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4 1 Cidadania e problemas sociais

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Cidadania e problemas sociais
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, analisaremos a cidadania e a sua aplicação na sociedade 
brasileira, através da constatação dos principais problemas sociais, como a violência e sua 
natureza, a relação desta com o tráfico de drogas e também as diversas formas de preconceito e 
exclusão social existentes no Brasil. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer o conceito de cidadania não apenas no sentido de deveres, obrigações e 
direitos.
•
Analisar o contexto por trás da violência.•
Identificar as diversas formas de preconceito e exclusão existentes no Brasil.•
DESAFIO
Dois dos problemas mais graves que explicam a permanência de índices altíssimos de 
criminalidade em nosso país são o tráfico de drogas e a estrutura deficiente do sistema prisional. 
 
Pensando nisso, responda:
a) Quais são as causas sociais da violência no Brasil?
b) Para você, existe relação entre pobreza e violência?
INFOGRÁFICO
O Infográfico a seguir apresenta dados sobre o uso de drogas pela população brasileira. Os 
dados foram estimados a partir da pesquisa sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, em 
parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) e com o Centro Brasileiro de 
Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), da Universidade Federal de São Paulo 
(UNIFESP). A pesquisa foi realizada nas 108 cidades brasileiras com mais de 200 mil 
habitantes, nos anos de 2001 e 2005. Confira!
CONTEÚDO DO LIVRO
O Brasil é um país que enfrenta hoje grandes desafios sociais que se relacionam com o aumento 
da pobreza e das desigualdades sociais, bem como da criminalidade e violência que é percebida 
cotidianamente. O tráfico de drogas é o grande responsável pela superlotação dos 
estabelecimentos prisionais e parece adquirir cada vez mais força, sobretudo por recrutar 
crianças e jovens da periferia para executarem suas tarefas em troca de dinheiro rápido e “fácil”. 
Embora a maioria dos brasileiros conheça o conceito de cidadania, saiba que têm direitos e 
deveres, a preocupação com o social e sua possibilidade de intervenção ainda é muito pequena e, 
em alguns casos, incipiente.
No Capítulo Cidadania e problemas sociais, da obra Sociedade, cultura e cidadania, você vai 
estudar as múltiplas dimensões do conceito de cidadania que poderiam vir a ser aplicadas no 
Brasil. Também irá conhecer as principais causas que originam a violência em nosso país, 
identificando suas diversas formas que afligem e excluem muitos indivíduos no Brasil.
Boa leitura
SOCIEDADE, 
CULTURA E 
CIDADANIA
Pablo Rodrigo Bes
Cidadania e 
problemas sociais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer o conceito de cidadania para além de deveres, obrigações 
e direitos.
  Analisar o contexto por trás da violência.
  Identificar as diversas formas de violência e exclusão existentes no 
Brasil.
Introdução
O Brasil é um país que enfrenta grandes desafios sociais relacionados ao 
aumento da pobreza e das desigualdades sociais, bem como da crimi-
nalidade e da violência. O tráfico de drogas é o grande responsável pela 
superlotação dos estabelecimentos prisionais e parece adquirir cada vez 
mais força, sobretudo por recrutar crianças e jovens da periferia para 
executarem tarefas em troca de dinheiro rápido e “fácil”. Embora a maioria 
dos brasileiros conheça o conceito de cidadania e saiba que têm direitos 
e deveres, a preocupação com o social e as possibilidades de intervenção 
ainda são muito pequenas e, em alguns casos, incipientes.
Neste capítulo, você vai estudar as múltiplas dimensões do conceito 
de cidadania que poderiam ser aplicadas no Brasil. Também vai conhe-
cer as principais causas da violência no País, identificando suas diversas 
formas, que afligem e excluem muitos indivíduos.
Múltiplas dimensões da cidadania
O conceito de cidadania no Brasil ganhou impulso a partir das discussões 
que ocorreram no fi nal do Regime Militar. Nesse período, buscava-se a re-
democratização do País, o que se consolidou com a escrita da Constituição 
Federal de 1988, chamada de Constituição Cidadã. Como você pode imaginar, 
o conceito de cidadania é complexo. Ele é defi nido historicamente a partir dos 
processos e interações que ocorrem em sociedade.
O primeiro autor que definiu as múltiplas dimensões do conceito de cida-
dania foi Marshall (1967), sociólogo britânico que dividiu o conceito em três 
direitos: civis, políticos e sociais. Analisando como esses direitos surgiram na 
Inglaterra, o autor destacou que seguiram esta sequência: começaram com os 
direitos civis, associados à liberdade individual dos homens, seguidos pelos 
direitos políticos e pela necessidade de os sujeitos participarem das decisões 
de ordem do governo da nação e, posteriormente, pelos direitos sociais, entre 
eles o emprego e a educação popular como prioridade.
