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5 1 Protozoários Sarcodina (amebas) I

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Protozoários: Sarcodina (amebas) I
APRESENTAÇÃO
Nessa unidade de aprendizagem, estudaremos a Entamoeba histolytica, que é um protozoário do 
grupo Sarcodina (amebas). Observaremos as características do parasita, sua patogênese, 
epidemiologia, aspectos clínicos, diagnóstico, tratamento e prevenção.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar as características, patogênese e epidemiologia da Entamoeba histolytica.•
Demonstrar os aspectos clínicos, o diagnóstico laboratorial e o tratamento da doença.•
Indicar medidas de prevenção para amebíase.•
DESAFIO
Na epidemiologia da amebíase, infecção causada por Entamoeba histolytica é uma doença 
encontrada em todo o mundo, ocorrendo com maior frequência em países tropicais, 
especialmente em áreas com deficiência no saneamento básico.
Outros grupos de risco são os homossexuais do sexo masculino, os viajantes, os imigrantes e as 
populações institucionalizadas.
Considerando as diferentes formas de transmissão da amebíase:
1. Indique as medidas de prevenção para a infecção por Entamoeba histolytica.
2. Sugira um plano de prevenção para um surto de amebíase que esteja ocorrendo em uma 
instituição de longa permanência para idosos. 
INFOGRÁFICO
Observe as situações envolvidas na infecção por Entamoeba histolytica:
 
CONTEÚDO DO LIVRO
A Entamoeba histolytica é uma ameba que causa a amebíase, caracterizada por disenteria 
amebiana e abscesso hepático. No conteúdo selecionado, podem ser observadas as 
características do parasita, a epidemiologia, os achados clínicos, o diagnóstico, o tratamento e a 
sua prevenção.
Acompanhe o capítulo Protozoários: Sarcodina (Amebas) I, da obra Parasitologia, onde você 
verá mais sobre as caracteristicas, diagnosticos e tratamentos a partir dos protozoários.
Boa leitura.
PARASITOLOGIA 
Juçara Gastaldi Cominal
Protozoários: Sarcodina 
(amebas) I 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as características, a patogênese e a epidemiologia da En-
tamoeba histolytica. 
  Demonstrar os aspectos clínicos, o diagnóstico laboratorial e o tra-
tamento da doença.
  Indicar medidas de prevenção para amebíase. 
Introdução
Muitos protozoários parasitam os animais, incluindo o homem, mas ape-
nas uma pequena proporção deles são considerados potencialmente 
patogênicos aos humanos, ou seja, são capazes de provocar algum tipo 
de doença parasitária, ou parasitose. As amebas fazem parte do filo Sarco-
mastigophora, grupo/subfilo Sarcodina, são protozoários unicelulares com 
membrana celular simples e que vivem, em sua maioria, no meio intracelular. 
Destaca-se o gênero Entamoeba, que agrupa amebas que se locomovem 
por pseudópodes e habitam principalmente o intestino humano, entre 
elas, as espécies Entamoeba histolytica e a Entamoeba dispar (NEVES, 2016). 
Neste capítulo, você irá aprender os mecanismos patológicos, as 
características epidemiológicas, o diagnóstico, o tratamento e as medidas 
de prevenção da amebíase, doença provocada pela Entamoeba histolytica. 
Dados gerais, epidemiologia e patogênese 
da Entamoeba histolytica 
A Entamoeba histolytica é principal espécie do gênero Entamoeba e também a 
de maior prevalência no intestino humano, segundo a Organização Mundial de 
Saúde (OMS). A E. histolytica é classifi cada como um protozoário com elevada 
importância médica, já que apresenta uma marcante incidência e relaciona-se 
com doenças graves que têm impactante mortalidade e morbidade (WHO, 2017). 
Veja, a seguir, suas principais características (SHIRLEY et al., 2018; LE-
VINSON, 2016; NEVES, 2016).
  Parasita essencialmente anaeróbico e de vida intracelular obrigatória. 
  Habita preferencialmente o intestino grosso humano e tem um ciclo 
de vida monoxênico.
