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O Direito à inclusão APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem discutiremos sobre o direito à inclusão. Abordaremos quais são as prerrogativas das pessoas que têm deficiências e como elas devem ser incluídas na sociedade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o que é deficiência.• Reconhecer como deve ser incluída a pessoa que tem deficiência.• Identificar os direitos de quem tem deficiência.• DESAFIO João tem deficiência física decorrente de paraplegia e amputação de uma perna, ocorrida em razão de um acidente automotivo, razão pela qual se locomove por meio de cadeira de rodas. João aceitou o convite de sua namorada para os dois irem ao shopping center. Após apreciarem um saboroso almoço na praça de alimentação, João decidiu ir a uma loja para adquirir um terno novo, já que seria padrinho de casamento de amigos de infância. Após transitarem pelos corredores do shopping center, João escolheu, pela vitrine, o terno que desejava adquirir e adentrou a loja para provar a roupa. Ao apontar para o vendedor o terno que desejava adquirir, o mesmo lhe foi entregue para prova. Ao se dirigir para o provador, a cadeira de João não passava pela porta de qualquer provador da loja, considerando que havia cinco. A partir do caso apresentado, responda: - João tem direito a se locomover e acessar todas as dependências do shopping que são permitidas a outros clientes? - João tem direito a acessar o provador da loja sem qualquer barreira física? - João viu seu direito de locomoção violado? Para elaborar o relatório, você deverá considerar que João tem condições de se locomover sozinho com sua cadeira de rodas. INFOGRÁFICO Pessoas deficientes são aquelas que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Observe o infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO Leia o texto a seguir e aprofunde seu conhecimento sobre o direito à inclusão. Boa leitura! PSICOLOGIA E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA Caroline Corrêa Fortes Chequim O direito à inclusão Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir deficiência. Reconhecer como deve ser incluída a pessoa com deficiência. Identificar os direitos da pessoa com deficiência. Introdução O direito à inclusão social da pessoa com deficiência é resultado de um caminho de lutas, especialmente dos movimentos sociais ligados a essa causa, de pesquisadores, deficientes e seus familiares. No percurso dessa mobilização, a publicação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em 2015, trouxe ainda mais avanços na busca por uma sociedade inclusiva. Neste capítulo, você vai estudar o contexto da implementação dos direitos das pessoas com deficiência (PCDs) no Brasil, tanto no âmbito educacional como no ambiente corporativo. Também vai conhecer as nomenclaturas utilizadas ao longo da história dessa população no Brasil. Além disso, você vai ver como as pessoas com deficiência devem ser reconhecidas na sociedade, ou seja, enquanto sujeitos de uma cons- trução histórico-social — portanto, você vai estudar o preconceito, a discriminação e a legislação, verificando a necessidade de uma sociedade de fato inclusiva. Por fim, você vai conhecer os direitos das pessoas com deficiência no Brasil. Vai ver quando esses direitos surgiram e por que ainda é necessário debatê-los no século XXI. Deficiência Você já deve ter lido ou escutado as pessoas com defi ciência serem chamadas de “defi cientes”, “pessoas com necessidades educacionais especiais”, “pessoais especiais”, “retardados” e tantas outras nomenclaturas impostas pela sociedade, seja no ambiente educacional, seja no ambiente empresarial. Aranha (2006, p. 21) destaca que a defi ciência, no modelo médico, pode ser compreendida como “[...] qualquer tipo de perda ou anormalidade que limite as funções físicas, sensoriais ou intelectuais de uma pessoa”. Você deve ficar atento para não confundir os termos “deficiência” e “doença”. Eles podem parecer semelhantes em determinadas situações, mas na verdade são diferentes. As doenças são um conjunto de sinais, de sintomas que afetam o estado normal de saúde física ou mental de um indivíduo. Gaudenzi e Ortega (2016), ao contextualizarem o termo deficiência, apontam que ele representa um estado patológico que