Já no Brasil, o processo histórico não seguiu a mesma sequência. De acordo 
com Carvalho (2008, p. 11), o País apresentou duas principais diferenças:
A primeira refere-se à maior ênfase em um dos direitos, o social, em relação 
aos outros. A segunda refere-se à alteração na sequência em que os direitos 
foram adquiridos: entre nós o social precedeu os outros. Como havia lógica na 
sequência inglesa, uma alteração dessa lógica afeta a natureza da cidadania. 
Quando falamos de um cidadão inglês, ou norte-americano, e de um cidadão 
brasileiro, não estamos falando exatamente da mesma coisa.
É importante você notar que o conceito de cidadania está sempre atrelado 
ao conceito de Estado-nação. Dessa forma, cabe ao Estado prover aos cidadãos 
tais direitos a partir dos órgãos e instituições nacionais, entre elas a própria 
escola. Com a crise atual do Estado-nação, há desconfiança em relação à sua 
capacidade de prover esses direitos. Além disso, ocorre a hegemonia mundial 
do neoliberalismo. Nesse contexto, a cidadania vai ampliar a sua dimensão 
novamente, uma vez que a própria sociedade é convocada a participar da 
resolução de conflitos e problemas sociais existentes.
Para analisar as relações do Estado com as dimensões da cidadania, acom-
panhe o Quadro 1 a seguir.
Cidadania e problemas sociais2
 Fonte: Adaptado em Carvalho (2008). 
Dimensões Características Ponto principal
Direitos civis São os direitos fundamentais à vida, à 
liberdade, à propriedade e à igualdade 
perante a lei. Incluem o direito de ir 
e vir, escolher o trabalho, manifestar 
o pensamento, organizar-se, ter 
respeitada a inviolabilidade do lar e 
da correspondência, não ser preso a 
não ser por autoridade competente 
e de acordo com a lei e não ser 
condenado sem processo regular.
Liberdade 
individual
Direitos 
políticos
Dizem respeito à participação do 
cidadão no governo da sociedade. 
Normalmente, limitam-se a uma 
parcela da população e relacionam-se 
com a capacidade de fazer 
demonstrações políticas, de organizar 
partidos, de votar e ser votado.
Direito ao voto
Direitos sociais Enfatizam a participação de todos 
na riqueza coletiva. Incluem o direito 
à educação, ao trabalho, ao salário 
justo, à saúde, à aposentadoria. 
Dependem do Poder Executivo e, em 
sociedades politicamente organizadas, 
permitem a redução das desigualdades 
produzidas pelo capitalismo e um 
mínimo de bem-estar a todos.
Justiça social
 Quadro 1. Dimensões clássicas da cidadania 
Embora o Quadro 1 aborde o conceito clássico de cidadania, é importante 
você observar que, no conceito de sociedade democrática contemporâneo, possuir 
direitos significa também ter deveres e obrigações em relação à coletividade, o 
que faz com que os direitos sejam garantidos. Porém, o conceito de cidadania na 
atualidade vai muito além disso, principalmente devido às novas configurações 
sociais que surgiram ao redor do mundo nas últimas décadas. No mundo pós-
-globalização, ocorre a ascensão do capitalismo, de modo que a participaçãodo Estado diminui enquanto o mercado e o consumo (e a dívida) passam a 
ditar as regras e impor novos modos de vida. Dessa forma, como nem todos, 
3Cidadania e problemas sociais
ainda que cumpram suas obrigações, têm os mesmos direitos como cidadãos, 
são necessários novos movimentos em torno de reivindicações por um Brasil 
melhor. É aí que entra, por exemplo, o conceito de cidadania multicultural.
De acordo com Oliveira (2018, documento on-line), “[...] a cidadania multi-
cultural assinala uma preocupação geral com a reconciliação do universalismo 
de direitos e da associação de membros em Estados-nações liberais com o 
desafio da diversidade étnica e demais aspirações de identidade atribuídas [...]”. 
Nesse sentido, é preciso considerar que os grupos étnicos diversos possuem 
suas histórias, que podem apresentar favorecimentos e prejuízos a alguns 
deles, o que implica o cidadão ali presente. Ser cidadão afrodescendente, por 
exemplo, é diferente de ser cidadão “branco”. Afinal, existe todo um processo 
histórico e social que precisa ser resgatado, positivado e corrigido no caso 
dos afrodescendentes, inclusive no ambiente escolar. É o mesmo processo 
que ocorre quando os mais diversos movimentos sociais buscam seus direitos 
específicos relacionados às suas identidades culturais. Nesse caso, eles estão 
exercendo a sua cidadania multicultural (Figura 1).
Figura 1. A cidadania multicultural entende que todos os grupos étnico-
-culturais são igualmente importantes na constituição de uma nação.
Fonte: Annasunny24/Shutterstock.com.
