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PROFA. ANGELA TRINDADE Tópicos abordados 2 Introdução Mecanismo de ação dos antibióticos b-lactâmicos Resistência bacteriana aos antibióticos b-lactâmicos Classes de antibióticos b- lactâmicos: Penicilinas, cefalosporinas, carbapenens, monobactamas, inibidores de b- lactamase Outros fármacos que afetam a parede e membrana celular: Vancomicina, daptomicina, telavancina, polimixinas, bacitracina, cicloserina e fosfomicina Introdução Antibióticos b-lactâmicos Presença do anel lactâmico (amida cíclica) de quatro membros – anel b- lactâmico N O R R= função ácida (COOH, SO3H etc) Essencial para a atividade antibacteriana 3 Grupo farmacofórico Primeiro b-lactâmico: Penicilina G ou Benzilpenicilina (fungo Penicillium notatum) Classe Penicilinas Outras classes: N O NHC O S CH3 CH3 COOH Penicilina G (benzilpenicilina) N S CH3 COOH O N HNH2 O H H Cefalexina N O OH CH3 S N NH H COOH HH Imipenem S N CH2 N CH3 SO3H O O C COOH CH3 CH3 NH2 Aztreonam 4 Cefalosporinas Carbapenens Monobactamas Impedem a biossíntese da parede celular bacteriana pela inibição irreversível da enzima transpeptidase (D-alanil-D- alanina carboxipeptidase, ou proteína ligante de penicilina - PLP) Transpeptidase: enzima responsável pela formação do peptideoglicano, estrutura que confere rigidez e forma (cocos, bacilos, vibriões etc) à parede celular bacteriana. Comumente conhecida como PLP (Inglês: PBP - penicillin-binding protein) Mecanismo de ação dos antibióticos b-lactâmicos PLP2 5 PLP4 (E. coli) complexada com ampicilina e glicerol https://proteopedia.org/wiki/index. php/Penicillin-binding_protein PLP1a e 1b PLP2 PLP3 PLP4 https://proteopedia.org/wiki/index.php/Penicillin-binding_protein Bactéria Gram-positiva: membrana plasmática + parede celular Bactéria Gram-negativa: membrana plasmática + parede celular (peptídeoglicano e membrana externa) Hilal-Dandan, Randa; Brunton, Laurence. Manual de Farmacologia e Terapêutica de Goodman & Gilman. AMGH. 6 Formação da ligação cruzada entre os filamentos de peptideoglicanos e a ação dos antibióticos b-lactâmicos Filamentos separados Filamentos unidos, formando a ligação cruzada Hilal-Dandan, Randa; Brunton, Laurence. Manual de Farmacologia e Terapêutica de Goodman & Gilman. AMGH. 7 Inibição irreversível da enzima transpeptidase pelas penicilinas 8 O NH2 RO Efeito nas bactérias: parede celular com falhas, levando a ruptura da membrana e da parede celular bacteriana, com consequente morte do micro-organismo. Pressão interna: G +: ~ 20 atm; G -: ~ 5 atm ➢ Efeito bactericida ➢ Toxicidade seletiva: as células de mamíferos não apresentam parede celular 9 ➢ Mais ativos contra bactérias na fase logarítmica de crescimento ➢ Pouco efeito sobre os microrganismos que estão na fase estacionária Resistência bacteriana aos antibióticos b-lactâmicos Mecanismos: Bactérias G+ e G-: Produção de enzimas inativadoras dos antibióticos: b-lactamases Produção de enzimas transpeptidades com baixa afinidade para os antibióticos b-lactâmicos b-lactamases: A a D Diferentes afinidades pelos antibióticos Mais específicas: penicilinases ou cefalosporinases 10 Hilal-Dandan, Randa; Brunton, Laurence. Manual de Farmacologia e Terapêutica de Goodman & Gilman. AMGH. b-lactamase 11 Sem atividade antibacteriana Bactérias G-: Menor passagem do antibiótico pela membrana externa (menor número de proteínas porinas com tamanho adequado para a passagem dos antibióticos) Produção de bombas de efluxo que expulsam o antibiótico Bombas de efluxo dos antibióticos das bactérias G- Hilal-Dandan, Randa; Brunton, Laurence. Manual de Farmacologia e Terapêutica de Goodman & Gilman. AMGH. 12 Classes de antibióticos b-lactâmicos Antibióticos b-lactâmicos não clássicos Carbapenens