Prévia do material em texto
Embriologia II – Teratologia Conceitos gerais • Herança genética • Meio intrauterino • Meio ambiente ➔ Resultam em um desenvolvimento anormal ou normal Teratologia: estudo das malformações congênitas, suas manifestações e incidência e os mecanismos do desenvolvimento pré-natal anormal Teratógeno: qualquer agente capaz de produzir malformações ou aumentar a incidência de uma malformação na população (por exemplo: remédio, álcool) Defeitos congênitos ou malformação congênita: Todo defeito na constituição de algum órgão ou conjunto de órgãos que determine uma anomalia morfológica estrutural presente no nascimento Tipos: • Estruturais • Funcionais • Metabólicos • Comportamentais • Hereditários Histórico Em 1940, começamos a interpretação de fatores hereditários e veio um agente ambiental, o vírus da Rubéola. Possíveis fatores da rubéola congênita: Aborto ou graves malformações fetais como: surdez, microcefalia, meningoencefalite, púrpura, alterações nos olhos como cegueira, catarata, microftalmi e glaucoma, retardo mental, anemia hemolítica, problemas no fígado como fibrose e transformação de células gigantes hepáticas Na década de 1950, começou o problema com a talidomida • Talidomida - Os médicos prescreviam com muita frequência e foi a época que mais nasceu crianças com má formação - Sedativo e antiemético - Causa mal formações severas de membros - Causada porque o nosso corpo não absorve dextrogiro • Talidomida hoje - Medicamento registrado pela ANVISA, de uso controlado e de obtenção extremamente burocrática. Não é comercializada em farmácias e só está disponível para pacientes da rede pública. - Usada atualmente no tratamento de: • Mieloma múltiplo (câncer de um tipo de células da medula óssea chamadas de plasmócitos, responsáveis pela produção de anticorpos que combatem vírus e bactérias. Nesse caso, os plasmócitos são anormais e se multiplicam rapidamente, comprometendo a produção das outras células do sangue) • Hanseníase (alteração, diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular) • AIDS • Lúpus (é uma doença autoimune, ou seja, que ocorre quando o sistema imunológico do seu corpo ataca seus próprios tecidos e órgãos) Etiologia Principais causas dos defeitos congênitos: • Fatores genéticos: anormalidade cromossômicas • Fatores ambientais: fármacos, drogas, vírus • Herança multifatorial: fatores genéticos e ambientais em conjunto Fatores genéticos Numericamente, constituem as causas mais importantes de defeitos congênitos ➢ Anomalias cromossômicas: (quando você ganha um cromossomo a mais, ou perde, ou até mesmo perde um pedaço da cromátide etc) - Numéricas - Estruturais ➢ Genes mutantes (mutação) Anormalidades cromossômicas NUMÉRICAS (o erro é ocasionado na meiose) • Não disjunção → ocorrem durante a formação dos gametas na meiose I ou II. A não disjunção consiste em um erro na divisão celular, que faz com que uma célula fique com excesso ou falta de cromossomos - Gametogênese materna - Gametogênese paterna Exemplos de anomalias cromossômicas numéricas: • Síndrome de down • Síndrome de Edwards • Síndrome de patau • Síndrome de klinefelter • Síndrome de turner Anormalidades cromossômicas ESTRUTURAIS • Translocação - Transferência de um pedaço de um cromossomo para um outro cromossomo não homólogo • Delação - Quando um cromossomo é rompido e parte dele é perdida Exemplos de anomalias cromossômicas estruturais • Síndrome Cri du Chat “miado de gato” - Deleção braço curto cromossomo 5 → Grito semelhante a um miado, deficiência mental grave, defeitos no coração e microcefalia Genes mutantes • Uma mutação, geralmente envolvendo perda ou alteração de função de um gene, é qualquer alteração permanente e capaz de ser herdada na sequência do DNA genômico Exemplo de anomalias causadas por Genes mutantes: • Acondroplasia (Nanismo) - Mutação de G para A do gene FGFR3 (gene que codifica um receptor celular que tem função primordial no controle da maturação da cartilagem óssea) - Mutações neste gene resultam em função anômala do receptor por ele codificado. A consequência clínica é a formação de ossos mais curtos e de formato anômalo - Apresentam 50% de chance, em cada gestação, de apresentarem filho/a com a mesma condição - 80% das ocorrências NÃO é herdada de nenhum