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Gestão de Suprimentos e Logística Administração dos suprimentos e a gestão de estoques Objetivos A gestão dos recursos materiais e patrimoniais, ou, mais modernamente, a gestão de suprimentos, apresenta grandes desafios para as organizações, pois é responsável pela gestão de estoques, que, em certos instantes, podem ser estratégicos e, em outros, podem se tornar uma carga para as finanças da empresa. O objetivo é o de otimizar o investimento em estoques, aumentando o uso eficiente dos meios internos da empresa, minimizando as necessidades de capital investido em estoque. Portanto, pretendemos mostrar que a administração de suprimentos deve conciliar da melhor maneira os objetivos de compras, produção, vendas e finanças, sem prejudicar a operacionalidade da empresa Administração dos recursos A administração de materiais é uma antiga atividade, realizada nas empresas desde os primórdios da administração. Cresceu muito a partir do entendimento de que a logística ultrapassou as fronteiras das empresas, buscando a eficácia, ou seja, atender às necessidades e expectativas dos clientes. No formato mais conhecido, a administração de materiais procura conciliar a necessidade de suprimentos com a otimização dos recursos financeiros e operacionais da empresa. Observando-se a cadeia de suprimentos das empresas, vemos que a mesma começa no fornecedor das matéria-primas, passando pelo fluxo de transformação dessa mesma matéria-prima, chegando finalmente à ponta de consumo, com os clientes finais. Pode-se imaginar então que, uma vez bem otimizados os investimentos em estoques, e a partir de então bem administra-los, tanto em termos de negociações e estratégias de aquisição quanto em termos de dimensionamento dos estoques e projeto de sistemas de distribuição resultará em uma significativa redução dos níveis de estoques, com elevados ganhos para as empresas. O objetivo deve ser o da maximização do lucro sobre o que foi investido em recursos de transformação e recursos a serem transformados, ao mesmo tempo que garante a eficácia (atende às necessidades dos clientes) Cadeia de Logística Exemplo: A distribuição de produtos Nestlé pelo Brasil envolve muita estratégia e tecnologia. Conheça este processo que começa na fabricação e termina nos pontos de venda. Cadeia de suprimentos, em inglês supply chain, consiste no conjunto de atividades que compõem os processos para adquirir materiais e agregar-lhes valor, de acordo com as necessidades dos clientes, no que tange a volume, qualidade e prazo. Os administradores têm, a respeito dos estoques, atitudes diversas, uma vez que os recursos a serem transformados (materiais principalmente) ou bens produzidos, quando estocados, exigem um grande investimento de capital, além de existir o risco de atingir a “vida” ou o tempo de validade do produto, ou uma coleção que sobra ao término de uma estação climática, e precisando de armazéns adequados e controlados para evitar perdas. Por outro lado, determinadas operações não podem existir sem os estoques, que permitem a sobrevivência em ambientes complicados e mutantes. Assim sendo, devem-se entender os estoques como um elemento fundamental para equilibrar a relação entre capacidade de fornecimento e demanda, uma vez que fornecimento e demanda não ocorrem, certamente, conforme o desejo dos administradores. A administração de suprimentos pode ser abordada sob três óticas igualmente importantes: • gestão de compras: tem como meta garantir a disponibilidade dos recursos a serem transformados (materiais) e dos recursos de transformação (ferramentas, óleos lubrificantes etc. dentro de instalações), para todas as áreas da organização. Tem a responsabilidade de desenvolver fornecedores que atendam aos requisitos de qualidade e às especificações exigidas pela empresa, dentro do tempo exigido para entrega, e com capacidade de repetição; • gestão de estoques: área muito importante por gerir (gerenciar) a garantia da disponibilidade dos itens necessários no processo produtivo, cuidando para que nada falte, o que gera paradas de máquinas, fazendo com que sejam atendidas as necessidades dos clientes, garantindo a eficácia; • gestão da distribuição: antigamente, os centros de distribuição eram simplesmente denominados de estoque. Hoje, perante a necessidade cada vez maior de otimização dos tempos (cada instante perdido em espera é prejuízo), a atividade de gestão da distribuição adquire uma enorme importância, uma vez que tem a responsabilidade pelo recebimento, pela guarda e pela distribuição dos itens comprados, entregando internamente as quantidades necessárias no momento exato, além de cuidarem da guarda e da distribuição dos bens produzidos pela organização, fazendo com que eles sejam despachados de forma adequada e segura para seus destinos finais. E, além disso, precisa ser entendida com respeito a sua relação com outras áreas da empresa, tais como: • área financeira: responsável pela gestão dos recursos financeiros necessários para garantir a possibilidade de compra dos recursos a serem transformados ou de transformação, exigidos pelo processo produtivo; • área de produção: é a área que agrega valor, realizando a transformação dos recursos a serem transformados nos bens ou serviços que a empresa se propõe a fornecer, dentro dos prazos solicitados pelos clientes; • área de marketing: fundamental dentro da estrutura das organizações, com a responsabilidade de definir o volume a ser produzido de cada item, o que leva à definição dos volumes que devem ser comprados na gestão de compras e estoques; • área de recursos humanos: cada vez mais, as organizações têm dificuldade em encontrar pessoal qualificado para as funções organizacionais, tendo em vista a competição entre as organizações pelos melhores talentos, principalmente em períodos de crescimento econômico; • área de TI (informática): é a área das organizações que assumiu a responsabilidade pela forma de registro e pela guarda das informações empresariais. Faz com que os estudos de marketing possam ser tratados e transformados pela gestão de compras, dividindo produtos finais em seus componentes e permitindo a definição das necessidades de cada um, sem a necessidade de cálculos manuais complexos e propensos a erros; • área de logística de distribuição: trabalhando diretamente com a gestão de distribuição, administra a forma de despachar os produtos acabados, mais uma vez buscando a eficácia, isto é, atendendo às expectativas dos clientes. A produção passou a se especializar, considerando a complexidade das novas tecnologias e a necessidade de se obter economia de escala (produzir muito para reduzir os custos de produção) nos processos produtivos. Tal processo cresceu a ponto de gerar a necessidade da área de compras de se organizar em uma atividade separada da de produção. Hoje sabemos que a administração bem feita de suprimentos resulta em vantagens significativas, uma vez que permite a redução dos investimentos de capital. Faz-se necessário o conhecimento do comportamento da demanda (como o mercado consumidor se comporta), e a partir desse conhecimento definir um modelo de previsão, que permitirá definir níveis de estoques que estarão mais próximos da real demanda futura. As negociações com fornecedores devem buscar a diminuição do tempo entre entregas, denominado tempo de ressuprimento, permitindo uma revisão dos níveis de estoques para menor. Tudo isso resulta em uma diminuição dos níveis de estoques, “sobrando” mais capital para outras atividades, ou mesmo aplicações. O relacionamento entre produção e finanças inclui interesses conflitantes, e a administração de suprimentos deve atuar como intermediadora desse conflito, sempre buscando economia e poupança. VEJAMOS NA TABELA A SEGUIR Produção Produzir quantidades conforme o planejado e programado Vendas Oferecer, receber pedidos e entregar os produtos vendidos Administração de suprimentos Administraçãofinanceira Controle de resultados Estoque elevado para 100% de nível de serviço no atendimento dos pedidos. Desenvolver técnicas de planejamento e programação para garantir nível de serviço de 100% no lançamento dos pedidos, sem, porém, manter estoques elevados. Procura imobilizar poucos recursos financeiros, reconduzindo ao caixa dinheiro aplicado nos excessos de estoques. Oferecimento de produtos acabados de qualidade elevada. Desenvolver técnicas de abastecimento para sempre ter materiais de elevada qualidade e a preço controlado. Sempre é necessário adquirir materiais de boa qualidade, porém, com preço baixo e com facilidades de pagamento. Prazos urgentes no atendimento e informações precisas aos clientes. Desenvolver e implementar sistemas de informações industriais seguros, nos quais se possa controlar a aplicação correta de cada unidade monetária para se criar valor. Toda a operação deverá somente agregar valor para cada unidade monetária de custo ou despesa. Demanda ou procura, de acordo com os conceitos de economia, significa a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir por um preço definido em um mercado. A solução dos conflitos apresentados na figura anterior exige uma fina coordenação entre fornecer/ produzir/distribuir, devendo existir um balanceamento entre os objetivos conflitantes, reduzindo custos e aumentando a eficácia, na busca por atingir os objetivos da organização. A evolução da administração de suprimentos veio de uma atividade exercida diretamente pelo proprietário da empresa, até o modelo atual de logística da qual faz parte a administração de suprimentos O administrador de materiais Pessoa de recados Funcionário a serviço da produção Executivo conhecedor do mercado de abastecimento Executivo que administra 60% dos custos e das despesas Perfil profissional Pessoa bem considerada Burocrata eficiente Conhecedor de administração comercial e de mercados Executivo com preparo técnico, econômico e legal Progresso do profissional Sem possibilidades Comprador Planejamento de negócios Diretor executivo Atividades da administração de materiais Faz despesas Evita faltas e desmobiliza estoques excedentes Planejamento estratégico Concentração em uma visão de melhoria dos resultados Assim sendo, a administração de materiais ou suprimentos pode ser definida como a atividade que planeja, executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas, o fluxo de material, das especificações técnicas dos artigos a adquirir até a entrega do produto terminado ao cliente. A administração de suprimentos inclui hoje um sem número de tarefas, com o objetivo de atingir as melhores condições no fluxo dos materiais: Controle da produção Controle de estoque Compras Tráfego de fora Distribuição Recepção Administração de materiais Tráfego para fora Inspeção das entradas Inspeção de saída Armazenagem Externa Movimentação de materiais Armazenamento na fábrica A administração de suprimentos bem-estruturada permite a obtenção de vantagens competitivas por meio da redução de custos, da redução dos investimentos em estoques, das melhorias nas condições de compras mediante negociações com fornecedores e da satisfação de clientes e consumidores em relação aos produtos oferecidos pela empresa. Administração de suprimentos PIB, ou Produto Interno Bruto, representa a riqueza de um país, soma dos bens (objetos físicos, tangíveis) e serviços (executados por algumas funções, sempre intangíveis) produzidos em determinado período de tempo. Países como o Brasil, com riqueza de recursos naturais, tiveram por anos somente fontes de recursos potenciais, pois não havia tecnologia aplicada na transformação de tais recursos. A função produção é a que transforma os recursos naturais em produtos úteis, e para que seja eficaz, deve acrescentar valor ao produto ou serviço oferecido após a transformação. O acréscimo de valor cria mais riqueza, gerando maior PIB. Vejam o caso da China, que, em 2008, ultrapassou a Alemanha como terceira potência econômica mundial, e basicamente por sua enorme capacidade de produzir, transformando e criando valor, aumentando, assim, sua riqueza. Empresas fabricantes são as que transformam matéria-prima em algo de valor para os clientes finais: madeira em mesas e cadeiras, ferro em aço, aço em chapas, chapas em carros, refrigeradores etc.Tal processo gera riqueza, finalmente (ARNOLD, 1998). Otimizar o valor dos recursos exige processos produtivos que maximizem a eficiência dos produtos. Tais processos, uma vez implementados, devem ser administrados para produzir economicamente. Administrar operações exige planejar e controlar os recursos utilizados no processo – trabalho, material, capital. Entre todas, a melhor forma de planejar e controlar é através do fluxo de materiais, pois este controla o desempenho do processo. O material certo, na quantidade certa, no momento certo, garante que o processo produza eficientemente, utilizando adequadamente as máquinas e produzindo o programado. Chegar ao máximo lucro exige que as organizações tenham pelo menos quatro objetivos principais, pensando em administração de suprimentos: • prover o melhor serviço ao cliente; • prover os mais baixos custos de produção; • prover o menor custo em estoques; • prover os menores custos de distribuição. Tais objetivos são conflitantes com os objetivos de outras áreas, como marketing, produção e finanças, visto que cada uma possui responsabilidades diferentes: CONFLITOS ENTRE MARKETING, FINANÇAS E PRODUÇÃO Marketing Finanças Produção Manter altos estoques, garantindo disponibilidade. Interromper a produção para a produção de itens faltantes. Oferecer uma distribuição intensiva e custosa, para rápido envio das ordens. Reduzir estoques para o mínimo. Diminuir o número de fábricas e depósitos. Produzir grandes quantidades para reduzir custos de produção. Fabricar só quando necessário. Produzir em grandes lotes com poucos produtos, reduzindo o custo de fabricação. Manter altos volumes de matéria-prima e de estoques em processo, para proteger a produção quanto a uma falta de material. O grande problema é justamente conseguir o balanceamento entre os objetivos conflitantes, chegando a minimizar o total de custos envolvidos, ao mesmo tempo em que se consegue a maximização do serviço aos clientes, de forma integrada aos objetivos da organização. Parece claro que para se atingir tal objetivo faz-se necessária uma integração dos interesses das três áreas envolvidas, chegando-se a uma administração integrada de suprimentos ou, mais modernamente, a uma organização logística. O planejamento e o controle dessa função devem ocorrer em uma única área de responsabilidade, e não dividida por diferentes e conflitantes funções. Tal conceito de administrar o fluxo de materiais desde o fornecedor, através da produção, chegando ao consumidor, é relativamente atual. O nome da função é administração de materiais, ou administração de suprimentos, ou, ainda, adicionados de planejamento e controle da distribuição ou administração da logística. Administrar suprimentos é uma função de coordenação responsável pelo planejamento e pelo fluxo de materiais, com o objetivo de maximizar a utilização dos recursos da empresa e fornecer o nível adequado de serviços ao consumidor. Administração de suprimentos e administração da produção Como já foi visto em administração das operações produtivas, produzir é algo complexo, tendo em vista os recursos de entrada necessários para a operação de produção. RECURSOS TRANSFORMADOS E DE TRANSFORMAÇÃO Recursos a serem transformados Recursos de transformação Materiais Informações Consumidores Instalações Pessoas Nos recursos de transformação, encontraremos diferentes processos, máquinas, equipamentos, habilidades e materiais. Para ser lucrativa, uma empresa precisa organizar todos estes fatores: • fabricar os produtos certos (o que); • no tempo certo (quando);• na qualidade certa (como); • na quantidade solicitada (quanto); • da forma mais econômica possível. Observando os fatores anteriores, é bastante fácil concluir que um bom sistema de planejamento deva responder às seguintes questões: 1. O que se pretende fabricar? 2. O que é necessário para fabricar o que se pretende? 3. O que a empresa possui? 