Monobactamas 13 Inibidores de b-lactamase: Oxapenens Sulbactama Antibióticos b-lactâmicos clássicos Penicilinas Cefalosporinas PENICILINAS 14 Penicilinas Estrutura: Anel β-lactâmico (A) condensado com um anel tiazolidina (B) Cadeia lateral ligada no carbono a-carbonílico no anel b-lactâmico (R) Grupo ácido carboxílico no anel tiazolidínico N O NHCR O S CH3 CH3 COOH R: espectro antibacteriano, propriedades farmacocinéticas, resistência a b-lactamases 15 A B Penicilina G: Primeiro antibiótico b-lactâmico (primeiro antibiótico descoberto) Ainda utilizado na terapêutica, potente e relativamente seguro (porém, muitas cepas resistentes) Fornece o precursor para outras penicilinas, o ácido 6-aminopenicilânico (6-APA) : N O NH2 S CH3 CH3 COOH 6-APA N O NHC O S CH3 CH3 COOH Penicilina G (benzilpenicilina) amidase 16 ácido 6-aminopenicilânico Penicilina G: Inativada em meio ácido Apenas 33% da penicilina G administrada via oral são absorvidos Por esta razão, a penicilina G não é comumente usada por via oral Tempo de meia-vida curto T1/2 ~ 30 minutos, após administração IM Rápida eliminação através dos rins, por secreção tubular ativa Associar à probenecida ou usar formas latentes Inativada em meio aquoso Hidrólise do anel b-lactâmico Preparo de formulações injetáveis aquosas no momento da aplicação Inativada pelas b-lactamases Evitar usar a penicilina G em cepas conhecidamente resistentes Necessidade de identificação da bactéria e determinar sua resistência Uso do antibiótico com um inibidor da b-lactamase (associação) Baixo espectro de ação Não atravessa a membrana externa das bactérias G- Atua sobre a maioria das bactérias G+ 17 N O NHC O S CH3 CH3 COOH Penicilinas resistentes à inativação em meio ácido Átomo ou grupo retirador de elétrons na cadeia lateral N O NHCCH2 O S CH3 CH3 COOH O Penicilina V N O NHCCH O S CH3 CH3 COOH NH2 Ampicilina N O NHCCH O S CH3 CH3 COOH NH2 HO Amoxicilina Fenoximetilpenicilina 18 Aminopenicilinas Porcentagem absorvida de penicilinas substituídas: Fármaco Estrutura % absorvida do fármaco inalterado Penicilina G Benzilpenicilina 15-30 Penicilina V Fenoximetilpenicilina 60-73 Ampicilina 30-50 Amoxicilina 75-90 N O NHCCH2 O S CH3 CH3 COOH O N O NHCCH O S CH3 CH3 COOH NH2 N O NHCCH O S CH3 CH3 COOH NH2 HO N O NHC O S CH3 CH3 COOH 19 Penicilinas resistentes à inativação pelas b-lactamases Grupo volumoso na cadeia lateral N O NHC O S CH3 CH3 COOH OMe OMe Meticilina N O NHC O S CH3 CH3 COOH OEt Naficilina N O NHC O S CH3 CH3 COOH O N Me Ph Oxacilina Flucloxacilina 20 Anéis aromáticos ou heteroaromáticos orto-dissubstituídos Micro-organismo CIM (g/mL) (Concentração inibitória mínima) Penicilina G Meticilina Oxacilina Staphylococcus aureus 0,02 1,25 0,1-1,6 Streptococcus pyogenes 0,01 0,25 - Streptococcus fecalis 2,5 25 - 21 Em contrapartida, são menos ativas em bactérias sensíveis a penicilinas menos impedidas, como a penicilina G N O NHC O S CH3 CH3 COOH OMe OMe Meticilina N O NHC O S CH3 CH3 COOH O N Me Ph Oxacilina N O NHC O S CH3 CH3 COOH Penicilina G (benzilpenicilina) Penicilinas de espectro estendido Atuam em bactérias G+ e G- São mais hidrofílicas que a penicilina G e passam pelos poros proteicos (canais de porina) da membrana externa das bactérias G- N O NHCCH O S CH3 CH3 COOH NH2 Ampicilina N O NHCCH O S CH3 CH3 COOH NH2 HO Amoxicilina N O NHCCH O S CH3 CH3 COOH COOH Carbenicilina Ticarcilina 22 Piperacilina ➢ Resistente a algumas b-lactamases; ➢ Anti-Pseudomonas N O NHCCH O S CH3 CH3 COOH NH2 Ampicilina 23 N O NHCCH O S CH3 CH3 COOH NH2 HO Amoxicilina Penicilinas latentes Maior tempo de meia-vida que a penicilina G e outras penicilinas det1/2 curto Sais de penicilina G de alto peso molecular, pouco hidrossolúveis: 24 N O NHCCH2 O S CH3 CH3 COO CH3 C O OCH2CH2N + H