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2022 Curitiba VIII - COSMOVISÃO CRISTÃ COMITÊ EDITORIAL Celi Varga Daniel Schmitt Elke Fernandes Fernanda Lundgren Martha Morais Paschoal Piragine Jr Sheila Torres FUNDAMENTAÇÃO TEOLÓGICA Paschoal Piragine Júnior ESCRITORES Celi Varga (Semana 5, dias 1 a 3) Daniel Schmitt (Semana 1) Elke Fernandes (Semana 4) Ester Fameli (Semana 3) Fernanda Lundgren (Semana 6) Martha Morais (Semana 2) Saulo Navarro (Semana 5, dias 4 e 5) Sheila Torres (Semana 7) REDAÇÃO FINAL Sheila Torres DIAGRAMAÇÃO Bianca Vasconcelos Zilli Lima CAPA Bianca Vasconcelos Zilli Lima REVISÃO FINAL Carlos Gustavo Cecyn Lundgren Elly Claire Janson Lopes Liliane Castro Rita Leite Paschoal Piragine Júnior Pastor Titular e Presidente da Primeira Igreja Batista de Curitiba Área Ministerial de Educação Cristã Discipulado III - Avançado Caderno VIII - Cosmovisão Cristã Curitiba – 2022 1ª edição Tiragem: 400 exemplares PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE CURITIBA R: Bento Viana, 1.200, Batel - 80240-110 - CURITIBA - PR Telefone: (41) 3091-4347 E-mail: edcrista@pibcuritiba.org.br FICHA CATALOGRÁFICA 5 Dia 1 Sumário 07 Introdução Semana 1 - Cosmovisão cristã bíblica 11 1. Cosmovisão: conceito 15 2. A verdade 19 3. Raciocínio em esferas 23 4. A força da cultura 27 5. Olhos bons e olhos maus Semana 2 - Cultura, princípios e valores 33 1. A cultura brasileira e a cultura do Reino 37 2. Valores e princípios bíblicos na vida do cristão 41 3. O cristianismo e a contracultura 44 4. Cidadania 51 5. Aculturamento: conceito Semana 3 - Identidade 57 1. Quem sou eu? 61 2. Quem me define? 65 3. Para que fui criado? 69 4. Indivíduos, não rebanhos 73 5. Lidando com as falhas Semana 4 - Postura do cristão 79 1. Alicerces da edificação 83 2. Ética ensinada por Jesus 87 3. Um olhar para o coração 91 4. A transformação operada por Deus 6 95 5. Mordomia Semana 5 - Masculinidade e feminilidade (o design bíblico) 101 1. Homem e mulher: feitura de Deus 109 2. Machismo e feminismo 114 3. O ensino de Jesus: um novo conceito sobre o valor da mulher 119 4. Sexualidade sadia 122 5. A Bíblia e as questões da imoralidade sexual Semana 6 - Família 129 1. Uma só carne 134 2. Autoridade e submissão 139 3. Amor e respeito na família 143 4. Os filhos e a honra aos pais 148 5. Solteiros e viúvos Semana 7 - A igreja e seu impacto da sociedade 155 1. Origem da igreja 160 2. A igreja primitiva 165 3. A igreja oficial 169 4. A Reforma e sua influência no mundo 177 5. A igreja e os desafios atuais 185 Referências bibliográficas Dia 1 Sumário Dia 1 Introdução 7 Cosmovisão bíblica Somos influenciados diariamente por tudo o que está a nossa volta, mesmo sem perceber. A cultura que nos cerca influencia na maneira de ser, fazer e até mesmo de pensar. Algumas vezes, não sabemos, nem paramos para analisar as origens ou o motivo de agir como agimos, ou pensar como pensamos, apenas reproduzimos, pois é como a sociedade tem nos ensinado a crer, o chamado “senso comum”. O que cremos determina como vivemos, por isso a cosmovisão vai muito além de uma teoria ou modo de pensar. A cosmovisão é a lente pela qual enxergamos o mundo. No tempo de Moisés, após a libertação da escravidão do Egito, o povo de Israel precisou ficar separado de outros povos e suas culturas estrangeiras para receber as leis de Deus e assim alcançar a terra prometida. Foi necessário esse tempo para orientar o povo quanto à nova maneira de viver, pois haviam vivido pelo menos 400 anos em uma cultura que não agradava a Deus. Era preciso alinhar a cosmovisão do povo. Ainda hoje precisamos alinhar nossa visão. Por isso, eu quero desafiá-lo a alinhar sua cosmovisão à cosmovisão bíblica cristã, ou seja, ver o mundo e viver a vida sendo guiado pelos ensinamentos bíblicos dados por Deus para nós e por Jesus Cristo. Nada melhor do que a Palavra de Deus para nos ajudar a compreendê-la. “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.” (Romanos 12.2.) Carlos Lundgren Pastor da área ministerial de Educação Cristã e Coordenador da plataforma de ensino A Jornada. Conheça mais sobre o ministério da Educação Cristã Introdução 8 Como utilizar os qr-code’s? Se você tem um smartphone iOS: 1 - Abra a câmera do celular; 2 - Aponte a câmera para o qr-code; 3 - Acesse o link; 4 - Logue na sua conta da A Jornada ou cadastre-se; 5 - Tenha acesso ao material complementar! :) Se você tem um smartphone Android: 1 - Baixe um aplicativo que faça leitura de qr-code’s na Play Store; 2 - Abra o app; 3 - Aponte a câmera para o qr-code; 4 - Acesse o link; 5 - Logue na sua conta da A Jornada ou cadastre-se; 6 - Tenha acesso ao material complementar! :) Cosmovisão cristã bíblica Semana 1 “Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.” 2 Coríntios 4.6 Dia: Cosmovisão cristã bíblica Aula 1 11 “Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.” 2 Coríntios 4.6 “Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, isto é, o seu poder eterno e a sua natureza divina, têm sido vistas claramente. Os seres humanos podem ver tudo isso nas coisas que Deus tem feito e, portanto, eles não têm desculpa nenhuma. Eles sabem quem Deus é, mas não lhe dão a glória que ele merece e não lhe são agradecidos. Pelo contrário, os seus pensamentos se tornaram tolos, e a sua mente vazia está coberta de escuridão. Eles dizem que são sábios, mas são tolos. Em vez de adorarem ao Deus imortal, adoram ídolos que se parecem com seres humanos, ou com pássaros, ou com animais de quatro patas, ou com animais que se arrastam pelo chão.” (Romanos 1.20-23.) Cosmovisão. Você já ouviu essa palavra? O que você acha que significa? Cosmovisão é um conjunto ordenado de valores, crenças, impressões, sentimentos e concepções de natureza intuitiva, anteriores à reflexão, a respeito da época ou do mundo em que se vive.1 Em outras palavras, é a maneira como se percebe o mundo. Ao descrever tudo a sua volta, interpretando e interagindo com o mundo, cada pessoa ou cultura utiliza um referencial de ideais e crenças. De maneira bem generalista, existe uma imensa diferença entre a forma como um indivíduo ocidental e um oriental enxergam o mundo. Por exemplo, enquanto no Oriente predomina a crença dentro da cultura de que tudo na história se repete em um ciclo eterno baseado no equilíbrio, no Ocidente Cosmovisão: conceito Base bíblica: Romanos 1.20-23; 2 Coríntios 4.6; Romanos 12.2 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblicaAula 1 “Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.” 2 Coríntios 4.6 12 se tem uma visão linear de início e fim para todas as coisas. Além disso, a respeito de Deus, enquanto um acredita predominantemente que Deus é uma força presente em tudo o que se vê, o outro crê que Deus é único e pessoal. Vejamos o caso dos kamikazes na Segunda Guerra Mundial, por exemplo. Os “deuses do vento”, ou “vento divino”, eram pilotos de aviões japoneses que levantavam voo com o objetivo de realizar ataques suicidas contra os navios americanos e britânicos. Ao ler esse tipo de relato, nós ocidentais, não conseguimos entender por que alguém faria algo desse tipo. A questão novamente reside na diferença entre cosmovisões. Na época, de acordo com a tradição do Japão, em momentos como esse, o suicídio era visto como demonstração de honra. O que movia esses soldados eram as próprias convicções religiosas. Antes de irem para a missão, os aviadores carregavam uma espada samurai, símboloda bravura japonesa, e embarcavam rumo à morte.2 Aquilo que cremos determina a forma como agimos.3 Portanto, a cosmovisão vai muito além de mero conceito ou termo. A forma como enxergamos o mundo tem influência direta em nossas ações. Todos nós carregamos perguntas relativas a nós mesmos ou ao mundo a nossa volta. Como o mundo foi criado? O que é o certo e o errado? O que é a vida e como ela surgiu? Qual o propósito da humanidade? Por que eu existo? Existe algo maior do que nós? Existe algo depois da morte? O conjunto de respostas a perguntas filosóficas desse tipo cria a forma como vemos o mundo. Nós, cristãos, possuímos uma cosmovisão teísta bíblica, ou seja, vemos o mundo e vivemos nossas vidas orientados pelos ensinamentos bíblicos dados por Deus para nós e por Jesus Cristo. Já outros, que possuem uma cosmovisão secularista, enxergam a humanidade como fruto do acaso, e existem ainda aqueles que possuem uma cosmovisão animista, exaltando o místico, desprezando totalmente o físico e o material. Dia 1 Cosmovisão cristã bíblica Aula 1 13 “Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.” 