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TCC - O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL

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19
Serviço Social
Ademilde de paiva ramos
O papel do assistente social na saúde mental
Barueri
2022
ADEMILDE DE PAIVA RAMOS
O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAl
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de ....... em Nome do Curso.
Orientador: Prof. Valquíria Ap. Dias Caprioli
Barueri
2022
Dedico este projeto a Deus, pela força e dedicação para concluir este não só este trabalho, mas essa fase da minha vida.
agradecimentos
Antes de mais nada, agradeço a Deus por manter-me em pé ao longo desses anos, aos meus filhos pelo apoio e incentivo.
 Agradeço ao meu amado marido e a ele, dedico cada palavra, afinal, nada disso seria possível sem o seu companheirismo, o meu amor e eternas saudades a você, meu querido. 
Sem me esquecer daqueles que me instruíram, meu enorme reconhecimento aos meus professores, pelas orientações que moldaram a profissional que serei, os meus sinceros agradecimentos ao empenho de vocês.
Amar ao próximo é servi-lo independente de sua condição social, raça, cor ou crença. 
Talita Pastor
RAMOS, Ademilde Paiva de. O papel do assistente social na saúde mental. 2022. 20. Trabalho de Conclusão de Curso Serviço Social – UNOPAR, Barueri, 2022.
RESUMO
Na dissertação que se seguirá o objetivo é esclarecer quais as funções do assistente social junto as redes públicas de saúde, tendo como foco, a saúde mental. Trataremos então das competências profissionais na instituição e qual a visão profissional das demandas postas ao assistente social e como estes se articulam com a rede de atendimento e dificuldades ao atenderem esses indivíduos. De certo, ao estudarmos tal assunto evidenciou-se que a reforma psiquiátrica possibilitou a abertura de um leque abrangente sobre a atuação do Serviço Social em tais demandas, afinal, o profissional que se dispõe a tratar desta área promove a reinserção social aos indivíduos portadores de transtorno mental, operando por meio de visitas e acesso a condições justas os tirando da margem social que estão e devolvendo os direitos que possuem e são guardados por lei.
Palavras-chave: Serviço Social. Saúde Mental. Psiquiátrico. Competências. 
RAMOS, Ademilde Paiva de. The role of the social worker in mental health. 2022. 20. Trabalho de Conclusão de Curso Serviço Social – UNOPAR, Barueri, 2022.
ABSTRACT
In the dissertation that will follow, the objective is to clarify the functions of the social worker with public health networks, focusing on mental health. We will then deal with the professional competences in the institution and what is the professional vision of the demands placed on the social worker and how they are articulated with the service network and difficulties in assisting these individuals. Certainly, when we studied this subject, it became evident that the psychiatric reform made it possible to open a wide range of Social Work performance in such demands, after all, the professional who is willing to deal with this area promotes the social reintegration of individuals with disabilities. mental disorder, operating through visits and access to fair conditions, taking them out of the social margin they are and giving them back the rights they have and are guarded by law.
Key-words: Social service. Mental health. Psychiatric. Skills.
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	13
2	DESENVOLVIMENTO	14
2.1	Saúde Mental e Doença mental	14
2.2	Racismo e saúde mental	15
2.3	O Serviço Social na Saúde Mental	18
2.4	A atuação do Assistente Social na Política de Saúde Mental	19
2.5	Saúde Mental e Inclusão social: a rede se amplia	22
2.6	O SERVIÇO SOCIAL NO SETOR PSIQUIÁTRICO BRASILEIRO	26
3	CONCLUSÃO	27
REFERÊNCIAS	28
INTRODUÇÃO
O artigo que se desenrolará, tratara sobre o trabalho do Assistente Social dentro da Saúde Mental. Diferente de outros profissionais que atuam juntamente com trabalhadores da área da saúde, o Assistente Social é considerado um profissional desta área, em conformidade com a Resolução nº389/99 do CFESS. Um dos fatores que relacionaram ambos os departamentos são os estudos que correlacionam as áreas, que transformam o campo interdisciplinar tornando quase imperceptível onde começa o trabalho de uma parte e começa o da outra. 
De acordo com o IBGE (2019), cerca de 6% da população possui alguma doença mental, e esta demanda é suprida pelo SUS, através da RAPS, que oferece diversos serviços extra-hospitalares. 
Segundo o Ministério da Saúde (2004) o principal objetivo dos serviços mencionados acima e o CAPS, que é um lugar de referência no acolhimento a pessoas com transtornos mentais, psicoses e neuroses graves é 	“a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia”. 
Sendo assim, visando a interação desse individuo a sociedade mediante aos transtornos que dificultam e os colocam a margem da sociedade, entendemos o porquê o assistente social é tão demandado nos CAPS, mas ainda assim, o que torna esse profissional tão essencial? Para que ele contribui no campo da saúde mental? 