4. Do que a empresa precisa? Tais questões são características de prioridade e de capacidade: • prioridade: quais produtos, quantos e quando serão necessários; • capacidade: possuir a competência necessária para produzir bens e serviços. Prioridade (demanda) Capacidade (recursos) Relacionamento prioridade-capacidade: sempre que possível, balanceado ou equilibrado, como em uma balança Sistema de Planejamento e Controle da Produção • Plano estratégico de negócios. • Plano de produção. • Programa-mestre de produção. • Planejamento das necessidades de materiais. • Controle da atividade de compras e produção. • Planejamento de vendas e operações. Identifica o processo de gerenciamento das atividades de produção e operações de uma empresa. Consiste em um sistema de gerenciamento dos recursos operacionais de produção, cumprindo funções que definem o que, quando e como produzir, além do monitoramento da execução do plano. Assim sendo, para que se obtenha uma visão razoável das necessidades futuras, que permita a adoção de ações imediatas para atender a tais necessidades, deve-se iniciar o estudo nas organizações com a análise de um sistema de planejamento e controle da produção (o antigo, mas ainda existente, PCP de muitas empresas manufatureiras). A atividade de PCP bem-elaborada apresenta cinco níveis, como mostra a figura a seguir: Curto prazo Médio prazo Longo prazo Horizonte de planejamento (tempo) N ív el d e d et al h am en to Plano estratégico de negócios Plano de produção Master production schedule Programa-mestre de produção Material requirements plan Planejamento das necessidades de materiais Controle da atividade de compras e produção Evolução do detalhamento Plano estratégico de negócios •Declaração dos principais objetivos e metas a atingir (dois a dez anos). •Direcionamento amplo: ➢mostra o tipo de negócio (produtos, mercados etc.); ➢em que a empresa pretende atuar no futuro. •Como será a preparação para atingir tais metas – a estratégia Plano de produção A administração da produção deve avaliar: •quantidades por família de produtos a produzir em cada período; níveis de estoque desejados; •recursos: ➢equipamentos, mão de obra e materiais; ➢necessários por período; •disponibilidade dos recursos necessários. Programa-mestre de produção MPS (Master Production Schedule) •Conjunto de informações para executar a produção. •Trata dos componentes individuais finais. •O plano de produção é dividido por períodos. •Para cada período, é mostrada a quantidade a produzir de cada item. Planejamento das necessidades de materiais MRP (Material Requirement Plan) •Esse planejamento mostra as quantidades necessárias de materiais. •Quando a produção pretende utilizá-las. •Planejamento para fabricação. •Planejamento das compras de componentes. Controle da atividade de compras e produção Essa atividade é a realmente operacional; implementa e controla o sistema de planejamento da produção. Compras responde por estabelecer e controlar o fluxo de matérias-primas para a fábrica. O controle da atividade produtiva responde pelo planejamento e pelo controle do fluxo de trabalho na fábrica. O horizonte de planejamento é curto, entre um dia e um mês, com alto nível de detalhamento, considerando cada item, estações de trabalho e encomendas. Os planos precisam ser revisados diariamente. Fica claro que o plano estratégico de negócios busca integrar os planos individualizados de todos os departamentos na organização, e que sua atualização deve ser constante, tendo em vista as mudanças no ambiente de mercado. Controle da atividade de compras e produção Essa constante atualização envolve as áreas de marketing e vendas, que comparam a demanda real com o plano de vendas, considerando potencialidades do mercado e previsões de demanda. Uma vez atualizado, é apresentado à produção, à engenharia e a finanças, que ajustam seus planos para o novo apresentado. Caso alguma área não consiga acompanhar o novo plano de marketing, este deverá ser ajustado. Assim se consegue uma atualização dos planos ao longo dos anos, de forma coordenada entre as diferentes áreas da organização. Controle da atividade de compras e produção •Atividade operacional ➢implementa e controla o sistema de planejamento da produção. •Compras ➢estabelece e controla o fluxo de matérias-primas para a fábrica. •O controle da atividade produtiva ➢planejamento e controle do fluxo de trabalho na fábrica. Planejamento de vendas e operações •Gera meios de atualizar o plano estratégico de negócios ao mesmo tempo que as condições se modificam. •Ajuda a administrar mudanças. •Planos das diferentes áreas ➢ realísticos; ➢ coordenados; ➢ apoio ao plano de negócios. •Melhor planejamento da produção, estoques e registro de encomendas. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS Plano de Vendas e Operações Plano de marketing Plano de produção Plano de vendas detalhado Programa-mestre de produção MPS Chega-se assim ao modelo atual implementado por todas as organizações de manufatura, visto que a grande quantidade de dados gerados e tratados ao mesmo tempo e o enorme número de cálculos exigem um sistema de planejamento e controle de produção computadorizado. A não utilização de sistemas eletrônicos pode resultar na necessidade de aumentar o lead time, gerando estoques, para compensar a inabilidade de programar o que para quando. O sistema atual é pensado para ser um sistema de planejamento e controle totalmente integrado, trabalhando de cima para baixo e com feedback de baixo para cima. O plano estratégico de negócios incorpora os planos de marketing, finanças e produção: • marketing deve certificar-se de que seus planos são realistas e possíveis de realizar; • finanças deve apresentar planos desejáveis financeiramente; • produção deve certificar-se de que pode alcançar a demanda requerida. Ou seja, da forma comentada anteriormente, temos um plano coordenado para toda a empresa, e esse sistema de planejamento e controle integrado recebe o nome de planejamento dos recursos de manufatura – manufacturing resource planning (MRPII). MRP = planejamento das necessidades de materiais. MRPII = planejamento dos recursos de manufatura. O MRPII fornece o mecanismo para a coordenação dos esforços de marketing, produção, finanças e outras áreas na empresa, sendo muito eficaz em empresas produtoras de bens. Terceirização: comprar ou fabricar A indústria mundial passou por diferentes momentos ao longo de sua evolução, começando com os artesãos, mudando para as primeiras fábricas, depois da invenção da máquina a vapor, e assim nascendo a figura dos empreendedores, muitas vezes inventores, que fizeram de suas ideias a base para o nascimento de grandes conglomerados industriais, que se espalharam pelo mundo na primeira fase do século XX. Com a Segunda Guerra Mundial, houve um deslocamento do equilíbrio, uma vez que com a Europa e a Ásia destruídas pela guerra, as indústrias americanas foram muito rapidamente alçadas a fornecedoras globais, por serem as únicas que ficaram inteiras após a guerra. Tal esforço valeu até o início da década de 1960, quando um americano, Deming, convenceu os japoneses que copiar não levava à geração de valor e que, com os conceitos de qualidade, as indústrias japonesas poderiam crescer. Já no início da década de 1970, algumas indústrias japonesas começavam a despontar como produtoras de bens de qualidade, surgindo nomes hoje mundialmente conhecidos como Sony, Sharp, Mitsubishi, entre outros tantos. E em seguida começaram a aparecer carros com nomes estranhos (Toyota, Honda etc.), que tinham uma enorme qualidade edurabilidade, por preços incomparavelmente menores que os dos modelos americanos e europeus. Estava implantado o problema. A Segunda Grande Guerra foi a maior catástrofe provocada pelo homem em toda a sua longa história. Terminou com a vitória dos Países Aliados sobre os regimes Nazifascistas que compunham o Eixo. Duas bombas atômicas, lançadas no Japão, puseram fim às últimas resistências e determinaram o fim do conflito. Mais ou menos nos fins da década de 1970, no Brasil surgiu o Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materiais (IMAM), formado por um grupo de engenheiros e técnicos que observaram o movimento do Japão e se propuseram a mostrar para os industriais brasileiros o que estava acontecendo por lá. As ideias eram simples: • zero defeito; • just in time; • células de manufatura; • Poka Yoke; • Kanban. Entre tantos outros nomes que indicam, na realidade, diferentes técnicas aplicadas pelas indústrias japonesas, que levaram ao sucesso mundial que conhecemos até hoje. O Poka Yoke representa uma operação “a prova de erros/falhas”. Por meio de conceitos desenvolvidos por Shigeo Shingo no Sistema Toyota de Produção, durante os anos 1960 no Japão, visa, desde o projeto até a implementação dos procedimentos, evitar a ocorrência de falhas nos processos que venham a se tornar defeitos nos produtos. Um dos ensinamentos dos japoneses dizia que as fábricas deviam se concentrar naquilo que elas mais sabiam fazer e deviam deixar para outros partes das atividades que delas não faziam parte. Com isso, a alta administração podia olhar o que interessava realmente, esquecendo se faltou tomate para o almoço, por exemplo. Nascia o que hoje conhecemos como terceirização. No Brasil, essa ideia acabou por ser extremamente bem difundida, em função de uma experiência real, a da SEMCO. A SEMCO era um fabricante de bens de capital muito famoso no Brasil, que tinha em sua fábrica condições de fazer praticamente tudo o que necessitava para atender aos pedidos de seus clientes. Uma empresa grande, pujante. Pois bem... Em certo instante, o filho do empreendedor original, que já estava à frente da empresa, viu que a competição no Brasil se acirrava, e que do tamanho que a empresa estava não teria como fazer frente a isso. Iniciou então um processo de terceirização: partes da empresa que se dedicavam a serviços paralelos (porém necessários) não precisavam exatamente pertencer à empresa, mas podiam constituir uma empresa à parte, que passaria a ser prestadora de serviço a SEMCO. Da mesma forma, serviços como segurança patrimonial, refeitórios, limpeza, confecção de folha de pagamento, entre tantos outros, também podiam ser contratados de terceiros, ficando mais econômicos do que se administrados pela própria empresa. Esse foi o início e mais bem explicado caso de terceirização que ocorreu no Brasil, na década de 1980 (aliás, vale a pena ler o livro Virando a própria mesa, de Ricardo Semler). Esse processo torna a empresa mais horizontal, ou seja, a empresa deixa de fazer um sem número de atividades, passando a subcontratá-las de empresas de fora, terceiros, daí vindo o nome de terceirização. A versão mais moderna da terceirização é demonstrada pelas montadoras de automóveis e suas mais modernas fábricas, que, na realidade, são um aglomerado de diferentes empresas em um mesmo terreno, com o objetivo de... montar um carro. Esse processo começou no Brasil com a fábrica da Volkswagen Caminhões, em Resende, e depois foi aplicada pela fábrica da Peugeot/Citroën em Porto Real, GM em Gravataí (fábrica do Celta), Ford em Camaçari, entre outras. Ou seja: a montadora se preocupa com o projeto do carro e com a qualidade do mesmo, e delega a terceiros a fabricação e montagem desses componentes nos carros, dentro da linha de montagem. Pura terceirização. Mas as decisões sobre o que terceirizar devem ser fundamentadas em experiências da organização, e uma boa maneira de se conseguir identificar o que fazer chama-se reengenharia – repensar todos os processos e depois identificar quais são as atividades principais da organização (core business), quais as estratégicas, e terceirizar as demais. Se nos países da Europa e da Ásia a terceirização funcionou, se no Brasil temos muitos exemplos de que funciona, sem dúvida a adoção da terceirização passa a ser uma técnica que auxilia a organização a ter melhores resultados na busca pelo sucesso. Gestão de estoques Estoque é definido como a acumulação armazenada de recursos materiais em um sistema de transformação. O termo estoque também pode ser usado para descrever qualquer recurso armazenado, como a capacidade de atendimento de um call center (que nem sempre estará com utilização máxima, mas precisa ter uma “reserva”, que pode ser entendida como um estoque). Pretendemos, porém, utilizar o termo estoque para fazer referência a recursos de entrada transformados: • uma indústria mantém estoque de materiais; • um escritório contábil mantém estoque de informações; • um parque temático (Hopi Hari, por exemplo) mantém estoques de consumidores – as filas de espera para as atrações oferecidas, apesar de o termo fila ter outra interpretação na análise de planejamento. Ao entrarmos em qualquer indústria de transformação, vemos muitos tipos de materiais armazenados: Exemplos de estoquesTIPO DE OPERAÇÃO EXEMPLOS DE ESTOQUES MANTIDOS EM OPERAÇÕES Hotel Alimentos, material de limpeza, itens de toalete Hospital Gaze, instrumentos, sangue, remédios, alimentos Loja de varejo Coisas a serem vendidas, material de embrulho Armazém Coisas armazenadas, material de embalagem Loja de autopeças Autopeças em depósito Fábrica de televisores Componentes, matéria-prima, televisores Metais preciosos Materiais (ouro, prata) esperando processamento Sua casa Papel higiênico, sabonete, pasta de dente Na tabela anterior, é quase evidente que existe grande diferença no valor mantido em estoque por cada operação. Pode ser pequeno para algumas organizações, quando comparado com os custos dos insumos totais da operação. Pode ser muito alto, por exemplo, em organizações que têm por negócio a armazenagem, em que o montante em estoque ultrapassa em muito os custos com mão de obra, aluguéis e custos operacionais. Funções do estoque Por que se faz estoque? Resposta: não importa o que está armazenado como estoque, ou onde ficará posicionado na operação – o estoque sempre existirá porque sempre vai existir uma diferença de ritmo ou de taxa entre fornecimento e demanda. Se a demanda acontecesse no mesmo instante do pedido, os itens nunca seriam estocados. As várias razões que geram o desequilíbrio entre quantidade fornecida e quantidade consumida em diferentes estágios do processo produtivo leva a observarmos quatro tipos diferentes de estoques: • estoque isolador ou de segurança: serve para compensar as incertezas comuns a fornecimento e demanda; • estoque de ciclo ou em processo: ocorre porque os diferentes estágios ou processos de fabricação na operação não conseguem produzir todos os itens simultaneamente; • estoque de antecipação: ocorre quando existe, por exemplo, a produção para produtos sazonais (ovos de páscoa, por exemplo), em que as fábricas produzem chocolate ao longo do ano, ao invés de fazerem somente quando necessário; • estoques no canal de distribuição: obviamente, os materiais não podem ser transportados instantaneamente entre o ponto de fornecimento e o de demanda e, dessa forma, e para evitar o desabastecimento, os produtos são enviados aos componentes da rede de distribuição, a fim de garantir entrega mais imediata que os demais concorrentes. Do momento da reserva do estoque no fornecedor até a entrega do mesmo ao varejista, temos o estoque no canal de distribuição Além das diversas razões para o desequilíbrio entre fornecimento e demanda, existe a possibilidade de haver diversos pontos nos quais tal desequilíbrio pode acontecer. Por exemplo, em uma fábrica de televisores que utiliza itens padronizados, há três tipos de estoque: • estoque de componentese matéria-prima; • durante a produção, entre os estágios do processo, temos o estoque de materiais em processo (Work in Progress – WIP); • estoque de produtos acabados. SISTEMA DE ESTOQUE Work in Progress – WIP, literalmente, significa “trabalho em andamento”, que no caso da administração de suprimentos corresponde aos estoques de materiais em processo, produtos semiacabados, distribuídos ao longo do fluxo de produção. Pode-se entender que, em cada ponto no sistema de estoque (de qualquer tipo anterior), os gerentes de produção precisam gerir as tarefas do dia a dia dos sistemas. Pedidos serão recebidos de consumidores internos e externos, itens serão despachados e a demanda, pouco a pouco, vai diminuir os estoques. É necessário colocar pedidos de reposição de estoques, entregas vão chegar