Cidadania e problemas sociais4
Taylor (2004, p. 5), ao estudar o conceito de cidadania e as suas reconfi-
gurações, reforça a ideia de que ela não deve estar restrita ao Estado:
O que nós propomos é que não se insista mais sobre uma cidadania abordada 
através da educação cívica ou da instrução cívica, mas que se reinvente, como 
condição prévia à realização de uma cidadania multicultural, uma educação 
popular (por outras palavras, uma educação autenticamente do povo, pelo 
povo e para o povo) visando a co-habitação cultural.
Outro aspecto interessante do conceito de cidadania é que hoje é possível, 
a partir da revolução das comunicações e informações digitais, via internet, 
a cidadania cosmopolita. Tal cidadania busca a construção de um sentido 
comum em relação aos cidadãos globais. Esse conceito desloca os problemas 
sociais locais, de uma nação específica, para reconhecer que eles ocorrem 
em todas as nações, buscando alternativas para minimizar tais problemas de 
forma global. 
Oliveira (2018, documento on-line) comenta que a cidadania cosmopolita 
defende “[...] o forte senso do coletivo e responsabilidade individual para com 
o mundo como um papel de suporte para desenvolver as efetivas instituições 
globais a fim de aliviar a pobreza e a desigualdade, a degradação do meio 
ambiente e a violação aos direitos humanos [...]”. Existem inúmeras iniciativas 
de organizações e voluntários baseadas nesse conceito de cidadania cosmopo-
lita. Tais iniciativas procuram assumir ações que anteriormente eram vistas 
como obrigações estatais. Morin (2000), ao formular os saberes necessários 
à educação do futuro, enfatiza um conceito que se assemelha ao de cidadania 
cosmopolita. Veja:
A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O 
planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensões múltiplas. Dada a 
importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e 
em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita da reforma 
planetária das mentalidades; esta deve ser a tarefa da educação do futuro de 
cidadania planetária (MORIN, 2000, p. 104).
Dessa forma, o conceito de cidadania se refere à capacidade pessoal e 
coletiva de comunicação, interação e análise das racionalidades e mentalidades 
existentes e atuantes que envolvem a formação dos sujeitos sociais contempo-
râneos. Como você pode imaginar, a educação é uma ferramenta primordial 
para o desenvolvimento dessa capacidade. Ser um cidadão contemporâneo 
significa ser ativo, participante, envolvido com as tramas sociais cotidianas. 
5Cidadania e problemas sociais
Significa buscar uma sociedade melhor, não se aquietar diante de injustiças 
sociais, da violência, da criminalidade, do desemprego e de outras mazelas 
sociais que existem no Brasil (e no mundo) atual.
Uma das formas de cidadania que têm relação direta com a educação popular defendida 
por pesquisadores da área é a cidadania cognitiva. Ela se traduz na capacidade de análise 
da realidade, de interpretação dos fatos sociais vivenciados e de busca por uma mudança 
possível da realidade. Para isso, é necessário que os conteúdos escolares (currículo) com-
preendam essa possibilidade e não sigam uma tendência tradicional elitista e etnocêntrica.
A violência no Brasil: contexto e causas 
principais
O Brasil é um país que enfrenta grandes problemas em relação à violência. 
Ela se manifesta diariamente, seja por aspectos relacionados à criminalidade, 
seja por questões étnico-culturais relacionadas aos grupos minoritários que 
coexistem na sociedade. Um país que possui uma grande desigualdade social 
e uma distribuição de renda muito desigual que se perpetua historicamente 
acaba por fornecer as condições para que atos violentos ocorram diariamente, 
especialmente frente à inefi ciência de um Estado fraco e corrupto.
Esse quadro de violência que assola o Brasil fica melhor exemplificado 
a partir dos dados do Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança 
Pública. Veja:
Em 2016, o Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios, segundo 
informações do Ministério da Saúde (MS). Isso equivale a uma taxa de 30,3 
mortes para cada 100 mil habitantes, que corresponde a 30 vezes a taxa da 
Europa. Apenas nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas 
devido à violência intencional no Brasil (INSTITUTO DE PESQUISA ECO-
NÔMICA APLICADA, 2018, documento on-line).
Para conhecer um pouco melhor a violência epidêmica que existe na rea-
lidade brasileira, você deve analisar os fatores que costumam causá-la, como 
os socioculturais, institucionais, culturais e o tráfico de drogas. Os fatores 
socioeconômicos brasileiros mais graves que se relacionam com a violência 
Cidadania e problemas sociais6
são a pobreza e a fome. Em alguns casos, crimes são cometidos em virtude 
da precariedade e da necessidade de grupos sociais periféricos e excluídos 
das possibilidades de emprego e trabalho.
Ao analisar essas questões socioeconômicas, Chesnais (1999, p. 55) destaca 
que “[...] o desemprego ou a ausência de renda levam à tentação da ilegalidade, 
visto ser fácil, por vezes, conseguir ganhos astronômicos à margem da lei 
[...]”. A desigualdade econômica percebida na falta de empregos formais, com 
carteira assinada, ou mesmo de trabalhos a serem executados pelos mais pobres, 
contribui para que grupos do crime organizado recrutem seus membros com 
facilidade no interior das favelas e demais guetos da periferia.