DESENVOLVIMENTO
Saúde Mental e Doença mental
De acordo com Alves (2001), o significado de saúde e da doença, assim como outros, fora designado conforme a sociedade e suas interações. 
O relatório Mundial da OMS (2001) define que a saúde “"não é simplesmente a ausência de doença ou enfermidade, mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social", sendo assim é de suma importância que compreendamos que a relação entra saúde física, social e mental, pois ambos estão interligados e indispensáveis para o equilíbrio da sociedade como um todo, assim como o individual, é claro. A OMS acredita na relevância da Saúde Mental para o bem-estar subjetivo, pois ela permite que o individuo conviva em sociedade e construa relações interpessoais, aumentando suas habilidades sociais, o que refletirá diretamente na autonomia emocional e intelectual do indivíduo, cooperando assim de uma forma social. (OMS, 2001)
Ainda confirmando este pensamento a Comissão das Comunidades Europeias (2005), a Saúde Mental permite que um cidadão tenha capacidade de aprimorar seu intelecto e com isso, tenha uma saúde emocional equilibrada, benefícios estes, que contribuem para interação em espaços sociais diversos. A CCE, ainda explica que o estado mental de um indivíduo se determina por vários fatores, sendo eles internos, e nestes cabem os genéticos e de género e os externos, que cabem os sociais, económicos e ambientais.
Compreende-se então que o significado de saúde mental vai para além da ausência da doença, perturbação mental e as mudanças comportamentais causadas por ambos, mas que a saúde mental resultará no desenvolvimento e sua plena capacidade de inserir-se na sociedade e estar apto para isso. (SIQUEIRA, 2006)
De maneira ampla, definiremos então, conforme Canadian Federation os Mental Health Nurses (2009), que a saúde mental configura as seguintes capacidades: sentir, pensar e agir. 
Racismo e saúde mental
Há registros de que o primeiro Hospital Psiquiátrico do Brasil, foi fundado em 1841, no estado do Rio de Janeiro, recebendo o nome de Hospício Pedro II. O modelo criado em 1841 prolongou-se por mais de um século, sempre com o pensamento d que a loucura é uma doença causada por precedentes orgânicos e deveriam ser tratados com hospitalização e tratamento medicamentoso, processo esse que intervinha no direito de ir e vir do cidadão tratado e tirava dele, direitos básicos, atribuindo o sentido de algo inanimado a algo animado. o (YASUI; COSTA-ROSA, 2008)
Como tudo em nossa sociedade há aqui também a influência do racismo científico que influenciou diretamente na prática e análises profissionais no quesito da saúde mental, tornando a psiquiatria por longas décadas como um poder colonial e utilizava os hospícios para controlar a população,perpetuando o colonialismo (PASSOS, 2019).
Creio que após os fatos relatados, não é surpresa alguma relatar que os alvos dos hospitais e manicômios nunca foram apenas pessoas com transtornos mentais, mas reunia todo aquele que era considerado pela sociedade como “indesejado” ou “incapaz”. Então por muito tempo, visto a situação em que estávamos, as pessoas indesejadas dentro de uma sociedade racista, seriam as pessoas não-brancas. Pouco nos surpreendera que dentre epiléticos, prostitutas, pessoas em situação de abandono e até aqueles que realmente tinham algum transtorno mental, a maior parte das pessoas que eram hospitalizadas eram negras ou indígenas fazemos das palavras de Passos (2019), as nossas, quando ele afirma que “os hospitais psiquiátricos no Brasil são um grande reflexo dos navios negreiros, lugar esse que muitos morreram no anonimato, sem dignidade e impedidos de manifestarem sua existência”
O compromisso estabelecido pela luta antimanicomial impõe uma aliança com o movimento popular e a classe trabalhadora organizada. O manicômio é expressão de uma estrutura, presente nos diversos mecanismos de opressão desse tipo de sociedade. A opressão nas fábricas, nas instituições de adolescentes, nos cárceres, a discriminação contra negros, homossexuais, índios, mulheres. Lutar pelos direitos de cidadania dos doentes mentais significa incorporar-se à luta de todos os trabalhadores por seus direitos mínimos à saúde, justiça e melhores condições de vida. (CARTA DE BAURU, 1987).
Ocorreu então, uma necessária Reforma Psiquiátrica em nosso país, uma vez que o modelo disposto não atendia mais o parâmetro de sociedade que criamos, e propôs-se então um modelo que fosse capaz de acompanhar o modelo que tomava a sociedade, compreendendo seus novos parâmetros culturais, políticos e biopsicossociais, para determinar então o que de fato era o sofrimento psíquico, buscando romper a forma de controle do cidadão por meio de suas diferenças e reconstruir a visão que nossa sociedade tinha do que deveria ser um auxilio e não um exilio. 
