Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tegumento comum APRESENTAÇÃO Nesta unidade, estudaremos o tegumento comum e seus derivados. Você compreenderá a importância desse órgão, que é o maior do corpo, por meio de sua organização e suas funções. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a estrutura e as funções da pele.• Identificar a organização da epiderme e da derme.• Identificar a disposição das linhas de clivagem no corpo.• DESAFIO A maioria das fibras colágenas e elásticas é disposta em feixes paralelos no corpo. A orientação desses feixes depende do estresse aplicado na pele durante o movimento normal; os feixes são alinhados de forma a permitir resistência às forças aplicadas. O padrão resultante dos feixes de fibras estabelece as linhas de clivagem da pele. As linhas de clivagem são clinicamente importantes, pois cortes paralelos às linhas de clivagem em geral cicatrizam melhor, enquanto cortes transversais a essas linhas tendem a ser abertos pela retração das fibras elásticas seccionadas. Os cirurgiões, portanto, orientam-se pelas linhas de clivagem ao realizar incisões, uma vez que os cortes cicatrizam mais rapidamente e as cicatrizes são mínimas. Você foi convidado a participar de uma cirurgia e a planejar a direção das incisões que serão feitas na pele do paciente. Desenhe as linhas de clivagem nas duas imagens do corpo desse paciente. Você deve imprimir as duas imagens e desenhar as linhas de clivagem nas mesmas.A seguir, envie as imagens. Figura 1 INFOGRÁFICO O esquema mostra o conteúdo que será abordado nesta unidade. CONTEÚDO DO LIVRO Para que possamos entender o sistema tegumentar do corpo humano, devemos estudar suas características e suas diversas funções. Acompanhe um trecho da obra "Estrutura celular tecidual I: Anatomia citologia.", capítulo Tegumento comum. ESTRUTURA CELULAR TECIDUAL I: ANATOMIA CITOLOGIA Paula Engroff Tegumento comum Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a estrutura e as funções da pele. � Reconhecer a organização da epiderme e da derme. � Identificar a disposição das linhas de clivagem no corpo. Introdução O tegumento comum é formado pela nossa pele, também chamada de cútis, e é composto por epiderme, derme e estruturas associadas como unhas, pelos, mamas e glândulas sebáceas e sudoríparas. De todos os órgãos do corpo humano, a pele é a mais visível e exposta a infecções, doenças e lesões. É por meio do tegumento comum que mostramos a nossa aparência, pois é o sistema que mais observamos diariamente no nosso corpo e no corpo das outras pessoas. A idade das pessoas é muitas vezes julgada pelo aspecto de sua pele. Em um jovem, identificamos uma pele uni- forme e com poucas rugas. Em um idoso, encontramos uma pele mais marcada e com presença de manchas e rugas intensas. A pele também mostra nossas reações e sentimentos, como testa franzida em situação de desagrado. Por meio de alguns sinais, ainda é possível detectar a presença de doenças, como no caso de erupções cutâneas que ocorrem em indivíduos com catapora. Neste capítulo, você terá muitas informações sobre a pele humana e principalmente da epiderme e da derme. Veremos que a pele não apresenta apenas função cosmética, e sim outras importantes funções no nosso corpo. Estrutura e funções da pele Estrutura da pele A pele cobre o nosso corpo inteiro, representando, em um adulto médio, uma área superficial de 1,2 a 2,2 m2, pesando de 4 a 5 kg, o que pode representar até 7% do peso corporal, por isso é considerada o maior órgão do corpo humano em área de superfície e peso. A pele também é flexível e resistente, apresentando uma espessura que pode variar de 1,5 a 4,0 mm nas diferentes partes do corpo (MARIEB; HOEHN, 2008; TORTORA; DERRICKSON, 2016). A pele apresenta duas camadas teciduais, a epiderme e a derme. A epiderme é composta por tecido epitelial e está localizada na camada mais superficial da pele, sendo o nosso escudo protetor. A derme é formada por tecido conectivo e está subjacente à epiderme (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). A maior parte da nossa pele é constituída pela derme. Ela forma uma camada resistente, semelhante ao couro, e é vascularizada (MARIEB; HOEHN, 2008). A hipoderme, também conhecida como tela