2 Coríntios 4.6 De acordo com Christian M. De Britto4 A cosmovisão determina o que vemos, não o que há para ser visto. Segundo Anaïs Nin, “não vemos as coisas como elas são, as vemos como nós somos”. Darrow Miller, afirma que a Cosmovisão pode ser comparada a um par de óculos da nossa mente, cujas lentes foram fabricadas pela cultura de cada um, e isto pode ser percebido de forma consciente ou inconsciente. Não nos encontramos em meio a uma guerra que visa livrar o mundo do terrorismo, nem mesmo uma guerra religiosa ou contra o tráfico de drogas ou de órgãos humanos, mas sim em uma guerra de ideias, de valores, de cosmovisões. Se não compreendermos isto, continuaremos a jogar fora os frutos podres de uma árvore sem reparar a causa primeira, que é cuidar de suas raízes. Continuaremos gastando milhões de dólares na construção de muros que nos mantenham ilusoriamente seguros da cosmovisão vizinha, sem excluir a possibilidade de sermos nós ou nossos filhos os próximos a perder a vida. Quando nos convertemos, nossa cosmovisão é transformada. Em Romanos 12.2, o apóstolo Paulo nos orienta: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”. Que nessa nova fase de aprendizado você possa ter seu jeito de pensar e sentir transformado pelo poder do Espírito Santo. Dia 1 Cosmovisão cristã bíblicaAula 1 “Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.” 2 Coríntios 4.6 14 Você já esteve diante de um choque de cosmovisões? Cite duas situações em que se observa diferença na cosmovisão de um cristão e de alguém que não crê em Jesus. Quando nos convertemos, nossa cosmovisão é transformada. Para refletir Dia: 15 “Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.” 2 Coríntios 4.6 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblica Aula 2 Agora que você já sabe um pouco do que é cosmovisão, está na hora de darmos mais um passo. Talvez você tenha pensado: então no mundo existem diversas maneiras de entender o certo e o errado. Para os kamikazes, por exemplo, se aquilo que eles estavam fazendo era um ato honroso e correto, se era a verdade para eles, então estava certo, não é mesmo? Na realidade, não. Uma das maiores mentiras que Satanás tem semeado no mundo de hoje é que a verdade não existe, dizendo que temos apenas certezas que mudam de acordo com cada cosmovisão. Certezas relativas, subjetivas e de maneira alguma absolutas. Porém, a palavra que Deus nos deu é clara. Em João 14.6, Jesus respondeu: —Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim. Jesus é o único caminho, a única verdade e a única vida. Mesmo que existam diversas cosmovisões existe apenas uma realidade. Christian Britto5 continua: “A cosmovisão é um chamado para examinarmos nossas vidas. Afinal, quais são as respostas que temos dado às nossas perguntas, ou até mesmo, quais são as perguntas? Precisamos examinar a nossa maneira de ver o mundo e a nós mesmos e verificar quais são as verdades e as mentiras que fazem parte da nossa vida, família, povo, cultura... Já dizia o filósofo grego Platão: ‘Uma vida que não é examinada não vale a pena ser vivida!’.” A verdade Base bíblica: João 14.6; 2 Coríntios 13.5; Romanos 2.14-15; Isaías 45.6; João 17.17; Marcos 9.24 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblicaAula 2 “Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim.” João 14.6 16 2 Coríntios 13.5 diz: “examinem-se para descobrir se vocês estão firmes na fé”. O ponto central é a existência de uma verdade absoluta, impregnada na vida de todos nós. Em Romanos 2.15, está escrito: “Eles mostram, pela sua maneira de agir, que têm a lei escrita no seu coração. A própria consciência deles mostra que isso é verdade, e os seus pensamentos, que às vezes os acusam e às vezes os defendem, também mostram isso”. Deus entalhou no coração humano a Sua verdade e as Suas vontades. Não existe a possibilidade de o cristianismo estar certo e outra religião também, quanto mais pensar que todas as religiões e filosofias estão certas. É simplesmente um fato lógico que exige honestidade. Se a Bíblia diz que o nosso Deus é o único Deus, como, ao final, pode coexistir com Shiva, Olorum, Zeus ou qualquer outra entidade? Se a Bíblia diz que após a morte existe somente o céu e inferno, como pode coexistir com o Umbral ou qualquer outra dimensão? “Faço isso para que, de leste a oeste, o mundo inteiro saiba que além de mim não existe outro deus. Eu, e somente eu, sou o Senhor”, diz Isaías 45.6. O nosso Deus é exclusivo e toda a glória é dEle. Além disso, dizer que não existe uma verdade é, por si só, uma contradição, já que na mentalidade de quem afirma isso existe absoluta certeza em sua afirmação. Quando tentamos fugir da verdade, caímos em um abismo de ceticismo mortal e depressivo. Sem a verdade, o ser humano está em trevas e perdição. A única maneira de conhecer a verdade, a única resposta que descarta todas as outras e as revela como engano, é conhecida através da Bíblia. Deus, o nosso criador, sabia bem que a vontade do diabo era cegar o entendimento dos homens e os fazer se perder. Sendo assim, o próprio Pai Dia 1 Cosmovisão cristã bíblica Aula 2 17 “Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim.” João 14.6 se preocupou em revelar-se através da sua Palavra, tirando o homem das trevas e trazendo-o para a luz: “Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade” (João 17.17). Através do Espírito Santo, o nosso Deus todo-poderoso ilumina o entendimento dos homens para que compreendam a verdade. À nossa volta, milhares de pessoas continuarão cegas por causa do pecado que nos desconectou da verdade. Cabe a nós, pessoas que foram tiradas das trevas, testemunhar. Convidar os outros a experimentar e dar um voto de confiança, um passo de fé (Marcos 9.24). Nós devemos testemunhar que encontramos a verdade que a humanidade sempre buscou. Não achamos porque buscamos com esforço, ou porque somos melhores ou qualquer outro argumento que esteja errado. Mas simplesmente porque o próprio Deus nos amou, buscou e encontrou. O cristianismo não é uma opção. Ele não é uma das maneiras de ver o mundo. Nós não estamos oferecendo alternativas. O cristianismo é a verdade! Jesus é a realidade. Devemos ser canal de luz para o entendimentodaqueles que estão nas trevas. Essa obra somente o Espírito Santo fará, e revelará a verdade a todos aqueles que Ele quiser, no tempo e lugar em que Ele desejar. Dia 1 Cosmovisão cristã bíblicaAula 2 “Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim.” João 14.6 18 Se a verdade existe, como é que alguém pode conhecê-la? O que nós podemos fazer para que outros sejam iluminados por esse conhecimento? Jesus é o único caminho, a única verdade e a única vida. Para refletir Dia: 19 “Portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo. Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu.” Colossenses 1.20 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblica Aula 3 Mesmo que saibamos e creiamos na verdade revelada por Deus para nós, ainda assim carregamos uma herança conceitual que influencia nossa maneira de pensar e viver. Em João 3.3, “Jesus respondeu: — Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”. A nova vida em Cristo é marcada por mudanças. Após o novo nascimento, crescemos e amadurecemos. No início, assim como as crianças, não conseguimos entender a essência por trás das regras. Mas, quando ficamos mais velhos, geralmente entendemos os ensinamentos e os valores transmitidos pelas leis. O mesmo ocorre na vida espiritual. Idealmente, com o passar do tempo, pela graça de Deus, à medida que nos relacionamos com Ele e nos aprofundamos em intimidade na Sua presença através da oração, leitura da Bíblia e outras disciplinas espirituais, vamos nos desapegando da lei isolada e nos apegando aos ensinamentos de Jesus para nossas vidas. É durante essa caminhada que nos deparamos com o raciocínio em esferas. Com o choque do novo estilo de vida cristão incorporado em nossas vidas, imediata e inconscientemente, fazemos a separação entre o que eu fazia e era antes, com o que eu devo fazer e ser agora. Esse pensamento é muito correto tendo em vista que, como cristãos, estamos buscando cada vez ser mais parecidos com Cristo e menos com a carne. Estamos Raciocínio em esferas Base bíblica: Colossenses 1.20; 2 Timóteo 3.16-17; Filipenses 4.8; 1 Coríntios 10.31; João 3.3; 1 Coríntios 8; Gálatas 5.1 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblicaAula 3 “Portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo. Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu.” Colossenses 1.2020 diante de um processo maravilhoso de santificação que é um verdadeiro milagre. Contudo, na nossa inocência inicial, mais apegada à lei do que ao princípio, separamos tudo o que fazíamos antes na velha vida e apontamos como pecado. É mundo, carne e diabo. Acontece que Satanás nosso adversário, o enganador, sempre procura nos entortar e empurrar para o lado mais fácil de cair. Como herança dos gregos6, separamos a realidade em esfera espiritual e esfera física. Uma categoria celestial sagrada e a outra secular profana, sem meios termos. É perceptível nesse embate a existência de uma “luta” entre essas esferas. O sobrenatural e o natural, a fé e a razão, sempre opostos e inimigos um do outro7. Porém, a perspectiva da redenção nos revela que Cristo é o Senhor de todas as esferas. A graça também restaura a natureza caída. A luz e as trevas não estão em uma queda de braço. Colossenses 1.20 diz: “portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo. Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu”. Se Deus resolve fazer algo, isso acontece. O plano de remissão dEle é tão imenso que visa a restauração de toda a criação, seja ela natural, sobrenatural, secular ou sagrada. Aos olhos de Deus existem apenas aqueles que o amam e os que não o amam. Todas as coisas se encontram sob o domínio de Deus, não importa em qual esfera estejam dentro de nossas mentes. Leia com atenção o capítulo 8 de 1 Coríntios. Como falávamos no início deste capítulo, com nosso crescimento espiritual deveria vir a maturidade. Nesse trecho da carta, o apóstolo Paulo trata de um problema com alimentos oferecidos aos ídolos, ou seja, alimentos dedicados aos demônios. Para Paulo, um crente maduro e consciente de sua fé, não havia Dia 1 Cosmovisão cristã bíblica Aula 3 21 “Portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo. Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu.” Colossenses 1.20 problema em comer dessa carne. Segundo o comentarista bíblico Russel Champlin, ele: Sentia-se a vontade ao comprar e consumir tais alimentos; e isso porque esses crentes mais maduros não tinham escrúpulos a respeito, sabendo que o ídolo nada é. No entanto, os crentes mais escrupulosos e fracos na fé, por causa de sua conexão com a idolatria, até bem recentemente, se revoltavam contra isso, sentindo que tais alimentos estavam contaminados por costumes satânicos.8 Da mesma maneira, hoje, dentro da igreja de Cristo, existem muitos cristãos novos e antigos que carecem de maturidade espiritual. Sejam eles frequentadores ou líderes, todos precisam amadurecer. Assim como ocorria na igreja primitiva, precisamos ter ciência de que nenhuma ação satânica pode abalar os pés firmados na rocha. Isso significa que se alguém está em Cristo não precisa ter medo de macumba, de superstições, de visitar familiares ou amigos que tenham em suas casas elementos usados pelo mal. Como cristãos maduros, não devemos estar apegados à regra pura e ao método cru, se oramos de sapatos ou não, se nos ajoelhamos ou se temos um cabelo azul. Como Spurgeon9 escreveu: Eu acredito que cada partícula de poeira que dança em um raio de sol não move um átomo a mais ou a menos do que Deus determina; que cada partícula dos espirros de água que batem contra o barco a vapor tem a sua órbita, assim como o sol no céu; que a palha que sai da moenda é dirigida como as estrelas em seus cursos. O rastejar de um pulgão sobre o botão de uma rosa está tão determinado como a Dia 1 Cosmovisão cristã bíblicaAula 3 22 “Portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo. Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu.” Colossenses 1.20 marcha devastadora da pestilência; a queda das folhas secas de um álamo está tão absolutamente determinada como a queda de uma avalanche. Devemos entender que todo o universo se encontra debaixo do domínio e da mão poderosa do Senhor e que tudo está em uma sinfonia harmoniosa de acordo com a vontade e regência de Deus. “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres e não se tornem escravos novamente.” (Galátas 5.1.) Você consegue identificar algo dentro da chamada cultura “secular” que possua traços de inspiração divina? É possível que algo dentro da “esfera secular” seja agradável a Deus? A perspectiva da redenção nos revela que Cristo é o Senhor de todas as esferas. Para refletir Dia: 23 “Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” 1 Coríntios 10.31 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblica Aula 4 Na maravilhosa criação relatada no livro de Gênesis no capítulo 1, versículos 27 e 28, está escrito: “Assim Deus criou os seres humanos; ele os criou parecidos com Deus. Ele os criou homem e mulher e os abençoou, dizendo: —Tenham muitos e muitos filhos; espalhem-se por toda a terra e a dominem. E tenham poder sobre os peixes do mar, sobre as aves que voam no ar e sobre os animais que se arrastam pelochão”. Nesse trecho das Escrituras encontramos o que chamamos de mandato cultural. Deus ordenou à humanidade que cuidasse de sua criação e a expandisse. Ordenou que povoasse a terra e a dominasse. Quando Deus pede para que Adão dê nome aos animais, Ele está pedindo que Adão participe do processo de criação com Ele. O poder e a autoridade sobre a natureza foram concedidos ao homem para que fosse pastor e enriquecedor de todas as coisas criadas. Cuidar da criação e ampliá-la envolve desenvolver ciência e cultura. Não se planta nem se cultiva de qualquer maneira. Para cuidar e prosperar é necessário técnica e estudo. Da mesma maneira, não se expande a espécie humana sem organizar sociedade. Segundo Abraham Kuyper, se não houvesse o pecado, diversas estruturas sociais e filosóficas deixariam de existir, “todavia, teríamos a ciência. Nessa medida, a ciência se encontra na mesma categoria que o casamento e a A força da cultura Base bíblica: Gênesis 1.27-28; 1 Coríntios 10.31 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblicaAula 4 “Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” 1 Coríntios 10.31 24 família, ambos os quais igualmente sofreram deformações monstruosas como resultado do pecado”. 10 Podemos perceber que desde o princípio estava nos planos de Deus que o homem fizesse ciência. A capacidade para criar instrumentos que o ajudassem a cuidar do jardim tem relação direta com o desenvolvimento de tecnologia para atender às expectativas de Deus. Conforme aprendemos a respeito do raciocínio em esferas, a ciência não deve ser vista como inimiga da fé. Pelo contrário. A ciência faz parte do que Deus planejou para Seus filhos. Segundo Darrow Miller, “assim como ideias têm consequências, nossa adoração também. O culto leva à cultura. Esta, por sua vez, determina o tipo de sociedades que iremos construir”.11 Tudo que fizermos como sociedade e o que formos como cultura, deve manifestar nossa fé. Nossas leis, políticas públicas, instituições, formas de governo, entre centenas de outros aspectos, devem refletir Cristo. Questionando a relevância da igreja, Christian Britto aponta: Se hoje nos fossem entregues as chaves da cidade, se como cristãos recebêssemos “passe livre” para oferecer soluções para problemas governamentais e públicos, que diferença faríamos com relação aos não cristãos? Se não aprendermos a pensar a partir da palavra de Deus sobre estas questões certamente não faremos diferença. Segundo Oswald Chambers, “muitos cristãos realmente amam a Deus e querem servi-lo fervorosamente, mas pensam como pagãos, não possuem a mente de Cristo”. Se como igreja quisermos ser relevantes e influenciarmos nossa sociedade, precisamos aprender a língua da ciência.12 25 “Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” 1 Coríntios 10.31 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblica Aula 4 Como cristãos genuínos, além da nossa espiritualidade, devemos nos preocupar com o conhecimento científico sabendo que não se trata de um fim em si mesmo, mas que busca e propõe respostas para os problemas da humanidade, com interesse e responsabilidade. Quando estudamos nossas searas de trabalho, estudamos a criação e nos aproximamos do Criador. “Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios 10.31.) Deus derrama Sua graça sobre os justos e injustos. Ele nos concede o conhecimento necessário, a capacidade criativa e tecnológica para que possamos amenizar as mazelas e o sofrimento de toda a Sua criação. Dia 1 Cosmovisão cristã bíblicaAula 4 “Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” 1 Coríntios 10.31 26 De que maneira a igreja de Cristo pode se espalhar e fazer a diferença fora de suas paredes? Como, na prática, podemos fazer todas as coisas para a glória de Deus? Tudo que fizermos como sociedade e o que formos como cultura, deve manifestar nossa fé em Cristo Jesus, o nosso Senhor. Para refletir Dia: 27 “Os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de vocês são bons, todo o seu corpo fica cheio de luz.” Mateus 6.22 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblica Aula 5 Chegamos ao último dia da semana 01. Alguns afirmam que Leonardo da Vinci disse a famosa frase: “os olhos são a janela da alma”. A Bíblia nos diz algo parecido, afirmando que “os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de vocês são bons, todo o seu corpo fica cheio de luz” (Mateus 6.22). Durante toda esta semana nos dedicamos a entender cosmovisão, a maneira de perceber o mundo. De nada nos será útil apenas entender alguns conceitos, saber outros termos, ouvir a Palavra e não ser praticantes (Tiago 1.22). Se cosmovisão tem a ver com enxergar, precisamos treinar nosso olhar para que ele seja bom. Se nosso olhar for bom, todo nosso interior, e até o exterior, será iluminado e por consequência iluminará. “Porém, se os seus olhos forem maus, o seu corpo ficará cheio de escuridão. Assim, se a luz que está em você virar escuridão, como será terrível essa escuridão!” (Mateus 6.23.) Como pensar biblicamente? Filipenses 4.8 diz: “Por último, meus irmãos, encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente”. O princípio revelado nesse texto nos ensina com o que devemos ocupar nossa mente e que tipo de pensamentos nutrir. Tudo o que tiver sua origem no orgulho, no egoísmo, na murmuração, na sensualidade, na difamação, nos