Melhorar a qualidade no atendimento de Saúde, conhecendo melhor quem necessita de atendimento e, mais ainda, respeitando a cultura e os costumes de cada pessoa ou grupo social; monitorar, elaborar e implementar políticas públicas afirmativas e universalistas voltadas à população negra, povos e comunidades tradicionais e indígenas; evitar as iniquidades no acesso e permanência nos serviços de saúde por consequência do racismo institucional; reduzir os impactos de determinadas doenças e agravos; tornar os sistemas nacionais e locais de informação da saúde aptos a consolidar indicadores que traduzem os efeitos dos fenômenos sociais e das desigualdades sobre os diferentes segmentos populacionais (BRASIL, 2018, p. 15).
A reforma sugerida configurou-se então como um marco importante da visão e reestruturação do que era e é a saúde mental em nosso país, pois visou não somente a questão social, mas tinha como objetivo reafirmar os direitos e deveres conquistados pela população, além disso, promoveu a desinstitucionalização e promover o protagonismo dos usuários e garantir o fortalecimento de vínculo familiar, social e comunitário. 
Portanto, entende-se que o bem-estar mental é um indicador de nem estar social do indivíduo. Algumas das expressões Sociais que podem influenciar diretamente o cidadão podem variar entre violência, desemprego, baixa escolaridade, vulnerabilidade social ou falta de moradia. O Assistente Social atua como um divisor de águas e por isso funciona como intervenção, atuando sobre diversas essas expressões analisando a essência do problema. (PEREIRA; GUIMARÃES, 2015)
 Com a mudança desses pensamentos e os movimentos de reforma, criou-se a Lei nº 10.216 de 06 de abril de 2001, conhecida como a Lei da Reforma Psiquiátrica, lei está que 	“redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais [...].” E em seus artigos, menciona: 
“Art. 3º É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.
Art. 4º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.
§3º É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 
2º e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2º.”
O Serviço Social na Saúde Mental
IFSW, IASSW, 2014, cit. in APSS (2018) compreendem o Serviço Social como uma profissão e disciplina de intervenção social, que tem caráter sociopolítico e crítico e possui o dever de combater as desigualdades e injustiças sociais, para que o indivíduo tenha concisões que o cidadão tenha sua cidadania exercida. Para eles a intervenção realizada por Assistentes Sociais baseia-se no combate à exclusão de grupos específicos que estão em situação de vulnerabilidade social para que haja a inclusão social mantendo a estabilidade social. 
Guerra (2001), o assistencialismo do Serviço Social emergiu com base no crescimento das necessidades sociais que surgiram com a expansão da sociedade. No início as funcionas acometidas aos assistentes sociais eram executadas por voluntários, primordialmente por mulheres da burguesia, mas com o avanço viu-se então a necessidade de transformar isso numa profissão, visto que os problemas sociais e as demandas para atendê-lo cresceram. Com a novidade da demanda era necessário que houvesse uma área para estudar e entender as necessidades que estavam surgindo e por isso, criou-se o Serviço Social, com o intuito de entender cientificamente essas demandas e criar um plano e estruturas que fossem capazes de ajudar a população. 
As relações entre Psiquiatria e Serviço social foram intensificando-se com o tempo e mudaram após o conflito gerado pela Primeira Guerra, pois via-se a necessidade de cuidar dos soldados que decorrente ao conflito, precisavam de atendimento, o que mudou os tratamentos para tais transtornos, envolvendo também estudos realizados por assistentes sociais para entender os casos econômicos e sociais que envolviam estes soldados e seus familiares. (Lima, 2004)
Com o passar dos séculos e a evolução social, o Movimento de Higiene Mental se expandiu, muito embora tenha surgido na França, houve uma influência geral e a partir dele, os psiquiatras começaram a considerar as influências externar do meio ambiente sobre o doente, acreditando que focar apenas na doença não traria resultados equivalentes como quando focados no todo. Quando o ponto de vista mudou e foram atribuídas as noções gerais que tornam cada um de nos parte da sociedade, o que inclui nosso pessoal, foram realizados estudos e começaram as solicitações para incluir assistência social aos tratamentos mentais, para que fosse possível esquadrinhar os doentes mentais no campo econômico, social, físico, mental, hereditários, familiar e social, o que permitiu criar um mapa e compor uma história deste individuo, dando origem ao Serviço social psiquiátrico, por volta de 1905. (Lima, 2004)
A atuação do Assistente Social na Política de Saúde Mental
Citamos algumas das funções que a lei encabe a atuação dos assistentes sociais e dentre elas, destaca-se a intersetorialidade,a fim de que a assistência social e a saúde caminhem juntos em respeito a “integração e articulação da rede socioassistencial com as demais políticas e órgãos setoriais” (Brasil, 2004).