CH2 CH2CH3 CH3 Penicilina G Procaína N O NHCCH2 O S CH3 CH3 COO CH2N + CH2CH2 N + CH2 H HH H 2 Penicilina G benzatina Níveis séricos de penicilina circulante após administração IM de mesma dose das diferentes apresentações da penicilina G 25 N O NHCCH2 O S CH3 CH3 O CH2 O C O CH3 O Penamecilina N O NHCCH O S CH3 CH3 O CH O C O CH2 O NH2 CH3 CH3 Bacampicilina Ésteres que são lentamente hidrolisados no organismo, gerando penicilinas ativas Pró-fármacos 26 Penicilina G Ampicilina Aspectos farmacocinéticos das penicilinas Vias de administração: Via oral (mais comum) - de acordo com a estabilidade em meio ácido Via intramuscular: casos específicos Penicilina G benzatina: tratamento da sífilis (Treponema pallidum) Via intravenosa: casos graves Via intratecal: pode causar convulsões Boa absorção oral (desde que estáveis no pH estomacal) Distribuição: Amplamente distribuídas no corpo Atinge articulações, cavidades pleural e pericárdica Presente na bile, saliva e leite, atravessa placenta (risco fetal B) Risco fetal de acordo com FDA 27 Não atravessam adequadamente a BHE em condições normais, somente quando as meninges estão inflamadas Eliminação via renal rápida ~90% por secreção tubular ativa Penicilina G: T1/2 = ~ 30 min Intervalos de administração relativamente curtos Atenção em pacientes com insuficiência renal Necessidade de ajuste de dose Pequena parte é biotransformada no fígado e outros órgãos em derivados inativos 28 29 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/penicilinas2.htm Via de administração, dose e intervalo 30 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/penicilinas2.htm 31 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/penicilinas2.htm Resistentes à penicilinases (b-lactamases) Espectro estendido e anti-Pseudomonas Efeitos adversos das penicilinas 32 Consideradas bastante seguras (mínimos efeitos tóxicos) Hipersensibilidade: metabólitos das penicilinas se combinam com proteínas, formando antígenos Erupções cutâneas e febre Choque anafilático agudo pode ser fatal Alteração da flora microbiana do TGI (amplo espectro, via oral) Distúrbios TGI (dores, diarreia) Superinfecção por microrganismos resistentes colite pseudomembranosa por Clostridium difficile Nefrite intersticial aguda (meticilina) Neurotoxicidade: convulsões Toxicidade hematológica: citopenias, diminuição da coagulação Ativas contra bactérias G+ e G- sensíveis Muitos usos clínicos Muitas vezes utilizadas de forma empírica, até os resultados dos testes de identificação e susceptibilidade bacteriana Ideal: identificação do microrganismo e determinação da susceptibilidade aos antibióticos Espectro de ação e usos clínicos das penicilinas Uso Microrganismos Antibiótico Meningite bacteriana Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae penicilina G, doses altas via intravenosa Infecções ósseas e articulares Staphylococcus aureus Flucloxacilina Infecções da pele e tecidos moles Streptococcus pyogenes, S. aureus Penicilina G, flucloxacilina Mordida de animais: amoxicilina + clavulanato 33 RITTER et al., Rang e Dale Farmacologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: GEN Grupo Editorial Nacional. Cap. 52, p. 661-677. 2020 Uso Microrganismos Antibiótico Faringite S. pyogenes Fenoximetilpenicilina, amoxicilina Otite S. pyogenes, Haemophilus influenzae Amoxicilina Bronquite Vários Amoxicilina Pneumonia Streptococcus pneumoniae Amoxicilina Infecções urinárias Escherichia coli Amoxicilina Gonorreia Neisseria gonorrhoeae Amoxicilina Sífilis Treponema pallidum Penicilina G procaína, penicilina G benzatina Endocardite Streptococcus viridans, Enterococcus faecalis Penicilina G, doses altas via intravenosa (pode associar aminoglicosídeo) Infecções por P. aeruginosa Pseudomonas aeruginosa Ticarcilina, piperacilina 34 RITTER et al., Rang e Dale Farmacologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: GEN Grupo Editorial Nacional. Cap. 52, p. 661-677. 