Para verificar essa relação entre a pobreza e a violência, basta você observar 
que, segundo o Atlas da Violência 2018, os estados do Norte e do Nordeste 
tiveram uma taxa de crescimento da violência superior a 80% no período 
analisado (2006–2016) em relação a todos os demais estados de outras regi-
ões, que cresceram em margens bem menores. É sabido que muitos estados 
das regiões Norte e Nordeste apresentam um quadro histórico de pobreza e 
desigualdade social, o que amplia as ações criminosas e a violência de toda 
ordem (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, 2018).
As questões institucionais dizem respeito aos aspectos relacionados ao 
governo e seus órgãos, que atendem (ou deveriam atender) à população e 
fornecem a segurança necessária. As instituições que atuam diretamente no 
combate à violência são a polícia, a Justiça e o sistema penitenciário. Todas 
apresentam sérios problemas bemespecíficos.
As polícias existentes se dividem entre civis, militares (estaduais) e federal. 
As polícias civis e militares em grande parte do País enfrentam má fama e 
descrédito, o que se relaciona aos baixos salários praticados e ao seu envol-
vimento com a corrupção e com o tráfico de drogas em algumas localidades. 
A Justiça, por sua vez, se encontra em alguns casos engessada em códigos 
penais antigos e que eventualmente favorecem que criminosos fiquem fora 
do sistema carcerário. Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança 
Pública contidos no Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias 
(INFOPEN) de 2017, a população prisional brasileira em junho de 2016 era 
de 726.712 presos para 368.049 vagas existentes. Portanto, havia uma taxa de 
ocupação de 197,4%, ou seja, a superlotação é algo sério e constante nessas 
instituições (BRASIL, 2017).
A taxa de aprisionamento é da ordem de 352,6, ou seja, a cada 100 mil 
habitantes do País, 352 estão encarcerados, o que é alarmante. Segundo o 
INFOPEN (BRASIL, 2017, p. 9), “[...] em junho de 2016, a população prisio-
nal brasileira ultrapassou, pela primeira vez na história, a marca de 700 mil 
7Cidadania e problemas sociais
pessoas privadas de liberdade, o que representa um aumento da ordem de 
707% em relação ao total registrado no início da década de 90 [...]”. Do total 
de pessoas privadas de liberdade no Brasil, 40% são presos provisórios que 
ainda não foram julgados nem condenados. Embora exista um grande esforço 
da Justiça e da polícia para combater o crime, a estrutura do sistema carcerário 
é precária e apresenta grandes deficiências no que diz respeito à reabilitação 
e à reinserção social dessas pessoas privadas de liberdade.
De acordo com Bes Oliveira (2016, p. 584):
[...] é evidente a urgência e a importância que se repensem e se reestruturem as 
formas como a reinserção social tem sido proposta no Brasil. Os projetos sociais 
existentes nas instituições carcerárias são importantíssimos, porém não são efica-
zes neste aspecto, pois têm seu término dentro do período do encarceramento [...].
Assim, é comum o insucesso das instituições nacionais que deveriam coibir a 
insegurança, combater a criminalidade e reinserir (a partir de processos educacio-
nais apropriados) as pessoas que cometem crimes. Nesse contexto, duas frentes se 
favorecem: por um lado, há a formação das milícias nas favelas da periferia; por 
outro, “[...] esse fracasso dos dispositivos de segurança pública gera o sucesso das 
polícias paralelas, mais eficazes, melhor remuneradas porém muito mais onerosas 
e, por isso, reservadas à classe alta [...]” (CHESNAIS, 1999, p. 57).
Os aspectos culturais que desencadeiam as mais diversas formas de vio-
lência no Brasil se associam com os grupos minoritários que se desviam 
da norma social padronizada desde a Modernidade. Tal norma estabeleceu 
como características étnico-culturais privilegiadas aquelas dos indivíduos 
homens, brancos, heterossexuais, cristãos e de classe social elevada. Aqueles 
que apresentam quaisquer traços identitários que se desviem dessa norma 
estão sujeitos ao que Appadurai (2009) denominou “identidades predatórias”. 
Assim, são vítimas dos mais diversos tipos de violência. Segundo o autor, são
[...] “predatórias” aquelas identidades cuja mobilização e construção social re-
querem a extinção de outras categorias sociais próximas, definidas como ame-
aças à própria existência de algum grupo, definido como “nós”. As identidades 
predatórias emergem, periodicamente, de pares de identidades, algumas vezes 
de conjuntos maiores do que dois, que têm longas histórias de contato próximo, 
mistura e algum grau de mútuos estereótipos. A violência ocasional pode ou não 
ser parte dessas histórias, mas algum grau de identificação contrastante sempre 
está envolvido. Um dos membros do par ou do conjunto frequentemente torna-se 
predatório ao mobilizar um entendimento de si mesmo como uma maioria amea-
çada. Esse tipo de mobilização é o passo-chave para transformar uma identidade 
social benigna numa identidade predatória (APPADURAI, 2009, p. 46).