reflete a ausência, a insuficiência, a improbabilidade de funcionamento de determinado órgão, membro ou mesmo da psique do indivíduo. Veja: Um exemplo da expressividade dos estudos críticos foi a relevância que ganharam seus questionamentos à linguagem sobre a deficiência utilizada na Classificação Internacional de Lesão, Deficiência e Handicap (ICIDH), proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1980. Os críticos reivindicavam a descrição da deficiência como uma questão de direitos hu- manos e não apenas biomédica. Neste momento a interpelação de natureza política tinha como um dos principais alvos a relação de causalidade entre impairments, disabilities e handicaps assumida pela ICIDH. De acordo com a mesma, impairments significava perda ou anormalidade de uma estrutura ou função corporal — psicológica, fisiológica ou anatômica; disability significava a restrição ou perda da capacidade de performance de atividades de forma considerada normal para os seres humanos; e handicap era a desvantagem de uma pessoa individual oriunda do impairment ou da disability que a limita de desempenhar um papel que é normal em determinado grupo. Para os críticos, a afirmação da relação de causalidade entre essas condições refle- tia a soberania da linguagem biomédica e a ênfase em propostas curativas. Como resultado da revisão da ICIDH, em 2001, foi aprovada a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) (GAUDENZI; ORTEGA, 2016, p. 3062). Com base na classificação de deficiência da OMS, no Brasil foram adota- das as definições: deficiência visual, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência intelectual, transtorno do espectro autista e síndromes (ORGANI- ZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE , 2010). O Decreto nº. 5.296 (BRASIL, 2004) definiu as pessoas com deficiência como aquelas que possuem limitações, incapacidades para aprendizagem e para desempenhar qualquer atividade. A deficiência auditiva (DA) é entendida como a perda total ou parcial da audição, podendo ser detectada em um ou ambos ouvidos, caso em que será bilateral. As crianças podem fazer uso ou não do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), bem como passar por uma cirurgia de implante O direito à inclusão2 coclear (IC). A DA pode ser classificada em vários níveis: leve, moderada, severa ou profunda. Nos casos em que há perda severa ou profunda, normal- mente o indivíduo identifica-se com a comunidade surda, sendo usuário da Língua Brasileira de Sinais (Libras), uma língua gestovisual que os surdos utilizam para se comunicar com os ouvintes e para melhorar sua aprendizagem (QUADROS; KARNOPP, 2004). A deficiência visual (DV) é caracterizada pela perda parcial ou total da visão em um ou ambos os olhos. Tal perda não pode ser corrigida com o uso de óculos ou com tratamento cirúrgico. Ela pode ser classificada de duas formas: visão subnormal (perda leve, moderada, severa ou profunda que diminui as respostas e reflexos, mesmo com tratamento óptico) e cegueira (ausência de visão em um ou nos dois olhos). A deficiência física (DF) é uma alteração motora que pode ser completa ou parcial e afetar uma ou mais partes do corpo humano, levando à perda das funções motoras. Os tipos de DF são: paralisia cerebral, hemiplegia, tetraplegia, paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, triplegia, amputações e patologias do sistema nervoso central. A deficiência intelectual(DI), chamada anteriormente de deficiência mental, envolve alterações no funcionamento intelectual do indivíduo. Ou seja, ele pode apresentar limitações que afetam a sua sociabilidade. A DI é classificada em leve, moderada, grave ou profunda. O transtorno do espectro autista (TEA) era classificado como uma das formas de deficiência intelectual, no entanto, devido às suas características e peculiaridades, foi classificado como um transtorno a partir de 2009. O TEA é um grupo de transtornos que afeta a interação social, o comportamento do indivíduo, a repetição dos comportamentos e os interesses por determinada coisa ou objeto. O conceito de mobilidade reduzida, por sua vez, faz referência às pes- soas que não se enquadram nas deficiências anteriores e não conseguem se movimentar temporária ou permanentemente, tendo redução na flexibilidade e na coordenação motora (BRASIL, 2004). Para definir as deficiências, é necessário realizar um retrospecto histórico das suas nomenclaturas. No período colonial, a educação da pessoa com deficiência envolvia práticas excludentes. Predominava o encarceramento em prisões, asilos e hospitais, bem como o isolamento da sociedade. As famílias eram obrigadas a deixar seus descendentes e parentes em casa, pois, se saíssem de casa e houvesse alguma desordem pública, essas pessoas poderiam ser internadas nas Santas Casas de Misericórdia. 