2020 35 Leptospirose CEFALOSPORINAS 36 Cefalosporinas Anel β-lactâmico (A) condensado com um anel di- hidrotiazínico (B) Cadeia lateral ligada no carbono a-carbonílico no anel b-lactâmico(R): Propriedades farmacodinâmicas, farmacocinéticas e resistência à b-lactamases Cadeia lateral ligada ao anel di-hidrotiazinico (R’): Propriedades farmacocinéticas Grupo ligado ao C7: Resistência à b-lactamase Grupo ácido carboxílico no anel di-hidrotiazínico N O NH C O X R' COOH R''R H 67 Cefalosporinas clássicas: X = S R" = H Cefamicinas: X = S R" = OCH Oxacefemas: X = O R" = OCH 3 3 37 A B Mais estáveis que as penicilinas Menos ativas que as penicilinas Necessita de doses maiores para ter o mesmo efeito Micro-organismo CIM (g/mL) (Concentração Inibitória Mínima) Penicilina G Cefalotina Cefalexina S. aureus 0,02 0,1-1,6 0,5-5 38 Primeira cefalosporina: Cefalosporina C (culturas de Cephalosporium sp.) 1945 – Brotzu observou a ação inibitória do Cephalosporium acremonium no crescimento de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. 1953 – Newton e Abraham isolaram a cefalosporina C a partir de culturas de Cephalosporium sp. ✓ Não é empregada na terapêutica ✓ Matéria-prima para as demais cefalosporinas semissintéticas N O NH C S COOH HOOC NH2 O O O H H NOCl HCOOH N O N S COOH O O O HOOC H H N O NH2 S COOH O O H H H 2 O 7-ACA Ácido 7-aminocefalosporânico cefalosporina C 39 Cefalosporinas semissintéticas Classificação das cefalosporinas Cefalosporinas de 1ª geração Introduzidas nos anos 1960-70. Espectro de atividade mais estreito que as cefalosporinas de outras gerações. Resistentes à algumas b-lactamases. T1/2 relativamente curto. Pobre penetração no fluido cérebro- espinhal. 40 Cefazolina Cefadroxila (VO) Cefalexina (VO) Cefalosporina Via de administração Resistência a ácido Resistência a b-lactamase Espectro de atividade Atividade anti- Pseudomonas Cefalexina Cefradina Cefalotina Oral Oral/Parenteral Parenteral Sim Sim Não Baixa Baixa Baixa Intermediário Intermediário Intermediário Não Não Não N S CH3 COOH O N HNH2 O H H Cefradina N S COOH O N H O S O O H H Cefalotina Inativada em meio ácido 41 N S CH3 COOH O N HNH2 O H H Cefalexina Cefalosporinas de 2ª geração Introduzidas em meados dos anos 70 até o presente. Espectro de atividade semelhante ao das cefalosporinas de 1ª geração, porém mais ativas contra bactérias entéricas G -. Cefamicinas: mais resistentes à b- lactamases (ex: cefoxitina). T1/2 semelhante a 1ª geração. Penetra melhor no fluido cérebro- espinhal que as de 1ª geração. 42 Cefuroxima N S COOH O N H O O S NH2 O O H Cefoxitina Cefuroxima axetila (VO) N S COOH O N H O O S NH2 O O H Cefoxitina Cefalosporina Via de administração Resistência a ácido Resistência a b-lactamase Espectro de atividade Atividade anti- Pseudomonas Cefamandol Cefoxitina Parenteral Parenteral Não Não Média Alta Amplo Amplo Não Não N S COO - O N H O O H S N N N N CH3 H H Nafato de cefamandol Na + 43 Cefalosporinas de 3ª geração Iniciou nos anos 80. Espectro de atividade mais amplo (ativos contra G -). Boa estabilidade à b-lactamases. Alguns com atividade anti- Pseudomonas. Menos ativos contra bactérias G +. 