  Possui dois estágios de vida, os cistos (forma dormente) e os trofozoítos 
(forma ativa/reprodutora). Os cistos são redondos ou ovalados, com 
tamanho entre 12 a 25 µm. Os trofozoítos apresentam forma variável, 
em geral alongada, com diâmetro entre 10 a 60 µm. 
  Núcleo arredondado, que se assemelha a uma “roda de carroça”. Os 
cistos possuem quatro núcleos, sendo pouco visíveis quando analisados 
a fresco. Os trofozoítos possuem apenas um, sendo mais visível nas 
formas que foram examinadas após o processo de coloração. 
  Reprodução assexuada por divisão binária.
  Alimentam-se por fagocitose, ingerindo hemácias, restos celulares ou 
bactérias, e também por pinocitose, ingerindo líquidos, o que pode 
classifica parasitas com nutrição heterotrófica. 
A amebíase, doença que tem como agente causador a Entamoeba histolytica, 
apresenta alta mortalidade e atinge principalmente adultos, sendo que mais 
de 90% dos indivíduos infectados são assintomáticos. Sua transmissão está 
associada com a ingestão de água e alimentos contaminados por rota fecal-oral, 
sendo os portadores assintomáticos os que mais contribuem com a transmissão 
(SHIRLEY et al., 2018; NEVES, 2016).
Protozoários: Sarcodina (amebas) I2
Sua distribuição é global, as regiões endêmicas são encontradas princi-
palmente na África, Ásia e na América do Sul/Central e México; contudo, 
sua epidemiologia pode variar de acordo com localização geográfica, 
clima e aspectos relacionados ao tratamento de esgoto, disponibilidade 
de água tratada, políticas de saúde pública e educação sanitária. Assim, a 
amebíase pode apresentar diferentes manifestações, patogênese e incidência 
(MARIE; PETRI JUNIOR, 2014). 
Um estudo realizado em uma cidade do interior do Ceará, em comunidades 
rurais que não têm acesso a água encanada e tratamento de esgoto, revelou 
uma prevalência de 10,3% para a infecção por amebas do gênero Entamoeba, 
sendo 23,8% ocasionadas por E. histolytica, 57,1% por E. dispar, e 14,3% 
dos indivíduos analisados apresentaram coinfecção por ambas as espécies. 
Todos os indivíduos que participaram do estudo estavam assintomáticos, um 
indicativo de que o potencial patogênico das espécies de amebas encontradas 
era baixo (CALEGAR et al., 2016). 
O ciclo biológico da Entamoeba histolytica (Figura 1) apresenta apenas 
um hospedeiro definitivo e, assim, é considerado um ciclo monoxênico. 
Embora o homem seja o principal hospedeiro, outros animais, como cachor-
ros, macacos e porcos, também podem ser parasitados por esse protozoário 
(NEVES, 2016). 
O ciclo se iniciará com a ingestão de alimentos ou água contaminados 
por cistos de E. histolytica. Após a ingestão e a passagem pelo estômago, 
os cistos atingem o intestino. Na porção final do intestino delgado e inicial 
do intestino grosso, ocorrerá o desencistamento, em que um cisto sofrerá 
uma ruptura e, após alguns processos, dará origem a oito trofozoítos, que 
colonizarão o intestino grosso. O processo de diferenciação na forma 
trofozoíto para o cisto ainda é pouco conhecido. Os cistos podem ser 
encontrados nas fezes formadas e pastosas, enquanto os trofozoítos são 
encontrados nas fezes líquidas e diarreicas. Ao serem eliminados, retornam 
ao ambiente, contaminando-o e fechando, assim, o ciclo (LEVINSON, 
2016; NEVES, 2016).
3Protozoários: Sarcodina (amebas) I
Figura 1. Ciclo biológico da Entamoeba histolytica. O ciclo se inicia com a ingestão de cistos 
de E. histolytica presentes em alimentos e água contaminados, o que pode provocar a 
infecção por esse parasita. (A) No intestino, o cisto passa pelo processo de desencistamento, 
transformando-se, o que gera oito trofozoítos. Após a colonização, há a multiplicação e 
liberação de cistos e trofozoítos nas fezes que retornam ao ambiente, podendo contaminar 
água e alimentos. (1) A doença intestinal conhecida como amebíase ocorre no intestino 
grosso como resultado da patogênese da E. histolytica. (2) A forma disseminada é conhecida 
como doença extraintestinal e pode afetar principalmente fígado, pulmão e cérebro. 