3O direito à inclusão As Santas Casas de Misericórdia, criadas pela Igreja Católica, surgiram no Brasil em 1731, em Salvador. Elas tinham como objetivo principal atender, acolher e assistir crianças que eram abandonadas por seus familiares. Para que isso acontecesse e os familiares não fossem identificados, as crianças eram colocadas nas rodas dos expostos. Do lado de fora do edifício, a roda recebia crianças deixadas pelas famílias, que se mantinham incógnitas. Quando era girada, a roda trazia as crianças para dentro do edifício. Assim, as freiras as recolhiam e as assistiam nas suas necessidades, evitando que fossem mortas (ARANHA, 1997). Lanna Junior (2010) evidencia a história do movimento político da pessoa com deficiência no Brasil ao relatar o tratamento dispensado às pessoas com hanseníase: [...] as pessoas com hanseníase eram isoladas em espaços de reclusão como o Hospital dos Lázaros, fundado em 1741. A pessoa atingida por hanseníase era denominada de “leprosa”, “insuportável” ou “morfética”. A doença pro- vocava horror pela aparência física do doente não tratado — eles possuíam lesões ulcerantes na pele e deformidades nas extremidades do corpo —, que era lançado no isolamento dos leprosários e na exclusão do convívio social (LANNA JUNIOR, 2010, p. 20). No período imperial, ocorreram importantes ações do governo brasileiro com vistas à criação de institutos nacionais para pessoas com deficiência, tal como o Hospital Dom Pedro II, criado no Rio de Janeiro, em 1841, por meio do Decreto nº. 82/1841 (BRASIL, 1841). Esse hospital era destinado às pessoas alienadas (SAVIANI, 2008). Já para as pessoas cegas e surdas foram implementados o Instituto Impe- rial dos Meninos Cegos e o Instituto Imperial dos Surdos, ambos no Rio de Janeiro, em 1854 e 1856, respectivamente. Os institutos tinham como objetivo alfabetizar, ensinar a religião, os ofícios manuais, as ciências e a astronomia a essas pessoas. A ideia era que tivessem conhecimento para adquirir e receber a herança (SAVIANI, 2008). No período republicano, as crianças com deficiência eram chamadas de “retardadas” e “doentes mentais”. Assim, um dos maiores desafios desse perí- odo foi encontrar professores especializados e habilitados para trabalhar com essa população. As Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) O direito à inclusão4 tiveram um papel fundamental na formação de professores, na alfabetização e na socialização das crianças com deficiência (SAVIANI, 2008). Mais tarde, na década de 1950, surgiu o movimento exclusivista, que separava as crianças com deficiência das crianças sem deficiência (na época classificadas como normais). No geral, a aprendizagem das crianças nessas escolas especiais era menor e o seu rendimento ficava aquém do ideal para a idade que possuíam (SAVIANI, 2008). Na década de 1980, um movimento de pesquisadores e familiares de crian- ças com deficiência se fortaleceu e lutou para crianças serem incluídas nas escolas regulares. Surgiu então o movimento integracionista, que ganhou forças principalmente com a expansão da Secretaria de Educação Especial (CENESP) no Ministério da Educação (QUADROS; KARNOPP, 2004). A partir desse movimento, as pessoas com deficiência foram integradas na mesma escola regular que as crianças sem deficiência. A priori, essa in- tegração propiciou maior e melhor aprendizagem das crianças, no entanto os profissionais não estavam preparados para trabalhar com essa população. Afinal, a formação inicial dos professores que atuavam nessa época não incluía disciplinas e/ou discussões referentes a essa temática. Portanto, como poderiam trabalhar adequadamente com essas crianças? Aos poucos, os cursos de formação continuada foram se alterando, com a supervisão e a regulação do Ministério da Educação e da