44 N S O N H O O N S O NH2 N O H H COO - Cefotaxima sódica Na + Cefixima (VO) Ceftriaxona (VO) (VO)Cefalosporina Via de administração Resistência a ácido Resistência a b-lactamase Espectro de atividade Atividade anti- Pseudomonas Moxalactama Cefotaxima Parenteral Parenteral Não Não Alta Alta Amplo Amplo Sim Sim N O COO - O N HCOO - O S N N N N CH3 OH O H Moxalactama dissódica Na + Na + N S O N H O O N S O NH2 N O H H COO - Cefotaxima sódica Na + 45 Cefalosporinas de 4ª geração Espectro comparável às cefalosporinas de 3ª geração, porém mais resistentes a algumas b-lactamases Cefepima: utilizada no tratamento de infecções hospitalares Via parenteral (intravenosa) N S O N H O N S NH2 N O N + CH3 COO - H H Cefepima 46 Cefalosporinas de 5ª geração Ativas contra: S. aureus resistente à meticilina (MRSA) E. faecalis sensível à ampicilina e produtor de b-lactamase Estreptococos resistentes à penicilina Cocos Gram-positivos e bacilos Gram-negativos, semelhante à das cefalosporinas de 3ª geração Não são ativas contra Pseudomonas spp. Via parenteral 47 Ceftobiprol Ceftarolina fosamila Brasil: Zinforo® Wyeth/ AstraZeneca Aspectos farmacocinéticos das cefalosporinas Via oral: poucas Principal via de administração: parenteral, intramuscular ou intravenosa Amplamente distribuídas no corpo Cefotaxima, cefuroxima, ceftriaxona: LCR Excreção principalmente renal (secreção tubular) Ceftriaxona: 40% pela bile Risco fetal B 48 49 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/cefalosporinas.htm 50 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/cefalosporinas.htm 51 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/cefalosporinas.htm 52 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/cefalosporinas.htm 53Ceftarolina fosamila Via intravenosa Pacientes acima de 18 anos Efeitos adversos das cefalosporinas Reações de hipersensibilidade (semelhante às penicilinas) Pode ocorrer sensibilidade cruzada (~10%) Nefrotoxicidade: cefadrina Diarreia 54 Muitas vezes utilizadas de forma empírica, até os resultados dos testes de identificação e susceptibilidade bacteriana Ideal: identificação do microrganismo e determinação da susceptibilidade aos antibióticos Espectro de ação e usos clínicos das cefalosporinas 55 Hilal-Dandan, Randa; Brunton, Laurence. Manual de Farmacologia e Terapêutica de Goodman & Gilman. AMGH. 56 57 Usos clínicos comuns: https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/cefalosporinas.htm 58 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/cefalosporinas.htm 59 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/cefalosporinas.htm 60 Cefalosporinas de 5ª geração: Ceftarolina Indicações: Infecções complicadas de pele e tecidos moles causadas por isolados sensíveis de Staphylococcus aureus (incluindo cepas resistentes à meticilina), Streptococcus pyogenes, Streptococcus agalactiae, Streptococcus anginosus (inclui S. anginosus, S. intermedius, e S. constellatus), Streptococcus dysgalactiae, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Klebsiella oxytoca e Morganella morganii. Pneumonia adquirida na comunidade causada por isolados sensíveis de Streptococcus pneumoniae (incluindo casos com bacteriemia concomitante), Staphylococcus aureus (apenas cepas sensíveis à meticillina), Escherichia coli, Haemophilus influenzae, Haemophilus parainfluenzae e Klebsiella pneumoniae. CARBAPENENS E MONOBACTAMAS 61 Carbapenens Originários de Streptomyces sp. (tienamicina) CH2 no lugar do S e dupla em C2-C3 Imipenem: Usado em hospitais (via parenteral) Potente atividade antibacteriana, de amplo espectro: gram-positivos e gram-negativos, aeróbios e anaeróbios Resistente à inativação de muitas b-lactamases T1/2: ~ 1 h Inativado no túbulo proximal, por uma enzima desidropeptidase Usado em associação com a cilastatina, um inibidor sintético da desidropeptidase renal N O OH CH3 S N NH H COOH HH Imipenem 62 Efeitos adversos: Náuseas e vômitos Outros efeitos semelhantes a penicilinas e cefalosporinas Neurotoxicidade (concentrações elevadas) Meropenem: não é metabolizado pelos rins Ertapenem: número limitado de indicações, apesar de amplo espectro Meropenem Ertapenem Espectro antimicrobiano do imipenem 63 