Cidadania e problemas sociais8
É comum que essa violência esteja presente nos crimes de racismo, femi-
nicídio e homofobia cometidos atualmente na sociedade brasileira. É como se 
os grupos que não se identificam com essas formações identitárias agissem 
de forma violenta para manifestar seu repúdio e, em alguns casos, até mesmo 
exterminar os indivíduos que são alvo de preconceito. Os fatores culturais no 
Brasil que levam à violência e a práticas racistas também devem ser consi-
derados. Afinal, eles continuam a existir, revelando a profunda desigualdade 
social que se estabelece de forma étnico-racial sobre a nação.
Há ainda o aumento crescente e constante da criminalidade no País, com a 
ascensão do crime organizado em torno do narcotráfico, que envolve todos os 
cidadãos, mas principalmente a juventude da periferia. Ao analisar a situação 
do narcotráfico nacional e internacional, Junqueira e Rodrigues (2018, p. 48) 
constatam que:
[...] a América do Sul é um continente que ainda enfrenta diversos problemas 
de ordem social e econômica, como, por exemplo, a falta de trabalho e oportu-
nidades, as desigualdades sociais, entre outros. Essas características acabam 
gerando consequências à sociedade, tais como proporcionar o surgimento de 
problemas ligados à criminalidade, como o tráfico de pessoas, armas e drogas.
Para manter as estruturas do crime organizado que dão condições de funcio-
namento ao tráfico de drogas no Brasil, inúmeras ações violentas e homicídios 
são praticados. Tais ações ocorrem principalmente para a manutenção dos 
territórios das facções que comandam a venda e a distribuição dos narcóticos.
Um dos grandes indícios de que a desigualdade social é um problema sério e que 
merece atenção é o fato de o crime organizado de tráfico de drogas aliciar crianças 
e adolescentes para que executem tarefas criminosas e, dessa forma, obtenham os 
recursos financeiros que tanto almejam. Na atualidade, 55% das pessoas privadas 
de liberdade em estabelecimentos prisionais são jovens adultos que têm entre 18 
e 29 anos de idade. Para agravar ainda mais a situação, 62% das mulheres presas e 
26% dos homens estão encarcerados pelo crime de tráfico de drogas (BRASIL, 2017, 
documento on-line).
9Cidadania e problemas sociais
Principais formas de violência e exclusão no Brasil
Como você já sabe, o Brasil apresenta grandes desigualdades sociais. Assim, 
muitas pessoas são excluídas das possibilidades de concorrer e competir por 
melhores condições de trabalho e emprego. A exclusão social se manifesta 
de forma cruel. Muitas vezes, ela faz com que o processo de formação das 
identidades de crianças e jovens se constitua a partir de exemplos negativos, 
desonestos e associados ao crime. Isso ocorre porque o crime aparece como 
alternativa para que se viva em igualdade de condições de consumo e com a 
garantia da satisfação das necessidades básicas de sobrevivência.
Dessa forma, “[...] a exclusão social tem sido uma categoria importante e 
presente nas análises que buscam relacionar violência e direitos civis. Enfatiza-
-se o fato de que os excluídos dos direitos tornam-se alvos, ou atores, mais 
imediatos da violência [...]” (PORTO, 2000, p. 187). Ao mesmo tempo em que 
ocorre a organização de grupos étnico-culturais minoritários em busca de 
seus direitos de cidadãos, há, por outro lado, uma reação conservadora contra 
essas identidades culturais, que, por vezes, se manifesta de forma violenta. 
Para resolver ou amenizar tais problemas, são necessários “[...] espaços de 
manifestação das diferenças e do conflito, enquanto mecanismos de ‘prevenção’ 
contra a violência [...]” (PORTO, 2000, p. 199). As iniciativas de educação 
multicultural e de relações étnico-raciais, que buscam trabalhar a diversidade 
e a interculturalidade, têm grande importância para essa prevenção.
A seguir, você pode ver alguns dos principais tipos de violênciaque aco-
metem a sociedade brasileira na atualidade:
  violência de gênero;
  violência sexual;
  etnocídio.
A violência de gênero é a violência relacionada com os diferentes papéis 
atribuídos ao homem e à mulher. Como você sabe, historicamente, o homem 
adquiriu maior poder e prestígio do que a mulher. É justamente contra esse 
posicionamento superior masculino, que relega a mulher ao segundo plano, que 
o movimento feminista têm se articulado. No Brasil, embora exista uma rede 
que procura coibir os casos de violência contra a mulher, os casos de femini-
cídio têm aumentado. Segundo a Lei Maria da Penha (Lei nº. 11.340/2006), 
em seu art. 7º, são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher 
a violência física, a violência psicológica, a violência sexual, a violência pa-
trimonial e a violência moral. 