SERES, que evidenciou a necessidade de mudança na estrutura curricular dos cursos para propiciar uma formação mais adequada. Em 1994, com a Declaração de Salamanca, o Brasil, seu signatário, assumiu o compromisso de iniciar o processo de inclusão. Em 1996, foi publicada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº. 9.394/1996 (BRASIL, 1996), que evidenciou a educação especial como uma modalidade de ensino. Desde então, o movimento inclusivista foi implementado no Brasil, nas escolas públicas e privadas. Houve a publicação de leis e decretos posteriores à LDB que indicaram a necessidade de melhorar a acessibilidade arquitetônica, curricular, atitudinal e procedimental para as crianças. Assim, os cursos de formação de professores precisaram ser revistos. Além disso, cursos de formação continuada, como especializações, cursos de atualizações e cursos de aperfeiçoamentos, foram criados para discutir as melhores práticas de ensino para as crianças. Atualmente, a nomenclatura mais adequada e utilizada é “pessoa com deficiência”, em substituição à expressão “pessoa portadora de deficiência”. Nesse sentido, entende-se que quem possui a deficiência não tem a possibilidade de não possui-la, ou seja, o termo “portadora” não é adequado. 5O direito à inclusão O maior hospital psiquiátrico brasileiro é o Hospital Colônia, localizado em Barbacena, Minas Gerais. Nesse hospital, ocorreu a morte de mais de 60 mil brasileiros internados compulsoriamente, muitas vezes sem necessidade. Para saber mais sobre esse assunto, uma boa leitura é Holocausto brasileiro: vida, genocídio e 60 mil mortes no maior hospício brasileiro, da jornalista Daniela Arbex. Como incluir a pessoa com deficiência? A publicação do Estatuto da Pessoa com Defi ciência, Lei Federal nº. 13.146/2015 (BRASIL, 2015), trouxe avanços importantes. Além disso, vários pesquisa- dores, familiares e segmentos da população têm lutado para que a sociedade seja inclusiva não apenas na lei, mas na prática. É necessário que as necessidades das pessoas com deficiência sejam perce- bidas para que a inclusão ocorra de fato na educação, na saúde, na locomoção, no esporte, na cultura, no lazer, na religião e em tantos outros contextos. Contudo, o que se observa é que as pessoas, em vez de incluir os diferentes, acabam excluindo-os ao não propiciar a acessibilidade arquitetônica, curricular, instrumental e comunicacional. Dessa forma, como é possível reconhecer os direitos das pessoas com deficiência na sociedade e como elas devem ser incluídas? Esse e outros tantos questionamentos são importantes para que a inclusão aconteça plenamente. Isso só vai ocorrer se houver o comprometimento de escolas, instituições de ensino, empresas, ONGs, etc. que compreendamas limitações de cada deficiência e viabilizem as adequações necessárias para a inclusão. A inclusão ocorre não apenas nas placas indicativas em filas preferenciais, mas por meio de ações que contribuem de fato para o reconhecimento das pessoas com deficiência. Entre essas ações, você pode considerar: 1. o ensino de Libras para todos, independentemente do curso ou da vivência, para que essa língua seja disseminada no Brasil, tendo em vista que é a segunda língua oficial do País (BRASIL, 2002); 2. o uso de piso tátil e de placas indicativas, de semáforo sonoro, materiais e móveis em Braille para os cegos; O direito à inclusão6 3. o uso da comunicação alternativa para todas as pessoas com deficiência intelectual e TEA; 4. a adaptação da arquitetura dos imóveis, dos carros, dos transportes públicos e das calçadas para os deficientes físicos. Assim, com respeito a todos e prezando pela igualdade, a sociedade, de fato, caminhará para a inclusão. Na Figura 1, a seguir, você pode ver a evolução do emprego formal das pessoas com deficiência no Brasil, conforme relatório do Ministério do Trabalho (BRASIL, 2017). Figura 1. Evolução do emprego formal de pessoas com deficiência no Brasil (2011 a 2015). Fonte: Ministério do Trabalho (2017). Para aprender mais sobre a inclusão de pessoas com deficiência, leia o Estatuto da Pessoa com Deficiência, dispo- nível no link ou código a seguir. Esse documento apresenta as alterações realizadas na legislação brasileira para o apoio à inclusão e a inserção das pessoas com deficiência no País. https://goo.gl/QJyQBh 7O