CARBAPENENS: O MAIS AMPLO ESPECTRO ENTRE TODOS OS ANTIBIOTICOS Monobactamas Aztreonam Contém somente o anel b-lactâmico Alta estabilidade a muitas b-lactamases Boa atividade contra bactérias G– aeróbias: Pseudomonas, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae. Sem atividade contra bactérias G+ ou anaeróbios Administração parenteral T1/2: ~ 2 h S N CH2 N CH3 SO3 -O O C COOH CH3 CH3 H3N+ Aztreonam 64 65 Efeitos adversos: Reações locais, como dor no local da aplicação intramuscular ou flebite Reações sistêmicas como “rash”, náusea e vômitos Pode ocorrer elevação das transaminases hepáticas que retornam ao normal com a suspensão do fármaco Não apresenta reação imunológica cruzada com outros b-lactâmicos Usos: Microrganismos sensíveis Infecções do trato urinário Bacteremias Infecções pélvicas Infecções intra-abdominais Infecções respiratórias Alternativa aos aminoglicosídeos (não é nefro ou ototóxico), assim como às penicilinas e cefalosporinas, nos pacientes alérgicos Não deve ser usado como monoterapia em infecções graves por P. aeruginosa Ativo em meio ácido Opção no tratamento de abscessos 66 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/monobactans4.htm INIBIDORES DE b-LACTAMASE 67 Oxapenens Ácido clavulânico Produzido por Stretomyces clavuligerus (1976) Estrutura: Possui O no lugar do S (anel oxazolidínico) Não apresenta a cadeia lateral amídica Baixo espectro de atividade antibacteriana Inibidor de b-lactamases (substrato suicida) Usado em associação com amoxicilina ou ticarcilina (penicilinas de amplo espectro susceptíveis à b- lactamase) Ácido clavulânico 68 Sulbactama e tazobactama Sulfonas do ácido penicilânico Fraca atividade antibacteriana Potentes inibidoras de certas b-lactamase Usadas via parenteral (pobremente absorvidas por via oral) Sulbactama: usada em associação com ampicilina Tazobactama: usada em associação com piperacilina N S O OH OO O R R = H - Sulbactama R = - Tazobactama N N N 69 Avibactama e vaborbactama Avibactama Inibidor de b-lactamase não b-lactâmico Aprovado pelo FDA em 2015 Usado em associação com ceftazidima Tratamento de infecções do trato urinário complicadas e intra-abdominal complicadas causadas por microrganismos resistentes a outros antibióticos, incluindo patógenos G- multirresistentes. Vaborbactama Inibidor de b-lactamase não b-lactâmico Usado em associação com meropenem, para tratamento de infecções por bactérias G- Infecções do TU complicadas e pielonefrite 70 71 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/penicilinas2.htm OUTROS FÁRMACOS QUE AFETAM A PAREDE E MEMBRANA CELULAR 72 Vancomicina, daptomicina, telavancina 73 Vancomicina Glicopeptídeo tricíclico Inibidor de transglicosilases, que realizam a polimerização da cadeia glicopeptídica (ácido N-acetilmurâmico + N-acetilglicosamina) Bactericida tempo-dependente 74 Daptomicina Antimicrobiano lipopeptídeo cíclico Bactericida concentração- dependente Telavancina Lipoglicopeptídeo semissintético derivado da vancomicina Bactericida concentração- dependenteALTO CUSTO! 75 76 77Polimixinas Polipeptídeos catiônicos Polimixina B e colistina (polimixina E). Bactericidas concentração-dependentes Se ligam aos fosfolipídeos na membrana celular bacteriana das bactérias gram-negativas. Têm efeito detergente, que rompe a integridade da membrana celular, levando ao vazamento de componentes celulares e finalmente à morte do agente infeccioso 78 Polimixina B Uso parenteral, oftálmico e tópico Colistina Uso IV ou inalação (disponível apenas como pró-fármaco, colistimetato de sódio) 79 Atividade contra as bactérias gram-negativas mais importantes clinicamente, incluindo P. aeruginosa, E. coli, K. pneumoniae, espécies de Acinetobacter e de Enterobacter Efeitos adversos: Risco elevado