e precisam ser armazenadas. Modelos de planejamento Os gerentes de produção são envolvidos em três principais tipos de decisões: • quanto pedir: cada vez que um pedido de reabastecimento é colocado, de que tamanho ele deve ser – decisão de volume de ressuprimento; • quando pedir: em que momento ou quando o estoque chegar a que nível o pedido de reabastecimento deve ser colocado – decisão do momento de reposição; • como controlar o sistema: que procedimentos e rotinas devem ser implementados para ajudar a tomar as decisões? Diferentes prioridades devem ser dadas a diferentes itens do estoque? Como a informação sobre estoque deve ser armazenada? As decisões de volume de ressuprimento – quanto pedir – podem ser bem explicadas com as situações que vivemos em nossas casas, com nossos estoques de comida e provisões. No gerenciamento desse estoque doméstico, automaticamente tomamos decisões de quantidade a pedir, ou seja, quanto comprar em cada momento. Para tomar a decisão, são considerados dois conjuntos de custos: o custo associado com sair para comprar os itens de comida e os custos associados com a manutenção do estoque. Uma opção é a de manter pouco ou não manter estoque de comida e comprar cada item só quando necessário. A vantagem é não gastar grande quantidade de dinheiro para fazer as principais compras, gastando somente quando necessário. Porém, a opção resulta em sair três ou quatro vezes ao dia para fazer compras. Os custos, em termos de nosso tempo, além da inconveniência geral, provavelmente resultam em uma opção pouco atraente. No extremo oposto podemos fazer uma ida ao supermercado a cada três meses e comprar todas as provisões necessárias até a próxima compra. A vantagem é que os tempos e custos para fazer compras ocorrem poucas vezes. A principal desvantagem é que gastaríamos muito dinheiro em cada compra, dinheiro que poderia estar no banco rendendo juros. Outra desvantagem é o custo de armazenar essas grandes quantidades de comida, pois se fazem necessários armários extras e um freezer muito grande. Em algum lugar entre os dois extremos anteriores estará a estratégia de pedidos que reduzirá os custos totais e o esforço envolvido na compra. Os mesmos princípios da situação que vivemos em nossas casas aplicam-se às decisões de pedidos comerciais. Ao tomar decisões, os gerentes de produção devem conhecer os custos que serão afetados por sua decisão, tais como: • custo de colocação de pedido: a preparação do pedido formal, os documentos técnicos envolvidos, o arranjo para a entrega, o procedimento de pagamento e a manutenção de todas as informações; • custos de desconto de preços: grandes quantidades resultam, em geral, em descontos de preços, assim como pequenas quantidades podem ter custos extras; • custo de falta de estoque: uma decisão errada de quantidade de pedido acaba em falta de estoque, resultando em falha no fornecimento; • custo de capital de giro: quando compramos, nossos fornecedores solicitam o pagamento. Quando faturamos a nossos clientes, vamos nós, dessa vez, solicitar o pagamento. Porém, entre o pagamento do fornecedor e o recebimento de nosso cliente há um espaço de tempo, e durante esse tempo precisamos de dinheiro para os custos de manter os estoques e produzir. Esse dinheiro recebe o nome de capital de giro. Os custos associados a ele são os juros pagos a bancos por empréstimos, ou custos de oportunidade por não reinvestirmos em outros lugares; • custo de armazenagem: são os custos da armazenagem física dos estoques. Localização, climatização e iluminação do armazém podem ser caros, principalmente nos casos em que se exige baixa temperatura ou alta segurança; • custos de obsolescência: pedidos de grandes quantidades, que podem ficar armazenados por longo período, geram o risco de que os itens venham a se tornar obsoletos ou perderem o prazo de validade; • custos de ineficiência de produção: altos níveis de estoques em geral escondem as ineficiências na produção, que deixa de ser eficiente. Assim, o uso de tais pressuposições pode auxiliar a chegar próximo da realidade, mas deve-se tomar cuidado na análise, pois muitos produtos têm características especiais, que impedem totalmente o uso do modelo, devendo se observar se o uso do lote econômico não excede os limites de aplicação das pressuposições de custos da operação. Por outro lado, as modernas técnicas japonesas de administração da produção, que trouxeram, entre outras, a ideia do just in time, ou seja, entregas apenas a tempo da necessidade, que é tipicamente uma abordagem que tende a diminuir os níveis de estoque, gerando ação caso a caso, ordem a ordem, enquanto que o uso do lote econômico é tipicamente reativo, com os custos tomados como fixos. Assumindo assim que os pedidos chegam instantaneamente e que a demanda é constante e previsível, a decisão de quando colocar um pedido de reabastecimento é evidente, com o pedido sendo colocado no instante em que o estoque chegasse a zero. O pedido chega no mesmo instante e não há falta de estoque. Porém, mais uma vez na realidade, existe um tempo entre a colocação de um pedido e a chegada deste ao estoque, que é função do lead time, o tempo decorrido entre a colocação de um pedido, sua fabricação e posterior entrega. Se utilizarmos o modelo do lote econômico, com demanda constante, torna-se possível definir o instante da colocação do pedido: lead time Ele é o tempo que um produto leva para chegar ao consumidor, desde o momento do pedido, passando por produção, despacho e entrega. Ou seja, lead time é o tempo gasto pelo sistema de produção para que a matéria-prima se transforme em item finalizado, pronto para entrega. PONTO DE NÍVEL DE RESSUPRIMENTO Identificação do ponto e nível de ressuprimento em função do lead time e da taxa de demanda A identificação do ponto de ressuprimento é dada por ponto em que o estoque chegará a zero menos o lead time do pedido. E considerando demanda constante, calcula-se também o nível de estoque que, quando atingido, exige a colocação de um novo pedido de reposição. Curva ABC Em qualquer estoque que contenha mais de um item, alguns serão mais importantes que outros para a organização. Taxa de uso alta, valores muito altos unitários, entre outros fatores podem ajudar a identificar quais são os itens realmente importantes. Uma forma comum de separar os itens de estoque é fazer uma lista dos mesmos, de acordo com sua movimentação de valor (sua taxa de uso multiplicado por seu valor unitário). Itens com movimentação de valor alto requerem atenção especial, enquanto que os de valor baixo não exigem o mesmo nível de atenção. Em geral, poucos itens em estoque representam uma grande parte do valor do estoque. Esse fenômeno que se repete em praticamente todas as indústrias é chamado de Lei de Pareto, também chamada de regra 80/20: 80% do valor de estoque de uma operação são responsáveis por somente 20% de todos os itens estocados. Isso permite que os gerentes de estoque concentrem seus esforços no controle dos itens mais significativos do estoque: • itens classe A: são os 20% dos itens de alto valor, que representam 80% do valor total do estoque; • itens classe B: são aqueles itensde valor médio, usualmente os seguintes 30% dos itens que representam cerca de 10% do valor total do estoque; • itens classe C: são os itens de baixo valor que, apesar de corresponderem a 50% do total dos itens estocados, representam somente 10% do valor total de itens estocados. MRP e a Gestão da Cadeia de Suprimentos Objetivos A necessidade da integração das atividades administrativas nas organizações exige a implementação de recursos capazes de auxiliar no controle dos estoques, da produção, das atividades de suprimento e logística. Assim sendo, a compreensão de uma ferramenta como o MRP torna-se fundamental para vislumbrar os meios modernos que auxiliam a gestão de suprimentos. Por outro lado, nenhuma organização está, hoje, isolada, pois todas pertencem a cadeias de suprimentos, que precisam de gestão. As definições básicas sobre cadeias de suprimentos serão apresentadas nesta unidade. MRP e MRPII Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos da América passaram por um longo período de crescimento, uma vez que tomaram a responsabilidade pela reconstrução de muitos países no pós-guerra, assumindo uma inegável posição de liderança mundial. As indústrias americanas cresceram e tinham presença nos cinco continentes, o que exigia um esforço muito grande de administração de estoques, troca de informações, logística, entre outros, tudo isso em uma época em que os meios de comunicação eram o telex, a carta e o telefone a cabo (que consumia horas para completar uma ligação que fosse). Porém, no fim da década de 1950, os volumes de itens tratados já eram de tal monta que, manualmente, tornava-se impossível fazer um controle razoavelmente correto das necessidades das operações produtivas. Surge então o material requirements planning (MRP) – planejamento das necessidades de materiais –, que permitiu que as empresas começassem a calcular o quanto de determinado tipo de material seria necessário para atender à demanda, e, o mais importante, quando seria necessário. Baseado nos pedidos de clientes e em uma previsão de vendas, o MRP (hoje em dia mais conhecido como MRP1) faz uma avaliação de todos os itens necessários para atender a tais pedidos e previsões, garantindo sua disponibilidade a tempo. É, portanto, um sistema que calcula volume e tempo para grandes quantidades de itens diferentes, o que é extremamente complexo. Manualmente, executar tais cálculos era extremamente desgastante e custoso (muitas pessoas envolvidas no processo, com grande probabilidade de erros). Com o início da utilização industrial dos computadores, a partir dos anos 1960, estava estabelecida a condição de fazer esses cálculos detalhadamente e de forma, para a época, fácil. Desde então, com a popularização do uso dos computadores, que finalmente saíram das grandes salas e chegaram às mesas dos escritórios, muitas oportunidades foram desenvolvidas nos mais diversos ramos do saber, entre eles o da administração e, particularmente, o conjunto de necessidades requeridas para o planejamento das necessidades de materiais, e mais ainda, sua conexão com outras atividades que são relacionadas a esse planejamento. Essa nova versão, mais completa e complexa, é conhecida até os dias de hoje como MRP2 (mais exatamente, sua versão em número romano: MRPII), que deixa de ser um planejamento das necessidades, e passa a ser o manufacturing resource planning – planejamento dos recursos de manufatura. O enterprise resources planning – ERP facilita o fluxo de informações entre todas as atividades da empresa, como fabricação, logística, finanças e recursos humanos. Por meio de um banco de dados único, opera integrando, de forma modular, todas as aplicações da empresa. É uma evolução do MRPII. Com o MRPII, as organizações passaram a ter a capacidade de visualizar o que a demanda futura, prevista, causa à empresa em termos financeiros, de produção, de engenharia e de necessidade de materiais. Se entendemos que uma simples atividade de planejar n máquinas para executar m tipos diferentes de produtos pode resultar em um número gigantesco, representado por (n!)m possibilidades diferentes de programação, imagine agora o que acontece se a organização produz e comercializa muitos produtos finais, com todas suas possíveis configurações individuais, para muitos clientes, constantes ou não, que geram demanda constante e ocasional ao mesmo tempo. Difícil imaginar uma situação assim? Pense em uma montadora de automóveis que ofereça cinco tipos diferentes de veículos, cada um deles com dois tipos de motorização, dois tipos de câmbio, possibilidade de tração nas quatro rodas para alguns modelos, dez diferentes cores, quinze tipos de acabamentos de bancos, com ou sem direção hidráulica, com ou sem ar condicionado, acabamento “pé-de-boi” ou “de luxe” etc. O MRPII é a ferramenta capaz de mostrar aos administradores quais serão as necessidades para atender a tais situações, gerando a base para o planejamento e para as decisões estratégicas e operacionais. Todavia, fica claro que o MRP é a base do sistema, e que a partir dele pode-se gerir o sistema de materiais integrado com o restante da organização. Começamos assim a buscar entender o que se faz necessário para que a primeira etapa do processo, a gestão dos materiais, possa ser executada de forma adequada. Os cálculos de volume e tempo feitos pelos sistemas de MRP necessitam que as informações correspondentes a certas variáveis sejam “carregadas” (inseridas, digitadas) nos arquivos eletrônicos específicos e mantidas atualizadas, de forma que, ao executar a rotina do MRP, tudo seja atualizado. A figura a seguir apresenta os grandes grupos de informações necessárias para carregamento do MRP. Esquema do planejamento de necessidades de materiais temos como dados de entrada para o processamento do MRP quatro grandes grupos de informações: 1. A carteira de pedidos, que informa quais pedidos de clientes a organização tem em seus registros e que devem ser atendidos no prazo de tempo contratado. A flexibilidade em aceitar alterações nos pedidos (contratos) de venda depende muito da capacidade da organização em reagir rapidamente a essas alterações. 2. A previsão de vendas, exercício realizado pelo pessoal de marketing/vendas, que informa ao restante da organização o que se espera no futuro próximo em termos de novos pedidos/projetos. Com a carteira de pedidos e a previsão de vendas, a organização consegue fazer um planejamento de necessidades futuras, consideradas no que se denomina programa-mestre de produção (master production schedule – MPS). Com esse programa, torna-se possível definir necessidades de máquinas e equipamentos, alocação de mão de obra, necessidades de treinamentos etc., além da previsão de volumes a serem fornecidos para atender aos pedidos em carteira e à previsão de vendas. O programa-mestre de produção (MPS) mantém a informação de cada produto final, em termos de demanda e estoque disponível, e faz a projeção futura desse estoque para descobrir as necessidades em termos de componentes e produtos finais a produzir na escala de tempo. A figura a seguir mostra os dados requeridos para a elaboração do programa-mestre de produção (MPS): Dados de entrada para o programa-mestre de produção Como exemplo simples de um programa-mestre de produção, podemos imaginar uma padaria que precisa fazer bolos de fubá todos os dias, para atender à demanda de um asilo que compra esses bolos diariamente. Observar que o principal dado de partida para a programação é o estoque em mãos (bolos de fubá prontos, considerando que a “vida” antes do descarte de cada bolo é de três dias): • As listas de materiais são documentos técnicos que indicam as necessidades dos itens que compõem cada um dos produtos que foram (pedidos em carteira)/serão (previsão de vendas) vendidos. Receita de bolo de fubá: 4 ovos, 2 xícaras de chá de açúcar, 2 xícaras de chá de trigo, 1 xícara de chá de fubá, 3 colheres de sopa de margarina, 1 xícara de chá de leite, 4 colheres de chá de fermento. Tipicamente,uma simples receita de bolo contém uma lista de material que será necessário parta fazer a quantidade de um bolo. • Os registros de estoques, que informam a disponibilidade de materiais (itens que compõem os produtos finais, ou produtos finais disponíveis) em estoque e que podem atender o que foi (pedidos em carteira)/será (previsão de vendas) vendido. É possível assim imaginar que a quantidade de variáveis e informações que devem ser tratadas ao mesmo tempo, a fim de definir novas necessidades de materiais e prazos de atendimento ao que foi (pedidos em carteira)/será (previsão de vendas) vendido, é muito grande. O MRP realiza os cálculos combinando todas essas informações, resultando em informações que são dependentes das informações inseridas nos quatro primeiros itens citados. A partir do processamento do MRP, são geradas as ordens de compra para itens que estão faltando/irão faltar no estoque, os planos de materiais e as ordens de trabalho (ordens de produção). No caso do bolo de fubá, a lista de materiais indica quais e quanto de cada produto necessitamos para fazer o bolo, sem se preocupar com os