direito à inclusão Os direitos da pessoa com deficiência A Constituição Federativa do Brasil, promulgada em 1988 (BRASIL, 1988), garante o direito de todos à educação, à saúde, à segurança e à vida. Contudo, para que exista a equalização de direitos e deveres, bem como o cumprimento das leis de acessibilidade e inclusão de pessoas com defi ciência, são necessárias mudanças nos hábitos e costumes da população. Em relação ao transporte, é necessário que exista gratuidade ou desconto em passagens no transporte público, intermunicipal e interestadual. Com isso, a adequação e a acessibilidade devem ser garantidas pelas empresas para que a mobilidade seja atendida. Há também a necessidade de reserva de vagas para as pessoas com deficiência, que têm prioridade para ocupar os assentos. Além disso, devem ser reservadas vagas em estacionamentos públicos e privados (desde que o automóvel esteja cadastrado para o transporte de pessoas com deficiência, seguindo a legislação de trânsito). Já no campo trabalhista, os concursos devem garantir a reserva de no mínimo 5% das vagas para as pessoas com deficiência. Muitas pessoas não sabem, mas a Lei de Cotas garante horário de serviço reduzido a essa po- pulação, dependendo de suas limitações, sem prejuízo salarial, desde que a deficiência seja comprovada com laudo médico. A recusa de empregar pessoas com deficiência sem uma justificativa plausível ou aceitável pelo Ministério do Trabalho é motivo para que a empresa seja denunciada e processada com multa. No que se refere à educação, as pessoas com deficiência têm o direto de ocupar 5% do total de vagas nas universidades públicas; em instituições privadas, devem existir programas para atender a esses estudantes. Na edu- cação básica, é fundamental que a lei seja cumprida, ou seja, todos devem ter a escolarização garantida. Todavia, para que os direitos das pessoas com deficiência sejam garantidos, é necessário que o preconceito e a discriminação sejam continuadamente descontruídos e combatidos. As pessoas com deficiência também estão isentas de tributos previstos na Constituição Federativa do Brasil (BRASIL, 1988), tais como: IPVA e IPI em automóveis utilitários. Para que isso ocorra, o Código Nacional de Trânsito Brasileiro regulamentou que não há necessidade de o carro ser adaptado, mas o comprador deve apresentar os documentos necessários para a aquisição do veículo. No caso de pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida, os carros devem ser adaptados. Vale destacar que os automóveis das pessoas com deficiência devem manter o selo de identificação no vidro dianteiro. O direito à inclusão8 Até o século XIX, de acordo com Mazzotta (2001), as crianças com deficiência não tinham direito de herdar a herança dos pais ou responsáveis falecidos, pois acreditava-se que essas pessoas não possuíam capacidade mental para gerir o patrimônio que receberiam de suas famílias. Todavia, com os avanços da medicina e da área clínica, observou-se que as crianças poderiam receber a herança desde que a deficiência intelectual não fosse severa ou profunda, podendo ser tuteladas por meio de curadores. Nesse sentido, a Reforma Trabalhista ocorrida em 2017 no Brasil definiu que as crianças e as pessoas com deficiência, caso não existam familiares vivos que possam assisti-las, podem ser tuteladas por curadores nomeados pelo Ministério Público. Além disso, a Lei nº. 9.394/1996 (BRASIL, 1996) se refere à importância do uso do cão-guia, o que se relaciona ao direito dos deficientes visuais de transitar e se locomover em todo o território brasileiro, inclusive em viagens nacionais e internacionais. De acordo com o art. 8º da Lei nº. 7.853/1989 (BRASIL, 1989), será punido com pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa: a) quem recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a matrícula de aluno com deficiência; b) impedir o acesso de pessoa com deficiência a qualquer cargo público; c) negar trabalho ou emprego ao deficiente; d) recusar, retardar, diminuir ou dificultar a internação hospitalar ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar ou ambulatorial, quando possível à pessoa com deficiência. Como você viu, ao longo dos séculos, os deficientes foram adquirindo seus direitos e também deveres para a convivência em uma sociedade justa e igualitária. Em resumo, a Constituição Federal regulamenta o direito à igualdade de todos, bem como o direito ao acesso e à permanência das pes- soas com e sem deficiência em espaços públicos e privados, além do direito à vida e à segurança. Para tanto, é importante a colaboração, a participação e o envolvimento do Estado e dos cidadãos. Assim, de fato, é possível construir uma sociedade justa, igualitária e sem discriminação. 