Fonte: Adaptada de Levinson (2016). 
A patogênese da Entamoeba histolytica está associadaà perda do equilíbrio 
hospedeiro-parasita, o que provoca a invasão dos trofozoítos pela mucosa e pelo 
epitélio intestinal do intestino grosso com secreção de enzimas (glicosilases 
e proteases), que, inicialmente, provocam uma lesão local com inflamação 
e necrose. A diarreia ocorre devido ao fato de que as enzimas secretadas 
prejudicam as zônulas de oclusão e transporte iônico do epitélio intestinal 
(LEVINSON, 2016; NEVES, 2016; MARIE; PETRI JUNIOR, 2014).
A doença extraintestinal é provocada à medida que a ameba vai se mul-
tiplicando e de acordo com o seu potencial de virulência, assim, a invasão 
pode aumentar e resultar na formação de úlceras no epitélio intestinal, como 
Protozoários: Sarcodina (amebas) I4
também provocar uma disseminação sistêmica, caracterizada pela formação 
de abcessos principalmente no fígado, no cérebro e no pulmão (LEVINSON, 
2016; NEVES, 2016; MARIE; PETRI JUNIOR, 2014).
A virulência da Entamoeba histolytica é muito variável, e acredita-se que 
ela não é necessária para sobrevivência, capacidade de reprodução do parasita 
e sua transmissão. Isso pode ser explicado porque não foram encontradas 
diferenças entre o número de parasitas presentes e o número de cistos gerados 
em indivíduos assintomáticos daqueles que são sintomáticos (MARIE; PETRI 
JUNIOR, 2014). 
Assim como a virulência, a própria patogênese também varia entre os 
indivíduos que foram infectados por Entamoeba histolytica. Acredita-se que 
um sistema imunológico debilitado, indivíduos idosos e crianças, deficiências 
nutricionais, a microbiota intestinal e presença de outras enfermidades possam 
contribuir para uma maior patogenicidade (NEVES, 2016). 
Os mecanismos que envolvem patogênese e virulência ainda não foram 
completamente desvendados, principalmente quanto à imensa variação apre-
sentada e também em relação à própria evolução da doença. 
Na Figura 2, você pode observar a Entamoeba histolytica fagocitando uma 
hemácia, processo associado à sua patogênese.
Figura 2. (1) Representação gráfica do trofozoíto de Entamoeba histolytica engolindo hemácias. 
(2) Trofozoíto com uma hemácia que foi ingerida em seu interior, coloração de tricômico: (a) 
hemácia; (b) núcleo exibindo o padrão roda de carroça (a seta indica o trofozoíto). 
Fonte: Adaptada de K.Kon/Shutterstock.com. e Centers for Disease Control and Prevention (2017).
5Protozoários: Sarcodina (amebas) I
Manifestações clínicas, diagnóstico 
e tratamento
Para a sua melhor compreensão, vamos ver separadamente as duas doenças as-
sociadas à Entamoeba histolytica: a amebíase e a doença extraintestinal, exem-
plifi cada pelo abcesso hepático amebiano, principal doença desse subgrupo.
Amebíase
Doença subclínica ou assintomática
A maioria dos indivíduos infectados pela Entamoeba hisyolytica não apresenta 
nenhuma manifestação clínica, seguindo assintomática por toda a vida. Con-
tudo, esses indivíduos podem transmitir por suas fezes os cistos do parasita. O 
diagnóstico é feito pela detecção dos cistos presentes em fezes (LEVINSON, 
2016; NEVES, 2016). 
Doença sintomática
Nos indivíduos sintomáticos, as principais manifestações clínicas da amebíase 
são observadas na fase aguda da doença alguns dias após a infecção. Destacam-
-se (SHIRLEY et al., 2018; LEVINSON, 2016; NEVES, 2016):
  disenteria intensa (mais de oito vezes ao dia), que pode vir com muco 
e sangue;
  cólicas e desconforto abdominal;
  febre e calafrios;
  náuseas e vômitos;
  desidratação;
  tenesmo — desejo constante de querer evacuar, independentemente 
da necessidade, que pode ser acompanhado por um desconforto na 
região anal. 