subcutânea ou fáscia superficial, não faz parte da estrutura da pele, mas desempenha a importante função de ancorar a pele a estruturas subjacentes como os músculos. Está localizada logo abaixo da epiderme e é formada por tecido adiposo. Além de armazenar gordura, a sua função é absorver choques e atuar como um isolante térmico, evitando a perda de calor corporal (MARIEB; HOEHN, 2008). Observe na Figura 1 as principais estruturas da pele humana. Tegumento comum2 Figura 1. Principais estruturas da pele humana. Fonte: Adaptada de solar22/Shutterstock.com. Epiderme Derme Hipoderme Funções da pele A pele é responsável por importantes funções no nosso organismo, como proteção, sensação, regulação térmica, produção de vitamina D e excreção e absorção. Proteção A derme proporciona resistência na nossa pele, evitando que ela se rasgue por qualquer dano mecânico. Já a epiderme, em razão da presença de queratina, auxilia na proteção contra a abrasão e entrada de microrganismos que poderiam causar infecções. A melanina nos protege dos efeitos nocivos da luz ultravioleta, pois consegue absorver essa radiação (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). 3Tegumento comum O DNA biologicamente também pode ser considerado um protetor solar efetivo, pois converte a radiação ultravioleta que seria potencialmente destrutiva em calor inofensivo que se dissipa por moléculas de água (MARIEB; HOEHN, 2008). Entretanto, é preciso ter cuidado, pois a exposição intensa e a longo prazo à luz ultravioleta é um grande fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pele, bem como indivíduos de pele clara. A epiderme reduz a perda de água do nosso corpo, evitando, assim, a desidratação. Isso ocorre em razão da ação das glândulas sebáceas que produzem sebo, responsável por lubrificar o pelo e a superfície da pele, prevenindo, dessa forma, a desidratação e protegendo a pele contra a ação de bactérias (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; TORTORA; DERRICKSON, 2016). Sensação Nossa pele é capaz de detectar sensações como frio, calor, pressão, dor e tato em razão da presença de receptores sensoriais (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). Os receptores cutâneos são chamados de exteroceptores, pois respondem a estímulos do lado externo do nosso corpo. Nas papilas dérmicas temos os corpúsculos de Meissner, que nos permitem sentir o toque de um carinho na nossa pele, bem como a sensação de uma roupa tocando a pele. Nos folículos pilosos também existem receptores que são responsáveis pela sensação do sopro do vento sobre nossos pelos (MARIEB; HOEHN, 2008). Você sabe por que os pelos ficam eretos quando estamos com frio ou quando sentimos alguma emoção? Isso ocorre em função do estímulo de frio ou de emoção, que estimula o músculo eretor do pelo a tracionar o folículo piloso, sendo que com isso o pelo se eleva, arrepiando a nossa pele (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Regulação térmica A regulação da temperatura corporal ocorre em razão da quantidade de sangue que flui pela pele e por meio da atividade das glândulas sudoríparas. Quando a temperatura do corpo se eleva, as glândulas sudoríparas secretam o suor que evapora na superfície corporal, resfriando o nosso corpo. Quando as Tegumento comum4 glândulas sudoríparas estão trabalhando em nível máximo, como em atletas participantes de maratonas, a perspiração pode exceder mais de quatro litros por hora, ocorrendo perdas significativas de eletrólitos, e, por esse motivo, os atletas precisam repor líquido com frequência (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Quando a temperatura corporal diminui, os vasos sanguí- neos presentes na derme contraem,diminuindo a perda de calor pela epiderme (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; TORTORA; DERRICKSON, 2016). Produção de vitamina D É produzida pela exposição da nossa pele ao sol por meio da captação de luz ultravioleta. Essa vitamina é importante na homeostase do cálcio. A vitamina D age como um hormônio, com a função de manter níveis adequados de cálcio e fósforo no metabolismo ósseo, sendo que o cálcio também é importante para manter um bom funcionamento dos músculos e nervos. Caso a exposição à luz ultravioleta não