recursos de transformação (instalações e pessoas) necessários. Mas a observação de uma lista não é tão eficiente como a análise de um desenho que mostra como o produto é composto, denominada estrutura do material. O exemplo anterior é, por si, muito simples, uma vez que torna o entendimento do que é uma estrutura de material fácil. Porém, se desejamos analisar algo que seja mais comum nas indústrias do que somente um bolo de fubá, deve-se entender que um produto final (que está no nível “zero” da estrutura) é feito de uma série de componentes (que se encontram no nível “um” da estrutura), que, por sua vez nascem de outros componentes ou matérias-primas (que se encontram no nível “dois” da estrutura), e assim por diante. Analisando uma caneta Bic cristal azul, vamos encontrar mais um exemplo simples que mostra como é entendida a estrutura dos materiais. Lista de material 1. Caneta Bic Cristal azul 1.1 Tampa dianteira 1.2 Carga 1.2.1 Ponta 1.2.2 Tinta azul 1.2.3 Tubo plástico 1.3 Corpo 1.4 Tampa traseira Observa-se na estrutura da Bic Cristal algumas características relevantes: • Não é exatamente o caso de uma única caneta Bic, mas se entendemos que, por exemplo, uma loja de artigos de papelaria nunca iria comprar mil canetas Bic e recebê-las a granel (soltas), mas sim vinte caixas com cinquenta canetas cada, percebemos que, para o fabricante da Bic, existem quantidades múltiplas de alguns itens. Nesse caso, teríamos: — nível “0” = caixa com cinquenta canetas Bic Cristal azul; — nível “1” = uma caneta Bic Cristal azul; — nível “2” = tampa traseira/carga/corpo/tampa traseira; — nível “4” = ponta/tinta azul/tubo plástico. O MRP precisa, assim, conhecer a quantidade necessária de cada item, em cada nível, para multiplicar pelas quantidades necessárias; • não é o caso da Bic Cristal, mas um mesmo item pode aparecer mais de uma vez na estrutura do material. É o caso daqueles araminhos plastificados utilizados para amarrar fios de aparelhos eletroeletrônicos quando novos. Um computador novo, por exemplo, necessita de pelo menos seis desses araminhos para ser despachado. E o MRP deve levar em conta tal multiplicidade, somando as necessidades que aparecem nos diferentes níveis, e apresentando uma quantidade final a encomendar; • todo estudo de estrutura se encerra nos itens produzidos pela organização. Se imaginarmos que o fabricante da Bic não produz a tinta, mas sim compra de outro fabricante, não é a fábrica da Bic que irá controlar as necessidades de estoque do fabricante de tinta. Ele deverá ter seu próprio MRP, enquanto o fabricante da Bic controla o estoque disponível de tinta. O MRP é um processo sistemático de tomar as informações de entrada (programa-mestre de produção, listas de materiais e registros de estoque) referentes ao planejamento e calcular a quantidade e o momento das necessidades que irão satisfazer a demanda. O MRP calcula as quantidades de materiais necessários, partindo do programa-mestre de produção, considerando todos os itens do nível “0”, verificando suas listas de materiais, e aí partindo para os demais níveis da estrutura de materiais. Durante o cálculo, é verificada a disponibilidade em estoque dos itens, e então são emitidas as ordens de trabalho ou ordens de compra para as quantidades faltantes a atender às necessidades. A figura seguinte mostra a sequência do processo de calculo do MRP: Processo de cálculo das necessidades no MRP Desde a revolução industrial japonesa, “capitaneada”, entre outros, por Deming, ficou claro que a manutenção de estoques deve ser feita de maneira absolutamente estratégica, de forma a direcionar os recursos financeiros para outras áreas de investimento, como pesquisa e desenvolvimento, por exemplo. No processo tradicional de produção utilizado até então pela maioria das organizações ocidentais, a programação era “empurrada”, dando-se entrada nas ordens de produção assim que chegassem à fábrica, gerando altos estoques em processo (estoques de peças entre etapas do processo produtivo) e estoques de produtos acabados antes dos prazos contratados com os clientes finais. Por meio das técnicas japonesas, desenvolveu-se o conceito de programação “puxada”, que é aquela que ocorre a partir do momento em que o cliente solicita a entrega de um produto, e então, do último processo produtivo, começa a requisição de componentes “para trás”, no processo produtivo. Como já vimos, esse planejamento elimina desperdícios e estoques em processo. O MRP, além de calcular as quantidades de materiais necessários, também considera o momento em que tais materiais deverão estar disponíveis, ou seja, o quando. Para que isso aconteça, cada componente deve ter, dentro do sistema, “carregada” a informação sobre seu tempo de processamento (lead time). Assim sendo, é possível fazer a programação “para trás”, levando em conta o lead time de cada componente em cada nível da estrutura de material, definindo os momentos em que ordens de fabricação devem ser inicializadas, ou pedidos de compra devem ser emitidos. O MRP é, assim, um método que realiza todas as rotinas de cálculo de necessidades, vindo do ponto mais alto da estrutura até o ponto mais baixo, até que todos os itens necessários estejam calculados e planejados. Em resumo, conforme Slack (2007): O processo do MRP 1: • “explode” o programa – mestre da produção; • identifica que componentes e montagens são necessários; • verifica quando os componentes e as montagens necessários estarão disponíveis; • para cada componente ou montagem que é necessária, mas não disponível, identifica quando o trabalho de produção precisa começar para que o item esteja disponível até a data requerida; • gera as ordens de produção e pedidos de compra; • repete o processo para o próximo nível da lista de materiais Dessa forma, o MRP 1 consegue atender ao requisito básico de planejar as necessidades de materiais e lançar ordens de produção e pedidos de compra. Todavia, o uso do MRP 1 somente não contempla o uso dos recursos, pois trata dos materiais e considera os tempos de obtenção (lead time) como válidos sempre. Resulta em uma abordagem de capacidade infinita, isto é, a fábrica deveria ser suficientemente “elástica” para acomodar a fabricação das necessidades planejadas fosse quando fosse. A explosão do pedido, dentro do conceito de MRP, é o ponto onde devem ser identificados quais materiais, em quais quantidades e em qual momento do processo deverão ser inseridos na produção. A realidade nas fábricas não é assim, e faz-se obrigatório um ajuste à capacidade disponível, surgindo os gargalos (pontos de estrangulamento do processo, máquinas mais lentas) e os recursos-chave (processos por si só mais complexos). O programa-mestre de produção deve então ser ajustado. Uma forma de fazer tal ajuste é a de utilizar o MRP 1 de ciclo fechado, que, ao mesmo tempo que verifica as necessidadesde materiais, confere se a capacidade de fabricação correspondente está disponível e, nos casos em que não se consegue o equilíbrio, realiza-se novamente o ciclo do MRP 1, gerando novos planos corrigidos e adequados ao momento. MRP de ciclo fechado Porém, o sucesso do seu uso chamou a atenção para a aplicação do conceito nas demais partes das organizações. O criador do MRP, Oliver Wight, definiu o novo MRP, chamado de MRP 2 (MRP II) como sendo: “Um plano global para o planejamento e monitoramento de todos os recursos de uma empresa de manufatura: manufatura, marketing, finanças e engenharia”. O grande sucesso do sistema está na integração de informações e sua manutenção ao longo do tempo, ou seja, qualquer mudança em um produto desenvolvida pela engenharia é imediatamente repassada para as demais áreas, gerando inclusive novas reservas de materiais por suprimentos, e assim por diante. Toda a empresa passa a utilizar o mesmo banco de informações, conforme suas características funcionais, diminuindo a incidência de erros. Porém, como cita Slack (2007), enquanto não existir uma real inteligência artificial, não haverá forma de um computador substituir a inteligência, a intuição e a experiência local do pessoal de fábrica. Ou seja, o final dos MRPs sempre dependerá dos gestores para a tomada final de decisões. A medição do desempenho na cadeia de suprimentos JIT e compras Objetivos Com o surgimento das cadeias de suprimento (supply chain), a competição no mercado tende a ocorrer cada vez mais entre cadeias produtivas e não mais apenas entre empresas isoladas. Tendo em conta que toda a base conceitual desenvolvida até hoje sobre medição de desempenho foi construída a partir de unidades de negócios isoladas, faz-se necessário readequar o conhecimento já construído. Medição do desempenho na cadeia de suprimentos e planejamento e controle just in time Medição do desempenho Sob a perspectiva da gestão da produção, o desempenho pode ser definido como a informação sobre os resultados obtidos dos processos e produtos que permitem avaliar e comparar com metas, padrões, resultados do passado e a outros processos e produtos. É o processo de quantificar uma ação, e considera: • Quais aspectos deverão ser medidos? • Como medir tais aspectos? • Como utilizar essas medidas para analisar, melhorar e controlar o desempenho da cadeia de suprimentos? Deve-se tomar o cuidado de interpretar corretamente as medidas, visto que muitas delas são medidas internas que não mostram o desempenho da cadeia de suprimentos como um todo e não identificam onde existem oportunidades para aumentar a competitividade e a rentabilidade dos negócios para cada uma das empresas da cadeia. Por exemplo, sob a ótica da cadeia de suprimentos, o aumento do giro de estoques de um varejista tende a ter um impacto positivo muito maior do que se fosse feito em um fornecedor. Assim como estoques posicionados nos fornecedores têm um risco menor para a cadeia de suprimentos, pois a matéria-prima mantida por um fornecedor pode, potencialmente, ser usada por vários produtos e clientes. O mesmo não ocorre com estoque de produtos acabados em um varejista. Segundo o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), um sistema de avaliação de desempenho empresarial precisa focalizar resultados, que devem ser orientados pelos anseios de todas as partes interessadas (clientes, funcionários, acionistas, fornecedores, parceiros, a sociedade e a comunidades – os stakholders). Os conflitos são evitados quando a estratégia da empresa apresenta de forma clara e explícita as necessidades de todas as partes interessadas, buscando harmonizar tais necessidades e garantindo que as ações e planos atendam às diferentes necessidades. A questão é se a abordagem do PNQ também é válida para toda a cadeia de suprimentos, e por meio dessa questão chegamos a outra, que é: existe ou não uma estratégia da cadeia de suprimentos como um todo? • Em cada elo da cadeia de suprimentos predomina de fato a estratégia interna da empresa, e que não é necessariamente atrelada a uma denominada estratégia da cadeia de suprimentos. • De fato, somente a estratégia da empresa-foco, ou elo mais forte da cadeia de suprimentos, pode influenciar todas as outras estratégias dos demais elos. • A participação de diversos elos em diversas cadeias de suprimentos dificulta a implementação de uma estratégia única ao longo de determinada cadeia de suprimentos. Assim sendo, pode-se concluir que por não ser possível estabelecer uma estratégia que considere toda a cadeia de suprimentos também inviabilizaria a medição de desempenho desta como um todo? A resposta é não, e a medição de desempenho ao longo de uma cadeia de suprimentos pode ter um caráter mais diagnóstico do que ferramental para implementar objetivos estratégicos, contribuindo para alinhar e ajustar objetivos ao longo da cadeia. Assim, pode-se começar pela adaptação de modelos existentes nas empresas que formam a cadeia, porém, definindo coletivamente um conjunto de indicadores que possam medir o desempenho de negócios-chave ao longo da cadeia de suprimentos. Indicadores comuns às três unidades de negócios Indicador 2 Indicador 3 Indicador 1 CADEIA DE SUPRIMENTOS Lógica da medição de desempenho na cadeia de suprimentos A figura sugere então que existam indicadores individuais (representados por indicadores 1, 2 e 3) em cada uma das unidades de negócios e que existirão alguns indicadores comuns (indicados pela área de interseção). Serão esses indicadores comuns que irão medir o desempenho da cadeia de suprimentos como um todo perante o consumidor final. Custo de distribuição X Lead time de entregas X Custo de manufatura X Tempo de ciclo deprodução X Custo de estoque X Lucro líquido X Retorno de investimento X Reclamações dos clientes X Total de vendas X Entregas no prazo X Tempo de resposta ao consumidor X Flexibilidade no volume de produção X Confiabilidade de entrega X Flexibilidade no mix de produção X Algumas medidas de desempenho na cadeia de suprimentos Atendimento perfeito do pedido Entrega na data prometida Satisfação do cliente Custos de garantia e retornos Qualidade do produto Tempo de resposta à necessidade do cliente Lead time do atendimento do pedido Tempo do ciclo de produção Tempo de resposta da cadeia de suprimentos Custo total da cadeia de suprimentos Previsão de vendas Tempo de fluxo entre os desembolsos e receitas Nível de obsolescência dos estoques Volume do estoque (em dias de produção) Utilização da capacidade Desempenho dos ativos Um trabalho liderado pela empresa PTRM Consulting apresentou um conjunto compreensivo de medidas de desempenho para o gerenciamento de cadeias de suprimento, abrangendo quatro áreas principais: Medidas de desempenho para uma cadeia de suprimentos ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL Um conjunto de medidas que contemplam a falta de abordagem balanceada entre indicadores financeiros e não financeiros na cadeia de suprimentos, assim como a falta de distinção entre indicadores voltados para estratégia, tática ou operações, é mostrado na tabela a seguir: ALGUMAS MEDIDAS-CHAVE POR NÍVEL DE DECISÃO Tempo total do fluxo de caixa X Taxa de retorno sobre investimentos X Flexibilidade em atender às necessidades dos clientes X Lead time de entrega X Total do tempo de ciclo X Nível das parcerias na cadeia de suprimentos X Extensão da cooperação na melhoria da qualidade X Custo total dos transportes X Qualidade dos métodos de previsão de demanda X Tempo (ciclo) de desenvolvimento do produto X Custo de produção X Utilização da capacidade X Custo total do sistema de informação X Custo total dos estoques X A capacidade das empresas de encontrar o equilíbrio entre sua capacidade de resposta e a eficiência, de maneira a atender à sua demanda da melhor maneira possível, é a chave para atingir o que se chama de alinhamento estratégico – a estratégia da organização alinhada com a estratégia da cadeia de suprimentos. Uma amostrado quanto o ambiente da cadeia de suprimentos é complexo pode ser entendido, por um lado, pela dificuldade das organizações em encontrar o equilíbrio ideal entre suas operações internas, enquanto, do outro lado as oportunidades de melhoria no gerenciamento da cadeia de suprimentos. Atualmente, a proliferação de produtos é livre, com clientes exigindo cada vez mais produtos customizados, adaptados a suas necessidades, e as reações das empresas são a busca por atender a tal característica. Veja como podemos solicitar uma configuração customizada para um novo notebook, coisa que há algum tempo não existia. A crescente variedade costuma aumentar a incerteza, que, por sua vez, resulta em aumento de custos e redução da capacidade de resposta na cadeia de suprimentos. As exigências dos clientes aumentaram, considerando-se lead times, custos e desempenho dos produtos melhores que no passado, porém, pagando o mesmo preço que antes. Assim, a cadeia de suprimentos precisa oferecer mais para simplesmente manter seu negócio. Com a terceirização, as empresas foram capazes de aproveitar as capacidades dos fornecedores e clientes que elas mesmas não possuíam. Todavia, com a cadeia agora desmembrada em diversos donos, a coordenação é mais complicada, podendo levar cada estágio da cadeia a trabalhar para si própria, ao invés de atingir os objetivos da cadeia. Com a abertura comercial global, as cadeias de suprimentos são, hoje, globais, gerando muitos benefícios, como a oferta de produtos melhores e mais econômicos que no país de origem, ao mesmo tempo em que a distância entre os elos da cadeia tornam a coordenação mais difícil ainda. Com isso, a criação de uma estratégia de cadeia de suprimentos bem-sucedida não é fácil, tornando a intenção de medir o desempenho ainda mais árdua. Muitos obstáculos, como crescimento da variedade de produtos ou redução dos ciclos de vida dos produtos, dificultam progressivamente o alcance do alinhamento estratégico pelas cadeias de suprimento. A superação desses obstáculos oferece uma oportunidade extraordinária para as empresas utilizarem o gerenciamento da cadeia de suprimentos para a obtenção de uma vantagem competitiva. Aplicação do balanced score card - BSC na cadeia de suprimentos O termo balanced score card surgiu para compor o conceito administrativo de inteligência dos negócios (BI). Fornecedores de produtos, prestadores de serviços e profissionais das empresas se utilizam desse conceito para medir valor nas organizações. Para atingir objetivos e metas, as organizações reconhecem que necessitam de métricas quantitativas que lhes informem onde estão, com que velocidades estão se movimentando e quando atingirão metas. Segundo Brugnolo, o estabelecimento de metas e métricas, contudo, não é tarefa fácil. Pressões de mercado fazem com que as organizações se apoiem apenas em algumas metas e métricas correspondentes (por exemplo, receita, expansão de mercado), em detrimento de benefícios de longo prazo, relacionamento com colaboradores e com clientes. O estabelecimento de um conjunto equilibrado de métricas organizacionais que leve em consideração múltiplas perspectivas, interdependentes, está atualmente na agenda das organizações de ponta. O conceito do Balanced Score Card foi descrito inicialmente por Robert S. Kaplan, que, junto com David P. Norton, escreveu um livro em 1996, entitulado The Balanced Scorecard: Translating Strategy into Action. O foco do balanced score card é descobrir e tratar conflitos. Para tanto, sugere quatro perspectivas organizacionais, cada qual com as respectivas métricas. 