“A importância do Serviço Social na Saúde Mental cresceu, ainda mais, com a inclusão dos usuários e familiares nas políticas, ações de cidadania e ações de direitos do sujeito e na questão social que vivencia o usuário e sua família. Hoje essa realidade mudou para melhor atender o sujeito com transtorno mental enquanto sujeito portador de direitos.” (SCHEFFER; SILVA, 2014, p. 374)
A colaboração dos assistentes social no campo da saúde mental está vinculada ao seu Código de Ética, regulamentado em 1993 por lei, sendo assim este profissional contribui com a cidadania por meio de um olhar crítico que auxilia o usuário com problemas mentais e seus familiares. (Guimarães, 2013)
A profissão, no entanto, mesmo com o advento das propostas neoliberais, insere-se no processo das relações sociais tendo em vista a construção de uma prática emancipadora, em que o assistente social desenvolva uma crítica à sociedade burguesa e à loucura na sua correlação com o capitalismo. Nesse contexto, o profissional não deve buscar apenas técnicas para atuar na saúde mental, mas deve, também, desenvolver metodologias adequadas a essa realidade e, ainda, deve avançar na análise crítica da sociedade nas suas refrações com a loucura, para daí conceber as mediações necessárias à intervenção nesse campo (GUIMARÃES apud, 2013, p. 6).
Como em outras profissões é nítido que com a alta demanda o assistente social enfrente desafios, porém no quesito saúde mental, esse profissional está equipado utiliza instrumentos técnico-operativos para informar-se e estar dentro das necessidades da população e deste indivíduo, o que possui um grau de importância teórico-metodológica. Estar sempre atualizado e estudando mantém este profissional apto para auxiliar no tratamento dos usuários em seu plano terapêutico singular, oferecendo orientação e apoio, compreendendo a realidade social do usuário. Mas é equivocado pensar que por serem os profissionais que mais estão aptos para a intersetorialidade que estejam isentos de seus desafios, e um de seus principais é a aplicação de políticas sociais públicas, visando estratégias para que esses usuários tenham acesso a redes institucionais que precisem. 
A relação de trabalho dos assistentes sociais no campo da saúde se dá através da intersetorialidade e encaminhamentos, visando a melhoria e qualidade dos serviços oferecidos e o esclarecimento de processos sociais em sua totalidade. Bravo (2001) conclui que os desafios desses profissionais estão dispostos -nas seguintes diretrizes: “da intersetorialidade; da interdisciplinaridade de atuação em equipe; de cooperação de ensino e atenção entre os profissionais que atuam no campo da Saúde Mental, trocando informações e saberes;”.
O Serviço social, deve unir todos seus parâmetros para atuação, tais como teórico-metodológica, ético-política e até teórico-operativa, para que seu desempenho em ajudar no quesito mental seja irrepreensível.
É necessário refletir sobre quais fundamentos a estratégia da intersetorialidade tem sido traçada, pois na medida em que não há participação dos técnicos, gestores e usuários de maneira equânime para propor, implementar e fiscalizar pactuações entre políticas, objetivando os direitos sociais, os frutos da estratégia intersetorial tenderão a ser: contradições, brevidade, propostas incompletas, divergentes e sem o apoio necessário dos profissionais, da sociedade e do Estado (FRANÇA; CAVALCANTI, 2013, p. 02).
Destacamos o pensamento de Robaina (2010), em que determina que para tratar de um paciente com transtornos mentais é necessário que haja princípios e estratégias da parte do assistente social e da equipe envolvida neste tratamento, para que não somente este paciente seja tratado, mas sua família também, pois ela detém um papel social importante que contribui para futuros hábitos, como abuso do álcool e outras drogas e ensina-los a buscar ajuda e apoio ao tratamento de quem estiver com problemas de uso de entorpecentes, tornando-se apoio que o usuário necessita. O segundo modo é a territorialidade, o Serviço Social tem a como apoio o teórico-operativo, estudado para identificar o perfil do paciente e articular em aspectos como “as tradições culturais locais, lideranças comunitárias, equipamentos comunitários, relações de vizinhança, intervenções no imaginário social sobre a loucura, entre outros” (ROBAINA, 2010, p.345).
MIOTO; LIMA (2009) explicam a atuação do assistente social como tecico-operativa, e divide a totalidade em três dimensões: teórico metodológica, ético-política e técnico-operativa, são essas dimensões que contribuem com a eficiência da ação desses profissionais de modo geral, mas primordialmente na área da Saúde Mental tendo como ponto de partida as condições que este individuo vivera. (OLIVEIRA, 2008, p.9)
Para que o assistente social opere e compreenda o ambiente que o paciente vive é necessário investigar a natureza da realidade apresentada, utilizando estratégias como: entrevista, visita domiciliar, observação, escuta sensível, olhar crítico sensível, para que realize o estudo e dê o diagnostico social desse indivíduo. Todos as estratégias mencionadas acima, são de suma importância para atuação de um assistente social, porém, Fraga (2010) nos lembra que para que haja melhor desenvoltura de qualquer profissional, é necessário que este profissional estude e entenda seu campo e torne o conjunto o trabalho para melhora do usuário, contando com seus familiares. 