Você pode notar que são sintomas não específicos, comumente observados em 
outras doenças intestinais. Além disso, a intensidade dos sintomas e o progresso 
da doença variam, e pessoas com o sistema imunológico comprometido ou em 
uso de terapia corticoide, desnutridos, crianças e grávidas são a população que 
costuma apresentar um quadro mais grave (SHIRLEY et al., 2018).
Protozoários: Sarcodina (amebas) I6
A evolução com complicações associadas à alta mortalidade podem ocorrer 
em até 40% dos casos, contudo, o fator desencadeante ainda é desconhecido. Entre 
as complicações possíveis, temos sepse, perfurações intestinais, hemorragias 
e obstrução intestinal por ameboma (massa granulomatosa) (NEVES, 2016).
 Para o diagnóstico da amebíase sintomática, é utilizado o exame microscópico 
de fezes para a identificação de trofozoíto ou cistos. Os trofozoítos devem ser 
procurados quando o material coletado forem fezes líquidas/diarreicas; em fezes 
formadas/pastosas, deve-se procurar por cistos. O material pode ser avaliado a 
fresco ou concentrado e corado — utiliza-se como corante a hematoxilina férrica 
e o tricômico. O paciente que tenha a suspeita de amebíase deve realizar pelo 
menos 3 exames, em dias alternados, uma vez que a eliminação do parasita é 
irregular (LEVINSON, 2016; NEVES, 2016; KASPER; FAUCI, 2015).
Embora o exame microscópico de fezes seja o método mais comumente 
empregado para a identificação de infecção por amebas, requer profissionais 
especializados e com muita experiência. Além disso, é um método que não 
permite a diferenciação entre algumas espécies de Entamoeba, como a E. 
histolytica da E. dispar, que apresentam uma morfologia muito semelhante 
(SHIRLEY et al., 2018; NEVES, 2016) (Figura 3). 
Figura 3. Cistos e trofozoítos de Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar. (1) 
Cisto em amostra de fezes fresca concentrada — na seta, estão destacados 
os corpos cromatoides. (2) Cistos corados com tricômico. (3) Trofozoíto em 
amostra fresca corada com iodo. (4) Trofozoíto corado com tricômico.
Fonte: Adaptada de Centers for Disease Control and Prevention (2017).
7Protozoários: Sarcodina (amebas) I
A Entamoeba dispar é outra espécie de ameba pertencente ao gênero Entamoeba. 
Assim como a Entamoeba histolytica, a E. dispar também reside no intestino grosso de 
humanos, é um protozoário intracelular, essencialmente anaeróbico e de ciclo de vida 
monoxênico. Os cistos e trofozoítos da Entamoeba dispar são iguais aos da Entamoeba 
histolytica, apresentam mesmo tamanho, morfologia e número de núcleos (NEVES, 2016). 
A Entamoeba dispar produz e secreta poucas enzimas (glicosilases e proteases); assim, 
não é considerada capaz de invadir o epitélio gastrointestinal ou mesmo de disseminar 
para outros sítios anatômicos que não o próprio intestino grosso. Essa característica é 
um importante diferencial entre a E. dispar e a Entamoeba histolytica (KANTOR et al., 2018).
Apesar de não ser considera patogênica aos humanos, já foram reportados alguns 
casos em que essa ameba ocasionou uma inflamação não invasiva no intestino grosso, 
conhecida como colite não disentérica (NEVES, 2016).
Devido à semelhança entre ambas — a Entamoeba dispar é morfologicamente 
indistinguível por microscopia óptica da Entamoeba histolytica —, acreditava-se que 
essa espécie estaria presente em pessoas que eram assintomáticas para a amebíase e 
que, quando a doença estava em sua forma sintomática, o parasita responsável pela 
infecção seria outra ameba, no caso, a E. histolytica. Contudo, nos dias atuais, define-
-se como amebíase a doença ocasionada exclusivamente pela ameba E. histolytica, 
independentemente da presença de sintomas (NEVES, 2016).