Cidadania e problemas sociais10
Dessa forma, a mulher se encontra sujeita a vários tipos de violências. A 
violência física atenta contra a integridade de seu corpo. A violência psicológica 
lhe causa danos emocionais e diminuição da autoestima. É o caso de ameaças, 
humilhações e constrangimentos cotidianos, insultos e cerceamento de ações. 
Já a violência sexual se manifesta quando a mulher é forçada a manter relações 
sexuais não desejadas, envolvendo também o aborto e a prostituição mediante 
coação. Por sua vez, a violência patrimonial refere-se à retenção ou à subtração 
de bens, valores e direitos ou recursos econômicos. Por fim, a violência moral 
envolve condutas que caracterizam injúria e calúnia.
Segundo os dados estatísticos do Ligue 180 — Central de Atendimento à 
Mulher, iniciativa do Governo Federal, no primeiro semestre de 2018, foram 
recebidas as denúncias apresentadas no Quadro 2 (BRASIL, 2018).
 Fonte: Adaptado de Brasil (2018). 
Tipo de violência Número de casos %
Violência física 16.615 43,31
Violência psicológica 12.745 33,22
Violência sexual 2.445 6,37
Violência patrimonial 647 1,69
Violência moral 1.271 3,31
 Quadro 2. Denúncias do Ligue 180 — Central de Atendimento à Mulher 
Nem todos os casos de violência são denunciados e ainda existem outras 
formas de violência contra a mulher além das analisadas. Portanto, você pode 
perceber o quanto a situação é séria. O número de feminicídios para esse 
mesmo período foi de 14 casos denunciados, sendo que houve 3.018 tentativas 
de morte que não se consumaram, o que é alarmante.
Os casos de violência sexual não se referem somente às mulheres. Todos 
aqueles que se desviam do padrão heterossexual, como lésbicas, gays, bissexu-
ais, transexuais e travestis (LGBTT), sofrem com a violência conhecida como 
homofóbica. Essa violência se caracteriza por ações que manifestam rejeição 
irracional ou ódio em relação aos homossexuais. Tais ações ocorrem de forma 
arbitrária e procuram desqualificar o outro enquadrando-o como inferior ou 
anormal. Um levantamento realizado pelo órgão não governamental Grupo 
11Cidadania e problemas sociais
Gay da Bahia a partir de dados de grupos LGBTT dos demais estados brasi-
leiros registrou 126 mortes somente no primeiro trimestre de 2018 (Figura 2).
Figura 2. Mortes homofóbicas por estado em 2018.
Fonte: Querino (2018, documento on-line).
Ao referir-se às formas de exclusão social vivenciadas pelos sujeitos da 
comunidade LGBTT, Peres (2004, p. 25) destaca que:
[...] as exclusões e as formas de opressão experimentadas pela população 
homossexual, e em especial as travestis, desfavorecem qualquer possibilidade 
de oportunidades à população gay, dentro da configuração social em que 
vivemos, colocando essa população exposta a uma maior vulnerabilidade e 
riscos diante do HIV e da AIDS, tanto no plano individual [...] como no plano 
social, que estigmatiza, discrimina e violenta os direitos humanos, assim como 
o direito fundamental à singularidade, condição básica para que a pessoa 
possa sentir um mínimo de dignidade enquanto ser humano.
Cidadania e problemas sociais12
A violência étnica também se faz presente no Brasil. Ela normalmente é 
praticada contra as etnias que passaram por um processo histórico de assime-
tria de poder desde a época da colonização brasileira, como é o caso da etnia 
afrodescendente (negra) e da indígena. Ambas sofrem com o preconceito, o 
racismo e a discriminação. As populações indígenas são as que têm sofrido 
com os crimes de etnocídio no Brasil contemporâneo.
Um dos problemas enfrentados pela população indígena são os conflitos 
com grandes latifundiários pela posse das terras que seriam de direito originário 
das etnias indígenas segundo a Constituição. Para as etnias indígenas, a terra 
não representa propriedade como para a cultura capitalista. Em vez disso, a 
terra tem conotação espiritual e sagrada para que os homens desenvolvam 
todo o seu potencial. Segundo os dados do relatório Violência contra os Povos 
Indígenas no Brasil: dados de 2017, elaborado pelo Conselho Indigenista Mis-
sionário (CIMI, 2017), houve 110 casos de assassinato e mais 27 tentativas de 
homicídio no período analisado, além de demais ameaças e lesões corporais.