[...] junto com familiares contemplando o contexto sócio econômico, sócio familiar, cultural, demográfico enfim dados que darão relevância ao trabalho do Assistente Social no processo de conhecimento dá realidade dos sujeitos envolvidos, observações, estudos sociais, parecer social, reuniões de equipe matricial que viabiliza a compreensão do trabalho psicossocial aos trabalhadores da rede de saúde municipal, dentre outras técnicas e instrumentos [...]. (SCHULTZ et al, 2010, p. 3)
O objetivo em ter um assistente social em ambulatórios de Saúde mental e nos CAPS é contribuir para que o atendimento aos usuários seja de qualidade e durante o processo de tratamento tanto o usuário quanto sua família sejam bem atendidos, tanto no sentido terapêutico, na desintoxicação deste. Além disso, a perspectiva deste atendimento e acolhimento é garantir que o direito desse cidadão seja guardado e suas necessidade socioassistenciais sejam supridas através de orientações para que futuramente ele consiga articular. 
O assistente social então, por sua vez, na área as Saúde Mental, possui o papel de educação social, em que o indivíduo será acompanhado a instruído enquanto é reinserido na sociedade.
“Levando em conta esta problematização e a peculiaridade do trabalho do assistente social na saúde mental, acreditamos que a articulação e atuação como referência em rede intersetorial deve ser exercida pelo profissional de Serviço Social, ou seja, devemos reivindicar a criação destas redes e nos apropriarmos deste espaço como forma de viabilizar direitos sociais em uma perspectiva integral, potencialmente capaz de fortalecer a autonomia do doente mental e, desta forma, colaborar para o processo de desinstitucionalização do usuário. Através das redes intersetoriais é possível intervir sobre as múltiplas expressões da questão social [...]. Assim, acreditamos que não deva ser o psicólogo ou o terapeuta ocupacional a referência na rede, mas sim o assistente social, pois a inserção neste espaço possibilita a materialização do trabalho profissional, fortalecendo a dimensão social da reforma psiquiátrica e ampliando a possibilidade de reabilitação psicossocial do doente mental.” (ROCHA, 2012, p. 57,58)
Saúde Mental e Inclusão social: a rede se amplia
De forma clara e objetiva, os usuários são encaminhados pelo SUS, em comum é claro, aqueles que estão a margem da sociedade. Sendo assim, a ideia éque esses indivíduos sejam reintegrados a sociedade. Muito embora os diversos serviços da rede de atenção ao indivíduo com transtornos mentais estimulem a criação de cooperativas e associações para que haja oficinas que tenham possibilidade de renda, ainda são frágeis, visto que não há um apoio financeiro. 
Sendo assim, a Economia Solidária luta para que não ocorra a exclusão social e econômica desses indivíduos no mercado de trabalho, pois este é um agravante nos transtornos que tem como causa o externo. 
Esses sistemas econômicos fazem parte do dia a dia das pessoas, das nações, do mundo inteiro. Para ficar mais claro, se o sistema econômico funciona acumulando os recursos (bens, riquezas) para satisfazer, sobretudo, as necessidades de quem já os possuem, ele gera a desigualdade entre as pessoas, entre os territórios, entre as regiões e os países. A busca por acúmulo de riquezas gera a morte, inclusive nas guerras que sempre são geradas por interesses econômicos, a morte causada pela fome, pelas doenças, pela falta de conhecimentos. (CFE, 2010)
A Economia Solidária, segundo o CFE (2010) “é um jeito de fazer a atividade econômica de produção, oferta de serviços, comercialização, finanças ou consumo baseado na democracia e na cooperação” e conclui ainda que “na Economia Solidária não existe patrão nem empregados, pois todos/as os/as integrantes do empreendimento (associação, cooperativa ou grupo) são ao mesmo tempo trabalhadores e donos.”
Nesta economia valoriza-se a mão de obra local e que não afetem o meio ambiente, que não sejam transgênicos e nem beneficiem grandes empresas. Esse movimento luta pela mudança na sociedade, de forma que afete eo desenvolvimento e que não se baseiem nas grandes empresas e seus latifúndios, mas sim com o desenvolvimento das pessoas e a construção da população a partir da solidariedade e democracia, cooperando assim com a prevenção ambiental e os direitos humanos. 
A Economia solidária possui características, CFE (2010): 
“A cooperação: como a existência de interesses e objetivos comuns, a união dos esforços e capacidades, a propriedade coletiva de bens, a partilha dos resultados e a responsabilidade solidária sobre os possíveis ônus. Envolve diversos tipos de organização coletiva que podem agregar um conjunto grande de atividades individuais e familiares;
 a autogestão é a orientação para um conjunto de práticas democráticas participativas nas decisões estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, sobretudo no que se refere à escolha de dirigentes e de coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses, nas definições dos processos de trabalho, nas decisões sobre a aplicação e distribuição dos resultados e excedentes, além da propriedade coletiva da totalidade ou de parte dos bens e meios de produção do empreendimento; a solidariedade é expressa em diferentes dimensões, desde a congregação de esforços mútuos dos participantes para alcance de objetivos comuns;
nos valores que expressam a justa distribuição dos resultados alcançados; nas oportunidades que levam ao desenvolvimento de capacidades e da melhoria das condições de vida dos participantes; nas relações que se estabelecem com o meio ambiente, expressando o compromisso com um meio ambiente saudável; nas relações que se estabelecem com a comunidade local; 
na participação ativa nos 15 processos de desenvolvimento sustentável de base territorial, regional e nacional; nas relações com os outros movimentos sociais e populares de caráter emancipatório; na preocupação com o bem-estar dos trabalhadores e consumidores; 
e no respeito aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras; e a ação econômica é uma das bases de motivação da agregação de esforços e recursos pessoais e de outras organizações para produção, beneficiamento, crédito, comercialização e consumo, o que envolve elementos de viabilidade econômica, permeados por critérios de eficácia e efetividade, ao lado dos aspectos culturais, ambientais e sociais.”
Esse plano de ação não é algo recente, mas algo criado pela sociedade para auxiliar a reinserção dos indivíduos a margem da sociedade, no entanto, a criação deste grupo foi no ano de 2005, por intermédio no Ministério da Saúde e do Trabalho e gestores do SUS. 
Machado e Pereira (2013) estudaram a percepção da doença mental realizada por profissionais da saúde e neste, relatam justamente o sentimento do paciente de solidão e inutilidade, o que intensifica a falta de vontade de viver e a constante melancolia que carregam por considerar-se um fardo para família e pessoas que estão em sua vida, o que acarreta a exclusão por conta própria.
De acordo com Sheppard (2006, p.10) a “exclusão social significa grupos socialmente excluídos. Portanto, são aqueles que estão em situação de pobreza, desemprego e carências múltiplas associadas e que são privados de seus direitos como cidadãos, ou cujos laços sociais estão danificados ou quebrados.”
A exclusão social em si, está interligada a diversos fatores, a inclusão não é uma intervenção ou um tratamento, mas é uma resposta a uma série de coisas, como valores, princípios, orientações políticas, cultura, atividades e práticas feitas pelo indivíduo e a sociedade em que está incluso. Promovendo assim, direitos, acesso e participação ativa na sociedade. Para o paciente com transtornos, isso vai além do tratamento em si. (SALLES E BARROS, 2013)
A inclusão social, por sua vez, de acordo com Laclau, (2006, p. 28):
“É uma questão de abertura e de gestão: abertura, entendida como sensibilidade para identificar e recolher as manifestações de insatisfação e dissensos sociais, para reconhecer a “diversidade” social e cultural; gestão, entendida como crença no caráter quantificável, operacionalizável, de tais demandas e questionamentos, administráveis por meio de técnicas gerenciais e da alocação de recursos em projetos e programas (as políticas públicas).”
Sheppard (2006, p. 22) enfatiza que “A inclusão social está relacionada com a procura de estabilidade social através da cidadania social, ou seja, todos os cidadãos têm os mesmos direitos na sociedade. A cidadania social preocupase com a implementação do bemestar das pessoas como cidadãos.”
Para que combatamos a exclusão social é necessário que haja programas e aplicações políticas públicas com maior, apoio de assistencialistas que tem como foco manter um nível de sustentação para esses cidadãos. Após determinar os fatores que levaram a exclusão, o papel do assistente social é buscar medidas de minimização desta, através de abordagens já discutidas aqui anteriormente, por isso é importante que haja vontade de ambos os lados, do paciente e de seu assistente social. 
O SERVIÇO SOCIAL NO SETOR PSIQUIÁTRICO BRASILEIRO
Desde 1930 a sociedade brasileira cresce e evolui no âmbito social, e com a criação da profissão de Serviço Social, surge a adequação dela a cada parâmetro que muda na sociedade, desta forma, uma vez que o assistente social é considerado um profissional da área da saúde, ele está diretamente ligado a Saúde Mental. 
Diante disso, é importante lembrarmos que o nascimento da Psiquiatria no século XVIII, o modelo utilizado para tratar os pacientes com transtornos mentais era biomédico no qual o protagonista era o médico e os medicamentos, muitas vezes chegando até ao isolamento do paciente. 
[...] devido ao protagonismo por ele exercido no contexto das novas configurações trazidas pela doença mental, entretanto, coloca-se a necessidade da intervenção de alguns profissionais, mesmo que seja apenas no auxílio médico, pelo reconhecimento da loucura enquanto doença (BARBOSA, 2006, p.51).
E com a necessidade de intervenção, o Serviço Social insere-se no setor psiquiátrico em 1940, para auxiliar no atendimento e readaptação dos pacientes “como uma profissão paramédica, ou seja, subsidiária da ação médica” (VASCONCELOS 2013, p.146) para que o atendimento fosse de forma ampla e auxiliasse em conjunto ao saber médico psiquiátrico em questões em que não tinha conhecimento, pois ao perceber que a questão mental envolvia outrosfatores, como políticos, sociais, culturais e econômicos, viu-se a necessidade de apoio. 
De acordo com Machado (2007) a inserção do Serviço Social na área da Saúde teve duas principais frentes de trabalho: os Centros de Orientação Infantil e Juvenil e os Hospitais Psiquiátricos. E esse trabalho conjunto foi importante para experiencia dos assistentes sociais nessa nova área, além de contribuir para elaboração de teorias e prática, enfatizando a abordagem baseada em auxiliar os pacientes e seus familiares objetivando a reforma moral e adaptação social. (Machado, 2007)
[...] era situado na porta de entrada e saída, atendendo prioritariamente as suas demandas por levantamentos de dados sociais e familiares dos pacientes e/ou contatos familiares para preparação de alta, confecção de atestados sociais e realização de encaminhamentos, em um tipo semelhante ao aftercare psiquiátrico, porém mais burocrático e massificado. Nesse sentido, a intervenção profissional se constituiu como subalterna, burocrática, superficial e, em alguns casos, assistencialista. (MACHADO, 2007, p.36) 
Nesse caso, Rocha (2012) pontua que a atuação profissional, baseia-se em ações marcadas pela psicologização das relações sociais, tendo sempre como foco a intervenção do sujeito.
Em outros términos, o trabalho do assistente social em espaços sócios ocupacionais, eram marcados pela presença do viés adaptativo, individualizador e normativo do higienismo, a fim de buscar “a estratégia de hiperpsicoligização e individualização normatizadora e moralizadora da força de trabalho e da população em geral, como estratégia do estado, das elites empresariais, da Igreja Católica e da corporação médica” (VASCONCELOS, 2000, p.185 apud SILVA e SILVA, 2007, p.4). Rocha ainda conclui na mesma direção que: 
Levando em conta as contribuições teóricas sobre a psicologização das relações sociais e a supervalorização da subjetividade neste espaço sócio-ocupacional, podemos dizer que o trabalho do assistente social nesta esfera encontrou um amplo espaço de difusão das práticas conservadoras, moralizantes, sem mediações entre os sujeitos e a totalidade social. (ROCHA, 2012, p.35)
Não obstante, Bisneto (2007) no início da introdução do Serviço Social no Brasil, pela falta de profissionais, não havia assistentes sociais trabalhando no setor psiquiátrico, em clínicas, hospitais ou manicômios, pois estavam em fase de adaptação e não tinham profissionais suficientes para atender a esta demanda, até 1960. O autor ressalta que a incorporação de forma geral do serviço social na área psiquiátrica ocorreu apenas nos anos 70, em decorrência ao aumento desses profissionais e de hospitais psiquiátricos, que marcavam a reforma no setor de saúde e previdência social, ocasionados pelo período de ditadura civil militar, que centralizava a privatização dos atendimentos. 
“Recordemos que foi necessário que ocorresse a ampliação das políticas públicas no período civil militar vez com que ocorresse a concessão e ampliação dos direitos. A entrada de assistentes sociais no sistema de Saúde Mental obedece à mesma lógica que modificou o quadro de atuação do Serviço Social como um todo no Brasil após 1964: a modernização conservadora dos aparatos do Estado, com oferta de serviços médicos e assistenciais estendidos aos trabalhadores, à centralização do controle desses serviços através da unificação dos diversos institutos e caixas de previdência das diferentes categorias profissionais, visando desmobilizar as categorias mais combativas pela uniformização dos serviços, buscando legitimação para a ditadura militar, instalando o capitalismo monopolista dependente e os métodos de gerencialidade nos serviços públicos (e não apenas nos processos industriais de então, pois a lógica do desenvolvimento industrial do Brasil, visado pela ditadura, foi estendida a área da saúde.” (Bisneto 2007, p. 26)
Consequentemente, compreendemos então que o Serviço Social surgiu para auxiliar não somente a sociedade, mas para trabalhar em conjunto com áreas diversas, por isso o assistente social foi inserido no setor psiquiátrico, com intuito de atendes as necessidades da Psiquiatria e racionalizar de forma externa ao atender pacientes e compreender o porquê a exclusão social influenciava tanto no tratamento. (RESENDE, 1990, apud BISNETO, 2007)
[...] as metodologias de duas vertentes distintas, o desenvolvimentismo e a fenomenologia, respectivamente, a ‘perspectiva modernizadora’ e a ‘reatualização do conservadorismo’, que participam do Movimento de Reconceituação da América Latina, continham conteúdos psicossociais e aspectos da psicanálise que não propunham soluções adequadas à dimensão de classes sociais contida no problema da loucura, que o enfoque da perspectiva de ‘ intenção de ruptura’, propunha como encaminhamento central no Serviço Social. (NETTO, 1991 apud BISNETO, 2007, p.29)
Sendo assim, a atuação do Serviço social na Saúde Mental, é marcada por:
[...] ”	uma forte indefinição teórica, oriunda da dificuldade do aporte teórico construído pela perspectiva modernizadora em responder às crescentes expressões da questão social e, principalmente, na perspectiva de pensar o fazer profissional em um campo fortemente marcado pele subjetividade, recaindo, sempre recorrentemente, na psicologização das relações sociais, embora, neste momento, a profissão é demandada pelo Estado para efetivação das crescentes políticas públicas, que tinham por objetivo conter as massas . [...] Há de se destacar, também, que o trabalho profissional é fortemente orientado pela lógica de caso, grupo e comunidade, fruto da tecnificação da profissão, que tinha por objetivo áreas estratégicas ao governo, apaziguar conflitos, controlar as massas em seu cotidiano (ROCHA, 2012, p.37 e 38)
Então começam as mudanças na década de 1990, que marcaram o panorama mundial e nacional da saúde mental, Machado (2009, p.46) relata que: 
O início dos anos de 1990, em relação ao campo da saúde mental, foi marcado pela dominação da inspiração teórica basagliana e da experiência italiana; pelo papel central das lideranças brasileiras do Movimento da Reforma Psiquiátrica na articulação do encontro e de seu documento, a Declaração de Caracas, e pela realização da II Conferência Nacional de Saúde Mental, em 1992, que desencadeou, logo em seguida, as primeiras normas federais, regulamentando o financiamento e a implantação de serviços de atenção diária e as primeiras normas de fiscalização e classificação dos hospitais psiquiátricos no país.
No período de 1992 ocorre então o lançamento de diversas portaria ministeriais e medidas administrativas pada os serviços relacionados a serviço mental, como o financiamento estatal e novos serviços substitutivos a hospitalização convenciona herdada dos primórdios da psiquiatria como relatamos anteriormente, serviços esses que sofreram mudanças como centros e núcleos psicossociais, hospitais-dia, oficinas terapêuticas e laborativas, centro de convivência entre outros meios para adequar a nossa realidade. (MACHADO, 2007)
Juntos com essas mudanças, surge o Centro de Atenção Psicossocial, com serviços de atendimentos hospitalares proventos da reforma psiquiátrica. (Alves, 1994)
Assim o CAPS assume o papel de assumir estratégias ao estruturar a rede de cuidado da saúde mental, auxiliando assistentes sociais a contatar melhores formas de gerar um atendimento especializado junto com os médicos. Atribui-se então ao CAPS o direcionamento local a políticas e programas para auxiliar no tratamento mental através do desenvolvimento terapêutico e comunitário, encaminhando e acompanhando esses usuários dos serviços residenciais terapêuticos e do assessoramento das equipes de Saúde da Família (Brasil, 2014).
O CAPS então compromete-se a oferecer atendimento e acompanhamento a população conforme sua área de moradia, realizando atendimento e acompanhando esses casos de transtorno mental, ajudando esses cidadãos a exercer sua cidadania e no fortalecimento de vínculos familiares. (Brasil, 2004)
Promover a inserção social dos usuáriosatravés de ações intersetoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, montando estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas. Os CAPS também têm a responsabilidade de organizar a rede de serviços de saúde mental de seu território. (BRASIL, 2004, p.13)
Essa forma de tratamento, garante que a população seja atendida dentro de diversos parâmetros e recebam um atendimento adequado auxiliando assim não só o paciente, mas a população de forma geral. 
CONCLUSÃO
Perante os artigos expostos, a reforma psiquiátrica teve grande significado na participação e relação aos direitos das pessoas com algum transtorno mental e com essa evolução é necessário readaptar a população para que haja a inclusão dessas pessoas no mundo. 
Muitos estudos e pesquisas relatam as instituições que trabalham para atender e ajudar esses usuários, pois a pessoa acometida por tais transtornos continua estigmatizada e segregada pela dificuldade de comunicação e por isso viu-se a necessidade de um profissional que se interviesse por essas pessoas. E por conta disso, surgiu a profissão de Assistente Social. E durante bons anos a profissão se adequou a população para que conseguissem auxiliar aos que estão a margem da sociedade, mantendo seus direitos. 
Compreendemos então por meio das citações neste trabalho que é necessário que o profissional seja ele assistente social, ou esteja dentro da rede de apoio neste tratamento tenham compromisso e esforcem-se para introduzir esse individuo a sociedade. 
É nítido que evoluímos na questão do atendimento a esses pacientes e suas necessidades, porém, precisamos manter o ritmo de evolução e agir para que se potencializem as ações que ajudam esses usuários a desenvolver cidadania, promovendo a emancipação. 
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