ciúmes, no desejo de poder e nas diversas obras da carne, não deve, sob hipótese alguma, permear o nosso interior. Também não devemos Olhos bons e olhos maus Base bíblica: Mateus 6.22-23; Tiago 1.22; 1 João 3.13; Romanos 12.2; Filipenses 2.13-16; Filipenses 4.8; João 16.33; 1 João 4 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblicaAula 5 “Os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de vocês são bons, todo o seu corpo fica cheio de luz.” Mateus 6.22 28 ser pessoas que não pensam em nada, sempre cheias de vento e falsa paz. Como se diz na sabedoria popular, a mente vazia é a oficina do diabo. O interior de cada cristão deve ser cheio de um pensamento vitorioso e livre. Por mais que passemos por lutas e aflições neste mundo, estamos ancorados na vitória de Cristo sobre o mal e a morte (João 16.33). Em 1 João 3.13 está escrito: “Meus irmãos, não se admirem se o mundo os odeia”. Dentro de nós não há mais espaço para o medo, para a ansiedade e a vergonha. Devemos ser pessoas que sempre veem o que há de melhor no outro e no mundo. Satanás deseja que cada palavra, cada olhar, cada jeito com que fomos ou não fomos tratados coloquem nosso interior em chamas. O diabo deseja que o nosso senso de justiça próprio e a nossa própria cosmovisão ditem as normas. Jesus veio nos trazer a cosmovisão do céu. 1 João 4.8 é direto e claro: “Quem não ama não o conhece, pois Deus é amor”. Da mesma maneira o apóstolo diz: Se alguém diz: ‘Eu amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê” (1 João 4.20). O pensamento bíblico nos faz viver de maneira santa e irrepreensível. Devemos permanecer firmes e inculpáveis em meio a uma geração corrompida. “Pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele. Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo, retendo firmemente a palavra da vida.” (Filipenses 2.13-16.) 29 “Os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de vocês são bons, todo o seu corpo fica cheio de luz.” Mateus 6.22 Dia 1 Cosmovisão cristã bíblica Aula 5 Como podemos passar a pensar biblicamente? Qual a relevânciade aprender a respeito do conceito de cosmovisão cristã bíblica na nossa vida pessoal e no mundo ao nosso redor? Se nossas “lentes” que enxergam o mundo forem boas, todo nosso interior e até o exterior serão iluminados e, por consequência, iluminarão. Para refletir Cultura, princípios e valores Semana 2 “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.” Romanos 12.2 Dia: 33 “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.” Romanos 12.2 Dia 1 Aula 1Cultura, princípios e valores Como vimos na semana anterior, a cosmovisão é um ponto de vista no qual nos posicionamos para compreender a realidade. Quando Cristo entra em nossa vida, o prisma pelo qual entendemos a realidade começa a se alterar e uma nova forma de pensar, agir e ser se instala em nós. No entanto, isso não acontece imediatamente: é um processo. Quanto mais mergulhamos em Cristo, mais os valores que estavam impregnados em nossa mente vão sendo revistos e abandonados. A nova mentalidade em Cristo vai se formando na medida de nosso relacionamento com Ele. Paulo afirma exatamente isso em Filipenses 1.6: “Pois eu estou certo de que Deus, que começou esse bom trabalho na vida de vocês, vai continuá-lo até que ele esteja completo no Dia de Cristo Jesus”. Como isso é possível? A conversão representa voltar nossos olhos para Deus e para tudo o que Ele tem para nós. Isso nos modifica completamente. Como foi quando você se converteu? O que os amigos e parentes começaram a observar, falar e até mesmo criticar? O que aconteceu foi que você mudou. A nova vida em Cristo nos dá um novo olhar sobre tudo ao redor. Para o cristão, é a Palavra de Deus que determina sua maneira de compreender o mundo e não mais a cultura de seu povo. Por meio dos ensinamentos de Jesus, é preciso fazer uma releitura da cultura em que estamos inseridos, pois naturalmente ela influi diretamente no nosso modo de ser e fazer. A cultura brasileira e a cultura do Reino Base bíblica: Romanos 12.2; Tito 2.7-8 “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.” Romanos 12.234 Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 1 Vamos pensar um pouco sobre como a cultura de um povo influi diretamente em seus princípios e valores. A cultura é a marca de um povo. Tudo o que fazemos é reflexo dessa cultura: os gostos, as escolhas, as manifestações artísticas... Quando nascemos, já estamos completamente inseridos na cultura de nossos pais e isso nos direciona por toda a vida. Somos brasileiros e, portanto, a cultura do nosso povo é a nossa também. Uma cultura impregnada de múltiplas influências, pois somos um país formado por povos indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, italianos, japoneses, alemães, entre tantos outros. Essa miscigenação é acentuada em nossa religiosidade, caracterizada pelo sincretismo religioso, uma mistura de crenças oriundas especialmente das religiões indígenas, cristãs e africanas. Se colocarmos o nosso olhar observador um pouco mais longe, poderemos ver que é uma cultura do “tudo pode”, do “viver para o meu prazer” e do “todo caminho leva a Deus”. Kathryn Butler afirma que “hoje em dia, nossa cultura tem maior estima pela realização de desejos individuais do que pelo evangelho da graça”.13 Uma cultura predominantemente hedonista, centrada no “eu” e na busca pelo prazer. Uma cultura globalizada, na qual as mídias sociais influenciam sobremaneira a vida de cada um e nos nivela em nossas crenças e valores. Consequentemente, essa forma de enxergar o mundo nos afeta profundamente, pois é a própria forma de ser e fazer do povo brasileiro. Esse jeito cultural de ser pode nos induzir a flexibilizar os valores e a achar tudo normal: o conceito de família, o aborto, a ideologia de gênero, a pornografia, a pedofilia, a forma de fazer política e tantos outros temas que têm permeado o que vemos e ouvimos, principalmente por meio das mídias sociais. Isso é estar imerso na cultura, tão mergulhado que parece mesmo que tudo é normal, que não há outra forma de compreender e agir 35 “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.” Romanos 12.2 Dia 1 Aula 1Cultura, princípios e valores sobre a realidade. É como a história do sapo que vai se cozinhando aos poucos na água até que morre sem perceber. Como cristãos, precisamos aceitar passivamente preceitos que são contrários a Palavra de Deus? Claro que não! Nossa cosmovisão cristã julga a cultura e a reinterpreta sob o prisma da justiça de Deus. Paulo afirma isso claramente em Romanos 12.2: não podemos nos conformar com o mundo. Portanto, não podemos estar numa forma que não se representa mais naquilo que nos tornamos a partir do momento que temos uma nova vida em Cristo. Por isso, precisamos buscar a cultura do Reino. Que Reino é esse? Aquele que Jesus implantou ao desvestir-se da Sua glória e tornar-se homem para que toda a humanidade fosse salva. Esse Reino possui preceitos bem claros que estão expressos na Sua Palavra. Quer saber como viver de acordo com essa cultura, que deve caracterizar todo cristão? Busque seus fundamentos na Bíblia. A Cultura do Reino então pode ser definida como o conjunto de conhecimentos, artes, crenças, leis, moral e costumes ensinados por Cristo a seus seguidores, exclusivamente através da Bíblia. Diferente da cultura secular, onde qualquer item deste conjunto pode ser sobreposto, substituído por um novo com o passar dos anos e amadurecimento do povo, dentro da Cultura do Reino existem alguns conhecimentos, crenças, leis, moral, hábitos e costumes que são imutáveis. O que Jesus definiu como certo ou errado há mais de 2 mil anos continuará certo ou errado hoje e sempre.14 “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.” Romanos 12.236 Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 1 Como você se percebe e se posiciona estando inserido numa cultura cujos valores são a negação da cultura do Reino? Que atitudes práticas você pode incorporar ao seu dia para fazer diferença, brilhar a luz de Cristo e trazer pessoas de seu relacionamento para perto dele? A Cultura do Reino transforma o meu caráter e as minhas obras. Para refletir Dia: 37 “Jesus respondeu: —‘Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.’ Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo’.” Mateus 22.37-39 Dia 1 Aula 2Cultura, princípios e valores Hoje vamos conversar sobre princípios e valores do Reino de Deus. À primeira vista, pode parecer que são sinônimos. Embora princípios e valores estejam intimamente relacionados, são distintos entre si, pois enquanto os princípios “dão a base para a formação dos valores”15, estes são sua aplicação prática, ou seja, são as “regras individuais que orientam, como bússolas internas as relações, as decisões e as ações”.16 No entanto, são profundamente influenciados pela cultura, pois as decisões individuais são também reflexo de uma mentalidade coletiva, impregnada de princípios que regem nosso grupo social. Um exemplo: o princípio diz que precisamos buscaro bem comum, mas a cultura nos insta a entender o aborto como uma possibilidade e, consequentemente, podemos ter como valor que a mulher pode escolher interromper uma gravidez indesejada, pois, afinal, o corpo é dela. Se pensarmos a partir dos princípios e valores do Reino, vamos buscar o bem comum (princípio), afirmando que na concepção já existe vida e, portanto, o aborto é um ato que não podemos aceitar (valor).17 Um mestre da lei perguntou a Jesus qual era o maior mandamento. Ele respondeu e nos deu a diretriz que deve balizar toda a nossa vida: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22.36-40). Nessa diretriz, encontra-se o fundamento para que possamos viver os princípios e valores do Reino, pois amar de forma incondicional a Deus e as pessoas implica buscar a integridade. Valores e princípios bíblicos na vida do cristão Base bíblica: Mateus 22.35-40; Filipenses 1.9-11 38 “Jesus respondeu: —‘Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.’ Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo’.” Mateus 22.37-39 Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 2 Segundo Jack Welch18, “pessoas com integridade dizem a verdade, mantêm sua palavra, assumem responsabilidade por suas ações, admitem erros e os consertam”. Portanto, integridade é uma condição que deve definir aquele que tem o padrão de Cristo como propósito de vida. E o que significa ser íntegro segundo os padrões do Reino? Ser seguidor de Cristo, ou seja, ser cristão, implica optar por buscar insistentemente a Sua vontade, aplicando de maneira prática os princípios e valores do Reino em nosso cotidiano, nas circunstâncias em que vivemos. Qual a consequência dessa opção? A transformação radical da forma como nos relacionamos com as coisas do mundo e com as pessoas. Você pode dizer que isso é impossível. Realmente, se nos firmarmos em nossa própria força não vamos conseguir, pois somos humanos e falhos. O apóstolo Paulo confessou isso quando disse que não conseguia fazer o bem que ele queria: “Sabemos que a lei é divina; mas eu sou humano e fraco e fui vendido ao pecado para ser seu escravo. Eu não entendo o que faço, pois não faço o que gostaria de fazer. Pelo contrário, faço justamente aquilo que odeio. Se faço o que não quero, isso prova que reconheço que a lei diz o que é certo. E isso mostra que, de fato, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz. Pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo. Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço. Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz. Assim eu sei que o que acontece comigo é isto: quando quero fazer o que é bom, só consigo fazer o que é mau. Dentro de mim eu sei que gosto da lei de Deus. Mas vejo uma lei diferente agindo naquilo que faço, uma lei que luta contra aquela que a minha mente aprova. Ela me torna prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte? Que Deus seja louvado, pois ele fará isso 39 “Jesus respondeu: —‘Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.’ Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo’.” Mateus 22.37-39 Dia 1 Aula 2Cultura, princípios e valores por meio do nosso Senhor Jesus Cristo! Portanto, esta é a minha situação: no meu pensamento eu sirvo à lei de Deus, mas na prática sirvo à lei do pecado.” (Romanos 7.14-25.) Como faremos então? Buscar a graça de Deus diariamente, pois é Ele quem nos direciona e capacita para escolher fazer o certo segundo os Seus padrões. Já temos a dica de Jesus: amar incondicionalmente. O apóstolo Paulo, em Gálatas 5.13, afirma: “porém, vocês, irmãos, foram chamados para serem livres. Mas não deixem que essa liberdade se torne uma desculpa para permitir que a natureza humana domine vocês. Pelo contrário, que o amor faça com que vocês sirvam uns aos outros”. Sim, somos livres para decidir o que podemos fazer, mas não podemos deixar que aquilo que parece ser certo do ponto de vista cultural nos afaste do elevado padrão que a Bíblia, nossa regra de fé e conduta, apresenta. A ordem de Cristo é que não devemos fazer para as pessoas, aquilo que não queremos que elas façam para nós (Mateus 7.12) e até mesmo devemos deixar de fazer qualquer coisa que possa aborrecer nosso próximo (Romanos 14.21). Jesus ainda alerta que tudo o que fizermos para os outros pode voltar para nós mesmos (Mateus 7.1-2). Sendo assim, a Ética Cristã coloca o “outro” antes do “eu”. Já os valores do mundo ensinam que a vontade deve estar em primeiro lugar.19 Um dia, Jesus entrou em sua vida para fazer uma revolução: mudou completamente sua direção e mostrou um novo caminho, bem estreito, íngreme, com vários obstáculos pela frente. Esses percalços forjam diariamente o seu caráter de nova criatura em Cristo e o direciona para também ser revolucionário, questionando a sociedade e os valores culturais pré-estabelecidos. 40 “Jesus respondeu: —‘Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.’ Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo’.” Mateus 22.37-39 Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 2 Você tem buscado ser um referencial do padrão bíblico? Quais as áreas da sua vida que ainda precisam ser revolucionadas? O cidadão do Reino inspira pessoas a buscarem a Deus. Para refletir Dia: 41 “Não sigam os costumes do povo do Egito, onde vocês moravam, nem os costumes do povo de Canaã, a terra para onde eu os estou levando. Não vivam de acordo com as leis desses povos. Pelo contrário, obedeçam às minhas leis e guardem os meus mandamentos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” Levítico 18.3-4 Dia 1 Aula 3Cultura, princípios e valores A Bíblia narra como Israel, embora sendo o povo escolhido por Deus, em diversos momentos abriu mão de sua singularidade. Adoraram outros deuses (Números 25.1,2; 2 Reis 17.7-9), pediram um rei para servir e ser igual às outras nações (1 Samuel 8.19-20), seguiram os costumes de outras culturas (Ezequiel 5.7), revoltaram-se contra Deus (Ezequiel 20.7- 8). Também Jesus encontrou um povo conformado, adaptado à cultura de sua época, hipócrita e legalista. Alguma semelhança com o que vivemos hoje? John Stott20, no prefácio do livro Contracultura Cristã, afirma: Urge que não somente vejamos, mas também sintamos, a grandeza dessa tragédia, pois, na medida em que uma igreja se conforme com o mundo, e as duas comunidades pareçam ser meramente duas versões da mesma coisa, essa igreja está contradizendo a sua verdadeira identidade. Nenhum comentário poderia ser mais prejudicial para o cristão do que as palavras: “Mas você não é diferente das outras pessoas!” Seguir a Cristo com inteireza de coração significa fazer parte de um movimento de contracultura. Um movimento que questiona os padrões pré-estabelecidos e que proclama a volta de Jesus e o arrependimento como fundamentais para o redirecionamento da vida. Um movimento que entende que temos uma missão enquanto vivermos nesta terra: fazer Jesus conhecido de todos os povos. O cristianismo e a contracultura Base bíblica: Levítico 18.3-4 “Não sigam os costumes do povo do Egito, onde vocês moravam, nem os costumes do povo de Canaã, a terra para onde eu os estou levando. Não vivam de acordo com as leis desses povos. Pelo contrário, obedeçam às minhas leis e guardem os meus mandamentos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” Levítico 18.3-442 Dia 1 Cultura, princípiose valoresAula 3 O tema essencial de toda a Bíblia, desde o começo até o fim, é que o propósito histórico de Deus é chamar um povo para si mesmo; que este povo é um povo “santo”, separado do mundo para lhe pertencer e obedecer; e que a sua vocação é permanecer fiel à sua identidade, isto é, ser “santo” ou “diferente” em todo o seu pensamento e em todo o seu comportamento.21 Portanto, viver na contracultura significa abandonar uma atitude alienada, conformista ou passiva. Os bem-aventurados, aqueles que tiveram um encontro genuíno com Jesus e desejam seguir seus mandamentos, entendem que não são do mundo, mas estão no mundo para fazer diferença. E essa diferença significa questionar a cosmovisão secular, apresentando de forma consistente a cosmovisão do Reino. Significa buscar a justiça social, assumindo nossa responsabilidade social cristã em todas as esferas da sociedade. Somos cidadãos do Reino de Deus. Por isso, nosso primeiro objetivo é buscar o Seu Reino e a Sua justiça. A Palavra de Deus nos assegura que todas as demais coisas nos serão acrescentadas (Mateus 6.33). Por isso, fazemos diferente e fazemos diferença por onde passamos. Ao buscar o Reino, enxergamos claramente que precisamos confrontar os valores da cultura que afrontam os princípios de Deus. Assim, os discípulos de Jesus têm de ser diferentes: tanto da igreja nominal, como do mundo secular; tanto dos religiosos, como dos irreligiosos. O Sermão do Monte é o esboço mais completo, em todo o Novo Testamento, da contracultura cristã. Eis aí um sistema de valores cristãos, um padrão ético, uma devoção religiosa, uma atitude para com o dinheiro, uma ambição, um estilo de vida e uma teia de relacionamentos: tudo completamente diferente do mundo que não é cristão. E esta contracultura cristã é a vida do reino de Deus, uma vida humana realmente