Como você pode perceber a partir dessa cartografia de algumas das princi-
pais formas de violência que ocorrem no Brasil e que estão relacionadas com a 
exclusão social, o País ainda tem muito a evoluir como nação. A ideia é buscar 
melhorias estruturais que forneçam condições similares de cidadania a todos 
os grupos étnico-culturais que compõem a nação. Para reverter esse quadro, 
é necessária tanto a participação mais consistente e planejada do Estado e de 
suas instituições quanto o empenho da sociedade civil organizada, em busca 
de uma convivência intercultural equitativa e com justiça social.
Na contemporaneidade, o conceito de violência assume um espectro muito maior, o 
que é positivo para a sociedade. Afinal, ações que antes eram de âmbito privado e que 
levavam muitas pessoas a sofrerem e suportarem em silêncio hoje são reconhecidas 
como formas de violência e podem ser combatidas.
No caso das mulheres, em gerações anteriores, muitas vezes a esposa suportava seu 
casamento, tolerando humilhações, insultos e ameaças de seu cônjuge sem reconhecer 
nessas práticas uma conduta machista e violenta. Hoje, na maioria dos casos, já não 
é mais assim. As mulheres conquistaram seu papel de igualdade na sociedade e já 
não se submetem mais a tais maus tratos, preocupando-se com sua felicidade, que se 
materializa num relacionamento sadio e sem agressões físicas ou verbais.
13Cidadania e problemas sociais
APPADURAI, A. O medo ao pequeno número: ensaio sobre a genealogia da raiva. São 
Paulo: Iluminuras: Itaú Cultural, 2009.
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pedagogia prisional. Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão, Cruz Alta, v. 
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Disponível em: http://www.mdh.gov.br/informacao-ao-cidadao/ouvidoria/Relatrio-
Semestral2018.pdf. Acesso em: 24 fev. 2019.
BRASIL. Lei nº. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência 
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição 
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra 
as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência 
contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução 
Penal; e dá outras providências. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm. Acesso em: 24 fev. 2019.
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CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 11. ed. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2008.
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prevenção. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 53-69, 1999.
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Cidadania e problemas sociais14
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em: http://acervo.paulofreire.org:8080/jspui/bitstream/7891/3921/1/FPF_PTPF_01_0625.
pdf. Acesso em: 24 fev. 2019.
15Cidadania e problemas sociais
DICA DO PROFESSOR
Nesta Dica do Professor, você verá as causas sociais da violência no Brasil e a relação desta 
com a pobreza e a desigualdade social. Também permite compreender a associação existente 
entre o tráfico de drogas e a violência e como as deficiências do sistema judiciário e prisional 
impactam na percepção da punição e na recuperação dos criminosos. 
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EXERCÍCIOS
1) (UFPEL, 2007 — adaptado) Os índices crescentes de violência no Brasil resultam da 
combinação de fatores que incluem miséria, crescimento desordenado das cidades, 
lentidão da justiça e crescimento do tráfico de drogas. Na base de tudo, está a 
desigualdade social, que faz com que grande parcela de brasileiros não tenha 
perspectivas de melhorar de vida. 
Com base nessas informações e em seus conhecimentos sobre as causas da diferença 
de acesso da população aos direitos sociais básicos, é correto afirmar que:
A) O processo de "colonização de exploração" ocorrido no Brasil não determinou segregação, 
indicando uma relação de igualdade entre colonizador e colonizado.
B) A escravidão que permeou um longo período da história econômica brasileira não 
impactou o processo de exclusão social verificado no país.
C) A formação de uma sociedade patriarcal e patrimonial resultou em uma sociedade que 
promove o direito de igualdade para todos.
D) O fim da escravidão, acompanhado de políticas de inclusão social para os negros, fez com 
que se extinguisse toda forma de preconceito na sociedade.
E) A organização da sociedade brasileira sedimentou-se na segregação entre a elite e o povo, 
o branco e o negro, o homem e a mulher, formando um Estado resultante da formação 
desta sociedade.
2) (ENEM, 2012 — adaptado) O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a 
manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira 
evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos —seja nas áreas 
abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é 
mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do 
reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se 
impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas 
raízes. (Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. 
Edição 2099, 3 fev. 2010) 
 
O argumento do texto acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira 
expressa a:
A) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de 
aparatos de controle policial.
B) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e 
atos administrativos.
C) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas 
grandes cidades brasileiras.
D) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social 
compatíveis com valores democráticos.
incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle E) 
social específicos à realidade social brasileira.
3) "Não se pode acabar com a cultura da violência sem que surja algo em seu lugar. 
Precisamos resgatar sentimentos que hoje são tidos como ultrapassados ou fora de 
moda. Cordialidade, solidariedade e preocupação com o próximo não podem 
desaparecer. É necessário resgatar a importância da utopia, seja ela qual for. O que 
se vê hoje, e a cultura da violência se aproveita disso, é a falta de utopias. Tudo é 
muito individual. Eu falo, eu quero, eu penso, eu tenho, eu sou... Quando o "eu" for 
substituído pelo "nós", com certeza veremos a cultura da violência perder força. 