1. A perspectiva financeira. Métricas típicas, nesta perspectiva, podem ser ganhos por ação, crescimento da receita ou crescimento do lucro. 2. A perspectiva do cliente. Market share, satisfação do cliente, taxa de retenção de clientes são métricas representantes dessa perspectiva. 3. A perspectiva dos processos internos. O tempo de ciclo é uma métrica operacional típica dessa perspectiva. Outras métricas incluem custo da operação, velocidade com que a atividade é feita, segurança. 4. A perspectiva do conhecimento e do crescimento. As métricas, nessa perspectiva, estão evoluindo muito, mas ainda se centra na discussão das mudanças das métricas das outras perspectivas, principalmente das duas primeiras anteriormente descritas. Adaptação, satisfação do colaborador, interesse em adquirir e compartilhar conhecimentos são alguns exemplos que podem ser citados. Um balanced score card sugere que a organização identifique e equilibre metas associadas às diferentes perspectivas para reduzir a possibilidade de que uma meta em particular sobrepuje as outras em detrimento da organização. Por exemplo, uma organização voltada unicamente aos ganhos por ação pode não estar investindo suficientemente em seus colaboradores, pode estar pressionando os clientes e pode não estar adotando medidas de qualidade e segurança. Da mesma maneira, organizações que gastam muito com inovação tecnológica ou se dedicam muito a satisfazer clientes, independentemente dos custos que isso representa, podem não estar obtendo receitas suficientes para permanecer no negócio. Tradicionalmente, métricas organizacionais são predominantemente financeiras. As organizações devem iniciar com o desenvolvimento de necessidades do negócio e dos usuários, criar modelos abstraídos das informações ou de indicadores necessários para criar um contexto apropriado para tomada de decisão. Neste instante, o envolvimento do usuário final é fundamental, pois definição de indicadores e o consequente desenvolvimento de modelos irão determinar o sucesso ou fracasso do esforço. Um projeto de balanced score card pode promover grandes alterações na organização. Passa pela identificação e definição de indicadores, construção de modelos associados (cálculos) e obtenção de dados para suportá-los. Para que um balanced score card funcione, deve estar ligado às necessidades da organização, exigindo pessoal preparado para conduzir projeto(s). A adaptação do balanced score card como instrumento a serviço da medição de desempenho da cadeia de suprimento exige várias adaptações na aplicação do mesmo, face a complexidade de cada cadeia particular. Algumas exigências são básicas para que se consiga implementar seu uso: • as quatro perspectivas do balanced score card citadas anteriormente precisam ser consideradas no ambiente da cadeia de suprimentos, e não de cada empresa de forma isolada; • cada empresa precisa estar alinhada com a visão e a estratégia da cadeia de suprimentos como um todo; • cada empresa terá de conciliar esse alinhamento com as outras cadeias de suprimento das quais participa. A visão da cadeia de suprimentos deve ser o ponto de partida para o desdobramento do balanced score card no contexto de cada empresa da cadeia de suprimentos, de suas funções e de suas equipes ou indivíduos. Score card da cadeia de suprimentos Score card da empresa Score card da funcional Score card da equipe ou individual Fica claro que medir o desempenho na cadeia de suprimentos é significativamente diferente de medir o desempenho de uma empresa, unidade de negócio, função etc. Mas o BSC pode se converter, de fato, em uma ferramenta potencial para medir o desempenho das cadeias de suprimentos, servindo inclusive como roteiro para guiar e balizar a implementação do sistema nas cadeias. A ênfase deve ser: “Como um grupo de empresas atua para criar valor para os clientes finais”. São necessárias três mudanças importantes: • as empresas da cadeia de suprimentos devem trabalhar de forma colaborativa, e o sistema de medição de desempenho da cadeia de suprimentos deve refletir isso claramente; • o sistema de medição deve estar estruturado para incentivar um ambiente de colaboração; • cada empresa, independente de sua posição na cadeia de suprimentos, deve voltar seu foco para o atendimento do cliente final em todas as suas dimensões. A aplicação do BSC nas cadeias de suprimentos exige a formulação da estratégia ea formulação do consenso, sem o qual nada se inicia, seguida da seleção de medidas de desempenho que sejam consistentes com a estratégia, a comunicação das medidas e a orientação para obtenção dos resultados esperados. Planejamento e controle just in time - JIT Just in time, cuja tradução para o português resulta em algo não muito claro – “apenas a tempo” –, corresponde à atividade de produzir bens e serviços exatamente no momento em que os mesmos são necessários, evitando, assim, que a produção antecipada resulte em estoque ou atrasos. Devido a essa característica – produzir e entregar exatamente quando necessário – é que esse modelo de planejamento e controle recebeu o nome de just in time. Adicionando qualidade e eficiência ao tempo, chega-se à definição completa do que é just in time: • Just In Time (JIT) é uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade global e eliminar desperdícios. • Possibilita a produção eficaz em termos de custo, assim como o fornecimento apenas da quantidade necessária de componentes, na qualidade correta, no momento e locais corretos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos. • JIT é dependente do equilíbrio entre a flexibilidade do fornecedor e a flexibilidade do usuário. É alcançado através da aplicação de elementos que requerem o envolvimento total dos funcionários e trabalho em equipe. • A filosofia-chave do JIT é a simplificação. Uma forma de compreender a abordagem JIT e conhecer sua diferença com os métodos tradicionais de planejamento e controle considera a análise do contraste entre os dois sistemas de manufatura: O JIT foi desenvolvido no período pós-guerra, na década de 1950 na Toyota Motors, no Japão, como um método para aumentar a produtividade, apesar dos recursos limitados e da prática de estoques próximos de zero. No modelo tradicional, a existência de um estoque amortecedor entre as diferentes operações permite que cada uma trabalhe de forma mais ou menos independente uma da outra, permitindo que os estágios A, B e C continuem trabalhando a partir do estoque residual que existe em cada etapa por mais algum tempo. Quanto maior o estoque isolador ou amortecedor, mais as operações se tornam independentes entre si. Já na abordagem JIT, deixa de existir o estoque amortecedor entre as distintas operações, e assim elas têm, por exigência do modelo, que adotar uma abordagem compartilhada para a solução de problemas. Se um estágio para de produzir por alguma razão, rapidamente os demais estágios da cadeia percebem o problema. Dessa forma, mais cabeças irão participar na tentativa de solucionar o problema daquele estágio que parou, ampliando-se, assim, as possibilidades de encontrar uma solução. Se por um lado é prudente proteger a produção de oscilações provenientes do mercado, seja pela falta de matéria-prima, seja pela falta de demanda, por meio dos estoques, o JIT busca exatamente o oposto, que é a exposição dos processos aos problemas, buscando soluções rápidas. Os estoques são entendidos, dentro da filosofia JIT como uma barreira de proteção aos defeitos. Quando se inicia o processo de transformação dos processos para o JIT, essa barreira começa a desaparecer, e os problemas, até então encobertos pelos estoques, afloram. A figura a seguir é excelente para demonstrar os efeitos da adoção da filosofia JIT: Operadores destreinados Retrabalho Problemas Empresas atrasadas ou defeituosas Refugo Filas Quebras Demanda instável Melhoria contínua Lógica do lago para explicar a filosofia JIT Os muitos problemas de produção são demonstrados pelas pedras no fundo do lago, que começam a aparecer quando o nível da água – estoques – diminui, permitindo, assim, que cada um deles seja resolvido e permitindo que o nível diminua mais ainda, e assim por diante. A filosofia e sua aplicação Em geral o sistema just in time é compreendido como sendo uma filosofia de manufatura, dando uma orientação que guia as ações de gerenciamento na execução de distintas atividades. O JIT, porém, também é uma coletânea de distintas metodologias aplicadas aos processos produtivos. Muitas dessas metodologias já são conhecidas, mas algumas são específicas da metodologia JIT. O JIT como uma filosofia de produção • Eliminar desperdícios • Envolvimento de todos • Aprimoramento contínuo JIT como filosofia, conjunto de técnicas e método de planejamento O JIT como um conjunto de técnicas para a gestão da produção • Práticas básicas de trabalho • Projetos para manufatura • Foco na produção • Máquinas pequenas e simples • Arranjo físico e fluxo • Manutenção produtiva total (TPM) • Redução de set-up • Envolvimento total das pessoas • Visibilidade • Fornecimento JIT O JIT como um método de planejamento e controle • Programação puxada • Controle kanban • Programação nivelada • Modelos mesclados • Sincronização Just in time procura refletir uma filosofia e um conjunto de técnicas utilizadas pelas indústrias japonesas a partir da revolução iniciada na década de 60 por Deming: • fazer as coisas simples; • fazer cada vez melhor; • eliminar os desperdícios. É tipicamente uma filosofia que dá ênfase à eliminação do desperdício e ao alto valor agregado. Assim sendo, a filosofia JIT baseia-se em eliminar desperdícios, envolver os funcionários na produção e no esforço pelo aprimoramento contínuo. Desperdício, conforme Slack (2007), é definido como qualquer atividade que não agrega valor: • superprodução; • tempo de espera; • transporte; • perdas de tempo no processo; • estoques; • movimentação das pessoas; • produtos defeituosos. Quanto ao envolvimento de todos, o JIT pode ser entendido como uma cultura organizacional nova, que busca envolver todos os funcionários da organização, sendo vista como o gerenciamento da qualidade total (TQM). Segundo Ohno (1997), um dos precursores da filosofia just in time, a ideia é obter um processo de fluxo de materiais, onde as partes corretas, necessárias à montagem, alcançam a linha de montagem apenas no momento e na quantidade em que são necessárias. Práticas básicas de trabalho JIT Nenhum dia poderá passar, em nossa organização, sem que algo tenha sido melhorado! Essa é a filosofia Kaizen, que integra a mudança de cultura necessária para a implementação do JIT. As denominadas técnicas JIT são, afinal, uma série de ferramentas e técnicas que buscam a eliminação dos desperdícios de forma sistemática. Sua aplicação resulta em enormes benefícios para a organização que as implementa: • práticas básicas de trabalho, demonstradas na figura anterior que preparam a organização e os funcionários para a implementação do JIT; • projeto para a manufatura, por meio da revisão dos projetos, buscando otimizar a fabricação/ montagem dos componentes, sem o uso de métodos complexos ou confusos; • foco na operação, na busca da simplicidade, da repetição e da experiência; • máquinas simples e pequenas, em vez de máquinas grandes e sofisticadas; • arranjo físico e fluxo, resultando em fluxos suaves de materiais, dados e de pessoas pela operação; • manutenção produtiva total (TPM), buscando a eliminação da variabilidade no processo, devido a quebras de máquinas não planejadas; • redução de set-up, que é o tempo gasto desde o término de produção de um determinado lote, a desmontagem e remontagem da máquina operatriz, preparando-a para realizar nova operação, diferente da anterior, e o início da nova atividade. Nada se produz durante esse tempo, e assim, quanto menor ele for, mais tempo de operação a organização terá; • envolvimento total das pessoas, exigindo responsabilidade no uso das habilidades individuais, em prol da organização; • visibilidade, permitindo a discussão de todos os problemas e vitórias, por meio dos círculos da qualidade (CCQ), painéis etc.; • fornecimento JIT, que representa a chegada de materiais ao processo exatamente no momento em que são necessários; • técnicas de planejamento e controle JIT, voltadas especificamentepara o planejamento e o controle da produção. Pode-se observar, por simples análise da lista anterior, que a implementação da filosofia JIT nas organizações exige um comprometimento muito grande por parte da alta direção, que deverá, por meio desse comprometimento, convencer os demais funcionários no esforço da mudança cultural que representa essa implementação. Não é fácil. Mas não é impossível! O planejamento e controle JIT atua diretamente em um dos pontos de maior desperdício nas organizações, que é o estoque em processo. Nos métodos convencionais de planejamento e controle, as ordens de produção são lançadas para a produção assim que chegam, gerando um processo denominado de produção empurrada, uma vez que a primeira máquina do ciclo é a que recebe a ordem de produção e inicia sua tarefa, sem se preocupar com as demais do processo envolvido. 