de nefro e neurotoxicidade (p. ex., fala arrastada e fraqueza muscular) quando usados sistemicamente Dosagem cuidadosa e monitoração dos efeitos adversos são importantes para a eficácia e segurança desses antimicrobianos Bacitracina Antibiótico polipeptídico Interfere com a desfosforilação do pirofosfato de C55-isoprenila e uma molécula relacionada, o pirofosfato bactoprenol Estes lipídios funcionam como moléculas transportadoras de membrana para os blocos de construção peptideoglicana da parede celular bacteriana para fora da membrana célula Espectro estreito: bactérias G+ Baixa biodisponibilidade oral Danos renais (via sistêmica) Uso tópico (associação com a neomicina, um aminoglicosídeo) 80 Cicloserina Antibiótico (Streptomyces) Inibe a biossíntese da parede celular em bactérias Análogo cíclico de D-alanina, inibe duas enzimas importantes na síntese do peptideoglicano: alanina racemase (Alr) e D-alanina-D- alanina ligase (Ddl) Impede a formação da D-alanina a partir da L-alanina Impede a união de duas D-alaninas previamente formadas Usado via oral Efeitos colaterais: reações alérgicas, convulsões, sonolência, instabilidade e dormência (inibidor da GABA transaminase) Não é recomendado em pessoas que têm insuficiência renal, epilepsia, depressão ou são alcoólatras 81 ✓ Tratamento da tuberculose (2ª escolha) ✓ Infecções do trato urinário que não responderam a outros antibióticos ✓ Com outros quatro antibióticos, Mycobacterium avium Fosfomicina Bactericida sintético derivado do ácido fosfônico Bloqueia a síntese da parede celular, inibindo a enzima UDP-N-acetilglicosamina enolpiruviltransferase, que catalisa a primeira etapa da síntese de peptidoglicano Indicada contra infecções do trato urinário causadas por E. coli ou E. faecalis. Administração oral, rápida absorção Distribui-se bem nos rins, na bexiga e na próstata É excretada na forma ativa na urina e nas fezes Mantém concentrações altas na urina durante vários dias, permitindo o tratamento de infecções do trato urinário com uma única dose Uma formulação para uso parenteral está disponível em alguns países e tem sido usada para o tratamento de infecções sistêmicas Efeitos adversos mais comuns: diarreia, vaginite, náuseas e cefaleia 82 83 Biossíntese do peptidoglicano da parede celular, mostrando os locais de ação de cinco antibióticos (barras azuis). BP: bactoprenol (carreador de membrana lipídico que transporta as unidades formadoras através da membrana citoplasmática) M: ácido N-acetilmurâmico G ou NAcGlc: N-acetilglicosamina Glc: glicose Fosfomicina Ciclosserina Bacitracina Vancomicina b-Lactâmicos KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia Básica e Clínica. 13ª ed. Porto Alegre: AMGH, cap. 43, p. 769-787, 2017 84 Bibliografia BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. Goodman and Gilman’s The Pharmacological Basis of Therapeutics. 12th ed. McGraw-Hill. Cap. 53. 2011. (edição eletrônica) DECK, D. H.; WINSTON, L. G. Antibióticos b-lactâmicos e outros antibióticos ativos na parede e membrana cellular. In: KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia Básica e Clínica. 13ª ed. Porto Alegre: AMGH, cap. 43, p. 769-787, 2017. HILAL-DANDAN, R.; BRUNTON, L. Manual de Farmacologia e Terapêutica de Goodman & Gilman. 2ª ed., Porto Alegre: AMGH. Cap. 53, p. 2185-2236, 2015. Edição do Kindle. KISGEN, J. Antimicrobianos inibidores da parede celular. In: WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia Ilustrada. 6ª . ed. Porto Alegre: Artmed. Cap. 38, p. 483-497, 2016. RITTER et al., Rang e Dale Farmacologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: GEN Grupo Editorial Nacional. Cap. 52, p. 661-677. 2020. https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modul o1/conceitos.htm 85