre a Filosofia da Informação, e o artigo de Araújo (2013), que reforçaos tópicos desta primeira unidade. Em se- guida, assista ao filme O homem que queria classificar o mundo, e saiba um pouco mais sobre a vida de Paul Otlet, considerado o pai da Documentação e precursor da Ciência da Informação. Você perceberá diversas relações entre Biblioteconomia, Biblio- grafia e Documentação, além da criação da Internet. Bom filme e boas leituras! • FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação aplicada: uma reavaliação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documenta- ção, v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci. ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso em: 29 out. 2017. • IPTV/USP. O homem que queria classificar o mundo (ví- deo). Disponível em: <http://iptv.usp.br/portal/video. action?idItem=5941>. Acesso em: 29 out. 2017. • ARAÚJO, C. A. A. Correntes teóricas da Biblioteconomia. Re- vista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 9, n. 1, p. 41-58, jan./dez. 2013. Disponível em: <https://rbbd.febab. org.br/rbbd/article/view/247>. Acesso em: 29 out. 2017. 35 6. E-REFERÊNCIAS ARAÚJO, C. A. A. Correntes teóricas da Biblioteconomia. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 9, n.1, p. 41-58, jan./dez. 2013. Disponível em: <https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/247>. Acesso em: 29 out. 2017. BIBLIOO. Briquet de Lemos – Biblioteconomia: passado e futuro (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7_pOPyLExkA>. Acesso em: 29 out. 2017. BIBLIOTECA NACIONAL. Apresentação. Disponível em: <http://www.bn.gov.br/sobre- bn/apresentacao>. Acesso em: 29 out. 2017. ______. Histórico. Disponível em: <http://www.bn.gov.br/sobre-bn/historico>. Acesso em: 29 out. 2017. BNDIGITAL. Biblioteca nacional (Brasil) (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=9kml6RIq5UQ>. Acesso em: 29 out. 2017. FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação aplicada: uma reavaliação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso em: 29 out. 2017. MOSTAFA, S. P. Epistemologia ou filosofia da Ciência da Informação? Informação & Sociedade: Estudos, v. 20, n. 3, p. 65-73, 2010. Disponível em: <http://www.brapci. ufpr.br/brapci/v/a/9585> . Acesso em: 29 out. 2017. ORTEGA, C. D., LARA, M. L. G. A noção de documento: de Otlet aos dias de hoje. DataGramaZero, v. 11, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/ index.php/article/view/0000008400/cca9a49474077340b069f1222c313618>. Acesso em: 29 out. 2017. 36 SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e biblioteconomia. Ciência da Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/ brapci/_repositorio/2010/04/pdf_dde99ac1c9_0009749.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FIGUEIREDO, N. M. Estudos de uso e usuários da informação. Brasília: IBICT, 1994. FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de ação cultural. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, v. 12, n.2, p. 145-169, set. 1983. FONSECA, E. N. A biblioteconomia brasileira no contexto mundial. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1979. KUHLTHAU, C. C. Seeking meaning: a process approach to library and information services. Londres: Libraries Unlimited, 2004. LASSO DE LA VEGA, J. Manual de biblioteconomia: organización tecnica y cientifica de las bibliotecas. Madri: Mayfe, 1952. MILANESI, L. A casa da invenção. São Paulo: Ateliê, 1997. Portfólio ATIVIDADE FALA, BIBLIOTECÁRIA: BIBLIOTECONOMIA X CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Acesse https://www.youtube.com/watch?v=TfkZyqIKjFQ Assista ao vídeo acima e descreva: O que é Ciência da Informação? Qual a relação entre a Biblioteconomia e a Ciência da Informação? OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho 12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado. OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho 12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado. Pesquisa AUTOESTUDO ARTIGO Ciência da informação: temática, histórias e fundamentos Trata dos fundamentos históricos e teóricos do campo científico da informação. Parte da hipótese de que as bases da ciência da informação surgem a partir da emergência do paradigma do conhecimento científico apoiado na invenção da imprensa que se institucionaliza com a criação das primeiras associações científicas, e sua expansão está ligada ao desenvolvimento da ciência em todos os segmentos da sociedade contemporânea. Discorre sobre as raízes históricas deste campo científico desde a utopia planetária de Otlet e La Fontaine, sobre as abordagens social e tecnológica na ciência da informação, os caminhos no presente e as perspectivas no futuro. Defende que o objeto de estudo da ciência da informação, a informação, é um fenômeno que está relacionado a todos os campos do conhecimento científico, moldando-se aos interesses de cada uma delas. Apresenta um modelo das áreas de interesse pertinentes à ciência da informação, bem como suas inter-relações e possibilidades de intervenção na sociedade. Argumenta que, para superar dificuldades conceituais advindas das múltiplas facetas próprias ao seu objeto de estudo, a ciência da informação deve buscar a construção de uma rede conceitual, tecida a partir do olhar das várias disciplinas com as quais este campo científico se relaciona. Faça a leitura do artigo completo e, a seguir, uma reflexão sobre a importância da Ciência da Informação. ACESSE ARTIGO 01 - 584 - AULA 03 N