Uma sociedade que pensa o coletivo consegue eliminar fatores que banalizam a 
violência." (CANDAU, V. Escola e violência. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1999)
 
De acordo com texto, assinale a alternativa que representa corretamente a ideia de 
cultura de violência:
A) São comportamentos ligados aos processos primitivos de todas as civilizações.
B) A cultura de violência está pouco a pouco sendo superada pelos novos padrões 
civilizatórios da pós-modernidade.
C) São padrões de comportamento ligados aos conflitos étnicos e religiosos.
D) A ideia de cultura de violência baseia-se em comportamentos agressivos e imposição de 
poder, hábitos que a sociedade ainda cultiva.
E) É decorrente da vontade coletiva da sociedade, que é violenta por natureza própria.
(IFS, 2014 — adaptado) Ao assistir a noticiários de televisão é comum nos 
defrontarmos com casos de crimes que chocam por sua astúcia e crueldade. A 
violência encontra-se entre as principais preocupações dos brasileiros e o medo 
passou a ser um sentimento comum no cotidiano das grandes cidades. 
4) 
Sobre as questões de violência urbana no Brasil, assinale a alternativa correta:
A) No Brasil, a violência tem feito milhares de vítimas. Em alguns casos, esse ato é praticado 
pela própria família, além de inúmeros outros ocorridos nas ruas.
B) O crescimento desordenado das cidades e o êxodo rural pouco influenciam no aumento da 
violência urbana.
C) Em determinados locais, a existência de um crime organizado não supera a presença e a 
ação do governo.
D) Problemas sociais como desemprego, deficiência dos serviços públicos, principalmente os 
de segurança pública, não contribuem para o aumento da violência.
E) A violência urbana está atrelada às classes menos favorecidas do Brasil.
"Alguns indicadores mostram a precariedade dos sistemasde contenção da violência. 
Cerca de 2.000 roubos ocorrem diariamente na Grande São Paulo e em menos de 3% 
os assaltantes são presos no momento do crime. Se mesmo assim há um explosivo 
crescimento de nossa população carcerária é porque não basta prender. As 
estratégias reativas da polícia e os métodos obsoletos de investigação não estão 
conseguindo conter significativamente o grande volume de crimes. No Rio de Janeiro, 
apenas 1% dos homicídios chega a ser esclarecido pelos trabalhos de investigação, 
segundo revelação do Ministério Público. Se essa "eficiência" da polícia e da justiça 
for dobrada, a um custo impagável, o volume de crimes mal será afetado. Esse 
retrato da impotência de nosso sistema de controle criminal é revelador da 
necessidade de uma profunda reforma no sistema de prevenção criminal e não 
apenas isso, é necessário que as causas da violência também sejam adequadamente 
tratadas, sendo que a crise da segurança pública no País não será alterada 
significativamente." Em nenhum momento na história do tráfico de drogas no Brasil, 
houve uma conduta correta do Estado para desmantelar as redes de traficantes, as 
ações da polícia sempre resultam em abuso de poder, chacina e grandes índices de 
violência. 
5) 
 
O texto se refere:
A) A Grande capacidade do sistema político brasileiro em acabar com o tráfico de drogas.
B) A Habilidade pacífica da polícia brasileira com a problemática com o tráfico de drogas.
C) O poder que o Estado tem em acabar com o submundo das drogas no país.
D) A ineficiência do Estado em lidar com o complexo problema das drogas no Brasil.
E) A conduta correta do Estado para desmantelar as redes de traficantes.
NA PRÁTICA
Michèle Petit, uma antropóloga francesa, apresenta em suas publicações importantes exemplos 
de como a leitura impacta o leitor. Os livros de Michèle Petit, por exemplo, falam sobre 
experiências de leitores em espaços de crises, demonstrando assim o significado assumido pela 
leitora, quando essa permite ao leitor se projetar no que lê.
 
Neste Na Prática, conheça a obra de Michèle Petit “Os jovens e a leitura: uma nova 
perspectiva”. Uma conversa franca com os jovens destacada pelas múltiplas dimensões do ato 
de ler.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Análise do aumento da criminalidade
Neste vídeo, disponibilizado pelo canal TVBrasil, a antropóloga Alba Zaluar faz uma análise do 
aumento da criminalidade.
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Sempre a exclusão (e o preconceito, e a marginalização, e a discriminação) na sociedade e 
na escola!
Este artigo traz uma análise do livro livro Inclusão e Discriminação na Educação Escolar, 
organizado por José Leon Crochík e seus colegas Lineu Norio Kohatsu, Marian Ávila de Lima e 
Dias, Cintia Copit Freller e Ricardo Casco, que originou-se da pesquisa Preconceito em Relação 
aos 'Incluídos' na Educação Inclusiva.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

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