1. Disponibilidade do material 2. Presença da ordem no programa definida a partir de previsões 3. Disponibilidade do equipamento Empurrado: condições para disparar produção:Processo de planejamento empurrado Excesso de estoque em processo, aguardando processamento em cada etapa do processo Já o planejamento e o controle JIT baseiam-se na ideia de um sistema puxado, isto é, a operação de produção está disponível, mas não produz nada até que uma ordem de compra solicite um produto acabado. A partir de então, a última máquina do processo produtivo solicita para a anterior (se necessário) o componente que precisa para completar a ordem de compra, e assim por diante. Processo de planejamento puxado Puxado: Condições para disparar produção: 1. Sinal vindo da demanda – quadrado Kanban com menos de dois produtos (no exemplo) 2. Disponibilidade do equipamento 3. Disponibilidade do material Diminuição do estoque em processo, sendo produzido somente o que é necessário Logística Objetivos Apesar de ser um exemplo ruim, as guerras feitas pelo homem ao longo da história têm sido ganhas e perdidas em função da capacidade logística de cada lado do combate. O início do fim da Segunda Grande Guerra aconteceu exatamente no momento em que o exército alemão perdeu sua capacidade de abastecer as linhas de frente, em função do rigoroso inverno russo, ou da maior capacidade dos aliados em prover as frentes no desembarque do Dia D. Traduzir as ações dos campos de batalha para as organizações atuais gerou uma nova e moderna abordagem para as organizações obterem vantagens competitivas consistentes e duráveis. A estratégia da movimentação de materiais O que é logística? Logística é a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla com eficiência a armazenagem, o fluxo de distribuição, o fluxo reverso, serviços e as informações entre o ponto de origem até o ponto de consumo no sentido de atingir o nível de serviço desejado pelo consumidor. A estratégia da movimentação de materiais O que é lead time? É o tempo que um produto leva para chegar ao consumidor, desde o momento do pedido, passando por produção, despacho e entrega. Ou seja, lead time é o tempo gasto pelo sistema de produção para que a matéria-prima se transforme em item finalizado, pronto para entrega. O fluxo reverso suscita da empresa a administração de devoluções e envolve o retorno dos produtos, embalagens e resíduos gerados, após a utilização dos seus produtos pelos consumidores. É uma cadeia de processos e ações executadas com eficácia, sucessivamente e/ou em sincronismo, a partir do desenvolvimento de um produto e suportadas por um preciso sistema de controles e um ágil fluxo de informações, com o objetivo de minimizar prazos e dispêndio de recursos e satisfazer as necessidades e aspirações dos investidores, clientes e fornecedores. Existem muitas maneiras de definir logística, mas, conforme Christopher (1997), o conceito principal poderia ser: A Logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de marketing, de modo a maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo. Já de acordo com o Council of Logistics Management (CLM), Conselho de Gestores de Logística, logística é definida cômoda seguinte forma: Logística empresarial é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente. A logística empresarial é dividida, segundo o CLM, em duas grandes áreas: • administração de materiais, que corresponde ao conjunto das operações associadas ao fluxo de materiais e informações, desde a fonte das matérias-primas até a entrada da fábrica; • distribuição física, que corresponde ao conjunto das operações dos bens e das informações associadas, desde o local de sua produção até o local designado no destino, garantindo que os bens cheguem ao destino em boas condições comerciais. Com o advento do just in time nos processos de planejamento da produção das empresas, aumentou a preocupação com a redução dos estoques, ao mesmo tempo em que aumentava a preocupação com o aumento na frequência dos transportes, dada a redução dos lotes produtivos. Em alguns setores industriais, como o químico e o de petróleo, os processos logísticos podem representar entre 35 a 45% na cadeia de valor dos produtos. Para bem entendermos a importância da logística, é razoável avaliar o conceito de cadeia de valor de Porter: A vantagem competitiva não pode ser compreendida olhando-se para a organização como um todo. Ela deriva de muitas atividades discretas que a organização desempenha projetando, produzindo, comercializando, entregando e apoiando seu produto... Uma organização ganha vantagem competitiva executando essas atividades estrategicamente importantes de maneira mais econômica ou melhor do que seus concorrentes. Porter define dois grupos de atividades na cadeia de valor: atividades primárias (logística de entrada, operações, logística de saída, marketing/vendas e assistência técnica) e atividades de apoio (infraestrutura, recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e aquisição). Para ganhar vantagem competitiva sobre seus concorrentes, as organizações devem proporcionar valor a seus clientes, desempenhando cada atividade de forma mais eficiente que seus concorrentes, ou com maior valor percebido por seus clientes. Assim sendo, a logística deve ser entendida como o elo que liga o mercado e a atividade operacional da organização, desde o gerenciamento da matéria-prima até a entrega do produto final. É o meio pelo qual as necessidades dos clientes são satisfeitas, pela coordenação dos fluxos de materiais e informações que fluem do mercado para a empresa e suas operações, e depois para seus fornecedores. O processo de gerenciamento logístico Logística na cadeia de suprimentos Em termos de cadeia de suprimento, existem fatores importantes a considerar: • Lead times na cadeia de suprimento Os mercados industriais estão mais sensíveis ao tempo. Cada vez mais os compradores procuram adquirir de fornecedores que ofereçam menores prazos e que atendam a seus requisitos no tocante ao desempenho das entregas. Nos mercados de consumo, os clientes decidem suas escolhas entre as marcas que estiverem disponíveis no momento da compra. Um desempenho de entrega ruim gera, hoje, “infidelidade” do cliente no momento da compra. a redução do ciclo de vida dos produtos; o esforço para se manter estoques cada vez mais reduzidos; os mercados altamente voláteis e as previsões de vendas pouco confiáveis. Existem três fatores de pressão nos mercados sensíveis ao tempo: Alguns fatores que geram aumento do lead time são os seguintes: • os tempos de espera; • as atividades que não agregam valor ao produto; • as operações realizadasem série, que poderiam acontecer ao mesmo tempo, em paralelo; • os problemas de qualidade que causam repetição de atividades; • a produção em lotes; • o excesso de controles; • a falta de sincronização na movimentação de materiais; • o uso de tecnologias ultrapassadas; • a falta de informação, a comunicação e a coordenação pobres; • a falta ou deficiência no treinamento; • o uso de arranjos físicos (layouts) inadequados; • os longos tempos de preparação (set up). O ciclo de vida de um produto é composto pelas fases de crescimento, maturidade e declínio no mercado. É muito difícil prever o tempo que durará cada fase ou identificar os fatores que provocam essas mudanças. As causas de aumento do lead time requerem cada vez mais atenção, especialmente nas cadeias de suprimentos, em função do aumento das exigências sobre o desempenho das entregas e da agilidade no tempo de atendimento. Logística reversa na cadeia de suprimentos Normalmente, a logística cuida do fluxo de materiais (gestão dos estoques e movimentação física) no sentido à jusante, dos fornecedores para os clientes. Mas existem dois outros fluxos de “materiais” que também precisam ser gerenciados de forma efetiva: as embalagens e recipientes utilizados no transporte e os produtos após o fim de suas vidas úteis. Os dois, em geral, apresentam um fluxo contrário ao fluxo produtivo, ou seja, têm sentido montante, do cliente para o fornecedor. É o caso dos contêineres utilizados no transporte marítimo e aéreo, ou das pilhas descarregadas, que, por lei, devem voltar aos fabricantes para reciclagem. São processo logísticos relativamente complexos, com restrições legais, sanitárias, econômicas etc. e dificuldades gerais inerentes a processos que, aparentemente, não agregam valor na cadeia de suprimentos. Todavia, muitas empresas já perceberam que o que têm hoje pode ser convertido de um grande “abacaxi” para uma grande fonte de vantagem competitiva, principalmente em termos de imagem institucional. A logística reversa consiste no planejamento, execução e controle do fluxo de matérias-primas, produtos e embalagens, bem como os fluxos de informações relacionados do ponto de consumo ao ponto de origem. TRANSPORTE Transporte é um recurso essencial nas operações logísticas de empresas que operam em qualquer área de atuação. O transporte faz a ligação de fornecedores e fabricantes através da entrega de matérias-primas e componentes, e distribui os produtos acabados do fabricante até os clientes intermediários e consumidores finais. A utilização de meios de transporte adequados preserva a qualidade e agiliza a entrega dos itens, ao mesmo tempo em que ajuda a reduzir estoques, a movimentação e manuseios dos produtos e os custos das operações, aumentando, assim, o nível de serviço ao consumidor. 178 TRANSPORTE Conforme relatório Ilos (2017), o total dos custos logísticos em relação ao PIB brasileiro em 2016 foi de 12%, sendo que os custos com transporte representam 6,6% do total do PIB brasileiro. Pela análise histórica recém-apresentada, pode-se concluir que mesmo mostrando alguma variação ano após ano, o custo dos transportes representa pouco mais do que 50% de todo o custo logístico, ou seja, as atividades relacionadas ao transporte (capital investido, mão de obra, custos operacionais etc.) exercem grande impacto sobre os custos logísticos totais. 179 TRANSPORTE Além de representar grande parcela dos custos logísticos, um fator importante a se considerar em relação aos transportes é seu impacto sobre o meio ambiente. Apesar da melhora na tecnologia e no consumo dos veículos, a operação de transporte é uma grande consumidora de combustíveis a base de derivados de petróleo e uma fonte importante de poluição, seja através da poluição do ar, seja por poluição sonora 180 TRANSPORTE Modais de transporte Transporte é o elo físico entre fornecedores, produtores e consumidores. Cada matéria-prima, componente ou produto acabado transportado entre os membros de uma cadeia de suprimentos possui características próprias e distintas entre si. Alguns itens possuem características físico-químicas específicas que exigem embalagens ou cuidados especiais no transporte, por exemplo, controle de temperatura. O tamanho do lote transportado, a localização dos 181 TRANSPORTE clientes, as condições climáticas, os acessos disponíveis a estradas, portos, aeroportos etc. são outras variáveis que influenciam na escolha do transporte mais adequado. Os meios de transporte podem ser divididos em cinco grupos: rodoviário (caminhões, ônibus, carros), ferroviário, aquaviário (rios, lagos, mar), aéreo e dutoviário. 182 TRANSPORTE A palavra modal é utilizada normalmente em substituição aos termos modalidade ou meios de transporte, usados para movimentar os itens entre os diferentes pontos da cadeia de suprimentos. Dessa forma, pode-se dizer que existem cinco modalidades ou modais de transporte. Cada modal de transporte tem suas próprias características e aplicabilidade, que são influenciadas por motivos como a infraestrutura existente na região, o tipo e quantidade de produtos a transportar, localização dos clientes, entre outros. Os principais fatores que influenciam na escolha do modal de transporte mais adequado são: 183 TRANSPORTE • natureza e características da mercadoria; • tamanho do lote a transportar; • disponibilidade e frequência do transporte; • transbordos e rotas alternativas; • restrições do modal; • tempo total de transporte (carga/descarga, consolidação da carga, tempo de viagem etc.); • confiabilidade do tempo de transporte; • valor do frete; • risco de sinistralidade (avarias, roubos); • nível de serviço. 184 TRANSPORTE Os modais rodoviário e ferroviário também são chamados de modais de superfície ou terrestres, enquanto que o modal aquaviário é ainda denominado de hidroviário. Transporte rodoviário O transporte rodoviário é o modal mais utilizado no Brasil e em muitos países do mundo. Conforme Lobo (2017), no Brasil, aproximadamente 60% do transporte de carga é feito através do modal rodoviário. O uso intensivo do transporte rodoviário se deve principalmente ao fato de ser um tipo versátil e eficiente. 185 TRANSPORTE As principais vantagens e desvantagens do transporte rodoviário são: Vantagens: • Disponibilidade de vias de acesso: apesar da baixa qualidade de algumas vias, a malha rodoviária brasileira é bastante extensa, atendendo a todas as regiões do país. • Possibilidade de serviço porta a porta: o transporte rodoviário permite que a mercadoria saia diretamente da fábrica do fornecedor e seja entregue exatamente no local designado pelo cliente, sem necessidade de carga ou descarga intermediária. 186 TRANSPORTE • Permite embarques e partidas mais rápidos: ao contrário de outros modais como, por exemplo, o ferroviário, no qual há a necessidade de esperar que se complete a carga de todo o trem antes de iniciar a viagem, no transporte rodoviário basta preencher a carga de um veículo para iniciar a jornada. • Permite o transporte de lotes com tamanho variável: o transporte rodoviário pode ser feito por diferentes tipos de veículos que podem variar de pequenas camionetes, passando por caminhões monoblocos e carretas até veículos especiais como os chamados bitrem e rodotrem. Essa variedade de veículos permite ao usuário escolher o recurso que melhor se adequa à quantidade, ao volume ou ao peso a ser transportado. 187 TRANSPORTE • Em caso de quebra ou acidente é fácil substituir o veículo danificado: a grande disponibilidade de veículos de diferentes tamanhos e capacidades, a disponibilidade de diversas vias de acesso e a rapidez de locomoção permitem que, em casos de emergência, o veículo danificado seja rapidamente substituído. • Permite maior rapidez na entrega: comparado com outros modais, o transporte rodoviário é adequado para o transporte de curta distância. Além disso, o serviço porta a porta, a disponibilidade de diferentes tamanhos de veículos, a possibilidade de acessar diversasestradas ou vias públicas que atravessam as cidades possibilitam que as entregas sejam feitas de forma mais rápida. 188 TRANSPORTE O bitrem é um veículo formado por um cavalo mecânico e dois semirreboques, com o primeiro tendo um engate para que possa ser acoplado o segundo. O rodotrem é um veículo composto de três partes, sendo um cavalo mecânico, um semirreboque e um reboque. O cavalo mecânico é a parte do veículo na qual fica a cabine do motorista. 189 TRANSPORTE 190 bitrem rodotrem TRANSPORTE Desvantagens: • Maior custo operacional e menor capacidade de carga: o custo da tonelada de carga transportada por quilometro é maior que outros modais de transporte. • Nas épocas de safra, provoca congestionamentos nas estradas: problemas de infraestrutura na malha rodoviária e nos locais de armazenagem tornam as operações de transporte e descarga lentas e pouco eficientes. • Desgaste prematuro da infraestrutura da malha rodoviária: o uso intensivo pelos veículos rodoviários demanda grandes investimentos em conservação e manutenção das rodovias e vias públicas. 191 TRANSPORTE Transporte ferroviário O modal ferroviário é utilizado principalmente para o transporte de grandes quantidades ao longo de distâncias extensas. Apesar de ser considerado um modal de transporte de baixa velocidade, a possibilidade de transportar grandes volumes e peso de cargas homogêneas, tais como, minérios, grãos, combustíveis etc., além de produtos manufaturados e contêineres, faz com que esse meio de transporte seja considerado bastante eficiente considerando a relação custo-tonelada por quilômetro transportado. 192 TRANSPORTE As principais vantagens e desvantagens do transporte ferroviário são: Vantagens: • capacidade de transportar grandes volumes de mercadorias; • custos dos fretes decrescentes em função do crescimento do volume transportado; • baixo consumo energético considerando o volume de carga transportada; • possibilidade de abastecimento e descarga ao longo dos percursos. 193 TRANSPORTE Desvantagens: • baixa velocidade de deslocamento, o que leva a maior tempo de locomoção; • operações de carga e descarga, despacho, triagem de vagões nos pátios, controle de tráfego, conferência de carga etc., aumentam os custos e os tempos totais de viagem; • pouca versatilidade e baixa flexibilidade de rotas; • alto risco de roubos. 