seja suficiente, no caso de indivíduos que moram em regiões frias e que se expõem pouco ao sol, ocorrerá falta de vitamina D, porém, esta pode ser ingerida pela alimentação (fígado, gema de ovo, leite e queijos) ou por suplementação em forma de comprimidos ou gotas (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). Excreção e absorção Alguns metabólitos como ureia, ácido úrico e amônia são excretados através da pele e das glândulas, pelo suor. As quantidades eliminadas desses resíduos são insignificantes, já que a maior excreção destes ocorre pelo sistema urinário (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). A absorção ocorre pela passagem de substâncias externas para as células do corpo. Um exemplo é o uso de medi- camentos na forma de adesivo transdérmico, possibilitando que o fármaco penetre na epiderme, entrando em contato com os vasos sanguíneos da derme (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Veja no Quadro 1 a descrição resumida de cada uma dessas funções (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; TORTORA; DERRICKSON, 2016; KUNZLER et al., 2018). 5Tegumento comum Fonte: solar22/Shutterstock.com. Proteção Dos efeitos prejudiciais da exposição solar, principalmente radiação ultravioleta, em razão da presença de melanina. Imunológica: contra a entrada de microrganismos, em razão da presença de macrófagos intraepidérmicos e na derme. Evita desidratação, pois reduz a perda de água pelo corpo. Fonte: Flystock/Shutterstock.com. Sensação Pela presença de receptores sensoriais: � Frio � Calor � Dor � Pressão e contato Fonte: Adaptada de Flat.Icon/Shutterstock.com. Regulação térmica Mantém a temperatura corporal ao nível de 36,5 °C por meio do sangue circulante pela pele, associado à atividade das glândulas sudoríparas. A produção de suor é uma resposta a temperaturas ambientais elevadas, já que a sua evaporação na superfície da pele auxilia na redução da temperatura do corpo. Quadro 1. Funções da pele (Continua) Tegumento comum6 Fonte: Adaptado de Vanputte, Regan e Russo (2016), Tortora e Derrickson (2017) e Kunzler et al. (2018). Quadro 1. Funções da pele D Vitamina D Fonte: Adaptada de Yganko/Shutterstock.com. Produção de vitamina D Ocorre por meio da exposição solar (luz ultravioleta) da pele. É importante na absorção de cálcio e fósforo, que estão envolvidos na manutenção do tecido ósseo, além de benefícios ao sistema imunológico. Fonte: namtipStudio/Shutterstock.com. Excreção e absorção A excreção é pequena, eliminando alguns metabólitos pela pele e glândulas. A absorção ocorre pela passagem de substâncias externas para as células do corpo, como no uso de medicamentos transdérmicos. (Continuação) Algumas características na pele também podem auxiliar em alguns diag- nósticos. Em pacientes com febre, a pele pode apresentar-se corada em razão do aumento no fluxo sanguíneo. Em doenças como sarampo e catapora, erupções cutâneas específicas aparecem na pele, auxiliando no diagnóstico (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). 7Tegumento comum A formação de bolhas causadas por algum trauma agudo de curta duração, como numa queimadura ou no uso de algum calçado que machuca os pés, ocorre por um desequilíbrio homeostático. A bolha origina uma bolsa preenchida com líquido que é causada pela separação das camadas epidérmica e dérmica (MARIEB; HOEHN, 2008). Organização da epiderme e da derme Epiderme A epiderme é uma camada fina subjacente à derme. É formada por um epitélio escamoso estratificado e não tem vasos sanguíneos. As células que a compõem são os queratinócitos, os melanócitos, as células de Langerhans e as células de Merkel (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). Queratinócitos São as células epiteliais mais abundantes da epiderme, representando até 90% (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Estão organizados de quatro a cinco camadas que produzem queratina, possibilitando proteção e resistência à pele, bem como redução da perda de água corporal. A queratinização é o acúmulo de queratina que ocorre em razão de movimentação dos queratinócitos das camadas mais profundas para a superfície, ou seja, as novas células forma- das vão empurrando as células antigas. Durante esse processo, as