O principal desafio é, sem dúvidas, o diagnóstico diferencial entre essas duas amebas. 
A OMS recomenda que, quando não são realizados testes de especiação, os resultados 
de exames devem incluir as duas espécies (por exemplo, cistos de Entamoeba histolytica/
Entamoeba dispar). 
Entre os métodos empregados para a diferenciação entre as amebas, destacam-se 
estudos moleculares, como a análise genômica (PCR), e ensaios imunoenzimáticos (ELISA) 
para a pesquisa de antígenos específicos da Entamoeba histolytica. Contudo, tais exames 
são uma realidade pouco observada e disponível, ficando restritos aos estudos científicos.
Um estudo brasileiro realizado em estudantes entre 6 a 14 anosda cidade de Divinó-
polis, no estado de Minas Gerais, alertou para a necessidade da utilização de técnicas 
de diagnóstico mais sensíveis e que não utilizem apenas a análise por microscopia 
para a procura de cistos de Entamoeba. Os pesquisadores compararam o método de 
microscopia com o ensaio ELISA para a detecção de antígenos das amebas em amostras 
de fezes. Os resultados de análise por microscopia detectaram uma prevalência de 
infecção por Entamoeba de 5,7%; por sua vez, ao usarem o ensaio ELISA, a incidência 
de prevalência foi de 15,7% (PEREIRA et al., 2014).
O tratamento da amebíase deve ser realizado em todos os indivíduos, 
independentemente de apresentarem a doença subclínica ou a sintomática. 
A diferença entre os tratamentos recomendados é que, nas manifestações 
sintomáticas, são utilizados um agente com efeito antiamebiano nos tecidos, 
como tinidazol ou metronidazol, e também um agente terapêutico capaz de 
Protozoários: Sarcodina (amebas) I8
aniquilar os cistos e que atua no lúmen intestinal — neste caso, o iodoquinol 
ou paromomicina (SHIRLEY et al., 2018; LEVINSON, 2016). 
No caso dos indivíduos assintomáticos, recomenda-se o uso de iodoquinol 
ou paromomicina para a remoção dos cistos e prevenção da invasão e da 
transmissão (SHIRLEY et al., 2018).
Doença extraintestinal — abscesso hepático amebiano
A doença extraintestinal, ou amebíase invasiva, é rara e manifesta-se após o 
processo de invasão com disseminação sistêmica da Entamoeba histolytica. 
O fígado é o principal órgão afetado, após invasão do trofozoíto pela veia 
porta, e a doença associada é conhecida como abcesso hepático amebiano 
(LEVINSON, 2016; NEVES, 2016). Os sintomas incluem:
  febre alta;
  dor abdominal no lado superior direito (hipocôndrio direito);
  aumento do fígado.
Os sintomas, uma vez estabelecidos, vão agravando-se de forma progressiva. 
Perda de peso e anorexia também podem ser observadas, e as complicações são 
ruptura do abcesso ou doença pulmonar (amebíase pleuropulmonar) devido à 
invasão do diafragma (SHIRLEY et al., 2018; NEVES, 2016). 
Essa doença acomete principalmente homens, cerca de dez vezes mais do 
que as mulheres, crianças e indivíduos com sistema imunológico comprometido 
(SHIRLEY et al., 2018). 
Uma característica singular é que, em sua maioria, as pessoas que possuem 
abcesso hepático amebiano não apresentam amebíase; assim, o exame micros-
cópico das fezes se revelará negativo para a presença de cistos e trofozoítos 
(LEVINSON, 2016).
O diagnóstico inclui, além da anamnese do paciente, exames de imagens 
(tomografia, raio x, ultrassonografia) para a identificação da presença de lesão 
única ou múltipla, localizada, na maioria das vezes, no lobo direito do fígado. 
Testes sorológicos também são empregados, como a pesquisa de anticorpos IgG 
para E. histolytica (LEVINSON, 2016; NEVES, 2016; MARQUES et al., 2014). 