plena, mas vivida sob o governo divino.22 43 “Não sigam os costumes do povo do Egito, onde vocês moravam, nem os costumes do povo de Canaã, a terra para onde eu os estou levando. Não vivam de acordo com as leis desses povos. Pelo contrário, obedeçam às minhas leis e guardem os meus mandamentos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” Levítico 18.3-4 Dia 1 Aula 3Cultura, princípios e valores Como você pode ser agente da cultura do Reino e fazer diferença nesta terra? Que atitudes práticas demonstram que você pode ser as mãos de Jesus na promoção da justiça social? O cidadão do Reino busca a justiça de Deus. Para refletir Dia:Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 4 “Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.” Mateus 5.16 44 Ontem, vimos que o seguidor de Jesus deve observar os princípios e valores defendidos nas Escrituras: justiça, verdade, obediência, honestidade, lealdade, gratidão. Como cidadãos do Reino, temos uma responsabilidade dada por Deus de fazer diferença nesta terra, exercendo nossa cidadania, composta por direitos e deveres. Isso significa que vivemos uma batalha espiritual, pois nossa luta é contra as forças do mal que estão impregnadas em todas as estruturas sociais. Paschoal Piragine afirma: Quando uma igreja se lança na missão de levar o evangelho a uma cidade, ela não lida apenas com as questões de foro íntimo de cada homem, mas ela se defronta com um mal sistêmico e materializado em instituições de poder, em formas de cultura e comunicação controladas por principados e potestades espirituais. A missão no contexto social é mais do que transmitir virtudes, é confrontar estes poderes malignos instituídos e materializados na cidade. Não somente os sistemas de poder podem estar sob o controle de Satanás, mas também aspectos preponderantes da cultura de um povo, como afirma Paulo em Efésios 2.1-2: “Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência”. Nesta perspectiva, a missão no contexto social é um confronto contra Satanás, que não está somente agindo, ou guerreando com anjos nos lugares celestiais, mas que trava a sua batalha de modo concreto e personificado nas instituições e Cidadania Base bíblica: Mateus 5.13-16 45 “Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.” Mateus 5.16 Dia 1 Cultura, princípios e valores Aula 4 em aspectos da cultura que ditam a maneira de viver e os valores de um povo. Por isso, para Lithincum, a cidade é o principal campo de batalha entre Deus e Satanás. É bom observar que os autores que defendem esta ideia nunca deixam de afirmar que apesar da batalha e da sedução, o homem continua sendo responsável por seus atos e o cenário não é desculpa para as decisões que tomamos diante de Deus e dos homens.23 Em 1974, num congresso em Lausanne, na Suíça, milhares de evangélicos, representando 150 países, se reuniram para pensar estratégias de evangelização do mundo. Nesse encontro foi elaborado o pacto de Lausanne, cujo objetivo era reafirmar o propósito da igreja e unir os cristãos de diferentes denominações no desafio de orar, planejar e trabalhar para fazer Jesus conhecido de todos os povos. O ponto 5 desse documento refere-se à responsabilidade social da igreja.24 Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 4 “Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.” Mateus 5.16 46 o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar, mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta.25 Somos responsáveis pela sociedade que estamos construindo. Existem áreas de influência que permeiam a sociedade, nas quais devemos estar engajados para contribuir e apresentar posicionamentos bíblicos para a resolução dos problemas. Quais são essas áreas? Família, igreja, educação, governo, mídia, artes e entretenimento e negócios. A mudança social só será possível quando líderes dessas diferentes áreas convergirem em unidade de pensamento e propósito. Por isso, é tão importante que tenhamos líderes comprometidos com a visão do Reino, de forma que possam influenciar as políticas que são estabelecidas nas diferentes escalas sociais. Participar de conselhos municipais, associações, comitês, entre outros, garante que os temas abordados também sejam explicitados sob a ótica cristã, pautada estritamente nos princípios bíblicos. Torna-se cada vezmais imprescindível que se forme uma liderança forte, composta por influenciadores maduros que são respeitados e ouvidos nas diferentes instâncias sociais. Todos nós, em nossa área de influência, podemos pautar as ações por aquilo que cremos. Este é nosso grande desafio: apresentar a cosmovisão bíblica ao mundo. Nossa missão de fazer discípulos extrapola os muros da igreja e nos direciona a ir para o mundo com uma mensagem de esperança. Como fazer isso? Encontre em sua comunidade áreas nas quais você possa contribuir de forma efetiva: associações de bairro, conselhos comunitários, conselhos escolares, conselhos municipais, câmara municipal, entre outros. Além disso, precisamos também estar preparados como profissionais, buscar agir 47 “Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.” Mateus 5.16 Dia 1 Cultura, princípios e valores Aula 4 com excelência e ser agentes de transformação onde Deus nos colocou. Como igreja de Jesus, queremos formar líderes influenciadores que possam ocupar todos os espaços em todas as esferas da nossa sociedade. Prepare-se para liderar participando dos cursos e outras formas de capacitação desenvolvidos pela área Ministerial de Educação Cristã da PIB Curitiba. Qual sua área de influência? Como você tem usado os recursos (profissão, recursos materiais, dons e talentos) que Deus lhe deu para influenciar pessoas? Somos responsáveis por impactar o contexto social com os valores do Reino. Para refletir Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 4 “Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.” Mateus 5.16 48 Para saber mais Como alcançar as 7 áreas de influência? Loren Cunningham apresenta alguns exemplos de como podemos ser influenciadores. Leia, refletindo sobre como você pode ser um deles. Alcançando as 7 áreas de influência. • Família Discipule sua família, buscando um relacionamento intenso com Deus e educado por meio dos princípios bíblicos. • Religião Jesus ordenou aos Seus discípulos que discipulassem as nações. Fazemos isso saindo pelo mundo. Igreja é o lugar onde nos alimentamos para que possamos levar o reino de Deus por toda a terra. • Educação A próxima geração é influenciada diariamente em nossas escolas e universidades. Cristãos devem se envolver escrevendo currículos, ensinando, administrando e participando em associações de pais e mestres e como membros de conselhos escolares. • Artes (celebração, entretenimento, esportes e cultura) Deus é o criador das artes. Qualquer território que abandonamos, Satanás preenche. Nós devemos recapturar para Jesus cada forma de entretenimento, buscando-o para darmos formas criativas de mostrar ao mundo o autor do drama, espetáculo, beleza, cor, vida, emoção e alegria. 49 “Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.” Mateus 5.16 Dia 1 Cultura, princípios e valores Aula 4 • Mídia A mídia possui um papel crucial no modelar da sociedade. Precisamos de cristãos para trazer a verdade para essa esfera. • Governo Deus levantou líderes piedosos no Egito antigo e na Babilônia, e Ele pode fazer o mesmo hoje. Precisamos de cristãos preparados para servir em todas as esferas de governo. É preciso dizer que eles terão de enfrentar uma cova de leões moderna. Deus usará isso para purificá-los e edificar seu caráter, produzindo líderes servos. • Economia Jesus sabia que é difícil servir a Deus quando somos abençoados materialmente. Mas Deus quer que seu povo seja bem-sucedido no mundo dos negócios e use seus recursos para propagar a mensagem de Cristo. O problema não é o dinheiro, mas se este é mais importante para nós do que Deus (veja Lucas 18.18-25). Deus nos testará nisso, e poderá pedir para darmos tudo o que temos. De igual modo, precisamos de cristãos chamados à ciência e à tecnologia como seus campos missionários. Nunca como hoje uma sociedade pode fazer tantos milagres tecnológicos e mesmo assim estar tão incerta de suas amarras morais. Há dois reinos – luz e trevas – e eles estão em guerra. Precisamos vencer para o reino da luz e o fazemos à medida que nos movemos para dentro de cada uma dessas sete áreas de influência no espírito oposto ao que Satanás está Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 4 “Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.” Mateus 5.16 50 trabalhando. Onde ele espalha ódio, nós devemos mostrar amor; onde a ganância prevalece, devemos dar mais do que qualquer outro. Onde a intolerância está ganhando, devemos mostrar lealdade e perdão. Precisamos orar: venha a nós o Teu reino, seja feita a Tua vontade em qualquer que seja a área de influência para qual Deus nos chamou. À medida que discipularmos as nações, ouvindo o Mestre e obedecendo, Ele nos usará para dar ao mundo sistemas econômicos piedosos, formas de governo baseadas na Bíblia, a educação ancorada