células que morrem vão formando uma camada rígida que protege a epiderme da abrasão (TORTORA; DERRICKSON, 2016; VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). Tegumento comum8 Melanócitos São células responsáveis pela produção do pigmento melanina na epiderme, que varia do tom pardo ao amarelo. Realizam numerosos processo citoplasmáticos que injetam melanina dentro do queratinócito. A sua produção é determinada por fatores genéticos, exposição à luz ultravioleta e hormônios. Os fatores genéticos são os principais responsáveis pela variação na cor da pele entre as diferentes etnias. A exposição solar, com captação de raios ultravioleta, estimula a produção de mais melanina, escurecendo a pele e gerando o bronzeado. A presença de alguns hormônios, como os presentes na gravidez (estrogênio e hormônio estimulador de melanócitos) estimulam a produção de melanina no corpo da mãe, desenvolvendo escurecimento em algumas regiões do corpo, como nos mamilos (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). As regiões do corpo com maior número de melanócitos são as regiões genitais, os mamilos, a axila, as bochechas e a fronte (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009) – também as pintas e sardas espalhadas pelo corpo (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). Os melanócitos tem a importante função de proteger a pele da radiação ultravioleta proveniente do sol (TORTORA; DERRICKSON, 2016). Células de Langerhans São células fagocitárias que desempenham sua função no início da resposta imunológica. Sua ação pode ser contra patógenos que penetram na epiderme ou contra células epidérmicas neoplásicas. Representam de 3 a 8% das células da epiderme (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). São sensíveis à radiação ultravioleta, sendo facilmente danificadas por essa exposição (TOR- TORA; DERRICKSON, 2016). Células de Merkel São responsáveis por detectar as sensações. Estão localizadas no estrato basal e sensíveis ao toque, liberando substâncias químicas que estimulam as termi- nações nervosas sensoriais, possibilitando a identificação sobre o toque feito na pele (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Identificam o toque suave e a pressão superficial feita na pele (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). No Quadro 2, você encontrará as principais funções dos tipos celulares presentes na epiderme. 9Tegumento comum Fonte: Adaptado de Vanputte, Regan e Russo (2016), Tortora e Derrickson (2017) e Martini, Timmons e Tallitsch (2009). Queratinócito � Produz queratina, deixando a célula mais durável � Fornece resistência à abrasão � Reduz a perda de água � Representa aproximadamente 90% das células da epiderme Melanócito � Produz a melanina, que é um pigmento castanho- escuro ou amarelo-avermelhado � Responsável pela coloração da pele � Responsável por absorver a radiação solar prejudicial (UV) � Representam aproximadamente 8% das células da epiderme Célula de Langerhans � Também conhecidas como macrófagos intraepidérmicos � Fazem parte do sistema imunológico, auxiliando no reconhecimento do organismo invasor e na sua destruição Células de Merkel � Células especializadas e associadas a terminações nervosas � Detectam toque suave e pressão superficial Quadro 2. Principais células da epiderme e suas funções A caspa capilar nada mais é do que uma quantidadeexcessiva de células queratinizadas que se desprendem do couro cabeludo (TORTORA; DERRICKSON, 2016). A pele espessa é encontrada nas áreas sujeitas à maior pressão e fricção do nosso corpo, como nas palmas das mãos, na planta dos pés e nas pontas dos dedos (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; TORTORA; DERRICKSON, 2016). A pele delgada ou fina é a que recobre o restante no nosso corpo, sendo mais flexível. A epiderme está dividida por camadas a partir de sua superfície: estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato germinativo ou basal. Essas camadas estão presentes na pele espessa, já na pele delgada não iremos encontrar a camada do estrato lúcido (MARTINI; Tegumento comum10 TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Na Figura 2, é possível identificar essas camadas, bem como a localização das células. Figura 2. Estrutura da epiderme na pele delgada. Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com. Estrato córneo Estrato granuloso Estrato espinhoso Estrato germinativo Melanócito Melanina Célula de Merkel Queratinócito Célula de Langerhans Queratinócito morto Com relação às camadas da epiderme, o estrato germinativo é a camada mais interna, que está aderida na camada basal. Nela iremos encontrar as células-tronco epidérmicas, os melanócitos e as células de Merkel. As diferentes tonalidades de pele ocorrem em razão de diferentes níveis de atividades dos melanócitos e não por números diferentes deles (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). O estrato espinhoso é relativamente espesso e é onde os queratinócitos estão ligados entre si. As células de Langerhans e os melanócitos também se fazem presentes nessa camada. No estrato granuloso encontramos os queratinócitos produzindo querato-hialina e queratina. As membranas celulares vão gradualmente se tornando mais espessas, se desintegrando e as células morrendo. O estrato lúcido está presente apenas na pele espessa e as células presentes são densamente comprimidas e preenchidas com queratina. O estrato córneo é geralmente seco, pois é formado por várias camadas de queratinócitos planificados, mortos e conectados. É resistente à água, mas não 11Tegumento comum impermeável, sendo responsável pela perspiração insensível (água do líquido intersticial penetra a superfície do estrato lúcido para ser evaporada ao ter contato com o ar do ambiente) (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). As células saem do estrato germinativo e levam de 15 a 30 dias para chegar no estrato córneo. As células mortas geralmente permanecem na camada mais exposta do estrato córneo, garantindo uma barreira protetora, expansível e durável (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Existem dois tipos de queratina. A queratina mole, que está presente na pele, e a queratina dura, que é mais durável e não descama, estando presente nas unhas e na parte externa dos pelos (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). O albinismo é uma doença hereditária que ocorre aproximadamente em 1:10.000 casos. Os albinos apresentam números normais de melanócitos, porém eles são incapazes de produzir melanina (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Acesse o site da Sociedade Brasileira de Dermatologia para saber mais sobre essa desordem genética. https://qrgo.page.link/9iqWj Derme A derme é a porção mais profunda da pele, composta por tecido conectivo que contém macrófagos, fibroblastos e poucos adipócitos, sendo o colágeno a sua principal fibra. Na derme estão algumas terminações nervosas (para dor, coceira, cócegas e sensações térmicas), musculatura lisa, folículos pilosos, glândulas e vasos linfáticos (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). A derme é formada por duas camadas, a papilar e a reticular. A camada papilar é superficial e é formada por tecido conectivo frouxo. Tem esse nome porque apresenta projeções que se estendem até à epiderme, chamadas de Tegumento comum12 papilas dérmicas (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). Na camada papilar estão os vasos sanguíneos que fornecem nutrientes e oxigênio para epiderme. A camada reticular é profunda, composta por fibras que estão em uma estrutura emaranhada de tecido denso irregular, envolta de nervos, vasos sanguíneos, folículos pilosos e glândulas sudoríparas e sebáceas (MAR- TINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Essa camada é a principal da derme, pois é fibrosa, resistente em muitas direções e forma as linhas de clivagem. As linhas de clivagem, ou linhas de tensão, são formadas por fibras elásticas e colágenas (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). O limite entre a camada papilar e reticular é indiferenciado, pois uma camada prende-se a outra por meio das fibras colágenas (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Na parte mais profunda da pele existe uma combinação de fibras colágenas elásticas que fornecem elasticidade (habilidade de retornar à sua forma ori- ginal após o estiramento) e extensibilidade (capacidade de distensão). Temos dois exemplos em que observamos essa