O tratamento adotado é o mesmo para a amebíase, sendo mais comumente 
utilizado o metronidazol ao tinidazol. A ação é rápida, sendo observadas 
melhorias nas primeiras 72 horas após o início do tratamento. Caso não haja 
resposta à terapia, a drenagem do abscesso é recomendada, a fim de se evitar 
sua ruptura (MARQUES et al., 2014). 
9Protozoários: Sarcodina (amebas) I
Saiba mais sobre as perspectivas de futuro e estratégias que estão sendo utilizadas 
para ao desenvolvimento de vacinas contra Entamoeba histolytica. A revisão que você 
encontra no link a seguir (em inglês) contextualiza o cenário atual em relação a esse 
protozoário.
https://qrgo.page.link/9n277
Prevenção de amebíase
Assim como em outras doenças parasitárias, não temos uma vacina para 
prevenir a amebíase ou a doença extraintestinal. Assim, a prevenção envolve 
a adoção de outras medidas primárias (SHIRLEY et al., 2018). 
Se pensarmos sobre a forma de transmissão (rota fecal-oral) — infecção 
pela ingestão de água e alimentos contaminados —, uma das principais 
medidas para prevenir a infecção por Entamoeba histolytica seria condições 
mínimas de saneamento básico, a partir das quais o acesso a água potável e 
tratamento de esgoto seja garantido a todos. Porém, nos países desenvolvidos, 
onde se têm ótimas condições sanitárias e acesso a água potável, observa-se 
uma alta frequência de infecção por E. histolytica e uma disseminação não 
controlada por portadores assintomáticos. A explicação para isso envolve, 
muitas vezes, hábitos de higiene ruins, que podem ou não estar associados 
à manipulação incorreta de alimentos (SHIRLEY et al., 2018; LEVINSON, 
2016; NEVES, 2016). 
Assim, a educação sanitária e boas práticas de higiene pessoal são ótimas 
medidas preventivas, seja para a população de países em desenvolvimento quanto 
para a de países já desenvolvidos, e não deve ser restrita aos adultos, e, sim, esta-
belecida na educação infantil e reforçada ao longo dos anos para os adolescentes.
Para os profissionais que trabalham com a manipulação de alimentos, seja 
um cozinheiro ou um garçom, a maior prevenção está em seguir as recomen-
dações definidas pela vigilância sanitária e praticar ótimos hábitos de higiene.
O controle de algumas pragas domésticas, como as moscas, também evita 
uma contaminação indireta de alimentos, pois esses insetos têm o hábito de 
pousar em fezes. Contudo, essa medida é mais indicada para locais em que 
os dejetos humanos fiquem expostos (NEVES, 2016). 
Protozoários: Sarcodina (amebas) I10
Os cistos de Entamoeba são resistentes ao processo de cloração, de 
modo que, para a correta higienização de alimentos que serão consumidos 
crus, recomenda-se a sua imersão em solução com algumas gotas de iodo 
(NEVES, 2016). 
Práticas sexuais que podem levar a uma exposição demasiada a região anal, 
facilitando uma transmissão oral-fecal, devem ser evitadas (SHIRLEY et al., 2018). 
Leia, no link a seguir, um estudo brasileiro sobre a prevalência da Entamoeba histolytica/
Entamoeba dispar em crianças moradoras de uma favela em Campina Grande, Paraíba. 
O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande 
e da Universidade Federal de Pernambuco. 
https://qrgo.page.link/ww5fn
CALEGAR, D. A. et al. Frequency and molecular characterisation of Entamoeba 
histolytica,Entamoeba dispar, Entamoeba moshkovskii, and Entamoeba hartmanni 
in the context of water scarcity in northeastern Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo 
Cruz, Rio de Janeiro, v. 111, n. 2, p. 114-119, fev. 2016. Disponível em: https://memorias.ioc.
fiocruz.br/article/6091/0383_frequency-and-molecular-characterisation-of-entamoeba-
-histolytica-entamoeba-dispar-entamoeba-moshkovskii-and-entamoeba-hartmanni-
-in-the-context-of-water-scarcity-in-northeastern-brazil. Acesso em: 15 set. 2019.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Amebiasis. 2017. Disponível em: 
https://www.cdc.gov/dpdx/amebiasis/index.html. Acesso em: 15 set. 2019.