na Palavra de Deus, famílias que tenham Jesus como cabeça, entretenimento que mostra Deus em sua variedade e animação, mídia baseada em comunicar a verdade em amor, e igrejas que enviam missionários para todas as áreas da sociedade. Dessa forma, veremos a grande comissão sendo completada e milhões entrando no Reino de Deus. Adaptado de: https://jocum.org.br/as-7-areas-de-influencia/ Dia: 51 “Daniel resolveu que não iria ficar impuro por comer a comida e beber o vinho que o rei dava; por isso, foi pedir a Aspenaz que o ajudasse a cumprir o que havia resolvido.” Daniel 1.8 Dia 1 Cultura, princípios e valores Aula 5 Várias questões foram levantadas nesta semana, incentivando a que nos enxerguemos como cidadãos do Reino, com responsabilidade de fazer diferença nesta terra em todas as áreas de influência nas quais estamos inseridos. Qual o objetivo principal de tudo isso? Trazer Cristo para perto das pessoas, ensiná-las a adorar o Deus verdadeiro e a construir sua vida alicerçadas nas promessas e no ensino da Palavra de Deus. Vejamos, ainda, o que diz o Pacto de Lausanne sobre isso, quando se refere à evangelização e à cultura26: O desenvolvimento de estratégias para a evangelização mundial requer metodologia nova e criativa. Com a bênção de Deus, o resultado será o surgimento de igrejas profundamente enraizadas em Cristo e estreitamente relacionadas com a cultura local. A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele experimentou a queda, toda a sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas. As missões, muitas vezes, têm exportado, juntamente com o evangelho, uma cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras. Os evangelistas de Cristo têm de, humildemente, procurar esvaziar-se de tudo, exceto de sua Aculturamento: conceito Base bíblica: Daniel 1.8 e 1 Pedro 1.16 Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 5 “Daniel resolveu que não iria ficar impuro por comer a comida e beber o vinho que o rei dava; por isso, foi pedir a Aspenaz que o ajudasse a cumprir o que havia resolvido.” Daniel 1.8 52 autenticidade pessoal, a fim de se tornarem servos dos outros, e as igrejas têm de procurar transformar e enriquecer a cultura; tudo para a glória de Deus. Precisamos estar atentos para que, efetivamente, não fiquemos submissos aos ditames da nossa cultura. Que estratégias podem ajudar para que estejamos atentos para cumprir nossa missão parao Reino de Deus? Como ser um discipulador que está atento às mudanças do seu tempo, mas consegue manter-se firme nos princípios da Palavra de Deus? Já não é mais possível crer que a única missão da igreja é salvar o pobre pecador perdido. Antes de tudo, a igreja existe para glorificar a Deus, pois não fomos criados para a queda, mas para a Sua glória. É a missão da igreja para com Deus. Com a contingência da entrada do pecado no mundo, Deus proveu a nossa restauração através de seu filho. Assim, é acrescida à missão da igreja uma preocupação com o mundo: proclamação do evangelho aos pecadores perdidos. É a missão da Igreja para com o mundo. Mas a igreja deve prover meios para a manutenção espiritual do cristão, para que ele consiga viver para a glória de Deus. É a missão da igreja consigo mesma. À visão integral da missão da igreja temos de acrescentar a sua tarefa de socorrer o pobre e necessitado, seja cristão ou não. É a responsabilidade social da igreja. Como cristãos, devemos ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16).27 Nossa igreja tem uma estratégia que chamamos de Movimento Discipular. Por meio dessa ação, você pode ser um influenciador de vidas, exercitando o BOM: Bíblia, Oração e Missão.28 O Movimento Discipular tem a missão de proclamar o evangelho e levar cada crente à maturidade cristã, pelo poder do Espírito Santo, no amor de Cristo para a glória de Deus, por meio da Bíblia, da oração e do engajamento na missão de Jesus Cristo. Nossa visão é inspirar e capacitar cada cristão a ser um discípulo que multiplica discípulo. Cinco valores embasam esse 53 “Daniel resolveu que não iria ficar impuro por comer a comida e beber o vinho que o rei dava; por isso, foi pedir a Aspenaz que o ajudasse a cumprir o que havia resolvido.” Daniel 1.8 Dia 1 Cultura, princípios e valores Aula 5 movimento: intimidade com Deus, relacionamentos transformadores, intencionalidade no ensino, discipulado integral, imitar Jesus. Ser como Jesus e fazer o que ele fazia.29 Essa estratégia está ligada à missão da igreja: ter um relacionamento intenso com Deus, amar e servir ao próximo e fazer Jesus conhecido de todos os povos, no poder do Espírito Santo. Para estar firme, é preciso fazer parte de uma comunidade. Pesquisas mostram que quem está inserido em um grupo tem mais probabilidade de manter-se fiel. Somos relacionais e precisamos uns dos outros. Por isso, não deixe de envolver-se nas células, de ser voluntário em algum ministério e de participar das celebrações da igreja. Seu engajamento o ajudará a manter-se fiel e não se deixar corromper por valores contrários à Palavra de Deus. “O que eu peço a Deus é que o amor de vocês cresça cada vez mais e que tenham sabedoria e um entendimento completo, a fim de que saibam escolher o melhor. Assim, no dia da vinda de Cristo, vocês estarão livres de toda impureza e de qualquer culpa. A vida de vocês estará cheia das boas qualidades que só Jesus Cristo pode produzir, para a glória e o louvor de Deus.” (Filipenses 1.9-11.) Dia 1 Cultura, princípios e valoresAula 5 “Daniel resolveu que não iria ficar impuro por comer a comida e beber o vinho que o rei dava; por isso, foi pedir a Aspenaz que o ajudasse a cumprir o que havia resolvido.” Daniel 1.8 54 Que conclusões você tira do estudo desta semana? Como você pode manter-se firme nos seus princípios e valores? Que atitudes práticas você pode fazer para ser um influenciador cristão? Devemos viver de maneira correta e buscar agir conforme aquilo que o Senhor espera de nós. Para refletir Identidade Semana 3 “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.” Romanos 8.16 Dia: 57 “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.” Romanos 8.16 Dia 1 Aula 1Identidade A cosmovisão cristã é a lente pela qual vemos o mundo, mas ela também determina a forma como enxergamos a nós mesmos. Durante esta semana, iremos explorar o tema “Identidade” para poder compreender, de fato, quem o Senhor nos criou para ser. Ao longo da sua vida, você será definido de várias formas diferentes. Cada pessoa com quem você tiver contato o identificará por um aspecto distinto, e são vários os títulos que recairão sobre você. Seus pais o chamarão de filho, seu chefe de empregado e alguns outros de amigo. Haverá também aqueles que o encorajarão a encontrar em si mesmo, baseado na sua história, nas suas características e nos seus desejos, a sua melhor definição. Mas, em meio a tantas possibilidades, como encontrar a sua verdadeira identidade? Durante a história, muitas pessoas tentaram responder a essa pergunta. Apocalipse fala sobre uma igreja que havia tentado firmar sua identidade nas coisas terrenas. Essa era a igreja de Laodiceia, que dizia: “Somos ricos, estamos bem de vida e temos tudo o que precisamos” (Apocalipse 3.17). A cidade de Laodiceia como um todo se orgulhava por não depender financeiramente do tesouro imperial30. Eles tinham muito mais riquezas do que as cidades ao seu redor, e sua sensação de autossuficiência no aspecto financeiro se estendeu também para o aspecto emocional e espiritual de suas vidas. Ao olhar para si mesmos, se encontraram completos, Quem sou eu? Base bíblica: 1 Pedro 2.9; Romanos 8.16 “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.” Romanos 8.16 58 Dia 1 IdentidadeAula 1 e pensavam não precisar de mais nada. Porém, Deus via algo muito diferente. Sobre os cristãos de Laodiceia, Ele disse: “Vocês não sabem que são miseráveis, infelizes, pobres, nus e cegos” (Apocalipse 3.17). Quando comparamos a visão dos cristãos de Laodiceia acerca de si mesmos com a forma como Deus os via, é fácil notar que eles estavam cegos. Eles pensavam estar bem, mas Deus via neles miséria. Aquela igreja não foi capaz de encontrar sua verdadeira identidade, pois tentou firmá-la no ouro e na prata, nas riquezas passageiras e terrenas. Na Bíblia, vemos também aqueles que tentaram encontrar sua identidade não nas coisas do mundo, mas em si mesmos. Um deles foi Salomão, que, apesar de ter recebido de Deus sabedoria maior do que a de qualquer outro homem, se perdeu ao procurar em seu próprio espírito as respostas para suas perguntas. No livro de Eclesiastes, ele escreveu: “E pensei assim: ‘Eu me tornei um grande homem, muito mais sábio do que todos os que governaram Jerusalém antes de mim. Eu realmente sei o que é a sabedoria e o que é o conhecimento.’ Assim, procurei descobrir o que é o conhecimento e a sabedoria, o que é a tolice e a falta de juízo. Mas descobri que isso é o mesmo que correr atrás do vento. Quanto mais sábia é uma pessoa, mais aborrecimentos ela tem; e, quanto mais sabe, mais sofre.” (Eclesiastes 1.16-18.) Salomão foi um dos maiores reis de Israel, mas não foi capaz de responder às perguntas mais elementares sobre seu próprio propósito e existência. Convencido de sua própria sabedoria, concluiu que tudo o que havia debaixo do céu era inútil, e se perdeu nos seus próprios pensamentos. Buscou em si mesmo as respostas para seus questionamentos e não chegou a lugar algum. Assim, fica claro que a nossa identidade também não pode ser encontrada em nós mesmos. Onde, então, poderemos descobrir quem realmente somos? 59 “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.” Romanos 8.16 Dia 1 Aula 1Identidade “O Espírito de Deus se une ao nosso espírito para afirmar que somos filhos de Deus.” (Romanos 8.16.) De todas as designações que podemos receber, esta é a que mais tem valor: somos filhos de Deus. É aí que está a perfeita manifestação de quem você foi criado para ser: um filho amado que se relaciona intimamente com seu Pai. Fomos criados à imagem e semelhança dEle (Gênesis 1.27), e fomos escolhidos por Ele para fazer parte do seu povo (1 Pedro 2.9). Ele nos adotou e nos deu novos propósitos, novas direções e, principalmente, nova vida. A partir disso, recebemos nossa verdadeira identidade, quenão está no mundo, tampouco em nós mesmos — ela está nEle. Que durante esta semana você possa mergulhar nessa verdade e se surpreender com a beleza do plano de Deus para cada um de nós. “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.” Romanos 8.16 60 Dia 1 IdentidadeAula 1 Quais são os aspectos e áreas da sua vida nos quais você costuma firmar sua identidade? Se sua identidade estivesse completamente firmada em Deus, o que mudaria? Quem eu sou está no Eu Sou. Para refletir Dia: 61 “Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, escrevo esta carta. Deus me chamou e me separou para ser seu apóstolo, a fim de que eu anuncie a boa notícia do evangelho de Deus.” Romanos 1.1 Dia 1 Identidade Aula 2 Quando alguém decide entregar sua vida para Jesus, muitas coisas mudam. O modo de falar, a forma de se vestir, as pessoas com que se relacionar — tudo é impactado por essa decisão. Mas, se a mudança se restringir às características externas, ela será muito rasa. Se existe algo que de fato precisa mudar, é a compreensão de si. Ontem, falamos sobre como nossa identidade não pode se firmar nas coisas terrenas ou no nosso próprio coração, e hoje iremos nos aprofundar nesse tema para compreendermos melhor quem é Aquele que firma e sustenta nossa identidade. Mesmo antes de sua conversão, o apóstolo Paulo já era um homem muito influente. Nas suas próprias palavras: “Fui circuncidado quando tinha oito dias de vida. Sou israelita de nascimento, da tribo de Benjamim, de sangue hebreu. Quanto à prática da lei, eu era fariseu. E era tão fanático, que persegui a Igreja. Quanto ao cumprimento da vontade de Deus por meio da obediência à lei, ninguém podia me acusar de nada.” (Filipenses 3.5-6.) O currículo de Paulo era ótimo, e ele com certeza tinha muito do que se vangloriar. Cidadão romano por nascimento, ele tinha privilégios especiais e era visto como alguém relevante na sociedade. Sendo um fariseu, ele era um homem considerado irrepreensível perante os judeus. Mas, a partir do seu encontro com Jesus, tudo isso caiu por terra. Depois de encontrar seu Salvador, Paulo ficou cego, mas foi esse o evento que fez com que ele enxergasse o mundo e a si mesmo de uma forma Quem me define? Base bíblica: Romanos 1.1 Dia 1 IdentidadeAula 2 “Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, escrevo esta carta. Deus me chamou e me separou para ser seu apóstolo, a fim de que eu anuncie a boa notícia do evangelho de Deus.” Romanos 1.1 62 completamente diferente. Nas suas epístolas, Paulo se apresentou como apóstolo chamado pela vontade de Deus (1 Coríntios 1.1), enviado para anunciar vida (2 Timóteo 1.1) e escravo de Cristo (Romanos 1.1). Ele tinha muito para falar sobre o seu próprio mérito, mas ainda assim decidiu se identificar usando aquilo que Deus dizia dEle. Paulo compreendeu que todas as suas antigas designações não tinham mais valor, quando comparadas ao entendimento de quem ele era em Deus. Ser fariseu ou cidadão romano se tornou muito menos importante do que ser escravo de Cristo. A sua trajetória de vida e suas “credenciais” civis e religiosas eram invejadas por muitas pessoas de sua época, mas ele entendeu que sua única fonte verdadeira de valor era Deus. Da mesma forma, todos nós podemos nos enxergar sob perspectivas diferentes. Há aqueles que, ao olharem para si mesmos, veem apenas o seu pecado. Essa visão vem permeada do sentimento de culpa e de impureza, e nos afasta mais do que nos aproxima de Deus. A Bíblia nos exorta a lutar diariamente contra o pecado, mas não a nos definir por ele — Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres (Gálatas 5.1). Sob outra perspectiva, também não é bíblico apoiar sua autoimagem em uma santidade “conquistada” ou em realizações ministeriais. É impossível gerar dentro de si uma justiça perfeitamente aceitável a Deus, uma vez que “todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus” (Romanos 3.23). Os mestres da lei estavam completamente atentos aos registros de Moisés, mas se encontravam afastados de Deus a ponto de não serem capazes de reconhecer o Messias mesmo ao conversarem com Ele (Marcos 3.22). Enxergar-se a partir do pecado não é a solução, mas viver a partir de uma autojustificação também não é. Deus é a rocha perfeita na qual nossa autoestima deve estar fundada. Através da sua Palavra, o Senhor deixa claro que não somos filhos perfeitos, mas Dia 1 Identidade Aula 2 63 “Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, escrevo esta carta. Deus me chamou e me separou para ser seu apóstolo, a fim de que eu anuncie a boa notícia do evangelho de Deus.” Romanos 1.1 ainda assim Ele nos ama e nos quer para si. Através da renovação da mente (Romanos 12.2), podemos chegar cada vez mais perto de quem Ele nos criou para ser, e do propósito que Ele havia dado a cada um de Seus filhos mesmo antes da criação do mundo. Uma identidade fundada no Deus imutável é inabalável, e foi essa a fundação que levou Paulo a evangelizar milhares de pessoas. Que, assim como Paulo, você escolha se apresentar com base naquilo que Deus diz sobre você, não nas suas conquistas e méritos terrenos. Somos pecadores, mas também somos filhos e fomos chamados viver a partir da visão que nosso Pai tem de nós. Dia 1 IdentidadeAula 2 “Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, escrevo esta carta. Deus me chamou e me separou para ser seu apóstolo, a fim de que eu anuncie a boa notícia do evangelho de Deus.” Romanos 1.1 64 Qual é a importância de ter uma identidade firmada em Deus? Como seu engajamento em uma igreja local pode facilitar o processo de compreensão da identidade dada por Deus para você? Uma identidade fundada no Deus imutável é inabalável. Para refletir Dia: 65 “Todos eles são o meu próprio povo; eu os criei e lhes dei vida a fim de que mostrem a minha grandeza.” Isaías 43.7 Dia 1 Identidade Aula 3 Parte do processo de compreender sua verdadeira identidade é compreender o seu propósito. Essa questão levanta muitos questionamentos, e muitas vezes eles são deixados sem resposta. Por que Deus criou a humanidade? O que devo fazer com a minha vida? Qual é a minha missão? Felizmente, todas essas perguntas são respondidas na Palavra de Deus. Antes da criação do mundo, Deus já era completo e autossuficiente. Ele nunca precisou da humanidade, mas, em todo Seu poder, desejou criá-la. Ele já era adorado incessantemente pelos anjos, mas, como uma expansão do Seu amor, decidiu criar o homem e a mulher. Criou também todo o universo, e a sua grandeza é percebida nas Suas obras: “Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, isto é, o seu poder eterno e a sua natureza divina, têm sido vistas claramente. Os seres humanos podem ver tudo isso nas coisas que Deus tem feito e, portanto, eles não têm desculpa nenhuma.” (Romanos 1.20.) O mundo, e tudo que nele há, foi criado para anunciar a grandeza de Deus. O Sol e as estrelas, a terra e o oceano, as flores e os animais, tudo foi criado por Ele e para Ele. Mas a criação só foi completa depois que Deus formou Adão e Eva. Eles também foram criados especialmente para engrandecer o nome de Deus, mas de forma ainda mais singular: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1.26). Para que fui criado? Base bíblica: Isaías 43.7; Gênesis 1.26 Dia 1 IdentidadeAula 3 “Todos eles são o meu próprio povo; eu os criei e lhes dei vida a fim de que mostrem a minha grandeza.” Isaías 43.7 66 Adão e Eva foram criados de forma distinta, com uma característica especial: eles (e depois, toda sua descendência) eram semelhantes a Deus. Deus já se manifestava nas coisas criadas, mas apenas o homem e a mulher foram feitos à sua imagem. E qual é a função de uma imagem, senão apontar para o original? Adão e Eva, nas suas singularidades masculinas e femininas, revelavam as características de Deus e refletiam a Sua natureza, ainda que de forma defasada. A importância de voltarmos ao relato da criação
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