extensibilidade: na gravidez e na obesidade. Porém, quando essa distensão da pele ocorre de forma extrema, podem surgir pequenas lacerações na derme, produzindo estrias ou marcas de estiramento. Estas são linhas avermelhadas ou branco-prateadas que são visíveis na superfície da pele (TORTORA; DERRICKSON, 2016). Observe na Figura 3 como ocorre a formação das estrias na nossa pele e identifique na Figura 4 exemplos e tipos de estrias. Figura 3. Identificação da pele normal e da pele com marca de estiramento. Observe que as fibras de colágeno se rompem e formam a estria na pele. Fonte: Adaptada de Cessna152/Shutterstock.com. Colágeno Pele normal Marca de estiramento 13Tegumento comum Figura 4. Exemplos de estiramento na pele. (a) Estrias avermelhadas na gestação. (b) Estrias avermelhadas no braço. (c) Estrias branco-prateadas nas coxas. (d) Estrias branco-prateadas nas pernas. Fonte: baipooh/Shutterstock.com; Denis Val/Shutterstock.com; Vera Tretyakova/Shutterstock.com; Pikul Noorod/Shutterstock.com. (a) (b) (c) (d) As papilas dérmicas sob a pele grossa nas mãos e na planta dos pés repousam em paralelo, formando sulcos na epiderme que são as impressões digitais. As impressões digitais são únicas em cada indivíduo (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). Tegumento comum14 A estria atrófica cutânea é uma afecção muito comum, embora mais associada à queixa estética, pode trazer consequências psicossociais no indivíduo. Leia essa revisão sistemática sobre o assunto, que traz os aspectos fisiopatológicos da estria divididos em fatores genéticos, mecânicos e hormonais (CORDEIRO; MORAES, 2009). https://qrgo.page.link/D5d5u Disposição das linhas de clivagem no corpo No nosso corpo, as fibras colágenas e elásticas estão arranjadas em feixes ou linhas paralelas. Esses feixes dão resistência às forças aplicadas e estabelecem as linhas de clivagem na pele, ou linhas de tensão na pele ou linhas de Langer. Essas linhas são externamente invisíveis e estendem-se longitudinalmente na pele da cabeça e dos membros em padrões circulares ao redor do pescoço e do tronco (MARIEB; HOEHN, 2008). As linhas nos cotovelos, joelhos, tornozelos e punhos são paralelas às pregas transversais que surgem quando os membros são fletidos (dobrados ou flexionados) (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). As linhas de clivagem são clinicamente importantes para os cirurgiões se orientarem durante as incisões feitas na pele. Cortes que são paralelos às linhas de clivagem tendem a cicatrizar melhor do que cortes transversais. Estes acabam sofrendo influência pela retração das fibras elásticas que foram cortadas e podem ficar com as bordas mais afastadas (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). O principal problema de uma incisão transversal às linhas de clivagem é o desenvolvimento de infecção, já que a incisão pode se abrir mais facilmente (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). Observe na Figura 5 a disposição das linhas de clivagem no nosso corpo. Veja os exemplos de incisões no sentido paralelo e no sentido transversal às linhas. 15Tegumento comum Figura 5.Identificação das linhas de clivagem ou linhas de tensão na pele. Fonte: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 145). Um exemplo de marcas que ocorrem na pele e seguem a orientação das linhas de tensão são a formação de estrias. Estrias de distensão (striae disten- sae) são lesões cutâneas lineares, atróficas e bem definidas decorrentes de uma condição de estiramento ou distensão da pele, com perda ou ruptura das fibras elásticas na região acometida e consequentes alteração do tecido conjuntivo. Essas estrias podem surgir em gestantes, indivíduos que tiveram ganho de Tegumento comum16 peso, que fazem exercícios com aumento rápido de volume muscular e também pelo uso de corticosteroides (SOUZA; PAULA; ROCHA SOBRINHO, 2016). Cicatrizes posicionadas em áreas de tensão na pele (conforme as linhas de Langer) ou qualquer local onde tenha grande movimentação cutânea pelo paciente tendem a desenvolver hipertrofia. Bons resultados de cicatrização nas incisões das cirurgias estéticas corporais dependem de inúmeros fatores que influenciam no seu resultado final. Fatores pré-operatórios, como