KANTOR, M. et al. Entamoeba Histolytica: Updates in Clinical Manifestation, Patho-
genesis, and Vaccine Development. Canadian Journal of Gastroenterology and Hepa-
tology, v. 2018, n. 4601420, 2018. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/
cjgh/2018/4601420/. Acesso em: 15 set. 2019.
KASPER, D. L.; FAUCI, A. S. Doenças Infecciosas de Harrison. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
LEVINSON, W. Microbiologia médica e imunologia. 13. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2016.
11Protozoários: Sarcodina (amebas) I
MARIE, C; PETRI JUNIOR, W. A. Regulation of virulence of Entamoeba histolytica. Annuals 
Review of Microbiology, Palo Alto, v. 68, p. 493-520, 2014. Disponível em: https://www.an-
nualreviews.org/doi/abs/10.1146/annurev-micro-091313-103550. Acesso em: 15 set. 2019.
MARQUES, F. C. et al. Abcesso hepático amebiano em idade pediátrica: um caminho do 
intestino ao fígado. Portuguese Journal of Gastroenterology, Almada, v. 21, n. 5, p. 208-211, 
set./out. 2014. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S08
72817814000721?via%3Dihub#bibl0005. Acesso em: 15 set. 2019.
NEVES, D. P. Parasitologia Humana.13. ed. São Paulo: Atheneu, 2016.
PEREIRA, V. V. et al. Laboratory diagnosis of amebiasis in a sample of students from sou-
theastern Brazil and a comparison of microscopy with enzyme-linked immunosorbent 
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Medicina Tropical, Uberaba, v. 47, n. 1, Jan./Feb. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822014000100052. Acesso em: 15 set. 2019.
QUACH, J.; ST-PIERRE, J.; CHADEE, K. The future for vaccine development against En-
tamoeba histolytica. Human Vaccines & Immunotherapeutics, London, v. 10, n. 6, 2014. 
Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.4161/hv.27796. Acesso em: 
15 set. 2019.
SHIRLEY, D. T. et al. A Review of the Global Burden, New Diagnostics, and Current Thera-
peutics for Amebiasis. Open forum infectious diseases, v. 5, n. 7, Jul. 2018. Disponível em: 
https://academic.oup.com/ofid/article/5/7/ofy161/5049601. Acesso em: 15 set. 2019.
SILVA, M. T. N. Prevalence of Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar in the city of 
Campina Grande, in northeastern Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de 
São Paulo, São Paulo, v. 45, n. 5, Sept./Oct. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0036-46652014000500451. Acesso em: 15 set. 2019.
Leituras recomendadas
ANVISA. Cartilha sobre boas práticas para serviços de alimentação: Resolução-RDC nº. 
216/2004. 3. ed. Brasília: ANVISA, 2016. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/docu-
ments/33916/389979/Cartilha+Boas+Pr%C3%A1ticas+para+Servi%C3%A7os+de+Alime
nta%C3%A7%C3%A3o/d8671f20-2dfc-4071-b516-d59598701af0. Acesso em: 15 set. 2019.
NEVES, D. P.; BITTERNCOURT NETO, J. B. B Atlas didático de Parasitologia. 3. ed. São 
Paulo: Atheneu, 2019. 
TAVARES, W.; MARINHO, L. A. C. Rotinas de diagnóstico e tratamento das doenças infecciosas 
e parasitárias. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guidelines for drinking-water quality: fourth edition 
incorporating the first addendum. 4. ed. Geneva: World Health Organization, 2017. 
Disponível em: https://www.who.int/water_sanitation_health/publications/drinking-
-water-quality-guidelines-4-including-1st-addendum/en/. Acesso em: 15 set. 2019.
Protozoários: Sarcodina (amebas) I12
DICA DO PROFESSOR
Nessa unidade de aprendizagem, falaremos sobre a Entamoeba histolytica, um protozoário do 
grupo Sarcodina (amebas).
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EXERCÍCIOS
1) Com relação aos aspectos clínicos envolvidos na infecção por E. histolytica: 
A) A amebíase intestinal aguda ocorre na forma de vômitos e sonolência.