194 TRANSPORTE Transporte aquaviário O transporte aquaviário, apesar de lento, permite carregar grande variedade e capacidade de carga, desde produtos a granel (grãos, minérios, petróleo etc.) até produtos manufaturados e contêineres. Pela sua grande capacidade, ele é bastante competitivo considerando-se a relação custo – volume – distância. Entre as desvantagens do transporte aquaviário estão a baixa velocidade de deslocamento, quando comparado a outros modais, e o fato de o transporte estar limitado a regiões que possuem portos para carga e descarga. Essa característica faz com que seja necessário utilizar outro modal para transportar a carga entre o local de origem ou destino e o porto. 195 TRANSPORTE Outra inconveniência que afeta o nível de serviço do transporte aquaviário é o tempo total de viagem entre o local de origem e de destino. Os tempos de carga e descarga, o tempo de transbordo entre o navio e outro modal de transporte, o intervalo de desembaraço das mercadorias, entre outros aspectos, tendem a aumentar significativamente o tempo total do transporte entre o fornecedor e o cliente final. O modal aquaviário inclui o transporte marítimo, o transporte fluvial e o transporte lacustre. 196 TRANSPORTE Transporte marítimo Inclui o transporte nos mares e oceanos, sendo o modal mais utilizado no comércio internacional. O transporte marítimo pode ser de longo curso ou transporte de cabotagem. O transporte de carga de longo curso, também chamado de navegação internacional, é aquele realizado entre os portos de diferentes países e continentes. O transporte de cabotagem é executado entre portos de um mesmo país. São diversas as embarcações utilizadas no transporte marítimo, sendo normalmente classificadas em embarcações de carga geral ou multipropósitos, porta contêineres e especializadas 197 TRANSPORTE As embarcações de carga geral são navios convencionais de grande versatilidade que possuem porões e deques, além de serem usados no transporte de grande variedade e tipos de carga, tais como carga seca, carga refrigerada etc. Os navios porta-contêineres são projetados para transportar qualquer tipo de carga que possa ser levada em contêineres. Eles possuem estruturas especiais com ranhuras que permitem alojar e fixar rapidamente os contêineres. Esse sistema de alojamento dos contêineres, aliado aos sistemas de carga e descargas dos portos, que utilizam guindastes específicos para o manuseio de contêineres, torna a operação de embarque e desembarque bastante eficiente e rápida. 198 TRANSPORTE 199 Navio porta contêiner TRANSPORTE Os navios para carga especializada são construídos para itens específicos com o objetivo de otimizar a ocupação do espaço disponível, preservar a qualidade da mercadoria transportada e facilitar a carga e a descarga nos portos. Entre os navios especializados, temos os navios graneleiros, usados no transporte de carga sólida a granel, e os navios Roll-on e Roll-off (Ro-Ro), desenvolvidos para o transporte de veículos automotores. 200 TRANSPORTE 201 Navio Roll-on Roll off (Ro-Ro) TRANSPORTE Transporte fluvial Também chamado de navegação interior, é realizado em rios, podendo ser nacional ou entre países. Ele é feito em hidrovias que consistem em um conjunto de canais delimitados, sinalizados e com gabarito hidroviário mantido. Os tipos de embarcações utilizadas no transporte fluvial podem ser os navios empregados no transporte marítimo ou então barcaças, balsas ou chatas que têm como principal vantagem poder navegar em águas pouco profundas. Um comboio típico usado por esse meio de transporte é composto de uma ou mais chatas ou barcaças, impulsionadas por um empurrador que conduz a carga ao longo do rio. 202 TRANSPORTE Apesar de ser lento até mesmo quando comparado ao transporte marítimo, o transporte fluvial possibilita o carregamento de diferentes tipos de mercadorias a granel, contêineres ou até mesmo as carrocerias ou baús de caminhões útilizados no modal rodoviário. 203 Transporte fluvial de carga TRANSPORTE O Brasil possui um sistema extenso de rios e lagos, dividido em 12 bacias hidrográficas e uma malha hidroviária de 42 mil km, compostos de 21 mil km de rios navegáveis e 15 mil km de trechos potencialmente navegáveis. As principais hidrovias brasileiras são: do Amazonas, do Madeira, do Mercosul, do Paraguai, do Parnaíba, do São Francisco, do Solimões, do Tapajós/Teles Pires, do Paraná/Tietê e Tocantins/Araguaia. 204 TRANSPORTE Transporte lacustre É realizado em lagos, sendo também considerado como navegação interior. Esse transporte pode ser nacional ou entre países, sendo que no Brasil os principais sistemas lacustres são o da Lagoa Mirim e o da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, que fazem parte da hidrovia do Mercosul. O transporte fluvial é feito em hidrovias que consistem em um conjunto de canais delimitados, sinalizados e com gabarito hidroviário mantido 205 TRANSPORTE 206Transporte lacustre Barcaça e chata são tipos de embarcações de pequeno calado e fundo chato. São muito utilizadas em locais que possuem pouca profundidade e podem transportar uma grande variedade de mercadorias a granel ou em contêineres. Normalmente, elas são empurradas, às vezes por rebocadores, mas podem, em alguns casos, serem impulsionadas por motores próprios. TRANSPORTE Transporte aéreo É um modal utilizado tanto no transporte de carga em nível nacional como no internacional. Apesar de seu custo elevado quando comparado a outros modais, ele tem sido muito utilizado devido à flexibilidade de rotas e rapidez da viagem, principalmente para longas distâncias. Outra grande vantagem que elepossui está na disponibilidade crescente de rotas, na sua confiabilidade e segurança contra qualquer tipo de sinistro. 207 TRANSPORTE Devido a essas características, as mercadorias transportadas via aérea são normalmente produtos perecíveis (alimentos, flores etc.), metais nobres (joias, papel-moeda etc.), mercadorias de alto valor (obras de arte, automóveis etc.), cargas expressas (correio, malotes, documentos etc.), animais vivos, entre outros. Também é possível transportar pelo modal aéreo máquinas, equipamentos e componentes mecânicos e eletrônicos. O transporte aéreo apresenta como desvantagens o alto custo em relação a outros modais (custo-volume/peso-distância) e a limitação da capacidade das aeronaves referente ao volume e peso a ser transportado, restrição quanto ao transporte de cargas perigosas e a alta dependência de boas condições atmosféricas para sua operação 208 TRANSPORTE 209 TRANSPORTE Transporte dutoviário O transporte dutoviário é o modal que oferece a menor flexibilidade de rota. Os dutos são construídos de forma a abastecer um ou mais pontos de destino a partir de um ou mais pontos de origem, porém a rota definida não pode ser alterada após sua conclusão. O modal dutoviário permite o transporte de produtos gasosos, líquidos ou sólidos. Eles podem ser impulsionados por gravidade ou por meio de estações de bombeamento através de dutos que podem ser subterrâneos, submarinos, de superfície ou aéreos. 210 TRANSPORTE Os principais tipos de dutos utilizados são: • Gasodutos: transportam gás natural; • Oleodutos: transportam petróleo e seus derivados dos terminais portuários, das refinarias ou dos centros de distribuição; • Minerodutos: transportam minério de ferro, sal-gema e concentrado fosfático; • Polidutos: transportam outros produtos como sucos, vinho e água. No Brasil, existem os chamados etanoldutos ou álcooldutos, que têm o objetivo de interligar as regiões produtoras de etanol e os grandes centros de consumo. 211 TRANSPORTE As principais vantagens e desvantagens do sistema de transporte por dutos são: Vantagens: • longa vida útil; • pouca manutenção; • baixa demanda por mão de obra; • apesar de lento, é um sistema que permite o transporte contínuo de grandes volumes de carga à granel; • preço do frete reduzido; • não demanda qualquer tipo de embalagem; • não é afetado pelas condições climáticas; • sistema pouco poluente. 212 TRANSPORTE Desvantagens: • baixa flexibilidade de rota e de produtos; • necessidade de transbordo para outros modais; • carência de áreas de armazenagem nos terminais; • riscos por operar com produtos inflamáveis; • investimento inicial elevado. 213 EMBALAGEM NA LOGÍSTICA O desenvolvimento da embalagem vem acompanhando o do ser humano ao longo dos tempos. As primeiras embalagens foram criadas com o objetivo de proteger e transportar, mesmo que de maneira rudimentar, água e alimentos. Elas eram feitas de materiais encontrados na natureza, tais como chifres, conchas e até mesmo crânios de animais. 214 EMBALAGEM NA LOGÍSTICA Nos dias atuais, a embalagem continua tendo como função proteger e transportar alimentos, porém outras atribuições foram sendo incorporadas por ela. Do ponto de vista industrial, a embalagem tem como principais funções proteger a mercadoria durante o processo de recebimento, produção, manuseio, movimentação e armazenagem. Para o marketing, a embalagem é uma maneira de mostrar o produto ao mercado e seduzir o cliente, ajudando, assim, a aumentar as vendas. 215 EMBALAGEM NA LOGÍSTICA Definição de Embalagem: A embalagem é um recipiente ou envoltura que armazena produtos temporariamente, individualmente ou agrupando unidades, tendo como principal função protegê-lo e estender o seu prazo de vida (shelf life), viabilizando sua distribuição, identificação e consumo. Percebe-se nessa definição que a embalagem não tem uma função por si própria, ou seja, ela sempre está vinculada a um material ou produto e tem como foco preservar a qualidade do item entre a sua produção e o consumo. 216 EMBALAGEM NA LOGÍSTICA Definição de Embalagem: A embalagem tem por objetivo não somente proteger e distribuir de forma segura os produtos aos clientes. Ela também pode ser usada como uma ferramenta de marketing, atraindo a atenção do consumidor pelo produto, alavancando as vendas. As embalagens são invólucros, recipientes ou qualquer forma de acondicionamento removível ou não, destinados a cobrir, empacotar, envasar, proteger, manter os produtos ou facilitar a sua comercialização 217 EMBALAGEM NA LOGÍSTICA Do ponto de vista industrial, a embalagem tem o potencial de integrar e facilitar operações logísticas como manuseio, movimentação e armazenagem ao longo de toda a cadeia de suprimentos, aumentando a competitividade das empresas. 218 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS Levando em consideração os pontos de vista industrial e de consumo, as embalagens são projetadas para desempenhar diferentes papéis. Para a indústria, é essencial que a embalagem, além de conter e proteger o item, colabore a fim de melhorar o desempenho logístico e reduzir os custos ao longo de toda a cadeia produtiva. Assim, ela deve ser desenvolvida de forma que permita facilitar seu manuseio e transporte, possibilitando um aproveitamento eficiente do espaço de armazenagem. 219 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS Do ponto de vista de consumo, além de preservar o produto, a embalagem é usada para promovê-lo durante a fase de venda direta ao consumidor final. Ela funciona ainda como meio de comunicação com o consumidor. As embalagens possuem informações, algumas obrigatórias pela legislação vigente, e outras definidas pelo fabricante, que ajudam a informar o consumidor sobre aspectos importantes do produto. Esses dados, combinados com uma embalagem de design prático e atraente, ajudam a tornar o produto mais vendável. As embalagens podem ser classificadas em função de seus níveis, sua finalidade, seus processos de movimentação e utilidade. 220 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS Níveis da embalagem Com relação ao papel que deve desempenhar, as embalagens são classificadas em cinco níveis: primária, secundária, terciária, quaternária e de quinto nível. • Nível primário: é a embalagem que está em contato com o produto (vidro, lata, plástico etc.),sendo a medida de produção e consumo. Normalmente, ela está disponível nas lojas de varejo e o consumidor a compra e a leva para casa. 221 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS 222 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS • Nível secundário: é a embalagem utilizada para conter e proteger diversas embalagens primárias. 223 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS • Nível terciário: corresponde à montagem das embalagens secundárias em caixas de papelão, madeira, ou outro material. Esse é o tipo de embalagem normalmente vendido aos atacadistas e distribuidores. 224 Embalagem primária Embalagem Secundária Embalagem Terciária CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS • Nível quaternário: equivale à montagem das embalagens terciárias em paletes ou caixas, de forma a facilitar seu manuseio, movimentação e armazenagem. 225 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS • Quinto nível: são as embalagens especiais, como, por exemplo, contêineres, utilizadas para transportes à longa distância. 226 FINALIDADE DA EMBALAGEM Do ponto de vista industrial, as embalagens se destinam a proteger e preservar a qualidade dos materiais e produtos acabados ao longo de todas as etapas do ciclo produtivo e de consumo, otimizando o uso dos espaços, reduzindo custos e aumentando a eficiência operacional do sistema logístico. 227 FINALIDADE DA EMBALAGEM Já para as vendas e o consumidor, as embalagens também devem oferecer praticidade, conveniência e servir como elo de comunicação entre a empresa e o comprador. A escolha de materiais adequados, o seu design e as informações contidas nas embalagens, além de atrair a atenção dos consumidores, devem proporcionar outros benefícios, como: facilidade de uso, descarte ou reaproveitamento da embalagem após uso, entreoutros. 228 FINALIDADE DA EMBALAGEM Nota-se que as embalagens possuem diferentes finalidades e, portanto, não devem ser consideradas apenas como um insumo ou um componente sem importância na formação do produto. Essas diferentes finalidades das embalagens podem ser divididas em seis categorias: embalagem para consumo, embalagem expositora, embalagem para distribuição física, embalagem de transporte, embalagem industrial ou de movimentação e embalagem de armazenamento 229 FINALIDADE DA EMBALAGEM • Embalagem para consumo: são as embalagens primárias ou às vezes secundárias utilizadas na etapa de vendas para disponibilizar o produto ao consumidor. Trata-se do meio através do qual a marca e os produtos se relacionam com os consumidores. Portanto, as embalagens devem ser projetadas de forma a explorar o lado racional e emocional do consumidor, expondo o produto de maneira prática e agradável, tornando, assim, o produto atraente e desejável. • Embalagem expositora: é o tipo de embalagem que, além de permitir o acondicionamento e transporte do produto, tem por objetivo exibi-lo ao público consumidor. 230 FINALIDADE DA EMBALAGEM O produto tem apenas três segundos para atrair a atenção do público. Se conseguir fazê-lo, as chances de compra são de 85%. Desse modo, as embalagens precisam ser planejadas para transmitir rapidamente os valores que a marca ou produto pretendem passar ao público-alvo. 231 FINALIDADE DA EMBALAGEM Além de atrair a atenção dos consumidores, as embalagens expositoras se caracterizam por: — serem usadas normalmente para produtos de consumo diário; — manterem protegida a embalagem de consumo durante o transporte e a armazenagem; — possuírem forma geométrica que permita seu agrupamento ou empilhamento; — serem práticas e de fácil manejo; — apresentarem uma comunicação visual atrativa; — possibilitarem a coleta da embalagem de consumo de forma fácil e rápida. 232 FINALIDADE DA EMBALAGEM • Embalagem para distribuição física: é o tipo de embalagem primária ou secundária destinada a proteger o produto durante as atividades de manuseio, movimentação, carregamento, transporte e descarga. 233 FINALIDADE DA EMBALAGEM Normalmente, as embalagens para distribuição física possuem como principais atribuições: — proteger o produto durante as atividades de movimentação, como carregamento, transporte e descarga; — permitir a identificação do produto e a marca do fabricante; — servir como meio de comunicação ao possibilitar que informações específicas, como cuidados no manuseio ou na preservação, sejam registradas na embalagem; — facilitar o manuseio, a abertura e o fechamento da embalagem por parte do usuário ou consumidor final; — ser reutilizável ou de material reciclável. 