9O direito à inclusão 1. O direito à inclusão é uma garantia estabelecida pela Constituição Federal de 1988. A Constituição garante: a) somente a acessibilidade educacional. b) somente a acessibilidade a transporte e segurança. c) a acessibilidade em todos os setores da sociedade. d) a acessibilidade em todos os setores, exceto aos idosos. e) a acessibilidade a todos os setores da comunidade, exceto aos menores de idade. 2. No que se refere à educação das pessoas com deficiência, atualmente se destaca a educação inclusiva. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta. a) A escola inclusiva garante a acessibilidade a todos os alunos, atendendo às limitações e às necessidades de cada um. b) A escola inclusiva garante apenas a acessibilidade às pessoas com deficiência física. c) A escola inclusiva trata de forma indiferente as pessoas com deficiência, sem considerar suas limitações e potencialidades. d) A escola inclusiva garante somente a acessibilidade comunicacional aos alunos que se destacam. e) A escola inclusiva integra todos os estudantes com qualidade, evidenciando suas necessidades e limitações. 3. O conceito de inclusão surge com a Declaração de Salamanca, em 1994. Assim, para que a inclusão exista de fato, é necessário que atinja: a) a todos, independentemente da limitação e da potencialidade. b) apenas os institutos especiais. c) somente as instituições especiais. d) a todos que frequentam o atendimento regular. e) a todos que frequentam as empresas inclusivas. 4. Em relação à empregabilidade das pessoas com deficiência, assinale a alternativa correta. a)A empresa só pode contratar PCDs leves. b) A empresa só pode contratar deficientes físicos. c) A empresa deve contratar qualquer PCD que se candidatar à vaga. d) A empresa não precisa contratar PCDs. e) A empresa contrata só 5% de PCDs. 5. Assinale a alternativa que apresenta as principais barreiras para as pessoas com deficiência no mercado de trabalho. a) Acessibilidade e gestores despreparados. b) Acessibilidade e setor de recursos humanos. c) Acessibilidade, setor de recursos humanos, benefícios da Previdência e gestores despreparados. d) Foco exclusivo para cotas. e) Foco exclusivo para cotas, acessibilidade e baixa qualificação dos PCDs. O direito à inclusão10 ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. BRASIL. Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mo- bilidade reduzida, e dá outras providências. 2004. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: 20 ago. 2018. BRASIL. Decreto nº. 82, de 18 de julho de 1841. Fundando um Hospital destinado priva- tivamente para tratamento de Alienados, com a denominação de Hospício de Pedro Segundo. 1841. Disponível em: <http://legis.senado.leg.br/legislacao/DetalhaSigen. action?id=385725>. Acesso em: 20 ago. 2018. BRASIL. Lei nº. 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. 1989. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ Ccivil_03/Leis/L7853.htm>. Acesso em: 20 ago. 2018. BRASIL. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L9394.htm>. Acesso em: 20 ago. 2018. BRASIL. Lei nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais e dá outras providências. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2002/l10436.htm>. Acesso em: 20 ago. 2018. BRASIL. Lei nº. 13.146, de 06 de julho de 2015. 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História do movimento político das pessoas com deficiência no Brasil. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2010. MAZZOTTA, M. J. S. Educação especial no Brasil: histórias e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2001. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório Mundial da Saúde. Financiamento dos sistemas de saúde: o caminho para cobertura universal. 2010. Disponível em: <http:// www.who.int/whr/2010/whr10_pt.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2018. QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. SAVIANI, D. A pedagogia no Brasil: história e teoria. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2008. Leituras recomendadas ARBEX, D. Holocausto brasileiro. São Paulo: Geração Editorial, 2013. BRASIL. Decreto nº. 7.612, de 17 de novembro de 2011. Institui o plano nacional dos direi- tos da pessoa com deficiência - plano viver sem limite. 2011. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7612.htm>. Acesso em: 20 ago. 2018. BRASIL. Lei nº. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o plano nacional de educação e dá outras providências. 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em: 20 ago. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CBE nº. 2, de 11 de setembro de 2001. Institui as diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2018. BRASIL. Senado Federal. Estatuto da pessoa com deficiência. Brasília: Senado Fede- ral, 2015. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/ id/513623/001042393.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2018. O direito à inclusão12 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Decorre da ideia da igualdade o nosso dever de incluir na sociedade todas as pessoas, especialmente aquelas que têm deficiência. Em razão disso, o Direito assegura ao deficiente o direito à plena inclusão na sociedade, sendo-lhe permitido o mesmo que à pessoa que não tem deficiência. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Pessoas deficientes são aquelas que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. NÃO se enquadra como tais quem tenha: A) Deficiência física. B) Deficiência auditiva. C) Deficiência visual. D) Deficiência mental. E) Deficiência sentimental. 2) O Direito, em diversas normas, preconiza a defesa das pessoas deficientes. NÃO se trata de um princípio básico que exige o cuidado com os deficientes: A) O respeito pela dignidade inerente. B) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade. C) O respeito pela diferença. D) A acessibilidade. E) O respeito pelo desenvolvimento das capacidades apenas dos adultos com deficiência. 3) A pessoa com deficiência deve ser protegida de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante, sendo considerados especialmente vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso com deficiência. A deficiência afeta a plena capacidade civil da pessoa para: A) Casar-se. B) Manifestar sua vontade, quando não consiga manifestá-la livremente. C) Exercer o direito de decidir sobre o número de filhos. D) Conservar sua fertilidade. E) Exercer o direito à família. 4) A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. NÃO incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: A) Sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades. B) Aprimoramento dos sistemas educacionais. C) Projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado. D) Oferta de educação bilíngue em Libras. E) Inclusãode uma disciplina em todos os cursos superiores com conteúdo curricular de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento. 5) A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, além de ter o direito ao transporte e à mobilidade. Sobre esses temas NÃO se pode afirmar: A) As pessoas jurídicas de direito público não são obrigadas a garantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos. B) A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a condições justas de trabalho. C) É proibida a restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qualquer discriminação em razão de sua condição. D) Consideram-se como integrantes dos serviços de transporte os veículos, os terminais, as estações, os pontos de parada, o sistema viário e a prestação do serviço. E) Para colocação do símbolo internacional de acesso nos veículos, as empresas de transporte coletivo de passageiros dependem da certificação de acessibilidade. NA PRÁTICA A acessibilidade é um imperativo. Devemos observar, em todas as nossas atividades, as normas que estabelecem parâmetros para as diferentes formas de acessibilidade. Veja um exemplo a seguir. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Normas de acessibilidade Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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