avaliação das características individuais do paciente (idade, sexo e raça), espessura da pele, áreas de tensão, fatores externos (como hábitos de vida), bem como técnica operatória e cuidados pós-operatórios são importantes na qualidade da cicatrização (OLIVEIRA JÚNIOR; FLORÊNCIO; FERNANDES, 2009). Ao longo dos tempos, as linhas faciais da pele foram examinadas por vários anatomistas e cirurgiões experientes na área, com o objetivo de alcançar a melhor cicatriz estética. Várias técnicas foram utilizadas para determinar essas linhas a partir de simples análise de tecido cadavérico até modelos computadorizados em 3D. As principais linhas descritas na face são: linhas de Langer, linhas de Cox, linhas de Rubin, linhas de Kreissl, linhas de Straith, linhas de Bulacio e linhas de tensão da pele relaxada de Borges. Apesar de as linhas compartilharem um padrão comum na maioria das áreas da face, existem algumas controvérsias entre os autores, que não definem nenhuma delas como um “padrão ouro” de utilização. Embora as linhas de Langer sejam as mais citadas na literatura, as linhas de Kreissl e as linhas de tensão da pele relaxada de Borges são as mais preferidas nas cirurgias faciais (ALHAMDI, 2015). Cicatrização de uma ferida na fase de maturação O processo cicatricial depende de uma série de eventos celulares, moleculares e bio- químicos que interagem para que ocorra a reconstituição tecidual. São várias as etapas envolvidas nesse processo, no entanto, a fase de maturação ou de remodelamento é a mais importante clinicamente, pois ocorre a deposição de colágeno de maneira organizada. O colágeno produzido inicialmente é mais fino do que o colágeno presente na pele normal, e tem orientação paralela à pele. Com o tempo, o colágeno inicial é reabsorvido e um colágeno mais espesso é produzido e organizado ao longo das linhas de tensão, ou linhas de clivagem. Essas mudanças se refletem em aumento da força de tensão da ferida. A força de tensão dessa cicatrização dificilmente retomará a 100% por causa da nova organização do colágeno, mas após três meses do processo de cicatrização a força de tensão já é de aproximadamente 80% (CAMPOS; BORGES- -BRANCO; GROTH, 2007). 17Tegumento comum ALHAMDI, A. Facial skin lines. Iraqi JMS, v.13, n. 2, p. 103−107, 2015. CAMPOS, A. C. L.; BORGES-BRANCO, A.; GROTH, A. K. Cicatrização de feridas. ABCD: Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, v. 20, n. 1, p. 51−58, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abcd/v20n1/10.pdf. Acesso em: 29 out. 2019. CORDEIRO, R. C. T.; MORAES, A. M. Striae distensae: fisiopatologia. Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 1, n. 3, p. 137−140, 2009. Disponível em: http://www.surgicalcosmetic. org.br/detalhe-artigo/31/Striae-distensae--fisiopatologia. Acesso em: 29 out. 2019. SOUZA, A. R.; PAULA, M. A.; ROCHA SOBRINHO, H. M. Gestação e predisposição ao aparecimento de estrias cutâneas. Universitas: Ciências da Saúde, v. 14, n. 1, p. 41−52, 2016. Disponível em: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/cienciasaude/ article/view/3209. Acesso em: 29 out. 2019. KUNZLER, A. et al. Citologia, histologia e genética. Porto Alegre: SAGAH, 2018. MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. (Série Martini). MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. OLIVEIRA JÚNIOR, F. C. de; FLORÊNCIO, P. R.; FERNANDES, R. L. Como obter melhor cicatrização nas incisões das cirurgias estéticas corporais. RBM Revista Brasileira de Medicina, v. 66, supl. 4, 2009. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Albinismo. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/albinismo/24/. Acesso em: 29 out. 2019. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. Tegumento comum18 Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 19Tegumento comum DICA DO PROFESSOR O vídeo que você verá mostra as camadas da pele e suas características principais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A epiderme é uma camada fina subjacente à derme. É formada por um epitélio escamoso estratificado e entre as células que a compõem estão as células de Merkel. Selecione a alternativa que corresponde às características das células de Merkel: A) Estão organizados de quatro a cinco camadas que produzem queratina, possibilitando proteção e resistência à pele, bem como redução da perda de água corporal B) Sensíveis ao toque, liberam substâncias químicas que estimulam as terminações nervosas sensoriais, possibilitando a identificação do toque feito na pele C) Realizam numerosos processos citoplasmáticos que injetam melanina dentro do queratinócito D) São células fagocitárias e sua ação pode ser contra patógenos que penetram na epiderme ou contra células epidérmicas neoplásicas E) São fibras colágenas e elásticas arranjadas em feixes que formam as linhas de clivagem na pele 2) A pele espessa é encontrada nas áreas sujeitas à maior pressão e fricção do nosso corpo, como nas palmas das mãos e possui vários estratos epidérmicos. Selecione a alternativa que apresenta em ordem de mais superficial à mais profunda, os estratos da epiderme em região de pele espessa: A) Granuloso – lúcido - espinhoso – germinativo B) Córneo – lúcido - granuloso - espinhoso- germinativo C) Lucido - Espinhoso – germinativo – córneo D) Germinativo – córneo – granuloso – espinhoso E) Granuloso – germinativo - espinhoso 3) O tegumento comum é formado pela nossa pele, também chamada de cútis e é composto por epiderme, derme e estruturas associadas como unhas, pelos, mamas e glândulas sebáceas e sudoríparas. Sobre a derme é correto afirmar que: A) A camada papilar é profunda e formada por tecido conectivo frouxo B) A camada reticular é profunda, composta por fibras que estão em uma estrutura emaranhada de tecido denso irregular C) Na camada papilar não existem vasos sanguíneos, apenas melanócitos D) É formada por um epitélio escamoso estratificado e por um estrato córneo E) Possui de quatro a cinco camadas de queratinócitos 4) A epiderme é uma camada fina subjacente à derme e apresenta várias características relacionadasaos tipos celulares e às suas camadas. É correto afirmar sobre a epiderme: A) O estrato germinativo possui células-tronco, melanócitos e células de Merkel B) É formada por um epitélio escamoso estratificado e possui vasos sanguíneos C) As diferentes tonalidades de pele ocorrem em razão de diferença do número de melanócitos entre os indivíduos D) O estrato córneo é totalmente impermeável, por isso protege a pele E) A camada papilar é formada por tecido conectivo frouxo 5) A pele cobre o nosso corpo inteiro e é considerada o maior órgão do corpo humano em área de superfície e peso. Selecione a alternativa correta sobre as características deste órgão: A) Cortes cirúrgicos que são transversais às linhas de clivagem tendem a cicatrizar melhor do que cortes paralelos B) As células de Merkel fazem parte do sistema imunológico, auxiliando no reconhecimento do organismo invasor e na sua destruição C) A epiderme possui musculatura lisa, folículos pilosos, glândulas e vasos linfáticos D) Indivíduos albinos apresentam números normais de melanócitos, porém eles são incapazes de produzir melanina. E) A camada reticular da derme é superficial, não-fibrosa e forma as linhas de clivagem NA PRÁTICA O uso de adesivos cutâneos Você já viu ou já usou um adesivo cutâneo? Um adesivo cutâneo contém uma concentração extremamente elevada de um medicamento ou hormônio. Esse procedimento, chamado de administração transdérmica de drogas, apresenta a vantagem de que um único adesivo cutâneo pode agir por vários dias, eliminando a necessidade da administração diária de pílulas. Alguns exemplos de utilização dos adesivos são os que seguem: - A nitroglicerina transdérmica pode ser utilizada para melhorar o fluxo sanguíneo dentro do músculo cardíaco e prevenir ataques cardíacos; - O estrógeno transdérmico pode ser utilizado para reduzir a perda óssea em mulheres na pós- menopausa; - A nicotina transdérmica pode ser administrada para controlar o desejo por tabaco, facilitando o processo de cessação do tabagismo; - E, por fim, os anticoncepcionais, que também têm sido cada vez mais usados dessa forma. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Anatomia Humana – Coleção Martini. Sistema Tegumentar - Pele: Estrutura, divisões (camadas) e funções - Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Entendendo a pele Estrutura e funções da pele Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar