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TICS 13 - TIPOS DE ABORTO

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Nome: Edith Coradi Bisognin 4º Período - Medicina Data: 21/11/2022 
 
TICS 13 – TIPOS DE ABORTO 
 
• Quais são os tipos de aborto? 
O abortamento pode ser classificado como: 
Ameaça de abortamento: Caracterizado por todo e qualquer sangramento via vaginal que 
ocorra até as 20 semanas, independentemente da intensidade, associado a colo uterino fechado 
e sem critérios de USG (ultrassonografia) para definir abortamento. O quadro clínico 
caracteriza-se por sangramento vaginal em pequena quantidade, acompanhado ou não de dor 
em cólica na região hipogástrica. Na maioria das vezes a etiologia é indefinida. A ameaça de 
abortamento aumenta a chance de abortamento espontâneo, além de estar estreitamente 
associado a complicações obstétricas como hemorragias de terceiro trimestre, ruptura 
prematura de membranas pré-termo, parto pré-termo e restrição de crescimento fetal (RCF). A 
maioria dos casos de ameaça de abortamento evolui para abortamento espontâneo. A presença 
de hematoma subcoriônico é observada em USG em cerca de 4 a 40% dos casos de ameaça de 
abortamento. Nesse caso, a conduta é expectante, mesmo na presença de hematoma; tem-se 
ainda a prescrição de sintomáticos caso necessário. É importante orientar a gestante a evitar 
relação sexual e retornar ao serviço de saúde caso perceba aumento do sangramento. 
Abortamento retido: Denominado quando há ocorrência de morte embrionária fetal antes de 
20 semanas de gestação. Trata-se, portanto, da retenção do conteúdo do abortamento de uma 
gestação interrompida por 8 semanas ou mais. O quadro geralmente é associado a diminuição 
ou até o desaparecimento dos sintomas habituais do início da gestação (náuseas, vômitos, 
regurgitamento mamário). Mas com a introdução do uso rotineiro de USG, esse termo está 
caindo em desuso, já que o diagnóstico de uma gestação interrompida ocorre mais 
precocemente. A conduta é expectante se o mesmo ocorre durante o primeiro trimestre, pois 
em até três semanas o ovo costuma ser expulso; se o abortamento ocorrer tardiamente (segundo 
trimestre ou >12 semanas), recomenda-se a conduta de expulsão imediata por meio de 
misoprostol e posteriormente, curetagem uterina. 
Gestação anembrionada: Presença de saco gestacional com diâmetro de 25mm ou mais e que 
não contém embrião em seu interior. Pode ser diagnosticada por USG ou apresentar-se como 
um abortamento em curso. 
Abortamento inevitável: Sangramento vaginal e dor abdominal associada a dilatação cervical, 
podendo ocorrer saída de líquido amniótico, indicando ruptura da bolsa amniótica. Geralmente 
evolui para abortamento completo ou incompleto algumas horas após o início dos sintomas. A 
conduta adotada é misoprostol seguido de curetagem. 
Abortamento incompleto: Mais comum após 10 semanas de gravidez. Ocorre eliminação 
abrupta parcial do matéria intrauterino. A paciente apresenta sangramento via vaginal e dor 
abdominal significativa, além disso, pode haver repercussão hemodinâmica devido a grande 
perda de volume sanguíneo. Ao exame ginecológico, pode-se visualizar a saída de tecido ovular 
pelo colo uterino, o qual se encontra aberto. O USG é importante para definição do quadro. 
Classicamente, o tratamento se trata de esvaziamento cirúrgico do colo uterino por meio de 
curetagem ou aspiração manual intrauterina. A conduta adotada em casos de <12 semanas se 
Nome: Edith Coradi Bisognin 4º Período - Medicina Data: 21/11/2022 
limita a realização de misoprostol ou aspiração manual intrauterina; se >12 semanas, orienta-
se a realização da curetagem. 
Abortamento completo: Ocorre geralmente no primeiro trimestre, majoritariamente nas 10 
semanas iniciais. Definido quando há eliminação total do conteúdo gestacional, com útero 
involuído ao exame físico e colo uterino podendo já estar fechado. O sangramento pode se 
apresentar de maneira leve ou já ausente. A avaliação por meio de USG pode confirmar a 
ausência de restos ovulares intrauterinos. A conduta é expectante, devendo haver apenas 
monitoramento da hemorragia. 
Abortamento habitual: Também denominado de abortamento recorrente, se caracteriza pela 
ocorrência consecutiva de três abortamentos espontâneos ou mais, ocorrendo em 1 a 2% das 
mulheres. As causas são várias e podem ser classificadas em: genéticas, anatômicas, endócrinas, 
infecciosas e imunológicas. 
Abortamento infectado/séptico: define-se como a maioria dos abortos provocados 
intencionalmente e está associado a infecção uterina. A apresentação clínica é bastante 
heterogênea, algumas vezes sendo detectada apenas por meio de exames laboratoriais, variando 
de quadro febril e doloroso, até casos mais graves de choque séptico e óbito, devido a infecção 
intra-abdominal grave. Febre, dor abdominal intensa, sangramento vaginal com odor fétido e 
eliminação de secreção piossanguinolenta pelo colo do útero podem estar presentes durante o 
exame físico. O colo se apresenta como dilatado e amolecido ao exame físico, com dor durante 
a realização do exame. É importante se atentar, nesses casos, ao sinais vitais para detecção de 
sinais de sepse como taquicardia, taquipneia, febre e hipotensão. A infecção geralmente envolve 
microrganismos da flora vaginal como Staphylococcus aureus, gram-negativos e anaeróbios, 
mas também pode estar associado a patógenos sexualmente transmissíveis como Chlamydia 
trachomattis e neisseria gonorrhoeae. Infecções por Clostridium perfringens são comumente 
associadas ao abortamento ilegal, se apresentando semelhantemente a síndrome do choque 
tóxico, com aumento da permeabilidade vascular, que leva a falência orgânica múltipla, sendo 
necessário suporte intensivo para tratamento. O tratamento consiste no uso de antibióticos 
(ampicilina + gentamicina + clindamicina) e remoção do foco infeccioso por meio de 
curetagem. Se houver suspeita de abcesso pélvico/perfuração uterina, deve-se proceder 
laparotomia exploratória. 
REFERÊNCIAS: 
• MARTINS-COSTA, Sérgio. Rotinas em Obstetrícia. [Digite o Local da Editora]: Grupo 
A, 2018. E-livro. ISBN 9788582714102. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714102/. Acesso em: 19 nov. 
2022. 
• ZUGAIB, Marcelo; FRANCISCO, Rossana Pulcineli V. Zugaib obstetrícia 4a ed.. [Digite 
o Local da Editora]: Editora Manole, 2020. E-livro. ISBN 9788520458105. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520458105/. Acesso em: 19 nov. 
2022.

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