234 FINALIDADE DA EMBALAGEM • Embalagem de transporte: alguns produtos, após sua fabricação, são transferidos para hubs, centros de distribuição, atacadistas e varejistas antes de chegar ao consumidor final. Os tipos de transporte utilizados também podem ser diversos, como transporte rodoviário, marítimo, aéreo etc., os quais exigem cuidados específicos. Em função da distância e do período que esses produtos ficarão estocados em cada uma dessas etapas, o tempo em que eles estarão em trânsito ou armazenados podem ser longos, principalmente quando a localização do 235 FINALIDADE DA EMBALAGEM produtor em relação aos clientes for distante, como ocorre normalmente nos casos de exportação. Assim, essa embalagem, além de proteger e preservar o produto durante as diversas etapas de transporte e armazenagem a que serão submetidos, deve ser projetada de forma a facilitar a execução das muitas operações de movimentação, transporte e armazenagem, melhorando a eficiência operacional em todo o ciclo. 236 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS Hub é um ponto central no qual grandes volumes de carga são coletados, separados e distribuídos de uma área ou região para outra. A embalagem de transporte tem como objetivo constituir e entregar os produtos aos clientes de forma racional. Para isso, devem ser desenvolvidos e utilizados modelos padronizados de embalagem, para que elas possam ser acomodadas adequadamente, utilizando de forma apropriada o espaço disponível. 237 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS A concepção da embalagem de transporte deve ser tal que atenda aos seguintes requisitos: — características do material ou produto; — meios de manuseio e movimentação utilizados; — meios de transporte utilizados; — duração de cada etapa do transporte; — influência das condições climáticas (temperatura, umidade etc.) sobre as propriedades e a durabilidade dos produtos; — atendimento a disposições específicas (transporte e armazenagem de produtos perigosos, licenças sanitárias, legislação alfandegária etc.). 238 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS • Embalagem industrial ou de movimentação: são recursos de uso repetitivo utilizados para conter e proteger os itens durante sua movimentação e estocagem entre fornecedores e clientes, dentro das áreas industriais ou entre fábricas de uma mesma empresa. 239 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS Essas embalagens são fabricadas em madeira, plástico ou metal, de forma que possam resistir ao uso contínuo em situações repetidas. Em determinadas situações, essas embalagens são desenvolvidas para atender as necessidades específicas de um item, mas, de forma geral, são projetadas de modo que possam facilmente se adaptar às especificidades da área de trabalho. Por exemplo, algumas delas possuem sistema de encaixe que permite seu empilhamento, melhorando o aproveitamento do espaço vertical disponível. Outras têm rodas para que possam ser movimentadas manualmente pelo operador, sem a utilidade de recursos adicionais como empilhadeiras. 240 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS Independentemente das particularidades de seu projeto, essas embalagens são desenvolvidas para serem usadas de forma repetitiva e por longos períodos em ambientes de trabalho intenso. Assim, as embalagens industriais devem apresentar elevada robustez para poder suportar as forças e impactos causados durante a rotina de trabalho. 241 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS • Embalagem de armazenamento: é o tipo de embalagem que tem como principal finalidade proteger os materiais ou produtos de danos físicos, contaminações e influência do meio ambiente (temperatura, luminosidade etc.), os quais podem comprometer a integridade e as propriedades dos produtos. 242 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS Esses agentes agressivos externos podem ser classificados como: — Agentes ambientais: temperatura, umidade, chuva, poeira, fungos e bactérias que são encontrados no meio ambiente podem fazer com que os produtos percam características como gosto, odor e cor ou, então, contaminar e deteriorar o conteúdo da embalagem. As embalagens devem ser desenvolvidas e utilizar materiais ou recursos que protejam seu conteúdo da influência desses agentes. 243 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS 244 Sílica gel é um produto sintético produzido a partir de silicato de sódio que é utilizado para absorver umidade. Normalmente, ela é usada de forma granulada em pequenos sacos colocados nas embalagens. CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS — Agentes físicos: fatores como vibração, choques e pressão originados durante o manuseio, transporte e empilhamento das embalagens podem causar lascamento, quebra, deformações e amassamento dos produtos. Embalagens rígidas ou com enchimentos ou divisórias, conforme mostrado a seguir, podem proteger os itens desses agentes físicos. 245 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS — Agentes químicos: ambientes com a presença de vapores corrosivos, salinidade etc. podem atacar o produto, causando deterioração, oxidação etc. — Agentes biológicos: os produtos podem ser atacados por microrganismos, insetos, roedores, bactérias etc. As embalagens devem proteger desses agentes o seu conteúdo, mas é importante que os recursos de movimentação, áreas de produção e armazenagem, além das pessoas, sejam submetidos a procedimentos de controle biológico.246 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS Roupas apropriadas, sistema de ventilação e exaustão adequados, entre outros recursos disponíveis, ajudam a evitar a contaminação por agentes biológicos. 247 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS As embalagens sempre vão cumprir com seus objetivos de contenção, proteção e preservação dos materiais e produtos. Elas sempre precisam ser movimentadas diversas vezes ao longo do ciclo produtivo e de distribuição. Assim, do ponto de vista operacional, devem cumprir seu papel ajudando a melhorar o desempenho das operações logísticas. A concepção adequada das embalagens permite que sejam utilizados recursos de movimentação simples, práticos e baratos, dando flexibilidade e reduzindo os custos totais das operações. 248 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS Movimentação é o conjunto de processos, métodos e equipamentos que tem por objetivo básico movimentar os estoques na forma de materiais, componentes e produtos semiacabados e acabados em pequenas ou grandes quantidades de um local para o outro através de toda a cadeia produtiva. A seguir, exibiremos possíveis combinações de processos e equipamentos que podem ser utilizados na movimentação dos itens embalados. 249 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS 250 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS 251 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS A movimentação horizontal é aquela na qual os itens são colocados. Quando os itens são retirados de seu local de origem, transportados e colocados em seu local de destino pelo funcionário sem a ajuda de recursos de elevação, a movimentação é chamada de horizontal. Na movimentação horizontal, as embalagens não precisam necessariamente ser colocadas no nível do piso. Como a retirada e a colocação das embalagens é feita pelo funcionário sem ajuda de recursos de elevação, a altura de estocagem dos itens deve ser compatível com os aspectos ergonômicos que preservem a saúde do ser humano. 252 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS 253 Movimentação horizontal de embalagens PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS Na movimentação vertical, além da movimentação horizontal, são utilizados equipamentos adequados que permitem a elevação da carga. Esse tipo de recurso de movimentação permite estocar os itens na vertical, melhorando o aproveitamento do espaço volumétrico do armazém. 254 Movimentação vertical de embalagens PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS A movimentação desses recursos de movimentação horizontal e vertical pode ser feita de forma manual ou motorizada. Na movimentação manual, a movimentação e a elevação são feitas usando a força do ser humano. Essas operações manuais devem ser realizadas de modo planejado e controlado, seguindo as diretrizes da legislação e as normas vigentes para não expor os trabalhadores a riscos de lesões e fadigas. 255 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS Na movimentação motorizada, os equipamentos utilizam motores elétricos ou combustão, que acionam dispositivos mecânicos, pneumáticos ou hidráulicos que coletam, movimentam e posicionam as cargas nos locais corretos. 256 Movimentação horizontal manual Movimentação vertical motorizada com operador sentado Movimentação vertical motorizada com operador a pé PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS As operações de manuseio, movimentação e armazenagem dos produtos são compostas de um conjunto de atividades que se não forem bem executadas podem colocar em risco o ser humano, os ativos materiais das empresas e o meio ambiente. As normas indicadas a seguir definem princípios e medidas que devem ser adotadas para mitigar ou eliminar os riscos dessas operações. 257 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS Norma reguladora NR 11 – transporte, movimentação, armazenagem e manuseio dos materiais: apresenta requisitos para a operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras e procedimentos para movimentação, armazenagem e manuseio de diversos materiais. 258 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS Norma reguladora NR 17 – ergonomia: estabelece parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. 259 PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO DAS EMBALAGENS Norma reguladora NR 12 – segurança no trabalho em máquinas e equipamentos: define referências técnicas, princípios e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade dos trabalhadores. Estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos. 260 UNITIZAÇÃO A partir do momento em que a matéria-prima é comprada dos fornecedores até quando o consumidor adquire o produto, os materiais e produtos, embalados ou não, são movimentados, armazenados e transportados inúmeras vezes, tanto durante os processos produtivos como logísticos. Uma das maneiras para tornar essas atividades mais eficientes é realizando a unitização das cargas. Uma carga unitária ou unitizada pode ser entendida como um agrupamento de itens homogêneos ou heterogêneos, embalados ou não, que são arranjados em uma carga única que forma um só volume, o qual pode ser manuseado, transportado e armazenado por meios mecânicos, como uma unidade. 261 UNITIZAÇÃO 262 Cargas unitárias UNITIZAÇÃO Com a unitização das cargas, eliminam-se etapas desnecessárias de manuseio e transporte de cargas fracionadas, proporcionando aumento da eficiência e a redução dos custos logísticos. Conforme pode ser visto na figura a seguir. 263 Movimentação manual versus mecânica UNITIZAÇÃO Entre as vantagens da unitização das cargas, temos: • permite a movimentação de cargas maiores; • melhora a organização e o aproveitamento volumétrico do armazém; • reduz os tempos de carregamento e descarga e o congestionamento nos pontos de origem e destino; • facilita o manuseio dos materiais; • simplifica o inventário dos materiais; • agiliza a separação dos pedidos; • diminui o número de avarias na mercadoria em trânsito; • dificulta o furto de mercadorias; • minimiza os custos logísticos. 264 UNITIZAÇÃO Apesar das vantagens apresentadas em termos de redução dos tempos e custos logísticos, destacamos algumas desvantagens ou dificuldades ao se adotar o conceito de cargas unitizadas: • custo da unitização e desunitização; • investimento e manutenção dos equipamentos de movimentação; • falta de flexibilidade no armazenamento e transporte em função das dimensões das cargas unitizadas; • dificuldade de unitizar produtos que possuem embalagens pouco resistentes, que não permitem o seu empilhamento; 265 UNITIZAÇÃO • complexidade para unitizar produtos com formas geométricas não convencionais (cone, oval etc.); • complicação da inspeção aleatória no recebimento dos produtos; • controle e retorno dos unitizadores vazios; • estocagem dos unitizadores vazios. 266 FORMAS DE UNITIZAÇÃO Os dispositivos que permitem a formação de cargas unitárias são diversos. Os principais métodos de unitização são: paletes, caixas, pré-lingagem e a autounitização da carga. • Paletes: é a forma mais utilizada para a unitização de cargas. As cargas arranjadas em paletes podem ser de madeira, aço, alumínio etc. Os paletes são plataformas para apoio e arranjo da carga de forma construtiva que permite o encaixe e o apoio de garfo de empilhadeiras. 267 FORMAS DE UNITIZAÇÃO Para melhor aproveitamento do espaço e facilidade de unitização, recomenda-se o uso de paletes com dimensões padronizadas. No Brasil, a dimensão padrão adotada aos paletes de madeira é de 1.000 mm x 1.200 mm, sendo que frequentemente também são utilizados paletes com outras dimensões como 800 mm x 1.200 mm (padrão europeu) e 800 mm x 1.000 mm. 268 FORMAS DE UNITIZAÇÃO As principais vantagens obtidas com o uso de paletes são: — rapidez na estocagem e movimentação das cargas; — melhor aproveitamento volumétricodo espaço de armazenagem; — diminuição das operações de movimentação; — redução de danos aos produtos e acidentes pessoais; — uniformização do local de estocagem. 269 FORMAS DE UNITIZAÇÃO As principais desvantagens do uso de paletes são: — espaço perdido de armazenagem para acomodar paletes vazios; — investimento na compra e manutenção dos paletes; — investimento e manutenção de equipamentos para a movimentação; — aumento do peso do transporte devido ao peso do palete. 270 FORMAS DE UNITIZAÇÃO • Caixas: são recipientes rígidos dentro dos quais os materiais e produtos são unitizados. Elas podem ser fabricadas em madeira, plástico, metal ou outro material que ofereça rigidez ao invólucro e proteção aos produtos. As caixas podem ser totalmente fechadas ou abertas, normalmente chamadas de engradados. As caixas são utilizadas para transportar produtos diversos, desde alimentos e bens de consumo a itens industriais e devem ser projetadas de forma a facilitar a sua movimentação e transporte, além de otimizar o uso do espaço de armazenagem. Destacamos as seguintes vantagens da unitização de cargas em caixas rígidas: 271 FORMAS DE UNITIZAÇÃO — melhor eficiência geral na movimentação de materiais; — redução dos danos no manuseio e no transporte; — diminuição de furtos; — decréscimo da necessidade de embalagens protetoras (choques, proteção contra elementos do ambiente etc.); — permissão do reuso da caixa, subtraindo os custos e a necessidade de descarte. 272 FORMAS DE UNITIZAÇÃO • Pré-lingagem: é o volume gerado através da amarração dos materiais ou produtos por cintas, alças ou olhais, formando lingas para o içamento da carga, conforme mostrado a seguir. 273 FORMAS DE UNITIZAÇÃO Utilizado principalmente para a movimentação e posicionamento de sacos e fardos, as cintas são feitas de fibras sintéticas de alta resistência com largura adequada que permite a distribuição dos esforços sobre a carga. Também podem ser empregadas cintas de aço. As principais vantagens desse sistema em relação aos paletes são: — facilidade de manuseio; — pouco investimento; — maior agilidade na movimentação das cargas; — baixo custo de transporte de retorno das lingas ou cintas, facilitando seu reuso; — menor custo total. 274 FORMAS DE UNITIZAÇÃO A principal desvantagem é que o uso de lingas e cintas é aplicável para itens que são transportados, sobretudo, em sacos ou fardos. Esse sistema não é recomendado para a unitização de embalagens não muito rígidas, pois as lingas ou cintas podem deformar as embalagens, danificando os produtos. No caso de embalagens muito rígidas e que possuam cantos vivos, tais cantos podem danificar as lingas ou cintas. Na hipótese de transportar esse tipo de embalagens, podem ser usados alguns recursos como cantoneiras ou reforços que protejam as embalagens e/ou as lingas e cintas. Outra desvantagem pré-lingagem é que a movimentação da carga unitizada somente pode ser feita por içamento, o que limita o uso de alguns equipamentos para tal fim. 275 FORMAS DE UNITIZAÇÃO 276 FIM Obrigado a Todos