dos genitores e ocorre de maneira isolada na família - O risco de casal sem acondroplasia ter uma segunda criança com a condição é baixo Fatores ambientais Muitos agentes ambientais (teratógenos) podem causar alterações do desenvolvimento após a exposição materna a eles • Biológicos • Físicos • Químicos Estágio de desenvolvimento • A suscetibilidade a um teratógeno varia com a fase do desenvolvimento no momento da exposição e a fase mais vulnerável é no momento organogênico (4º a 8º semana e no final desse período, o embrião terá aspecto humano) Biológicos • Vírus da rubéola • Toxoplasmose • Citomegalovírus • Vírus da herpes simples • HIV • Varicela • Sífilis Toxoplasmose • Parasita: toxiplasma gondii (protozoário) - Ingestão de carne crua (porco) - Contatos com animais domésticos (gatos) e solo - Deficiência mental - Microftalmia - Microcefalia - Hidrocefalia - Catarata congênita Físicos • Radiação • Mudanças bruscas de temperatura • Campos eletromagnéticos • Ondas ultra-som • Exercícios físicos Exemplo de fatores físicos: - Mudanças bruscas de temperatura. Febre > 40º por mais de 1 dia em torno de 50º dia de gestação Químicos • Medicamentos • Agrotóxicos • Contaminantes ambientais • Aditivos alimentares • Drogas de abuso Teratógenos humanos Nicotina • Parto prematuro • RCIU (restrição de crescimento intrauterino) • Deficiências cardíacas Álcool • RCIU • Retardo mental • Microcefalia • Anomalias oculares Andrógenos e progestógenos • Alteração no trato genital • Diminuição na fertilidade na vida adulta Estrógenos ambientais • Alterações na fertilidade • Câncer testicular, hipospadia Vitamina A • Aborto espontâneo • Deficiências no tubo neural • Anomalias cardiovasculares Anticonvulsionante • RCIU • Retardo mental • Microcefalia • Hipoplasia das falanges Cocaína • Aborto espontâneo • Parto prematuro • RCIU • Distúrbios comportamentais Maconha • Baixa estatura • Distúrbios neurocomportamentais - Distúrbios no sono - Aumento na agressividade Correlação clínica Terato gêneses ligadas à gastrulação O começo da terceira semana do desenvolvimento, quando a gastrulação começa, é um estágio extremamente sensível a agravos teratogênicos Nesse período, mapas de destino podem ser feitos para vários sistemas orgânicos, como os olhos e o primórdio do cérebro, e essas populações celulares podem ser danificadas por teratógenos • Holoprosencefalia - Altas doses de etanol nesse estágio matam células na linha média anterior do disco germinativo, provocando deficiência na linha média das estruturas craniofaciais, e o resultado é a holoprosencefalia. Nessas crianças, o prosencéfalo é pequeno, os dois ventrículos laterais frequentemente se fusionam em um ventrículo, e os olhos são próximos (hipotelorismo). Como esse estágio é alcançado duas semanas após a fertilização, a mulher pode não perceber a gravidez, presumindo que a menstruação esteja atrasada e que começará em breve. Consequentemente, não toma as precauções que tomaria normalmente se soubesse da gravidez. • Sineromalia - A própria gastrulação pode ser comprometida por anomalias genéticas e por agravos tóxicos. Na disgenesia caudal (sirenomelia),o mesoderma que se forma na região mais caudal do embrião é insuficiente. Como esse mesoderma contribui para a formação dos membros inferiores, do sistema urogenital (mesoderma intermediário) e das vértebras lombossacrais, ocorrem anomalias nessas estruturas. Os indivíduos afetados exibem uma gama variável de defeitos, incluindo hipoplasia e fusão dos membros inferiores, anomalias vertebrais, agenesia renal, ânus imperfurado e anomalias nos órgãos genitais. Em seres humanos, essa condição está associada a diabetes materno e a outras causas. Em camundongos, anomalias nos genes BRACHYURY (T), WNT e ENGRAILED produzem um fenótipo semelhante. • Teratoma sacrococcígeo - Algumas vezes, remanescentes da linha primitiva persistem na região sacrococcígea. Esses grupos de células pluripotentes proliferam e formam tumores conhecidos como teratomas sacrococcígeos, que comumente têm tecidos derivados das três camadas germinativas. Esse é o tumor mais comum em recém-nascidos, ocorrendo com uma frequência de 1 em 37 mil. Os teratomas também podem surgir de células germinativas primordiais que não conseguem migrar para a crista gonadal.