B) A amebíase crônica ocorre na forma de sintomas graves.
C) Um ameboma pode se formar no fígado.
D) Cerca de 50% das pessoas infectadas apresentam infecções assintomáticas.
E) Um abscesso amebiano do fígado é caracterizado por uma dor no quadrante superior 
direito, perda de peso, febre e aumento do fígado.
2) Dentre as medidas de prevenção para a infecção por Entamoeba histolytica, indique a 
incorreta: 
A) Tratamento da água.
B) Lavar as mãos com água e sabão.
C) Usar fezes humanas para a fertilização de plantações.
D) Cozinhar os vegetais, principalmente em áreas endêmicas.
E) Evitar o contato anal-oral.
3) Sua paciente é uma mulher de 30 anos de idade, voluntária do Corpo da Paz, que 
retornou recentemente da América Central. Ela agora apresenta febre e dores no 
quadrante superior direito. Ela disse que teve diarreia sanguinolenta há dois meses. 
A tomografia computadorizada revelou uma área radiolúcida no fígado, que foi 
interpretada como um abscesso. A aspiração do material do abscesso foi realizada. 
Um exame microscópico revelou trofozoítos não flagelados móveis com movimento 
ameboide. Qual das seguintes opções é a provável causa dessa infecção: 
A) Entamoeba coli
B) Entamoeba histolytica
C) Giardia lamblia
D) Trichomonas vaginalis
E) Entamoeba hartmanni
4) Em relação a Entamoeba histolytica, qual das seguintes opções é a mais correta: 
A) E. histolytica causa úlceras em formato de balão na mucosa do colo.
B) Animais domésticos, como cães e gatos, são os principais reservatórios de E. histolytica.
C) Ao microscópio, E. histolytica é reconhecida por possuir dois pares de flagelos.
D) As infecções por E. histolytica são limitadas na mucosa intestinal e não se disseminam 
pelos órgãos.
E) A infecção é geralmente adquirida pela ingestão do trofozoíto em alimentos e água 
contaminados.
5) Quanto ao diagnóstico laboratorial da amebíase, é incorreto afirmar: 
A) Presença de trofozoítos em fezes diarreicas.
B) E. histolytica pode ser diferenciada de outras amebas por meio da natureza do núcleo do 
trofozoíto e pelo tamanho do cisto e a quantidade de núcleos presentes nele.
C) Dois exames são altamente específicos para E. histolytica presente nas fezes: um detecta o 
antígeno de E. histolytica e o outro detecta o ácido nucleico do organismo em um ensaio 
de PCR.
D) O teste de hemaglutinação direta é geralmente positivo em pacientes com doença invasiva.
E) O núcleo do trofozoíto de E. histolytica é semelhante ao de outras amebas.
NA PRÁTICA
A Entamoeba histolytica deve ser diferenciada de outras amebas intestinais, incluindo a 
Entamoeba coli, a E. hartmanni, a E. polecki, Endolimax nana e Iodamoeba buetschlii, que são 
geralmente consideradas não patogênicas e residem no intestino do hospedeiro humano.
CDC - Intestinal Amebae 
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A diferenciação é possível, mas nem sempre é fácil, e deve ser feita com base nas características 
morfológicas dos cistos e trofozoítos.
A Entamoeba dispar, ameba não patogênica, é morfologicamente idêntica à E. histolytica. A sua 
diferenciação deve ser baseada na análise isoenzimática ou imunológica. Métodos moleculares 
também são úteis para diferenciar a E. histolytica da E. dispar.
A identificação microscópica de cistos e trofozoítos nas fezes é o método comum para o 
diagnóstico de E. histolytica. Isto pode ser realizado por:
Além disso, os trofozoítos de E. histolytica podem também ser identificados em amostras de 
biópsia ou de aspirados obtidos durante uma colonoscopia ou uma cirurgia.
CDC - Amebiasis 
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Microbiologia Médica e Imunologia [Série Lange]
Microbiologia Médica de Jawetz, Melnick & Adelberg.
26a Ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. Cap. 46.
Amebiasis.
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Parasites - Amebiasis (also known as Entamoeba histolytica infection).
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